thelesworlds

[thelesworlds]

Há algo no jeito que o vento muda quando você chega, como se ele sussurrasse um segredo entre nós.

Nesse eco do que não se diz, as cores mudam, os dias se embaralham.

Pode ser só coincidência, mas se você prestar atenção, parece ter algo ali, nesse ar infinito que separa a gente, leve, silencioso e impossível de ignorar.

Há algo em você que prende minha atenção, sem esforço, sem intenção. Me pego querendo descobrir mais, sentir mais. Me pego contando os dias pra te ver, só pela felicidade de te ver viver.

Não se apegue em nada dito aqui, são só palavras. Ordenadas dessa forma parecem dizer algo, mas se embaralha-las novamente, outra coisa vão dizer. Escrevi só pra você saber que as vezes, mesmo sem te ver, penso em você.

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Existem coisas que não consigo confessar nem no mais secreto dos lugares. Como cada um desses pensamentos que me invadem a cabeça cada vez que você desponta no horizonte. Quando sai suada depois de qualquer coisa. Quando se perde em gargalhar depois de qualquer bobeira. Quando discretamente me procura no fim da sala, só por curiosidade. Quando com um papel de um palmo que limpar seu corpo todo. Existem pensamentos tão secretos que até eu mesma duvido se pensei ou se só desejei ter pensado. Existem pensamentos que mesmo secretos, gosto tanto de ter que as vezes preferia perder compromissos só pra pensar em você. No fim de tudo, você nem precisa existir, tenho desenhado em mim cada risquinho do seu corpo. Tenho gravado na memória cada gosto seu, sua música favorita e o jeito que toma café. Tenho gravado aqui cada encontro contigo, cada beijo não dado, cada toque que morreu antes de chegar ao destino. Você não existir deixa muito mais fácil viver com a leveza que você me traz. Conto os dias pra te ver de novo, conto as horas que pensar em você e mesmo assim, te quero voando como borboleta amarela, que reflete a luz do sol mas não deixa nada queimar.

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Existe isso que não consigo dizer, não consigo organizar em palavras, não é possível exprimir em sentimentos. Não há nada que exista, efetivamente, mas entre o real e o que se imagina existem coisas cuja a existência é concreta, palpável. Não é raro pensar em você, não é raro desejar algo em você. Será que você já sentiu isso por mim? Embora você não seja acessível, será que em algum momento do seu dia ficou com vontade de me ver? Será que passou pela minha rua e pensou: nossa, será que ela vai passar? Será que já pensou nos meu lábios e se fez perguntas sobre meus prováveis beijos? Entre uma brincadeira e outra vou sentindo meu corpo amolecer quando você se aproxima. Vou vivendo com uma ansia constante de contar os dias entre aqueles que nos vemos, oscilante entre a força que faço para me reafirmar que não é nada. Não é, mas e se fosse? Seria possível ser? Qual será seu cheiro? Como será passar os braços por seu corpo e te envolver num abraço entre beijos? Como seria se entre uma brincadeira e outra, por um descuido, o desejo domasse os pensamentos e todos os filtros fossem expurgados, fazendo o impossível, possível, nem que fosse por segundos? Será que você me espera chegar? Disfarçando a ansiedade e fingindo normalidade? Me dizer que nada existe é o caminho mais firme para que não me iluda por meus próprios pensamentos que podem, facilmente, imaginar que há o que não há. Ou será que me digo isso justamente para minimizar isso, que existe sem existir?

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De todos os sonhos absurdos que penso antes de dormir, com certeza, o mais reconfortante é você me beijando. Acordo com vontade de me arrumar pra dormir de novo, só naquele momento, naqueles minutos, entre a consciência e a inconciência, naquele estado entre o acordado e o dormindo, me permito pensar em você. E agora, enquanto escrevo. Então me despeço de você agora e, até a hora de dormir.

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Eu te queria toda mas você tinha esse jeito de me fazer sentir como se eu quisesse demais. Nem tudo da pra falar, pra pedir, pra negociar. Como relevar que eu queria que você me abrasasse, me beijasse, queria que acordasse querendo me sentir. Como te dizer que queria estar parada e sentir sua mão passando pelas minhas costas, um beijo no cangote, talvez? Como admitir o que quero se o que eu quero não pode ser pedido? Não pode ser negociado. Precisa ser dado, precisa ser livre, espontâneo, inteiro! Não pode ser junto com o medo. Não pode ser junto com o caos. Precisa ser inteiro, amor, cuidado. Como dizer que eu quero você toda e não quero nada menos, nem pela metade, quero toda. Quero o seu desejo, quero o seu querer. Quero ser amor, dar e sentir amor, com você.

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De tantas músicas de amor, quais será que correspondem a amores de verdade? Desses que existiram na vida real, que o autor sentiu, sofreu, se deleitou, escolheu amar ou desamar? Quantos foram idealizações de amores, que mesmo não vividos, foram sentidos? Quais são sobre uma sensação, sobre uma promessa de amor de nunca aconteceria? Quais são foram vividos em segredo? Tiveram seus nomes e pronomes alterados? Quais mudaram o rumo das vidas envolvidas e quais foram esquecidos em pensamentos enquanto repousavam a cabeça no travesseiro? Quais foram pra sempre e quais foram aqueles que acabaram junto com a melodia principal? Das músicas de amor, quais amores você gostaria de ter vivido?

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Será que algum dia você pensou em mim? Algum dia você acordou querendo falar comigo? Mandar aquela mensagem esquisita que você sabia que ia mexer comigo? Será que algum dia, antes de dormir você riu de algum meme pensando que eu também iria gostar? Será que em algum dia você pensou em mim no exato momento em que eu estava pensando em você? Será que a gente já se cruzou no mundo dos sonhos? Vivendo nossos dois sonhos ao mesmo tempo? Será que um dia você olhou pro horizonte e me esperou chegar? Será que um dia você já escondeu o celular da sua namorada pq escreveu algo pra mim e não mandou? Será que você tem ideia que eu fico aqui pensando esse tanto de será sobre você?

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Queria acordar, como se fosse um dia normal, tomar banho, me arrumar, te encontrar no lugar de sempre e do nada ser supreendida por você. Um dia em que não te veria de longe, um dia em que nossa interação não fosse casual, um dia em que você chegasse muito perto de mim, respirasse bem pertinho do meu pescoço e me beijasse lentamente. Queria que um dia normal se transformasse, do nada, nesse dia, onde só de estar tão perto de você eu fique bamba. Fique sem ar e ao mesmo tempo sem respirar de tanto desejo.

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Queria em uma esquina qualquer tropeçar em você. Te encontrar de uma forma em que não poderíamos olhar para o lado, em que fossemos coagidas pelo desejo para nos olharmos. Queria te encontrar em qualquer caminho perdido que peguemos. Queria te olhar nos olhos e saber o que há entre nós. Queria caminhar sentindo seu perfume contra o vento e no completo silêncio conversar apenas pelas batidas de nossos corações. Queria te falar todas as palvras que existem e ao mesmo tempo ficar muda ao te olhar. Queria ver minhas certezas escorrendo pelos dedos quando cada um dos meu dedos te tocar. Queria por mais uma vez te olhar nos olhos e te beijar, naquela suadeira, queria por algum instante de consciência, lembrar de abrir os olhos e te admirar. Se corremos em direções opostas uma verdade posta é a gente se encontrar, no desejo, tesão, cortejo, no amor, no beijo, em qualquer luar.

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E você sumiu. Completamente, totalmente, como se nunca tivesse existido. Será que não existiu mesmo? Será que aquele amor existiu mesmo? Será que foi um delírio? Um descuidar da mente? Um fechar de olhos? O silêncio permanece como um mantra que aos poucos me diz que se existiu, hoje, a vontade é agir como se não tivesse existido. Eu não posso fingir assim, mas posso agradecer e me recolher. Talvez você não esteja fingindo, talvez seja só isso mesmo. Ficou pra trás, sumiu no vento, perdeu a importância no desenrolar dos dias. E tudo bem, mas preciso agradecer para poder seguir sem lembrar.

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Acho que não amei o suficiente. Amei tudo que eu pude, quando pude amar mas ainda não amei o suficiente. Esses amores de perder o brumo, o rumo e ao mesmo tempo ter a certeza absoluta de estar no lugar certo. Quase todas as vezes que cheguei perto de amar assim, lembro da dor. Estranho demais pensar nisso, como assim, dor? Da dor de se sentir morrer, pq simplesmente não era mais possível viver sem amar. É preciso uma pequena morte para amar de verdade dessa forma. Você renasce inteiramente amor. Corri quando pude, me escondi, fazendo meus medos de abrigo. E sinceramente não sei lembrar de quando me senti cem por cento confortável amando. Quando você chegou, iluminou toda a sala escura só com o brilho do seu olhar. A sala escura era eu, encoberta pelo medo, e você chegou pra me lembrar que quando a gente morre de amor, despertamos para vida.

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A sensação do toque depois de tanto desejo. O peito rasgando, o coração acelerado, pulsando firmemente totalmente descompassado. Te quero tanto que só de ficar perto de você sinto as asas de todas as borboletas que existem, já existiram e existirão batendo ao mesmo tempo dentro de mim. Te quero tanto que chego a ficar enjoada enquanto meu corpo tenta processar tudo que se passa em mim ao te ver entrando pela porta depois de tanto tempo. Nem sei mais sobre o tempo. Pode ter sido cinco minutos ou cinco anos, o aproximar da sua sombra me emociona de qualquer forma. A sensação de morrer para renascer já te amando. Uma vida inteiramente nova. Inteiramente amor.

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Sei que quando nos deitamos meu coração batia tão forte que poderia pular do peito e andar sozinho por aí. Quando nos tocamos minha alma parecia sair do corpo pra encontrar a sua sabe-se lá onde. Durante aqueles tempos tanta coisa doia que não pude ver o que se curava. Chorei tantas vezes pq o vazio se preenchia e por não acreditar na presença. Quando se anda nas nuvens pela primeira vez, olhar pra baixo ativa todo o medo de cair. Em algum momento tinha mais medo de cair do que coragem pra andar. Sofria por antecipação e não via a reciprocidade ali, de mãos dadas comigo. Me neguei tantas vezes a ser inteira que hoje me incomoda saber que meus cacos podem ter machucado você. O caminho andou, mudou de estação, de palheta, de tom. Precisou o tempo passar pra que eu pudesse um pouco enxergar o quanto dançamos a passos sincronizados. Que sua felicidade seja imensa, que seu par seja inteiro e que você nunca se machuque de torma incontornável. Fica aqui dentro tudo que há, que houve entre nós. Obrigada.

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Eu hoje te queria nua, suada, sonolenta, de pernas bambas, lambuzada de mim. Hoje queria me perder nas horas, me achar entre suas pernas, seus braços, me perder em seus cabelos para me achar no seu prazer. Queria não sentir o frio que está fazendo na cidade e ficar totalmente aquecida pelo seu corpo. Queria fazer revezamento de prazer, filmes, sonecas até o dia e a noite passarem lentamente, se transformando no próximo dia. Queria descobrir seus segredos e o que mais te excita, do que você tem medo e qual a sua posição favorita. Queria esquecer meu nome e não responder por meus movimentos. Queria sentir seus seios contra os meus e sua mão em meu rosto. Queria deitar nos seus braços e por horas, só pertencer a você.

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Assim, distraída, te encontrei numa esquina qualquer. Me chamou atenção seu cabelo escorrido, balançando de um lado pro outro. Mas nada que fosse tão diferente do que tantas outras coisas que me chamavam atenção andando por aí em uma cidade nova. A surpresa maior foi saber que você, assim como eu, não sabia para onde estava indo e ao me ver passar, julgou uma boa ideia pedir informação. Eu, como não sabia a direção de nada, só pude dizer que estava a andar para conhecer a cidade e não poderia ajudar na direção específica daquele ponto turístico. Pela segunda vez você me surpreendeu, em menos de 5 minutos. "Vou com você, poderia?" E do absoluto nada eu não estava mais sozinha caminhando pela cidade, mas sentia seu perfume ser espalhado pelo vento e invadindo todo e qualquer ar que eu pudesse respirar. Entre uma piada e outra, uma conversa e outra, em pouco tempo parecia que eu nunca estive sozinha naquela cidade. Que você sempre esteve a caminhar comigo. Paramos para almoçar, para uma cerveja, para tirar fotos e assim, com essa naturalidade espontânea, quase meia noite e era impossível me despedir de você. Quando eu pensava em ir embora, só imagina você deitada ao meu lado mas como? Te conhecia a menos de 12 horas. Não fiz nada.. continuei no bar, tomando uma cerveja e me esforçando para não pensar na hora de ir embora. Andamos juntas até a porta do seu hotel. "Quer fumar um cigarro no terraço?" Que alívio ouvir essa frase. Eu aceitaria até conhecer as escadas do hotel, passear pelos corredores de quartos. Qualquer coisa para não dizer tchau. Ali, naquele terraço, vendo as luzes da cidade totalmente acessas e o céu totalmente azul escuro, seus lábios se aproximaram calmamente de mim entre uma risada e outra, me roubando toda e qualquer atenção que eu poderia ter em outra coisa. Em um lapso de segundo, toda a realidade escapou pelos meus dedos, e eu estava ali, com minha boca na sua. Sem pensar em absolutamente nada, só seu corpo parecia existir e assim eu me deixei estar. Seus cabelos passavam entre meus dedos num toque suave enquanto minha vontade de te apertar aumentava. Suas mãos me rodeavam e parecia cobrir todo meu corpo. Seu pescoço encaixou perfeitamente no meu toque, que me movimentava no ritmo daquele beijo perfeitamente molhado. Num lapso de consciência me lembrei que eu estava ali com aquela mulher lindíssima que no começo do dia me pediu uma informação que eu não sabia dar. Fui rapidamente interrompida por uma puxada forte, pressionando com firmeza meu corpo contra o seu, ali eu já era cachoeira e queria mergulhar em você.

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Queria contar apenas contos e histórias mas ora ou outra me cortam as questões materiais do dia a dia e vou compartilha-las aqui também. Coisas da vivência lésbica, LGBT, queer.. enfim. Estou desacostumadas a conviver com homens, no dia a dia mesmo, no âmbito da casa, da divisão dos espaços e tarefas. Sem cair em generalizações, mas o convívio homem e mulher que venho acompanhado (com estranhamento) nos últimos tempos (vale frisar que são mais ou menos três casais que venho acompanhando por motivos pessoais, nada proposital), em maior ou menor medida, é permeado pelo discurso de exaustão masculina e pela alienação da verdadeira divisão de tarefas. Observo frequentemente a frase "mas eu faço tudo que você fala" ou "eu também faço as coisas necessárias e você não reconhece" como se o realizar exigisse o mesmo esforço ou esforço equivalente ao ato de pensar e planejar o que precisa ser feito. Pensaremos e planejaremos o que precisa ser feito, dividiremos as tarefas entre aquelas que nós (mulheres) faremos e aquelas que os companheiros farão, faremos as nossas, conferiremos as deles e ainda seremos ingratas por não reconhecer o que foi feito por eles. Não estou dizendo que essa dinâmica não existe entre duas mulheres (ou dois homens mas minha vivência é lésbica então..) mas esse comportamento entre homens e mulheres foi comumente seguindo pela ideia "é sempre assim", "ele é assim mesmo, mas tudo bem", o que não existe a priori entre o relacionamento entre duas mulheres (pelo menos naqueles que eu vivenciei). A premissa inicial é que pensaremos e planejaremos o que precisa ser feito, cada uma escolhe suas tarefas e assim as coisas serão feitas. A préideia do comportamento masculino (totalmente apoiada em fatos verídicos pelo que pude acompanhar até agora) me parece intoxicar possíveis variações e facilitar a contínua frustração da divisão de tarefas, justificando o injustificável e dando as mulheres mais uma tarefa, a de criar narrativas e ferramentas para compreender a posição e sentimentos masculinos, driblando calmamente a exaustão para continuarem casadas.

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Entre tantos contos abro esse espaço para os amores. Histórias sobre nós, inventadas ou não, contadas ou choradas, alegres ou tristes, histórias sobre nós que somos mulheres e amamos mulheres. Essas histórias são convites para que possamos sonhar e nunca aceitar menos do que desejamos. O amor liberta. O amor lésbico revoluciona.