#TASK5
Explore tagged Tumblr posts
thepartyanimalkalman · 11 months ago
Text
Tumblr media Tumblr media
Task #5 - Family Portrait
TW: Menção uso de drogas, suicídio, morte e alcoolismo.
[Câmera VCR ligada em uma das salas do prédio ENG 4.]
Los Angeles, dia 01 de Outubro de 2013, 10 horas da noite
Hoje marca uma semana até o heist. Pode dar certo, pode não dar,  a gente pode morrer na volta pra 2024, sei lá, são muitas variáveis e a gente não tem garantia nenhuma que eles vão entregar a gente de volta ao lugar certo e ao tempo certo. Então, como estou sem sono, o Marcelo ronca pra caralho e está tudo cagado mesmo, acho que quero fazer um registro de pelo menos como eram os Kalman antes do JJH decidir que ele ia fuder a minha vida. Peço desculpa pelas fotos porque são as que eu tenho disponível
[puxa a cadeira do professor e puxa uma foto]
Tumblr media
[guarda a foto, puxa outra de um cara por volta dos 19 anos]
Esse é meu vô. Alexander Kalman (Robert Redford), o AK, ou velho AK, como a Bitchtoria chamava ele. O AK é legal, ele é filho de imigrantes judeus que fugiram dos nazistas. Os pais dele se esconderam num navio que partia da Alemanha pra os EUA, e o pai se entregou pra que a mulher e os filhos tivessem tempo pra embarcar. Foi ele que me deu meu primeiro baseado e que me ensinou a bolar um bem direitinho. Ele não deixava chamar ele de vô em público, ele dizia que "afastava as gatinhas". O velho tinha um golpe que era eu me fazer de criança perdida e pedir ajudar pra garota que ele queria chegar perto, falando que eu tava perdida e tudo mais. Depois o AK aparecia, soltava a história de que era meu pai e que tinha fugido dele atrás de cachorros ou sorvetes.
Quando o Tio Sammy estava fora da cidade, eu passava as tardes na casa dele. Depois a Bitchtoria insistiu em contratar uma babá, quando o Tio Sammy se matou, a gente voltou pra esse ciclo, até eu ir pra faculdade e vô decidir ir embora pra San Diego, dizendo que era melhor ele passar tempo com pessoas da idade dele. A Bitchtoria não gostava muito quando o AK estava por perto, ela falava que ele era má influência e só vivia chapado por ter experimentado todo tipo de droga que se pudesse imaginar. Hoje, acho que ele era assim por conta do Projeto Chronos, ele acabou ficando meio ablublé das ideias, porque as histórias dele realmente pareciam coisas de viagem de ácido, fora que desde os anos 2000 que ele confunde os nomes das pessoas.
Com essa volta pra 2013, descobri que ele teve um AVC bem suspeito em 2001, sendo que em 2024 e ele estava vivo. Tenho a teoria de que ele acabou descobrindo que o Harris estava envolvido na morte do Big Rich, porque lendo a pasta de investigação dele, dá pra entender o motivo de terem escolhido o AK pra documentar o projeto. Ele é bem minucioso e detalhista, não escapa nada da visão dele, tanto que o AVC foi no dia 13/10/2001, mas a última entrada dele, da foto editada sem o Harris no local do crime foi adicionada dia 10/10/2001. Fico imaginando o que aconteceu nesses três dias que acabaram causando a morte dele.
Tumblr media
Esse é meu pai, Richard Kalman (Sylvester Stallone), mas todo mundo chama de Big Rich, porque ele tinha quase 2 metros de altura e era bombadão. Razão da minha terapia e de 90% da minha disforia. Ele era uma criança grande, como o AK falava, porque ele sempre foi extrovertido, fascinado por carros brilhantes e falava merda pra caralho. Tem o coração enorme, e se deixasse, tinha enchido a casa de filhos, mas nunca cuidou de nenhum, nem dos que ele fez nas amantes dele. Ele largou a faculdade quando a Victoria engravidou de mim, mas isso não impediu o Big Rich de ser famoso, ele é o único californiano a ter vencido três vezes as 24 horas de Daytona, em 1992 e 1994 pela Nissan e 1998 pela Ferrari. Esse último foi o que rendeu o dinheiro com o qual ele montou a Kalman Car Shop e depois vendeu o piloto da Desert King Valley, onde ele reformava carros clássicos de gente sem grana, que era a maior enganação que você poderia imaginar.
[guarda a foto, mostra uma no celular]
Originalmente ele sofreu um AVC em 2014, quando fui expulsa do time de futebol feminino por um vídeo fumando maconha na véspera do PAC-12. Big Rich não morreu, mas ficou todo entrevado e o médico disse que era pra evitar o estresse. Agora ele morreu com 19 anos, num acidente de carro numa corrida ilegal, diz o relatório que os cabos do freio foram queimado por algo que o perito foi incapaz de identificar. O AK era o único ue desconfiava que isso não foi acidente.
Quanto a mim e ao Big Rich, a gente ficou mais próximo quando o tio Sammy morreu. Comecei a curtir carros e corridas junto com ele, era legal, principalmente no Brasil, as pessoas paravam toda hora tirar foto com ele, mas nos afastamos quando ele resolveu trazer os bastardinhos, filhos de uma das inúmeras amantes dele, pra morar em Hollywood Hills com a gente. Foi igual a criança quando ganha brinquedo novo, o velho já não presta mais, da noite pro dia, passei a ser invisível pra ele de novo, menos quando fazia alguma cagada. Ai, nesse momento, eu era a vergonha da família, enquanto os dois babaqunhas deitavam e rolavam fazendo ele de trouxa.
Tumblr media
Esse é o Tio Sammy, ou Samuel Kalman (Kurt Russell). Ele 2 anos mais novo do que o Big Rich, os dois tem mães diferentes, porque a mãe do Big Rich morreu no parto e a mãe do Tio Sammy só largou ele com vovô e foi embora pra ir atrás do Greatful Dead. Tio Sammy acabou virando meu pai com a morte do Big Rich, o que é estranho pra mim, porque ele e a Victoria se odiavam quando ele era vivo, ela dizia que ele era um maconheiro folgado que nem o AK e ele dizia que ela era uma idosa no corpo de jovem. Ele e o Big Rich tinham uma tretinha, dizia o vovô que era por causa de mulher, mas ele nunca perguntou porque achava que eles tinham que se resolver sozinhos.
Ele sendo meu pai aqui é estranhamente reconfortante? Não sei se é essa palavra. Mas o fato é que mesmo vendo ele como um pai incrivelmente melhor do que o Big Rich foi, dá pra ver que o bicho que comia ele por dentro ainda está lá, sabe, ele só sabe mascarar melhor do que na minha linha temporal, porque agora ele tem muito mais a perder. Acho que em um certo grau ele sabe que não é o Riley James ali, que é alguém diferente, mas ele também não age como se eu fosse diferente da Belle e da Alice (as duas filhas gêmeas dele). Talvez porque é fácil pra um fudido reconhecer outro. Aqui ele tem um emprego numa gravadora, produzindo discos de rock alternativo. Não dá pra ficar rico, mas a condição de vida é melhor do que com o Big Rich.
O AK também costumava dizer que o tio Sammy sempre teve algo que comia ele por dentro, e que piorou quando a namorada secreta terminou o relacionamento por carta. São poucas as lembranças que tenho dele sóbrio, mas ele era uma figura presente, já que ele morava na casa da piscina, quando não estava na estrada com alguma banda famosa. Tio Sammy era músico free lancer, tocou com todo tipo de artista que se pode imaginar, de Guns n Roses a Jannet Jackson passando por bandas indies de beira de estrada e me levava nos mais variados tipos de concertos, sem que minha mãe soubesse. Nós erámos melhores amigos, porque ele não me tratava como uma criança estúpida como os outros adultos. Sei lá, talvez fosse melhor que tivesse agido como todo mundo em volta, ai quem sabe eu não teria herdado o que quer que comia ele por dentro quando ele morreu.
[Aponta para a mulher do lado do tio Sammy na foto do celular]
Tumblr media
Essa é a minha mãe. Victoria Howard-Kalman (Daphne Zuniga), também conhecida como Bitchtoria ou Whoretoria. Ela tem a idade do Big Rich, eles foram namoradinhos de escola. Os Howard eram de Nova Jersey e vieram pra cá quando o pai dela veio tentar ser ator, mas acaboi virando contador e com 2 filhas pra criar. Eles eram bem tradicionais, por isso que quando ela engravidou, no primeiro ano da faculdade, eles obrigaram ela a se casar com o Big Rich. Ela terminou a faculdade de Administração e trabalhava como secretária jurídica, enquanto o Big Rich se aventurava pelas pistas. Quando ele montou a Kalman Car Shop, ela largou o emprego pra administrar a loja e depois largou a bomba na minha mão como "punição" por ter sido demitida da UCLA.
[guarda o celular no bolso]
Não vou ficar mentindo aqui dizendo que a nossa relação era maravilhosa porque não era. A gente brigava a maior parte do tempo em 2024, porque ela achava que era minha responsabilidade os bastardinhos do Big Rich. Era comum ela jogar na cara do Big Rich de que se eu não tivesse quebrado a maldição Kalman (o primeiro filho sempre era homem, por isso ela dizia que era maldição) ele talvez não ficasse galinhando por ai, mas é mais fácil jogar a culpa na criança que tocou fogo no tapete da sala sem querer ou que usou a senha da diretora da escola pra olhar as respostas do SAT, do que contar pro marido que ela ligou as trompas, né. Sei lá, acho que ela nunca gostou muito desse negócio de ser mãe, o que é estranho porque ela é uma ótima mãe nessa linha temporal. Quer dizer, agora meio que tenho certeza que o problema era comigo, sabe. Porque a gente funcionava assim: eu fazia uma merda, alguém avisava que eu fiz a merda, ela resolvia a merda terceirizando o problema pra outra pessoa resolver porque ela estava ocupada. Geralmente, era o Tio Sammy, o AK ou a babá, porque o Big Rich tava ocupado brincando de carrinho. É um contraste muito grande com ela aqui, sendo uma ótima mãe
Tumblr media
E por último e bem menos importante. Os bastardinhos. Charlie (Milo Ventimiglia) e David Kalman (Jared Padalecki), os gêmeos filhos do Big Rich. Não tenho fotos porque felizmente os dois estorvos não existem mais. Quando o Big Rich descobriu que a Victoria tinha dado um jeito de não engravidar de forma permanente, ela não esperava que ele fosse trazer os dois gêmeos da amante dele pra morar com gente. Isso foi alguns meses antes de eu ir pra UCLA.
Eles tinham 12 anos na época e tem passe livre pra fazer qualquer merda porque Big Rich não deixa ninguém brigar com eles, mesmo ele estando todo entrevado. A maior parte dos problemas financeiros que me levaram a começar a traficar tem a ver com eles, eles não tem a menor dó de passar o cartão de crédito e eu que me vire pra resolver, porque a Victoria simplesmente apertou o foda-se pros dois. Charlie acha que pode ser piloto, mas dirige que nem uma velhota com Parkinson e o David foi do time da UCLA, nunca jogou uma partida se quer, mas você acreditaria que ele é a estrela do time de tão confiante. Espero que isso continue quando a gente voltar.
5 notes · View notes
garrickxvelour · 2 years ago
Text
Tumblr media
as the temperatures in merrock continue to climb higher and higher (as warm as maine tends to get), garrick is soaking up the season in every way that he can.
answers to the prompts are under the cut!
What does your character think about summer? Are they a fan, or do they long for the colder, more temperate months?
Garrick isn't the biggest fan of summer. A casual enjoyer, but he's much more of a fan of the colder months. With his birthday in early November, he loves the fall and winter season. In all of their crisp morning and snowstorm glory.
2. Is there a certain food or cold treat that they reach for on a hot night when a regular dinner just won’t work?
Some ice cream always hits the spot. He doesn't have an insane sweet tooth, but he loves some savory flavors like coffee.
3. What about a beverage they enjoy in the summer?
A nice cold beer. A Corona or Blue Moon. While he has a wide array of favorite alcoholic beverages, when summer rolls around, it's only right to welcome the season with some beer.
4. Describe your character’s sense of style / fashion go-tos when it comes to the warm months.
His style during the summer could very much be described as something between mature frat boy and vacation dad. He’s stylish and takes care of his appearance—has an eye for color and the occasional accessory. Open button downs with floral or beachy patterns paired with shorts. Boat shoes and sunglasses and maybe a matching hat. Some comfy loafers for a night out.
5. What about what they wear to the pool or the beach?
He’s definitely breaking out his little swim trunks. His shorts for day to day wear or pool wear always are above the knee. He tends to prefer darker colors such as deep purples and plums, burgundies and maroons, but in the summer he does make a little exception. He has some salmon swim shorts in his arsenal.
6. Speaking of – if they’re at the beach, what is their favorite thing to do?
He parks himself under a large umbrella in a beach chair, water in one cup holder, a beer or another refreshing beverage in the other, and a book in his lap. He’s the type to take a dip in the water from type to time, but he’s too fair to be out in the sun without burning. Listening to the waves rolling in and seagulls calling is enough ambience to soothe him.
7. If your character had to choose, would they rather spend time at the pool, or at the beach?
As much as he enjoys both, I think growing up he spent more time at a pool in general and has so many fond memories associated with them. He appreciates the beach for what it is. Enjoys reading alone. But the social nature that comes with lounging by a pool supersedes that of a beach.
8. When they’re at the pool, are they a lounge around, soaking up the sun type, or in the water, causing chaos type?
Oh, a lounge around kind of guy for sure. Catch him drinking and striking up conversation, throwing charming smiles and flirting. He won’t get rowdy in the water unless someone instigates.
9. Outside of pool and beach fun, what is your character’s favorite summer hobby or pastime that they can’t wait to do?
He loves a good BBQ. A classic, big family and friend gathering. Cooking at a grill with a drink in hand, jumping into a pool, sitting around a fire pit, lighting sparklers. He’s romanticized it just a bit, but enjoys it all the same.
10. Are they big on vacations, or are they more of a staycation kind of person?
He loves a nice vacation. A habitual enjoyer of touring historic locations and rustic historic towns to match. He loves museums and sightseeing around cities and towns. He's been known to dabble with some outdoorsy escapades like kayaking and hiking.
11. When it comes to outdoor space, gardening, etc., what does your character do? Do they mow their lawn, do they have a garden, is their home full of plants?
He has some landscaping in the front of his house—some shrubs and flowers and simple plants. He isn’t the biggest gardener, but after years of tending to some simple crops on a farm, he has an eye for helping house plants flourish.
12. What is their favorite spot to spend time in Merrock that doesn’t include the public pool and the swim beach?
He really enjoys the market. The bustle of people moving about, buying goods and food from local sellers. Live bands playing on the street. The sense of community it lends.
13. If they had to pick one thing to say that they disliked about summer… what would it be and why?
The heat. As much as he likes the sunshine, high temperatures are sometimes too much for him and his northern upbringing.
14. What is your character’s favorite summertime memory? Whether it be from their childhood or their big kid years?
The first summer he spent in the states. All of his new friends from college once spent a weekend at someone's parents' house on a lake, skinny dipped in the water, and made s'mores, kissed under the stars and crashed in a heap of blankets and pillows. The quintessential "American" summer.
15. And lastly… what is one thing that they really hope to do this summer?
T watch the sunset on the beach while on a picnic. Even if he doesn’t have any company. He wants to take full advantage of not only living on the Atlantic again, but having beautiful beaches to enjoy.
2 notes · View notes
nubelalifestyle · 11 months ago
Text
Antique Furniture Restoration: 10 Techniques to Preserve History and Beauty
Preserve the charm of yesteryear with our detailed guide on Antique Furniture Restoration: 10 Techniques to Preserve History and Beauty. 🪑✨#AntiqueRestoration #FurniturePreservation #HistoricalFurniture #AntiqueBeauty #RestorationTechniques #VintageFurni
Antique furniture isn’t just about owning a piece of history; it’s about bringing that history back to life. I grew up between two cultures. 1. Gentle Cleaning: Start with Care2. Assess the Damage: What Needs Fixing?3. Stripping the Old Finish: When and How4. Repairing Veneer: A Tricky but Rewarding Task5. Refinishing: Bringing Back the Shine6. Replacing Hardware: Keeping It Authentic7.…
0 notes
sahraeyll · 1 year ago
Photo
Tumblr media
Hey there everybodyIn this video i discuss ‘how to get task in medical coding as a fresher’Following points i discuss in this video1) What is medical coding2) What is cpc medical coding certificate examination3) Companies supplying task in medical coding4) How to request medical coding task5) Eligibility for medical coding task6) Interview concerns for medical…
0 notes
bigdataschool-moscow · 1 year ago
Link
0 notes
ianthedisastrous · 5 years ago
Photo
Tumblr media
Task 5: Personality Aesthetic (Hogwarts houses, Myers-Briggs, Enneagram, vice/virtue, etc.)
Tumblr media Tumblr media
4 notes · View notes
ikaimana · 5 years ago
Text
𝐭𝐡𝐞𝐫𝐞 𝐚𝐫𝐞 𝐧𝐨 𝐡𝐞𝐫𝐨𝐞𝐬 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐢𝐬 𝐣𝐨𝐮𝐫𝐧𝐞𝐲. — 𝐭𝐚𝐬𝐤 𝟎𝟎𝟓
Introspectiva.
Fora algo que Kaimana Lua passara a ser conforme os anos agiam sobre sua personalidade, conforme certo fato agia sobre sua personalidade. Aquela que antes era uma contadora de histórias nata, agora restringia-se a palavras ditas apenas em monólogos mentais. Em sua rotina, atinha-se a diálogos curtos, superficiais, que pouco ou nada revelavam quem de fato era. Quase que calculada de início e absorvida de vez pela prática, sua fala não expressava a maior das gentilezas — a falta de convívio direto e próximo com o que diria ser majoritariamente Aether inteira certamente afetara parte do seu modo de agir.
No fundo, sabia que o que carregava consigo era praticamente uma maldição. Não lhe foram ditas palavras traiçoeiras, não desejaram-lhe nada de mal em vida, longe disso, e aquela, talvez, tenha sido sua ruína. O problema não foram palavras traiçoeiras, de fato, e sim palavras ditas com muito amor. Com tanto amor, que nenhuma história derivada a partir disso poderia resultar em algo senão tragédia. Aprendera desde cedo, demasiadamente cedo, que amar não representava fraqueza, mas egoísmo e destruição. Caso cedesse ao sentimento, no entanto, fraqueza também seria-lhe sinônimo. Fraca demais em não resistir a tentação. Fraca demais em se deixar tomar por aquele que a vida toda a assombrou: o amor.
Amar era um verbo a não ser conjugado em seu vocabulário. Não existia em seu dicionário, a não ser que estivesse acompanhado de um “não” em letras grandes e garrafais. Não amar, não se deixar ser amada, não permitir o sentimento se alastrar por qualquer um ao seu redor. Também por isso trazia tanta grosseria e frieza consigo: quão irresponsável seria de sua parte ter pessoas de fato a amando? Impossível seria a reciprocidade e não seria ela a trazer sofrimento para a vida de quem quer que fosse. Além disso, ter alguém sentindo por ela seria o primeiro passo para uma fenda se abrir. Para uma rachadura surgir. Não poderia arriscar a retribuição do sentimento.
Qualquer um que tentasse entender a situação por cima, diria ser a própria Waialiki a ter medo de amar, de considerar o ato perigoso para si mesma. Muitas vezes, ela queria que fosse o caso. Todas as vezes, sendo bem sincera. Perigoso era algo que poderia enfrentar, adorava desafios e experiências novas para contar, não seria um medo de coração partido a privá-la das pessoas ao seu redor, a privá-la de viver intensamente. Queria ser intensa. Desejo esse a se perder ainda na infância, em sua primeira década, em seus passos ainda na inocência.
A adversidade, entretanto, pairava sobre algo bem maior. Seu sentimento forte por algo ou alguém era parte de uma equação cujo resultado era incalculavelmente negativo para o outro lado envolvido. Negativo seria uma forma eufemista de dizer. Amar e odiar, para Kaimana Lua, era nocivo, fatal — mortal.  E, em todo o suposto egoísmo demonstrado pela garota, era justo onde persistia seu altruísmo. Abriu mão de toda uma vida de raivas e paixões, sentimentos bons e ruins, desafetos e amores, para nunca, enquanto existisse, ferir a outrem.
Tudo isso fora-lhe jogado na cara em um momento totalmente imprevisto e fora de seus planos. Ao treinar próximo ao Lago Encantado, alguns dias atrás, jamais preveria o que estava por vir. Ao desafiar Louis Bourbon a uma luta, também não lhe passava pela cabeça empunhar uma espada para batalhar por sua própria vida e pela dos demais aprendizes. Muito menos perder a batalha, mas esse era um detalhe que preferia esquecer. Certo, o impensado ali sequer fora essas espec��ficas situações — o que torna esta narrativa ainda mais surpreendente —, mas os eventos que se desdobraram delas. Mais precisamente, o sótão.
O sótão do castelo, inicialmente um refúgio de todo o caos lá fora, tornara-se, literalmente num piscar de olhos, uma prisão mental. Quase como num transe, fora tomada por imagens e vozes trazendo tudo aquilo que tanto trabalhava em guardar no fundo da mente, nas profundezas e obscuridades dos próprios pensamentos. O som do mar, das ondas fortes quebrando, nunca lhe fora tão aterrorizante, tão paralisante — porque, junto da sonoridade familiar, os rostos das poucas pessoas a quem ainda se permitia importar se faziam presentes na cena.
E os rostos externavam palavras angustiantes, agonizantes. “Você fez isso comigo, Kaimana”, “O meu sangue está todo em suas mãos”, “Não vai vir me salvar?”, diziam as vozes tão parte de sua rotina. Atlas, Rhea, Soren. Cada um com um motivo único e particular para se fazer presente em sua vida, salvos pelos próprios destinos de estes nunca cruzarem tragicamente com o dela. Mesmo com a consciência de que poderiam se salvar, seu coração nunca descansava, pois, no momento em que descansou, a segurança do Gauthier se pôs em risco e por esse fato ela jamais se perdoara completamente. O sentimento de amizade entre os dois não poderia ser tão grande quanto achava poder ser. Estava reclusa mesmo no falso sentimento de segurança oferecido.
Ela se esforçava diariamente em manter suas amizades numa linha de guarda e atenção. Rhea estava protegida, claro, tinha o próprio mar ao seu lado — o que, no fundo, provocava sentimentos confusos e desgostosos na filha de Moana. Por que não pudera ser assim? Por que tinha de viver da maneira que vivia? Por que ela? E os pensamentos logo eram afastados, pois não seria assim, remoendo sinas e acasos, que viveria seu conto. Com Atlas e Soren, no entanto, mantinha-se em eterna retaguarda para que nenhum deslize estivesse à vista. O deslize de grandes amizades era, também, perigoso.
E, por dias, vozes em sua mente tentaram lhe dizer o mesmo. Sussurravam, tentavam-na.
❝Seus esforços de nada serviram, Kaimana Lua. Tanto trabalho em não amar seus amigos e veja só… eles ainda correm perigo.❞
❝Venha até mim. Venha salvá-los do que você nunca conseguiria evitar. Venha até mim, filha de Moana.❞
Mas ela não cedia.
Naquele dia, observava o Mar Prateado enquanto se permitia tocar os pés na areia fria e úmida, os dedos apertavam os minúsculos grãos, sentindo-os espalharem-se pela pele. Quão tranquilizante era estar na presença do mar e vê-lo calmo, tranquilo, sereno, nenhum barulho forte o suficiente para fazê-la lembrar dos últimos acontecimentos. As cenas do sótão ainda eram vívidas em sua mente e tentava, a todo custo, apagá-las dali. Nada daquilo fora real. A única coisa de fato real fora o toque sutil de mãos que a tirara de vez do transe enganoso — o que a fazia ter ainda mais certeza de tudo não passar de um fruto podre e tolo da sua imaginação.
Ela não acreditava nas vozes. Dedicara anos a fio a proteger todos em sua vida, fosse mantendo limites nas poucas relações que se permitira formar, como se afastando de qualquer nova possível. Um trabalho construído por segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, sua existência inteira. Não seria agora que tudo iria ruir.
Ela não acreditava nas vozes. Nada de errado fizera a filha do mar, ele não teria do que lhe castigar. Fora controlada, comedida, reprimira-se tanto quanto devia, mais do que o suficiente.
❝Olha só, finalmente te achei!❞ A frase, vinda de Atlas, ressoou por seus ouvidos, tirando-a de seus pensamentos perversos. Um suspiro aliviado poderia ser ouvido em metros. Ele estava ali. São e salvo.
Ela não acreditava nas vozes.
12 notes · View notes
marlsbuck · 5 years ago
Text
task 05 | letters to my father.
tw: abuse mentions, death mention, rampant daddy issues.
finnegan buckley, 
dad, father, all around disappointment. honestly, i’m not sure what to call you anymore, so i don’t call you anything. 
i’m not entirely sure why i’m writing this now or if i’ll ever actually send it - i don’t think you’d care either way - but, here goes nothin’.
you broke me. you were the one man i was supposed to be able to depend on no matter what and you broke me. what did you think blamin’ mom’s death on me would do? make me a better person? a person you thought i should have been? did you say it just so i would hurt as much as you did in that moment? because, i promise you i already did. 
the only thing you did by tellin’ me that was drive me straight into the arms of a boy who didn’t give a single fuck about me. i was a warm body he could come home to after doin’ whatever he wanted to with whoever he wanted. i was a punching bag for him to knock around whenever he felt like the world did him some kinda wrong and it was my fault every time.
and i let him. wanna know why? because you told me that was what i deserved, dad. you told me i deserved every awful thing that happened to me. you told me i didn’t deserve anyone’s love or kindness and i believed you for so long. i lost years of my life believin’ that i was unlovable because your voice was always in the back of my head tellin’ me i was.
part of that’s on me. you didn’t deserve that kind of power over my life. dad, you were just another man who didn’t know how to love or process your trauma and that’s not my fault. never was and never will be. 
you already know this, or maybe you’ve forgotten - blocked it out as soon as it happened, but i moved to chicago for college. i saw you once at the hotel where i worked. i tried to talk to you - tried to say hi - but you acted like you didn’t know who i was. i almost believed you just didn’t recognize me, but then i saw the pure hatred in your eyes when you finally looked at me. for the first time, i could feel your hatred for me. that’s when i knew, for sure, that you were gone forever - that any chance i thought we might have had to rebuild a relationship had died. it was easier for you to blame me for all your hurt than to actually dig into why you felt the way you did. i would love to say i forgive you for that, but i don’t think i can.
i can’t forgive you, dad, because i finally met a man who loves me and treats me with more respect than you ever showed mom. a few years ago i got to marry that man and it was a perfect day. well, almost perfect. see, i didn’t have a dad to give me away. luckily, i had a couple options for a stand in and i am so grateful for those people. they taught me that i never had to settle for a half assed kind of love again. they taught me that i deserved someone who would fight for me. i deserved a best friend and partner who put us above everything else. they helped me undo everythin’ you’d taught me i deserved. 
i can’t forgive you because you have grandkids you’ve never met. four, in fact. four perfect little humans who will never feel the love of a grandfather. four beautiful souls who will never understand the relationship i had with pawpaw because they’ll never have it with you. because you’re too proud to forgive me for things i did when i was a child. i can’t forgive you because i don’t want you to have anything to do with my children. i don’t want them to know what it feels like to have someone not want them - to make them feel unlovable. 
i can’t forgive you, finnegan, because my life should be this great because you helped and encouraged me to make it this way, not in spite of you. 
i do want to thank you for one thing, though. i want to thank you for teachin’ me every way to not be a parent. i’m an incredible mother because i grew up learnin’ everythin’ not to do from you and mom. so, thank you for that, at least.
i hope you’ve found some kind of happiness, wherever you are in life. maybe a little peace while we’re at it.
have a nice life. please don’t write back.
marley.
12 notes · View notes
nabeelaharend · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
Mock up quote and invoice 
5 notes · View notes
conthesin-blog · 6 years ago
Photo
Tumblr media
This summer I am heading to the range, camping, reconnecting with old friends, staying out at the hunting cabin, training Widget, hitting the beach, trying that new dessert place on Main Street, getting the Nova running, and taking a road trip on my Triumph.
1 note · View note
janneth-alegre · 3 years ago
Photo
Tumblr media
Tarea 5 - Misión 5 (Moldeado inicial) En este reto tuvimos que hacer una interpretación propia con las técnicas básicas del concepto TR, integración de volumen en la falda y además, agregarle un cuello. Task 5 - Mission 5 Own interpretation through TR basic + creative moulage + flared volume technique + build up collar by Janneth Alegre 🇵🇪 ❤️✏️📐📍✂️✂️ #trcutting #shingosato #creativemoulage #trGoldMasterChampionship2022 #task5 #trcutting #mission5 #jannethalegre #reto5 #90DaysChallenge Reto 5 Approved 🙌 https://www.instagram.com/p/Cfmq_yPPKpr/?igshid=NGJjMDIxMWI=
0 notes
billy0721 · 3 years ago
Photo
Tumblr media
Short story.
1 note · View note
actuallyberry · 7 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
ABOUT RACHEL · SONG AESTHETIC
People People who need people Are the luckiest people in the world, We're children, needing other children And yet letting our grown-up pride Hide all the need inside, Acting more like children Than children. Lovers are very special people, They're the luckiest people In the world.
5 notes · View notes
kvb117-caroline2020 · 5 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
Task 5: HalfDozen Works
Three materials: (fake) pokemon cards, gold leaf and gouache
0 notes
marlsbuck · 5 years ago
Text
task 05 | letters to my younger self.
tw - abuse mention, negative self talk.
miss marley mae. 
if there was one word i’d want you to remember as you navigate this world, it’d be worthy. 
someday, marls. someday you’ll figure out that you’re worthy of so much more than you think you are. it’s why you’ll eventually tattoo the word on your skin (shout out to paw for bein’ an absolute dream and givin’ me the idea and loanin’ out his handwriting), but you’re gonna have to go through it before it really sinks in. and i mean, really go through it.
even then, there’ll be bad days. 
even on those bad days, i want you to remember that - even though you may not feel like it in the moment - you’re worthy of every ounce of love the universe throws your way. 
so, even on the days where it feels like mom and dad couldn’t love you because there was something wrong with you, or the days when you miss wade and feel like the lyin’ and cheatin’ were bearable for those fleetin’ moments of affection and warmth; even on the worst days when the darkest thoughts creep in - the self blame and loathin’ - that you deserved what he did to you.
you’re still worthy. remember that word.
none of what happened is your fault. there is nothing wrong with you. you are not broken or unlovable and you sure as hell deserve more than a boy who makes you believe that you deserve the abuse. you, my sweet girl, are smart and strong and so, wildly kind and lovin’. you deserve to receive every bit of the love you so willingly give to everyone else around you.
it is not selfish to love yourself. it is not wrong to love yourself. it won’t mean there’s less love for you to give. 
there is no limit to the love you have - for yourself and others. there will always be more.
you’ve got a whole chosen family just waitin’ to let you know how loved you are. 
it’ll be easier said than done. i’m not sayin’ it won’t take work, but i am sayin’ the work is worth it. ‘cause once you start puttin’ in that work everything you’ve ever wanted will start comin’ together. it may not happen the way you think it will, but it’ll happen nonetheless. i promise.
just, please forgive and be kind to yourself. and when you can’t find it within yourself to do that, surround yourself with the people who you know will.
love always (even when you can’t feel it)
marley mae.
12 notes · View notes
nanafukumoto0216 · 5 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
0 notes