A "morte" sempre assombra as pessoas, mesmo aquelas que estão convencidas da vida eterna, pois a diferença entre nós e eles é apenas uma questão de densidade - foi assim dito pelo mestre dos mestres, aquele que ensinou e restaurou as Verdades Divinas, o grande Elias, prometido em Apocalipse.
Jesus sempre esteve vivo. Seu amor, até hoje nos esforçamos em pradicá-lo, mesmo o mais cético, entende que o bem sempre é melhor que o mal!
Sendo quem é, na última vez que esteve entre nós, Jesus aplicou a Lei de Deus, dividindo-a em duas partes. Os primeiros 4 mandamentos, diz sobre a nossa relação do Deus e os 6 últimos, nossa relação entre pessoas (todos somos filhos de Deus, não importa se é um parente, um amigo, um estranho ou inimigo).
Fica esse video como mais uma semente que planto. Vamos cokher bons frutos, "né"?
pairing: felipe otaño x fem!reader
summary: você tinha o noivo dos sonhos, o vestido perfeito e a data marcada. mas é claro que o seu ex-namorado precisava aparecer do nada para bagunçar toda a sua cabeça, de novo.
warnings: SMUT!! cheating, era pra ser smut tapa na cara murro na costela mas acabou virando angst (sorry), remember com o ex, oneshot meio longa pq me empolguei, reader tchonga e pipe com 0 amor próprio pro plot fazer sentido, p in v, dirty talk, manhandling, (um tiquinho de) dry humping, fingering, degrading beeeem levinho, dsclp eu sou perturbada e precisava compartilhar isso com o mundo.
note: tava ouvindo eres mía do romeo santos (muito boa, recomendo!!!!) e o pipe numa pegada ex magoadinho que ainda não aceitou direito o fim do namoro simplesmente DOMINOU minha mente. aí já viu, né? tive que largar o bom senso e tudo que tava fazendo pra escrever.
no te asombres si una noche
entro a tu cuarto y nuevamente te hago mía
bien conoces mis errores
el egoísmo de ser dueño de tu vida
VOCÊ NÃO DEVERIA ter saído de casa naquela noite.
sinceramente, nem queria ter ido. o casamento seria amanhã e você estava uma pilha de nervos, pensando em tudo que poderia dar errado. apesar de ter uma cerimonialista e uma equipe inteira com mais de dez pessoas à sua disposição — que seu noivo, gentilmente, contratou para te ajudar —, intencionava passar a noite toda checando, novamente, todos os mínimos detalhes porque não confiava em mais ninguém além de si mesma para garantir que seu dia fosse o mais perfeito possível. isso, claro, até suas amigas invadirem sua casa, gritando e pulando igual crianças hiperativas, e te arrastarem para uma boate de quinta com a desculpa de que você tinha que sair para farrear com elas uma última vez antes de se entregar de corpo e alma para a vida de castidade do casamento.
e você, contrariando todas as suas ressalvas e o sexto sentido que implorava para que não fosse, acabou aceitando. era só uma despedida de solteira, afinal. usaria uma fantasia ridícula — um véu xexelento, um vestidinho branco curtíssimo que mais parecia ter saído de um catálogo da victoria’s secret e uma faixa rosa com “noiva do ano” escrito em letras douradas, garrafais —, beberia um pouco, dançaria até se acabar e aproveitaria uma última noite de extravasamento com as amigas de longa data. justamente o que precisava para desestressar um pouquinho antes do grande dia.
nada demais, certo?
seria se não tivesse o visto. de costas sob a luz neon e encoberto pela névoa fina de gelo seco, ele parecia ter saído diretamente de um sonho — ou um pesadelo, se preferir — e você quase se convenceu de que realmente estava presa em algum tipo de alucinação causada pelo combo estresse pré-cerimônia + álcool. até faria sentido no momento mais delicado da sua noite ver em um estranho qualquer a figura do ex que você, apesar de jurar o contrário, nunca conseguiu esquecer totalmente, numa pegadinha maldosa pregada por seu cérebro sacana, para tentar, aos quarenta e cinco do segundo tempo, te fazer duvidar das suas escolhas. entretanto, sabia que buscar se convencer daquilo seria, no mínimo, idiota e ilógico e você, além de não ser nem uma idiota, também era uma pessoa muito lógica.
não tinha álcool ou estresse no mundo que te fariam confundir aquela silhueta que conhecia mais do que a palma da própria mão. os ombros largos escondidos pela camiseta preta, que sempre foram sua obsessão secreta, os braços fortes que por tantas noites frias te aninharam, acalmaram e apertaram, servindo como um casulo para te proteger do mundo do lado de fora, e a cabeleira sedosa, significativamente mais longa desde a última vez que se viram, na qual amava afundar os dedos em afagos demorados, só para sentir a textura dos fios castanhos deslizando sobre a pele. era capaz de reconhecer felipe otaño — ou pipe, como costumava chamá-lo quando ainda compartilhavam alguma intimidade — até de olhos fechados.
sentiu o mundo girar e o estômago contrair, enjoado, pronto para expelir todo o conteúdo de repente indesejado. havia perdido milhares de noite de sono pensando em como seria o momento que se reencontrariam, como agiria e reagiria ao vê-lo novamente depois de tanto tempo, todavia, em todos os cenários que antecipou na sua cabeça sempre se imaginou fazendo algo muito mais maduro e racional do que simplesmente fugir covardemente igual uma gatinha apavorada.
“preciso ir”, avisou as amigas rapidamente, sequer dando tempo para que elas tentassem te convencer a ficar mais um pouco ou se oferecessem para ir junto, e literalmente saiu correndo, aos tropeços, da boate, desesperada para ficar o mais longe possível daquele fragmento do seu passado irresoluto.
já de volta ao apartamento, que em poucas horas deixaria de ser seu, não pôde evitar de pensar em tudo que no último ano tanto se esforçou para esquecer, hiperventilando com o turbilhão de sentimentos adormecidos que resolveram despertar todos de uma vez só. a essa altura, felipe deveria ser uma página virada da sua história, algo distante e incapaz de perturbar a paz supostamente inabalável que tanto lutou para estabelecer. não conseguia entender o que tinha de errado consigo. não era isso que você queria?! estava a um passo de alcançar a vida tranquila, monótona e rotineira que sempre sonhou e, ainda assim, seu coração se retorcia dentro do peito como se você estivesse prestes a tomar a pior decisão de todas.
a campainha tocou, de súbito, te afastando dos pensamentos indesejados. em uma noite normal, teria ficado com raiva da inconveniência de quem resolveu ser sem noção para vir incomodar tão tarde, porém, o alívio de ter a possibilidade de ocupar a mente com qualquer outra coisa que não fosse aquilo foi tão grande que até torceu para encontrar do outro lado da porta a senhorinha do apartamento trinta e dois, que adorava alugar seu ouvido por horas com as histórias intermináveis sobre a argentina dos anos setenta.
para a sua angústia, não era ela.
“você não excluiu o meu cadastro da portaria”, a voz arrastada arranhou seu cérebro cansado e precisou de quase um minuto inteiro para que os neurônios raciocinassem a imagem que seus olhos enxergavam. “por que, hein? tava esperando a minha visita, nenita?”.
o apelido escorrendo pelos lábios carnudos e rosados com tanto escárnio enviou um choque diretamente para a parte de trás da sua cabeça, que instantaneamente se converteu em uma pontada azucrinante de dor. perdeu o ar, sentindo-se minúscula ante a presença asfixiante, enorme, despreocupadamente encostada no batente da sua porta, e o ruído em seus ouvidos triplicou de altura.
“felipe, por que você tá aqui?”, conseguiu, finalmente, balbuciar uma pergunta.
ele sorriu abertamente, um pouco maldoso, bastante ferido, como se não acreditasse que você estava mesmo perguntando aquilo — até porque nem ele saberia responder.
felipe, também, não sabia o porquê de ter se dado o trabalho de ir até seu apartamento. ao ver um vislumbre do que pensou ser você, agiu no impulso, sem razão, e quando se deu conta estava na sua porta, tocando a campainha, tarde demais para dar meia-volta e desistir de sabe-se lá o quê. diria para si mesmo que só queria confirmar que realmente tinha te visto na boate, que não estava ficando louco, mas, no fundo, ele sabia que o que havia o levado para lá foi a descrença, alimentada pela esperança de ter se confundido e te encontrar de pijama, confusa de sono, sem um anel de compromisso reluzindo na canhota.
“ué, vim dar os parabéns para a…”, esticou a mão e tocou a tira de cetim que ainda pairava sobre seu peito, resvalando suavemente os dedos na pele desprotegida do decote escandaloso. “noiva do ano!”.
a vontade de vomitar te invadiu novamente. não tinha preparo para lidar com pipe, nunca teve. ele era inconstante, irregular, incontrolável… um furacão impossível de prever, logo, impossível de se preparar. passava truculento e imperdoável, bagunçando tudo que encontrava pelo caminho e principalmente você, que inevitavelmente acabava com a vida virada de cabeça para baixo, completamente desarranjada. sentiu no fundo da garganta o gosto amargo daquele sentimento de vulnerabilidade que te acompanhou durante todo o tempo que passaram juntos, como namorados, causado justamente pela agonia de não ter o controle da situação, de ter a existência nas mãos de outra pessoa, longe do seu alcance.
esse foi, aliás, o grande motivo para ter terminado com o otaño: a falta de controle. você, tão certinha e organizada, que desde criança gostava de planejar qualquer coisa minuciosamente, até as mais simples, porque ser pega de surpresa era enervante demais para você então tinha uma necessidade quase fisiológica de estar sempre a um passo à frente de tudo, mas que, no relacionamento de vocês, tinha justamente o contrário; com pipe, seus dias eram um constante passeio de montanha-russa, impremeditável: não importava o quanto se preparasse para a descida, toda vez ela acharia um jeito novo para te aturdir.
por isso, seu noivo era o homem perfeito para você. calmo, uniforme, corriqueiro, totalmente premeditável e incapaz de agir pelo impulso, o que oferecia a segurança de uma rotina sólida, sem imprevistos. isso deveria ter sido suficiente para você bater a porta na cara de felipe e deletá-lo completamente do seu sistema, porém, quando percebeu já tinha permitido que ele entrasse novamente dentro da sua casa, e consequentemente da sua vida, sem oferecer a menor resistência aos avanços das mãos grandes que buscavam, ávidas, tocar cada centímetro da sua pele gélida, te enclausurando entre aqueles braços fortes só para garantir que você não teria como fugir de novo.
“deixa eu te dar um presente de casamento”, pediu com aquele tom de voz baixo e servil, embebido de desejo, sabendo bem como só aquilo era suficiente para te deixar toda molinha, prontinha para ele. os olhos tremeram sobre as pálpebras e soltou um grunhido fraquinho, sentindo aquele calor conhecido envolver a sua pele arrepiada, fazendo seu sangue borbulhar dentro das veias.
“pipe, eu me caso em algumas horas…”, o restinho de consciência que existia em você suspirou contra o rosto dele, tão próximo, e nem sabia mais para quem exatamente estava dizendo aquilo: se era para ele ou para si mesma.
“mas agora você é minha. pela última vez.”
pipe sempre te beijava com a fome de mil homens, querendo consumir o máximo de você, como se a vida dele dependesse daquilo. os lábios fartos envolviam os seus com urgência, rápidos, vorazes, te dando tudo que tinha ao mesmo tempo que tirava tudo de você, numa troca contínua, e a língua quente e úmida invadia sua boca abruptamente, dominando a sua, ocupando cada espacinho da cavidade molhada. você nunca admitiria aquilo em voz alta, mas sentiu saudade de ser beijada de verdade, devorada por lábios sedentos e lascivos, capazes de demonstrar só com aquele simples ato o quanto te desejava. gemeu ruidosamente quando ele te apertou contra a parede fria da cozinha e pôde sentir cada músculo teso pesando sobre os seus, afundando-lhe no gesso claro. o homem avançou a perna um pouco para frente, invadindo com a coxa o espaço entre as suas, na intenção inicial de te dar algum tipo de apoio e garantir que você conseguiria se manter em pé durante todo o ato; porém, você, inebriada, mal percebeu os movimentos desesperados do próprio quadril, que se empurrava para frente e para trás, buscando qualquer tipo de fricção que aliviasse a tensão cruciante que já estava completamente instalada no baixo-ventre.
“mira eso… mal encostei em você e já tá se esfregando em mim igual uma perrita no cio”, caçoou, estalando a língua em uma falsa desaprovação para esconder o ego masculino amaciado. “que foi, nenita? não estão te comendo direito? ay, pobrecita…”
resmungou um palavrão baixinho, envergonhada, se contorcendo toda ao sentir ele erguer um pouquinho mais a perna e pressionar a intimidade sensível bem de levinho, só para te provocar e provar a própria teoria. e, para pontuar ainda mais a provocação, o homem deslizou a mão esquerda para o núcleo incandescente e pressionou a palma contra intimidade dolorida, sentindo toda a umidade que já escorria abundante pelas dobrinhas delicadas, encharcando a calcinha branca de algodão. balançou a cabeça para os lados, produzindo um tsc, tsc, tsc baixinho, fingindo estar decepcionado, todavia incapaz de disfarçar o sorriso vaidoso que se pintou na face extasiada ao constatar que, mesmo após tantos meses, você ainda reagia tão bem aos toques dele e que, pelo jeitinho entregue — o mesmo que ficava quando passavam um tempinho mais longo sem sexo, o que era raro na relação de vocês, mas vez ou outra acontecia —, nenhum outro foi capaz de te proporcionar o mesmo que ele.
arrastou a pontinha dos dedos pela carne coberta, alcançando o pontinho de nervos e o circulou com suavidade, os olhos vidrados na sua expressão sofrida e deleitosa, a boquinha entreaberta permitindo que os suspiros sôfregos deslizassem dengosos pela sua língua. ele afastou o tecido branco para o lado, soltando um gemido deliciado ao ter o veludo avermelhado derretendo-se diretamente sobre os dígitos calejados, a entradinha negligenciada apertando-se ao redor de nada. “pipe…”, o chamou em súplica, fincando as unhas nos ombros largos sob o tecido da camiseta preta, ensandecida com o tesão que queimava sob sua pele.
felipe aproveitou a mão livre para segurar seu pescoço delicadamente, acariciando a extensão macia e buscando entalhar na memória, novamente, todos os detalhezinhos que ele já conhecia tão bem e que, depois daquela noite, não veria mais. os pares de olhos, amantes de uma vida passada, enlaçaram-se e pipe se dissolveu em emoções indesejadas, desnecessárias, que fizeram a boca trabalhar mais rápido que o cérebro: “você não tem ideia de como eu senti falta dessa carinha que você faz quando tá assim, toda desesperada, doidinha pelo meu pau”, confessou sentimental, mas se arrependeu logo em seguida. não queria, nem deveria, falar de sentimentos e do passado, tampouco sobre como você o destruiu quando foi embora sem explicação e como o destruiu, mais uma vez, quando reapareceu vestida daquele jeito, esfregando na cara dele a felicidade de estar se casando com outro homem.
então, empurrou aqueles pensamentos para o fundo da mente, de onde nunca deveriam ter saído, e deixou que os dedos fossem engolidos pelo buraquinho necessitado, junto com o ressentimento, torcendo para que seus fluídos lavassem o sentimento amargo do sistema dele.
lentamente, ele movimentou os dígitos largos para dentro e para fora, curvando-os para atingir o pontinho mais doce dentro de você, o polegar subindo para estimular o clitóris inchadinho. você revirou os olhos, e tinha certeza que os vizinhos já conseguiam ouvir seus lamentos exasperados, repetindo o nome de felipe como uma prece sofrida, pedindo por mais e mais, tão carente por toques mais expressivos que te libertassem da agonia insuportável que maltratava o baixo-ventre. o homem conhecia todos seus pontos mais fracos e sabia exatamente como usá-los para, com o mínimo contato possível, te quebrar inteira e te deixar assim, inconsistente, enlouquecida, implorando por ele em uma insanidade avassaladora, assustadora, desconhecida até mesmo para si. ele te desmontava e remontava a bel-prazer, transformando-lhe no que quisesse, como se você fosse a bonequinha favorita dele.
“você vai pensar em mim amanhã, na sua noite de núpcias”, prometeu ao pé do seu ouvido, deixando uma mordida suave na derme sensível da lateral do seu pescoço. “quando ele te tocar, quando te beijar… você só vai conseguir pensar em como ele nunca vai ser capaz de te dar metade do que eu te dou”.
pipe te deixou por um segundo para se desfazer da calça e da sua calcinha, ouvindo seu chorinho magoado, mas não demorou em arrastar as mãos para sua bunda, apertando a carne macia com força antes de te alçar e carregar seu corpo trêmulo até a estrutura de madeira presente no centro do cômodo. te foderia primeiro ali, sobre a mesa da cozinha que conhecia tão bem o íntimo de vocês, mas já planejava depois te levar para o quarto, para a cama que tantas vezes compartilharam, onde afundaria o rosto em sua buceta sensibilizada e faria questão de limpar cada gota do prazer que estavam prestes a compartilhar, do jeitinho despudorado que ele sabia você amava, apesar de fingir que não. naquela noite, ele queria muito mais que gravar sua pele: queria se gravar na sua alma, garantir que cada nervo do seu corpo lembrasse dele por toda a eternidade, para que você, assim como ele, fosse condenada a pensar todo santo dia pelo resto da sua vida no que abriu mão.
esfregou a cabecinha dolorida do pau nos lábios encharcados, embebedando-se com a sua essência, misturando-a a dele, e você gemeu audivelmente em resposta, ansiosa, arqueando-se para ficar o mais perto possível de pipe, numa vontade louca de fundir os dois corpos em um só. o argentino franziu o cenho, um misto de mágoa e tesão o atingindo como um soco na boca do estômago. não conseguia não devanear com uma circunstância diferente, em que o vestido branco embolado na cintura seria um de noiva de verdade e o anel brilhando no seu dedo seria uma aliança dourada com o nome dele gravado na parte interna.
você seria a mais bela das noivas, disso ele tinha certeza.
incapaz de conter o sentimentalismo, se viu entrelaçando os dedos aos seus, puxando-os de encontro a face e depositando um beijo delicado no diamante solitário, assim como faria se a ilusão fosse verdadeira, antes de empurrar o membro endurecido profundamente dentro de você, sentindo suas paredes o apertando numa pressão semelhante a que fazia o coração dele, estilhaçado, dentro do peito.
aquela era a terceira destruição que você causava na vida de pipe, entretanto, dessa vez, ele iria garantir que fosse a última.
quando o sol chegasse ao ponto mais alto do céu, você estaria caminhando pela igreja decorada para jurar amor eterno ao homem que era perfeito para o que havia planejado para a vida, mas naquele momento, com o véu noturno os escondendo, toda sua existência pertencia unicamente ao homem imperfeito, de quem seu coração jamais seria capaz de se recuperar.
si tú te casas, el día de tu boda
le digo a tu esposo con risas
que solo es prestada la mujer que ama
porque sigues siendo mía
Meu secreto universo é a história não contada de minha vida. As lembranças perdidas, as memórias esquecidas, os sonhos desprezados. Retornei ao mundo encantado onde minha criança interior seria o mestre daquela jornada, sabiamente conduziria melhor o leme que a minha atual versão. Ela interagia com as estrelas, acreditava em magia, dançava e sorria com seu vestido de margarida. Leve, gentil, fluída. Pura, essência, sintonia. Amor, compaixão, alegria. Em seu modo anciã, distinguia o abstrato do concreto e intuitivamente direcionava-se para o intangível. Tinha o conhecimento em seu íntimo que a realidade última é para além do véu. Quanto tempo tardei para absorver a verdade? Creio que os considerados loucos são aqueles que a buscam. E a encontram. Os sãos permanecem em sua zona de conforto assistindo hipnotizados aos programas na televisão, vivendo uma vida no automático, pura robotização. A vivência está lá fora, do outro lado da fronteira dos olhos e do toque da pele. A canção da alma só é confiada para quem entra em rendição. Essa doce criança sabia no auge de sua existência como lidar com toda essa farsa melhor do que eu. A rebeldia peculiar de um ser que, exaurido de lutas, cedia as rédeas em forma de desistência. A criança assumia amorosamente aquele barco, sorrindo como se esperasse a vida toda por aquela chance e, compreendi que somente os puros de coração adentrarão os reinos celestiais. Bingo. A chave precedia a cura dessa relação com o meu pequeno eu adormecido. Sonhei um sonho bom, daqueles repletos de unicórnios, fadas e seres elementais. Um caminho de cristais formava-se diante de mim e meus pés seguiram por conta. Há um mistério a desvendar para quem encontra a rota para casa. Eu procurei no externo todas as resoluções, estava no destino guiar-me para outra direção, essa foi a sua divina orientação.
Sábia criança que agiu somente em nome do amor, aqui está o meu clamor: ajude-me a confiar e deixe-me, mais uma vez, sonhar.
it's a story of love, of hatred, and of the dreams
that live in the shadow of the wind.
— CARLOS RUIZ ZAFÓN
STATS
𝐭𝐲𝐩𝐞: espada de uma mão
𝐥𝐞𝐧𝐠𝐭𝐡: 72cm
𝐦𝐚𝐭𝐞𝐫𝐢𝐚𝐥: ferro estígio
𝐚𝐜𝐜𝐞𝐧𝐭𝐬: a arma é deliberadamente simples para facilitar o manuseio
𝐡𝐢𝐝𝐝𝐞𝐧 𝐟𝐨𝐫𝐦: quando não está em uso, se converte em uma dracma preta, e reaparece na carteira de Santiago sempre que perdida
HEADCANONS
𝐈. A espada é sua arma preferida, e a que desembainha primeiro durante uma batalha. A ganhou de presente de uma das crias de Hades, após salvar sua pele em uma missão, e rapidamente se apegou à lâmina devido ao bom balanço e leveza quando a empunha.
𝐈𝐈. Foi supostamente um presente do próprio deus do submundo à sua prole gerações antes, e vem sendo passada para semideuses do Acampamento desde então–Santiago tem quase certeza que essa parte é história para boi dormir.
𝐈𝐈𝐈. A espada foi forjada há quase um século, durante tempos de batalha, em um contexto onde se fazia necessário que cada filho de Olimpiano se armasse até os dentes. Na base de seu cabo, o ano 1933 está gravado em alto relevo em numerais romanos, um fato estranho e que o mata de curiosidade. Santi tentou pesquisar a data em questão nos arquivos anos antes, mas descobriu um apagão na história documentada que começava ali e ia até 1948, e que veio a ser explicado por Circe como o período da guerra esquecida.
𝐈𝐕. Apesar de não haver documentação nenhuma sobre a lâmina em seus 91 anos de existência, há relatos de história oral contados nas fogueiras pelos campistas mais velhos, que os ouviram de seus veteranos. Dizem que a espada foi feita sob medida para um filho de Hades capaz de afinar o véu entre o plano em que estavam e o submundo, e que reapareceu no arsenal do Acampamento após o desaparecimento de seu primeiro dono.
𝐕. Até onde sabe, Santiago é o primeiro filho de outro deus que não o do submundo a empunhar a lâmina. O filho de Hades que o presenteou com a espada confessou ter se desfeito dela por ser uma sensação estranha sempre que a erguia em batalha, como se a arma fosse amaldiçoada, mas Santi nunca teve nenhuma experiência do tipo ao usá-la para fatiar monstros.
𝐕𝐈. Segundo Santiago, o design simplório da lâmina é intencional: por ter sido produzida em uma época em que os ferreiros estavam fazendo hora extra, deduz que a decisão foi tomada para evitar gastar tempo com ornamentações que não a tornariam mais eficaz em tirar vidas. Não há nada que confirme sua teoria mas, como bom leonino, esta é a história para justificar o destoar da espada quando comparada ao restante de suas armas espalhafatosas.
𝐕𝐈𝐈. Windshadow não era o nome original da espada, é claro–este foi perdido para a história como tudo mais a seu respeito. Santi escolheu o nome devido à sua própria herança divina, combinada com o fato de que o ferro estígio da qual a arma é feita é negro como a noite, e quase parece absorver a luz em certas ocasiões.
𝐕𝐈𝐈𝐈. Pelo que já aprendeu com a experiência, a espada não tem poder especial nenhum para além da lenda que a acompanha. Curiosamente, alguns dos monstros com os quais lutou ao longo das décadas a pareceram reconhecer, mas era sempre difícil encontrar tempo para fazer perguntas a respeito quando estava tentando sobreviver.
𝐈𝐗. Quando o assunto é a arma, tem um ciúme e possessividade fora do comum. Não gosta que ninguém a toque, e o sentimento parece piorar ainda mais quando a espada está em sua forma oculta de dracma.
𝐗. Filhos dos três grandes não são exatamente comuns, mas nem todo filho de Hades parece aceitar o fato de que a lâmina que é sua herança familiar tenha sido passada para o filho de um deus comum. As reações a respeito são variadas, e nem todas são boas.
LOUIS HOFMANN? não! é apenas VICTOR PETROVIK, ele é filho de ATENA do chalé 6 e tem vinte e oito anos. a tv hefesto informa no guia de programação que ele está no NÍVEL III por ter estado SETE ANOS no acampamento, sabia? e se lá estiver certo, victor é bastante cuidadoso mas também dizem que ele é exigente. mas você sabe como hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
ζ 𝐑𝐄𝐒𝐔𝐌𝐎 ╱ 𝐆𝐄𝐑𝐀𝐋: victor chegou ao acampamento pela primeira vez aos nove anos. sempre foi um perfeito exemplo de geniozinho aplicado, da criança de ouro e o que se espera dela: foco e ambição, disciplina e um bom apreço pelas regras. entre idas e vindas, cultivou certa imagem diplomática de quem é escolhido para aplacar o caos de uma situação problemática—de quem passa confiança e assertividade com um sorriso no rosto. ele cheira a old money, mas tem um quê de firmeza objetiva de quem cresceu como filho de um militar. até bem recentemente, exercia um papel decente equilibrando a vida de estudante e professor universitário, obcecado em um projeto arqueológico que investigava como alvo de publicação para um livro novo. isso é, equilibrava—antes dos sonhos começarem. ele não sabia o que esperar ao retornar ao acampamento, mas com certeza não era… o que quer que estivesse acontecendo ali.
receber as primeiras notícias através de um reality show foi de fato uma experiência.
victor é um dos interceptados. (muse h)
ζ stats ╱ básico.
nome completo: victor kohler petrovik.
gênero/pronomes: ele/dele, homem cis.
orientação sexual: pansexual.
nascimento: 22 de setembro.
ocupação: historiador e professor. estudante de arqueologia.
atividades —— é instrutor estratégico, membro da equipe vermelha do clube de esgrima e da azul de arco e flecha. também está no artesanato.
poder e habilidades —— seu poder é chamado de inteligência retrospectiva, onde victor basicamente é capaz de acessar os detalhes de qualquer memória com uma precisão acima da média: tudo o que aprendeu, ouviu e experienciou com atenção é armazenado no seu palácio mental para ser visitado quando bem entender. é diferente de um poder de memória absoluta (como a panmnesia, por exemplo), pois analisar e filtrar as informações é uma experiência consciente, como abrir portas e explorar o que se encontra ali dentro do palácio. o que você vê são só informações factuais ricas em detalhes. ainda existe o risco da memória empalidecer diante do véu atrelado a emoções—emoções fortes, principalmente—mas victor, no decorrer dos anos, aprendeu a filtrá-las bem o suficiente para varrer qualquer resquício de maculação. pelo menos, é claro, é o que ele acredita. suas habilidades são agilidade sobre-humana e previsão.
arma principal —— mercy, uma espada de bronze celestial. sua empunhadura é leve e o punho lembra relativamente o de uma rapieira, com padrões complexos de anéis dourados que se entrelaçam até a guarda-mão. a lâmina, delgada e feita para atravessar e infligir cortes limpos e precisos, se estende para além de três pequenas safiras profundamente entalhadas abaixo do cabo. apesar de banhada em prata, um sutil brilho dourado acompanha os dois sulcos que correm pelo fio até sua ponta, e as palavras Σὺν Ἀθηνᾷ καὶ χεῖρα κίνει estão cravadas abaixo da safira central.
embainhada, retorna ao seu estado de repouso como um anel simples de padrões espirais circundando três minúsculas safiras. ele o mantém no dedo anelar. provavelmente existe alguma piada a ser feita aqui sobre essa escolha e seu senso antiquado de dever, caso você se atreva a pensar sobre, só pra irritá-lo um pouquinho.
ζ APARÊNCIA: se você tem menos de um e oitenta e seis de altura, é bem provável que precise olhar para cima ao conversar com victor. essa é a primeira coisa que se repara ao chegar perto dele. de porte atlético e ombros largos, carrega uma postura confiante e polida, até mesmo relaxada, que lhe dá um quê de aristocrata saído de algum século passado.
cabelo loiro-claro, olhos verdes. ele se mantém sempre bem cuidado e bem vestido—desnecessariamente impecável, há quem diga (“tem a certeza de que não é filho de afrodite?”)—o que faz o contraste despenteado e ofegante de quando está treinando parecer a qualquer outro campista uma miragem meio excêntrica.
ζ PERSONALIDADE ╱ PRESENÇA: um perfeito e antiquado cavalheiro. victor tem todas as maneiras e educação de alguém que cresceu aprendendo etiqueta: é cortês, diplomático e de sorrisos fáceis quando a situação lhe exige, embora, de novo, essa superfície não interponha toda a assertividade diligente de quem foi criado sob o olhar crítico de um pai militar e conservador.
tem um dos erros fatais de todas as pessoas que se acham inteligentes demais: a arrogância; embora seja mais provável que caso veja ele insultando alguém, vá ser por trás de um daqueles elogios velados, ditos com um sorriso gentil, onde só se percebe a malícia escondida depois que a conversa já acabou. apesar disso, a confiança que ele exala não vem daí (embora você definitivamente vai achá-lo, e com razão, um mauricinho pretensioso se não for com a cara dele). sua presença em ambiente normalmente é imposta na sua tranquilidade, na habilidade de acalmar a outra pessoa, em ser aquele para quem no instinto você olha e busca por segurança e auxílio num momento de crise.
se algum dia vê-lo dizendo um palavrão, tome como dica de que a situação realmente tá feia.
‘ mbti: infj-a.
‘ alinhamento: lawful neutral good.
‘ temperamento: phlegmatic.
‘ traços positivos: compassivo, leal, sensível, centrado, cuidadoso.
‘ traços negativos: crítico, exigente, pretensioso, mesquinho (no sentido teimoso de petty, de não aceitar estar errado), obsessivo.
‘ traços neutros: franco, competitivo, idealista, ambicioso, assertivo, metódico, romântico.
ζ BIOGRAFIA.
Existe um certo senso de devoção que só quem procura por algo no qual acreditar e ter fé—fé de verdade, a fé passional, oriunda de algum propósito nobre e grandioso—talvez seja efetivamente capaz de entender. Chame de sede moral, de uma ambição que interpelaria os limites poéticos da gula e do orgulho se Victor algum dia tivesse se importado com entidades cristãs, mas ele não se lembra de um instante sequer já ter olhado para dentro e não reconhecer o sentimento espreitando de algum lugar, incrustado de qualquer que fosse o processo ontogenético que gerava um filho de Atena. Chame de vazio—talvez, sim, fosse esse o termo correto—um vazio infinitamente insatisfeito; uma sina herdada do pai fundida na bússola divina de Atena; uma eterna busca por mais: mais conhecimento, por um propósito, por algo que sempre parecia estar perto de enxergar e entender, mas quando supunha ter chegado lá, o sentimento não era o suficiente ou certo, ou lhe escapava como o resquício de um sonho, daqueles que a memória só se traduz no aperto no peito que você sente ao acordar.
No decorrer de sua vida, Victor encontrou muitas paixões onde pudesse cultivar sua dedicação e foco. Tempo não lhe faltava e tampouco o dinheiro: o pai jamais economizou na sua educação, e aquela ânsia que passou a sentir ao esperar a aprovação dele era facilmente recompensada ao descobrir que excedia em tudo aquilo que se propunha a aprender: línguas, literatura, matemática, piano e até mesmo aquelas lições de etiqueta ensinadas para quem nasceu com um sobrenome cujo poderio econômico se concentrava na herança de gerações. Marcel Petrovik era um ex-militar e um homem de poder rígido, bem reservado, cujo perfil se manifestava em cada uma das poucas palavras que usava para educar o filho. Falas ou gestos de afeto eram inexistentes. A presença do homem na propriedade Petrovik, em seus anos antes de engatar nos negócios e política, era somente isso: física. Só seria bem mais tarde que Victor entenderia que o comportamento do pai ia além de sua personalidade inflexível e conservadora. Não que isso não tenha ficado bem claro quando Marcel arranjou uma esposa. Mas essa aqui é história para outra hora, uma em que seria necessário tocar no nome de Atena e em como eles se conheceram.
Apesar de ter ganhado uma madrasta e logo em seguida uma irmã, Victor continuava a ser uma criança solitária. Embora, não, de maneira alguma isso o incomodasse. Na maior parte do tempo, pelo menos. Os livros e os estudos eram seu alimento, a prática e a sensação de dever cumprido ao receber um elogio de um professor e sentir um novo quartinho se abrindo pelos corredores do seu palácio mental, cheio de possibilidades e a capacidade infinita de saber mais, de talvez até mesmo criar algo do zero, davam cores àquela mansão nos seus dias mais vazios. Seu mundo eram suas memórias e o que armazenava nelas, com todo carinho e zelo. Foi no seu aniversário de oito anos que algo mudou, e Victor aprendeu que, bem na verdade, talvez de fato estivesse sozinho.
Veja bem: até os dias de hoje, ele é capaz de lembrar o que almoçou num fim de semana qualquer aos seus dez anos, caso você só o pergunte, mas nunca foi capaz de lembrar do rosto da mulher que viu naquele museu. Era para ser uma das primeiras viagens organizadas pela madrasta com Masha, sua nova irmãzinha, que já completava mais de um ano de idade, e bastou uma distração para que os dois terminassem sozinhos dentro de um acervo arqueológico de acesso restrito. Vinte minutos depois, o pai e a mulher disparavam sala de exposição adentro ao seguirem o som lamurioso do choro de Victor—completamente sozinho.
Duas coisas importantes aconteceram. A primeira, foi a reação completamente impassível, embora certamente irritada, do pai. Não haveria surpresa aqui, se o filho fosse a única coisa com a qual devesse se preocupar. A segunda foi um pouco monstruosa e o motivo do choque e terror de Victor: quando clamou pela irmã e contou que ela tinha sido levada por uma mulher descalça e encapuzada, Marcel e a madrasta disseram não saber de quem ele falava. Nenhum dos dois se lembrava de ter uma filha. Ninguém com quem ela já tivera contato, na verdade, se recordava da criança. Mais de uma década depois, Victor tampouco foi capaz de encontrar registros de nascimento, da internação de gravidez no hospital, fotografias… nada. Uma parte intrínseca dentro de si havia mudado naquele dia, como se com a irmã, seu senso de equilíbrio também tivesse sido roubado.
Foi aos nove anos que descobriu ser um semideus e que o episódio do museu talvez não fosse tão irracional assim. Apesar da prévia experiência sobrenatural, ele nunca tinha sido atacado por monstro algum (se não incluísse o insistente antagonismo das aranhas na sua vida), e a primeira vez decidiu exceder alguns limites da lei de Murphy. Uma mansão de políticos e ex-militares armados, coquetéis e vinho caro servidos despretensiosamente em um evento diplomático são um prato cheio para o desastre. Se Victor pudesse esquecer desse dia, ele não o faria, mas apagaria alguns detalhes embaraçosos, como os que resultaram em dois feridos no meio de um caos excêntrico que repercutiu como um mistério na mídia por semanas a fio, repleto de teorias da conspiração sobre assassinos do governo e desavenças entre rivais de espectros políticos opostos. Se alguém ali conseguisse ver através da névoa, certamente teria achado menos estranho a criança que disparava mansão afora pelos jardins, ao lado de duas pessoas e um homem com pernas de bode, do que qualquer que tenha sido o mal entendido que rolou entre os convidados.
A partir desse dia, Victor encontrou propósito dentro daquele mundo—o início de um, no mínimo; como se sua vida fosse subitamente dividida entre o antes e o depois. Não hesitaria em deixar a propriedade Petrovik para se render ao universo que se expandiu com a descoberta incontestável da existência de deuses e magia e todas as respostas e perguntas que vinham com ela. Foi assim que aquela criancinha curiosa se tornou um perfeito paladino do chalé seis após ser reclamado por Atena, o rapaz de ouro que transferia suas paixões e devoção para algo que, a partir do seu idealismo ingênuo nos primeiros anos no acampamento, foi se moldando em algo mais sólido, mais afiado.
Ele nunca descobriu o que aconteceu no museu. E ele nunca deixou de procurar. Essa fissura na sua memória e a incerteza de todos os eventos que vieram antes dela era o suficiente para colocá-lo numa espiral de insegurança. Victor aprendeu a temer o caos e o imprevisível, e se recusava a acreditar em respostas e conclusões ambíguas. Muito de quem é hoje nasce dessa sementinha severamente plantada naquela fissura. Certamente existe um antes e um depois, porém ele já não tem tanta certeza de que sequer pode acreditar na veracidade do que vem antes ao Acampamento, e isso o enlouquece. No fim do dia, quem sabe só não seja assim que a memória da maioria das outras pessoas funcione.
Entre idas e vindas no mundo mortal, onde cada vez mais o relacionamento com o pai se desgastava, Victor ingressou aos dezesseis anos em Stanford e mergulhou de cabeça no mundo acadêmico, onde com excelência concluiu o doutorado em História e iniciou os estudos em Arqueologia. Ele retornava ao Acampamento nos tempos mais sombrios e teve uma participação ativa na guerra contra Gaia, e assim que se deu início à Era de Paz, engatou de volta na vida estudantil com seu ingresso à Universidade de Nova Roma. Como historiador, Victor tem atuado tanto como estudante quanto, até bem recentemente, professor. No entanto, já fazem oito meses que qualquer confiança adquirida em sua experiência vem sendo insuficiente para conservar a vida que construiu nos últimos anos. Se não estivesse tão hiperfocado na sua pesquisa mais recente, poderia ter se dado conta dos sinais antes que atingissem seu estopim naquela maré de caos que atormentava o mundo e, nos últimos três meses, o santuário de seus sonhos e pesadelos. E agora, ele não sabia o que esperar, mas precisava de respostas, e só conseguia pensar em um lugar que poderia encontrá-las.
Aonde urge a terra, flores de carne
Abafando uma presença de miséria
Começa roubar-me com saliva
Depois para finalizar com os dedos
E todas as vezes era uma dádiva
Mesmo que não se atrevesse tanto
Haviam digitais ao redor dos seus olhos
Assim celebrando a marca além de anéis
Leve-o consigo, Virgílio
Leve-o como um satélite
Leve-o para sempre Dionísio
Leve-o como um circo
A turva imagem perverte lanças
Eu vi aqueles olhos borbulharem velas
Tal tato que arara luxúria e fugas
Para o vexame incendiado de viúvas
A leitura ainda organizada
Sem a construção da palavra
Galgando o caminho pelos lábios
Eu conheço todos os vieses do desdém
A batida se cessa, desperta-se com estranhos
O transe que ainda insiste em adormecer os dedos
Recomeça a vida, aprendido da última visita:
O pensamento é um imã difícil de deslegitimar
Explicita aquele nome feito mantra
Entoando-o de geração em geração
Desancorado do fio, agora corrompido
Já é a segunda vez que empilha essas vontades
Será que ouvem o meu lamento daqui?
Cada um desses véus derrete a transmissão
Um inferno é aqui e o que bem fazemos dele
Quando o vestimos apropriadamente para a ocasião
Signo: Escorpiana com ascendente em libra e lua em escorpião.
Alinhamento:
Altura: 1,73
Parente divino e número do chalé: Circe, chalé
Orientação sexual: Bissexual
Inspos: Charlotte Matthews (yellowjackets), Erin Greene (midnight mass) , Samantha Jones (sex and the city), Elaine Parks (the love witch), Jessica Jones (jessica jones).
CAMADA 2: CONHECENDO OS SEMIDEUSES
Idade que chegou ao Acampamento: vinte e três.
Quem te trouxe até aqui? Um grupo de semideuses que retornavam de missão antes da pandemia.
Seu parente divino te reclamou de imediato ou você ficou um pouco no chalé de Hermes sem saber a quem pertencia? Foi imediato já que vivi na ilha e tinha forte vínculo com mamãe.
Após descobrir sobre o Acampamento, ainda voltou para o mundo dos mortais ou ficou apenas entre os semideuses? Se você ficou no Acampamento, sente falta de sua vida anterior? E se a resposta for que saiu algumas vezes, como você agia entre os mortais? Apenas saí em missão uma vez e não foi uma boa experiência, já que vivi grande parte da minha vida distante de todos os espetáculos da vida mortal. Nada mais.
Se você pudesse possuir um item mágico do mundo mitológico, qual escolheria e por quê? Grimório de Hécate ou Grimório de Circe. Conhecimentos milenares das mais diversas magias.
Existe alguma profecia ou visão do futuro que o assombra ou guia suas escolhas? Ainda não. Sempre evitei ao máximo contato com o futuro, preservo os princípios da magia temporal sobre priorizar o presente, então deixei de me apegar na única profecia que recebi de Rachel: "O véu dos olhos despenca perante a floresta de pedra, o coração é sentido, as águas não são obstáculo, mas a sombra obscura sim."
OOC: Na verdade ela tem pavor de se lembrar dessa profecia e deu uma interpretação completamente equivocada às palavras do oráculo. A frase foi escrita em um papel e esse lembrete foi colado em seu espelho como recordação do horror que viveu em missão.
CAMADA 3: PODERES, HABILIDADES E ARMAS
Fale um pouco sobre seus poderes: Bom, isso precisa ficar entre nós, certo? Eu consigo acessar a memória de alguns objetos, ver algo que se vinculou ao material. Já soube de tantas fofocas desse acampamento só de segurar um colar de contas ou uma espada que você pagaria para ter acesso ao que sei.
Quais suas habilidades e como elas te ajudam no dia a dia: Velocidade sobre humana e previsão. É ótimo para uma pessoa desastrada, anda cai no chão. Sem falar que consigo esquivar mais rápido dos meus inimigos!
Você lembra qual foi o primeiro momento em que usou seus poderes? A primeira vez foi quando ainda estava no Resort. Toquei um dos livros da biblioteca, daqueles manuscritos que passam de mão em mão contando histórias que os mortais acreditam se tratar de lendas, e tive a visão de Aquiles sendo atingido em seu tornozelo. Aliás, que jeito babaca para se morrer, não acha?
Qual a parte negativa de seu poder: Além das memórias inúteis? Acredito que seja a manifestação visual. As pessoas conseguem ver meus olhos amarelos e isso acaba me denunciando, sem falar que as visões são relativamente curtas.
E qual a parte positiva: Informações diversas, interpretações visuais relevantes para a perspectiva. Consigo obter mais informações como se fosse um cão de caça, toco um objeto e descubro seu dono ou seu último transportador.
Você tem uma arma preferida? Se sim, qual? Agora? Meu mais novo punhal. Meu cetro é completamente inútil, ele só serve para ser batido na cabeça alheia e pra isso preciso estar perto demais. O punhal é fantástico, afiado e útil para situações ritualísticas.
Acredito que tenha uma arma pessoal, como a conseguiu? Um presente de um filho de Hefesto. Se é que posso chamar isso de presente. Esse cetro inútil volta para mim como se estivesse conectado com a minha mente, mas é completamente inútil sem uma esfera mágica!
Qual arma você não consegue dominar de jeito algum e qual sua maior dificuldade no manuseio desta? Espadas e lanças, sem sombra de dúvidas. É muito difícil lidar com armas desse tamanho, eu não tenho firmeza alguma no manuseio dessas armas.
CAMADA 4: MISS��ES
*Quem nunca esteve em missões, podem pular essa camada.
Qual foi a primeira que saiu? A primeira e única ocasião em que participei de missões foi uma jornada aterrorizante. Passei minha vida cerca pelo mar, seja na ilha de Circe ou em Tristan, nunca tive acesso ao que vocês todos estão acostumados, como excesso de carros, telas, pessoas, prédios. Fui selecionada para ser como um cão rastreador, estávamos em um grupo de três semideuses e essa foi a minha utilidade já que não sabia me defender corretamente. Localizamos o semideus, retornamos com ele, mas antes disso tivemos que lidar com um minotauro que quase me matou. Ainda sinto o calor da respiração dele batendo no meu rosto.
Qual a missão mais difícil? -
Qual a missão mais fácil? -
Em alguma você sentiu que não conseguiria escapar, mas por sorte o fez? Na mesma missão. Quando o minotauro entrou pelo depósito de móveis, ele passou a erguer tudo que estava no caminho para alcançar meu grupo. A filha de Ares foi veloz ao preparar a armadilha na rota do touro, o filho de Apolo conseguiu se esconder atrás de um grande armário, mas eu? Eu fiquei presa no meio da mobília. O minotauro virou em minha direção e correu como nunca, mas antes de me alcançar, uma estava de madeira que se soltou de uma cadeira, que estranhamente tinha uma ponta metálica, acertou no olho daquele bicho. Gerou incômodo naquela coisa, a filha de Ares chamou a atenção dele para outra direção e consegui me soltar daquele lugar.
Já teve que enfrentar a ira de algum deus? Se sim, teve consequências? Talvez eu tenha provocado o Sr. D algumas muitas vezes, assim como fui pega pelas Harpias durante meus passeios noturnos causando atritos desnecessários. Ele deveria ser mais maleável, é o mínimo. Toque de recolher dentro deste lugar é completamente desnecessário e existem rituais que só podem ser realizados debaixo do luar.
CAMADA 5: BENÇÃO OU MALDIÇÃO
*Quem não tem benção ou maldição, podem pular essa camada.
Você tem uma maldição ou benção? -
Qual deus te deu isso? -
No caso de maldições, se não foi um deus que te deu uma maldição, que situação ocorreu para você receber isso? -
Existe alguma forma de você se livrar de sua maldição? -
Essa benção te atrapalha de alguma forma? -
No caso de benção, que situação ocorreu para você ser presentado com isso? -
CAMADA 6: DEUSES
Qual divindade você acha mais legal, mais interessante? Todas as divindades femininas, óbvio. A minha mãe ocupa o primeiro lugar como uma fonte fantástica de conhecimento, abaixo dela Hécate e só então as demais. A força feminina é um elemento essencial na natureza mágica e sem elas nada existiria, principalmente os deuses medíocres que ocupam o Olimpo. Como os três principais polos de poder ficam nas mãos de um trio masculino?
Qual você desgosta mais? Zeus com seu ego, Dionísio com sua petulância e, sem dúvidas, Ares. Homens vão para a guerra pela falta de inteligência e excesso de ruído mental.
Se pudesse ser filhe de outro deus, qual seria? Hécate ou talvez Afrodite.
Já teve contato com algum deus? Se sim, qual? Como foi? Se não, quem você desejaria conhecer? Além do Sr.D, já vi minha mãe interagindo com Poseidon na ilha e posso dizer que achei ele um colírio para os olhos, apesar da forma lenta de falar. Mas adoraria conhecer Afrodite pessoalmente, ela deve ser deslumbrante.
Faz oferendas para algum deus? Tirando seu parente divino. Se sim, para qual? E por qual motivo? Oferenda para minha mãe é diária, mas a cada dois dias faço oferendas para as grandes mães gregas, exceto Ártemis.
CAMADA 7: MONSTROS
Qual monstro você acha mais difícil matar e por qual motivo? A Quimera, o Dracon, a Hidra... a lista é imensa. Não gosto do conflito, sempre vou preferir a parte mais tranquila da magia.
Qual o pior monstro que teve que enfrentar em sua vida? Entre minotauro e as sereias (que são bem diferentes daquelas que imaginam), acredito que as sereias são as mais complicadas. Sempre voando, sempre dando golpes certeiros... é assustador ser atingido por uma chuva de galinhas gigantes.
Dos monstros que você ainda não enfrentou, qual você acha que seria o mais difícil e que teria mais receio de lidar? Cila, sem sombra de dúvidas. Fico arrepiada só de falar o nome. Uma criatura que conhece bem seu território e usar ele para se favorecer, nada burra. Sem falar na demanda altíssima de elementos de ataque.
CAMADA 8: ESCOLHAS
Caçar monstros em trio (X ) OU Caçar monstros sozinho ( )
Capture a bandeira ( ) OU Corrida com Pégasos (X)
Ser respeitado pelos deuses (X) OU Viver em paz, mas no anonimato ( )
Hidra ( ) OU Dracaenae ( X)
CAMADA 9: LIDERANÇA E SACRIFÍCIOS
Estaria disposto a liderar uma missão suicida com duas outras pessoas, sabendo que nenhum dos três retornaria com vida mas que essa missão salvaria todos os outros semideuses do acampamento? Não sei. É uma pergunta muito relativa, envolve uma possibilidade irreal. Sou ótima em liderar, mas não sei se valeria o envolvimento.
Que sacrifícios faria pelo bem maior? Aceitaria ser feita de isca para atrair a atenção de algo, uma distração, ou até mesmo agir como espiã para auxiliar a nossa sobrevivência.
Como gostaria de ser lembrado? Uma bruxa excepcional ou uma deusa para os mortais.
CAMADA 10: ACAMPAMENTO
Local favorito do acampamento: Sem sombra de dúvidas é a praia e a floresta. Dois lugares que me lembram de casa e das possibilidades que poderia viver.
Local menos favorito: Arena de treinamento, tem um cheiro péssimo!
Lugar perfeito para encontros dentro do acampamento: Ahhh, encontros? Gosto da cachoeira. As energias ficam equilibradas, você pode se divertir por horas sem problema algum.
Atividade favorita para se fazer: Adoro passar meu tempo em contato com a natureza, praticando pequenos rituais, conhecendo o comportamento dos semideuses.
Todos nós devemos, em algum momento da existência, questionar nossa própria vida. Quem não o fizer será escravo de sua rotina, será controlado por ela e nunca enxergará nada além do véu do sistema. Você viverá para trabalhar, cumprirá obrigações profissionais, terá um papel social, mas acabará sucumbindo ao vazio. Ele viverá para sobreviver até que a morte chegue.
Augusto Cury, O Inesquecível Professor: Jesus, o maior formador de pensadores da história
Na lama da existência, o ser se arrasta,
Um espetáculo macabro, onde a vida contrasta.
Crueldade nua, sem máscara, sem véu,
Apenas o eco do riso de um deus cruel.
No abismo dos dias, a esperança é um lamento,
O vórtice da desilusão, o desencanto no vento.
O coração pulsante, uma ferida a sangrar,
A existência é um fardo difícil de suportar.
Nas entranhas do caos, o sentido se perde,
Cada passo é um gemido, cada gesto inutil.
Não há redenção, nem resgate ao final,
A vida é um escarro, um ato descomunal.
O céu, um vazio sem estrelas a brilhar,
Apenas sombras dançando num eterno azar.
A carne se desfaz, a alma se despedaça,
Num palco de desespero, onde a vida embaraça.
A verdade é o veneno que corrói a razão,
Não há clemência, nem piedade, na vastidão.
Somos restos de um sonho que nunca foi sonhado,
A vida, um pesadelo cruel, um destino traiçoeiro.
O ser maior, se é que existe, é indiferente,
Observa nossa agonia com olhos ausentes.
A vida é apenas um escarro, um arremesso,
No abismo da existência, somos meros lampejos.
Assim seguimos, na dança macabra do viver,
Cruéis, náufragos de um mar que nunca quisemos escolher.
Nada resta além do eco do riso divino,
A vida é um escarro, um destino mesquinho.
╰ * DAVIKA HOORNE? não! é apenas DOVE ROBBIE, ela é filha de APOLO do chalé 7 e tem 26 ANOS. a tv hefesto informa no guia de programação que ela está no NÍVEL 3 por estar no acampamento há 14 ANOS, sabia? e se lá estiver certo, DOVE é bastante INTELIGENTE mas também dizem que ela é FÚTIL. mas você sabe como hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
Favoritos: Sorvete de banana, nail art, joias douradas, grama recém cortada, pimenta (quanto mais forte, melhor)
Inspirações: Quinn Fabray (Glee), Barbie (Barbie), Rachel Green (Friends), Elle Woods (Legally Blonde)
╰ * BACKGROUND .
A mãe biológica de Dove não queria ser a pessoa responsável por cuidar de uma semideusa. Pelo menos, é o que Apolo disse a ela em seus sonhos. Era uma mulher fantástica, mas que tinha sido amaldiçoada com a habilidade de ver através do véu e, bem, ela odiava isso. Assustada demais com o que via, não conseguia se acostumar e a filha era apenas uma representação do que não era capaz de se livrar. Assim que nasceu, o bebê foi abandonado em um orfanato sem hesitação. A partir daquele momento, a mulher, que se tornaria tão misteriosa para Dove, não era nada além de uma grande incógnita em sua vida.
Demorou alguns meses para que fosse efetivamente adotada por um casal adorável. Tinham descoberto recentemente que não podiam ter filhos depois de tentarem por anos, então recorreram à adoção. O pastor Robbie e sua esposa eram membros respeitados de uma pequena cidade texana, sendo influentes nas decisões políticas tomadas. Havia certo temor naquela família, mas Dove cresceu em um lar cercado de amor e Deus. Eles amavam a garotinha deles mais que tudo, fornecendo o melhor de tudo que estavam em seu alcance e que respeitassem a religião que seguiam. Era uma família que, na cabeça da menininha, era perfeita. Os primeiros anos de vida de Dove passaram rapidamente e as memórias que permaneceram foram as melhores.
Tudo mudou quando Dove começou a ver coisas que não eram reais. Os pais achavam que ela estava tendo a fase de ter amigos imaginários, mas isso estava longe de ser verdade, principalmente quando foi atacada por um monstro. O lado bom é que, por sorte, tinha um semideus perto dela no momento, que estava em uma missão própria. Quando viu do que a menina se tratava, mandou uma mensagem de íris pedindo para que alguém viesse buscá-la naquele lugar. Foi levada para o Acampamento Meio-Sangue, o que quase fez com que os pais chamassem a polícia. Eles não compreendiam o que falavam, achando tudo aquilo um absurdo e que era uma tentativa de lavagem cerebral em Dove. Tentaram retirá-la a força, mas a semideusa queria permanecer e ver o que acontecia. Não era possível que estivesse imaginando todas as criaturas que tinha visto.
Foi quando os pais de Dove ficaram verdadeiramente furiosos com a menina, acusando-a de renegar Deus e que não haviam criado daquela forma. Abandonaram, durante aquele verão, a menina naquele "maldito Acampamento" (de acordo com eles). Foi um tempo extremamente triste para a garota, que passava as noites chorando no chalé de Hermes enquanto não tinha um pai ou mãe olimpiano, sentindo falta dos pais adotivos que tinham feito tanto por ela. Muitas vezes, ficou muito perto de desistir e voltar para a ignorância, mas foi advertida que aquilo significava que ficaria em perigo. Por medo, em seus 12 anos, permaneceu durante aquele verão, treinando sem saber o que aconteceria depois.
No retorno para o Texas, os pais, depois dos meses passados longe da filha, perceberam o erro que tinham cometido. Não conseguiriam viver sem ter Dove ao seu lado. Foi uma conversa difícil e barulhenta que tiveram. Os pais não abandonariam Deus e Dove não abandonaria o Acampamento Meio-Sangue. Pastor Robbie dizia que a comunidade perceberia a falta de fé da filha e a filha insistia dizendo que não podia viver uma mentira. Depois de algumas semanas de idas e vindas, estabeleceram um acordo que não falariam mais a respeito de qualquer coisa relacionado ao parentesco da filha e ela poderia viver sem sua fé em Deus. O ano se passou com Dove pensando se tinha tomado a decisão certa.
O segundo ano que retornou para o verão foi quando foi reclamada por Apolo. Novamente, estava afogada nas próprias lágrimas, mas, quando um campista que tinha se machucado entrou em contato com as lágrimas de Dove se curou quase automaticamente, houve a compreensão de quem a semideusa era. Assim, o símbolo de Apolo brilhou sobre a cabeça dela sem demora. Para Dove, foi um momento bem esperado, uma vez que tinha constantes dúvidas se deveria mesmo estar ali. Foi como se tivesse a certeza de que era tudo real e não sua mente pregando peças.
Permaneceu indo e voltando do Acampamento Meio-Sangue por mais 3 anos. Quando houve um ataque mais forte ao Acampamento, Dove percebeu que não poderia ficar voltando para casa mais, o que deixou os pais muito chateados. Mesmo que prometesse que voltaria a vê-los, perder a filha adolescente foi algo que definitivamente chateou os pais adotivos. Não tentavam compreender o que acontecia com ela ou sequer a natureza do que significava ter o sangue de Apolo correndo em suas veias. Manteve o máximo de contato que tinha com os pais, mas o relacionamento foi tornando-se cada vez mais distante a medida que Dove aprofundava os conhecimentos sobre os gregos. Nos dias atuais, a mulher tem um contato bem restrito com os pais, mesmo que ansiasse aproximar-se novamente.
Passou anos vivendo apenas no Acampamento Meio-Sangue até que, recentemente, percebeu que cuidar dos semideuses não era mais suficiente para ela. Aplicou-se para diversas faculdades e passou em várias, uma vez que ansiava cursar alguma coisa relacionada à saúde e que pudesse cuidar de vários humanos. Atualmente, faz parte do corpo de estudantes do Semel Institute for Neuroscience and Human Behavior, aprofundando-se no conhecimento de neurociência.
╰ * POWERS .
Lágrimas curativas. Dove tem o poder de produzir lágrimas especiais que possuem propriedades curativas extraordinárias. Quando chora, suas lágrimas douradas têm o poder de curar qualquer tipo de ferimento ou doença, não apenas em si mesma, mas também em outras pessoas. No entanto, a produção dessas lágrimas é extremamente emocional e exigente para Dove, já que ela precisa se conectar profundamente com suas próprias emoções e com a pessoa que deseja ajudar. Além disso, o uso excessivo desse poder pode esgotar suas próprias reservas emocionais, deixando-a vulnerável e emocionalmente frágil.
HABILIDADES: Velocidade sobre-humano e fator de cura acima do normal.
╰ * WEAPON .
Indo contra o que é esperado de uma filha de Apolo, Dove possui um chicote encantado que nomeou de Sun Snap. A arma é embebida de magia solar, então, entrando em contato com o inimigo, ela deixa queimaduras que são difíceis de serem curadas. A arma, de ouro imperial, repousa em seu pescoço como um colar dourado em formato de serpente.
“Tive meus altos e baixos, mas sempre encontro força interior para me levantar. Serviram-me limões, mas fiz limonada. Minha avó disse: ‘Nada real pode ser ameaçado.’ O amor verdadeiro trouxe a salvação de volta para mim. Com cada lágrima veio a redenção e meus torturadores se tornaram meu remédio. Então vamos nos curar. Eu e você.”
Dia 0
“Sonhei com isso por tanto tempo que sequer me lembro quando essa ideia surgiu dentro de mim.
Decorei e mantive em minha mente cada mínimo detalhe desse dia. Passei horas imaginando como seria, pesquisando sobre sem nem ao menos ter alguém em vista para conquistar esse sonho ao meu lado.
E mesmo assim, mesmo planejando tudo e repassando cada passo em minha mente desse dia perfeito, mesmo assim eu não esperava que fosse ser tão impecável quanto isso.
O céu está claro e sem nuvens. E por mais que o vento esteja presente, ele é quase imperceptível em minha pele, mesmo estando com os braços descobertos.
Só por esse clima em pleno novembro eu já poderia considerar esse dia como um milagre, como a prova de um amor que será eterno e que já é perfeito.
O véu balança suavemente ao meu redor. Consigo ter um vislumbre de meus convidados através do tecido claro que me cerca. Sei que tenho toda a minha família e amigos aqui presentes, e estou muito feliz por todos estarem finalmente reunidos. Mas não poderia olhar para mais ninguém agora além do meu futuro marido, que me aguarda no altar, com um sorriso que me diz que tudo vai ficar bem na nossa nova vida junto.
E eu acredito nele com uma confiança que não sabia que existia dentro de mim.
Seus olhos escuros brilham como nunca antes tive o privilégio de testemunhar. Sei que seguro o braço de meu pai com certa força, mas preciso ao menos sentir os nós de meus dedos tensos para provar a mim mesma que ainda estou viva, e que isso não é um sonho.
O que me acalma é saber que mesmo eu sendo uma pessoa sonhadora, jamais poderia fantasiar sobre tamanha perfeição.
É como se toda a minha vida se resumisse a esse momento.”
Dia 2.520
Eu esperei por algo. Algo grande, como nos filmes. Algo que me fizesse mudar, que fizesse tudo se encaixar de uma forma perfeita para deixarmos tudo para trás.
Até depois de tudo aquilo eu esperei, depois do desrespeito, depois de ouvir da boca da pessoa mais desprezível que já conheci todas as coisas horríveis que ele foi capaz de fazer, depois de ser chamada de escandalosa por conta de um comportamento que eu sei que foi imperdoável. Mesmo depois de tudo isso eu esperei por algo.
Mas esse algo nunca veio.
A vida real é cruel, e esse tipo de coisa não acontece. Às vezes o que parece realmente é, às vezes quem puxa o gatilho é a mesma pessoa que jurou te proteger. E esse tipo de traição é a pior de todas.
Fui forçada a parar de acreditar no meu conto de fadas pessoal quando o príncipe encantado fincou uma faca em meu peito.
Fui puxada para fora da minha vida perfeita e o tranco foi tão forte que não sei como sobrevivi.
Encaro meu dedo anelar e por mais que a aliança já não esteja mais aqui, a marca provavelmente vai perdurar por muito tempo, como um lembrete visual de tudo isso.
A sala é fria, e sinto seu olhar em mim, o que faz com que a sensação de sufoco fique ainda maior. Meu olhar se mantém baixo, esse é o último lugar onde desejo estar.
A porta de abre e o silêncio é cortado pelo mediador que se apresenta e logo se senta entre nós quatro.
Meu coração se acelera ao perceber o que está prestes a acontecer.
— Podemos dar início a audiência.
Dia 365
“Não pensei que pudesse melhorar depois de nos casarmos, mas eu nunca estive tão feliz em estar errada.
O ano passou voando, e todo o nosso tempo junto foi precioso. Por mais que Lewis não esteja sempre presente, quando estamos juntos, parece que todas as dificuldades do fuso horário e as noites sem dormir se tornam insignificantes.
Uma de suas mãos bloqueia a minha visão enquanto a outra me guia calmamente pela cintura. Sinto Lewis rindo atrás de mim, já eu me sinto mais inquieta do que nunca.
A movimentação de Londres ficou há quilômetros atrás. Lewis dirigiu, o que é incomum desde que sou eu quem é sempre a motorista.
Não tenho noção do que irei encontrar aqui, então aguardo ansiosa a revelação que espero há horas.
— Você sabe que eu odeio surpresas.
— Eu sei. Mas você vai gostar dessa. — Ele para de caminhar, mas continua com a mão em meus olhos.
— É nosso primeiro aniversário de casamento. Tinha que ser algo grande.
— Algo grande?! Lewis, eu te comprei um relógio.
— E eu amei meu novo Rolex. E esse presente não é exatamente só para você, é para nós dois.
Lewis tira sua mão de meus olhos, demoro alguns segundos para me acostumar com a claridade. A luz do sol ilumina um campo grande e rodeado de verde, o clima é gelado, mas a luz do sol faz tudo parecer quente e aconchegante.
No meio de duas grandes árvores há uma casa com a fachada pintada de branco. As janelas tomam conta da frente da casa assim como algumas flores plantadas ao redor da residência.
É uma casa linda, delicada e grande o suficiente para uma família morar, mas não tão grande a ponto de ser intimidadora. É o refúgio perfeito para uma vida inteira, cercada pelas pessoas que você ama.
Fico alguns segundos observando a fachada. Lewis sai do meu lado e vem até a minha frente. Seu sorriso é gigante e posso perceber por sua feição que ele espera que eu diga algo. Mas não saberia o que dizer quando eu nem ao menos sei para o que eu estou olhando agora.
— O que achou? — Sua expectativa implícita em sua fala.
— Lewis… -Não pode ser isso, ele não pode ter simplesmente comprado uma casa nova para nós. — O que é isso?
— Espera. Eu quero que você veja por dentro.
Sua mão se encaixa na minha e Lewis praticamente me arrasta até a parte de dentro. Meu êxtase é tamanho que mal consigo pensar direito agora. Isso é muito mais do que eu esperava.
A sala é espaçosa e as vigas de madeira tornam tudo mais acolhedor. Os móveis já estão dispostos e é como se tivessem tirado cada detalhe de um sonho meu.
— Tem uma piscina do lado de fora. — Ele abre a grande porta de vidro me revelando mais espaço ao ar livre. -Podemos colocar uma mesa grande aqui, para quando recebermos visitas.
Suas palavras saem rápido como uma criança empolgada com algo novo, seus olhos brilham como duas estrelas enquanto Lewis divide seu olhar de mim para toda a casa. Ele não demora a voltar com sua mão na minha e me levar para o segundo andar da residência.
O quarto principal adota um tom mais claro do que o resto da casa, que é coberta por madeira. A pintura branca das paredes deixa o cômodo ainda maior. Tudo parece limpo e novo.
— Você fez mesmo isso? — Minha voz sai quase em um sussurro e eu então percebo a vontade de chorar que me atinge. — Lewis, é perfeita.
— É nossa. — Ele diz. Sua voz sai baixa em comparação com minutos atrás, a euforia parece ter amenizado. — Eu pensei e planejei ela no último ano.
— Isso é. Eu não tenho palavras. É perfeito. Mas como faríamos isso? Quer dizer, com nosso trabalho e todo o resto.
Seria loucura mudar para o interior de Londres em um momento como esse, por mais que isso pareça um sonho.
— Eu posso ter antecipado um pouco as coisas. Mas nós podemos vir em alguns anos. Essa pode ser a casa em que nós vamos ficar velhinhos juntos e criar nossos filhos. É o lugar perfeito. Só teríamos que esperar um pouco, e enquanto isso podemos vir sempre que quisermos um tempo sozinhos. 45 minutos de Londres e sem vizinhos por alguns quarteirões soa bem não?!
Eu só consigo sorrir. A ideia de ter uma família ao seu lado e envelhecermos juntos ainda é algo que ainda consegue me deixar emocionada.
— Sim. Soa perfeito.
Ele sorri.
— Vem, quero te mostrar uma última coisa.
Mal consigo gravar os detalhes do quarto e já sou puxada novamente.
Lewis abre a porta do quarto ao lado do nosso, diferente dos outros, nesse quarto não há mobília alguma. Uma janela grande se dispõe no meio de uma das paredes iluminando cada canto do cômodo. Eu me mantenho parada na porta enquanto Lewis finalmente se acalma atrás de mim.
— Existem mais dois quartos como esse, que ainda estão vazios. -Sinto a empolgação dentro de mim assim que percebo onde Lewis irá chegar. -Nós vamos montá-los juntos, no momento certo. Para nossos filhos. Vamos encher essa casa de felicidade, S/n.
Me viro para ele e sinto algumas lágrimas escapando de meus olhos. Eu não poderia estar mais feliz por essa surpresa.
Colo nossos lábios em um beijo que demora a ser separado, só para eu poder falar antes de voltar a ele.
— É tudo o que eu mais quero.”
— Não há filhos em comum do casal, e o divórcio parece ser de concordância de ambos. Se não houver algum impasse com o último acordo proposto, acredito que não haja a necessidade de estender esta audição.
“Divórcio. Concordância. Ambas as partes.” Parece tão ruim quanto soa. Como poderia existir uma concordância sobre algo tão doído e profundo quanto isso? Não é isso o que acontece, não estou aqui porque quero, estou aqui porque preciso estar aqui, estou aqui porque devo isso a mim e a parte que morreu dentro de mim. Devo isso como justiça a menina que acreditou tanto em conto de fadas. Então não, não há concordância alguma com essa situação.
Olho para meu advogado e faço menção de falar com ele, mas isso não se torna necessário. Seu pigarreio chama a atenção de todas as poucas pessoas da sala.
O acordo proposto no documento que deixei com Lewis naquela manhã foi negado, assim como os outros dois feitos por meu advogado. Parece que surgiu algum tipo de impasse entre o que Lewis desejava e o que seus representantes buscavam.
Então esperei pela contraproposta, e quando chegou tentei me conformar com ela. Havia muito mais para mim do que eu pedi nos acordos anteriores, e muito menos do que poderia receber se tivesse o mínimo de interesse em uma luta judicial. O acordo perfeito entre um homem arrependido que acha que dinheiro compra carma e os advogados que protegem seu império.
Mas no geral, não estava tão ruim, exceto por um detalhe.
— Há uma discordância de minha representada no que se refere ao acordo proposto pelo senhor Hamilton.
Eles nos olham com curiosidade. Lewis levanta seu olhar cheio de dúvida, que vem de encontro ao meu.
— E qual seria? — O mediador se acomoda em sua cadeira, se inclinando para nós.
Poderia vomitar se ao menos tivesse ingerido algo. Eu gostaria de aceitar qualquer coisa proposta e ir logo embora. Mas não quero sair disso com nada além do que já me pertence, e com certeza não tenho interesse algum em algo que me manteria de certa maneira amarrada a Lewis.
Eu sei que isso é mais uma coisa que eu não deveria fazer. Especialmente se a hipótese em minha mente se mostrar verdadeira. Mas eu não me importo mais, eu tenho todo o direito de usar a carcaça da pessoa ruim pelo menos uma vez.
Eu tenho o direito de fugir dele.
— Minha representada não tem mais interesse nas ações referentes as empresas do Senhor Hamilton. Assim como a residência em Londres. Gostaríamos de apresentar uma contraproposta, onde as ações seriam transferidas de volta, e a casa passaria inteiramente para o nome dele, caso haja concordância, é claro.
Assisto meu advogado passar novos papéis ao mediador, que analisa cada um deles com cuidado.
Quero poder sumir de sua vida em todos os sentidos, não vou me curar se não me afastar dele, continuar com as ações em meu nome me colocaria em momentos como esse. Presa em uma mesa de reunião com ele ao meu lado. E a casa só me faria lembrar de tudo o que nunca foi. Não quero sequer passar na frente dela, mesmo sendo uma residência nova, ela está infestada de fantasmas para mim.
— O que?! — Lewis tira a atenção de todos, até mesmo do mediador, que ainda analisa os papéis dispostos em sua frente. — Do que você está falando? Essas ações são suas por direito, S/N. Nós conquistamos isso juntos. — Ouvir sua voz pessoalmente depois de tantas semanas me faz querer chorar.
— Senhor Hamilton, por favor. Apenas seu advogado tem o direito da palavra nesse momento, tudo bem? — A voz do mediador se torna um pouco mais alta, a fim de chamar a atenção de Lewis.
Há muita descrença em seu olhar, já o meu transborda mágoa.
Se fossem apenas empresas e números as únicas coisas que conquistamos juntos, tudo isso seria infinitamente mais fácil.
— Não faz isso. Elas são suas também, você sabe disso.
Lewis ignora completamente o mediador e continua falando diretamente para mim. Seu olhar revela súplica, como se ele estivesse buscando a redenção e a única maneira de alcançá-la fosse garantir que eu fique com milhões em ações.
É tentador. Mas estamos falando de uma mulher com o ego ferido e o orgulho enorme. Então obrigado, mas não.
— Senhor Hamilton, por favor.
O mediador parece um pouco nervoso. Já seu advogado se torna inquieto e se inclina para falar com Lewis.
— Se ela está abrindo mão de livre e espontânea vontade, você deve considerar. Não estamos falando sobre pouca coisa, Lewis. — A voz de seu advogado é baixa, porém dentro dessa sala minúscula e com todas as outras pessoas em silêncio, seria impossível não escutar sua fala.
Lewis ainda me olha, e eu ainda olho para ele. Não abri minha boca para respondê-lo, nem pretendo. Tudo o que eu quero é poder sair logo daqui com o que quero, ou melhor, o que não quero.
— Eu não ligo para isso. — Lewis responde seu advogado, mas ainda olhando para mim. Conseguiria até mesmo dizer que há um pouco de raiva em sua feição, se ao menos ainda conhecesse essa pessoa na minha frente.
Dia 1.397
“Acordar com cheiro de café em casa é uma das minhas coisas preferidas, porque eu sei que quando isso acontece é porque ele está em casa. E não poderia ser diferente, ele me prometeu que estaria.
Meus braços passam ao seu redor assim que o encontro na cozinha. Seu torso nu é quente e faz eu me sentir em casa como nada nunca chegou perto de conseguir.
Suas mãos me entregam uma xícara de café e nossos lábios se colam em um beijo cheio da saudade que parece nunca ir embora, por mais juntos que estejamos.
— Como é possível alguém que odeia café conseguir fazer o melhor café que já tomei na vida?!
Lewis ri antes de colocar suas mãos em minha cintura.
— Você diz isso porque é apaixonada por mim e gosta de tudo o que eu faço. Literalmente todas as pessoas que tomaram meu café não gostaram.
— Isso é porque eles não sabem apreciar o café mais forte que já entrou no organismo deles. — As risadas ecoam pelo apartamento. — Mas sério amor, por mais que eu ame, você tem que pegar leve com a quantidade de pó, eu poderia ficar acordada por dias se tomasse mais de uma xícara pela manhã.
Suas mãos apertam minha cintura o suficiente para me fazer suspirar. Pouso minha xícara com o líquido quente na bancada e logo volto minhas mãos até suas costas desnudas.
Vejo o sorriso se dissipando de seu rosto e sua feição sendo tomada por um ar de seriedade.
— O que foi?
— Nada. Eu só estava pensando.
— Quer dividir isso?
— Eu não tenho certeza se você vai gostar muito da ideia. —Um sorriso tímido volta em seus lábios e minha curiosidade aflora. — Eu sei que o plano não era esse. — Seus olhos já não estão mais em contato com os meus. — Mas eu não consigo parar de pensar nisso.
— Vamos. Me conta.
— Bom. — Ele parece ansioso, talvez realmente preocupado com a minha reação. — Eu acho que, talvez. Se você quiser. Nós poderíamos começar a tentar aumentar a família.
Meu sorriso despenca.
Não porque não quero isso, mas porque quero tanto isso que só a ideia de Lewis também desejar isso antes mesmo do que estava combinado entre a gente faz meu estômago se revirar de felicidade.
Não sei se por conta do café forte de Lewis ou a minha empolgação, mas de repente tomo ciência dos meus batimentos cardíacos acelerados.
— Quer dizer. Se você ainda quiser esperar nós podemos. Sei que tem o seu trabalho e….
— Não! —Interrompo seu raciocínio. — Eu só não estava esperando por isso. — Tenho que pensar nas palavras antes de conseguir emiti-las. — Lewis. Você está falando sério?
Puxo seu rosto de volta ao meu e o obrigo a olhar para mim. Estamos tão próximos um do outro que Lewis deve conseguir sentir meus próprios batimentos em seu peito.
— Eu estou pensando nisso já tem um tempo. Eu sei que combinamos de esperar até depois da fórmula 1, para irmos morar em Londres e formar nossa família. Mas eu não acho que vou me aposentar tão cedo, e quero uma família agora com você. E eu sei que vai ser loucura ter um filho no meio de todas as viagens e caos da nossa vida, mas… — Seu sorriso aumenta ainda mais. — Será nosso filho, né?! Se existe alguém que conseguiria lidar com tudo isso, essa pessoa é ele. Ou ela.
Minha comoção é tanta que mal consigo pensar em algo a dizer.
Sei que meus olhos transbordam de felicidade e emoção, e vejo os de Lewis da mesma forma.
Puxo ele para mais perto de mim, me colo nele sem vontade alguma de o deixar ir para qualquer lugar.
— Você sabe como eu quero isso. — O puxo para um beijo que acaba sendo desordenado por nossa agitação.
— Isso é um sim? — Lewis nos separa por um segundo para falar.
— É claro que sim!”
— Vamos dar uma pausa para que o advogado do senhor Hamilton possa analisar a contraproposta e para acalmar um pouco os ânimos.
Assisto ambos se levantarem. Lewis sai da sala quase que correndo, enquanto seu advogado o acompanha com os novos papéis em mãos. Eu me sinto anestesiada, preciso bater meus pés no chão algumas vezes para ter certeza de que não vou cair no momento em que me colocar de pé.
— S/n. Você está positiva sobre a contraproposta? — Adam, meu advogado vira sua cadeira em minha direção. Sua voz é baixa mesmo sem a necessidade. Já que não há mais ninguém na sala. — Sei que tem os seus motivos, mas estamos falando de mais de cinquenta milhões. Que podem se tornar muito mais com o passar dos anos. Entregar isso dessa forma para ele pode ser um erro. Você poderia ao menos vendê-las.
— Não. Eu não quero mais nada dele, Adam. — Sua cara entrega o que ele não diz. O que me faz sentir a necessidade de me justificar. — Não estou dizendo isso só por estar machucada, estou dizendo isso porque realmente quero sair disso, não quero mais ter que lidar com nada relacionado ao Lewis. E eu sei que pode parecer loucura, mas cada centavo gasto vindo dessas ações só me faria sentir ainda pior. Então sim, eu estou positiva sobre a minha decisão.
— Tudo bem. Eu entendo. — Seu olhar de compaixão me mata. Desvio de sua feição para não ter que lidar com essa pena estampada. — Acho que vão concordar, não teria motivo para postergar isso ainda mais.
— Eu espero que sim. — Não espero por uma resposta, deixo Adam em seu lugar e saio da sala em busca de ar fresco.
Dia 1.716
“Prometi que não me desapontaria dessa vez. Pensei que fosse ser mais fácil não ver o que eu gostaria pela sétima vez consecutiva. Mas não. A cada mês isso só faz doer mais.
Encaro o pequeno objeto de plástico em minha mão enquanto sinto o nó em minha garganta.
Uma maldita listra vermelha.
Uma. Só uma.
Sinto o braço de Lewis ao meu redor e seu rosto descansar em meu ombro.
Começamos a tentar alguns meses atrás. Sabíamos que se esperássemos pelo momento perfeito ele nunca chegaria. Viajamos o tempo inteiro e a fórmula 1 toma conta de boa parte da vida de Lewis. Além de ser um esporte perigoso.
Mas o desejo por nossos filhos se mostrou tão grande que qualquer potencial problema parece microscópio em comparação. Temos um relacionamento sério e estabilidade, além de disposição e amor de sobra, o que poderia faltar?!
Então parei com as pílulas e esperei que acontecesse. Mas não aconteceu. Nem no primeiro mês, nem no segundo, começou a me incomodar no terceiro. Mas não imaginava que fosse chegar a sétima tentativa sem êxito.
Eu tento me conter e fingir para mim mesma que tudo está bem. Somos novos, temos muito tempo para conseguir isso. Mas a frustação está estampada em meu rosto.
— Nós podemos continuar tentando. — Sua voz sai abafada por conta de seu rosto descansando em mim. — É a melhor parte de qualquer forma. — Ele brinca.
Uma risada baixa sai de meus lábios.
— Sim. Talvez na próxima vez, né?!
Tiro o teste de meu campo de visão e passo a encarar Lewis. Que ajeita sua postura para me olhar de volta. Ele assente enquanto me olha com atenção.
Talvez ele esteja esperando por algum tipo de desabafo, ou até um choro contido. Mas não há. Não porque eu não esteja me sentindo triste, e sim porque não faria sentido agora. Principalmente quando ele está a poucos minutos de sair de casa para mais um de seus inúmeros finais de semana de trabalho. Sua esposa chorosa não seria a melhor coisa a deixar em sua mente antes de toda a concentração necessária para um grande prêmio.
— Podemos nos consultar com algum especialista se você quiser.
Ele se levanta e vai até sua mala de viagem.
— Não. Não acho que seja necessário agora. — Meu rosto diz o contrário. A dúvida do porquê uma gravidez não aconteceu ainda é o que vem ocupando minha mente há meses. — Podemos esperar por mais algum tempo.
Ele suspira.
— Tudo bem. — Suas mãos descansam na alça de sua mala. — Eu tenho que ir. Você vai ficar bem?
— Se eu disser que não, você fica aqui comigo? — Seus olhos são tomados por compaixão, o que faz com que eu imediatamente me arrependa do que acabei de dizer. Eu realmente gostaria que ele abrisse mão do trabalho às vezes, mas nunca pediria algo assim a ele. Por não querer ser inconveniente, e por já saber qual seria a resposta. — Eu to brincando. Vai, vai lá salvar o mundo, quarenta e quatro.
— Você é o meu mundo. — Lewis caminha até mim e deposita um beijo em minha testa. Sua resposta me faz sorrir. — Te vejo na segunda.
— Até lá.”
Desço as dezenas de escadas dispostas na frente do tribunal. Me sento em um dos degraus antes de chegar ao final deles.
As ruas estão movimentadas. Não poderia ser diferente em uma manhã de terça-feira. Tento focar na vida das pessoas que passam rapidamente pelo local, a fim de me distrair do nó em minha garganta.
Existem tantas coisas em minha mente que sequer consigo me concentrar em uma delas. É como se um zumbido estivesse tomando conta de mim sem deixar espaço para mais nada.
Nem minhas expectativas para uma nova vida, nem o objeto guardado em minha bolsa, nem a hipótese que deveria estar me consumindo, nem meu casamento se dissipando enquanto eu assisto tudo, nem a minha exaustão. Nada disso é capaz de fazer eu sentir algo.
Percebo sua presença ao meu lado por conta da minha visão periférica. Ele se senta, deixando quase nenhum espaço entre nós, mas sem me tocar. Não me movo para olhá-lo, nem para sair de perto de sua figura. Continuo focada nas pessoas que caminham em nossa frente, desejando nesse momento ter a vida da senhora passeando tranquilamente com seu cachorrinho de estimação pelas ruas de Mônaco.
— Como nós chegamos a isso?
De todas as coisas que eu esperava escutar de Lewis depois de semanas sem conversar. Essa seria a última das minhas suposições.
Eu não penso muito antes de respondê-lo.
— Eu não sei. — Sinto seu olhar em mim, mas ainda não me viro para ele. — Não acho que tenha sido em um momento específico. Quem dera pudéssemos atribuir isso a uma coisa exata, isso facilitaria as coisas.
Consigo escutar sua respiração ao meu lado, ele parece abalado, está inquieto em seu lugar.
— S/n, se eu pudesse voltar atrás e desfazer o que eu fiz…
— Não mudaria nada. — Eu interrompo seu discurso. Não aguentaria escutar lamúrias de Lewis, principalmente em um momento como esse, onde estou tão abstrata de meu próprio ser que sequer tenho ciência de minhas emoções. — Nosso casamento acabou antes de você me trair. Acabou muito antes disso, muito antes de eu perder nosso filho. Aconteceu, eu não acho uma boa ideia ficar se martirizando pensando no que poderia ser. Porque não foi. Simples assim. Nós estamos aqui hoje.
Ele me encara, sei que olha em meus olhos, e pela posição de seu corpo inclinado ao meu, posso deduzir que ele anseia por minha reciprocidade. Mas não quero e não consigo olhar para ele agora. Por mais que todos os meus instintos apurados durante esses anos estejam me implorando para ir de encontro a ele.
— E se continuássemos tentando? — Nem ele acredita em suas próprias palavras. A frase sai como um último suspiro.
— Nós tentamos por muito tempo. Mas desistimos em algum momento. Fomos abrindo mão de coisas pequenas até que elas se transformaram em coisas gigantes.
Esse é o fim. Eu sei disso. Tenho isso em minha mente a bastante tempo, e estou certa dessa decisão. Mas isso deveria doer menos. Eu deveria ao menos ter a capacidade de respirar, ou de encarar meu — ainda — marido.
Não sinto minhas palavras vindo. Apenas sinto a necessidade de dizê-las, talvez por precisar de uma conclusão. Ou porque me acostumei a dividir tudo com ele, e isso ainda é algo que precisa ir embora.
— Eu não me sinto feliz em estar aqui hoje. Talvez eu devesse ter lutado mais, e você também. Mas apesar disso eu sei que essa é a decisão certa. E por mais que você não admita eu sei que você concorda comigo. Não faz sentido em pensar no que poderia ter sido feito, quando no final das contas nós estamos aqui hoje. E nada vai mudar isso.
Finalmente tomo coragem e levo meu olhar a ele. Ele parece um completo estranho, uma pessoa totalmente diferente do que foi.
Seu olhar, que sempre foi a coisa que mais amei nele, agora não tem mais o mesmo efeito sob mim. Tudo em Lewis parece trocado. E mesmo perto dele, não o sinto aqui.
Quem está do meu lado já se tornou um estranho. Sou tomada pelo luto por uma pessoa que está viva e em minha frente, mas que não é nem perto de ser quem costumava.
Fico alguns segundos olhando para ele antes de voltar a falar.
— Esse é o único arrependimento que eu tenho. Essa mania de se enganar, o comodismo que deixamos tomar conta do nosso casamento. Porque se a gente tivesse percebido antes, se não tivéssemos deixado chegar no ponto que chegou, onde nós dois saímos machucados, então eu me lembraria de todos esses anos com uma felicidade enorme. Mas não é isso que acontece. Eu não consigo nem olhar para você de tanto que me dói. — Assisto as lágrimas invadirem seus olhos bem diante dos meus. Sinto raiva e pesar no mesmo nível. — E é essa a parte que me mata. Saber que os melhores anos da minha vida, serão os anos mais dolorosos de se lembrar. — Só quando paro para respirar é que percebo que também choro. Deixo as lágrimas descerem livre por meu rosto enquanto continuo o raciocínio. — Eu não sei se essa sensação vai mudar. Se com o tempo isso vai melhorar, só o que eu sei é o que eu estou sentindo hoje, e o que estou vivendo hoje. E eu decidi que a partir de agora, é isso nisso que eu vou focar. No agora.
Ele não diz nada por algum tempo.
Ficamos nos encarando sem pretensão de absolutamente nada. Não há nada a ser dito que faria alguma diferença.
— Eu sinto muito. — Mal reconheço sua voz, assim como todo o resto de seu ser.
— Eu sei. Eu também.
Dia 2.125
“O som de notificação do meu celular tira meu foco do programa de TV. Pego o aparelho que descansa no acolchoado do sofá e checo a notificação. Assim que leio a mensagem da notificação, meu tédio é tomado por mais uma onda de esperança, como vem acontecendo todos os meses há mais de um ano.
A notificação chegou e Lewis está em casa hoje, coisas que quase nunca acontecem ao mesmo tempo. Talvez isso seja um sinal de que esse mês finalmente seja o mês que vai dar certo.
Tudo é visto como um sinal para uma mulher desesperada.
Pulo do sofá e vou em direção ao nosso quarto.
Lewis está deitado, seu foco está na grande televisão, que passa o mesmo programa que eu estava assistindo na sala. A percepção me deixa confusa, e até um pouco triste. Porque ele preferiria ficar longe de mim do que fazer exatamente a mesma coisa que ele está fazendo aqui, ao meu lado?!
Engulo meu ego ferido e ignoro a sensação ruim que essa compreensão me deixou. Afinal o que precisamos fazer é muito maior do que uma birra minha.
Subo na cama e vou em direção a ele. Lewis não se da ao trabalho de se mover.
Monto em seu colo sem dificuldade alguma. Meus beijos começam em seus lábios e são retribuídos instintivamente por ele, mas suas mãos continuam inertes. Rebolo em seu colo afim de instigar algo. Nada.
Desço meus beijos em direção ao seu abdômen, e é só nesse momento que Lewis toma alguma atitude. Não a que eu queria, óbvio que não.
— S/n. Amor. Hoje não, tá?
Suas mãos vêm de encontro a mim, não para aproveitar mais do meu toque, mas para me impedir de continuar. O que me deixa irritada, mas não me impede de continuar. Volto para seu pescoço e distribuo beijos em sua pele, sem interesse em desistir do que preciso.
— Vamos. Vai ser rápido.
Desço minhas mãos até o elástico de sua calça de moletom enquanto ainda distribuo beijos, mas meus movimentos são interrompidos por ele.
— S/n, para! Eu disse não. — Sua voz é alta, o que faz com que eu pare imediatamente.
Ele se afasta de mim abruptamente. Lewis se levanta sem ter cuidado algum com a forma em que me deixa na cama.
Me sinto envergonhada como nunca, a raiva vem na mesma dimensão.
— Qual o seu problema?
— Eu to cansado dessa merda. Você acha o quê? Que eu sou a porra de um robô que você pode apertar um botão e ter o que você quiser? Isso é ridículo.
— Eu pensei que você quisesse isso também.
A respiração de Lewis é audível, ele está inquieto enquanto me encara.
— E eu quero, mas não dessa forma. Quando foi a última vez que transamos porque estávamos com tesão e não porque temos a obrigação de foder toda vez que seu celular avisa sobre seu período fértil, S/n?
— Eu não sei Lewis. Estou tentando conseguir o que nós dois queremos aqui.
— Sim, está tentando isso se tornando a pessoa mais fria do mundo. Qual o próximo passo? Quer que eu goze em um potinho e te entregue?
— É uma boa ideia. Facilitaria muito as coisas.
O deboche sai de mim com muita facilidade. Sinto a raiva subindo em meu corpo. E a ansiedade também.
— Pelo amor de Deus! — Ele entra no banheiro, mas deixa a porta aberta. Escuto a água corrente da torneira por alguns segundos antes de voltar a falar.
— Que merda você quer, Lewis?! — Minha voz sai em um grito.
Ele vem em passos rápidos de volta para minha frente.
— Minha esposa! — Ele também grita. — É isso o que eu quero, S/n. Será que tem como trazer ela de volta?! Ou essa obsessão já conseguiu levá-la embora também??
Minha frustração é tanta que sinto minha garganta queimar com as lágrimas que desejam cair. Nós nunca gritamos um com o outro, nunca brigamos como estamos brigando. Tudo parece um caos horrível e sem sentido.
— Eu tive um final de semana péssimo. E você sequer me perguntou como as coisas estão. Eu te pedi para vir comigo para o grande prêmio e você escolheu ficar aqui, provavelmente para se consultar com mais algum médico para ele te dizer exatamente o que todos os outros já disseram, isso se sobrou algum outo médico em Mônaco que você ainda não se consultou. Você está tão cega com essa ideia que esqueceu de continuar vivendo sua vida.
Uma risada sem humor sai de meus lábios.
— Oh coitadinho. Você teve um final de semana péssimo? Eu tive um ano péssimo, Lewis! E não estou chorando porque não vieram me consolar ou coisa assim. Eu estou tentando fazer o que devo, o que nós dois queremos. Você não tem o direito de me julgar por isso. — Saio da cama e ando em direção a porta. Frustrada e tomada pela culpa. Hoje poderia ter sido o dia, mas não foi. Não foi porque ele não quis. — Vê se cresce, Lewis. E se você quer alguém que passe a mão na sua cabeça, vai atrás de outra pessoa, porque não vai ser eu.
É a última coisa que digo antes de bater à porta atrás de mim.”
— Eu acho que devemos entrar.
Sua voz corta o silêncio entre nós, que dura há algum tempo. Paramos de conversar minutos atrás, mas não sentimos a necessidade de sair de perto um do outro.
Acho que ambos sabemos que esta é a última vez que ficamos juntos dessa forma. Não existe culpa por querermos estender esse momento, por mais triste que ele seja.
Concordo com a cabeça enquanto volto a encará-lo.
Sei que esta era a oportunidade de finalmente dizer a ele o que acredito estar acontecendo, mas simplesmente não consigo. Foi difícil demais chegar até este momento, e contar a ele minhas suspeitas só o magoaria e adiaria ainda mais o inevitável. Não preciso submetê-lo a isso, pois se estiver realmente certa, sei que essa questão não será algo que me acompanhará por muito tempo. E se posso poupá-lo de mais essa dor, é isso que farei.
— Vou assinar os papéis. Se é isso o que você realmente quer.
— Não. Isso com certeza não é o que eu quero, Lewis. — Me levanto junto com ele. — Mas é o que nós temos que fazer se ainda resta qualquer respeito pelo que nós dois vivemos juntos.
Entramos juntos e em pequenos passos no grande tribunal. Caminhamos lado a lado sem pressa alguma até a sala fria que nos aguarda, sem dizer uma palavra. Sem a necessidade de mais lamentos. Certos do que vai acontecer, incertos sobre o futuro que não imaginávamos sem o outro.
Volto ao meu lugar, meu coração dispara quando todos se acomodam.
— Meu representado concorda com a contraproposta. — Seu advogado corta o silêncio.
— Isso é bom. Agora que ambos concordam, podem enfim assinar os documentos, por favor. — O mediador parece até mesmo aliviado.
O nó na minha garganta me sufoca, quero fugir daqui, quero chorar como um bebê agora. Isso dói como um inferno. Não pensei que fosse ter uma crise nesse momento, não quando está tudo tão perto de acabar.
Tento me conter, tento manter minha respiração controlada e não demonstrar o quão perto estou de explodir em choro e berros. Acho que me saio bem nisso, já que a única pessoa que percebe minha instabilidade, é a única pessoa na sala que está na mesma situação que a minha.
Seus olhos vermelhos me entregam uma dor quase palpável.
Não deveria ser assim, não deveria estar acabando dessa forma.
Prometemos que morreríamos juntos, velhinhos, na nossa casa com a fachada branca e rodeada por flores em Londres.
Não era para acabar em uma sala gelada disposta no tribunal de primeira instância de Mônaco. Isso é injusto pra caralho.
Lewis pega os papéis brancos que foram passados de seu advogado para ele. Suas mãos tremem, mas só eu percebo isso. Ele não desvia seu olhar do meu, nem por um segundo, nem enquanto pega a caneta preta disposta em sua frente. Ele quer ter certeza. Ele quer uma última confirmação minha.
Dia 0
“Nossas mãos se encaixam perfeitamente. Me sinto instantaneamente mais calma com seu contato. Me afasto de meu pai enquanto me aproximo de meu noivo.
— Você está perfeita. — Ele cochicha em meu ouvido quando se aproxima de mim. A emoção em sua voz é clara. Lewis deposita um beijo em meu rosto antes de se virar para meu pai.
Os dois apertam as mãos. Meu pai puxa Lewis para um meio abraço, sei que algo é dito no meio disso pelo mais velho, mas não escuto o que. Só as hipóteses que passam em minha mente já são o suficiente para me fazer rir.
Lewis não demora a se voltar a mim, agora sua atenção é totalmente minha.
— Senhoras e senhores, familiares e amigos, estamos aqui reunidos neste dia especial para celebrar o amor e a união de duas almas que decidiram embarcar juntas nesta jornada da vida.
O oficial de Justiça começa a discursar. Meu coração acelera e o sorriso em meu rosto parece que vai se manter para sempre.
Lewis está mais lindo do que nunca. Sua felicidade consegue o deixar ainda mais bonito, como se isso fosse possível. Eu quero poder olhar em volta, ver se as flores dispostas são as mesmas que nós escolhemos, ou se todos que convidamos estão presentes. Mas não poderia, não poderia olhar para lugar nenhum quando tenho a melhor coisa da minha vida disposta bem na minha frente. Movendo sua boca e me dizendo “eu te amo” sem emitir nenhum som. Só para eu saber, só para deixar claro.
— O casamento é um momento único, pois é o encontro de duas pessoas que escolhem compartilhar seus sonhos, alegrias e desafios lado a lado. Hoje, Lewis e S/n, vocês estão dando um passo importante em suas vidas, um passo que representa a promessa de amar e cuidar um do outro, independentemente das circunstâncias. A jornada do amor é marcada por altos e baixos, mas é a parceria e a cumplicidade que farão com que vocês superem todos os obstáculos juntos. O amor é a força que une seus corações, tornando-os mais fortes, mais corajosos e mais dispostos a enfrentar qualquer adversidade. Agora, peço a atenção de todos para os votos dos noivos.
A ansiedade me consome ainda mais, mas fico animada por finalmente poder dizer as palavras que venho guardando dentro de mim.
Me viro para Alessia, que se estende atrás de mim. Ela me passa o pequeno pedaço de papel que confiei em suas mãos mais cedo.
Tento respirar algumas vezes antes de começar a pronunciar as palavras escritas por mim no papel pautado.
— Acho que não é novidade para ninguém aqui como eu sou sonhadora. Todas as pessoas que me conhecem já escutaram sobre meus devaneios em algum momento. —Minha risada é acompanhada de meus convidados. — Muito deles eu julgava e tinha consciência de serem impossíveis. Afinal eu sei que não tem como algo ser perfeito. — Tiro meus olhos do papel e encaro Lewis por alguns segundos. — Nunca pensei que ficaria tão feliz em estar errada.
Tento segurar as lágrimas enquanto falo, mas sei que minha emoção está implícita e a um passo de tomar conta de mim.
—Você me mostrou que meus sonhos irreais são não só possíveis, como ainda melhores do que na minha imaginação. O amor transcende o que eu julgava impossível. O seu amor me mostrou que mesmo a parte ruim vale a pena se eu tenho você ao meu lado. — Lewis sorri de uma forma diferente do usual, as lágrimas tomam conta de seus olhos também. O que só me deixa ainda mais realizada. — Nunca imaginei que me casaria com aquele rapaz que conheci pelo simples acaso em uma noite de curtição com as minhas amigas. Não porque não gostei de você de primeira; porque acho que ficou claro como eu já estava conquistada por você desde antes de saber seu nome. — Sua risada ecoa dentro de mim. — Mas porque imaginava que quando encontrasse o amor da minha vida, o sentimento seria diferente. Eu teria medo, anseio, ficaria na dúvida algumas vezes. Afinal, é o que minha mente e todas as histórias de amor nos fazem acreditar. Que é preciso ser complicado para ser real. Mas não foi isso o que aconteceu, tudo em relação a você e eu foi natural, parecia certo desde o começo.
Preciso de alguns segundos para respirar, olho para nossos convidados por um breve momento e consigo captar toda a emoção presente no local.
Como é possível um momento ser mágico assim? Como tudo isso poderia resultar em algo que não a perfeição de uma vida juntos? Eu pensava que tinha certeza de algo até agora, mas essa sensação me mostra que não. Não há nada dentro de mim maior do que a convicção da decisão certa para com o amor da minha vida.
— Demorei um pouco para perceber que essa é a essência do verdadeiro amor. Aquele que acontece de forma fluida e incondicional, sem pressões, medos ou inseguranças. Encontrei em você a segurança e o conforto que nem sabia que procurava. Agora, olhando para trás, para tudo o que passamos, percebo que cada passo que nos trouxe até aqui foi guiado pelo destino. Cada momento que compartilhamos, cada risada, cada lágrima, tudo fez parte de um enredo cuidadosamente escrito para que encontrássemos um ao outro nesse conto de fadas perfeito.
— E, meu amor, prometo que continuarei valorizando esse sentimento que nos une. Porque foi ao seu lado que eu aprendi que o verdadeiro amor não precisa ser complicado ou incerto. Eu agradeço ao acaso, ao destino e a todas as forças e entidades que nos uniram. Eu sou abençoada por isso, e não há palavras suficientes para expressar minha gratidão nesse momento. Que o nosso amor continue a crescer, a florescer, e que juntos enfrentemos cada desafio com coragem e cumplicidade. Porque se estou ao seu lado, eu sei que não há nada a temer, e que estaremos bem, contanto que estejamos juntos.
Enuncio as últimas frases enquanto olho em seus olhos, elas já estão gravadas em mim mesmo antes de escrevê-las.
Lewis comprime os lábios, existe poucos segundos de silêncio antes de rirmos um para o outro. Em uma bagunça de lágrimas e felicidade.
Saber que agora é sua vez me deixa mais ansiosa do que minutos atrás, quando comecei a discursar.
— Oh Deus. — Ele sussurra com a voz embargada. — Como você espera que eu consiga dizer qualquer coisa depois disso?
— Só respira. Eu estou bem aqui.
Nossas mãos se conectam novamente. Firmo meu aperto nele, esperando o tempo necessário para Lewis se preparar.
Eventualmente Lewis leva sua mão até o bolso de sua calça social, e tira de lá um pedaço de papel dobrado.
Percebo o tremor de suas mãos. Mas seu sorriso continua intacto.
— S/n… — Ele me olha por alguns segundos antes de voltar seus olhos para a folha. — Eu poderia passar horas aqui dizendo como eu tenho a certeza de que você é o amor da minha vida. De como você me mostrou uma vida que eu nunca imaginei que seria para mim. Ou como você me ensinou tanto, que eu não seu como consegui sobreviver antes de te conhecer. — A mão que segura o papel se aperta com certa força, mas sua expressão, em contraste, me traz paz. — Mas não existem juras de amor o suficiente para te dizer o que eu gostaria agora, S/n. Não acho que exista uma combinação de palavras que chegue perto de expressar o que eu realmente quero, o que eu sinto dentro de mim. Por isso que eu não vou tentar, não nesse momento, não desta forma. Eu vou mostrar a você, todos os dias, aquilo que frase alguma nesse momento poderia. E é essa a minha promessa a você.
Sinto uma euforia que poderia ser confundida com ansiedade, cada palavra dele me envolve de uma forma que até me sinto dormente, como se estivesse flutuando em um estado quase imortal enquanto escuto ele. Tudo dentro de mim ecoa que este é o momento, o auge de uma felicidade genuína. É o momento que pretendo recordar todos os dias pelo resto da minha vida.
Simplesmente, o melhor momento de todos.
Esforço-me até mesmo para colocar um pouco de lado a consciência das minhas emoções. Não tenho certeza do que poderia acontecer se me entregasse completamente ao que estou sentindo. É como um nirvana, e eu espero que dure para sempre dentro de mim.
Lewis pausa por alguns segundos antes de continuar.
— Você é a melhor parte de mim. Eu sou a minha melhor versão quando tenho você ao meu lado. E, por isso, eu prometo cultivar cada uma dessas coisas que nos move, prometo cuidar desse amor e nunca deixar isso ir embora. Prometo me lembrar todos os dias da sorte que eu tenho de ter uma esposa como você, mesmo naqueles momentos em que você me tira do sério por querer algo e não ter certeza do quê, e achar que eu deveria ser um mestre decifrador. — Todos riem, existem lágrimas misturada com felicidade em nossos rostos. — Não. Está tudo bem, na verdade a sua habilidade de me confundir é uma das coisas que amo em você.
— Você é luz. É felicidade. É paz e uma tempestade ao mesmo tempo, é a minha base, é o amor da vida de alguém que nunca acreditou em contos de fadas. É a minha fortaleza, e eu espero ser a sua. Por isso, estarei aqui, sempre bem aqui, ao seu lado. Garantindo que você esteja sempre contente, sempre amparada, nunca sozinha. Nunca sozinha. — Ele da ênfase na última frase. Seus olhos grudados nos meus. — Eu te amo.”
Seu olhar, intenso e sufocante, parece penetrar minha pele, mas mantenho a compostura, escondendo a tormenta que se desenrola dentro de mim. Qualquer gesto meu pode acabar prolongando esse momento insuportável, e sinceramente, não sei se suportaria mais uma hora sequer nessa sala.
Resisto à tentação de desviar o olhar e, em vez disso, apenas assinto levemente. No silêncio que se segue, tento capturar cada detalhe, cada linha em seu rosto, como se essa fosse a última vez que o verei. Seus olhos, que um dia brilharam com amor, agora refletem apenas a sombra do que éramos. Seu pomo de adão se move e seu olhar desvia do meu, finalmente me liberando dessa angústia.
Os dedos que seguram a caneta estão tensos, brancos pela pressão aplicada. A ponta fina toca a folha de papel, deixando um rastro de despedida.
Um último olhar incerto.
O último segundo como esposa e marido.
Eu não acredito que acabou assim.
Mas è assim que acaba. Não com um estrondo, mas com um silêncio sufocante, marcando o fim de algo que juramos ser eterno. O último vestígio da nossa conexão se vai, e me resta agora a jornada que se desdobra diante de mim. Uma vida agora redefinida pela ausência do que um dia foi nós dois.
[…]
Adentro o apartamento e sinto a exaustão tomando conta do meu corpo.
Ainda é o meio da manhã, mas parece que já se passaram dias desde o momento em que acordei.
Meu novo lar não é nada parecido com o anterior, um apartamento simples, com três quartos, que parece ter o tamanho perfeito para não me sentir sufocada, mas também não tão grande a ponto de me deixar solitária.
O apartamento de uma mulher solteira.
As paredes são predominantemente brancas, com uma única exceção na sala. Pintei uma das paredes de azul no meu primeiro dia aqui, uma escolha que, agora, parece ter sido impulsiva demais. Olho para essa parede e sinto uma pontada de arrependimento, mas a ideia de repintá-la é simplesmente inconcebível.
Eu sequer gosto da cor azul.
De repente, tomo a consciência do objeto que guardei em minha bolsa dias atrás, e, pela primeira vez desde a compra, me sinto ansiosa em relação às possibilidades que ele carrega.
Fecho minha mão ao redor da alça da minha bolsa e caminho até o banheiro, não há pressa, mas meu coração bate descompassado.
Tranco a porta que se fecha atrás de mim mesmo estando sozinha, um costume que não perdi mesmo depois de sair da casa dos meus pais.
Minha respiração seria audível mesmo que a casa não estivesse no silêncio absoluto que se encontra.
Faço o que já fiz pelo menos duzentas vezes na vida, não existe a necessidade de olhar as instruções, a esse ponto já se tornou uma memória muscular. O ritual se desenrola no silêncio, marcado apenas pelo som sutil do papel e do plástico.
Com cuidado, devolvo o teste ao seu lugar na pequena caixa. Uma hesitação paira no ar, uma pausa prolongada antes de encarar o que já quase tenho certeza de saber. A urgência em descobrir compete com a relutância em enfrentar. Não estou preparada, não quero reviver aquilo tudo novamente. O medo dentro de mim cresce a proporções que nunca experimentei antes. Se eu tivesse a mínima força, poderia ter um ataque agora.
Saio do banheiro, em busca de mais espaço, em busca de diminuir a sensação de sufocamento. A pequena caixa ainda na minha mão.
Já se passaram os 3 minutos indicados, as instruções dizem para desconsiderar depois de 15 minutos. Eu tenho 12 minutos, 12 minutos podendo fugir da resposta, 12 minutos onde eu ainda finjo não saber de nada, onde posso continuar a me iludir por mais um breve intervalo de tempo. 12 minutos que me permitem adiar o confronto inevitável, como se ignorar o relógio pudesse congelar a realidade que talvez me aguarda.
Existem lágrimas. Lágrimas que não sei se são de tristeza, alegria ou uma combinação complexa de ambas. Cada gota parece carregar o peso de uma jornada, do luto pela perda passada, da incerteza do futuro e da surpresa inesperada da possibilidade de uma nova vida começando a se formar.
Existe um sorriso trêmulo que brinca nos cantos dos meus lábios. É um sorriso marcado pela vulnerabilidade, pelo medo e pela resiliência. A ironia de descobrir isso logo após o divórcio parece pairar no ar, mas também há uma chama de coragem que se acende dentro de mim. Uma força que surge da necessidade de enfrentar esse capítulo sozinha.
Existe confusão. Meu coração parece um labirinto de sensações contraditórias. A dualidade de emoções se manifesta em pensamentos que se atropelam, em dúvidas que se entrelaçam com esperanças medrosas. Como equilibrar a fragilidade de uma nova vida com a dor de uma perda anterior? Ou melhor, de duas perdas?
Existe medo. Que se alimenta da vulnerabilidade de estar sozinha. O espectro da perda passada ainda paira sobre mim, uma sombra que sussurra receios. A incerteza do que virá.
Existe felicidade. Uma felicidade que surge da compreensão de que a vida, apesar de suas reviravoltas dolorosas, continua. Uma nova vida, uma oportunidade de recomeçar, mesmo que o cenário pareça assustador à primeira vista. É a esperança que se acende diante da escuridão.
Reúno a coragem necessária e seguro o objeto com firmeza. Eu o tiro da caixa.
Existem duas linhas.
[…]
A vida se desenrola, ela acontece, por mais que eu queira pará-la em alguns momentos. As escolhas e mudanças, por vezes, deixam cicatrizes eternas. E, se doeu o suficiente para marcar, quer dizer que deve ser sempre lembrado.
Diante de mim, existe uma tela em branco, um caminho nunca percorrido antes, onde eu levo minha bagagem, e memórias que eu não sei se vão se desbotar tão rapidamente.
A dor deixa espaço para a resiliência, uma chance de redefinição. A vida mostra que a capacidade de seguir em frente é a fonte da superação, mesmo quando o futuro é instável e incerto.
Mesmo nos recantos mais silenciosos da minha história, há uma melodia sutil que continua a tocar, lembrando-me de que, apesar de tudo, a vida persiste, transformando-se em um fluxo eterno.
A vida se metamorfoseia, fluindo como um rio que, mesmo diante de obstáculos, encontra seu caminho, lembrando-me de que a persistência é a essência da existência.
No entanto, essa mesma persistência, embora seja a força que nos faz seguir em frente, pode também ser o motivo da dor, da desistência e do cansaço.
Saiba dizer adeus.
N/a: Nem vou me justificar do sumiço. Eu simplesmente não consegui escrever por um bom tempo. Mas espero que tenha valido a pena. Ai está, o último capítulo, finalmente. Espero conseguir voltar a escrever e trazer mais histórias. Obrigada a todos que acompanharam e tiveram paciência. Até a próxima ❤️❤️
Zabidiel is a name of Hebrew origin, which has the meaning "gift from God". There is not much about this name on the internet. The only mention of there being a person with that name is from a singer from Puerto Rico.
Zabidiel é o nome de origem hebraica, que tem o significado "dádiva de Deus". Não há muito sobre esse nome na rede da internet. A única menção de haver uma pessoa com esse nome é de um cantor de Porto Rico.
I just read a book recommended by Master Osvaldo Polidoro, in his book "Eternal Gospel and Prodigious Prayers" called "LIFE BEYOND THE VEIL - Book II" - a collection of 5 books talking about spiritual planes, written by Reverend G. Vale Owen, who had the gift of mediumistic writing.
Eu acabei de ler um livro indicado pelo mestre Osvaldo Polidoro, no seu livro "Evangelho Eterno e Orações Prodigiosas" chamado "A VIDA ALÉM DO VÉU - Livro II" - uma coletânea de 5 livros falando dos planos espirituais, escrito pelo reverendo G. Vale Owen, que tinha o dom da escrita mediúnica.
Zabidiel was the spirit that transmitted to the reverend what his work was like on the spiritual plane, in the sphere (heaven) in which he lived - in the 10th sphere. He also brought information about his work, helping those spirits who received the help requested by order of the Law of God.
Zabidiel foi o espírito que transmitiu para o reverendo como era o seu trabalho no plano espiritual, na esfera (céu) em que ele morava - na 10ª esfera. Ele também trouxe informações sobre o seu trabalho, auxiliando aqueles espíritos que recebiam a ajuda solicitada por ordem da Lei de Deus.
The book also provides details of how the reverend carried out this exchange between plans to receive the information passed on by Zabidiel.
O livro também trás detalhes de como era passado como o reverendo fazia esse intercâmbio entre os planos de receber as informações passadas pelo Zabidiel.
It was a little publicized book, because of the prejudice on the subject in the Western world - religious institutions do not admit the existence of the afterlife, and when they do, they limit themselves to recognizing only heaven and hell. Talking about the subject today is easier, but at the beginning of the last century it was much more complicated.
Foi um livro pouco divulgado, por causa do preconceito sobre o assunto no mundo Ocidental - as instituições religiosa não admitem a existência da vida pós morte, e quando reconhecem, limita-se à reconhecer apenas o céu e o inferno. Falar do assunto hoje é mais fácil, mas no início do século passado era bem mais complicado.
If you want a copy, I recommend the website divinismo.org - which has the link to download the 5 books.
Quem quiser uma cópia, indico o site divinismo.org - que tem o link para o download dos 5 livros.
People urgently need to rediscover the straight path and know that their actions will determine what their passage will be like at the moment of disincarnation, whether they will be assisted and sent to higher heavens or whether they will be drawn into places of pain and grinding of teeth.
As pessoas precisam urgente reencontrar o reto caminho e saber que as suas ações determinarão como será a sua passagem no momento do desencarne, se serão assistidos e encaminhados para céus mais elevados ou se será atraído para licais de dor e ranger dos dentes.
OK! Vamo lá.
Essa é uma capa totalmente experimental.
Ou seja, não existe uma fanfic por trás dela.
Estava querendo experimentar coisas novas, eu sigo muitas capistas que criam capas tanto para o wattpad, quanto para o spirit, e todas sempre são lindas e maravilhosas, algumas são de anime, e outras de idols de kpop.
E eu queria tentar também! Queria tentar fazer uma capa de um idol de kpop.
Eu tenho um estilo muito especifico do que eu gosto de ler e ver, e tentei ao máximo seguir e respeita-lo.
Fico feliz que no final tenha dado certo.
Mas é claro que também as inspirações não surgiram do nada.
Hoje, enquanto eu rolava o meu feed, me deparei com uma capa feita pela @binglio, era uma capa para doação com o nome de 一 “never forget you”
No caso dessa capa, eu me inspirei em duas coisas, uma, idol de kpop, segunda, a divisão no meio que separava duas fotos, duas cores, sendo bem diferentes e ao mesmo tempo tão iguais que me encantou! Então eu também queria tentar algo com uma divisão exatamente no meio.
Mas eu não consegui, isso porque, como eu disse, tenho já um estilo muito definido e as vezes é difícil tentar coisas novas.
Outra coisa que me levou a chegar nesse resultado, foi a série que eu estava assistindo no momento (Penny Dreadful), que me fez pausar e abrir o photoshop na mesma hora, isso junto da memória que eu tive de um RPG que joguei, o RPG me ajudando a escolher o nome da capa, que é o mesmo nome da música Sacrifice.
youtube
Falando brevemente sobre a história do RPG:
Em uma cidade sombria e misteriosa, onde o véu entre a vida e a morte parece tênue, X, um adolescente solitário e deslocado, tem sua vida mudada drasticamente quando ele conhece Y, um sedutor e enigmático vampiro que espreita as sombras da cidade.
X, atraído pelas promessas de amor, poder e vida eterna, se entrega ao mundo obscuro de Y. No entanto, o que ele não sabia é que o preço desse novo caminho seria sua própria humanidade. Após um ritual macabro, X se vê transformado em uma Cria vampírica, preso entre a vida e a morte, condenado a uma existência de fome e servidão eterna.
Em uma de suas noites de caça, em busca de alimento para o seu agora, mestre. Ele acaba encontrando A, um vampiro benevolente que vê potencial nele além de sua atual forma. Com suas habilidades e conhecimentos, A liberta X de sua maldição, transformando-o em um vampiro completo.
Agora, enquanto X enfrenta o desafio de se adaptar a sua nova vida e natureza vampírica, é assombrado pelos fantasmas de seu passado e perseguido por Y, que não aceitou a partida de seu servo. Se vê dividido entre seu desejo por vingança contra X e o amor agora recém descoberto após sua partida.
X: Chanyeol
Y: Baekhyun
A: Random
O estado de cria vampírica sendo inspirado no filme do Nicolas Cage, Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe, e no Astarion de Baldur's Gate 3.
A relação deles sendo semelhante a de Louis e Lestat em Entrevista com o Vampiro.
Uma configuração como se fosse Louis x Armand x Lestat
Uma história que se iniciava durante o século XVII e teria seu real progresso nos tempos atuais.
Não coloco minha energia e nem perco o meu tempo com quem não sabe contemplar as estrelas. Sou uma sobrevivente do Inferno de Dante, sei bem suas passagens e seus caminhos, entre vales e montanhas, porém sem atalhos. Sei bem como sentar à mesa com meus demônios encarando-os com franqueza expondo as fraquezas que minha alma carregava há tanto tempo. Sei que nas noites de Lua Cheia, esse lobo interno uiva e mostra os caminhos. Sirva-me de amor, não o convencional, busco algo que transcenda explicações. O banquete principal é recheado de amor-próprio. Sou o incompreensível que buscam entender, o paradoxo que rejeitam, a nova vida-flor que nasce em meios às rochas que tentam asfixiar. O tempo já me tirou coisas o suficiente, inclusive levou-me com ele. Precisei ser paciente com as minhas imperfeições e aceitar que diante do Senhor do Tempo nada posso, mas tudo possuo. Tenho todo o tempo do mundo, pois encontrei tempo para mim mediante a falta de tempo do mundo. Priorizei-me quando ninguém mais o fez. Acolhi-me quando ninguém ofereceu-me sequer um abraço. Fui meu pai, mãe, amiga e irmã diante das diversas circunstâncias da vida e, quanto mais ela me exigia, mais eu lhe oferecia. Renasci, reaprendi, mudei, transmutei, borboleta à fênix, Eu sou. Portanto, não será de migalhas que viverei e de quem só as oferece, por favor, retirem-se. Não há mais espaço nesse castelo interno para conto de fadas com personagens e roteiros desinteressantes. Não busco o príncipe encantado ou herói, mas também não aceito o vilão. Eu fui todos os personagens em uma só diante do palco da vida. Aprendi a atuar e flutuar por entre suas poses, contextos e dissabores. Cansa ser todos e não ser eu mesma. Busquei em um olhar encontrar a plenitude de mim e encontrei naquele olhar ferino o selvagem que me alimentaria. Sinto muito, sinto mesmo, sou intensidade em todas as medidas. Busco a regeneração, após doses de auto destruição. Busco força, após anos de fraqueza. Busco solitude, após anos de solidão. Busco paz, após anos de tormenta. Busco a luz, após noites escuras da alma constantes e aparentemente infindáveis. Busco amor, após tamanha indiferença. Busco a mim, acima de tudo. Sou mulher, sou deusa, sou loba. Sou amor, sou ternura, sou compaixão. Sou tempestade, maremoto e furacão. Sou tudo e nada. Sou terra, fogo, água e ar. Sigo pelo vento, esse é o elementar. Sigo no fluxo do rio da existência rumo ao mar. Sou feita de magia e minhas verdades, pouco me importa se não segui às suas vontades. Uma mulher decidida possui a força da Natureza, dos anjos, dos demônios, das estrelas e do Todo. Um ser completo em sua incompletude que aprendeu a localizar a saída de seu próprio submundo, não há nada que me impeça de ser livre. Já fui prisioneira e hoje sou quem liberta. Já fui medrosa e hoje transmito força. Já quis desistir de tudo e hoje transmito esperança. Já tentaram falar por mim e hoje sou voz ativa para quem precisa. Já fui cega e hoje vejo além dos véus da ilusão. Já fui caos e hoje sou paz. Já morri em vida para renascer na morte e mostrar para quem a teme que ela é uma aliada, diariamente nos visitando para ceifar aquilo que já não agrega. Deixo ir, abro espaço para o novo, corto na lua minguante para que a Lua Cheia renove as minhas forças. O lobo acompanhará os meus passos, como estrela guia, rumo ao meu destino.
Sempre acredite que os governos estão te dando algo, sendo generosos, pensando em todos;
Sempre se desespere com as informações alarmistas trazidas pelos que, futuramente vão te apresentar uma solução pra tais situações;
Sempre siga a multidão, sem opinião, só na aceitação;
Escolha o tamanho da cegueira coletiva, que você irá incorporar pra sí, compreenda que a ignorância sempre foi, e sempre será, uma benção;
Tome as verdades de outros para sí, sem precisar se esforçar para vivenciar tuas próprias verdades;
Ouça estórias, e saia pela vida repetindo- as, como se estivesse passado pelas experiências;
Se sinta superior com base em todas as crenças limitantes que você não consegue enxergar, enraizadas no teu próprio Ser;
Julgue os que mostram uma outra versão, visão do mundo, diferente da programação que você está inserido;
Acredite cegamente, como fanatismo, em receitas prontas, escritas em livros históricos, escritos através da mente/homem;
A cegueira coletiva, nunca causou nunhum tipo de fanatismo;
Nunca, de forma alguma, questione;
Nunca, de modo algum, desconfie de nada;
Nunca acredite na manipulação criada para o domínio da massa, tudo são coisas de teóricos que conspiram;
Confie em seus políticos e partidos, brigue por eles, alimente a indústria do ódio, gritem com um outro irmão, seja a manifestação do ódio, e deixe que riam, pois é de onde eles tiram os seus modestos sustentos;
Sempre escolha um lado, para tudo, vivemos em um mundo Dual, você não pode pensar por si só;
Assista a televisão, como pode você existir sozinho, sem um mecanismo que te guie?
Mantenha todos os véus que recobrem a tua consciência, se aproprie das consciências exteriores a ti, elas estão aí para isso;
Em tempo algum, ouse questionar sua vida;
Jamais questione o propósito da tua existência, além dos ditos a você;
Siga uma falsa felicidade se preciso, mas não queira um dia realmente conhece-la, sair da tua caverna, e conhecer a tí, não é uma opção dada a você;
Também não observe a ironia usada no contexto, me apropriei da expressão literária, mas fique a vontade caso queira segui-lo, como modelo!
( Melisa Asli Pamuk ) Pelos portões do Acampamento Meio-Sangue podemos ver entrar uma nova esperança. Anastasia Gauthier, filha de Tânatos, com seus vinte e oito anos, será a nova luz ao nosso lado.
Biografia
O que contam é que eu nasci em noite de tormenta, como se minha vida por si só causasse algum transtorno entre os mundos, entre o que era mortal e o que era divino. Se me conhecessem, alguns pensariam que eu não deveria existir, que minha existência carregava algo de sombrio e maldito e que um bebê jamais devia ser envolto por tamanha escuridão. Minha mãe queria acreditar que era seu medo falando e que, por trás da espessa aura fúnebre que me envolvia, não havia nada além de um doce bebê.
Minha mãe era uma paramédica. Estava acostumada a ter a morte rondando seu trabalho como uma ameaça, um aviso sombrio: falhe, e eu vencerei. Podia ter suas próprias sombras, mas mantinha um otimismo quase infantil, uma esperança teimosa, tão profundamente enraizada em sua mortalidade que se tornava parte de quem ela era. A vida era tudo o que conhecia e por isso a amava com uma intensidade feroz que a impelia a travar, todos os dias, uma silenciosa e incansável batalha contra a morte.
Talvez tenha sido isso o que encantou meu pai, Tânatos, que me confidenciou anos mais tarde que ela tinha sido uma das poucas almas que o fizeram pensar no que é viver.
Para ele, acostumado à quietude do fim, minha mãe era uma centelha inesperada, uma lembrança de que a vida, por mais breve e frágil que fosse, ainda tinha algo de belo. Ele a observava de longe, como quem contempla uma chama que não pode tocar, mas que o aquece à distância. E foi essa chama que o trouxe até ela, um deus da morte atraído pela simples teimosia de uma mortal em desafiar seu reino todos os dias.
Minha mãe, porém, sempre soube quem ele era. Desde o início, conheceu a verdadeira identidade de Tânatos e, ainda assim, o amou. Amou-o sabendo do peso de sua presença, da inevitabilidade que ele carregava. Não havia engano ou ilusão — ela olhava nos olhos da morte e, mesmo assim, escolhia viver.
E, como a maioria das misérias, tudo começou com uma aparente felicidade. Entre a mortalidade dela e a eternidade dele, eu vim ao mundo, como um segredo nascido do equilíbrio frágil entre o amor e a morte.
Nunca fui uma criança comum. Minha mãe, ciente do fardo que minha natureza traria, nunca escondeu minha origem. Afinal, como poderia? Enquanto as outras crianças desfrutavam dos anos cálidos de sua infância, eu parecia carregar um fardo, como se a vida que pulsava ao meu redor fosse um delicado fio prestes a se romper.
Enquanto crescia, Tânatos sempre foi uma presença à minha volta, um sussurro no vento, uma sombra que nunca me abandonava. Parecia ir e vir como o crepúsculo, surgindo quando o mundo parecia mais quieto, quando o véu entre a vida e a morte parecia mais fino. De alguma forma, ele sempre esteve ali.
Quando o eco da minha herança se tornou cada vez mais difícil de ignorar e minha presença no mundo mortal começou a ser notada, encontrei meu caminho até o Acampamento Meio-Sangue, guiada pela mão silenciosa de meu pai. Alí, entre os campistas e suas esquisitices, maldições, bênçãos e habilidades estranhas posso dizer que me sinto... Comum. E, honestamente, para alguém que ouve os sussurros da morte, me sentir comum era tudo o que eu precisava.
Concedi-me o luxo de experimentar a normalidade. A vida de um semideus não é fácil. Somos marcados por tragédias, e mesmo cercada pela morte, eu me sentia viva. Familiarizei-me tanto que acabei esquecendo que a vida e a morte não são opostos, mas partes de uma mesma dança eterna.
Perdi de vista que Tânatos e Eros representam opostos. Amei uma vez, e meu amor foi a primeira alma que colhi como ceifadora. Ele partiu em uma batalha feroz, e eis um fato sobre as batalhas: não há lugar melhor para que a bravura se encontre com a tragédia.
Despedaçada, jurei que aquela seria a última vez. Desde então, evito me permitir deslizar para o lado sentimental de ser mortal. Conheci a dor da perda e ela se tornou um muro em meu coração, e cada vez que uma nova alma se apresenta diante de mim, recorda-me do custo de me apegar.
Afinal, basta que um único ser nos falte para que tudo pareça vazio.
Arma
[ Casper ] Uma foice, forjada em ferro estígio. A lâmina de Casper é levemente translúcida e apenas Anastasia consegue enxergá-la por inteiro; para os demais é como se a lâmina fosse apenas um vulto negro, uma sombra. Casper tem o poder de retornar para Anastasia em qualquer ocasião, assumindo a forma de um bracelete. Recebeu o nome de Casper, como o fantasminha camarada.