Tumgik
#amanhã eu termino de responder
morgangrim · 2 years
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𝔰𝔱𝔞𝔯𝔱𝔢𝔯 𝔠𝔞𝔩𝔩 
                  o motivo pelo qual não era nem de longe a pessoa mais aventureira? bem, era exatamente aquele, a grimhilde não tinha sorte alguma, parecia que tudo que tinha era um azar sem fim, após sair com muse para explorar o pântano, morgan tinha reclamado pelos cotovelos já que gostava bastante da segurança dentro das paredes da academia. “eu não preciso te lembrar que eu fui contra vim aqui né? tá vendo é por isso, isso exatamente eu quero dizer quando digo que o mundo conspira contra mim.” resmungou num tom brincalhão com um dos sapatos presos na lama. “vem me ajuda a sair daqui, meu pé nem mexe!"  
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               a grimhilde corria de muse pelos jardins da escola, como havia convencido muse a participar de seu jogo favorito em sua infância ela não fazia ideia, mas de alguma forma morgan havia recentemente aprendido que podia ser bastante convincente quando queria. quando virou para olhar por cima do ombro o quão perto muse estava, morgan acabou por tropeçar e cair de cara no chão, de imediato ela começou a rir nervosamente cobrindo a boca. “eu acho que acabei de quebrar meu dente, eu não tô nem zoando.”
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amendowin · 2 years
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anôni, amanhã eu termino de responder as asks, pode me enviar mais users💪
vou dormir agora, boa noite garelinha. <3
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euisabel4 · 1 year
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Hello, again
Mais uma vez resolvi aparecer aqui, depois de mil anos, rs.
Bom, dessa vez venho contar uma novidade. Na verdade não é nada demais (ou é, sei lá). Amanhã termino meu curso de comissário de bordo. Sim, aquele que eu interrompi pra ir mergulhar em uma das maiores loucuras da minha vida, trabalhar em um navio de cruzeiro. Aliás, nem sei se cheguei a contar isso aqui. Acho que não, né? Bom, enfim, pois é. Faltando um mês mais ou menos pra terminar aquele curso interminável, eu resolvi pegar um vôo de 8 horas e ir ser escravizada em outro lado do país (risos de nervoso). É, foi bom mas foi ruim. Assinei um contrato de 7 meses mas só aguentei ficar lá por 3. Nunca trabalhei tanto na minha vida, de segunda a segunda, 12 horas por dia. Mas o duro não foi nem isso, o que me deixou surtada foram as humilhações e assédios de alguns lixos que encontrei por lá. Tirando isso, valeu pela experiência. Pelo menos voltei muito mais forte e pronta pra lidar com qualquer coisa. Voltei pra casa com uma grana legal no bolso e muitas histórias pra contar (felizmente nem todas foram ruins), viajei pro Rio com a família, depois fui pra Campos do Jordão e São Paulo com uma amiga que fiz a bordo, e depois de alguns meses em casa, um belo dia saí e fui entregar meu currículo em alguns hotéis da cidade (propositalmente, já que o objetivo é continuar trabalhando com hospitalidade pra ganhar mais experiência no currículo). No dia seguinte, o gerente de um dos hoteís me mandou mensagem marcando uma entrevista. Fui lá e arrasei, contei da minha experiência no navio, que inclusive vi que ele adorou, e no dia seguinte recebi a notícia de que estava contratada. Se não me engano isso foi em Junho, hoje estamos no final de setembro. Posso dizer que esse trabalho no hotel tem me feito MUITO bem, meu gerente é um ser humano incrível, trabalho com pessoas que se ajudam e tô aprendendo MUITO a trabalhar com público, o que é meu objetivo profissional, já que daqui um tempo vou estar participando de processos seletivos das cias aéreas. Na verdade eu sinto que todo o caminho que eu tenho percorrido até aqui, desde quando eu cravei no meu peito que eu iria ser Comissária de Bordo, tem sido o caminho exato que eu deveria percorrer. Como se tivesse sido escrito por Deus, pelo Universo. É até engraçado quando eu penso nisso. Quando eu estava em SP com a minha amiga Noelly que conheci no navio, fomos em um bar (esses bares temáticos de época medieval), e lá tinha uma moça que fazia leitura de Jogo de Runas, ela se ofereceu pra responder 3 perguntas. De primeira já perguntei pra ela se ela me via sendo comissária de bordo, e ela disse que sim, que me via bastante focada nesse objetivo. Na segunda pergunta, perguntei pra ela se esse sonho iria demorar pra se realizar, tipo uns 10 anos, ou se iria acontecer em um prazo mais curso, tipo em uns 2 anos. De novo, ela jogou as pedras e respondeu que via isso acontecendo em um curto prazo, mais ou menos em uns 2 anos. Obviamente fiquei bem feliz, né? E a última pergunta que fiz foi em relação à minha vida amorosa, se ela me via tendo algum relacionamento. Ela respondeu que me via muito focada no meu objetivo de ser comissária e que estava bem fechada "pras pessoas", que precisava cuidar mais dessa parte da minha vida, algo assim, não lembro. E assustadoramente ela não errou. Nem preciso dizer que continuo do mesmo jeito. But, seguimos.
Bom, amanhã eu faço a prática de sobrevivência na selva, que é o que ficou faltando pra fechar essa lacuna do curso. Agora são 02:27, preciso estar em Ribeirão Preto às 05:00, pontualmente, na frente da escola. Eu saí do Hotel meia noite (trabalhei a noite esse domingo [emoji de palhaça], cheguei em casa e arrumei minhas coisas e agora tô aqui escrevendo porque eu sei que se eu deitar na cama só acordo meio dia e o plano de ir pra RP terminar esse curso vai pro karelho. E eu não aguento isso, só quero finalizar o curso, fazer a ANAC e pegar meu certificado da CHT e o CMA. Mesmo sabendo que a partir do ano que vem o CHT não será mais obrigatório [emoji de palhaça again]. Sim, esse ano a ANAC informou que o curso de CMS não será mais obrigatório a partir de 2024. Ha-ha.
Bom, mas como eu não gastei 4 mil reais a toa com esse curso, vou ir até o fim com isso. Quem sabe até o final do ano alguma CIA aérea não abre vagas externas e meus certificados serão úteis, né? A esperança é a última que morre.
Bom, no mais é isso, acho que já atualizei o blog com as notícias recentes. Algum dia volto aqui pra desabafar sobre algo ou dar notícias novas (e espero que boas). Ultimamente eu não tenho estado muito bem, to com a ansiedade no talo com isso tudo, me sentindo completamente sozinha, sentindo falta de falar com alguém (provavelmente por isso voltei a escrever), cansada de tudo. Mas não vou deixar esse desânimo me vencer. Sei que só preciso continuar sendo forte pra finalizar todas essas pendências. Que todo esse esforço vai valer a pena na frente. Não vejo a hora de conquistar minhas asas. Acho que no final das contas, é só isso que eu quero. Mas não tá sendo um caminho fácil, requer muita paciência e persistência. Coisas que eu tô aprendendo a ter agora. E no fim a recompensa virá.
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godmadeit · 1 year
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23/05/2023
Decidi então começar a escrever, uma vez, após o termino do meu relacionamento no ano passado, um amigo me disse que isso poderia me ajudar a produzir arte, qualquer ela que fosse. Fiquei sem entender naquele momento, como, na situação em que eu estava, eu poderia pensar em produzir alguma coisa. E ai o tempo passou e 8 meses depois, um relacionamento superado então, estou finalmente aprendendo a lidar com a solidão e tentarei produzir crônicas pessoais, ou so relatar mesmo, como eu me sinto.
Belo Horizonte, terça-feira, dia 23/05/2023. Hoje foi apenas mais um dia comum na minha rotina. Acordei umas 6h e pouco, troquei de roupa, tomei café, ajeitei as coisas e fui para o trabalho. O caminho também sempre o mesmo de pegar o ônibus, subir o elevador, ligar meu computador, responder e-mails e produzir "arte". Sendo ela por meio de notas ou por artes gráficas que sempre me deixam chateadas por nunca poder fazer coisas que eu realmente gosto, mas sim, apenas reproduzir um certo estilo... Depois almoço com outros dois estagiários que conheci na cozinha da empresa, que assim como eu, também almoçavam sozinhos, jogar conversar fora, dar uma volta pela cidade administrativa, voltar a fazer as coisas até a hora de eu pegar o ônibus de volta e chegar em casa.
Enfim, depois que chego em casa, a rotina passa a ser mais chata ainda, pois se consiste em estudar, ir para a faculdade e voltar para casa pra poder fazer tudo de novo no dia seguinte. Nesse semestre, tenho a impressão que todas as escolhas que tenho feito, não vem sendo para o melhor. Mas o motivo de tentar escrever não é pra descrever minha rotina chata de jovem adulto, que precisa trabalhar e estudar, mas colocar pra fora coisas que durante o meu dia me deixam tristes e por meio de texto ou vídeo ou foto, investiga-las ou apenas me expor na internet para ninguém ler.
E o que vem me deixando profundamente triste é a minha falta de habilidade de flertar. sim. flertar.
Eu já tentei todos os aplicativos de date que tem por ai, mas não consigo mais me ver e ver os outros como um produto (não quero problematizar as plataformas que sempre estiveram ao meu lado nos momentos mais críticos), mas eu sinto que não tenho mais saco ou tato pra isso. Pensei então, vou fazer tal qual os maias faziam e vou flertar com pessoas que eu já vi pessoalmente e que acho atraentes nos ambientes que eu frequento, mas é tudo muito burocrático e cansativo. No trabalho, tem sempre um ou outro, mas eu não sei identificar quando alguém esta olhando pra mim com segundas intenções ou não, eu mesmo não sei olhar pra alguém com segundas intenções. Sempre sinto que tem um cara em especifico que me olha demais, e quando eu estou tomando coragem para chegar e conversar, voltamos a estaca zero.
Eu sempre pensei que eu seria uma boa que aceitaria a vida de solteira de boa, e eu até aceito de certa forma, mas tem dias que eu chego em casa e só queria ter alguém que eu pudesse esperar chegar em casa também pra eu contar coisas inúteis que aconteceram durante meu dia, alguém pra dormir juntinho, essas coisas que casais fazem mesmo.
Me sinto outra pessoa quando eu penso nesse tipo de situação, não sei ao certo porque, talvez porque eu me venda como uma pessoa mais independente pra eu mesma. De qualquer forma, eu já não aguento mais me sentir sozinha, eu estou carente, me sinto carente e quando eu falo de estar sozinha, não quero que alguém venha preencher esse vazio existencial que a vida sozinha me causa, mas não quero ter tempo mais pra pensar nisso, eu quero me distrair com alguém, de ter vivencias com uma pessoa.
Esse texto virou mais uma sessão de terapia. É isso por hoje, amanhã provavelmente o tema será o mesmo...
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gxxdriddance · 1 year
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HERE GOES A TRIGGER WARNING
Vamos lá... antes de te ver, passei um tempo na adega do Tinho. A gente tava tentandi conversar pelo Whats mas ele tava ocupado ou eu não estava com cabeça pra responder. Tinha uma galera legal la e fumamos pra caralho e comemos pizza. "Comemos". Só consegui comer um pedaço. Ainda há dias sem comer direito e no almoço nada tinha descido direito.
Foi legal tentar me sentir normal, como se o mundo não estivesse caindo na minha cabeça. Nunca dá pra focar 100% no momento, mas no possível, foi bom.
Depois disso fui pra sua casa, a partir daí muita coisa aconteceu. Uma delas foi o seu arrependimento por ter tido um momento mais íntimo comigo. Admito que isso me pegou bastante, sentir isso foi ruim. Quis que tivesse sido bom. Não sei como descrever o que sinto agora. Depois de ouvir que você não ia mais me beijar, é bem estranha a sensação. Ao mesmo tempo que isso acontecia, você parecia um pouco mais sorridente em momentos muito pontuais, e eu amei ver cada sorriso. Cada um deles aqueceu um pouco meu coração só de saber que ainda tinha você ali. Veio me dizer orgulhosa que tinha feito macarrão com atum e sim, estava maravilhoso. Lembro da cara que fez enquanto ia pegar seu café "fraco e sem açúcar", que em alguns dias me acordou feliz e me sentindo um pouquinho mais amado. Te ver bem me faz bem. Mas eventualmente a pressão de estar passando por um dos piores dias desde o termino foi demais, eu quebrei. Mais de uma vez. Eu me sentia sem ar, como se meus pensamentos tivessem virado barulho, como se a mente tivesse embaralhada. Ansiedade é horrível né? Até que chega a amiga dela (alguns também gostam de chamar de solução), a depressão. Mais uma vez eu fecho meus olhos e a primeira coisa que vem na cabeça é amarrar uma corda no pescoço e terminar com isso. Esses pensamentos vem e vão desde novo, já tentei duas vezes de formas estupidamente pouco efetivas (como descobri depois), o problema é que agora eu já sei exatamente como fazer, a distância ideal, a altura ideal, talvez esteja faltando o momento e o lugar. Não sei dizer se esses pensamentos vão ser só isso até eu morrer de qualquer outra coisa, mas to ciente que esse dia pode chegar, o dia em que eu finalmente não quiser mais. Ele já passou por aqui antes.
Infelizmente esse assunto foi pauta e eu te dei uma preocupação desnecessária. Eu não devia ter te falado nada do tipo e logo pra você, que com certeza se culparia de alguma forma. Quando você disse que não aguentaria e provavelmente seguiria o mesmo destino, isso me travou. Somos a pior versão possivel de Romeu e Julieta, tentamos nos salvar de nós mesmos e do mundo, no fim tudo seria concluído da forma mais morbidamente romântica. Quando você falou da chance de isso acontecer eu me senti culpado imediatamente. O quão hipócrita alguém tem que ser de dizer que ama e quer cuidar e proteger alguém, e por sua culpa essa pessoa acabar com a própria vida? Te escutar dizendo isso foi horrivel. Imaginar a chance de você ir dessa forma. Você não merece nada disso. Por isso eu te prometi que enquanto existir qualquer chance de você se culpar por isso, não vou fazer. Isso seria covardia. Mas nós sabemos que eu só vou ficar cada vez mais irrelevante na sua vida até o momento que não importar mais. E ai sim talvez a ideia volte a parecer agradável.
Mudando um pouco, amanhã você começa no trabalho novo e eu estou muito feliz por você. Tivemos aquela conversa sobre você se sentir apática em relação a isso também e eu tentei te ajudar da melhor forma possível. É muito dificil pra minha cabeça querer te ter por perto e te dar conselhos pra seguir sua vida. O que mais quero é você feliz, acima de mim, acima do nosso relacionamento, acima de qualquer outra coisa. Se pra isso eu realmente tiver q ficar longe, pelo menos eu servi pra algo no fim.
Eu to me sentindo estranho há dias... meu estômago não ta normal. Ta doendo demais, não sei se ja senti algo parecido e por tanto tempo. Isso ta começando a me deixar meio fraco as vezes e até meio tonto. Acho que quando eu acordar amanhã, vou para o hospital. Realmente acho que é caso de ir pro hospital e você sabe o quanto eu odeio. Provavelmente você não vai saber disso, não ate o fim do expediente. Mas talvez eu só não conte mesmo. Você não precisa de mais preocupações e tem que lutar pelo seu sucesso.
Boa sorte meu amor, conquista a porra toda.
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ttpdlulo · 2 years
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oie gente! eu viajo amanhã, então vou ficar mais off por uma semana. quando eu voltar eu termino de responder os pedidos 😙
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toulovse · 3 years
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CENÁRIO 2; STORYBROOKE HIGH. @valentiny instagram updates.
@dicvcldy
@prillafciry
@etaprontosorvetinho
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anikastornieren · 4 years
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Task 005 - 𝓐 𝓱𝓮𝓻𝓸'𝓼 𝓳𝓸𝓾𝓻𝓷𝓮𝔂
“All these voices in my head get loud I wish I could shut them out Trade my joy for my protection Ask for help, you call it weakness Where is the real me? Where is the person that I know I’m sorry I let you down It’s my fault, I know I’m selfish Traumas, they surround me I’m paralyzed (Let you down/Trauma/Paralyzed - NF)
Nota OOC: Primeiramente, quero pedir perdão a você pobre alma que clicou no ler mais, essa task está gigante já aviso, não leia se estiver cansado(a). Aproveitei da task pra desenvolver algumas coisas mais específicas da Annie, então pode ficar meio confuso para alguns, mas tentei ao máximo facilitar a compreensão para qualquer alma que ousasse se aventurar a ler. Queria agradecer muito a @brianlefay e @not-ladydi pela participação especial, vocês são dois anjos na minha vida <3 Agradecer também a maravilhosa @bornoftheocean que foi meu apoio durante a escrita e me motivou a seguir escrevendo. E principalmente a @nymphakovalena que me ajudou a editar os erros desse quase tcc aqui, me ajudou muito nas cenas de combate também por que eu sou péssima. Então, love u guys! S2
Aparições que roubaram a cena: (os reais protagonistas deste conto)
Jinskí, o furão espertalhão Foguete, o guaxinim resmungão Accalia, a loba sensata Aldolf, o lobo do Leonard
Agora que já exaltei os maravilhosos animais que fizerem parte dessa task, sem mais delongas deixo aqui para vocês o link da task.  E a task também segue abaixo. 
𝑳𝒊𝒌𝒆 𝒂 𝒃𝒊𝒓𝒅 𝒊𝒏 𝒂 𝒄𝒂𝒈𝒆
“But there’s a scream inside
that we all try to hide
we hold on so tight 
we cannot deny” 
(Bird set free - Sia)
Aviso:  A leitura a seguir contém menções com fogo e queimaduras, caso você tenha algum desconforto com assunto, recomendamos que não leia.
Merlin como sempre havia salvo o dia dos aprendizes, tudo isso em um piscar de olhos, o caos havia desaparecido e tudo estava de volta ao normal, com exceção dos aprendizes feridos, isso era óbvio. Por tudo ter acontecido tão rápido diante de seus olhos, ela presumiu que o mago havia feito uso de alguma magia temporal ou algo parecido, mas não possuia tanto conhecimento no assunto para que afirmasse tal especulação. Os aprendizes feridos se encontravam bem melhor, mas ainda precisavam de cuidado até estarem completamente bem outra vez, mas os danos psicológicos seriam difíceis de reparar, o que já era esperado dado todos os últimos acontecimentos. Feridas emocionais eram difíceis de sumir, sendo um desafio até para as artes místicas. As coisas que a magia podia fazer sempre lhe causavam certa admiração, mesmo que não tivesse qualquer pretensão em aprender suas artimanhas ou obter mais conhecimento do que o necessário. Talvez isso era advindo da criação que havia tido, o pai sempre fez o possível para manter os filhos longe de magia, fosse ela boa ou má, era simplesmente inaceitável para Florian, efeito colateral do que havia acontecido a esposa por conta da Rainha má, talvez. Dentre os gêmeos, Leonard era o único que havia demonstrado qualquer interesse por magia, mesmo que apenas na infância e isso não havia acabado nada bem, mas fora culpa dele afinal... Sabia muito bem o que aconteceria se o pai descobrisse que estava mexendo com magia e crianças não são muito espertas, era apenas óbvio que o rei descobriria uma hora ou outra o que Leonard andava aprontando escondido no castelo. Porém, Anika concordava que queimar tudo na frente do irmão havia sido uma atitude um tanto exagerada do rei de Schneeland. Fora inclusive nesse incidente, que ela havia desenvolvido o medo que tinha de fogo, ver o irmão correr entre as chamas para tentar salvar algo, do qual atualmente ele tanto desprezava, havia lhe deixado em completo pânico e desde então se via completamente paralisada quando cercada de muito fogo ou fogueiras, mantinha sempre distância. Não sabia exatamente o por que do fogo lhe aterrorizar tanto, visto que o calor ardente não tinha a alcançado. Durante o momento, seus olhos permaneceram paralisados, e até mesmo os sons de dor de seu irmão não haviam chegado aos seus ouvidos. O choque lhe abateu depois, sendo marcada pelo medo, enquanto Leon adquiria lembranças na pele. Depois de algum tempo, presumiu que aquilo devia estar relacionado ao fato de serem gêmeos, assim tendo uma ligação maior. Uma conexão que se fortalecia nas maiores desgraças.
As coisas se tornaram ainda mais estranhas no instituto quando a redoma cercou a ilha, deixando a sensação de estarem sem saída, isolados e completamente impotentes. O pior era permanecerem com o inimigo entre eles e poderia estar em qualquer lugar, sendo qualquer um. Ao menos essa era sua interpretação sobre aquilo, não era das mais espertas, mas sentia que o culpado do ataque não poderia estar muito longe quando o diretor chegou, a redoma era uma clara forma de o manter ali dentro, uma medida drástica para evitar que o resto de mítica tivesse que lidar com algo parecido ou até mesmo pior do que eles haviam vivenciado. O que tornava tudo ainda pior, todos pareciam manter o olhar da desconfiança, e todo o trauma ocasionado apenas dificultando qualquer convivência pacífica. Todos estavam presos e engaiolados, ansiando pelo o momento em que seriam libertados, assim como pássaros que haviam sido negados de seu direito primitivo. Não existia melhor analogia para isso, e uma coisa que a Snow havia aprendido desde muito nova era que pássaros foram criados com o intuito de serem livres, e pintarem os céus com suas asas, não para ficarem presos e serem analisados como objetos de aquisição. No entanto, a princesa fazia o possível para compreender as atitudes tomadas pelo diretor, mesmo que parecessem sem sentido ou muito impulsiva. Pelo menos em sua concepção, se ninguém pudesse sair, isso significaria que cedo ou tarde iriam descobrir quem era a o malfeitor de todos aqueles terríveis incidentes. A herdeira da Branca de Neve esperava que tudo se resolvesse o quanto antes, que o fim da confusão e melancolia fosse em breve, pois as vozes estavam se tornando cada vez mais audíveis em sua cabeça e ela temia que não fosse a única a escutar tais murmúrios maldosos,  indicando a terrível prova de que sua teoria de que o culpado estava preso com eles era sensata, e por mais que estar certa fosse bom, desejou estar pensando se forma errônea. Era difícil passar as horas do dia com aquelas suposições, a sensação de estar em constante ameaça apenas dificultando um respirar suave, sem o ofegar do desespero.
Tinha sido recente o comentário em que mencionou sobre como não costumava se lembrar de qualquer sonho ou pesadelo que tinha enquanto dormia, brincava que possuía um sono tão pesado que dormia tal que se assemelhava a um cadáver, e agora ela se perguntava se era possível ter sonhos mesmo após a morte. Ou se seriam apenas uma amostra de uma punição do narrador, rever seus piores medos diante de si. Agora aquele questionamento se tornava irrelevante, levando em conta sua vitalidade e os pesadelos pareciam lhe perseguir como uma forma de compensar os anos que não os teve, e no mundo dos sonhos todo seu controle era nulo e não era capaz de simplesmente ignorar as adversidades que surgiam. Em suas atuais tormentas noturnas, ela não tinha controle sobre si mesma, era como se fosse apenas uma espectadora dentro do próprio corpo, a mente gritava e implorava por ajuda, mas nenhum som deixava os lábios, mesmo que sentisse sua garganta rasgar com o desespero constante. Qualquer comando sobre o próprio corpo era inalcançável, ganhando em consequência uma das piores experiências da qual ela havia tido, desejando que tal coisa permanecesse apenas para as horas de sono. Suas próprias ações pareciam sem sentido quando permanecia naquele estado, se dando conta do que estava acontecendo apenas ao atear fogo por todo cômodo, as chamas brilhando em seu tom alaranjado e consumindo tudo que era possível, incluindo o oxigênio da sala. A fumaça dificultando a respiração e fazendo com que o pulmão sofresse em busca de ar. Não justificativas para que iniciasse um incêndio,  o fogo lhe deixando paralisada pelo medo, não conseguia fazer nada senão permanecer no centro da sala observando as chamas se manifestarem e destruírem tudo que viam pela frente, o que lhe incluía, a pele envolvida pelo calor, abraçada pelo fogo lentamente como se para prolongar o sofrimento e a dor. Um abraço mortal, tentando encerrar sua existência. A ardência espalhando por seus braços, descendo até às pernas e chegando ao peito. Uma sensação de queimação estridente, sua derme se desmanchando, uma agonia nada morna ou suave. Era uma dor incapaz de ser descrita com meras palavras, arrancando exasperação de seus lábios, causado pelo consumo do ardor. Era como estar se desfazendo em pedaços, apagando quem era e deixando os rastros de um passado, se destruindo da forma mais dolorosa. Transformando em cinzas, tudo o que um dia foi. E então, só então, ela conseguia gritar, um grito estridente de dor alto o suficiente para que despertasse de seu sonho, tal como acordasse a pobre colega de quarto.
Sempre considerou que o medo que tinha de fogo fosse pela conexão que tinha com o irmão, já que ele que havia vivenciado algo traumático com o elemento, mas quando lhe questionou se o mesmo estava tendo tais pesadelos, ele negou, o que apenas lhe deixou ainda mais confusa. E as vozes a chamando para se aventurar na floresta, se tornavam cada vez mais insistentes e frequentes, em sua concepção os argumentos que as vozes usavam eram bem convincentes, sua melhor amiga havia desaparecido e era claro que ela se agarraria a qualquer oportunidade de a encontrar outra vez, ainda com aquela sendo uma ótima chance para provar a si mesma de que era uma pessoa boa e altruísta. A única coisa que a segurava era a sensação de não ser forte o suficiente para que salvasse alguém e ainda voltasse viva, a morte não era bem algo que qualquer um almejava, mesmo que às vezes a princesa tivesse o mal costume de se colocar em situações arriscadas. 
Então, ela recorreu a pessoa que achou ser mais habilitada para lhe ensinar mais sobre lutas e armas, já havia utilizado o auxílio de Diana outras vezes e a conhecia por tempo o suficiente para saber que ela jamais recusaria lhe ajudar perante aquela situação, mesmo que como já era esperado, ela quisesse a acompanhar em sua jornada. Coisa que Anika negou, argumentando que não queria colocar a Hunter em risco, o que fez a outra rir um pouco, já que entre as duas a que correria mais riscos era a princesa e não precisava ser muito inteligente para constatar tal coisa. Mesmo com a batalha de argumentos em sua maioria inválidos, usados pela herdeira da Branca de neve, a outra concordou em lhe treinar mais, para que estivesse preparada fosse lá o que tivesse de enfrentar dentro da floresta. 
—Ainda acho que eu deveria te acompanhar. — Diana falou enquanto atacava, o primeiro fora desviado, com sorte, um puro instinto que havia dado certo. Mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, não tão rápido. Ao mesmo tempo que seu corpo fora para trás e em direção a esquerda, Diana conseguiu ser ainda mais rápida. Com um avanço instantâneo, direcionou a perna direita para enroscar na sua própria, tirando sua atenção por momentos necessários. O suficiente para que seu ombro fosse empurrado, dividindo os movimentos em direções opostas, não tendo outra opção a não ser a queda, ocasionada pela falta de equilíbrio. —Está vendo? 
Agora no chão, a respiração era instável e ofegante. Poderia desistir, mas não se daria por vencida. Desceu os olhos por segundos ao corpo alheio, apoiando as mãos no chão em um  estalo de tempo, dando o impulso certo. Com um supetão, levantou o quadril e as pernas, conseguindo agarrar a cintura alheia, com força o suficiente que a trouxesse para baixo, rolando ao lado e invertendo as posições. A mão ágil logo sacando a adaga que carregava rente ao próprio corpo e a pressionando sob a garganta alheia, usando força necessária apenas para que ela sentisse o gélido do objeto metálico contra a garganta. —Você é uma ótima professora, Di, vou conseguir me virar.
Sabia muito bem que a Hunter poderia inverter a situação caso quisesse, sempre seria muito melhor em combate do que a princesa, mas talvez estivesse expressando um pouco de bondade e educação ao não a contrariar quando Anika parecia tão contente com o feito. Não treinaram apenas combate corporal, mas também o uso de outras armas brancas caso o seu uso fosse necessário, a princesa gostava muito do arco e flecha, visto que poderia o usar mantendo certa distância do inimigo, era algo que combinava consigo, nunca enfrentar o problema cara a cara. Não tinha tanto conhecimento sobre como manejar uma espada, então, não achou que treinar esgrima lhe traria qualquer vantagem quando tinha tão pouco tempo. Diana parecia ter confiança no que havia ensinado a princesa, mas ainda parecia receosa em deixar que outra encarasse a floresta sozinha, falando por uma última vez no fim do treino. 
—Se mudar de ideia, não hesite em me chamar, Snow. 
Toda a situação com a redoma e as vozes  era difícil o suficiente, e a herdeira da Branca de Neve ainda tinha arranjado outro problema a ser resolvido, o guaxinim. Merlin havia de fato salvo a vida de diversos aprendizes, mas não havia tido a mesma consideração ou sucesso em fazer isso com os animais da floresta e a família de Foguete foi uma das que sofreu com isso. Ele havia realizado uma aliança, junto a ela e Calliope, na esperança de salvar sua família, mas quando chegaram ao esconderijo do bichano, chegaram tarde demais. O pobre animal havia ficado completamente desolado e a princesa não o culpava por isso, ela sequer podia imaginar toda a dor que ele estava sentindo ao perder aqueles que eram tão importantes para si, a sensação de que se não tivesse os deixado para buscar suprimentos, poderia ter os protegido ou.... Morrido junto deles ao menos. Jinskí e Anika faziam o possível para o consolar, na esperança de que se ele tivesse suporte conseguiria enfrentar tudo aquilo e ser feliz outra vez, era o que a família dele iria querer. Isso gerou uma aproximação imediata, banhada na confiança após tragédias, mesmo que Foguete ainda estivesse com certo receio em relação a Accalia, a loba branca da qual Anika cuidava desde a infância. E agora, ela tinha os três animais tentando a  convencer de não entrar na floresta e que se o fizesse, deveria os levar junto, o que era um absurdo sem cabimento algum.
—Já disse que essa é uma ideia horrenda! Você não está pensando direito sobre isso, Annie! — A visão do furão lhe dando uma bronca no meio do jardim era um tanto estranho para quem via de fora, mas ela já estava bem acostumada com aquilo, Jinskí gostava de se auto dominar a voz da razão na vida da princesa. —Por que você nunca escuta o que eu digo?!
—Por que ela é claramente desmiolada! —A voz do guaxinim era empregada de seu mal humor costumeiro, havia descoberto nesse meio tempo de vivência que Foguete costumava ser bem rude e mal humorado quando algo lhe preocupava, o que ela achava fofo já que mostrava que ele era um animal do bem e que se preocupava com os outros mesmo que suas falas fossem rudes ao se expressar. Não era como se o pudesse culpar por não saber expressar bem os sentimentos, era difícil. —Me leva com você! Eu não tenho nada a perder e certamente conheço o lugar melhor que você.
—Já disse que está fora de cogitação levar qualquer um de vocês! É muito arriscado! E por favor, não fale assim, Foguete, você ainda tem uma vida toda pela frente… Não quero que nenhum de vocês se arrisquem por mim, quero que fiquem a salvo. — Foi a primeira vez da qual ela se pronunciou desde que começaram a lhe passar uma dúzia de sermões, os adorava imensamente e não queria que nenhum mal ocorresse a eles, claro que também sentia certo receio em ir sozinha, mas não queria colocar mais ninguém em risco, isso significava que ela era uma boa pessoa, não? —Sei que querem ajudar, então, peço que fiquem no instituto e protejam os outros aprendizes, eles vão precisar de vocês. 
—Você também pode precisar da nossa ajuda na floresta, Anika. — Argumentou Accalia, a mais calada dos três animais, talvez por ser a mais velha e menos tagarela ali, ela mais observava do que falava, justamente o que parecia incomodar Foguete. —Se me permite, está sendo extremamente hipócrita ao pedir que não nos coloquemos em risco quando fará justamente isso. Você não deve nada a ninguém, tem pessoas mais preparadas para lidar com a situação sem que você tenha que se colocar em risco, não é a sua responsabilidade. 
—Vocês não entendem, se existe uma chance de resolver tudo isso o quanto antes, eu preciso tentar! — Tentou argumentar, por mais que as palavras da loba tivessem lhe pegado desprevenida, sabia Accalia tinha certa coerência no que falava, mas aquele não era momento para coerências. Aquela era sua chance de agir de forma altruísta, de se arriscar em prol dos outros, mesmo que não sobrevivesse para contar a história, ao menos teria provado o que queria provar. 
—Mesmo que você tenha que morrer pra isso?! Você sequer se escuta quando fala, garota? Coragem tem de sobra, porque bom senso tá em falta! — Accalia e Jinskí lançaram um olhar feio para Foguete, que parecia indiferente com os olhares, estava falando a verdade dele da forma que melhor sabia se expressar. —Não adianta ficarem me olhando assim, não tenho culpa dela ter pistache no lugar do cérebro!
—Você não precisa ser tão rude, já falamos sobre isso Foguete… — Tentou o furão, mas Anika apenas fez um gesto com a mão para que ele parasse, não precisavam entrar nessa discussão também. 
—Ele está apenas se expressando e bem… Se isso faz vocês felizes, eu não irei mais na floresta então. — Respondeu após um longo suspiro, tentando dar um fim e toda aquela discussão, se ajoelhando na grama e afagando a cabeça de cada um deles, ouvindo um resmungo de Foguete na vez dele, o que lhe fez soltar uma pequena risada antes de seguir em um tom de voz mais sério. —Mas me prometam que ficarão em segurança!
E eles prometeram, ainda que estivessem desconfiados da súbita mudança de coração da princesa e estavam completamente certos em tal desconfiança, visto que ela havia mentido apenas para os manter longe de todo o problema. Estava tão acostumada a mentir para lidar com as situações difíceis que já o fazia com maestria, as vezes até mesmo esquecia que poderia ser sincera, apenas pelo costume de lidar com tudo da forma mais bela. Tinha consciência do quão arriscado aquilo poderia ser, mas ela não se importava com o que teria de enfrentar contanto que tivesse a mínima chance de encontrar algum dos desaparecidos, nem que morresse tentando. Aquela era sua chance de fazer algo realmente bom, assim provando a si mesma de que estava errada nos últimos dias, de que ela poderia ser tão boa quanto a mãe era, que estava longe de ser uma pessoa ruim, que não tinha culpa das coisas que aconteciam ao seu redor, da forma como as pessoas próximas dela pareciam sofrer. Antes de partir em sua jornada, ela por mais que soubesse que era errado acabou roubando duas poções de cura de Nymphadora, sabia que se caso pedisse ou falasse sobre, também não lhe deixaria ir e já estava cansada de ficar sentada esperando que outra pessoa tomasse alguma atitude. 
—Garanta que nenhum deles venha atrás de mim, lhe recompensarei mais tarde, Aldolf. — O lobo assentiu em concordância, Aldolf era o fiel escudeiro do irmão gêmeo de Anika, mas como apenas ela conseguia se comunicar com ele, ambos haviam criado um laço também, mesmo que ela preferisse não pensar em como ele havia se iniciado, o importante era a lealdade do animal a ela. Afagou a cabeça do animal e sorriu em sua direção, antes de começar a se afastar, não sem antes olhar para trás e se despedir. —Até logo, eu espero. 
𝒀𝒐𝒖 𝒄𝒂𝒏'𝒕 𝒂𝒍𝒘𝒂𝒚𝒔 𝒓𝒖𝒏𝒂𝒘𝒂𝒚
“Welcome to the panic room
Where all your darkest fears
are gonna come for you”
(Panic Room - Au/Ra)
Aviso: Interrompemos a programação para os advertir de que o arco a seguir contém: Sangue, agressão aos animais e a mulher, muitas cobras e morte, muita morte. Você foi avisado e escolhe se quer prosseguir, aconselho uma pequena pausa para beber uma água e descansar os olhos.
A floresta assombrada era densa e as árvores enormes e assustadoras, sempre deixando a sensação de que algo se escondia entre elas. Claro que ao passar tanto tempo entre elas, medo não era algo que lhe definia em relação a isso. A única coisa que incomodava, eram as vozes estarem sussurrando algo do qual ela não conseguia compreender, como um segredo que ninguém poderia saber. Talvez nem mesmo ela. Causava um frio na espinha, gatilhando um instinto automático de se encolher entre os passos que dava, temendo o que estava por vir. Considerava que havia se preparado bem, visto carregava as duas poções na bolsa de couro lateral, caindo do ombro até a cintura, guardando o que havia pego. Era escura, segura e fácil de carregar. O arco longo estava em sua mãos, e logo na calça, um cinto acoplava as duas adagas que havia levado, mantendo-as rente ao corpo. E como em um livro, aquela talvez fosse a hora em que tudo parava ao se deparar com uma ameaça, os pés se recusando a avançar e o susto imediato ao ouvir o rugido de um urso. Sua primeira reação foi negar, balançando a cabeça para espantar o que quer que fosse, sem acreditar se isso era real ou apenas uma ilusão sonora. Quis se segurar na afirmativa de que estava louca e aquilo não estava acontecendo. 
Esse é apenas o começo… É viver ou morrer… Apenas um poderá sair vivo daqui.
Um embaralho de sussurros se formou em seu ouvido, o tom sendo macabro e lhe embrulhava o estômago, um terrível enjôo causado pela negação. Não queria aquilo, qualquer coisa menos aquilo. Mesmo depois do que ocorreu na infância, quando quase morreu por conta de um urso furioso, ela não possuía um medo horrendo do animal, obviamente possuía certo receio e optava por manter uma distância segura, tal como fazia com qualquer coisa ou tópico que lhe incomodasse, e naquela situação ela estava sendo obrigada a enfrentá-lo. Lutar contra um animal ia contra tudo que ela acreditava, era inaceitável para si, mas não importava o quanto ela tentasse chamar o urso, gritar e pedir que não a machucasse, nenhuma resposta era obtida e tudo que que ganhava eram os rugidos furiosos. Lágrimas começaram a rolar pela face dela, que só se deu conta disso quando a visão ficou embaçada, presa em um looping temporal, flashs do passado em sua frente, reprisando o próprio sofrimento. Voltava a sentir as garras cortarem sua pele, só que daquela vez não haveria ninguém para lhe salvar e ela mesma havia se certificado disso, estava se sabotando, como sempre, e as consequências se tornavam piores.  Passou as costas da mão no rosto para o secar, não tinha tempo para choro agora, estava na hora de provar que ela era forte o suficiente para se proteger sozinha e sem a ajuda de ninguém. Ainda assim, tentou um chamado pelo urso uma última vez, como se pudesse o alcançar com algum grito.
—Você não precisa lutar comigo… Eu… Eu posso ajudar você!
Mentiras não vão lhe ajudar agora, princesa… 
—Eu não estou mentindo!
Berrou para o nada, no fundo reconhecendo que aquilo era mais uma das milhares mentiras contadas. A estupidez se mostrava nítida ao prometer ajuda ao urso, quando não fazia ideia de como ajudar o animal, inclusive com este seguindo a irracionalidade e cada vez mais próximo de si, não lhe dando outra alternativa senão disparar uma das flechas na direção dele, visando não o acertar, mas o distrair ou qualquer coisa próxima a isso. O que claramente não funcionou e apenas serviu para o irritar ainda mais, não queria sucumbir a ideia do que a voz tentava incitar, não queria o ferir. E pela segunda vez na vida, ela se via diante de um animal que havia perdido completamente qualquer habilidade de comunicação, não queria aceitar aquilo, mesmo que ela mesma já tivesse o dito em uma conversa antes. Se as coisas fossem tão fáceis de serem resolvidas, não haveriam guerras. E naquele momento, ela travava uma batalha interna contra si mesma, o instinto de sobrevivência contra sua empatia para com os animais, era como a voz havia dito, era viver ou morrer. 
Pensei que quisesse achar os desaparecidos… Mas vejo que não está tão disposta assim… 
—Eu estou! Juro que estou! — Falou de forma desesperada, tentando se afastar do urso o máximo que podia, subindo em uma árvore que esperava ser alta o suficiente para que ele não a alcançasse, afinal, não tinha qualquer chance em um combate corpo a corpo com o animal.
Não é o que parece, se realmente quiser salvar alguém vai precisar salvar a si mesma primeiro… E só existe um jeito de fazer isso… 
Ela sabia disso, queria dizer que não havia entendido, mas apenas fechar os olhos e ignorar o problema não o resolveria, não naquele momento ou momento algum de sua vida, ela estava aprendendo a lidar com isso aos poucos e da pior forma possível. Mirou no urso outra vez, mas dessa vez sabendo que deveria o acertar mesmo que isso fosse contra cada átomo de seu corpo, ela não tinha outra saída senão ir contra seus ideias. Quando a flecha foi disparada, seus olhos foram fechados com força, e os dedos tremiam, não de medo, mas apenas aflição e tristeza, que só aumentou ao ouvir o choro de dor do animal ao ter a flecha perfurando o olho direito. Sentiu uma lágrima quente descer pela bochecha, enquanto preparava outra flecha e a disparava, agora acertando o braço do urso, que se aproximou dela de forma rápida, completamente dominado pela fúria. A princesa se agarrou ao tronco da árvore e tentou subir mais na árvore, mas não foi rápida o suficiente visto que o animal conseguiu capturar sua bota e rasgar a pele da perna direita, recolheu a perna para cima, a adrenalina era tanto que sequer sentia a dor ardente da ferida.
Você não pode fugir para sempre… uma hora vai ter que enfrentar seus problemas…
Eu sei, ela quis gritar de volta, mas achou que seria inútil discutir com uma voz que soava em sua cabeça. Ela teve de reunir toda a força e coragem que tinha para colocar o arco atravessado nas costas e pegar uma de suas adagas, ela se odiava pelo que faria a seguir e por mais que por um momento tivesse cogitado que seria mais fácil acertar a si mesma e não o urso, esse pensamento logo se dissipou, ela precisava sobreviver, não pelos outros, mas por si mesma. Em um milésimo de segundo, ela pulou nas costas do urso, o braço esquerdo se agarrando ao pescoço dele, a mão direita que empunhava a adaga se cravou no pescoço do animal. A lâmina entrava e perfurava entre os pelos, chegando na pele e deixando rastros da violência. Esfaqueou não apenas uma, mas diversas vezes. A adrenalina e exasperação tornando tal ação possível, mesmo que sentisse que a cada perfuração, era um pedaço de si que ia embora. O urso urrou em dor e ela gritou junto enquanto o animal caía no chão, ficando por cima dele e simplesmente não conseguia parar, o apunhalando no ritmo em que as lágrimas rolavam livremente pelo rosto, sendo impossível de contar. As gotículas do líquido vermelho espirrando até seus traços faciais estarem manchados, indicando que havia tirado uma vida com as próprias mãos.
Agora isso é interessante… mas o apunhalar pelas costas é um pouco cruel, não acha?
Foi a voz soando em sua cabeça que fez com que ela saísse daquele terrível transe e parasse de apunhalar, soltando a adaga no chão em puro choque com o que havia acabado de fazer, as mãos cobertas pelo sangue do urso. Ela não queria acreditar no que havia feito, mas ao olhar para os olhos sem vida a sua frente, ela não teve mais dúvidas do que havia acontecido. Subitamente não tinha mais forças, deixou que o corpo tombasse contra o cadáver abaixo de si, o abraçando enquanto chorava e implorava por perdão, mesmo que soubesse que não obteria qualquer resposta, já era tarde demais para que obtivesse qualquer perdão vinda do corpo sem batimentos que se agarrava em desolação. Mesmo que soubesse que não havia mais nada a ser feito naquela situação, era inevitável que se sentisse mal por ter o matado e todo o sangue que encharcou suas mãos lhe deixavam aflita, fez o que teve de ser feito, mas torcia para que nunca mais tivesse que chegar aquele extremo tão doloroso outra vez. 
Apenas se levantou quando mal conseguia mais respirar direito devido ao choro, calçou a bota quase completamente detonada pelo urso, só então sentindo a dor na perna direita, tendo de passar a colocar mais peso na perna esquerda ao caminhar, sabia que tinha de seguir em frente ou tudo aquilo teria sido em vão e prometeu a si mesma não deixar que a morte do animal fosse em vão. As vozes haviam cessado, talvez estivessem lhe dando um breve momento de paz ou estivessem cansadas de todo o choro dela, ainda assim, ela não desistiria de seguir em frente, precisava achar algo ou alguém. E foi com esse pensamento, enquanto seguia por entre as árvores, que os sussurros voltaram e dessa vez completamente incompreensíveis. Cada vez mais altos, estridentes e completamente insuportáveis. Colocou as mãos sob o ouvido, apertando os olhos em reação. Desejou o fim, que aquilo cessasse, e em como um piscar, tudo mudou.
Se encontrava em um salão de bailes, ao lado dos pais, desceu o olhar para si mesma em busca das armas e do sangue, se separando com a ausência de ambos fatores. Apesar da rapidez que causava uma leve tontura, antes que pudesse questionar aquilo, toda aquela preocupação parecia estar se esvaindo aos poucos e todo o cenário à sua volta se tornar mais vivido. Quando o olhou para o topo da escadaria, para onde todos olhavam agora, sua expressão foi de pura confusão ao ver Leonard com Nymphadora ao seu lado, como sua acompanhante na frente de todos. Aos poucos lhe veio a mente de que eles estavam juntos a um tempo, em completo segredo, ela havia ficado chocada quando soube e com medo de que o irmão pudesse magoar a melhor amiga, ela já havia sofrido demais, mas como ele lhe prometeu que não o faria, ela concordou em os ajudar, só queria vê-los feliz. E também isso acabava com a competição entre os gêmeos, afinal, em sua cabeça era uma escolha simples entre o amor verdadeiro ou a coroa e todo o poder que vinha com ela. Seu irmão claramente havia escolhido a primeira opção. O que deixava ela com a coroa, como sempre era para ter sido desde o início, um caminho sem dúvidas e pelo qual ela havia se esforçado para conseguir. Direcionou um sorriso na direção do irmão, mas ao voltar o olhar para o pai, o rei possuía uma expressão fria no rosto, o olhar tão gélido que superava os mais terríveis invernos que Schneeland já havia enfrentado.. 
Subitamente tudo desapareceu e quando ela abriu os olhos outra vez, estavam no escritório do pai, Leonard e Florian se encontravam em uma discussão acalorada. Branca já havia tentado de tudo para acalmar o marido, mas nada parecia funcionar, então agora, ela se encontrava em um canto da sala, chorando baixo e tentando acalmar os próprios nervos. Anika se sentiu na necessidade de fazer algo para remediar aquela situação. Mas não era como se nenhum dos gêmeos não esperasse aquela reação vinda do pai, visto que ele repudiava magia em todas as formas e por consequência, havia detestado Nymphadora desde o dia que ela colocou os pés em seu reino. A princesa então interviu, se colocando entre os dois homens antes que aquela discussão ficasse ainda pior, não gostava de quando a família se dividia e brigava entre si. 
—Meu pai, sei que é difícil de aceitar, mas, Nymphadora é uma boa pessoa e não nos fará mal algum! É a primeira vez em anos que vejo Leonard tão radiante!
—Ela é uma bruxa! Deve ter os colocado em sob algum encantamento! E isso é tudo culpa sua! Por insistir em se aproximar desse tipo de gente! — Florian falava com o mais puro ódio, uma veia saltada na testa enquanto apontava o dedo na cara da filha, ele parecia completamente fora de si. —E você ainda apoia ele, não vê que aquela bruxa está os manipulando?! Sempre soube que não era das mais brilhantes, mas nunca pensei que fosse tão estúpida!
—Por favor, se acalme… Ela não está manipulando ninguém, tão pouco planeja tomar o controle do reino, quando decidiu ficar com Nymphadora, Leonard desistiu de nossa competição, eu sou a herdeira ao trono. — Respondeu em um tom bem mais calmo em relação ao pai, mesmo que as palavras dele lhe doessem no coração, optava por não demonstrar e apenas sorrir levemente como se aquilo resolvesse o problema em questão. 
—Criança tola! Isso é exatamente o que ela quer que você pense! — Ele então se virou na direção de Branca, Anika sabia que nada de bom sairia da boca do pai naquele estado, mas não pode o impedir de falar nada, mesmo que temesse pelo estado da mãe que já se encontrava fragilizada com tudo aquilo. —É culpa sua que eles sejam assim! Eu deveria ter lhe deixado para apodrecer naquela floresta!
—Não fale assim com el…
Não conseguiu terminar sua frase e demorou alguns segundos para compreender o que havia acabado de ocorrer, tamanha a incredulidade que sentia. Tudo havia se silenciado e tudo que ela pode ouvir foi um zunido alto e o grito embargado da mãe seguido do som de socos, que presumiu serem vindos de Leonard. E então veio o formigamento no lado esquerdo da face e a realização, o pai havia lhe estapeado, e a dor emocional que aquilo carregava era maior que a física que sentia no momento. Florian poderia ser um pai extremamente rígido ao longo dos anos, lhe fazendo muitas exigências e cobranças, mas nunca havia levantado a mão para ela, que nunca achou que o pai seria capaz de tal coisa. Mas agora ela conseguia entender muito bem, de onde vinha a imensa raiva e agressividade que ela guardava de seu interior, a parte ruim da qual ela tanto tentava suprimir. Levou uma mão até o próprio rosto, sentindo a pele arder como se estivesse em chamas, as lágrimas lhe dificultavam a visão e tudo que ouvia era o som de coisas quebradas e gritos. E então, antes que ela tivesse o tempo de ter qualquer reação, o cenário mudou novamente. 
—Não, não, não…
A princesa choramingava enquanto segurava o corpo da melhor amiga, os cabelos escuros espalhados pelo chão, os olhos que eram animados ao lhe ver, agora nunca mais se abririam. As mãos se posicionavam no abdômen alheio, tentando conter o sangue que escorria sem um fim, manchando suas mãos, as roupas e o chão. Segurava o corpo sem vida, de alguém que sempre esteve ao seu lado. Era impossível acreditar que o pai havia feito tamanha crueldade, que não havia sido capaz de o impedir. Ela era fraca. Patética. E tudo aquilo era culpa dela, se tivesse feito tudo diferente… Poderia ter evitado todo aquele sangue e morte. Apenas foi tirada de seus devaneios de culpa ao ouvir o grito de sua mãe, retirando o olhar do corpo morto e direcionando para a cena ao lado, se deparando com a rainha chorando abraçada ao corpo ensanguentado do marido, enquanto de pé ao lado deles se encontrava Leonard ensanguentado e um dos braços machucados. Um sorriso cruel e vazio no rosto, deixando o maior semblante de alguém abatido, que não tinha mais nada e decidiu destruir o que restava. Queria acreditar que aquilo tudo era mentira, queria poder ignorar como sempre fazia. Se levantou às pressas e correu até o irmão, incrédula com seus atos, se recusando a aceitar que tudo aquilo estava acontecendo. 
—Leonard… Por que?
—Isso é tudo culpa sua… E agora você vai pagar por isso. — As palavras frias e cortantes lhe atingiram com tudo, mas não foram só as palavras que a atingiram, a espada que o irmão segurava lhe perfurou o abdômen e ela sentiu o objeto ser torcido ainda dentro dela. Soltou um grito na mais pura dor e desespero, fechando os olhos com força, sentindo o cheiro e o gosto da morte em sua boca, era aterrorizante e acolhedor ao mesmo tempo.
Está vendo, Anika? É isso que irá acontecer se continuar pelo caminho que está… É isso que quer? Destruir a felicidade da sua família? 
A princesa não teve tempo de entender o que estava acontecendo, tão pouco de retrucar a voz, já que quando se deu conta estava em um buraco, o que lhe rendeu alguns machucados e uma dor ainda maior na perna direita, resultados de uma queda terrível. Tentar escalar usando as mãos seria completamente inútil naquela situação. Então, pensou em usar as flechas, teria ainda de exercer força para subir, o que seria difícil quando uma perna estava machucada, mas em situações assim ignorar a dor se via necessário. Cravou duas flechas contra a parede do buraco e começou a subir, a dor na perna direita doendo tanto que ela não pode evitar o grunhido ao sentir o sangue escorrendo, e então, algo escamoso lhe puxou para baixo com força a fazendo cair sentada. Haviam dezenas de cobras naquele buraco e só agora ela havia se dado conta disso, era quase como se o poder de as ouvir tivesse desaparecido por alguns instantes, mas agora vinha a tona. Com as serpentes sibilando que ela deveria ficar ali e que não podiam a deixar sair, estavam a mando de alguém, mas se recusaram a dizer quem. Quando viu alguém passar ao olhar para cima, gritou pedindo ajuda, mas logo se arrependendo ao ver quem era, ainda mais quando ele simplesmente olhou para ela e seguiu o caminho dele como se não tivesse visto nada, a fazendo resmungar alto. 
—Achou que eu ia te abandonar, Snow? 
—Não seria a primeira vez, Le fay. — Retrucou em um tom seco, olhando para ele com irritação, tentando ignorar o sibilar das cobras. —Agora faça algo para me tirar daqui!
—Só se você pedir com educação, Snow. — Ele sorriu parecendo se divertir com a irritação dela, como se fosse divertido para ele a ver se humilhando e se rebaixando, o que apenas lhe enfurecia mais ainda. 
—Você pode, por favor, me ajudar a sair daqui? — Pediu com certa dificuldade agora que uma cobra enorme se enrolava em seu pescoço, lhe privando aos poucos a respiração. 
Ele apenas deu de ombros e começou a recitar algo do qual ela não conseguia ouvir, já que os sibilos das cobras se tornaram cada vez mais altas, se misturando umas com as outras e se tornando impossível qualquer compreensão. Até que uma luz violeta cobriu as cobras e ela se transfiguravam em uma grande corda, da qual ela jogou para cima, assim deixando que Brian segurasse a corda, para que ela pudesse subir, ainda com receio de que ele não teria força o suficiente para assegurar. Mesmo assim, ela se esforçou para subir e mascarar a express��o de dor sempre que colocava força na perna direita, suspirando quando finalmente chegou ao topo do buraco. 
—Elas vão voltar ao normal em breve, não é? — Questionou preocupada com as cobras, que a agora eram uma longa corda, seria horrível se ficassem daquela forma para sempre, se bem que não achava que o bruxo tinha poderes para tal. Então, aproveitou da oportunidade para zombar dele, já que o mesmo havia lhe irritado anteriormente. —Devem voltar, afinal, não acho que você seja forte o suficiente para manter a transfiguração por muito tempo…
—Pelo menos eu tenho poder para fazer algo e você? Ia pedir gentilmente para as cobras lhe soltarem? Isso não parecia estar indo bem, se quer saber.
Ele retrucou com certo deboche, o que serviu apenas para alimentar ainda mais a raiva que ela parecia carregar dentro de si, o sentimento era ainda maior considerando o fato de que ela nunca externalizava a raiva como deveria. E então isso emergiu em segundos, seu corpo andando sem que nem pensasse. Os nervos de seu corpo  eram estimulados pela a impulsividade, deixando que o primeiro golpe fosse dado. Ergueu a perna, em uma tentativa de dar um chute. Quando seu pé quase alcançou o desejado, o bruxo fora mais rápido, jogando-se para o lado. Mesmo com o desequilíbrio imediato, firmou o pé no chão e no mesmo momento, foi na direção do mais alto. Esse que, pela explosão de ações em mesmo segundo, não foi rápido para desviar da mão em seu rosto, fazendo com que virasse para o lado. Por puro instinto, reflexo, ou talvez apenas grosseria, o mais novo lhe empurrou. O impulso sendo incisivo o suficiente para que perdesse as forças, caindo ao chão no mesmo instante, tendo o corpo chocado contra a terra.
—Ficou louca, Snow?!
Talvez, ela cogitou responder enquanto o encarava com raiva no olhar, sabia que estava agindo fora de seu normal, se deixando ser tomada pelas emoções que por muitos anos acumulava dentro de si, deixando todo o ressentimento e mágoa emergir. Ela teve de contar até cinco, uma forma de se acalmar e voltar ao seu normal, com o sorriso falso no rosto e os olhos desprovidos de qualquer emoção real, voltando a ser contida como havia sido ensinada desde muito nova. Expor os sentimentos daquela forma poderia ser visto como fraqueza, usado contra si mais tarde e ela se veria sem argumentos, por isso sempre fazia questão de se manter contida e reservada. Se levantou, limpando as próprias roupas para que não ficassem mais sujas que já estavam, notando que ainda havia sangue seco em suas mãos, lhe fazendo soltar um breve suspiro. Abriu a bolsa de couro e retirou uma das poções de cura de lá, a oferecendo para o bruxo, uma gentileza de sua parte depois do que havia feito. Mas sem pedir qualquer perdão, mesmo que tivesse se exaltado, não o julgava digno de qualquer perdão vindo dela depois de tudo. 
—Toma, é uma poção de cura por ter me salvado. 
𝑾𝒆'𝒓𝒆 𝒂𝒍𝒍 𝒃𝒐𝒓𝒏 𝒕𝒐 𝒅𝒊𝒆
“I assure you; while I look like a ghost,
I’m no spirit or demon. I’m nothing
but a girl struggling to make her way
in an intolerant world; I bleed, I love, 
and someday, I’ll die.”
(Leanna Renee)
Aviso: Interrompemos a programação para o advertir de que o arco a seguir contém: Fogo, agressão a criatura mágica, sangue e morte. Se você leu até aqui, parabéns, você é definitivamente determinado e tem muita paciência, obrigada. Não esqueça de fazer uma pausa para descansar os olhos, não queremos ninguém com dor de cabeça. 
Depois que Brian seguiu seu caminho pela floresta, lhe deixando sozinha com os próprios pensamentos, esses que agora ela não mais ignorava por completo, sequer tentava os silenciar, estava farta do próprio conformismo. Mas ainda era uma pessoa boa e isso se comprova pelo fato de ter dado uma de suas poções de cura ao bruxo, podia ter simplesmente guardado para si e desejado que ele acabasse morto na floresta, mas não o fez e isso tinha de valer algo. Certo, ela não era perfeita, jamais conseguiria ser e estava tentando lidar com isso. Todos tinham um lado ruim e um lado bom, o importante era achar o equilíbrio, se ela era capaz de aceitar e apoiar os outros reconhecendo isso, se ela conseguia perdoar os erros cometidos por eles, com algumas exceções a parte, eles perdoariam os erros dela também, certo? 
Não, todos vão lhe julgar… É isso que sempre fazem, apontar o dedo é mais fácil do que se encarar no espelho, sabe bem disso. 
De fato, compreendia aquilo melhor do que qualquer um, colocar a culpa nas outras pessoas e jamais assumir seus erros era sempre a saída mais fácil, mas isso não o tornava o caminho certo. Só então que ela percebeu, estava com medo, não apenas do que os outros poderiam pensar dela, mas em especial, ela estava completamente aterrorizada pela ideia de ser ela mesma. E de todas as implicâncias que poderiam surgir caso ela o fizesse, de fazer o que queria e falar o que desejava sem qualquer resguardo, de viver a própria vida para si e não para os outros. Estava tão presa a ideia de desapontar os outros, que acabou se tornando um desapontamento para si mesma, ela mesma se colocava em uma gaiola, se privou de viver e de sentir, pelo medo de como isso impactaria na vida alheia. Mas agora, ela parecia perceber que independente da forma que ela agisse, escolhas teriam consequências e se ela estava sozinha naquele momento, foi por que escolheu se isolar e se privar de ajuda. 
Tudo estava calmo, até demais visto o que havia acontecido durante sua jornada até ali, o que era preocupante e não lhe trazia alívio algum, enquanto ela caminhava quase arrastando o pé machucado. Guardando a poção para caso tivesse que enfrentar algo pior, já não esperava nada de bom vindo de dentro daquela floresta maldita, para alguém que adorava a natureza, ela estava detestando a excursão. Foi então que a última criatura que ela esperava encontrar em uma floresta apareceu, uma salamandra de fogo, enorme.  A cauda grande e as escamas vermelhas e douradas, que pela velocidade que a criatura se movimentava, mais parecia um borrão laranja diante de seus olhos. O que logo fez com que ela sacasse o arco, agora ela não pensou duas vezes antes de atirar contra o animal, pois temia que a partir do momento que o fogo surgisse com ele, ela ficaria paralisada como em seus pesadelos e jamais voltaria para o instituto. A primeira flecha quase o atingiu, mas ele fez uso da cauda para a parar, e a segunda acertou em cheio na cauda do animal, o fazendo grunhir e cuspir uma longa labareda de fogo em sua direção. 
Tentou correr para não ser pega pelas chamas, deixando o instinto de sobrevivência tomar conta de si, que tendo parte de sua manga começando a queimar e ela teve de bater na mesma de forma exagerada para que apagasse o fogo. E por pouco conseguiu atirar outra flecha na direção do lagarto, dessa vez acertando em cheio no corpo esguio, que soltou outro grunhido e investiu sem ver para onde estava indo, acabando por bater contudo contra uma árvore e a colocar em chamas. Que foi o suficiente para que Anika corresse para longe outra vez, atirando duas flechas seguidas, uma acertou a árvore enquanto a outra acertou o corpo do animal mais uma vez, o fazendo cuspir fogo para si ao gritar, deixando as folhas queimadas caírem para todo o lado, aumentando o fogo que já parecia estar se alastrando a sua volta. 
O combate se seguiu por mais alguns minutos, entre muitos erros e acertos até que a criatura fugiu por entre as árvores a deixando para trás em meio ao caos e só então ela se deu conta que estava completamente rodeada pelo fogo, ela sentiu o corpo enrijecer, não conseguia sair do lugar e o mais puro pânico e terror tomou conta de seu corpo. E enquanto olhava para as chamas, foi como se ocorresse um clique em sua cabeça e subitamente tudo fizesse sentido, o medo que ela sentia do fogo, nada mais era do que a culpa que a corroía por dentro, culpa da qual ela ignorava e optava por não pensar, por que tudo era mais fácil quando ignorado. Toda a situação no passado havia se iniciado por culpa dela, que com medo de que o pai a deixasse de lado para valorizar o irmão que se mostrava muito melhor que ela em tudo, e por conta desse temor ela o observou por cerca de um mês até que finalmente conseguisse algo que pudesse usar contra ele. Claro, como uma criança de dez anos, não tinha total consciência do que aconteceria quando contou ao pai sobre o envolvimento secreto do irmão com magia. Mas não era isso que fazia com que se sentisse culpada, mas o fato de quando viu o irmão correr entre as chamas na tentativa de salvar algum dos livros e itens, ela desejou que ele permanecesse entre as chamas, ela quis que ele não voltasse mais, ela ansiou para que a existência do irmão fosse consumida pelo fogo.
E perceber isso foi como um grande soco no estômago, porque por mais que sempre tenha defendido o irmão de todos, ela sempre buscava uma forma de o colocar como o vilão entre eles, quando era ela que já havia desejado a morte do outro, ainda assim ela sempre fazia soar como se ela fosse a vítima de todas as atitudes erradas do irmão. Claro, havia cuidado de Leonard após o incidente, chorado muito ao ver os ferimentos dele, por mais que não fossem tão graves, mas havia também apreciado toda a atenção advinda do pai durante aquele período, do qual ela era a melhor. Por que sentia que só seria a melhor entre eles, quando Leonard não se encontrava na equação e só havia uma forma de isso acontecer. E ele não havia sido a única pessoa da qual ela havia desejado a morte, o único do qual ela havia desejado que deixasse de existir… Mas o que isso fazia dela? Essa era a pergunta da qual ela sempre fugia, havia escolhido viver uma mentira todos os dias para ser amada, que não fazia mais ideia de quem ela realmente era e o que realmente queria. Por alguns segundos ela cogitou fazer tal como em seus pesadelos, abraçar as chamas e sentir o corpo perecer em meio ao caos que ela havia causado, talvez fosse melhor assim, talvez fosse isso que ela merecia, mas algo dentro dela lhe deu forças para se mover outra vez, como se fosse um sinal de que ela deveria fugir dali, ou poderia ser o mero instinto de sobrevivência se agarrando a pequena brecha para que fugisse. E então ela o fez. 
Correu mesmo com a perna machucada, mesmo que sentisse o corpo inteiro doer, mas para sua surpresa as árvores em chamas e as próximas a elas começaram a dificultar seu caminho, os galhos tentavam lhe agarrar tornando difícil para a princesa seguir pela trilha, em sua cabeça ela podia ouvir as árvores dizerem que tudo aquilo era culpa dela, a chamando de assassina. Só ousou parar para recobrar o fôlego quando as árvores não lhe agarravam mais, mas podia escutar o choro delas ao longe, abriu a bolsa de couro que carregava e bebeu todo o conteúdo do frasco, sentindo a poção fazer efeito quase que imediatamente, só agora se perguntando se aquela poderia ser uma poção importante para a melhor amiga, não havia pensado nisso quando roubou o frasco, por julgar que a própria vida era mais importante que a da outra, coisa que só agora lhe soava como algo errado.
Quando sentiu a perna ficar um pouco melhor, ela tornou a correr pela floresta, tentando se focar no caminho para que não se perdesse, precisava voltar ao instituto o quanto antes para avisar sobre o fogo, isso se já não tinham o visto, não seria nada agradável se ele se alastrasse. Talvez fosse um efeito colateral da poção, ou ela ainda não tivesse feito efeito total ainda, mas sentia-se um pouco tonta e fraca, mas não podia parar, não agora. Era necessário avisar também sobre a salamandra ainda viva na floresta, era apenas uma questão de tempo até que outro incêndio se iniciasse e ela temia ouvir os gritos das árvores para sempre em sua cabeça, lhe aterrorizando. Se sentiu muito mais aliviada quando constou que estava perto do castelo, vendo o edifício já não muito longe de si, agora se permitindo diminuir o ritmo um pouco, já que estava completamente exausta por tudo que havia enfrentado, tanto física quanto psicologicamente. 
—Tem fogo na floresta… Alguém precisa…
Tentou falar ao primeiro aprendiz que viu, quase jogando em cima do mesmo, a visão estava ficando turva e as palavras eram difíceis de se tornarem sentenças, a fraqueza lhe abatia e subitamente ela sentiu um frio tão grande que pensou que iria morrer. Pensou que talvez devesse lutar, se agarrar a luz e a vida, mas não o fez, e aos poucos a consciência foi deixando o corpo da princesa que ficava completamente mole nos braços de tal aprendiz desconhecido, e conforme o corpo enfim se via no descanso tão desejado, as batidas do coração da foram se tornando cada vez mais lentas até o momento que já não eram mais existentes. Muito se agarravam a vida e jamais queriam a deixar ir, talvez porque para muitos, viver não os remetia a agonia. Ao sofrimento e a solidão. Já a morte da qual tantos temiam, era como uma queda livre em direção a mais pura escuridão, não havia um impacto no final, contanto que deixasse as trevas lhe abraçarem. A morte não é o fim, apenas o ínicio de tudo, ela traz alívio a aqueles que partem. E só a morte poderia dar a princesa o que ela mais queria naquele momento, paz. A respiração também já não era mais existente agora, a pele se tornando cada vez mais gélida indicando seu perecer, o corpo agora em seu descanso final. 
“A jornada de um herói só tem o seu fim, quando ele dá seu último suspiro.”
𝕿𝖍𝖊 𝖊𝖓𝖉
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Zootopia: What do you wish you could say to people who misjudged or mistreated you?
-- Provavelmente... Não façam isso? Quero dizer, eu não sou muito bom em me defender... Eu não me importo tanto quando as pessoas são malvadas comigo. Acho que a gente recebe o que a gente coloca no mundo, então... Elas vão acabar recebendo algo eventualmente, mas não preciso ser eu quem vai colocar mais negatividade. Certo? 
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Green Light x Draco Malfoy fanfiction
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Draco Malfoy X Leitora
total de letras: 5.121
Resumo: A professora de Herbologia te pede para ajudar um aluno que esta com dificuldade na matéria, o que você menos esperava é que seria o bruxo que você mais despreza na escola. Ao decorrer do estudo vocês dois percebem que possuem mais coisas em comum do que achavam. 
nota: Ficou muito grande hahaha, espero que gostem e caso alguém tenha alguma sugestão ou alguma critica, por favor mandem para mim, irei gostar bastante de ler :) Caso eu faça mais, provavelmente irão ser menores hahaha. Boa leitura.
Eu sempre me se interessei por herbologia, e não apenas por ser uma lufa-lufa como todos pensavam, mas porque as plantas me  encantavam, tinha dias que  perdia a noção do tempo dentro da estufa junto com Neville, e como resultado disso me tornei a melhor aluna do meu ano, superando até  Hermione. Em contrapartida, nem todos do meu ano tinham o mesmo entusiasmo do que eu, em especial Draco Malfoy, nunca nem se importava de aparecer nas aulas e quando aparecia ficava conversando com seu grupinho da sonserina no fundo da sala, nunca costumo ficar irritada mas as fezes esse menino me tirava do sério.
Hoje quando acabou a aula fiquei por mais alguns minutos para ajudar  a guardar as plantas, enquanto empilhava os vasos na prateleira a Professora Pomona Sprout se aproximou e perguntou;
‘S/N posso falar com você por um minuto por favor?’ disse enquanto se aproximava de mim.
‘Claro professora, fiz algo de errado?’ Pergunto um pouco aflita enquanto termino de empilhar os vasos.
‘Não, de maneira alguma’ Ela me responde rindo ‘Preciso de sua ajuda com um aluno, você sempre foi tão dedicada a esta aula e imaginei que não seria problema para você auxilar outro colega’ ela dá uma pausa e depois sorri dizendo ‘e é claro que será recompensada com pontos para lufa-lufa’
‘Não seria professora, eu tentarei ajudar o máximo que der’ digo tirando o meu avental ‘Quando seria isto?’
‘Amanhã srS/S, após o almoço venha a esta estufa que o aluno está te esperando’ A professora parecia aliviada ‘é temporário, até que o aluno consiga voltar a acompanhar as aulas normalmente, a senhora pode ir agora, acredito que daqui a pouco o jantar já vai estar servido’ Disse Pomona olhando para o relógio.
‘É verdade ‘Digo sorrindo ‘Quase esqueci, já está escurecendo’ digo enquanto pego meus livros e  me dirijo para dentro da escola, aos poucos começo a acelerar os passos pois do contrário iria pender o jantar, tinha ainda que trocar as botas que estavam sujas de terra, provavelmente sujei o castelo inteiro de tão atrapalhada que estava, somando o número de livros que carregava de forma estabanada praticamente minha visão estava bloqueada, enquanto corria ao dormitório da lufa-lufa o inevitável aconteceu, esbarrei com alguém e meus livros voaram ‘Por Merlim, desculpa eu não estava conseguindo vê..’ começo a dizer enquanto me levanto do chão ‘Tinha que ser a sujeitinha de lufa-lufa, além de estabanada me sujou inteiro de terra’ diz o que parecia ser Malfoy com aquela vozinha de desde típica dele.
Desejei não ter pedido desculpas, Draco era o último bruxo que queria ver agora, provavelmente perderia o jantar e ainda teria que ficar ouvindo as reclamações de um mimado ‘Eu retiro o que disse’ Falo enquanto recolho o resto dos meus livros ‘Talvez se você tivesse prestado mais atenção isso não teria acontecido’ digo a ele ao mesmo tempo que dou as costas para ir embora.
Consigo ouvir a risada debochada dele sobre minhas costas ‘Parece que a sujeitinha de sangue ruim está finalmente mostrando a sua varinha’ fala Draco, eu sei o que ele queria, queria me estabilizar, tudo é um joguinho com ele, mas não iria dar este prazer ele, apenas continuei e fui até meu dormitório, no final das contas eu perdi a janta, minha amiga conseguiu trazer uma maçã verde para mim e comi na sala comunal enquanto conversava com ela.
‘Por que demorou tanto?’ Ela diz enquanto joga um pouco mais de lenha na lareira ‘Ficou de novo na estufa?’ fala dando risada de mim.
‘Quase isso’ respondo mordendo a maça ‘A professora me pediu um favor, vou ajudar algum aluno amanhã, provavelmente deve ser algum aluno do primeiro ano ou algo assim’ começo a encarar a maçã ‘e depois tive o imenso desprazer de trombar em Draco Malfoy’ completo.
Amélia me olha segurando o riso enquanto senta ao meu lado ‘Por que da risada?’ Pergunto a ela também segurando o meu riso ‘Você sabe o porque’ ela fala dando risada ‘Você não suporta ele, sempre fica reclamando dele na aula, apenas achei irônico’ Amélia completou.
‘Bom, minha cota de Malfoy se esgotou’ Falo levantando do sofá ‘Praticamente pelo resto do ano, vamos’ estendo a mão para ela ‘Vamos, já está na hora de dormirmos’ Ela segura minha mão e se levanta do sofá, estava tão cansada que no momento que me deitei em minha cama apaguei completamente.
O outro dia seguiu como o normal, após o almoço me despedi de Amélia e segui a estufa com meus livros, quando cheguei ao local quase não acreditei, Professora Pomona Sprout ao lado de Draco Malfoy, vi que a reação de surpresa no rosto dele também, a cada passo que dava eu ficava mais nervosa ‘O aluno já chegou professora?’ Pergunto com esperança de que tudo aquilo tinha sido apenas um mal entendido. ‘Temo que não S/SN, confiei estava tarefa a você porque sei que é capaz’ diz a professora ‘Vocês iram se encontrar aqui todos em todos os períodos vagos até a entrega da próxima tarefa, ou seja, daqui a duas semanas’ no momento que professora Pomona disse ‘duas semanas’ o meu arrependimento cresceu mais ainda, sim eu gostava de herbologia mas não ao ponto de aguentar Malfoy por duas semanas.
‘Patético’ O garoto de cabelos platinado diz baixinho ‘Sinto muito sr.Malfoy, tem alguma coisa a dizer?’ A professora diz enquanto olha para o rapaz ‘Devo lembrar ao senhor o motivo do porque você se encontra nesta situação? Caso não melhore serei obrigada a comunicar seu pai novamente’ no momento que a professora termina estava frase Draco engoli seco ‘Tenha mais tarefas para fazer agora, os dois continuem onde estão’ ela diz enquanto caminha para o fundo da estufa, tão rápido que não consigo nem contestar.
Respiro fundo e começo a colocar o macacão  ‘Você vai ficar parado?’ Pergunto ao bruxo enquanto terminava de abotoar a roupa, ele me ignora fazendo rosto de desdém ‘Acho que você não vai querer sujar sua roupa’ completo pegando os vasos e colocando na bancada, de canto do olho consigo ver Draco colocando o macacão e as galochas enquanto bufava ‘O que temos que fazer, sangue ruim?’ ele pergunta enquanto sentava ao meu lado, com a maior naturalidade possível, fiquei estonteada mas decidi não responder, o quanto menos discutirmos mais rápido o tempo passaria ‘Vamos estudar sobre a  mandrágora’  digo colocando em cima da bancada a planta ‘Vamos observar ela por alguns minutos e depois tentaremos extrair suas propriedades, mas cuidado, tempos que usar abafadores  para não nos machucarmos’ Digo colocando as luvas que estavam ao lado da planta.
‘Puta merda’ o bruxo diz fazendo uma expressão de novo ‘isso não é uma planta, é horrendo’ ao dizer isso eu deixo escapar uma pequena risada, muitas pessoas fazem este tipo de comentário quando se deparam com a  mandrágora ‘Está rindo do que sangue ruim?’ ele rebate imediatamente, fazendo fechar o rosto e me concentrar para não perder a razão, decidi pegar meu caderno e começar a fazer anotações ‘Você não vai me responder, sujeitinha de sangue ruim’ ele continuou a me provocar, eu sabia o que ele queria e estava me segurando para não dar a ele ‘Sempre desconfiei que os lufa-lufas eram fracos, mas você é a prova disso’ meu corpo inteiro recebeu uma onda de raiva, sentia meu sangue borbulhar de raiva em minhas veias ‘Hogwarts começou a decair quando aceitou pessoas fracas como vocês lufa-lufas, principalmente os sujeitinhos de sang….’ A partir daquele momento eu não aguentei mais, praticamente voei para cima dele, fui tão rápida que ele só percebeu o que tinha acontecido quando já estava contra a parede, minha varinha estava colada a sua jugular, nunca tinha ficado tão brava assim, Malfoy em contrapartida estava apavorado, com os olhos fechados tentando se afastar ‘Peça desculpa’ ordeno ao bruxo.
Ele abre os olhos devagar e olha para mim ‘Você só pode estar brincando’ disse ele, inacreditável, mesmo com uma varinha contra seu pescoço ele não conseguia ser gentil ‘Eu não estou brincando’ aperto a varinha contra seu pescoço ao ponto dele fechar rapidamente de novo os olhos ‘Estou cansada de pessoas como você Malfoy, pensa que pode fazer tudo o que quiser apenas porque seu pai lhe disse, ofende as pessoas como se não houvesse consequência, e mesmo após todos te desprezarem você continua fazendo isso’ a cada palavra que saia da minha boca minha raiva aumentava, estava segurando estes pensamentos sobre Draco a muito tempo (desde o primeiro ano) ‘Eu estou aqui para ganhar pontos a minha casa, não a você! Eu não sou sua criada, não sou sua professora, e muito menos sua amiga, da próxima vez que você pensar em chamar um lufa-lufa de fraco se lembre da minha varinha em seu pescoço.’ término tirando a varinha de seu pescoço e deixando ele sair, quando olho ao bruxo vejo seu rosto vermelho, não sei se é por raiva ou vergonha, na verdade não importa. Sinto vergonha pelo que fiz, por mais que prazeroso por alguns minutos eu não devia ter feito aquilo, agi como ele teria agido e para mim é motivo de vergonha.
‘Você sabe o que tem que fazer, amanhã continuaremos’ falo enquanto desamarro o macacão e pego meus livros, não fico para ver a reação dele e nem ver se ele realmente vai continuar a tarefa, apenas me dirijo para dentro do castelo e continuou o resto das minhas atividades do dia.
Este episódio me aborreceu tanto que perdi minha fome na hora da janta  fui direto para cama e dormi, no outro dia também não peguei café da manhã, apenas compareci a minhas aulas matutinas normalmente, após o almoço ( o qual comi apenas uma maçã verde) me dirigi a estufa, para minha surpresa Draco já estava lá quando cheguei, sentado na bancada com o macacão e galocha vestidos.
 Não digo nada a ele, sinto vergonha pelo outro dia e decidi fingir como se nada tivesse acontecido, ao olhar o caderno dele vejo que está cheio de anotação, fico surpresa ao ver ‘Posso dar uma olhada?’ Pergunto virando a ele, o bruxo consente com a cabeça e eu começo a ler as anotações, surpreendentemente elas estão todas certas ‘São ótimas anotações Draco’ falei virando a ele, mas o que recebi como resposta foi apenas o silêncio ‘Por que você está aqui Malfoy?’ minha pergunta surpreende o bruxo, o qual finalmente se vira em minha direção ‘Eu sei que você não comparece a muitas aulas, porém eu sei que você não tem dificuldade nisso, ninguém tem’ digo a ele antes que ele pudesse me responder.
‘Esta aula é patética’ Ele me responde enquanto volta a ficar virado para frente, encarando a  mandrágora ‘Nunca dei atenção porque nunca achei que merecia atenção,tinha coisas melhores a fazer’ completa o bruxo enquanto apoia a cabeça em sua mão, parecia estar entediado.
Ficamos mais alguns minutos em silêncio completo até que não me aguentei e falei ‘Queria me desculpar por ontem, foi inapropriado ’ viro minha cabeça em sua direção ‘Não precisamos falar sobre isso’ Draco respondeu rapidamente de maneira fria e sem olhar em minha direção. Não estava satisfeita com aquela resposta, seria impossível conviver com uma pessoa por duas semanas sem que ela olhe no meu rosto ‘temos que adubar a planta’ falo tentando começar uma conversa.
Draco se levanta e vai até a prateleira pegar o adubo, enquanto isso começamos a ouvir barulho da chuva, a qual aumentava cada vez mais e de maneira mais agressiva, Malfoy colocou voltou a mesa com o adubo e ficou me olhando. ‘Você não quer fazer as honras?’ ele pergunta empurrando o adubo em minha direção ‘Sinto muito, mas na verdade você tem que fazer isso’ digo enquanto empurro de volta para ele, o bruxo não sabia por onde começar, pegou uma quantidade exacerbada de adubo com a pá e apenas jogou no vaso ‘Não precisa de tanto’ falo a ele mas acredito que ele não conseguia me ouvir, o barulho da chuva aumentava a cada minuto e som que as gotas faziam ao se chocarem ao vidro da estufa apenas piora as coisas.
Me aproximei dele para retirar o resto de adubo do vaso quando um enorme trovão rojou, desequilibrando Draco o qual o fez cair em cima de mim e o adubo em meu rosto. Por um instante ficamos nos encarando estáticos, um esperando a reação do outro sem saber o que fazer, não conseguia sair pois estava ao chão com o peso do corpo de Draco em cima de mim, estava esperando ele começar a brigar e me xingar mas invés disso ele começou a dar risada o que me fez rir também, as risadas se intensificaram quando o adubo no meu rosto começou a ir pro meu olho, Malfoy saiu de cima de mim e  continuou sentado ao chão em minha frente.
‘Acredito que seja esse o seu jeito de se vingar por ontem?!’ digo a ele enquanto me sento à sua frente no chão, retirando o resto de adubo do meu rosto. ‘Acho que de alguma forma, sim’ o bruxo diz sorrindo, ainda dando gargalhadas baixas. Olho para a porta da estufa e vejo que o tempo não melhorou ‘Acho que não vamos conseguir chegar a janta hoje’ digo olhando a ele, pela primeira vez no dia Draco olha diretamente aos meus olhos ‘Temo que seja verdade’ o bruxo fala em minha direção.
Ficamos conversando a tarde toda, a chuva não parecia ir embora tão cedo e aos poucos o temido bruxo Malfoy foi se abrindo mais a conversa, ele não parecia mais tão irritante igual eu achava, pelo contrário, fui percebendo que  entre nós existiam mais coisas em comum entre nós do que pensava, ambos gostavam de dias frias, torciam para o mesmo time de quadribol, liam os mesmos livros e etc.. Pela primeira vez desde que conheci Draco, não me senti intimidada, não senti que estava sendo atacada, apenas senti uma leveza.
‘Então qual é a coisa que você gosta de fazer?’ Pergunto me aproximando dele, ‘Como assim?’ Draco perguntou confuso, ‘Você disse que tinha ‘coisas melhores para fazer’ do que prestar atenção na aula de herbologia’ o respondo sorrindo. ‘Sei la’ ele passa a mão atrás da cabeça ‘Eu estou no time de quadribol’ ele fala como se estivesse lembrando este fato a si mesmo ‘então tenho que praticar mais’ contínua ‘Mas também gosto das aulas de poções’ ele me olha ‘Não pelo professor, cruzes’ Malfoy continua falando ‘Gosto de criar poções, sou bom nisso ele finaliza, esperando minha resposta enquanto me encara.
‘Podemos usar alguma substância que extrairmos da planta em alguma poção’ sugiro a ele, ao terminar de falar isso percebo sua reação, surpreso e se pudesse adivinhar ele estava até tocado, ‘Podemos tentar’ ele responde ‘Acho que já podemos ir’ fala se levantando e tirando a  terra de seu macacão ‘a chuva parou’ ele dispara enquanto estende a mão para mim. Esta é uma cena que nunca pensei em ver, Draco Malfoy estendendo a mão para mim ‘Nos vemos amanhã então’ sorriu  a ele enquanto  limpava e tirava meu macacão, nós dois nos despedimos e saímos para o  castelo, ao chegar nos corredores nos separamos.
 Ao decorrer do dia eu o vi passando, mas não o comprimentei nem sequer olhei em sua direção, tinha medo de tudo aquilo não ter se passado de um episódio único e excepcional, consegui chegar no final da janta, Amélia me perguntou o porquê do sumiço e apenas disse a ela que perdi a noção do tempo, não acho que valha a pena comentar o que aconteceu hoje pois acredito que não vá se repetir amanhã.
 A rotina de manhã era monótona, eu acordava, tomava café da manhã e ia para a aula, a única parte que me animava totalmente era a ida até estufa, chegava até sentir um pouco de borboletas na barriga só de pensar, estava com medo sobre como seria hoje com o Draco, se ele ainda olharia em meus olhos como ontem ou voltaria a ser o Malfoy que sempre conheci.
Acabou sobrando uma maçã verde do almoço então decidi levar caso sinta fome, enquanto adentrava a estufa, vi o bruxo de cabelos prateados apoiado sobre a bancada, olhando para a planta em sua frente. Quando me viu ele se levantou rapidamente, fazendo nos dois darmos uma leve risada pela situação. Depois de alguns minutos comparando anotações sugeri que levantássemos a mandrágora para ver como ela estava se desenvolvendo  ‘Não esqueça os abafadores’ digo colocando em minha cabeça, espero Draco colocar os deles para levantar a planta, e tiro com força, mesmo com abafadores o barulho que ecoou era insuportável, estava analisando o corpo da planta quando vejo Draco caindo para trás, instantaneamente meu corpo se eletriza, coloco a mandrágora no  vaso e corro para o chão para me certificar se ele estava bem ‘Por Merlim Malfoy, está tudo bem? Eu jurava que você estava com abafadores,sinto muito’ digo enquanto seguro seu corpo desmaiado ‘Por favor acorda’ meu desespero começa a subir, passo a chacoalhar seu corpo com a maior força que consigo. Seus olhos começam a se abrir e sua boca começa a esboçar uma risada ‘Eu não acredito que você fez isso’ digo o dando um empurrão enquanto ele levanta ‘Eu fiquei realmente preocupada, imagina se eu matasse o grande Draco Malfoy’ digo em tom de ironia ‘O que Lúcio Malfoy faria comigo’ continuou brincando, vejo que ele não gostou da última parte mas continuou sorrindo para mim ‘Você ficou desesperada’ ele falou ‘realmente ficou preocupada’ completou um pouco mais sério. Em resposta sorri para ele e virei na minha bolsa  e peguei a maçã ‘Mesmo você não ter desmaiado de verdade, toma’ entrego a ele ‘Você deu uma bela de uma performance’ completo, Malfoy pega a maçã de minha mão e ao tocar sinto uma onda de choque, que foi da ponta do meu dedo até o resto do meu corpo, tentei demonstrar que não tinha sentido nada mas não tenho certeza que consegui fazer isso.  
 ‘Obrigada S/N’ Ele fala enquanto morde a maçã ‘De verdade’ ele completa, o resto da tarde continuamos falando sobre mandrágoras e escrevendo o relatório, pelos dias subsequentes continuamos assim, ao decorrer do tempo junto começamos a conversar mais do que realmente estudar, levar maçãs verdes para Draco se tornou uma tradição, perdemos tanto a noção do tempo  que chegavamos a perder a janta, eu sabia que ele não precisava de ajuda, comecei a desconfiar que ele só estava fazendo aquilo para ter alguém com quem conversar, sem conversar sobre Harry Potter, você-sabe-quem, Lucios malfoy, sem nada disso apenas duas pessoas que querem ouvir o que uma tem a dizer a outra.
‘Está muito escuro’ Draco diz me olhando enquanto se levanta da cadeira ‘Sim, costuma ficar assim de noite’ respondo em tom de brincadeira começando a desamarrar a o meu macacão ‘Eu te ajudo’ ele fala enquanto se dirige até minhas costas, começa a desamarrar o macacão, no momento que sinto seus dedos desenrolasse em minhas costas meu corpo se arrepia todo e as borboletas no estômago começam a voar dentro de mim, não sou capaz de responde-lo enquanto toca em mim, me sinto uma idiota por  tudo o que estava sentindo pois no fundo sabia que era a unica que sentia aquilo.
‘Então’ o bruxo fala após terminar de me ajudar a tirar o macacão ‘Quer companhia até o castelo?’ ele se dirige a minha frente, olhando diretamente a mim com aqueles grandes e brilhantes olhos ‘Quero’ falei pegando meu caderno e o acompanhando em direção ao castelo. No trajeto a escola continuamos conversando, segurava a risada para não acordar nenhum fantasma e Draco iluminava o caminho com sua varinha, ele me deixou bem na entrada da sala comunal da lufa-lufa.
‘Bom.. esse foi o mais perto que cheguei da lufa-lufa’ diz sorrindo ‘Durma bem S/N’ o bruxo falou enquanto ia embora, eu apenas acenei e fiquei olhando enquanto a luz de sua varinha se afastava.
As duas semanas que antes pareciam ser interminável se passaram como um sopro, a cada dia eu e Draco estavam mais próximos, e meu sentimento de carinho pelo bruxo aumentava estrondosamente a cada minuto que passava ao seu lado,  meu medo era que ao  entregar a atividade, Draco voltaria a ser o que ele sempre foi comigo e isso quebraria meu coração mil vezes mais dolorosamente do que antes. Ao caminho da penúltima aula do período matutino me dirijo ao almoço com Amélia, decido finalmente contar a ela o que está acontecendo nas aulas de herbologia, como resposta ela não parecia surpresa pelo fato de eu estar criando sentimentos por alguém mas por ser o Draco, o qual a duas semanas atrás parecia ser a última pessoa que eu queria ver na terra, rimos da ironia ‘E ele?’ ela pergunta a mim, ‘o que tem ele?’ eu respondo, ela apenas faz uma cara de você-sabe-o-que-tem para mim ‘Eu não sei Amélia, a única coisa que ele fez foi me tratar como um ser humano, e eu já estou assim’ falo de maneira desacreditava ‘Te tratar como um ‘ser humano’ é mais do que Draco Malfoy vendo fazendo por todos desde sempre’ minha amiga diz, o que automaticamente me deixou mais esperançosa ‘Falando no bruxo’ ele diz no meu ouvido enquanto olha para frente, era Malfoy e seu grupinho vindo em nossa direção, estavam dando risada enquanto caminhavam a minha frente vindo de encontro ‘Fala alguma coisa’ Amélia diz em meu ouvido rápido, e foi exatamente o que fiz, no momento que Draco passou em minha frente eu levantei a mão e acenei falando um simples ‘oi’, o resultado foi esmagador, ele me olhou e quando algum de seus amigos do grupo perguntou ‘Draco, você conhece essa?’ o bruxo apenas respondeu ‘Nunca vi essa sangue ruim’ e apenas continuou andando com a maior indiferença e isso foi como um soco no estômago, corri para o banheiro feminino que estava perto e me tranquei em uma das cabines, surpreendente lágrimas não escorrem do meu rosto, o que dói é meu corpo, fisicamente foi em cada centímetro do meu corpo, agarro minha barriga e me encosto na parede, Amélia chegou em poucos minutos, me abraçando e ficando do meu lado, ela não precisou perguntar o que aconteceu, sabia que meu coração tinha sido quebrado e que naquele momento eu precisava apenas ficar quieta.
 ‘Vamos almoçar S/N, você não vai mais a aquela estufa hoje, nem nunca mais, não enquanto aquele idiota estiver lá’ minha amiga diz enquanto me levanta e me acompanha  para almoçarmos, eventualmente pedi para que ela levasse minha carta a professora Pomona Sprou o qual disse:
‘Boa Tarde Professora Pomona Sprou, Primeiramente desejo me desculpar pela a ausência na monitoria com o aluno hoje, tomei a liberdade em me ausentar devido ser o penúltimo dia do prazo final e por acreditar que meu auxílio não são mais necessários, devido um mal estar terei que me ausentar das próximas aulas regulares, acredito que não será incomodo pelo meu crédito avançado, qualquer problema por favor, entre em contato.  
‘Você acha mesmo que vai conseguir se manter longe das aulas com essa desculpa?’ perguntou Amélia enquanto estava ao caminho de entregar a carta, ‘Eu preciso pelo menos tentar’ digo a ela tentando ser otimista, não queria voltar a ver o rosto dele tão cedo. Enquanto Amélia entrega a carta a professora eu continuo com as classes normais que tinham no resto do dia, só fui reencontrar minha amiga na janta enquanto comíamos na mesa da lufa-lufa, ‘Draco estava lá’ ela disse enquanto se servia ‘Parecia confuso em me ver entregando a carta a professora’ termina de falar olhando para mim, eu não a respondi, decidi apagar da minha mente que algum dia eu me deixei ser enganada por Draco Malfoy.  
Dias se passaram e aos poucos eu comecei a me sentir menos infeliz, não era mais a garota que amava herbologia, na verdade esta matéria me dava enjoo  só de pensar, evitava ao máximo ir às aulas dentro da estufa, e toda vez que via um cabelo platinado de longe no corredor eu virava imediatamente para o outro lado, foi assim por uma semana. Hoje a noite estava me dirigindo a sala comunal da lufa-lufa quando vi um certo tumulto no centro do local, perguntei a alguma menina o que estava acontecendo e ela disse ‘Alguém deixou um presente para a S/N’ ela fala sem olhar em seu rosto, apenas tenta espiar  ‘eu sou a S/N’ digo enquanto vou atravessando o mar de pessoas até chegar ao centro da sala. Meu coração disparou, era uma cesta cheia de maçãs verdes com uma carta com meu nome endereçado, pego a cesta depressa e levo até o meu dormitório onde a coloco em cima da minha cama e abro o envelope, eu sei de quem é e sei que deveria ter jogado fora mas eu não seria capaz de tal coisa.
                ‘Nunca esquecerei de sua varinha no meu pescoço’
Ficou pasma, parece que uma chama dentro de mim se acende intensamente, por um minuto as doces lembranças de Drago vem a minha mente, o jeito que a boca dele ficava quando sorria, o olhar que ele fazia quando o oferecia a maçã e a sensação que sentia toda vez que seus dedos tocava minha pele. Tudo era muito bonito mas não era real, era apenas mais um jogo de Draco, fiz um favor a mim mesma e rasguei o bilhete, coloquei as maçãs com uma plaquinha de ‘Fiquem à vontade’  e voltei a dormir e minha cama.
Acordei com um susto, inicialmente achei que era um pesadelo, mas ao sentir o calor da luz da varinha em meu rosto assustei, o rosto de Draco surgiu em seguida esticando a mão para mim, o flashback da primeira vez que o vi estendendo a mão para mim veio em minha cabeça. ‘Venha comigo’ ele pede com a mão estendida, antes que eu pudesse responder ‘Eu sei, mas preciso que você venha comigo’ ele continua, a reação do meu corpo foi em pegar sua mão. Andamos silenciosamente pelos os corredores, ao olhar pela janela vi que o amanhecer já estava chegando e o céu estava uma mistura de azul escuro com um laranja. Subíamos até uma torre do castelo, fiquei surpresa como nenhum monitor nos encontrou, ao entrar na torre meu queixo caiu, a torre inteira estava repleta de flores, uma linda mistura de flores de primavera e de inverno.
‘O que você está tentando fazer?’ Pergunto ao bruxo verdadeiramente confusa ‘Que tipo de brincadeira doentia você está fazendo comigo? a troco do que? tudo isso pelo o que eu fiz no primeiro dia?’ contínuo enquanto me afasto dele.
‘Não’ ele fala rapidamente ‘Claro que não S/N’ ele enruga o rosto como se estivesse indignado que eu não soubesse ‘O que você fez no primeiro dia… não vou dizer que gostei daquilo pois estaria mentindo’ ele fala, me fazendo encolher ainda mais ‘Porém me fez pensar, antes daquilo nem sabia do seu nome, te via como apenas mais uma lufa-lufa bobinha’ ele continua enquanto tenta se aproximar de mim ‘Mas nenhuma ‘lufa-lufa bobinha’ faria o que você fez’ diz segurando os meus braços ‘que eu sou uma farsa muitos sabem, mas ninguém nunca falou como você, e tudo o que você disse me irritou muito… e no outro dia pensei que você não iria olhar na minha cara, quando você começou a tentar conversar comigo… me fez transformar a revolta que tinha por você para algo a mais’ o bruxo fala olhando a mim, nunca tinha visto ele tão inofensivo ‘com você é tão mais fácil, eu consigo falar sobre tudo com você, meu dia sempre ficava mais simples quando eu te via’
‘Mas o que você fez no corredor..’ digo a ele enquanto abaixo a cabeça, por mais que tudo o que ele tenha falado seja lindo, não apagava  o que ele tinha feito.
‘O que você queria que eu falasse? Que eu acenasse a você? te beijasse? você conhece Crabbe e Goyle? não me deixariam em paz, não te deixariam em paz’ Malfoy fala de forma defensiva ‘Eu não sabia se o que eu sentia por você era recíproco, como poderia me arriscar assim’ ele termina, o bruxo já não estava perto de mim, parece envergonhado.
‘Draco eu não sei o que você quer que aconteça com tudo isso’ Digo apontando para todos os arranjos de flores ‘isso é lindo, mas o que significa?’
Malfoy me puxa para perto dele, onde a luz do sol nascendo começa a tocar nós dois ‘Eu sinto muito se não o tipo de pessoa que você merecia ter por perto, eu admito, você merecia alguém que se declarasse aos sete cantos do mundo, quem segurasse sua mão, fosse carinhoso como você é, te recitar poesias todos os dias e te lembrar o quanto te ama a cada minuto’ ele fala enquanto segura meu rosto trazendo perto ao seu ‘eu não sou assim, você sabe’ após Draco falar isso seu olhar se abaixa desesperançoso, mas ele segura mais forte seu rosto perto dele ‘Mas isso não significa que eu não vou tentar ser o melhor que posso ser, se você dizer que é recíproco, S/N eu vou fazer de tudo para você, vou te proteger e cuidar como se você fosse uma parte de mim, porque a partir de algum momento você realmente passou a ser parte de mim, não te ver se tornou meu pior castigo, e te ver infeliz é como viver em um mundo sem cor, eu sinto muito pelo que fiz, mais uma vez eu fui um covarde e me escondi, mas se você quiser eu prometo’ Draco diz  passando os dedos entre seu pescoço e seu rosto de forma delicada ‘Que eu vou fazer de tudo para você sentir ¼ da felicidade que você me faz sentir quando está perto de mim.
Não sabia o que dizer, tudo o que você tinha sentido era recíproco, o medo de ser tudo uma farsa ainda estava dentro de você, porém ao olhar dentro dos olhos profundos de Draco,  soube que era verdade, nunca estive tão perto de alguém, nunca estive tão ligada sentimentalmente com alguém e estava com todos os medos que alguém poderia sentir, deixei meu corpo me controlar e como resposta beijei ele, depois de tanto tempo, eu finalmente estava beijando Draco Malfoy, sabendo que o que aconteceria dali para frente não seria fácil e por muitas vezes doloroso, mas que por ele valeria a pena, se para te-lo ao seu precisaria quebrar meu coração em mil pedaços, eu faria duas vezes, e algo em mim me faz sentir que ele faria o mesmo.
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Somebody that i used to know
“Liz, não esquece que o prazo vence amanhã, ás 16h, em ponto! O Victor tá com pressa, esse esboço é super importante para a campanha.” Ouço pela quarta vez, o mesmo áudio no meu whatsapp. E mais uma vez eu respondo a Cristine “Amiga, você quer que eu faça ou que fique perdendo tempo ouvindo e te respondendo? Sério, já entendi que é importante. Eu preciso da grana, vou terminar hoje ainda. Relaxa!” Largo o telefone, jogo no sofá com o modo avião ligado.
Ao pesquisar referências para o projeto. Uma fotografia muito semelhante a uma lembrança me faz parar a rolagem do Pinterest. Curioso como o algoritmo quase me entende por telepatia, visto que nunca falei sobre esse momento com ninguém, ele só existe no fundo das memórias empilhadas de festas, conversas e bebidas.
Exceto pelo simples fato que a conversa daquele dia não foi como uma outra qualquer de festa ou reunião dentre amigos. Não, a sensação de poder ser menos superficial e utilizar flertes idiotas só para conseguir alguém ao meu lado durante a noite, nada mais. Aquele encontro foi curiosamente inacabado e o decorrer, bem, inesperado.
Um outro eu que eu costumava conhecer.
(...)
Neste momento, quando cruzei os meus olhos para a janela e percebi um individuo sozinho, com uma cerveja na mão e com o olhar fixo em um vaso de plantas e com o olhar que parecia em outra galáxia, mesmo que as estrelas estivessem a alguns metros de distância do olhar.
Curiosa, por um tempo, apenas observei. Ele me lembrou alguém, vagamente.
Pouco tempo se passou e minha presença foi percebida, recebi a atenção do antigo vaso, cansado, não o culpo. Recebo um olhar surpreso e um sorriso de canto de rosto. Um convite?
Adentro a janela, com uma outra cerveja em mãos, bebo e me encosto para observar a altura, além disso, cruzo o olhar com um casal que passeia na rua, abraçados, sorrio com a estupidez do cotidiano apenas seguindo seu rumo, de forma desconfortavelmente roteirizada. 
Ele não se aproxima, mas sinto o olhar pesado sobre mim, com ares de questionamento e sentimento de invasão. Então, não digo nada, respiro fundo, bebo um gole de cerveja, tento me retirar. 
Sou impedida por um questionamento.
“Me importunou a troco de nada?” Fala com um olhar meio irritado e também desafiador. Bebe a sua cerveja e cruza os braços, na espera de alguma resposta minimamente satisfatória. 
Paro por um momento, olho para a festa rolando lá dentro, todo o barulho e movimentação de corpos. Pondero o que realmente me deixou curiosa com aquele espécime masculino perdido por uma vaso de plantas, afastado de todos, isolado... talvez seja isso, então, respondo: 
“Pensei que talvez quisesse ficar sozinho, acompanhado”.
Ele, ainda com o olhar fixo, contudo descruza os braços e volta a se apoiar na grade, agora observando o ceu. Junto-me a ele, um pouco perto, um pouco longe e bebo a minha cerveja observando, também, o ceu.
O silêncio em si não era nada desconfortável. Parece quase um espectro necessário a permanência de suas sombras sozinhas, acompanhadas, pelo enorme fluxo de pensamentos, cada um em seu próprio espiral.
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O silêncio permaneceu quase por toda noite. Olhei para dentro e percebi, tarde, que todos já haviam ido embora. Finalmente, eu deveria parar de socializar assim na minha própria casa.
“A reunião acabou e o dia já não é mais o mesmo”. Penso alto e assusto o corpo quase inanimado devido a imobilidade e frio da noite.
“Oh. Sim... verdade.” Ao observar a casa bagunçada e ninguém dentro. “Creio que chegou também a minha hora, então...” Soltou a bebida no canto e foi atravessar a janela. Fiz o mesmo e ele me ajudou.
Ele e eu percebemos um clara bagunça, pouco desproporcional um pequeno grupo de pessoas, que presumia ter convidado. Pequeno, porém catastrófico.
“Quer ajuda? Ao menos limpar vai me ajudar a ficar sóbrio mais rápido.” Observa o relógio da sala por um momento, faz algum calculo pois franze o rosto pensativo. “Preciso estar no trabalho daqui a... 3, 4 horas?” Pergunta si mesmo confuso, não consigo evitar rir dele.
“O que foi?” Pergunta rindo confuso.
“Eu preciso de um café. Aceita?” Indago já caminhando entre os minhas almofadas jogadas por toda lado, fazendo um campo minado junto as bebidas jogadas por todo lugar. Paro no balcão com as mãos no café e olho para ele a espera da sua resposta.
Por um momento nos entre olhamos, em silêncio. Novamente. Ele apenas sorri e observa novamente toda a bagunça e afirma: 
“Diante do caos, sempre é bem-vindo um estimulante. Obrigado”. Responde já começando a organizar minhas almofadas e tentando encontrar um saco para as garrafas. 
Acho engraçado ele começar, sozinho e sem café no corpo, com certa empolgação a limpeza, pareceu a mim que ele realmente deve gostar de organização. Isso é um pouco, estranhamente, raro. Para alguém confuso com as horas para ir ao trabalho.
“Você parece gostar disso”. Digo, colocando o café na cafeteira, depois a água e aperto o botão para passar o café. Me encosto no balcão, ainda precisando do meu café e ele segue concentrado na limpeza. Então, sorrio e repito um pouco alto. “Você gosta mesmo de limpeza”.
Ele para mais uma vez, agora para respirar um pouco diante do levantar e abaixar para pegar as almofadas e garrafas no canto. “Eu apenas... gosto de distrair a mente com coisas produtivas. Então, aprendi a gostar de organização, um pouco além do normal. É estranho, eu sei...”
“Não... é só que você é realmente empolgado, não percebeu que já limpou metade da sala sozinho e sem café?” Digo com os braços cruzados, a espera do café por terminar e sorrindo. 
Ele observa ao redor e coloca a mão na cabeça ainda confuso.
“Não percebi. Só fui fazendo, é meio automático. Costume, acho”. Solta o saco que encontrou e coloca perto da outra pilha de sacos na minha varanda. Limpa as mãos na blusa, de botões azul, entreaberta e agora suada. 
“Percebi. Aqui.” E lhe entrego a xícara de café. Ele bebe com cuidado e senta no balcão. 
O que nos separa é meio metro entre o balcão da pia e o da meia parede que utilizo como mesa. Meu apartamento é pequeno, moro sozinha, uma recém formada em comércio externo, morando ‘andarilhamente’ por onde precisam de mim.
“No que você precisa trabalhar é tão importante que não pode se atrasar?” Pergunto, enquanto bebo meu café e observo ele, com um olhar claramente de flerte.
“Bem, depende. O que tem em mente?” Questiona o meu olhar sugestivo e sorri de forma impessoal. 
O que eu teria em mente? Pensei em inúmeras atividades, sexuais e não. Então, pelo meu próprio cansaço de transas sem significado, suprimi qualquer desejo por um maior, fome. 
“No caso, estava pensando em sair pra comer alguma coisa.” Digo e continuo a beber meu café olhando para ele a minha frente.
Ele parece decepcionado e continua a me encarar. Por fim, desiste, termina o café, sai da bancada e caminha a procura de algo.
“Você viu meu casaco? Acho que deixei em algum lugar por aqui.” Questiona ao passar os olhos por toda sala, buscando encontrar o que havia perdido. 
“Não vi você chegar de casaco.” Termino o café e caminho até a sala, arrumada, impecavelmente, talvez devesse nunca mais contratar limpezas de outra pessoa, que não ele.
“Você nem sequer me olhou quando eu entrei... já tinha muita gente nessa casa quando cheguei. Você não viu mesmo o meu casaco?” Volta o olhar a mim ao questionar novamente.
“Na verdade...” Sento-me no sofá e pego uma almofada. O casaco estava atrás da almofada, sento em cima, ele não percebe. “Alguém pode ter levado por engano, não? Muitas pessoas estavam aqui, como mesmo disse”.
Ele parece irritado, observa o relógio, percebe que vai se atrasar caso não saia o quanto antes da minha casa. Dá de ombros e desiste da procura. Vê um espelho no banheiro, caminha até ele, lava o rosto e pega um pouco de pasta, esfrega nos dentes com o dedo. Penteia o cabelo, organiza a camisa, fecha os botões que estavam entre abertos. Cheira um pouco a si mesmo e franze o rosto. Abre minha caixa acima da pia, encontra um desodorante e coloca de forma apressada, mesmo que o aroma fosse lavanda, não parece se importar. Creio que o cheiro de bebida, ressaca e suor, era disfarçado satisfatoriamente por um pouco de desodorante feminino. Fecha a porta do banheiro, abre e sai de lá aparentemente tendo tomado uma aspirina com a água da torneira. Caíram alguns pingos no processo e pego um pano seco na cozinha. Me dirijo a ele, interrompendo-o de abrir a porta e finalmente ir embora à reunião. Fecho a porta e me coloco a frente dele com o pano em uma das mãos. Ele para e observa sem entender, porém parece sorrir. Olho para a camisa e coloco minhas mãos na altura dos respingos, ele ainda me encara sorrindo de alguma maneira e não entendendo o que estava a fazer, mas certamente não entendia o mesmo que eu. Parei por um momento, a míseros centímetros do rosto um do outro, fixo meu olhar naqueles novos olhos verdes, não tinha percebido antes. 
“Sua camisa... hm... ela está um pouco... machada de água e pasta.” Ele parece surpreso e tenta olhar para baixo de forma abrupta, contudo, bate a testa na minha minha e ambos, dizemos “ai.” Tento dar um passo para trás, ver como estava minha testa machucada e agora um pouco irritada em tentar ajudar, ainda assim ganhar isso de recompensa. 
“Você está bem?” Ele pergunta tirando minha mão da minha própria cabeça que tocava o pequeno galo que ali se formara. Assopra o machucado, como se isso resolvesse de alguma coisa. “Você está bem?” Questiona novamente. Próximos demais e desnecessariamente, também desproporcionalmente preocupado com um pequeno machucado, os olhos verdes parecem me exigir alguma resposta.
“Sim. Foi apenas uma batida pequena. Vê?” Mostro a ele, que não há com o que se preocupar, era verdadeiramente um pequeno monte, quase uma espinha na altura do meu olho esquerdo. “Nada demais. Pode me largar”. Ele não percebe que estava com uma das mãos na minha cintura, prendendo-me a ele. 
“Bem...” Desconsertado com a própria desproporcional preocupação e me solta. “Eu realmente preciso estar naquela reunião, em 10min.” Ele diz colocando a mão na cabeça e tentando encontrar alguma coisa. “Você tem um papel?” Pergunta.
“Sim.” Abro a gaveta na qual coloco as chaves e que abaixo guardo os sapatos antes de entrar em casa. Enquanto isso ele calça os sapatos apressado. Puxa o papel da minha mão, apressado demais e tira uma caneta de dentro do bolso, escreve algo e me entrega. 
“Use, se quiser. Preciso ir.” Me afasta ao dizer isto e sai pela porta correndo. 
Observo o pedaço de papel meio amassado da pressa e olho a porta agora fechada, um silêncio que volta a me acompanhar, chegou. Tardou, momentaneamente, porém chegou. Respiro fundo. Olho um tempo o papel dobrado em minha mão e a outra o pano, que nunca tivera chance de limpar a camisa dele. Largo o papel na gaveta e não vejo o que escreverá. Volto a sala e tento terminar a organização do caos, que nem parecia tão mais assustador do que estava antes da ajuda dele. Será mesmo que eu viria a usar aquele pequeno papel? O que será que tinha escrito? Minha curiosidade não é grande o suficiente, meu cansaço daquela quase infinita terça, que já se tornará quarta, me fazia lembrar que não dormia a mais de 30 horas. 
Depois de um tempo, um bom tempo, com toda a energia disponível da jarra de café e tendo colocado minha playlist favorita do momento para tocar, bem alto. O mais alto possível que afastasse todo o meu sono, fome e preguiça de organização. Sempre adiei limpezas. Mas essa não tinha como esperar. Era muita comida e bebida por todo lado. Menos caótico, mais ainda assim... 
Termino e logo percebo que preciso de um longo banho para retirar o suor do corpo e o cheiro de bebida, uma delas virou em cima da minha roupa. Deixou meu corpo grudado com alguma cerveja qualquer, nem eu a tinha comprado. Tomo um banho longo e ouço um barulho, não estava esperando ninguém e não tinha certeza se tinha fechado a porta ou não. Apanho a toalha, aos pingos, saio da banheira e me dirijo a sala, não encontro nada. Deve ter sido o gato do vizinho que vez ou outra aparece. Vi que a porta estava fechada e a saída de incêndio ainda estava aberta, mas a ignorei.
Voltei ao banho e termino rápido, estava exausta, precisava dormir. Meu trabalho é como freelancer, então meus horários são bem desconexos. Coloco uma camiseta e me jogo na cama, como se fosse um algodão a acariciar e endireitar o meu corpo, apago completamente. 
(...)
O que teria mesmo feito com o papel, recordo que nunca tirei de dentro da gaveta, mudei de cidade, mudei de trabalho... mas não lembrava de que existia aquele papel, daquele dia, guardado ainda no mesmo lugar, intocado. Estico as costas do computador e me levanto, vou a entrada da minha casa e busco o papel por entre clipes e chaves soltas. Encontro. Abro e me surpreendo. 
“Não é o número dele.” Observo o papel e vejo que ele havia escrito rapidamente “Espero lhe encontrar de novo, me chamo Dylan. Sou editor na Johnson&Figaro Editora”. Fico observando o bilhete, num rascunho apressado mais possível de leitura. Duas informações, nenhuma delas pedida ou sequer direta. Será que ele esperava por ela depois da tal reunião? Penso que não contava com o meu total desinteresse com qualquer fosse a informação fornecida às pressas por um desconhecido com mania de limpeza e olhos verdes.
Sorri por um momento, com a estupidez do rapaz em pensar que estaria interessada num segundo encontro. Volto aos meus trabalhos, após jogar o papel na lixeira próxima a mesa, empilhada entre outras bolas de papel. Presunção minha pensar que ele ainda lembraria de mim e total azar o dele se sequer um dia esperou por outro encontro. 
Encontros são apenas encontros. Nada além. O passado já era o suficiente a carregar. Não lembrava nada além dos olhos a me encarar enquanto fechei a porta apressada, vencendo-o antes de sair pela porta. 
Termino depois de algumas horas focada na cobrança de Cristine, fecho o computador depois de enviar e responder o ultimo e-mail do dia. Me jogo no sofá e busco meu celular, desativo o modo avião e ligo em alguma playlist qualquer conectada as caixas de som. Largo novamente entre as almofadas e me deito.  
A lembrança me fez sentir saudades do antigo apartamento, os encontros de amigos no meio de semana e as incontáveis noites acordada lutando contra prazos impossíveis. Dez anos se passaram, minha vida é muito mais estável e continuo não dependendo de um relacionamento. Tenho um cachorro, Lucky. Só deixo que apenas esse cão de quatro patas atrapalhe a minha paz. 
Lucky sobe no sofá e se joga em cima de mim. Deve estar com fome, observo o relógio e são 1h da manhã. Respiro fundo, a.. a exaustão.
Alguém que costumava conhecer, mais uma vez presa pelo controle, acaba sozinha, ainda que em paz. Sozinha. E claro...
Ninguém além dele. Só ele tinha o direito de tirar a minha paz. Lucky. 
(Fim).
12 de janeiro de 2021.
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Yo Shindou, aula de arte.
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Menções de Smut abaixo, você foi avisado~~
—Hoje teremos uma atividade diferente, se juntem com a pessoa que está do seu lado. —Você pisca rapidamente ainda atordoada pela manhã conturbada, uma manada de pessoas passando pela porta e lhe espremendo para passar. Você sento ao lado de um garoto de cabelos escuros e arrepiados, próximo a janela.
—Vocês pintarão paisagens opostas, decidam entre si quem vai pintar oque, o material é da escolha de vocês. — O professor olha para todos e para um tempo lhe analisando. —Você é nova. Quer se apresentar? 
—[S/N] e é isto. —Você diz tirando alguns risos da turma e um riso soprado do seu suposto parceiro de atividade. Enquanto você arruma o material de pintura no cavalete e se senta no banco, o professor, que pelo burburinho você descobre que se chama Aizawa Shota, coloca uma musica baixa no rádio.
—Shindou, não assuste a novata. Entendido? —Aizawa fala, causando um sorriso malicioso do garoto. —Começem.
—Hai sensei. —A voz dele preenche seus ouvidos. Você engole em seco quase sentindo as vibrações do som no ar. Ele te dirige o olhar negro lhe estudando.
—O que você vai pintar? —Você pergunto baixo.
—Tem algo em mente? —Ele pergunta. —Eu queria fazer uma floresta.
—Eu faço uma cidade então. —Você responde pegando as aquarelas, você até cogita em usar sua individualidade mas a dispensa.
Algumas poucas horas depois o professor manda a classe parar de pintar. Você pinta uma cidade e Shinsou uma floresta como havia dito, a lápis de cor. 
—Bom desenho. —Ele fala.
—Obrigada. —Você sorri levemente. 
—Você me pintou direitinho. —Ele diz lhe olhando de soslaio. Você franze o cenho.
—Como? —Você olha para o seu desenho vendo um garoto nos prédios com a cabeleira desarrumada. —Só porque o cabelo é bagunçado não significa que seja você Shindou. —Você fala o olhando com um sorriso debochado, ele sorri chegando perto e me encarando.
—Ah é? —Ele me olha de cima a baixo. —Você tem uma língua muito solta [S/N]. Deveria fazer ela entrar na sua boca? —Ele sorri estreitando os olhos. Você estala a língua.
—Tente, Shindou. Quero ver tentar.— Antes que ele responda você coloca seu desenho apoiado na janela como foi orientado por Aizawa, que os avalia, em comparação com os outros era obvio que os mais avançados eram o seu e de Shindou. Voces são liberados e por fim eu simplesmente pega suas coisas, saindo da sala bocejando
—Hey [S/N]! —Você olha para trás. Shindou corria na sua direçaõ ao longo do corredor.
—Diga, estou ouvindo. 
—Quer ir comer comigo? —Ele sorri.
—Ok, primeiro você me seduz, depois me intimida, e agora me chama pra comer, qual seu objetivo? Se é que tem algum. —Você cruza os braços o olhando. Ele apenas sorri.
—Foi um teste, a maioria não me suporta, e eu não suporto ninguém. 
Ele sorri e te encara, você por fim continua andando.
—Vou interpretar como um sim. —Ele responde e passa a caminhar do seu lado
Depois de alguns minutos de caminhada vocês chegam num pequeno restaurante. Ele te guia pelas escadas onde pequenas lampadas iluminavam o ambiente, e acabam por escolher uma mesa vazia no canto.
—Eu gosto daqui, é o restaurante dos meus tios. —Ele fala, eu escuto quieta esticando o pescoço de vez em quando. Ele suspira.
—Se não queria ter vindo, era só ter falado. 
—Não é isso, —você estica o pescoço —é que eu dormi de mal jeito. E a faculdade está um porre. —Você diz fechando os olhos se sentindo meio desconfortável Ele assente e se senta do seu lado.
—Posso? —Ele pergunta e você assente. Ele põe a mão no seu ombro logo você sente uma vibração leve, logo subindo pela sua minha nuca aliviando o desconforto.
—É a minha individualidade, vibração. —Ele fala.
—Ela é bem útil. —Você diz rindo sem segundas intenções, e depois percebendo que ele pode ter interpretado de outra forma.
—Ah sim, eu nunca usei com ninguém, você é a primeira. —Ele ri.
—Há, me sinto honrada. —Você sorri virando o pescoço para um lado, sentindo a tensão ir embora. Em seguida você fecha os olhos suspirando de alívio. e escuta Shindou engolir em seco. Você abre um dos olhos vendo ele ficar vermelho.
—Desculpe. —Ele põe as mãos dentro da minha camisa, percorrendo o osso da coluna e parando perto do feixe do meu sutiã.
—Tudo bem. —A voz dele tinha ficado mais rouca. A tensão sexual era quase palpável. Ele tirou a mão das minhas costas e pôs na minha nuca. Tirando-a depois, Shindou me olha de soslaio e diz:
—Se quiser eu termino o amanhã.
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CAPÍTULO 2 - FEVEREIRO
[9 de Fevereiro de 2020: O coronavírus supera o número de mortes provocadas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) em todo o mundo, em 2002 e 2003, segundo o último balanço divulgado pela OMS.]
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2020/02/09/mortes-por-coronavirus-superam-vitimas-da-sars-no-mundo.htm
  Segunda, dia 10, Rebeca chega animada da escola com os planos que já fez com as amigas para o final de semana, faltando apenas a aprovação de seus pais. No jantar Carlos pergunta como foi o dia para sua esposa e seus dois filhos, e Beca já se adianta a responder:
- Na escola foi incrível, estava conversando com as meninas de irmos ao bloquinho de pré-carnaval, neste sábado, aqui perto mesmo, posso ir?
- Quem são as meninas que vão também? – Silvana pergunta preocupada.
- Laura, Natália e Gabriela, e talvez vá mais alguns amigos delas. – Beca responde.
- Não concordo com isso, você sabe bem como são esses lugares e o tipo de pessoas que vão, sempre cheio de bebidas e drogas, sem contar os assaltos, e aposto que a roupa que você vai não é lá essas coisas muito comportadas. – Carlos responde um pouco bravo com a proposta da filha.
-Nossa que pensamento retrógrado, bloquinhos são feitos para diversão, e não é preciso de drogas e bebidas para isso, deixe a menina ir, ela não vai sozinha e precisa começar a conhecer o mundo. – Carlinhos defende a irmã.
- E também Carlinhos com minha idade até viaja apenas com os amigos para a casa da praia e eu só quero um dia de diversão com minhas amigas. – Beca se defende.
- Carlinhos ia com os amigos mais velhos e responsáveis, não vou ficar discutindo isso agora, preciso pensar, agora vamos terminar o jantar porque estou cansado do trabalho. – Carlos encerra o assunto.
Após o termino do jantar, Silvana vai até o quarto a filha para conversar:
- Filha, vou conversar com seu pai sobre, ok? Acho que não tem problema, até porque conheço as meninas e os pais.
- Aí mãe você é perfeita, obrigada!! – Agradece a Rebeca.
  “13 de fevereiro de 2020: OMS informa que são mais 1.820 novos casos de coronavírus na China. O total já é de 59.882. “
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/02/13/china-tem-59882-casos-confirmados-de-coronavirus-diz-oms.htm
  O novo coronavírus começa a ganhar mais força no mundo, os governantes já começam a preparar medidas para conter a contaminação em massa, mas por enquanto a América Latina seguia sem resquícios do novo vírus.
Sexta, dia 14, á noite Carlos depois de pensar e conversar durante a semana toda com Silvana sobre deixar Rebeca ir ao bloquinho no sábado, decide deixar, pois a filha estava se comportando e indo bem à escola, então ele vai dar a notícia para a filha:
- Beca, pode ir ao bloquinho com suas amigas amanhã, contanto que esteja em casa no máximo ás 18h, sem nem um minuto de atraso, e quero que passe o número de celular de suas amigas e dos pais delas, caso não consiga falar com você.
- Muito obrigada paizinho! – Agradece a Beca com entusiasmo e indo de encontro ao pai para lhe dar um abraço.
Ao chegar ao final de semana, Rebeca vai ao bloquinho com suas amigas no sábado, respeitando todas as ordens de seu pai. No domingo a família estava fazendo os últimos preparativos para a viajem de carnaval, todos muito animados.
  [23 de fevereiro de 2020: Presidente chinês afirma que o novo coronavírus é “a maior emergência de saúde” na China desde a fundação do regime comunista, em 1949. Já são 2.400 mortes e 77 mil pessoas infectadas na China.]
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/02/23/coronavirus-e-maior-emergencia-de-saude-da-china-desde-1949-afirma-xi-jinping.ghtml
  Os países com suspeitos do novo vírus, estão cada vez mais alarmados com uma possível pandemia acontecendo, e no Brasil o carnaval acontecendo com todo fervor.
[26 de fevereiro de 2020: Ministério da Saúde confirma primeiro caso do novo Coronavírus em São Paulo]
https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/02/26/ministerio-da-saude-fala-sobre-caso-possivel-paciente-com-coronavirus.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51539984
  Primeiro caso confirmado em São Paulo, e preocupa os governantes de um possível alastramento, pois outros países já se encontram em situação econômica e de saúde preocupantes, uma vez que o acesso à saúde no Brasil é precário, e já se fala em pandemia no planeta. 
A família Silva aterrissa em Salvador, Bahia, na noite de sexta-feira, dia 21, indo direto ao hotel, um dos mais requisitados da cidade, quatro dias antes da confirmação do primeiro caso no país. Decididos a seguir seu roteiro de viajem, o final de semana seria para conhecer as praias e os pontos turísticos. Na segunda, dia 24, a família foi um tradicional bloquinho da cidade durante a tarde e à noite Carlinhos decidiu ir ao centro do tão famoso carnaval de Salvador, desagradando seu pai:
- Não acredito que você vai nisso Carlinhos, não foi esse nosso combinado! Será que você poderia se ficar junto à sua família pelo menos em uma viagem?
- Pai o ingresso já está comprado, é carnaval e eu estou na Bahia, não posso perder a chance de pular o melhor carnaval que existe. – Responde Carlinhos indo em direção a porta do quarto.
-Espero que você não esqueça do nosso almoço de amanhã. – Avisa Carlos com seu filho já fechando.
No dia seguinte, o último dia de viagem, a família e arruma para ir almoçar em um renomado restaurante, e sem sinais de Carlinhos, o pai começa a soltar fogo pelas ventas, e Silvana preocupada com o filho e o marido furioso, mas os três, Carlos, Silvana e Rebeca, vão mesmo assim para não perder o horário da reserva. Ao retornar ao hotel após o almoço encontram Carlinhos acordando, com a maior ressaca. E Carlos nervoso pergunta:
- O que a gente combinou? Eu avisei para que você não fosse, sabia que isto iria acontecer, e aconteceu! Você é um irresponsável!
- Poxa pai, a gente passou a viagem inteira grudados eu apenas queria me divertir sozinho um pouco, será que você não consegue entender? – Carlinhos responde.
- Você não, senhor! E pode esquecer de sair hoje, porque não vai mais e amanhã cedo temos indo voo para pegar, espero que você seja responsável para não perder o horário senão você irá pagar sua própria passagem. – Carlos encerra o assunto.
Na manhã do dia 26, a família embarca de volta para São Paulo, com uma viajem tranquila, e ao chegar em casa e verem noticiários do que havia acontecido no carnaval, se deparam com a notícia do primeiro caso de Coranavírus confirmado na cidade, mal sabiam eles, o que vira pela frente.
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itscamren-yo · 5 years
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Capítulo 44 - Travor
Para convencer Travor de sair daquele beco e ir embora para casa com Lauren e eu foi um verdadeiro parto, ele se parecia bem irredutível, mas mudou de ideia quando minha esposa alegou que chamaria a polícia para informar da grande quantidade de pessoas que estavam dormindo ali, por um bem maior, ele acabou se juntando a nós.
O caminho todo até o nosso apartamento, ele estava bem emburrado e não fez questão alguma de responder qualquer coisa que questionamos ou qualquer assunto que tentávamos puxar. Pude notar a grande surpresa dele quando Lauren e eu nos despedimos de Shawn e Sabrina, caminhando de mãos entrelaçadas em direção ao prédio.
Entretanto, toda sua surpresa por sermos um casal sumiu completamente quando entramos na recepção do prédio onde vivíamos. O chão da recepção era de mármore branco, um mármore tão bem encerado que era possível ver nossos reflexos no chão. Os sofás que ficavam por lá eram de couro e as caixinhas de correio de cada apartamento ficavam em um painel prata gigante na parede, fazendo contraste com a enorme estante com vasos e livros.
Travor estava encabulado e andava o mais junto possível de nós, ele não soltava sua mochila fedida e passou bem longe da recepção onde o porteiro ficava para resolver eventuais problemas do edifício. Entramos no elevador e pude ele olhar tudo com muita atenção e abraçar ainda mais forte a mochila. Eu sabia que nosso prédio era de classe alta, mas vê-lo agir tão surpreso e incrédulo com a nossa condição de vida que fez eu perceber o quanto Lauren e eu éramos privilegiadas.
- Pronto, chegamos. - Lauren fala abrindo a porta - Pedimos desculpas pela bagunça, não sabíamos que teríamos visitas. - ri divertida, dando passagem para ele entrar.
Então ele apenas ficou parado perto da entrada, olhando tudo com os olhos brilhando e sem conseguir falar uma palavra. Travor nos procurou com o olhar, como se silenciosamente questionasse o que esperávamos que ele fizesse ali. Lauren me olhou e eu comecei a tirar meus saltos e então os meus brincos.
- Quer conhecer o quarto onde você vai passar a noite? - questiono e ele continua me encarando atentamente - Você pode tomar um banho e depois Lauren pode te preparar algo para comer, ela faz o melhor queijo quente do mundo.
- O segredo está em grelhar o pão antes. - confidência timidamente com as bochechas vermelhas.
- Vocês vão me dedurar para o conselho tutelar, não vão? - sussurra, ainda abraçado com a mochila - Vão me fazer voltar para aquele inferno, não vão?
- Travor, está tarde. - olho para Lauren, ela falava calmamente - O melhor a fazer agora, é descansar. - ele encara os próprios pés - Amanhã decidimos o que fazer, pode ser?
- Tanto faz.
Ele começa a olhar para a sacada, tentando nos ignorar.
Observo o garoto e sinto uma gigantesca vontade de abraçá-lo, queria escondê-lo em um abraço e transmitir algum tipo de confiança e proteção. Queria ser algum tipo de porto-seguro para que ele não sentisse medo do que o amanhã lhe reserva ou qual é a próxima coisa ruim que pode lhe acontecer.
- Acredito que meu irmão tenha deixado uma roupa de dormir aqui, vou pegar emprestado para você ficar mais confortável, Camila vai te acompanhar até o quarto. - Lauren sorri de canto, dando as costas e indo em direção ao nosso quarto.
Com passos curtos, parei em frente a porta do quarto de hóspedes e abri a mesma, acendendo a luz e adentrando no ambiente. Como sempre, a suíte estava em perfeitas condições e assustadoramente limpa, a porta do banheiro estava entreaberta e era possível ver o pequeno closet também. Entrei no mesmo e peguei mais uma coberta, deixando a mesma sobre o colchão confortável.
- Temos toalhas limpas e uma na segunda gaveta você pode abrir um pacote, temos escovas de dentes novinhas… eu vou pegar para você, é mais fácil. - explico calmamente, empurrando um pouco a porta que dava para a sacada, assim o quarto poderia ventilar.
Quando me virei, pude notar o olhar de Travor fixo na cama King-Size no centro do quarto; meu coração apertou ao imaginar a quanto tempo ele dormia no chão frio todas as noites. Eu olhava para seu corpo magricelo e suas roupas sujas sentindo minha alma doer ao imaginar que uma criança tão indefesa e sozinha.
Entramos no banheiro e eu ensinei como ele poderia utilizar aquele chuveiro, peguei a toalha limpa e a escova, assegurando que havia pasta de dente. Percebi seu olhar atento em cada pequeno detalhe daquele banheiro, como se jamais tivesse visto um. Me despedi dele a tempo de ver Lauren entrando no quarto e falando em voz alta que o pijama dele estava sobre a cama.
Saímos juntas e fomos para a cozinha preparar algumas coisas para ele comer. Lauren começou a fazer dois queijos quentes, expremi uma jarra de suco de laranja e coloquei gelo para ficar ainda mais gostoso. Conforme começamos a preparar algumas waffles para que ele pudesse comer com mel, Travor finalmente saiu do quarto de banho tomado e roupas trocadas.
- Está com fome? - questiono curiosa, rindo baixinho ao ouvir seu estômago roncar alto - Bem, acho que isso responde minha pergunta… - abaixa a cabeça e eu coloco o prato com os dois queijos quentes - Venha, sente-se.
- Espero que goste. - Lauren sorri gentil, servindo um pouco de suco no copo enquanto ele dava uma mordida generosa - Então?
- É muito bom. - fala de boca cheia e eu sorrio, colocando mais uma pedra de gelo em seu copo.
Encaro ele por longos instantes e sinto meu coração doer mais um pouco. Aquele garoto -agora- limpo, com uma blusa duas vezes maior que ele, comendo com tanta vontade e com cicatrizes fazia meu estômago revirar de uma maneira desconhecida. Eu tinha pena, empatia e curiosidade, tudo ao mesmo tempo e de uma maneira mais intensa.
- Você morava em orfanato? - pergunto repentinamente, ele mastiga mais devagar, me olhando surpreso, dá uma nova mordida e evita me responder - Por que você recusou ajuda dos órgãos públicos?
- Camila. - Lauren me repreende.
- Sem rodeios. - mexe as sobrancelhas.
- Podemos ter rodeios e nunca falar sobre as coisas que temos curiosidade, ou podemos ir direto ao ponto e pouparmos tempo. - dou de ombros, sem desviar meu olhar do dele - Por que você não está recebendo assistência do governo?
- Assistência do governo? - ele ri debochado - Você chama de mudar de casa para casa de mês em mês de assistência do governo? De morar com pessoas que só te recebem para pegar esse dinheiro de assistência e comprar coisas novas? - nega com a cabeça - Eu tinha duas escolhas: ou eu continuava apanhando de pessoas desconhecidas por não seguir as regras deles ou eu fazia minhas próprias regras, não foi muito difícil escolher. - morde o sanduíche, me encarando indiferente.
Lauren e eu permanecemos em completo silêncio.
Travor era tão pequeno e parecia ser tão indefeso, meus ossos doíam com a ideia de imaginar alguém lhe fazendo mal.  Seu olhar refletia o quanto ele parecia ser triste, o quanto ele parecia ter vivido coisas horríveis que ficariam com ele para sempre. Era notável que ele buscava meios de machucar quem se aproximava, ele não precisava de um novo alguém para lhe machucar mais uma vez.
- Não era um conversa sem rodeios que você queria? - é sarcástico, sinto minhas mãos ficarem suadas - Olha, vocês parecem muito bacanas, mas vocês jamais vão entender o que é passar por isso ou o que o sistema realmente é.
- Eu trabalho com o sistema e sei como é…
- Não. - a repreende - Você não vive no sistema. - seu olhar era intenso - Você pode trabalhar com isso, inclusive deve ser por isso que tem essa casa bacana, mas você não vive no sistema. - se levanta da cadeira, levemente irritado - Você não sabe o que é ser jogado nele sem amparo algum, com pessoas tomando decisões por você sem que você possa opinar e com pessoas… - seu tom havia alterado, ele parecia bem irritado - Você não sabe. - esboça um sorriso sem qualquer humor - Não diga que você sabe como é o sistema enquanto você anda de Mercedes, só tem roupas de marca e vive em um condomínio fechado.
- Travor…
- Eu acho que vou dormir. - dá alguns passos para trás - Eu termino de comer amanhã. - pouco se importa se tínhamos mais alguma coisa para dizer, apenas caminhou em direção ao cômodo de onde havia saído.
Não consegui me mover e sequer olhar para Lauren, eu sentia uma ânsia fora do normal e estava completamente atordoada. Minha esposa me encarou por longos instantes, me limitei a tirar o prato de Travor e a jarra de suco que estava ao lado do seu alimento, guardei tudo na geladeira enquanto Lauren juntava nossas coisas.
Fomos para o quarto em completo silêncio, tiramos nossas roupas e enquanto eu tirava minha maquiagem, Lauren tomava banho em completo silêncio. Eu observava meu reflexo e era inevitável não me sentir culpada por estar em minha própria casa. Travor não tinha um colchão para dormir e uma refeição sequer, enquanto eu estava usando um anel que faria ele fazer três refeições diárias fartas pelos próximos meses.
Acabei me lembrando de quando eu estava em meu segundo ano da universidade e minha mãe acabou perdendo o emprego, eles não estavam conseguindo enviar dinheiro para mim em New Haven e eu lembro do meu pavor de abrir mão dos meus sonhos e da minha universidade dos sonhos para que meus pais pudessem trabalhar um pouco menos. Também lembro de como Robin, o padrasto de Harry, não havia sequer pestanejado em ajudar meus pais a se reerguerem financeiramente.
Tomei meu banho e notei Lauren tirando o que havia restado de sua maquiagem, ela passou um creme corporal e saiu do banheiro sem dizer uma única palavra. Após me secar, coloquei o pijama e rumei para o quarto com o meu creme corporal em mãos. Lauren tinha um livro em uma das mãos e com a outra mão, ela segurava o controle da televisão.
- Eu não vou conseguir dormir, quer que eu vá para sala para eu deixar você descansar?
- Eu também acho que não vou conseguir dormir. - começo a passar o creme, olhando para a televisão - Ele é…
- Intenso? Sincero? - assinto, olhando para a minha esposa por longos instantes sem ousar desviar o olhar - Camila…
Conhecia minha esposa tão bem a ponta de saber o que seu tom de voz significava. Lauren estava me repreendendo antes que eu sequer colocasse em palavras aquilo que eu tinha em mente, mas por me conhecer tão bem, eu não precisava verbalizar: Lauren Jauregui sabia exatamente o que se passava em minha mente.
- Lauren, e se nós… - tento iniciar o assunto.
- Camila. - me interrompe - Eu sei o que você vai sugerir. - mordo meu lábio inferior, incomodada por ela não deixar eu concluir meu pensamento - Ele já passou por muita coisa, precisa de pessoas que querem ele e que deem o amor que ele merece. - sinto meus olhos ficarem marejados.
- Nós não precisamos adotar ele, eu não estou dizendo isso. - me levanto da cama, começando a andar de um lado para o outro, nervosa com o assunto - Nós podemos ficar com ele temporariamente, até acharmos uma família que tenha condições de adotá-lo e ser tudo o que ele precisa.
- Camz, o sistema não funciona assim, isso pode demorar anos e…
- Nós temos dinheiro para manter ele!
- Dinheiro não é tudo, Camila. - me interrompe irritada, levantando da cama - Ele não é um objeto ou um produto, ele é uma criança. Ele precisa ser educado, ele precisa de roupas, precisa de cuidados médicos e psicológicos, precisa de amor e afeição, precisa de pessoas que não vão embora. Ele precisa de duas figuras responsáveis que deem isso e muito mais. - Sinto as lágrimas rolarem pelo o meu rosto, sentindo uma gigantesca tristeza me atingir - Amor… - me puxa pela cintura, juntando nossos corpos - Nós não podemos...
- Pense, apenas um pouco. - mordo meu lábio inferior, segurando seu rosto - Só um pouco. - acaricio sua bochecha com meus polegares - Podemos vender aqui e viver no casarão para cortar nossos gastos, então colocamos ele em uma escola e ajudamos, pense que aqui vai ser um lugar para ele comer e dormir enquanto não acha outro lugar.
- Camz…
- Ele não pode voltar para a rua! - quase grito.
- Ele não vai, iremos colocar ele em um orfanato e…
- Para ele fugir de novo? - me afasto, abraçando meu próprio corpo - Lauren, ele precisa de alguém, nós podemos ser esse alguém e você sabe disso tanto quanto eu sei. - ela me olha atentamente - Diga que você sente, porque eu sinto, eu sinto em cada célula do meu corpo que eu tenho que proteger esse garoto. - passo a mão em meus cabelos.
Me sinto pequena e sufocada. Jamais passaria por cima da decisão final de Lauren, mas sabia que tantos meus sentimentos quanto os dela estavam a flor da pele e precisávamos “esfriar” aquela tensão. Eu precisava pensar nas coisas que ela havia me dito, assim como ela precisava pensar no que eu havia lhe falado.
- Eu vou beber um pouco de água e… - ela tenta se aproximar, inevitavelmente evito o seu toque para que eu não chore em seus braços - Eu volto depois, me deixe sozinha por alguns instantes.
Sem dizer mais nenhuma palavra, saio do quarto.
Com passos silenciosos peguei um pouco de água e me permiti chorar um pouco o mais baixo que consegui. Não queria que Lauren ouvisse e Travor, muito menos. Bebi água e me acalmei o máximo que consegui, todas as emoções daquela noite haviam me desestabilizado emocionalmente.
O barulho de uma porta abrindo e passos chamaram minha atenção, passei a mão sobre as bochechas rapidamente e prontamente pude ver um corpo pequeno se mover no escuro. Travor não havia notado minha presença ali. Acendi a luz da cozinha e só então ele parou de se mover, pude notar ele se encolher e ficar constrangido por ser pego ali. Trocamos um longo olhar e ele fez menção de mover seu corpo de volta para o quarto, mas eu o impedi.
- Está precisando de algo? - questiono, caminhando em direção a geladeira.
- E-Eu… - abro a porta da geladeira, pegando o prato com o seu sanduíche - Eu…
- Veio atrás disso? - ele morde o lábio inferior, estendo o prato e ele pega o mesmo - Não esqueça o suco. - pego a jarra, servindo em um novo copo.
- Obrigado. - sorrio de canto e ele vira seu corpo, como se fosse voltar para o quarto agora que tinha pegado o que tanto queria.
- Nessa casa não comemos nos quartos. - falo prontamente - Lauren odeia migalhas nas camas. - explico, apagando a luz - Mas comemos na sacada. - começo a caminhar em direção a mesma, percebo o olhar atento dele - Então, você vem, ou não? - sento na poltrona que ficava de frente para o mar.
Travor ocupou a poltrona que Lauren geralmente ocupava, colocou o copo sobre a mesa e começou a comer o queijo quente -agora gelado-. Ficamos em silêncio por longos minutos, apenas observando as ondas quebrarem, o céu estrelado e aproveitando para sentir a brisa gelada da noite.
Não existia aquele clima tenso como quando ele havia deixado a cozinha após meus questionamentos. Era como se eu fosse indiferente para ele, quase como se eu não estivesse ali ocupando o assento ao seu lado. Sem conseguir me conter, olhei para Travor e vi seu olhar impressionado com a vista.
Era apenas uma criança com vivências horríveis que lhe fizeram acreditar que ele agora é um adulto. E eu? Bem, agora, ao meu ver eu era a adulta que sentia a necessidade de fazê-lo se ver como a criança que era.
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americx · 8 years
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❋ (Ewan)
As vezes quando sentia a solidão bater em sua porta America se dirigia ao bar mais próximo, sabia que não podia se dar ao luxo de gastar seu dinheiro com bebida mas bem, não podia evitar. Suas mentiras eram pesadas como fardos, mas preferia carrega-los sozinha do que condenar todos ao seu redor a dor do luto. Ela fitou o companheiro de copo de soslaio, não era a primeira vez que havia percebido quão belo ele era, contudo era a primeira vez que sentia uma incrível vontade de beijá-lo. Meri desviou o olhar por alguns segundos, sentindo as bochechas queimarem, se amaldiçoando por aquilo. Por alguns minutos ela continuou bebendo, um shot após o outro, e quanto menos sóbria ficava mais seu corpo se enchia de coragem. America fitou Ewan, pegando o copo de bebida de sua mão, o pondo sobre o balcão e se aproximando vagarosamente dele, o fitando diretamente nos olhos.— Me desculpe por isso, eu juro que tentei resistir.— as palavras saíram num sussurro pouco antes dela selar seus lábios ao dele, sentindo o seu gosto.
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withonedirectionz · 6 years
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Imagine - Liam Payne
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Eu não tinha certeza de onde a (S/A) era recepcionista, mas eu dei uma “imaginada” e saiu o imagine. Espero que gostem! Beijos ❤
Eu queria (mais) um em que a (s/n) é recepcionista do prédio do Liam e por ela ser sempre simpática, prestativa, educada e engraçada o Liam começa a prestar atenção nela, e num dia de chuva muito forte tarde da noite ela o Liam ainda estavam no escritório aí ele dar uma carona pra ela o final é contigo 😂😂❤ faz oq tu quiser no final  
- Bom dia, Sr. Payne! Como o senhor está? – Eu pergunto enquanto olho na agenda do celular.  
- Bom dia, senhorita. – Mordo o lábio para não rir, sabia que ele não fazia ideia de qual era meu nome.  
- A Srta. Bianca me passou que haverá uma reunião e três pessoas chegarão. Preciso anuncia-las de alguma forma? – Questiono passando para minha agenda física o nome das pessoas que fariam parte da reunião.  
- Não. Serão apenas pessoas com quem devo lutar pela empresa. – Ele dá de ombros e começa a caminhar em direção ao elevador.
- Ah, que pena! Achei que a rainha Elisabeth viria nos visitar. – Digo triste e continuo escrevendo na agenda. Me surpreendo ao ouvir Sr. Payne rindo e eu apenas deixo um sorriso simples escapar dos meus lábios.  
- Tenha um bom trabalho! – Liam diz, mas antes de eu responde-lo, as portas do elevador já haviam fechado.  
- Recepção The Unian, em que posso ajudá-lo? – Atendo o telefone no segundo toque.  
- Merda, eu nunca consigo lembrar seu nome... – O reconheci só pela voz.  
- Em que posso ajuda-lo, Sr. Payne?  
- Bianca ao veio. Espera. Qual é o seu nome?
- (S/N).  
- Então, (S/N), a Bianca não veio trabalhar, você poderia me auxiliar aqui em cima? – Ele pergunta e eu ouço três telefones tocando ao mesmo tempo.  
- Claro. Posso sim. Mas quem vai ficar cuidando da recepção? – O ouço bater em alguma coisa.  
- Eu penso em algo. Só, por favor, corra para cá.
*p.o.v Liam Payne*
(S/N) chegou a minha sala com o celular e um caderninho na mão, ajeitou o vestido e parou me encarando.  
- Eu preciso que você ao menos atenda as ligações. Não aguento mais. E nem são pessoas que realmente queiram falar comigo. São somente pessoas fazendo propaganda e eu não aguento mais. – Logo que eu termino meu ataque de pânico, (S/N) sorri.  
Um dos telefones começa a tocar, um dos que eu mais odiava, pois, era longe da mesa da Bianca e ela sempre demorava em atender.  
A garota a minha frente, caminha em passos lentos até o aparelho e puxa um dos seus fios da parede fazendo o barulho encerrar.
- Se for alguém importante, vai ligar para a linha principal. – Ela diz dando de ombros.
Ela aponta para a cadeira em que Bianca sentava e eu aceno com a cabeça para que ela sente lá.  
- O que o senhor precisa que eu faça. – (S/N) pergunta cruzando as pernas e apoia-se sobre a mesa. Os cabelos moldam seu rosto que eu analiso por um tempo até que ela começa a franzir a testa e a piscar mais rápido.
- Bom, que você atenda o telefone e não deixe ninguém invadir minha sala.
- E já tentaram fazer isso? – Ela arregala os olhos.
- Mais ou menos. – Eu paro olhando para o nada e me lembro do dia que minha ex-noiva entrou nesse prédio aos berros por que não aceitava o fim do nosso noivado.
- Eu realmente devo me preocupar?  
- Não. Daremos um jeito em qualquer coisa que vir a acontecer. – Eu aceno com a cabeça e volto para minha sala, que fica apenas a uma porta de distância da minha secretária por um dia.  
Passo o dia ouvindo (S/N) atendendo telefones e apertando os botões do teclado. Me questiono como uma pessoa tão inteligente – capaz de pensar em soluções tão rápidas – se contenta em seu recepcionista em um prédio empresarial. Como pode se contentar com tão pouco...
São três horas da tarde quando me dou conta de que tenho pilhas e pilhas de papeis para ler e revisar; contratos que não foram fechados, processos abertos, atividades que minha empresa precisava prestar.
Ouço duas batidinhas na porta e (S/N) coloca a cabeça para dentro da sala.
- Oi, você quer comer alguma coisa? – Ela mostra uma sacolinha de papel marrom com uma logo estampada bem na frente. – Vi que você não saiu para almoçar ao meio dia.
- Obrigada. – Digo sorrindo enquanto ela me entrega a sacola.
- O senhor ainda quer que eu fique aqui com você? Digo, queria saber se posso voltar para a recepção.  
- Eu preferia que você ficasse por aqui; e pode me chamar de Liam. – Eu digo e a encaro pensativo. – Ainda estou pensando se vão querer me atacar.  
- Sr. Payne, nós dois sabemos que você não será atacado... – Ela diz baixinho e segurando a risada.  
- Mas mesmo assim você vai me deixar desprotegido? – Eu digo com uma falsa ofensa.  
- Tudo bem. Eu volto para minha mesa sem graça.
Não tenho nem tempo de respondê-la, pois, a mesma me dá as costas. As horas correm conforme eu leio a papelada em cima da minha mesa; (S/N) não volta mais a minha sala, mas eu ainda consigo ver sua sombra pelo vidro que nos dividia.
Lembro de como ela foi gentil em me trazer algo para comer e como foi divertida enquanto fazia piada das minhas falas e nossa, como quem estava ao seu lado era sortudo. Ela devia fazer tudo com amor e carinho, capaz de deixar a pessoa cada dia mais apaixonada, com vontade de retribuir toda e qualquer atenção que ganhe dela.
Quando me dou conta, já são oito horas da noite. (S/N) ainda estava em frente à sala e por ter me dado conta do horário que a fiz ficar na empresa não consigo mais me concentrar para trabalhar.
Desligo tudo na minha sala e visto o paletó que estava no encosto na minha cadeira.
- Me desculpe por ter feito você ficar tanto tempo. Não me dei por conta que já estava tarde. – Eu digo enquanto fecho a porta e paro em frente à mesa improvisada com vários copos de café da cafeteria o prédio.
- Tudo bem. – Ela diz dando de ombros.
- Você quer comer alguma coisa? – Eu pergunto quando ela levanta e caminhamos para o elevador.  
- O senhor não precisa se preocupar com isso. – Ela diz envergonhada.
-  Eu faço questão de leva-la para jantar, onde quiser.
- Está bem. – Ela para pensando. – Tem um McDonald’s na próxima quadra, você me leva para jantar lá?
- Você me daria a honra? – Eu faço uma reverencia exagerada.
- Seria uma honra ter sua companhia. – Ela faz a mesma coisa e encaixa seu braço no meu.
Seu perfume invade meu nariz por causa da proximidade, minha vontade era deixar um beijo em seu pescoço e inalar seu perfume com mais afinco.
Fico feliz por diverti-la enquanto jantamos um hambúrguer seboso. Um pouco mais tarde, a deixo em casa.
- Me desculpe mais uma vez por deixa-la até tarde na empresa, mas obrigada pela companhia. – Eu digo quando estaciono o carro em frente a casa.
- Não há o que agradecer. – Ela sorri. – Até amanhã!
- Até amanhã! – Eu repito. 
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