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Vigiar e Punir por Michel Foucault - Parte 3: Disciplina - Capítulo 3: O Panoptismo
#livro: vigiar e punir por michel foucault#escritor: michel foucault#ano: 1975#década: 1970s#assunto: panoptismo#escritor: jeremy bentham#assunto: plague#assunto: leprose humana#século: xvii#século: xviii#assunto: disciplina de foucault#assunto: vigilância de foucault#assunto: coerção de foucault#assunto: poder de foucault#assunto: punição de foucault#facul related stuff#disciplina: sociologia#adicionar mais tags no reblog
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A discussão sobre a valoração do sexo na sociedade contemporânea polariza-se em duas teses principais: a da supervalorização e a da valoração inerente e justificada. Uma análise aprofundada, no entanto, busca conciliar essas perspectivas, apontando para uma compreensão mais matizada da sexualidade humana.De um lado, argumenta-se que o sexo, em sua representação social, midiática e cultural, é frequentemente superestimado e desproporcionalmente priorizado, levando a expectativas irreais e distorções prejudiciais. Essa tese aponta para um foco excessivo na performance e na aparência, onde a mídia e as redes sociais promovem um ideal de sexualidade centrado na performance física, na juventude e em padrões estéticos inatingíveis, gerando pressão, frustração e insegurança. Além disso, o sexo é frequentemente instrumentalizado e comercializado, seja através da pornografia ou de produtos de beleza e performance, perdendo sua dimensão íntima, emocional e relacional mais profunda. Essa crença de que o sexo é a chave primária para a felicidade ou a realização pessoal pode levar a desilusões quando a realidade das relações e da intimidade não corresponde a essas idealizações midiáticas, resultando em um "ato libidinoso" visto como uma "disputa" ou transação, desconsiderando a complexidade humana. O sexo é disputa de quem tem mais poder,quem tem a melhor elaboração da fantasia próxima de ambas as pessoas envolvidas,quem é dominado ou dominador.Há, ainda, uma tendência reducionista que limita o sexo à sua dimensão física (penetração, estímulos genitais), ignorando seu caráter de autoconhecimento psíquico e sua profunda conexão com o cérebro e o bem-estar mental. Por fim, a constante comparação com ideais apresentados em redes sociais e na vida alheia pode distorcer a percepção da própria sexualidade e gerar insatisfação.
Contrariamente à supervalorização irrestrita, a segunda tese defende que a alta valoração do sexo é, em sua essência, apropriada e justificada por razões biológicas, psicológicas e sociais profundas. Para essa perspectiva, o problema reside na forma como essa valorização é distorcida, e não no valor em si. Sob uma base biológica e evolutiva inegável, o sexo é fundamental para a reprodução da espécie e, além disso, desempenha um papel crucial na formação de vínculos sociais, cooperação e coesão grupal, impulsionado por mecanismos neuroquímicos como a ocitocina e a vasopressina. Negar essa importância inata seria negar a nossa própria natureza. O sexo também é um pilar do bem-estar psicológico e da satisfação relacional; estudos recentes (como os de Jones, Robinson & Seedall, 2024, e Schoenfeld & Silberman, 2023) demonstram que uma vida sexual satisfatória, pautada pela comunicação aberta e honesta, está diretamente ligada à autoestima, à felicidade conjugal, à redução do estresse e ao bem-estar geral, tornando essencial a valorização de um espaço seguro para essa comunicação. A complexidade neurocognitiva e emocional do sexo é igualmente relevante, com a neurociência (conforme demonstrado por Georgiadis & Kringelbach, 2012, e Pfaus et al., 2024) revelando que o prazer é uma experiência holística que ativa vastas redes cerebrais de emoção, recompensa e cognição, provando que o sexo é profundamente cerebral, não apenas físico, e sua valoração reflete essa complexidade. Além disso, a sexualidade é um caminho essencial para o autoconhecimento e a expressão da identidade individual, um processo contínuo de descoberta que se inicia na infância e evolui ao longo da vida, independentemente da orientação. A liberdade e a autenticidade na expressão sexual são vistas como fundamentais para a integridade do indivíduo, como apontado por Foucault (1976). Por fim, o sexo é inerente e multiforme, e não menos relevante e sem findar o assunto,ele não se restringe à penetração ou a estímulos genitais, mas se manifesta de diversas formas em diferentes etapas da vida, sendo um processo psíquico de autodescoberta.
Em síntese, a sexualidade humana possui, por sua natureza biológica, psicológica e social, um valor intrínseco e fundamental para a vida individual e coletiva. A satisfação sexual, a comunicação íntima e o autoconhecimento psíquico são elementos cruciais para o bem-estar e a sanidade mental, justificando a alta relevância que o sexo naturalmente possui. No entanto, essa valorização autêntica é frequentemente distorcida por narrativas superficiais e comercializadas que promovem expectativas irreais, um foco excessivo na performance e na estética, e uma redução da sexualidade a um mero ato físico ou transacional. Essa distorção midiática e cultural é, de fato, o que gera a percepção de "supervalorização" e as frustrações dela decorrentes, em vez de um reconhecimento legítimo da complexidade e profundidade da sexualidade humana. Portanto, o desafio não é desvalorizar o sexo, mas sim reorientar sua valorização para um entendimento mais saudável, integral e autêntico, que reconheça sua multifacetada importância para a conexão humana, o bem-estar psicológico e o autoconhecimento, livre das pressões de um ideal inatingível e da superficialidade de uma cultura hipersexualizada.
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02/09/2024
Relações ambivalentes
Eu deveria estar escrevendo agora os resultados e discussões no mei relatório, mas minha irmã chegou de viagem e começamos a conversar, depois minha prima chegou, conversamos mais e tudo e tal. E também, falando das conversas da minha irmã na viagem, conversamos sobre assuntos da nossa própria família. Problemas, especialmente.
As relações familiares são muito importantes para um indivíduo. São (as vezes) uma forte rede de apoio, são (as vezes) base ou fonte da sua socialização, são (as vezes) as primeiras a apresentar esquemas de relacionamento e de modos de ser e viver, que uma pessoa costuma levar consigo para toda a vida ou pelo menos por muito tempo. De forma geral, a família é um núcleo de afetos, forças relacionais muito potentes sobre um sujeito. Positivamente ou negativamente. Ou os dois.
(Só para destacar, a família não tem esse poder imediato e principal por causas naturais, mas por uma série de instituições e determinações socio-culturais, construídas historicamente. Podemos estudar isso com Michel Foucault e Philippe Aries.)
Acontece que as vezes/na maioria das vezes, a família se apresenta no limbo de ser fonte de afetos positivos e negativos ao mesmo tempo (muito disso provavelmente pela sua artificialidade de fundamente e outras instituições que se infiltram nas pessoas em suas outras relações). Então a família ou algo de seus membros se encontra na posição de ambivalencia para o sujeito, que vê nela conforto e segurança e ao mesmo tempo tensão e ameaça. Ao interagimos com uma pessoa amada, nos deparamos também com alguém que nos fez mal (as vezes intencionalmente) e não sabemos como agir. Culturalmente, somos impelidos a amar e aceitar as pessoas de nossa família de braços abertos, especialmente se estamos em posição "inferior" nessa pirâmide não assumida. Qualquer afeto negativo cultivado nessa relação não tem espaço e deve ser descartado.
Mas as pessoas não funcionam assim, não podemos simplesmente jogar fora um afeto ruim em relação a alguém, especialmente alguém com contato frequente, diário. Então essa relação com o parente torna-se ambígua, passa por memórias verdadeiramente felizes e outras verdadeiramente tristes ou aguniantes. O amor e o ódio fluem de modo quase natural e são vãs qualquer intenção de um dominar o outro. Ambos os sentimentos têm fundamento e fazem sentido com a realidade da pessoa, mesmo que lhe faltem explicações.
E esse afeto polar, que não cabe nos modelos idealizados de relacionamento familiar, são mantidos ali no fundo do coração das pessoas, como uma sombra, sempre presente, nem sempre ativa. É sempre silenciosa, mas as vezes, quando a luz baixa, é um afeto que cresce e se borra com o ambiente, perde seus limites com a realidade e ocupa um espaço dominante não só no sujeito mas em tudo a sua volta.
Falei de tudo isso mas o que importa no final é: o que podemos fazer com isso?
Sinceramente eu não. Não consigo lidar com as minhas ambivalências em relacionamentos familiares. Elas se manifestam em cada pensamento com aquela pessoa, mas não consigo abraçar completamente uma enquanto esqueço a outra. Tudo anda junto (inclusive a desconfiança durante os bons momentos).
Acho que vai precisar de muita terapia e planejamento familiar e de futuro para algumas figuras tenham uma ambivalência não tão profunda no futuro.
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Queria registrar aqui minhas primeiras impressões sobre o curso de Direito da UFRJ ainda como caloura. Acho bom salientar que eu venho de um curso de exatas e sou pobre de marré marré.
Bom, são 6 disciplinas no primeiro semestre e eu queria poder voltar no tempo e ter comprado os livros mais usados que nem sao caros e eu teria evitado ler no meu celular - ja que eu nao tenho notebook - e ler no celular beira a humilhação, mas gratidão Senhor 🙏 ; e comprar os livros sairia mais barato do que imprimir tantas paginas por semana.
O curso aborda majoritariamente politica, movimentos sociais e desigualdade entao é mt cativante quando abordam a atualidade mostrando o passado e nos abrindo os olhos sobre como viemos parar aqui e o poder do Direito 🤩.
São disciplinas teóricas, mt historia. Deixe pra comprar um vade mecum mais tarde.
São pouco mais de 70 alunos e é tudo mt organizado. Pra mim que estudei o ensino médio numa escola pública que parecia um cosplay de uma penitenciaria do interior a UFRJ parece o céu; os professores disponibilizam o plano de ensino de todo o semestre e a minha turma organiza em pastas e ficam todos os textos lá organizadinhos; alguns professores recomendam ate podcasts, blogs e videos sobre o assunto da semana pra deixar bem elucidado 😃.
Sobre os meus colegas e futuros concorrentes: as celebridades da turma sao os que mais aparecem tirando dúvidas com os professores - sempre aquela mesma meia duzia de alunos, geralmente pq sao mt engajados no assunto, alguns vem de escola particular cm as aulas bombando conteúdo pra passar nos vestibulares, outros sao transferidos de outra faculdade de humanas - esses tem um vocabulário enorme e ja estudaram bastante areas relacionadas - e outros apenas se empolgam cm os debates mesmo, e realmente tem mts debates. Assuntos polêmicos.
Aliás, nao há, ate então, nenhuma ideologia doutrinadora; obvio que se ensina Marx, assim como se estuda Hans Kelsen e Adam Smith.
Os mais estudados sao Kelsen, Foucault, Bauman e o nosso Wilson Cano na disciplina de Economia Política (ECOPOL).
Agora eu vou ser sincera e contar que eu nao to no top10 dos que com certeza vão se formar e vergonhosamente to acumulando textos e video-aulas, mas eu diria que se vc seguir a risca o cronograma e quiser ficar em dia cm as matérias vai ter que ler no mínimo 50 paginas por dia.
E apesar do EAD ser mt cômodo eu nao vejo a hora de se tornar presencial e conhecer pessoalmente a biblioteca lindíssima da FND, comer no refeitório da faculdade e pegar o busão pra casa pensando o quanto eu sou abençoada em estudar na maior do Brasil.
No geral o curso é absurdamente enriquecedor e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
10/10
Por enquanto isso é tudo pessoal.
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Texto Expositivo/Argumentativo
O texto dissertativo-argumentativo é um gênero discursivo muito comum em provas de vestibular, como a Fuvest, e no Enem. Em resumo, trata-se de uma produção em que um autor defende seu ponto de vista por meio de argumentos. No caso específico do Exame Nacional do Ensino Médio, exige-se, também, que se apresentem propostas de solução para os problemas levantados na argumentação.
Além disso, esse tipo de texto é reconhecido por ter uma estrutura bastante rígida, dividida em três partes fundamentais: introdução, argumentação e conclusão.
Veja, a seguir, um exemplo de dissertação nota mil na prova no Enem de 2017, cujo tema solicitado foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”: Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes auditivos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação. Nesse contexto, não há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade.
A Constituição cidadã de 1988 garante educação inclusiva de qualidade aos deficientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas da educação inclusiva, como também da preparação do número suficiente de professores especializados no cuidado com surdos não está presente em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.
Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à permanência dos deficientes auditivos nas escolas. Tristemente, a existência da discriminação contra surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva. No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para transpor as barreiras à formação educacional de surdos.
Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Educação criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do cotidiano e dos direitos dos surdos. - uma vez que ações culturais coletivas têm imenso poder transformador - a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral - por conseguinte - conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.
Isabella Barros Castelo Branco, do Piauí.
O texto expositivo é um tipo textual que tem como principal objetivo transmitir uma mensagem da forma mais clara possível. Ele é descritivo, preciso, esclarecedor e compreensível.
No texto expositivo, esses elementos fazem com que o leitor tenha informações suficientes para compreender o assunto ou interpretar os dados. Artigos científicos, notícias, manuais e receitas são alguns dos inúmeros exemplos de texto expositivo que estão presentes no nosso cotidiano. Mas para identificá-lo é preciso conhecer os elementos que fazem parte dele.
Antes de conhecer esses componentes, vamos ficar atentos a essas regras:
• O texto expositivo precisa ter coesão e coerência – a harmonia na escrita é fundamental para qualquer tipo textual. Mas como o texto expositivo, tem por objetivo instruir e clarificar, esses itens são ainda mais valorizados.
• Bem fundamentado – Vamos tomar como exemplos os artigos e divulgação de pesquisas científicas. Esse tipo de texto precisa estar bem embasado para que o leitor acredite naquilo que está lendo.
• Ordem sequencial de apresentação dos fatos ou hipóteses (argumentação) – Tomaremos como exemplo novamente os trabalhos acadêmicos. Toda pesquisa parte de um ponto inicial, passa pelo desenvolvimento ou aplicação, em seguida segue para a coleta e análise de dados. Com as fases bem distribuídas, o leitor consegue identificar como o resultado foi obtido.
• Não faz juízo de valor – O texto expositivo faz julgamentos a partir de experiências individuais. Mesmo as considerações feitas por quem escreveu são feitas com base nos dados coletados.
Elementos do texto expositivo
Pode-se dizer que em um texto expositivo três personagens principais trabalham para que a comunicação aconteça: o emissor, o receptor e a relação entre eles.
• O emissor (quem escreve, fala ou se comunica de outra forma) - ele não precisa ser um especialista no assunto, a menos que seja uma divulgação cientifica de relevância. Mas quem escreve deve ter o conhecimento prévio do tema e também do leitor. Porque sabendo quem vai ler, ele pode adaptar o conteúdo.
• O receptor (ou destinatário) – São raros os casos em que o leitor não procura temas que ele já conhece e tem interesse. São as exceções em que é necessário fazer uma pesquisa, ou aprender um conteúdo novo. Ele pode concordar com as informações expostas e absorvê-las ou simplesmente descartá-las.
• A relação - o vínculo entre emissor e receptor é determinante para a compreensão da informação. Quando o emissor já conhece quem lê seu material, e o prepara de acordo com essas necessidades, a mensagem é assimilada com mais facilidade.
Exemplos de texto expositivo
• Resumo de artigo:
“Este artigo tem como objetivo discutir a estrutura e o funcionamento da Educação Básica no Brasil, assim como ressaltar a necessidade de um ensino básico de qualidade para o desenvolvimento da sociedade. Levando em consideração as mudanças contínuas do mundo globalizado, esse estudo também se propõe a situar o papel das mídias e tecnologias de informação e comunicação, como uma das ferramentas capazes de potencializar a aprendizagem em sala de aula.” ( SANTOS, Esther. A Educação Básica no Brasil : desafios e possibilidades do mundo globalizado.)
Fonte:www.brasilescola.uol.com.br e www.portugues.com.br
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Conversation
Um prosa com Foucault sobre o seu Método Arqueológico da História.
A.Witcoski: Eu vou tentar demonstrar como funciona o método Arqueológico da História. Quem vai me ajudar é uma pessoa que domina o assunto: Michel Foucault. Para isso, vamos iniciar perguntando, por que a criação desse método?
M.Foucault: Bom, na maioria dos meus textos, sempre destaquei a importância do Discurso. Quando escrevi a "Arqueologia do Saber", tentei demonstrar que o conhecimento histórico, assim como qualquer outra conhecimento, é formado por um discurso. Na época em que eu escrevi, a História transformava documentos em monumentos e a Arqueologia era a ciência responsável por identificar os resquícios deixados pelo passado, mas que só ganhava sentido a partir do discurso de um historiador. Com o meu método, ocorre o inverso. É a história quem precisa recorrer à Arqueologia para conseguir dar sentido a seus monumentos.
A.Witcoski: Entendo. Então o seu método arqueológico também é uma nova forma de fazer história?
M.Foucault: Exatamente. A História busca dar sentido ao passado através de seus documentos e monumentos. O que eu chamo a atenção para os historiadores é que tudo aquilo que foi dito, escrito e feito pelas pessoas do passado precisa ser considerado como um "acontecimento". O que foi dito, escrito ou feito ganha materialidade e instaura uma realidade discursiva. E sendo o ser humano um ser discursivo, criado ele mesmo pela linguagem, a Arqueologia é o método apropriado para desvendar como o homem constrói sua própria existência.
A.Witcoski: Compreendo. Mas nessa lógica, as pessoas criam representações da sua vida pela linguagem. As ciências Humanas são responsáveis por estudar o homem enquanto ele se representa na vida na qual está inserida. Sua existência corpórea, a sociedade em que está, a sua percepção da realidade, sua formação ideológica, a produção e reprodução de visões de mundo são expressadas em pronunciamentos, em palavras, em objetos, em ações que geram fatos e de inúmeras maneiras. O historiador quando escreve sobre o passado, ele interroga a sua fonte. Vamos imaginar que essa fonte seja documental, por exemplo. Ele tentará desvendar o "como", "para que", "onde", "para quem", "por quem" e "o porquê" daquela fonte existir, através da análise das palavras contidas nela. Numa Análise Arqueológica, como o historiador deveria prosseguir?
M.Foucault: Nesse seu exemplo, o método arqueológico pode ser aplicado desde o início. Pois os sujeitos e objetos relatado na sua fonte não existem a priori. Eles são construídos discursivamente sobre o que se fala sobre eles. Vamos pegar um exemplo. Se nesse documento você encontra um relato sobre a ocupação de uma terra inóspita por um grupo de pessoas e para descrever esse acontecimento é utilizado o enunciado "grupo de invasores". Se está escrito ou foi dito, esse conjunto de enunciados ganha sentido. Logo, temos um discurso produzido. Mas poderiam ser utilizados inúmeros enunciados e poderiam ter sido produzidos diferentes discursos sobre esse acontecimento. Então por que este discurso específico foi produzido? Por que estes enunciados foram utilizados? Qual sentido esse discurso produz? Para compreender esses discursos reais e materializados, existe a Análise do Discurso (AD).
A.Witcoski: Muito bom! Mas Foucault, a "AD" é um dos procedimentos do Método Arqueológico da História. No entanto, há muitas pessoas que possuem dúvidas. Você pode explicar como ele funciona?
M.Foucault: Certamente! Podemos afirmar que a AD possui alguns conceitos principais: o discurso, o enunciado e o saber. O "Enunciado" pode ser qualquer palavra reunida em orações, frases e proposições que são ditas, escritas para expressarem uma ideia, um pensamento, uma opinião, etc; O "Discurso" é um conjunto de enunciados que possuem um suporte histórico, geográfico e institucional que permite ou proíbe sua existência; Os "saberes", por sua vez, não dependem da ciência, pois são formados em diversos campos discursivos existentes na sociedade. No entanto, a ciência é um dos possíveis campos do saber. Essa é a base para proceder com uma Análise do Discurso. Compreende?
A.Witcoski: Certo! Então nem todo saber é científico?
M.Foucault: Exato. Quer um exemplo? Reflita sobre o procedimento de cuidado de doentes. Existe a ciência médica que reúne e dá legitimidade e validade á diversos discursos. A ciência médica constrói um campo discursivo sobre o cuidado dos enfermos. Ainda assim, existe o conhecimento popular. Existe as benzedeiras, as curandeiras e a terapia homeopática que são formas de saberes sobre a cuidado de doentes e que não estão inclusos no campo discursivo do saber científico. Por isso, quando se analisa um enunciado ou um discurso, é preciso considerar que o seu saber está diluído em diversos campos discursivos.
A.Witocski: Compreendi. Nesse caso, a AD faz isso?
M.Foucault: Sim. Em uma AD, o pesquisador deve estar atento aos enunciados e como esses enunciados produzem discursos. De uma maneira mais compreensível, basta pensar porque o produtor daquele discurso utilizou determinados enunciados entre tantos outros possíveis. Vamos para um exemplo prático? "Você presenciou uma briga de casal. A mulher grita e o homem dá um soco no rosto dela. Um policial chegou a você e pediu para descrever com detalhes o que aconteceu. Como você faria isso?"
A.Witcoski: Bom, eu iria dizer que a mulher estava histérica e o homem, possivelmente, estava embriagado e por isso bateu nela.
M.Foucault: O seu relato caracteriza um "dito". Esse dito utilizou inúmeros enunciados em detrimento a tantos outros para manifestar sua percepção daquele acontecimento. Vamos pegar um pequeno trecho. Para a mulher, você utiliza algumas palavras e enuncia dessa forma: "estava histérica"; para o homem você enuncia: "estava, possivelmente, embriagado". A palavra histérica, por exemplo, possui um suporte histórico e institucional. Histórico por que surge em um contexto da Era Vitoriana e fora utilizado para descrever mulheres consideradas "loucas" e "agressivas", com validação de um campo discursivo: o do saber psicanalítico e clínico; que dava legitimidade a esse discurso. Do mesmo modo, o fato de você ter utilizado o enunciado "possivelmente estava embriagado e por isso bateu nela" para descrever a ação masculina, você produz um discurso que dá o sentido de que "o homem não era agressivo, mas só agrediu ela porque estava embriagado". Consequentemente, se o seu pronunciamento for utilizado por um historiador como discurso sobre aquele acontecimento (a briga), todo o sentido produzido pelas suas palavras formará uma realidade discursiva que, automaticamente, tornará a mulher "histérica" e o homem agressivo "somente em função da bebida". Será que é essa realmente a realidade que aconteceu ou essa é apenas a sua versão da realidade? E se ao invés de relatar daquela maneira você relatasse que "o homem chegou bêbado até a mulher. Ela gritou e ele a agrediu". O discurso e o sentido sobre o acontecimento (a briga) seria outro. Percebe como o conjunto de enunciados utilizados pode gerar diferentes discursos e, consequentemente, diferentes realidades discursivas?
A.Witcoski: Assim ficou mais claro. Então se um historiador que utilizar a AD como procedimento metodológico ele deve começar analisando os enunciados e tudo o que foi dito?
M.Foucault: Sim, exatamente. Porém, a AD não se resume apenas ao dito ou escrito. Pense comigo: se havia tantas possibilidades e diferentes maneiras de enunciar um fato, por que o produtor do discurso enunciou daquela maneira? Por que algumas palavras foram utilizadas ao invés de outras? Todo o dito e escrito possui "Não-Ditos" e um "Não-Escritos". Dependendo dos lugares históricos, geográfico e institucionais, determinados discursos ganham sentido e produzem saberes. Assim como o "louco" foi incorporado pelo campo discursivo médico e a partir daí foi entendido como "doente mental", os discursos produzem saberes. O saber é uma forma de poder e assim como o médico utiliza desse saber para exercer poder sobre o corpo do doente mental, os demais discursos produzidos pela sociedade também exercem alguma forma de poder, por isso merecem a atenção dos pesquisadores e, principalmente dos historiadores, pois o discurso pode intervir na representação que as pessoas fazem de si e da sua própria realidade.
A.Witcoski: Entendi. Muito boa sua explicação. Agradeço a sua participação e espero vê-lo mais vezes por aqui.
M.Foucault: O prazer é todo meu! Até mais!
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Foucault: corpos dóceis e biopolítica

A leitura dos textos de Michel Foucault logo no início da disciplina é interessante e importante, pois, os conceitos apresentados por ele vão, de certa maneira, permear os outros textos selecionados para a disciplina.
Em Corpos Dóceis (in: Vigiar e Punir), o autor fala da descoberta do corpo como objeto e alvo de poder – o objetivo desse poder para com o corpo é moldá-lo para obedecer.
Para tal, o poder faz uso de técnicas disciplinares, centradas no corpo e que produzem efeitos individualizantes. A disciplina tem como objetivo tornar o corpo hábil, eficaz e submisso. Ela distribui os corpos em uma localização (Foucault menciona o exército, as escolas, as fábricas e as prisões) e, a partir daí, implementadas uma série de atividades controladoras a fim de rearranjar esses corpos e torna-los úteis.
Esses processos disciplinares buscam uma nova maneira de gerir o tempo, de produzir sempre forças mais úteis e que as mesmas possam ser capitalizadas.
Ao final do texto, Foucault fala que o corpo disciplinado deve construir uma máquina cuja eficiência será elevada ao máximo – uma espécie de “massificação da disciplina”. As forças devem ser combinadas para se alcançar um aparelho eficiente e para isso acontecer é necessário um sistema de comando.
Partindo dessa ideia de maximizar a disciplina, no texto da aula de 17 de março de 1976 (in: Em Defesa da Sociedade), Foucault conceitua a biopolítica. Segundo ele, a biopolítica, em suma, lida com os acontecimentos aleatórios que ocorrem em uma população e uma capacidade de intervenção em tais acontecimentos.
Ou seja, controlar e modificar essas aleatoriedades como forma de garantir a segurança do conjunto – os mecanismos disciplinadores se articulam com os mecanismos regulamentadores. O elemento que liga os dois é a norma, que permite, ao mesmo tempo, controlar o corpo e a população. A norma é um mecanismo que amplia a dominação do poder – do singular para o múltiplo.
“Portanto, estamos num poder que se incumbiu tanto do corpo quanto da vida (...)” (p.302)
Como mencionado acima, esses conceitos de Foucault percorrem as ideias trazidas pelos outros textos da disciplina, em que autoras e autores falam do corpo gordo, do corpo velho, do corpo com deficiência, dos padrões de beleza e de todos os empecilhos da sociedade em aceitá-los e de todas as manobras da mesma para transformá-los.
Após a leitura, a atividade proposta foi uma análise dos discursos produzidos pela moda: quais a ideias veiculadas por trás das imagens?
Escolhi dois exemplos, ambos de revistas de moda e com conteúdos relacionados, de certa maneira, à pandemia do novo coronavírus. É fato que, devido ao vírus, muitas revistas buscaram refletir qual o rumo que a moda vai tomar diante de tudo isso. As propostas precisam ser reavaliadas.

Dessa forma, o primeiro exemplo é do retorno da revista Elle Brasil. Por meio de um open casting, a revista convidou leitores a enviarem suas fotografias, das quais 26 foram selecionadas. O ensaio, feito virtualmente, trouxe um novo olhar sobre quem faz os veículos de moda e para quem eles se destinam.
É papel das revistas (ainda) ditar tendências e padrões? Ou elas deveriam dialogar mais com seus leitores para, dessa forma, construir o conteúdo?
O casting realista da Elle traz aquela ideia do leitor se ver na publicação. A diversidade de corpos pode atrair muito mais leitores, do que um ensaio feito com uma personalidade. A própria ideia de chamar o leitor a contribuir, mostra que a publicação deseja estar próxima e contemplar anseios e expectativas dos mesmos.
Seguindo essa linha mais realista, o segundo exemplo que trago é da edição de julho da Vogue britânica, que celebra em suas capas os trabalhadores de serviços essenciais no Reino Unido.

Uma condutora de trem, uma parteira e uma assistente de supermercado, em seus devidos uniformes, a pompa que se espera de um ensaio fotográfico em uma revista de moda, têm suas histórias contadas e celebradas.
Não creio que as revistas de moda devam se distanciar de assuntos como roupas, produtos de beleza e outros, desde que se mostrem mais atentas à nova realidade que entramos devido à pandemia. Acredito que esse seja o momento de reexaminar o “glamour” da moda e abrir mais espaço para rostos reais e necessidades reais para, assim, repensarmos a sociedade para ser mais representativa e diversa.
REFERÊNCIAS
BRITISH VOGUE. Meet the front-line workers on the cover of British Vogue’s July 2020. Disponível em <https://www.vogue.co.uk/news/article/keyworkers-july-2020-issue-british-vogue>. Acesso em 09 de junho de 2020.
ELLE BRASIL. #olhaelle: o casting dos sonhos. Disponível em <https://elle.com.br/open-casting?rebelltitem=3#rebelltitem3>. Acesso em 09 de junho de 2020.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Nascimento da prisão. Capítulo I: Corpos dóceis (P.117-142) Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976) (P.285-316). São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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Jesus, o Mestre
Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu sou. João, 13:13
A vida tem nuance que só com observação muito detida para ver com clareza.
Muitos homens encarnaram para fazer muitos trabalhos dos Céus na Terra, com muitas chances de vitória.
Muitos filhos de Deus renasceram para serem mártires no mundo, muitos têm estofo para aguentar o mundo com as suas manias de perseguir. Por exemplo, Gandhi – Mohandas K. Gandhi – o Mahatma. Viveu para fazer que os irmãos da Índia vivessem a glória fraternal. Morreu entre a Índia hindu e o Paquistão muçulmano. Mártir da fraternidade...
Padre Maximiliano Maria Kolbe foi preso num campo de concentração na Polônia, num búnquer, até ao fim da vida do corpo. Ele queria trocar a sua vida pela dum civil que tinha mulher e filhos, por isso, condoído com a situação, falou ao chefe do pelotão... O chefe assentiu.
Foi o mártir de Auschwitz...
A cientista Madame Curie – Marie Sklodowska – nascida na Polônia e tendo mudado para a França, montou um pequeno laboratório para suas pesquisas. Marie, muito afervoradamente, foi descobrindo o mundo do urânio – pechblenda – (óxido de urânio).
Madame Curie caiu doente. Longas hospitalizações...
O câncer...
Mártir da Ciência...
São mártires no mundo que muita gente não sabe aquilatar.
Esses mártires tiveram um pacto, firmado com o Mundo Espiritual Superior, para que suas vidas valiosas mexessem com os valores da Humanidade, desde que eles tinham débitos com as sociedades terrestres...
Jesus é o Grande Estandarte de Deus na Nave Terra. Ele tem muito condoimento do rebanho e muita paciência com ele. Jesus quer que todos aprendam a servir ao invés de ser orgulhosos... que aprendam a serem afáveis ao invés de fazerem intrigas contra o próximo.
Muitos homens encarnaram para fazer o trabalho de Deus, na Terra, com as Ciências, para ajudar a Humanidade a viver neste mundo.
Muitos cientistas colaboraram com o mundo e que as sociedades não conheceram. Eles renasceram para fazer luz nas trevas da ignorância humana, como por exemplo:
O francês Foucault construiu o telescópio com espelho coberto de prata...
O sueco Nobel inventa a dinamite...
Broca localiza vários centros cerebrais...
Flourens mostra o papel do cerebelo no equilíbrio e na coordenação dos movimentos...
O alemão von Siemens estabelece a teoria dos condensadores...
Brown-Séquard estudou a fisiologia da medula espinhal...
Pasteur descobriu os micróbios...
O alemão Kekulé estabelece a quadrivalência do carbono...
Emil Kraepelin classificou as doenças mentais. Estudou a psicose maníaco-depressiva e a demência precoce...
Richard von Krafft-Ebing estudou o sadismo, o masoquismo, o fetichismo e outras perversões sexuais...
Dmitri Mendeleiev, químico russo, foi autor da classificação periódica dos elementos químicos conforme seus pesos específicos...
Johann Mendel, botânico austríaco, realizou experiências sobre hereditariedade nos vegetais...
São bandeirantes das ciências que muita gente não conhece.
Esses bandeirantes tiveram um contrato firmado com a Espiritualidade Maior, da Terra, para pôr seus cérebros valorosos a serviço da Humanidade, desde que eles tinham dívidas com as sociedades terrestres...
Jesus é o Grande Governador da Nau Terra. Ele tem muita comiseração do rebanho e muita doçura com ele. Por isso, quer que todos aprendam a servir ao invés de fazer guerras... que aprendam a amar ao invés de fazer sofrer ao próximo.
Jesus é o nosso Mestre no Mundo, à luz das questões espirituais. Mestre não é bem aquele que detém conhecimento superlativo acerca de algum assunto da Terra. Não é bem aquele que domina vastas tecnologias, liderando muitos grupos de indivíduos. Não é bem aquele que se exprime por meio de diversos idiomas, contatando e entendendo incontáveis povos humanos.
Nessa situação, não é bem aquele que detém largo poder de persuasão, capaz de induzir grupos enormes de pessoas a seguir suas ideias. Não é bem aquele que dirige importantes empresas, tendo suas ideias como roteiro para vários países do mundo. Não é bem aquele que inventa máquinas e utensílios que facilitem a vida das sociedades. Não é bem aquele que se mostra detentor de grande sagacidade, silenciando todo e qualquer opositor com sua argumentação, quase sempre sofista, dando a falsa ideia de triunfo.
Para alcançar essa notável condição de ser Mestre, tornam-se indispensáveis características mais especiais no campo das conquistas gerais.
Para ser Mestre, como Jesus, a alma deve compreender as outras almas.
Uma capacidade de sensibilizar-se com as outras irmãs, com a alegria ou com a dor alheias.
Para ser Mestre, é necessário haver conquistado a habilidade de auto-oferecimento, de autodoação, não se sentindo enfarado com as limitações e incapacidades dos irmãos do caminho.
Para ser Mestre exige, ainda, a taxa de humildade, que não se subverta em pieguice, que não se transforme em tolice, mas que permita a expressão de simplicidade, lúcida e consciente.
Para ser Mestre é preciso saber dizer sim e dizer não, sempre que o momento exija definições do caráter. É por isso que a condição de Mestre se faz tão exigente, que Jesus afirma-se Mestre, aliás, o Mestre, uma vez que, consoante a palavra do Mundo Superior, Ele detém em si a condição mais alta, a fim de ser o Modelo e Guia para todos nós.
A vida têm nuances para cada filho de Deus.
Muitos líderes políticos que foram mártires no orbe, tiveram êxito com as suas vidas, com os seus valores... Não obstante, muitos, não... Muitos tornaram-se trápolas. Fizeram da mentira o seu mantra, fizeram-se mãozudos e fizeram do crime um estado natural.
Muitos religiosos, que foram mártires no mundo, triunfaram com as suas vidas, com os seus valores... Todavia, muitos, não... Muitos descaíram pela vala da vaidade, pelo labirinto do orgulho e pelo esgoto do crime...
Muitos cientistas, que foram mártires na Terra, vitoriaram com suas vidas, com os seus valores... Porém, muitos, não... Muitos fraquejaram com o álcool, com as drogas e com o crime...
Só Jesus, nosso Mestre, para dar o tento para a vida.
Todos precisam de Jesus, para que nossos dias sejam um cântico de louvor a Ele.
Só Jesus, com o coração divino, para nos livrar de nós mesmos.
Muito obrigado, Senhor Jesus!
Camilo Psicografia de Raul Teixeira, em 30.4.2020, em Niterói/RJ. Prefácio do livro Vida e Valores, v. 3, editado pela Federação Espírita do Paraná, em homenagem aos 40 anos da Sociedade Espírita Fraternidade, de Niterói/RJ. Em 3.8.2020
Fonte: http://www.raulteixeira.com.br/mensagens.php?not=353
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Sorria! Você está sendo CANCELADO.
Cancelar coisas é um ato bastante comum nas nossas vidas. Cancelamos um plano de internet porque não nos agradou ou aquele encontro que a gente não estava mais a fim de ir. Mas você sabia que, nos últimos tempos, a internet expandiu o uso desse verbo e agora podemos “cancelar” gente também? Geralmente usamos esse recurso com famosos e figuras públicas que cometeram algum deslize. Mas calma que já vamos te explicar melhor como tudo isso funciona e qual o nosso papel nisso.
A cultura do cancelamento, como já foi dito, costuma acontecer com famosos e pessoas públicas que tenham dito ou feito algo ofensivo, preconceituoso ou deplorável (a famosa “gafe”, só que bem mais intensificada). No entanto, o cancelamento não se resume somente ao que é dito, mas também ao que não é. Não se pronunciar sobre determinado assunto também pode ser motivo para ser cancelado, como ocorreu com a cantora Anitta (mais conhecida como a rainha dos cancelamentos) durante as eleições e no caso Marielle. É interessante destacar que, de acordo com uma matéria do NEXO, a origem desse fenômeno ocorre com o movimento #MeToo, o qual proporcionou uma série de denúncias de assédio sexual entre celebridades. Diversos homens famosos foram expostos e, consequentemente, cancelados. Sendo assim, o objetivo por trás do cancelamento é fazer com que o alvo não tenha mais notoriedade, através do boicote de seus trabalhos e de suas redes sociais.
Temos um post relacionado apenas ao movimento #MeToo e ciberativismo que você pode conferir aqui.
Desse modo, estamos transformando a internet em um tribunal público. Graças ao avanço massivo das redes sociais, o sentimento de vigilância é intensificado cada vez mais. Está todo mundo de olho em todo mundo, principalmente nas celebridades e pessoas públicas. Com o Twitter e Instagram, podemos saber o que essas pessoas pensam, onde elas estão e com quem elas estão. Se antes o nível máximo de exposição para uma celebridade era uma foto de paparazzi, hoje não é mais. Agora temos acesso a cada pedacinho delas nas redes sociais. É o que o filósofo francês, Gilles Deleuze, irá denominar como indivíduo dividual.
Para Deleuze, estamos vivendo uma transição entre a sociedade disciplinar, proposta por Foucault, e a sociedade do controle. Enquanto a sociedade disciplinar é pautada numa dinâmica de confinamento panóptico, a sociedade do controle tem dinâmicas de poder e vigilância totalmente fluidas e dispersas. Apesar disso, o tom disciplinar não é excluído, mas muda a sua forma de atuação, já que agora ele está presente nas instituições clássicas, como escola, hospitais e prisões, mas também em outros setores sociais.
É aí que os fãs e as mídias digitais entram. Com a dispersão dessa lógica de vigilância e poder para as redes sociais, o fã se torna uma espécie de autoridade disciplinar, controlando o que é veiculado e postado pelos seus ídolos. Ídolos esses que, muitas vezes, são bastante transparentes nas redes e se colocam mais próximos do público. Logo, é através da vigilância/acompanhamento do público que as celebridades são mantidas, mas que também podem ser destruídas, canceladas. Sendo assim, o olhar que possibilita a fama é o mesmo que vigia e pune.
Um exemplo recente de cancelamento é o MC Gui. Não é a primeira vez que o artista fala besteira e é alvo de julgamentos na internet. Dessa vez, em sua viagem para a Disney, o cantor humilhou uma criança presente no parque, gravou o momento e postou no Instagram. Se estivéssemos a alguns anos atrás, quando não tínhamos esse tipo de contato tão próximo e ao vivo com as celebridades, provavelmente essa ação não teria repercutido como repercutiu. Porém, graças à vigilância dispersa e a sociedade do controle, fica mais fácil notar todos os passos e deslizes dos famosos.
Por mais que soe cool e revolucionário, esses boicotes virtuais possuem bastantes problemáticas. Muitas vezes os cancelamentos são gratuitos e geram mobilizações que alimentam ainda mais a cultura do ódio, do que debates para reflexão acerca das problemáticas que as celebridades cometem. No entanto, é um fenômeno interessante para entender a dispersão das formas de vigilância e como estamos inseridos na sociedade do controle.
Para entender um pouco mais, listamos alguns conteúdos interessantes sobre o assunto.
Quais os efeitos da cultura do cancelamento (NEXO)
Todo mundo está de mal: o que a cultura do cancelamento diz sobre nós (UOL)
Cultura do cancelamento é barbárie ineficaz (Coluna Folha)
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Eu quase sei o que falo.
Talvez eu deveria ler Matilde Campilho mais uma vez, pra entender melhor a paixão, ou conseguir escrever sobre os seus óculos e sobre as conversas que você tem, repetidas vezes, com os seus pais. Parece um bom sujeito, o seu pai, alto e com boa postura. Posso dizer, pelos olhos dele, que ele gosta de barco a vela, mas não se entusiasmaria muito lendo Amyr Klink. Talvez eu deveria comversar com os meus pais. Sobre nada. Que coisa mais agradável, conversas sem destino. Eu poderia ter usado a palavra aprazível, percebe? Mas não quero soar hipocrita, nunca diria “aprazível” na construção de uma frase, não a essas horas da manhã.
Deveria ler Foucault, também, mas isso aí já é assunto sério. Imagina se um dia descobrem que eu ainda não li Foucault. Como eu posso falar de vigilância ou convocar o pan-óptico sem nunca ter lido Microfísica do Poder? Pai, me perdoe, eu quase sei o que falo.
Talvez eu queira demais, mas de todo modo, devo admitir, tenho escrito menos. E quanto menos escrevo, mais me questiono. Talvez seja porque ainda não li Mulheres que correm com os Lobos. Ultimamente tenho usado letra maiúscula no meio das frases. Só pode ser um Mau Presságio dos meus tempos de Assembleia Legislativa. Eu juro, se tiver que escrever Prefeito com P maiúsculo mais uma vez…
De todo modo, continuo querendo um tanto. O quê eu não sei. Mas cá entre nós, tá tudo bem, de certa forma, estou conseguindo.
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Gossip Girl: o poder do controle
A série estadunidense Gossip Girl conta a história de um anônimo que cria um blog para stalkear sua paixão platônica. Entretanto, a popularidade do site aumenta quando ele também passa a expor detalhes da vida de um grupo de jovens milionários do Upper East Side, bairro nobre de Nova York. O decorrer das temporadas mostra como a exposição de seus segredos influenciou no amadurecimento de cada personagem. Mas como transformamos e lidamos com o poder dessa vigilância e controle social?
Quem não dormiu e nem ficou o tempo todo no celular nas aulas de Sociologia já deve ter ouvido falar de Émile Durkheim, um dos principais fundadores da Sociologia. Ele defendia que o Homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela e da assimilação de uma série de normas e princípios (éticos, morais, comportamentais ou religiosos), posicionando a conduta do indivíduo num grupo. E, ao fazer parte desse meio, estamos sujeitos ao controle social feito por meio de mecanismos que sofrem mudanças e melhorias na sua maneira de atuação.
Nesse sentido, Gilles Deleuze (1990) revisitou o conceito de disciplina buscando entender a sua transformação não somente pela perspectiva de força local em tecnologia política, como já havia pensado Foucault, mas também como generalização social. De acordo com ele, existe um processo de refinamento da disciplina que se transforma em controle e a percepção de que as sociedades do controle surgem a partir da combinação de disciplina e biopolítica.

Para Deleuze, as sociedades disciplinares são aquilo que estamos deixando para trás, o que já não somos. E estaríamos entrando nas sociedades de controle, que funcionam não mais por confinamento, mas por controle contínuo e comunicação instantânea. Ambiente este, que apresenta crescimento em diversos âmbitos da nossa vida e que podemos notar em Gossip Girl. Todo conteúdo de postagem surge a partir de mensagens, fotos e vídeos que são enviadas por pessoas próximas e seguidores da página em Manhattan, que utilizam da disseminação das histórias para manipular o cotidiano da elite da cidade.
É observado por Deleuze que o controle é a nova maneira pela qual age o poder, e ele se distancia da disciplina no que se refere à disposição do tempo e também do espaço. Se a disciplina marcava o espaço por territorializações, o controle marca por processos de desterritorialização.
A “garota do blog”, pseudônimo de quem controlava o site, era tida como figura onipresente que, em poucos minutos, já havia escrito e postado sobre algo que acabou de acontecer. Inicialmente, revelava fofocas dos alunos da Constance Billard como maneira de ridicularização e coerção, mas, aos poucos, suas famílias, namorados e amigos viraram alvo. Além disso, o blog era utilizado como fonte de pesquisa sobre a vida de cada personagem, contendo históricos, mapas de localização em tempo real e emissão de alertas para descobrir o que havia acontecido com quem sumiu dos locais onde supostamente deveriam estar.
Em Gossip Girl, o status social é o principal demarcador de espaço, e deixa claro as barreiras visiveis e invisiveis que exclui os “outsiders”. Porém, para Michael Hardt (1996), a passagem da sociedade disciplinar à sociedade de controle se caracteriza, inicialmente, pelo desmoronamento dos muros que definiam as instituições. Haverá, portanto, cada vez menos distinções entre o dentro e o fora.
O filósofo Pierre Félix Guattari (1992), chegou a imaginar uma cidade em que fosse utilizado um cartão eletrônico para permitir a presença em determinados locais, onde um computador controlasse a presença em um dado espaço, em um certo horário ou dia, com a máquina validando a presença lícita ou ilícita de cada pessoa. Nos episódios do seriado isso é colocado de maneira menos explícita por meio do que está sendo assunto nas postagens. A “garota do blog” possui o poder de privar a presença em determinados eventos, grupos ou fazer com que alguém saia da cidade.
Segundo Paul Virilio (1992), as prisões e escolas, sistemas de controle fechado característicos das sociedades disciplinares, são substituídos por mecanismos abertos, “ao ar livre”. E assim, se apresentam diversificadas forças na atual sociedade de controle: mídia, publicidade, bancos, empresas, internet e outros mais. A utilização destes instrumentos serve para interferir diante das possíveis transgressões do meio social, fazendo com que haja conformidade com a realidade estabelecida, seja ela positiva ou negativa. Obedecer deixou de ser uma questão de disciplina e virou hábito.
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Devaneando pela rede social, em especial no mundo dos memes buscando um chiste novo pra dialogar com meu conteúdo latente me dei conta deste retratado na imagem e de repente me senti tensionada a dar o destaque a esse questionamento: por que na internet é tudo mais fácil?
Trago a vocês, leitores, uma releitura de alguns textos que tive acesso na graduação e que me fizeram elaborar e finalizar minha pesquisa de conclusão de curso. Bem, então vamos lá!
A internet é um instrumento de comunicação muito utilizado e que reforça o fator globalização, de forma que, quase que instantaneamente, as informações cruzam oceanos e chegam até a mão de cada um, interessado ou não no assunto. A internet, através das redes sociais, tem sido um fator que aproxima pessoas e, por vezes, dá espaço para mudanças: ser o que não é, os famosos perfis fakes e as montagens. Mas que disso podemos perceber que há um real que se é colocado para fora.
Acontece que, lembrando Foucault (1998), a falar sobre história da sexualidade, o autor pontuava um espaço neutro, longe do olhar inquisidor, em que os sujeitos estariam dispostos a poder realizar-se neles. E por que não haveríamos de pensar a internet como um espaço tal qual?
A sexualidade é um espaço explorado hoje pela cybercultura. Podemos caminhar pelas mais belas ruas de Paris ou mesmo falar todo dia com nosso amigo do outro lado do mundo, tudo isso sem sair do lugar, mas também podemos realizar fantasias, através de nosso avatar, que nos presentifica. A esse fenômeno dá-se o nome de “fantasia de presença”, descrito por Milne (2007). Através disso, pode-se viver no online o que no off-line não é possível, sem barreiras físicas, no anonimato ou não (Le Breton, 2003).
Online, é importante estar imerso no mesmo nível cultural e ter discernimento linguístico, para que assim possa estabelecer uma comunicação. Ante à isso, Le Breton (2003) considera a rede como um espaço de libertação, mas não só de corpos, e, para Milne (2007), essa liberdade fortalece e cria identidades culturais.
Talvez aqui já seja mais compreensível a articulação da imagem ao texto. Na vida real a menor situação de ameaça e o mecanismo de defesa pode ser fuga, mudança de assunto, mas nunca “eu disse errado”. Até pode, mas sob a vigilância fica difícil alguém acreditar, mas imagine num contexto online. É muito mais fácil apagar a mensagem, dizer que foi engano, já que era pra outra pessoa, bloquear a pessoa ou sumir e dizer que ficou sem internet. E também o maior importante: alegar que não era você. Isso se a pessoa não lhe corresponder.
E quando corresponde? Já parou pra pensar que nem sempre lá e cá são as mesmas figuras? Bem, existe uma visão de lá podermos ser quem sempre quisermos, e até conseguimos. Outras questões se implicam nesse meio, como o próprio cyberbullying, mas é bom estar atento ao tempo e ao espaço: lá é um mundo virtual, mas de vidas e ameaças reais.
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ofício dos ossos
abro a geladeira, grande dia (y)
procuro uma caneta vermelha
são 12 horas ouvindo sussurros na orelha, eu sei
quando vou ao McDonald's e escuto a brisa repentina com dois avós e duas crianças
- o que foi que a professora disse? - avôpergunta
Mergulham batata em catchup :: a professora falou algo :: mas ela agora senta em casa ou na rua e em ônibus voa como bruxa a professora das crianças :: mordida no lanche ::
McAssunto na tardenoite de sábado,
Quem sou eu ¿
eu dito o que vocês vão conversar, atos simples, sim
eu sei o que vocês vão dizer, óh família incólume :: eu habito suas mesas e seus momentos eu entro nos sonhos
Assim,
a aluna me disse que sonhou que eu fumava maconha na sala de aula quando for liberado
Não fui eu, mas
imagine a hipótese do sonho falado :: imagine o que um professor o que eu, homem de areia, o que eu fui fazer na cabeça da criança de noite?
Na inquisição sonhos eram provas de sonhos
O que eu fiz com o meu twitter, Instagram o que eu falo publicamente como me portar, poema, como portar poemas assim
Se
sou eu o maior exemplo de gente atravessando no limite da faixa?
se faltam 3 segundos para o sinal abrir :: se sou o hiato entre o que pode e o que acontece :: eu sou a responsabilidade mas
Se meu único osso fosse ensinar metamorfismo ou orogênese se meu único desejo de relevo pudesse completar cadernos se a vida não fizesse parte da sala de aula
Onde são até 35 jurados de ofício ou mais
sem tudo isso
Seria um pouco menos rápido ter medo;
--------
Porém queridos, entendam que
um martelo batido no final de cada semestre é férias mais longas para alguns
- O que a professora disse se a professora disse como ela disse - gole de Coca-Cola
No McDonald's me lembro do que ouvi da aluna sobre como é frágil a clt com outras palavras
--------
Eu já estive do lado de lá, faca e queijo, acusador
como pode como deve como erra um professor como um
dono da retórica e moral opina sem opinar
razão de doutrina :: um autor de livro, o pink Floyd nos transformou em agentes da disciplina o Foucault esqueceu que do elo-escola na macrofísica desse poder as paredes o lanche a cadeira são mais certas que nós :: meu amigo,
O estrago que um professor ou livro te fez :: eu entendo :: ele é seu assunto até hoje :: de Santa Catarina a Hong Kong
Eu também esperaria uma recompensa, eu também faria livros e poemas eu também aproveitaria meu eterno direito de resposta depois da formatura :: eu peço que você entenda que desse lado hoje eu sei
Que provavelmente ele só queria almoçar decentemente, sim,
Infelizmente
ainda ecoa na minha mente a nazira minha "blusa de drogado" e a foto, ainda ecoa eu nerd querendo ser menos :: transmite ao presente ---> que efeito eu causei quando disse um palavrão agora que efeito eu causei respondendo ríspido algum Rafael ou Ana que efeito eu causo entrando na sala cantando
"Living in my own World, didnt understarnd.."
Um professor emo
uma geografia do uso, um livro por cumprir, do tribunal me faço em palco e do palco quero aprender a invertê-lo e depois disso de palácio
Eu amo meu
ofício de mais de apenas dois intensos anos completos mas queria
sentir que o mundo sou eu um pouco menos
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O Futuro

Por uma demanda do trabalho, comecei a ler sobre prisões e o movimento de abolição delas. Gostei tanto do assunto que resolvi ir mais a fundo com esse livro de Angela Davis. Na verdade, meu tema de monografia no fim da faculdade foi “O Poder em Foucault”, que era baseado no livro “Vigiar e Punir: O Nascimento da Prisão”. Então, de certa forma, foi uma volta ao passado mas por um prisma completamente novo.
Segundo Foucault, a privação da liberdade seria um castigo para crimes contra a liberdade. Segundo Davis, a prisão tornou-se um grande complexo lucrativo no século XXI. De qualquer forma, o sistema prisional está tão arraigado na nossa sociedade que normalmente não vemos alternativa para ele, a não ser novas formas de punição. As palavras “crime” e “castigo” estão tão intrinsicamente ligadas em nosso cérebro ocidental que temos até medo de pensar em alternativas.
A questão é que “crime” é um conceito mutável em cada sociedade. A criminalização de alguma coisa pode levar a um racismo e sexismo na hora de formar a população carcerária. Prisioneiros são vistos como seres humanos menores, ao invés de seres humanos falhos que cometeram um deslize. E a visão de alguém como um ser humano menor pode levar a autorizar coisas como trabalho semelhantes à escravidão e pesquisas médicas em prisioneiros, não autorizada pelos mesmos.
O problema é que a prisão, nos moldes que temos hoje em dia, não regenera ninguém. Uma das alternativas apresentadas pelos abolicionistas é a responsabilização de quem fez um dano e de uma justiça regenerativa, ao invés de uma justiça punitiva. A escola como alternativa para a prisão. A infraestrutura básica em uma sociedade para prevenir o crime e não só responder depois que o crime já aconteceu.
O grande problema posto por Davis em seu livro é que a prisão é lucrativa. As prisões americanas (objeto de estudo do livro) ganham por cada preso. Fora as empresas (muitas bem famosas) que ganham ao vender para as penitenciárias (comida, produtos de higiene e outras necessidades dos presos). Os abolicionistas falam de uma mudança geral na sociedade que resolveriam outros problemas estruturais como falta de acesso à educação e ao trabalho e problemas com o meio-ambiente. Eu digo que é sobre todos nos tornarmos seres humanos melhores. Começando do micro, nossa mudança interna, em direção a uma mudança macro da sociedade. Seria utópico? Talvez, mas não seria melhor projetar um futuro mais igualitário do que uma cena de um livro de distopia?
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Os Cursos do Collège de France ministrados por Michel Foucault funcionam como uma espécie de "bastidores" das grandes obras publicadas pelo autor. - Conseguimos ir vendo como Foucault passeia pela questão do discurso, do poder, do governo, da subjetividade, enfim... são leituras INDISPENSÁVEIS para quem quer se aproximar do pensamento do autor. - Caso você queira ter uma noção geral dos cursos, ao final de cada um há a SITUAÇÃO do curso e o RESUMO do curso, que já dão uma boa ideia geral do assunto sobre o qual cada curso trata. - Salva essa dica de ouro e conta aqui nos comentários se você já sabia disso. 👇🏼 https://www.instagram.com/p/CLUQjANJXqe/?igshid=1kccind404e4v
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Artigo científico
O artigo a seguir foi escrito para a matéria Análise do Discurso, tendo sido parte do projeto final do ano. O texto busca analisar a visão dos professores sobre a saúde mental na infância e adolescência a partir de falas feitas por meio de uma entrevista. O artigo foi encaminhado para publicação em revistas acadêmicas
A SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA SOB O OLHAR DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
Resumo: O presente artigo visa entender qual a percepção dos professores da educação básica em relação a distúrbios de saúde mental, com o objetivo de analisar como o assunto é abordado em sala. Foram entrevistados dois professores, um de séries iniciais, e outro, professor de física do EM. Para fazer a análise do discurso, utilizou-se das teorias de Althusser (2001), Foucault (2000) e Fairclough (2008). Observou-se que os professores têm conhecimentos ainda muito básicos sobre o assunto.
Palavras-chave: saúde mental; adolescência; educação.
Introdução
A discussão sobre a saúde mental está cada vez mais presente na sociedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018), estima-se que uma em cada dez pessoas precisará de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico ao longo da vida, sendo que a maioria não terá acesso ao tratamento adequado. Sabe-se que a não procura por profissionais qualificados dá-se por diversos motivos, que variam desde a falta de poder monetário até o desconhecimento sobre os transtornos psiquiátricos, sendo importante destacar que há um forte estigma permeando a ideia desses transtornos, em especial os transtornos depressivos. Ainda se reproduz muito o discurso que encara a depressão como falta de auto-estima, fraqueza ou até mesmo falta de força de vontade, sendo este um importante fator para a negligência da procura por ajuda médica.
Moreno, Moreno e Soeiro-de-Souza (2013) definem a depressão maior como:
“O termo depressão designa várias condições (...) Caracteriza-se por humor depressivo e/ou falta de interesse, anedonia, queda de energia, lentidão psicomotora, negativismo em sentimentos e pensamentos, além de sintomas físicos e insônia. Ao ônus da incapacitação psicossocial e profissional, e do sofrimento que a depressão causa, somam-se taxas elevadas de TD estimadas na população geral: prevalências-vida de depressão maior e distimia entre 15,1 e 16,8% e 4,3 e 6,3%, respectivamente, caracterizando-as como problemas de saúde pública.” (p. 39)
Os transtornos depressivos são doenças silenciosas que afetam diretamente aspectos sociais e pessoais do paciente, podendo acarretar em diversos problemas, o mais sério deles sendo o suicídio. Segundo a OMS (2018), essa é a terceira maior causa de morte de jovens entre 15 e 19 anos de idade, tendo feito 62 mil vítimas em 2016. Além disso, cerca de 20% dos adolescentes sofre de algum tipo de problema de saúde mental, mas a grande maioria permanece sem diagnóstico ou tratamento. É essencial que se dê atenção para a saúde mental do jovem em idade púbere, uma vez que a adolescência é um período importante para o desenvolvimento do indivíduo, sendo a fase transitória entre a infância e a vida adulta. É nessa transição que se definem os valores éticos e morais que formulam a personalidade do indivíduo, e por isso faz-se necessário ouvir, respeitar e auxiliar na construção do ser autônomo. Para Wallon (1985):
“A puberdade é a idade das reflexões sobre o ser e o não-ser, sobre a íntima ambivalência da vida e do nada, do amor e da morte. Pela primeira vez a pessoa se concebe concentrada sobre si mesma, não somente entre os outros, mas também no tempo. Dessa crise surge o adulto que optou pela vida contra a morte.” (p. 234)
Dessa forma, é papel da sociedade como um todo, em especial daqueles que estão em contato direto com os adolescentes, auxiliar nessa escolha que permite que o sujeito chegue à vida adulta. No entanto, em conhecimento do crescente número de ocorrências, pensa-se que a prevenção adequada não vem sendo feita a nível de saúde pública, nem nos âmbitos familiares e nas escolas, lugar onde esses jovens, em muitos casos, passam a maior parte do dia. Diante disso, pensa-se que os educadores não estejam tão atentos ao assunto como deveriam.
A presente pesquisa procura compreender a visão dos profissionais da educação sobre conceitos como a depressão e o papel da escola no auxílio da conscientização, buscando expor os ideais e pensamentos implícitos na fala de professores. Através de entrevistas, buscar-se-á responder a seguinte pergunta de investigação: Como os professores da educação básica percebem os distúrbios de saúde mental em crianças e adolescentes? A ferramenta utilizada para responder essa questão será a ACD, por entender-se que é através do discurso estruturado enquanto texto, prática social e evento discursivo que é possível observar quais são as ideologias perpetuadas dentro do ambiente institucional, uma vez que o professor é o sujeito detentor do poder discursivo dentro da sala de aula.
Pressupostos teóricos
Bahls (2002) afirma que os transtornos depressivos têm alta prevalência na população geral, com números que indicam que a depressão maior será o maior problema de sobrecarga para os profissionais da saúde em 2020. O autor atesta que na infância e na adolescência, a manifestações de doenças de origem depressiva mostra-se de natureza duradoura, causando danos permanentes para aspectos psico-sociais. Na infância, os sintomas de depressão geralmente se manifestam de forma física, como enjoos e dores sem razão aparente, além do isolamento social e dificuldades de compreensão básica. Já na adolescência, os sintomas, ainda que similares aos dos adultos, geralmente se mostram através de irritação, explosões de raiva, apatia e desinteresse, perda de energia e dificuldade de concentração, o que afeta diretamente o desempenho escolar. Como o pensamento subjetivo que permite a compreensão da morte é formado por volta dos doze anos de idade, o pensamento suicida no adolescente aumenta, contribuindo para a alta taxa de mortalidade nesta faixa etária.
Diante desses dados, Santos (2017) indica que a escola, por ser um ambiente social intermediário entre família e sociedade, mostra-se um ambiente propício para a avaliação emocional de crianças e adolescentes, sendo que a sala de aula é o lugar para o qual o aluno levará seus problemas emocionais, sendo por vezes a própria escola uma causa agravante de doenças psiquiátricas. Para que o encaminhamento que permitirá que diagnóstico seja feito, o professor deve estar atento a alterações de comportamento e sintomas típicos da depressão, entendendo que estes são diferentes dos sintomas apresentados em adultos. Assim, é necessário que o professor esteja informado sobre como identificar problemas de origem psico sintomática.
Entendendo que é através do discurso que as crenças e ideologias do indivíduo podem ser identificadas, faz-se necessário entender o que é análise do discurso a fim de identificar como os professores entendem a saúde mental. Para Orlandi (1999), a análise do discurso tem sua fundamentação no estruturalismo linguístico e no materialismo histórico-dialético de Marx. O estruturalismo enxerga a língua como um sistema estrutural que obedece uma lógica própria, seguindo um conjunto de regras que formam enunciados providos de sentidos e que podem ser interpretados por outros falantes. A partir disso, entende-se que a análise do discurso é encarar essa estrutura não enquanto um sistema abstrato, mas enquanto maneira de significar. Os significados, conforme a autora, devem ser entendidos por um viés marxista que indica que todo discurso é interpelado por uma ideologia histórico e dialeticamente construída, revelada pelo materialismo dos discursos.
Althusser (2001) encara a ideologia que permeia todo discurso como um conjunto de ideias historicamente construídas e propagadas nas sociedades de modo a garantir o funcionamento do sistema vigente de poder. É, portanto, uma espécie de ilusão coletiva interpelada nos sujeitos desde o seu nascimento. No sistema capitalista, em específico, a ideologia pressuposta na sociedade é a burguesa, que visa a exploração da classe proletária, propagada em uma constante a fim de garantir a alienação. O autor afirma ser possível observar a ideologia na forma em que a sociedade se organiza, desde as regras do dito “bom comportamento” até a ideia de produtividade, na qual o valor dos indivíduos é medido através da força do trabalho e do rendimento. Assim, a reprodução da força produtiva se dá na ideia de que os sujeitos precisam trabalhar para produzir bens que não pertencem a eles, com o salário como garantia de um não questionamento, além de ser uma ferramenta através da qual se pode adquirir bens e perpetuar o sistema capitalista.
Como uma forma de expandir esse conceito para aplicá-lo na análise do discurso, Pêcheux (1969) apud Orlandi (1999) afirma que os sujeitos se constroem através da linguagem e, ainda que o discurso deixe transparecer a historicidade ideológica, há o subjetivo de cada falante a ser analisado. Mesmo que todos os sujeitos se construam através da linguagem, nenhum fala igual ao outro, uma vez que as teorias psicoanalíticas explicam o fato de que o subjetivo é único e que cada situação discursiva é, também, única, de efeito metafórico, sendo que o sujeito inconsciente se manifesta em forma de linguagem. As teorias de Pêcheux citadas por Orlandi (1999) explicitam o sujeito inconsciente do discurso em dois tipos de esquecimentos: esquecimento ideológico e esquecimento da ordem da enunciação, sendo o primeiro o que apaga as marcas ideológicas e o segundo o que apaga as outras formas de enunciar o discurso, marcando o sujeito inconsciente na escolha de palavras.
Além dessas relações que buscam compreender a formação dos discursos, Foucault (2000) evidencia as relações de poder presentes no discurso ao afirmar que este é objeto de desejo, uma vez que, em uma sociedade estruturada, “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa.” (FOUCAULT, 2000, p. 09). O autor afirma que existem processos de exclusão e interdição de certos discursos que são levados em consideração pela hegemonia ou são totalmente rejeitados por ela, seja por estes serem proferidos por pessoas pouco detentoras de poder ou pelo objeto do discurso ser considerado um tabu dentro da sociedade em que este for proferido.
Diante dessas teorias que buscam entender como o discurso funciona, Norman Fairclough (2008) busca unir tais conceitos para conceber um método de análise que explicite as relações político-sociais do discurso, criando assim a Análise Crítica do Discurso. Para perceber as relações, o autor propõe que se observem três níveis, sendo que o primeiro busca analisar o texto enquanto matéria linguística com relações do léxico, da gramática e da sintaxe que compõem o corpus do discurso. O segundo nível de análise busca entender o discurso enquanto prática social, entendendo que ele é produzido, distribuído e consumido dentro de um contexto social que deve ser analisado para compreender o texto de forma interpretativa, observando o que foi dito, para quem, por que e como foi interpretado por seus destinatários. Já o terceiro nível entende o discurso enquanto como evento discursivo que analisa o que foi dito como matéria político-ideológica, procurando compreender quais as ideologias, relações sociais e contextos nos quais o texto foi proferido. Para Fairclough (2008), no entanto, o discurso é moldado pela sociedade da mesma forma que o ele tem caráter transformador nesta, uma vez que ele é uma forma de manter as estruturas sociais quando as reforça, mas uma vez que ele é utilizado como forma de romper com a hegemonia estabelecida, o discurso pode ser visto como uma ferramenta de mudança estrutural. Por isso, a análise tridimensional proposta por Fairclough mostra-se relevante para compreender quais discursos mantém a estrutura sócio-política e quais têm cunho transmutador.
Metodologia
A presente pesquisa, de abordagem qualitativa, foi conduzida através de entrevistas com dois professores da educação básica, aqui chamados de Sujeito A e Sujeito B. O sujeito A, de 47 anos, é formado em pedagogia, atuando como professor de séries iniciais na rede pública de ensino há 23 anos; já o Sujeito B, de 58 anos, é licenciado em física e atua como professor de Ensino Médio, tanto na rede pública quanto na particular, há 31 anos. A entrevista foi executada através de um aplicativos de mensagens instantâneas, sendo respondidas por gravação de áudios posteriormente transcritos com a permissão dos entrevistados. Para a realização da análise crítica do discurso, realizaram-se três perguntas com o objetivo de entender a visão dos entrevistados, sendo elas: 1) No seu entendimento, por que uma criança ou adolescente pratica atos de automutilação? 2) O que você entende por depressão? 3) Você acha importante discutir sobre a saúde mental dos estudantes dentro das escolas?
Análise da entrevista
Sendo a infância e a adolescência períodos importantes para o desenvolvimento do ser humano, buscou-se ouvir a opinião de profissionais da educação que atuam tanto na educação infantil quanto no Ensino Médio, entendendo que a construção do pensamento crítico permeado pelas ideologias vigentes são formadas em um contínuo pelo aparelho ideológico de Estado escola (ALTHUSSER, 2001).
A primeira pergunta visava compreender a visão dos entrevistados em relação aos atos de automutilação cometidos por crianças e adolescentes, sendo que o Sujeito A respondeu que:
A automutilação é um distúrbio de comportamento onde o adolescente agride o seu próprio corpo quando tenta aliviar suas angústias, achando que não há uma solução para os seus problemas, então, como um meio de colocar para fora aquilo que está sentindo, sua insegurança, ele se automutila.
A nível de texto, percebe-se que o sujeito entrevistado utiliza a língua em sua norma culta, não havendo marcas características da linguagem oral no discurso do entrevistado. Podem ser destacadas a utilização da palavra “está” em vez do informal “tá”, e o verbo “há” em vez do mais comumente utilizado “tem”. Orlandi (1999) afirma que através da estrutura linguística é possível perceber que a escolha das palavras revela a significação da língua e, nesse caso, com o uso de palavras tipicamente ignoradas pela linguagem coloquial, cria-se a hipótese de que o entrevistado escreveu suas respostas previamente à gravação do áudio, possivelmente revelando falta de domínio sobre o assunto. Além disso, percebe-se que o Sujeito A não menciona a palavra “criança” em sua resposta, mesmo que a pergunta tenha se referido tanto a crianças quanto a adolescentes. Esse apagamento, entendido como um esquecimento de ordem do discurso (PÊCHEUX apud ORLANDI, 1999), parece indicar que o sujeito subjetivamente entende a automutilação como um distúrbio de comportamento exclusivo da adolescência. É importante notar que o Sujeito A trabalha na educação de séries iniciais, tendo contato direto com crianças, portanto, não relacionar a possibilidade de automutilação com a infância é potencialmente um agravante para a negligência de casos que porventura venham a ocorrer.
Ainda sobre essa questão, o Sujeito B respondeu:
Ah, tem vários motivos, né? Às vezes os pais não dão atenção em casa, ou sofrem bullying no colégio, aí tem a cabeça fraca e não consegue encarar como uma brincadeira. É muito triste... que alguém chegue nesse ponto, acho que é um pedido de atenção mesmo (pausa). Mas é complicado, né, porque a maioria é isso mesmo, é gente que… gente que precisa de uma atençãozinha mesmo... só que criança é influenciável, sabe? Faz porque vê o colega fazendo e quer fazer igual, quer a mesma atenção que o coleguinha. Uma bobeira que dá neles.
É possível observar que o entrevistado repete várias vezes a palavra “atenção”, demonstrando descaso com a auto lesão praticada pelos alunos, em especial quando menciona que “criança é influenciável”. A escolha de palavras permite analisar o discurso no nível da prática social (FAIRCLOUGH, 2008), podendo-se inferir que o professor entrevistado não entende a automutilação como um sintoma de algum distúrbio de saúde mental, mas como uma tentativa de chamar a atenção de terceiros. Ao dizer que existem alguns casos nos quais o aluno está simplesmente reproduzindo o comportamento autodestrutivo dos colegas, acontece uma relativização do jovem enquanto ser de pensamento crítico, reforçando a ideia hegemônica do transtorno depressivo como uma espécie de fraqueza e falta de pensamento individual. Essa concepção é frisada novamente quando o professor declara que o indivíduo que passa por situações de bullying comete as lesões quando “tem a cabeça fraca”. A nível político-ideológico, nota-se a reprodução do discurso que não vê bullying como um problema que tem origem no agressor, mas no agredido. Para Foucault (2000), no entanto, as relações de poder presentes em determinados contextos dão mais voz ao discurso de algumas pessoas, fazendo com que o de outras seja rejeitado ou excluído. Entende-se que, nesse tipo de situação, o opressor seja o detentor do poder discursivo, impedindo que a voz do oprimido seja ouvida e impossibilitando a reação. Portanto, quando o discurso do professor sugere que quem não consegue encarar a situação de violência como uma brincadeira tem a cabeça fraca, ele falha em reconhecer as relações de poder que permitem que o bullying aconteça.
Diante das respostas de ambos os professores, é possível observar que há desconhecimento sobre o assunto da automutilação, seja por falta de informações disponíveis ou por falta de pensamento crítico sobre as ideologias presentes na hegemonia social. Santos (2017) chama a atenção para o fato de que a escola é um ambiente propício para a avaliação do quadro psicológico dos alunos, mas para isso, é necessário que os professores estejam atentos aos sinais que podem levar ao diagnóstico. Dessa forma, é possível notar que os professores têm ciência da existência do problema que a questão buscou discutir, mas existe uma relativização e um afastamento do problema da vida escolar.
A segunda questão buscava compreender o que os professores entrevistados entendiam por depressão. O Sujeito A respondeu que:
Depressão é uma baixa autoestima, onde a pessoa sente uma tristeza e desinteresse por planejar um futuro. A pessoa fica deprimida, desanimada e quer ficar isolada de tudo e de todos, não tendo ânimo, motivação para nada.
Ainda que a visão geral dos sintomas da depressão estejam de acordo com os apontados pelo Compêndio de Clínica Psiquiátrica, o Sujeito A falha em reconhecer a depressão como uma doença. Esse esquecimento (PECHÊUX apud ORLANDI, 1999) da palavra “doença”, entende-se que o problema é amenizado e tratado como apenas um problema de tristeza e falta de motivação, como pode ser notado pela utilização das palavras “desanimada” e “ânimo”. Nota-se, também, que o Sujeito A inicia sua definição utilizando as palavras “baixa autoestima”, o que limita a causa do transtorno depressivo à falta de amor próprio, sendo que, de acordo com a OMS (2018), as causas da doença variam, podendo ser citados os fatores genético, o stress contínuo, os contextos sociais de exposição à violência, os problemas socioeconômicos, a violência sexual e o abuso de substâncias. Diante disso, é possível observar que o Sujeito A não considerou o grande espectro de razões para a existência da depressão maior, reproduzindo em seu discurso uma ideia bastante genérica do transtorno.
Já o Sujeito B afirmou que:
É uma doença psicológica, precisa de tratamento com remédio porque a pessoa para de ter vontade de viver. É uma tristeza grande, uma falta de vontade de fazer as coisas. A gente que tem caso na família sabe como é difícil. Não gosto nem de pensar muito nisso. Mas acho que tem muita… tem muita banalização em cima disso, qualquer coisinha a pessoa já fala que tem depressão. (Pausa) Claro que se a pessoa fala que tem é porque pode ter mesmo, não pode julgar, né? Quem sou eu para dizer alguma coisa.
Aqui, nota-se que existe o reconhecimento da depressão enquanto uma doença, especialmente quando o Sujeito B menciona o tratamento com medicação adequada. Essa menção indica um conhecimento mais amplo sobre o assunto do que o apresentado pelo Sujeito A, o que pode ser explicado pelo fato de que ele cita um caso dentro de seu convívio familiar, o que, dentro desse discurso, parece conferir-lhe certa autoridade, aumentando seu poder discursivo (FOUCAULT, 2000) por mostrar que ele tem experiência com o caso.
Após o reconhecimento da depressão como um assunto médico, há uma contradição quando o entrevistado afirma que também há uma banalização da depressão, usando as palavras “qualquer coisinha”, o que na dimensão do evento discursivo (FAIRCLOUGH, 2008) pode ser entendido como a reprodução do discurso que banaliza o sofrimento alheio e não o reconhece como individual. Logo após essa fala, o Sujeito B parece reconhecer seu lapso freudiano, buscando corrigir seu discurso, contradizendo essa banalização e afirmando que “não pode julgar”. A partir disso, pode-se inferir que a ideia que ameniza a depressão está presente na ideologia propagada na sociedade em que o entrevistado está inserido e, mesmo sendo próximo de um caso clínico, o ato falho revela que a desconstrução dessa ideologia ainda não aconteceu por completo. No entanto, a correção posterior a uma pausa pode ser um indicador de que essa ideia esteja sendo pensada criticamente pelo sujeito discursivo, possivelmente em decorrência do convívio com casos depressivos. O Sujeito B finaliza seu discurso com a pergunta “quem sou eu para julgar?”, procurando desconstruir a ideia de poder discursivo criada com a menção de um familiar, o que pode ser visto como uma tentativa de incutir humildade ao discurso.
Outro fator importante de ser notado na fala do Sujeito B é o de que ele se mostra desconfortável para falar sobre o assunto, como evidenciado pela frase “não gosto nem de pensar muito nisso”. Para Foucault (2000), há no processo de interdição uma tentativa de silenciar certos discursos, tornando certas palavras e ideias não-pronunciáveis, indicando a existência de certos tabus sobre os quais não se pode falar. A depressão, por ser um tema desagradável para ser debatido, é um tabu de objeto, como evidenciado no discurso do Sujeito B, o que torna a discussão necessária para a conscientização sobre o assunto escassa.
Nota-se que ambos os entrevistados têm conhecimentos sobre a depressão, mas nenhum dos dois relacionou a segunda pergunta com a primeira, sendo que o Sujeito B em particular adotou posturas opostas em suas respostas. Isso pode se dar ao fato de que a automutilação é vista por ambos como algo exclusivo da adolescência, enquanto a depressão não necessariamente está relacionada com esse período da vida, e há um discurso hegemônico que encara o adolescente como um ser dado a dramaticidades exageradas, o que pode criar a relativização do sofrimento desses indivíduos. Além disso, nota-se que ambos descrevem os sintomas depressivos como tristeza e falta de interesse pela vida mas, para Bahls (2002), os sintomas mais comumente apresentados por adolescentes em episódios depressivos são os acessos e explosões de raiva, enquanto nas crianças os sintomas apresentados são de natureza física. Os discursos dos professores entrevistados não deixam transparecer conhecimento sobre esse fato, o que também pode contribuir para o não reconhecimento dos sintomas e, consequentemente, a falta de encaminhamento adequado.
A terceira pergunta da entrevista pretendia entender se os entrevistados achavam importante que se discutisse saúde mental no ambiente escolar. A resposta do Sujeito A foi que:
Sim. Eu acho muito importante que haja debates com profissionais sobre este assunto, pois assim as pessoas são orientadas e, se tiver algum adolescente ou criança nesta situação, poderá ser ajudada e ter uma oportunidade de ver o lado bom da vida através de uma orientação. Então a escola pode oferecer palestras com especialistas para debater este assunto.
Novamente, chama-se a atenção para a linguagem formal utilizada oralmente, o que, como na primeira resposta do Sujeito A, pode indicar a falta de segurança para falar sobre o assunto livremente, sem nenhum suporte.
Diante disso, observa-se que o uso repetido da palavra “orientação” em conjunto com a sugestão de que a escola ofereça debates orientados por especialistas, muito provavelmente referindo-se a profissionais da saúde, parece indicar que as conversas sobre doenças mentais devem acontecer em ocasiões especiais nas quais estes profissionais possam estar disponíveis. Assim, o entrevistado se exclui do debate, não indicando em seu discurso a possibilidade de trazer o assunto para dentro de sala de aula ou para o dia-a-dia escolar, o que poderia contribuir para normalizar e diminuir o tabu sobre a temática.
Quando o Sujeito A indica que a orientação de profissionais pode auxiliar a criança a “ver o lado bom da vida”, ocorre, a nível de prática social, a significação de que o transtorno depressivo é um simples foco negativo e pessimista sobre a vida, o que é, novamente, uma visão limitada das causas para o surgimento do distúrbio.
A resposta do Sujeito B foi que:
Acho sim. Esses dias veio uma psicóloga aqui falar com os alunos por causa daquele caso recente do suicídio daquele menino que ninguém sabia que tava doente, tem que alertar os jovens sobre isso pra eles saberem né, que podem procurar um professor, pra eles saberem que aqui a gente não julga. Antigamente a gente tinha a psicóloga que trabalhava aqui, eu achava bem importante porque a gente não sabe a realidade de cada um, não tem como... Agora não tem mais, mas quando a gente nota algo estranho assim, alguém que era bom e de repente começa a tirar nota ruim, para de participar da aula, a gente pede pra coordenadora pedagógica tirar da sala, ver o que está acontecendo. A professora de história acho que fala bastante disso, a de português pediu redação em setembro, que tem o setembro amarelo, tem que conversar com eles.
Percebe-se que o Sujeito B, bem como o Sujeito A, reconhece a importância da conversa sobre o assunto no ambiente escolar, mencionando a necessidade de acompanhamento profissional dentro da escola, no entanto, a menção de um suicídio recente de um adolescente revela que este acompanhamento só está sendo realizado depois de uma fatalidade, e não antes, de forma preventiva. Além disso, o entrevistado busca afastar-se do debate, mencionando outros professores que discutem o assunto com os alunos, mas em nenhum momento mencionando se ele está disponível para a conversa. A utilização da primeira pessoa acontece no momento “aqui a gente não julga”, estruturalmente se inserindo brevemente no discurso antes de se retirar novamente, indicando que quando se nota algum sintoma, a coordenação é chamada para dialogar fora do ambiente de sala de aula.
A significação ocorrida na dimensão de prática social do ato de “não julgar” entra em contradição com a resposta das duas primeiras questões, em especial a primeira, em que o entrevistado afirma que uma das consequências da depressão é um simples pedido de atenção. A partir daí, por entender-se que todo discurso é carregado de ideologia e o pré-julgamento ocorre baseado nela, conclui-se que há um apagamento ideológico (PÊCHEUX apud ORLANDI, 1999) no qual o sujeito não nota que o sujeito inconsciente faz juízo de valor em casos que porventura venham a ocorrer dentro do ambiente escolar.
Outro ponto levantado é a menção do aluno que tirava boas notas repentinamente começar a ter seu desempenho prejudicado ser um alerta para o professor. Enquanto Bahls (2002) aponta o baixo rendimento escolar como uma das grande consequências dos sintomas depressivos, percebe-se uma lógica baseada na ideologia capitalista indicada por Althusser (2001) quando o professor utiliza as palavras “aluno bom” para designar a criança que tira boas notas. Há, aqui, a determinação do valor do estudante baseado em seu rendimento escolar, numa imitação do que futuramente medirá seu valor de trabalhador pelo seu rendimento de lucro. A escola “(...) ensina o “know-how” mas sob formas que assegurem a submissão à ideologia dominante ou o domínio da sua prática” (ALTHUSSER, 2001, p. 58).
Utilizando dessa lógica que reproduz a ideologia burguesa, infere-se que o entrevistado só perceba o problema do rendimento escolar como sintoma de algum distúrbio psiquiátrico quando há uma mudança do que ele considera bom para o que é entendido como ruim, logo, o aluno que por outros motivos não possui um bom rendimento ou não interage em sala encontra-se excluído da preocupação do professor. Ainda é possível supor que alunos que tiram boas notas possam estar sofrendo de algum distúrbio psiquiátrico, portanto, o indicador “nota” utilizado pelo entrevistado para perceber a doença pode ser ineficiente.
Em ambas as respostas, é possível notar que a discussão sobre a saúde mental, ainda não está presente no dia-a-dia escolar, sendo mencionada em ocasiões específicas, como o setembro amarelo, o mês de prevenção ao suicídio citado pelo Sujeito B. Portanto, percebe-se que os discursos dos professores começam a ter caráter transformador, mas ainda contribuem muito para a estrutura sócio-política indicada por Fairclough (2008).
Considerações finais
O presente artigo buscou, dentro do contexto escolar, trazer questões e levantamentos sobre como se encontra a percepção e o posicionamento de professores referente a saúde mental na infância e na adolescência. Através dos dados coletados e das análises feitas, observou-se que o tema de saúde mental é considerado importante para a abordagem nas escolas, entretanto, essa afirmação só faz-se valer em momentos específicos, com eventos especiais, ao contrário do que realmente seria o necessário para a conscientização sobre o tema e ajuda efetiva para o estudante depressivo. O papel do professor em sala de aula, além de ser o orientador e mediador do conhecimento, é de estar atento aos sinais que seus alunos demonstram, por menores que sejam. Trazer o assunto da saúde mental para a sala de aula e torná-lo rotineiro pode gerar uma maior segurança da criança ou adolescente para contar o que está passando e evitar problemas posteriores.
Além disso, foi possível observar a superficialidade dos professores em relação ao tema. Conforme afirma Foucault (2000), o tabu é a exclusão de certos discursos que são rejeitados, dessa forma fica ainda mais explícito o quanto a saúde mental é um tabu na sociedade atual. A partir disso, aparece o questionamento: qual é o preparo feito e quais os materiais disponíveis para que os professores abordem o assunto com propriedade e segurança? Aqui pode-se notar a relação de poder dita por Althusser (2001), na qual o mais importante é que os alunos sejam “educados” e preparados para o mercado de trabalho. Ou seja, a discussão sobre questões da saúde mental (e outros assuntos) não se tornam importantes para a ideologia burguesa, e pode-se notar o reflexo desse pensamento nos professores que, inconscientemente, não veem o tema como uma necessidade fundamental.
A marca de preconceito presente nas falas dos professores entrevistados, torna em evidência o que apresenta Pêcheux (1969) apud Orlandi (1999) em sua teoria de que o sujeito faz uso de uma linguagem que é formada ideologicamente, causando esquecimentos e apagamentos. O fato dos professores tratarem do assunto usando expressões como “quer chamar a atenção”, “é baixa autoestima”, entre outros, mostra que o contexto social no qual eles vivem ou já viveram reproduz esses discursos. Se não houver a conscientização dos mesmos, essas mesmas falas continuarão a ser reproduzidas por outros no qual os professores exercem influência. Diante de toda essa discussão, onde se encontra o aluno que sofre com transtornos, e acaba sendo excluído dentro desses discursos?
A partir das conclusões que foram feitas, pode-se notar que a percepção de alguns professores da educação básica não está totalmente fomentada na ideia de combater, com todos os recursos possíveis, os índices da OMS (2018) apresentados no artigo. A conscientização dos mesmos é de extrema importância para que, não apenas uma questão de números seja alcançada, mas sim a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes. Além disso, a falta de informação e embasamento vista em alguns educadores no que diz respeito à saúde mental torna-se preocupante pelo fato de eles estarem constantemente envolvidos com os alunos que precisam de cuidados e atenção. Os professores devem estar preparados para tornarem-se grandes aliados na prevenção de transtornos e suicídios nos referidos alunos.
Referências
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado: notas sobre os aparelhos ideológicos de Estado. 8ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal. 2001.
BAHLS, SC. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. J Pediat, 78(5): 359-366, 2002.
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília. UNB. 2008.
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France pronunciado em 2 de dezembro de 1970. 6ª ed. São Paulo: Edições Loyola. 2000.
MORENO, Doris Hupfeld; MORENO, Ricardo Alberto; SOEIRO-DE-SOUZA, Márcio Gerhardt. Transtorno depressivo ao longo da vida. In: FORLENZA, Orestes Vicente; MIGUEL, Euripedes Constantino. Compêndio da Clínica Psiquiatra. Barueri: Manole, 2013.
ORLANDI, Eni P. Análise do Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes. 1999.
OMS - Organização Mundial da Saúde. Folha informativa: saúde mental dos adolescentes. Rio de janeiro: OMS; 2018. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-adolescentes&Itemid=839. Acesso em 14 nov. 2018.
SANTOS, Aline Mayer dos. Depressão na adolescência e o papel da escola em conjunto com a família. Pindamonhangaba: FUNVIC. 2017.
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