Capítulo 192
Armin se isolou completamente após nosso pedido de achar a Debrah.
Ficamos todos em silêncio enquanto ele fazia suas pesquisas, no máximo falávamos baixo entre nos.
“Ah, que horas são?” Azriel perguntou um tanto desesperado.
“Hora de aventura” Armin respondeu sem sequer tirar os olhos do computador ou mudar sua expressão. Bem, no meu caso e provavelmente no caso do Nath, que o conhecemos muito bem, notamos um leve sorriso de canto.
“Tem certeza que ele tá mal Boreal?” Nathaniel questionou enquanto dava um sorriso por conta da minha cara de quem queria bater no Armin… como sempre. E assim, deixando claro que eu estava certa e ele notou o sorriso de Armin.
“São 10 da manhã” Alexy respondeu ignorando completamente o Armin.
“Vou ficar só mias alguns minutos, não quero me atrasar pra encontrar o Hyun.” ele completou.
“Hyun? O rapaz que fica no restaurante?” Nathaniel perguntou.
“Sim, ele mesmo! Todo dia de manhã ele me ensina a cozinhar, primeiros socorros e várias coisas importantes pra ajudar no grupo, ele me ensina muita coisa daqui sabe, então sempre vou ver ele!” Azriel respondia sendo inocentemente quebrado por Alexy
“Ele te ensina a beijar também?” Ele ria falando isso.
“Para Alexy! Nada a ver” Azriel respondia tímido
“Ele já nos falou que vocês já ficaram, não tem o que esconder mais querido.” Alexy respondia rindo.
“Foi algo rápido e nada serio! Somos só amigos.” Azriel insistia.
“Eu tenho vários amigos que eu beijo, transo etc, o nome que dá é amizade colorida, podemos iniciar uma se quiser.” Alexy ria fazendo Azriel se levantar e começar a sair do local.
“Pensando melhor, vou logo, tchau pra vocês” com um rosto tão vermelho quanto seu cabelo e completamente emburrado, ele se retirou.
“Alexy, sempre tem que ser tão inconveniente? Ele não queria falar disso!” Dake que estava perto quietinho se meteu.
“Eu me ofereci! Como sou inconveniente se até quis participar pra ficar com algum contexto pra me meter?” Dake só respirou fundo enquanto todos riam.
Ficamos mais um tempo ali esperando até que Armin veio até nós.
“Então, eu consegui algumas Debrahs, mas não sei se alguma dessas é a que procuramos já que não achei ninguém com o sobrenome dela…” ele mostrava uma lista extensa.
“Podemos ligar pra todas, a nossa Debrah vai saber quem somos, afinal, ela tem ligação com todas as linhas, mesmo sem nos conhecer ela vai nos reconhecer” Nathaniel falava calmamente.
“É a melhor opção no momento… Ter até tem outras formas, mas acho que assim já conseguem o contato dela de uma vez, até porque a lista não é extensa, a menos que ela tenha mudado de país, ai realmente vou ter mais trabalho.” Armin dizia com apatia.
“OK, vamos começar então.” Dake dizia já começando a ligar pra um número.
“Meu escravo se tornou bem eficiente sem minhas ordens, né?” Armin provocou Dake.
“Não enche porra” e o Dake rebateu deixando um leve clima de descontração.
Começamos todos a ligar, e foram horas ligando mesmo a lista não sendo enorme, ela era grande o suficiente pra ser cansativo.
Foi quando, Ambre que estava ali perto pareceu ter conseguido algo.
Ela não falou nada conosco, só deduzi pela conversa que ouvi, e após ela desligar ela confirmou: “Debrah nos chamou pra encontrar com ela no endereço da casa do Lysandre…” Ambre dizia.
“Casa do Lysandre? A mansão?” Nath perguntou.
“Não… a fazenda onde ele morava na nossa linha…” todos se olharam confusos, como assim a fazenda onde ele morava? O que a Debrah faz lá? Sei que tudo está diferente, mas… isso não é um pouco demais?!
“Então vamos logo ver a cabeçuda filha da puta” Castiel dizia.
“Você tem que parar com essa agressão gratuita com ela, até porque ela pode ser nossa única ajuda” Ambre falava.
“PREFIRO ENFIAR A CABEÇA NO MEU CU E CAGAR DO QUE SER AJUDADO POR ELA.” Ele disse.
“BELEZA ENTÃO ENFIA A CABEÇA NO SEU CU E MORRE AQUI NESSA LINHA TEMPORAL SOZINHO!!” Ambre gritou saindo do lugar.
“É… Vamos?” Nathaniel sorriu e assim todos nos retiramos.
Passamos pela sala principal onde estava o Ken e o Daniel conversando, Ken ainda estava abatido e eu completamente sem jeito com toda a situação.
Suas olheiras eram fundas e horríveis.
“Vou pegar um carro no estacionamento ok?” Armin falava com Daniel e Ken já com completa intimidade.
“OK, mas… vão onde? Precisamos saber. Sabe que somos cuidadosos, e depois do que houve com a Iris… Nosso cuidado precisa redobrar” Ken dizia colocando sua máscara de liderança firme como sempre, mesmo com cara de quem quer chorar e desabar a qualquer momento…
“Visitar uma amiga de outra linha, digo, dessa linha, mas… é complicado. Já falei dela com Daniel, a Debrah. Estamos indo atrás de uma solução pra toda essa confusão” Armin respondeu.
“Onde ela mora? Talvez me passando a localidade poderemos monitorar tudo” Ken dizia.
“Ou podemos ir com eles, eu quero muito conhecer essa tal Debrah. Não é todo dia que conhecemos uma pessoa com a mente tão expandida ao ponto de ter consciência em todas as linhas temporais simultaneamente.” Daniel dizia realmente interessado.
Ken mesmo com todo seu desanimo, respirou fundo e já se virou pegando seu casaco sem retrucar nem falar muita coisa, ele simplesmente decidiu levar a gente pra la de carro, até porque ele demonstrava muita curiosidade quanto a quem era Debrah depois o Daniel ter falado dela.
Daniel ficou monitorando de dentro do carro, pois como sempre ele era bem desconfiado de tudo, nada de muito diferente do Armin no fim das contas, o não nega que os dois são a “mesma” pessoa.
Fora que nossa situação atual precisa do dobro de cuidado né…
Ken estava com um olhar abatido, uma postura abatida, um ar abatido… com motivo, não tinham nem 24 horas direito que a Iris tinha morrido… E pior é pensar que ele viu tudo, cada detalhe na frente dele.
Não que fosse ser menos doloroso ver ela morta depois, mas… Assistir ela morrendo… é muito cruel.
O Lysandre definitivamente é um monstro…
Ele até tentou puxar alguns assuntos, algumas vezes, mas dava pra sentir aquela vibe muito ruim sabe? Ele não prestava atenção em suas próprias palavras.
Quando chegamos lá, estava a Debrah nos esperando na porta da enorme casa na fazenda do Lysandre.
Sem aquelas roupas de modelo dela, penteados espalhafatoso, nada, eram roupas simples e até sem graças se comparado ao que eu estava acostumada.
“Oi Armin.” Ela falou se aproximando dele logo de cara, talvez ela tenha lido algo na mente dele pela troca de olhares que eles tiveram, e pude notar desconforto por parte do Armin.
Em outra situação eu morreria de ciúmes, mas ali naquela hora não… Especialmente após notar seu desconforto.
“SUA CABEÇUDA, FILHA DA PUTA!” Castiel gritava.
“Oh, olá Castiel.” Ela falou calmamente, ignorando o ataque de histeria dele.
“Porque tá morando na casa antiga do Lysandre?” Perguntei.
“Podemos conversar lá dentro?” Ela dizia abrindo passagem pra gente em seguida.
Ao entrarmos, Leigh estava la dentro sentado com uma criança no colo.
“Oh, esses são seus amigos que disse que viriam nos visitar! Sejam bem vindos.” Ele falava gentilmente daquele jeitinho que o Leigh tem, eu fiquei muito mais confusa e pude optar todos confusos.
Debrah sorriu pra ele e nos levou até a sala.
Após todos nós cumprimentarmos ele e o Leigh ter saído pra por o bebê no quarto e pegar coisas para comermos na fazenda, Debrah finalmente começou a falar.
“Eu e Leigh casamos e tivemos um filho recentemente.” ela falava sem rodeios ao notar nossa confusão estampada em nossos rostos.
Se lembro bem, a Debrah era louca pelo Leigh, dizia que ele tinha genes perfeitos pra procriação. Nunca compreendi.
“Então, seu filho tem genes perfeitos?” Perguntei.
Debrah sorriu pra mim e balançou a cabeça positivamente.
“O que esperar de alguém com memória eidética né mesmo Boreal?” Ela sorria discretamente.
“O que isso significa Debrah? Um filho com genes perfeitos?” Ken perguntou.
“Oh, basicamente os genes do Leigh permitem que nosso filho desenvolva habilidades com maior facilidade que as demais pessoas, além de ele ser praticamente imune a doenças. O Leigh tem esse notável detalhe no DNA que foi o que me chamou atenção. Afinal, sabe que meus planos são que dominação e evolução, logo, ter um filho com tais genes me facilita muito.” ela respondia.
“Ainda tá nessa de dominação?” Armin falava cansado, sendo interrompido por Nathaniel.
“Posso perguntar onde está a Rosalya?" Nathaniel questionou.
“Sinto muito, mas não tenho como responder isso, nunca conheci ela aqui nessa linha, nunca nem a vi.” Ela respondia calmamente.
“Então já conheceu o Leigh solteiro?” Perguntei.
“Basicamente. Ele morava aqui e eu me mudei pra perto, quando nos conhecemos e começamos a namorar, casamos esse ano e meu filho nasceu tem 2 meses.” Debrah respondia calmamente.
“Entendo. Bem recente. Parabéns pros dois!” Nathaniel completou sorrindo.
“Bem, já li a mente do Armin e já sei pra que estão aqui, e tudo que tenho a dizer é: tem muita coisa planejada pra vocês.” Ela dizia.
“Como pode ter certeza disso? Você ter conexão com outras de você não te faz conhecedora de planos e do que vai acontecer conosco…” Armin dizia.
“… Não sei até onde eu devia estar falando isso, mas… Muitas Debrahs já morreram ou se mataram, minha mente está bem em paz quanto a isso, mas muito em pânico quanto ao que pode acontecer a qualquer momento nessa linha…É a primeira linha que minha vida está plena e pacifica” ela se silenciou enquanto pegava a xícara que o Leigh servia gentilmente pra todos.
Ele era meigo e calmo, um pouco diferente do que eu lembrava dele.
“Eu queria muito poder conhecê-los mais, mas tenho que ir na fazenda vizinha. Sintam-se a vontade ok?” Leigh falava gentilmente.
“O Antoine está dormindo, certo?” Debrah perguntou. Deduzo que esse seja o nome de seu filho pelo dialogo.
“Sim, e já está alimentado.” Ele dizia sorrindo e dando um beijo na testa dela enquanto saia.
A Debrah parecia genuinamente feliz, o que é estranho pra pessoa que dava um discurso inteiro a respeito do quanto sentimentos são inúteis.
“NOSSA ELE TEM BASTANTE ESPAÇO PRA BEIJAR NESSA TUA CABEÇA DE BALÃO NE?!” Castiel dizia após Leigh sair, com Debrah o ignorando completamente.
“Mas prossiga falando sobre o que vai acontecer com nosso futuro e como sabe disso. Seus poderes não são previsões que eu saiba.” Armin questionava.
“Eu não sei do futuro, sei o que planejam pra vocês… o computador principal, do bunker do seu eu mais velho sou eu, Armin. Eu não devia estar falando isso provavelmente, mas a situação atual requer essa informação.” Quando ela falou isso, todos se olharam e ficou um clima muito estranho.
Debrah é um computador do bunker?
“Explica isso direito porque esse quebra cabeça tá muito confuso, e quem começou ele vai ter que terminar.” Alexy respondia.
“Minha eu que se encontrava na linha do Armin foi usada pra ser o computador do Armin. Ele literalmente colocou minha consciência no computador, e assim ele tem acesso a todos os acontecimentos simultaneamente de qualquer linha, claro, através da minha visão. Ele sabe exatamente quais linhas foram afetadas ou desapareceram por completo usando minhas memórias e existência de base.” Debrah dizia.
“Ele, então, tem como saber que estamos falando contigo agora?!” Ambre questionou assustada.
“Talvez. Mas mesmo sendo sua maquina, eu tenho minha própria consciência, então tenho direito de esconder certas coisas dele.”
“Pera, então é verdade mesmo que você tem consciência de todas as linhas temporais?” Daniel estava muito assustado, mas era aquele assustado de Armin sabe? Surpreso de uma forma positiva.
“Sim Daniel.”
“Então agora explique sobre o que falou mais cedo sobre nosso destino.” Nathaniel dizia.
“Basicamente, vocês nunca poderão descansar até completarem a missão ou toda realidade acabar pra sempre. Armin do bunker não vai deixar. Vocês são soldados dele e ele mantêm backup de vocês pra caso algo assim aconteça trazê-los de volta pra continuar a missão. E eu sou uma peça pra chave pra ele saber quais linhas ele ainda tem acesso. Se todas as minhas outras eus de outras dimensões e linhas temporais decidirem se matar, ele perde acesso às demais linhas.” Debrah comentou.
“Vocês são um sistema com mente coletiva composto por uma única pessoa, vocês podem tomar a decisão de se matar se quiserem acabar com isso tudo a qualquer hora.” Daniel afirmou.
“Sim, podemos. Mas não queremos, afinal, somos lógicas, e isso faz com que continuemos tentando até conseguirmos alguma solução pra essa situação toda. Sabemos que somos um dos poucos acessos que vocês possuem com outras linhas e dimensões.” ela dizia.
“Você falou mais de uma vez de dimensão… até então eu sabia que tinha a dimensão da Boreal e tinha a nossa, você quer dizer que existe uma versão sua na dimensão da Boreal?” Ken finalmente falou algo.
“Deve ter, mas aí vai contra meu conhecimento da situação. Quando falo dimensões me refiro de microversos dentro da nossa dimensão atual. A nossa linha atual é dividida em várias linhas temporais, que são criadas a cada escolha diferente de nossa vida. O certo é existem poucas, entre umas 4 ou 5 pra falar números elevados, a criação de paradoxos criou possibilidades tão infinitas que começou a sobrecarregar essa dimensão. Mas as modificações são tão grandes que algumas se tornaram microversos, que nada mais são do que universos pequenos dentro de nosso próprio universo, na nossa dimensão atual dimensão.
Tudo é completamente diferente ao ponto de às vezes só sobrarem resquícios nossos e nada mais. Mas por se encontrarem em nossa dimensão atual, eu ainda consigo acesso. O que difere esses microversos de uma linha temporal, é que os microversos tem sua própria linha temporal e possuem estrutura completamente diferente da nossa dimensão atual.
Digamos que foi uma forma do universo não explodir, começar a expandir pra criar novas linhas.
Nosso universo está sobrecarregado e gritando por socorro. Tudo isso são tentativas falhas de nossa realidade se manter viva.
Já tentei ficar com o Nathaniel na linha de vocês porque vi que em outra linha temporal minha eu usei o Castiel pra tentar ficar com o Nathaniel e funcionou, mas o fato de terem linhas distintas, isso pode ter confundido minha eu da linha de vocês de como prosseguir com isso.”
“EU SABIA QUE VOCÊ ERA UMA VADIA QUE TAVA DANDO EM CIMA DO NATHANIEL E ME USANDO! NOSSA EU TE ODEIO TANTO!!” enquanto Castiel esbravejava, Debrah o ignorava por completo.
“Outro exemplo, agora de microverso, eu tenho acesso a uma eu, por exemplo, que vive em um vilarejo bem distante daqui, completamente tropical que usam crianças pra controlar o clima temporal, algo que não acontece aqui onde vivemos.
Nessa pequena dimensão eu já vi a gente morrendo por conta de tentar controlar uma criança, como sempre, a realidade sendo destruída porque o ser humano quer controlar coisas que não devem ser controladas.” Ela então encarou o Armin que desviou o olhar. Pobre Armin… O peso está todo sob ele, e ele sabe disso…
“Saudade de quando o maior dos nossos problemas era a diretora…” respirei fundo enquanto falava.
“No fim, a diretora só estava vivendo a vida dela, assim como vocês. Vocês julgam ela como ruim, mas já pararam pra pensar quantas coisas absurdas já fizeram pra se protegerem, protegerem a Boreal e pra conseguir coisas fúteis?” Debrah falou silenciando todos ainda mais, exceto Castiel que começou a gritar com ela.
“NÃO COMPARA A GENTE COM AQUELA FILHA DA PUTA! ELA MATOU A MÃE DA BOREAL E TENTOU MATAR A PRÓPRIA BOREAL!! ALÉM DE FICAR MATANDO GENTE PRA FICAR VIVA!!”
“Castiel, você matou apenas pra conseguir super força, quem é você pra julgar ela? Não só atou como continua matando pra se manter vivo, assim como ela faz. O que faz dela a vilã é a história de que está sendo contada, a perspectiva, se a história fosse do ponto de vista da diretora claramente a vilã seria a Boreal, você e todos que estão impedindo ela de se reencontrar com seu amado. E mais uma vez esse sentimento inútil atrapalhando a vida das pessoas.” Debrah continuava.
“E digo mais, sabemos que Armin fez coisas piores do que ela, afinal, se tudo está esse caos, a culpa é de quem? Minha que não é. Tudo porque ele quis proteger ela, assim como a diretora com Nathaniel e o Nathaniel com a diretora…”
“VIU PORRA?! TÁ AI A DIFERENÇA! CADA UM NO NOSSO GRUPO FAZ UMA COISA! ELA FAZ OS DOIS!! EU SÓ MATO!”
“Só”... Foi tudo que consegui pensar…
“E o que faremos…?” Ken dizia desanimado, usando completamente o assunto.
“Eu também não sei Kentin. Já tá tudo tão embaralhado que penso se não é melhor que vivam suas vidas até o fim chegar… Eu já perdi a conta de quantas consciências já perdi ao longo do tempo. E quanto mais usarem a viagem temporal, mais irão acelerar o processo de destruição de tudo. É como uma pessoa com câncer no pulmão que insiste em fumar, isso vai acelerar a morte dela, o receptor é o cigarro que está parando nosso pulmão, aka realidade. No fim, que bom que não possuem mais o receptor. O universo está colapsando tentando se manter com essa quantidade de linhas que foram criadas. Viagem no tempo nunca deveria ter sido tocada pra começo de conversa” senti ela mandar mais indireta pro Armin que estava com jeito desconfortável no local e se levantou sem mais nem menos.
Decidi ir atrás dele, deixando todos conversando com a Debrah.
“Armin! Tá tudo bem?” Já ame aproximei falando.
“Não Boreal, não tá. Sabe porque não tá?! Porque EU DESTRUÍ TUDO COMO SEMPRE!” Ele dizia, eu não sabia como consolar ja que ele estava certo.
Não e bem assim… voc—“‘
“Boreal, se tudo ta a merda que ta foi porque eu criei a máquina! Não finge que acredita na sua própria mentira de que eu não fiz nada. Eu não sei como arrumar tá bom?! Tá sentindo esperança?! Porque eu senti um pouco quando citaram a Debrah e agora, após falar com ela, simplesmente voltei pro desespero! Se nem ela que tem acesso a tudo e é o computador central do bunker consegue resolver as coisas, quem sou eu?!” Ele estava em um misto de desespero e raiva.
“Nós podemos—-“
“Eu vou pra casa sozinho…preciso… me acalmar longe das pessoas… fica tranquila que não vou em matar… eu preciso resolver tudo isso que eu fiz antes…”
Sem me dar mais nenhum pouco de atenção, e sequer me dar oportunidade pra falar sobre sua frase horrivelmente fúnebre, Armin saiu pelo portão da fazenda sozinho.
Fiquei la um tempo até Ambre vir atrás de mim, depois Nathaniel e aos pouco todos estavam comigo
Expliquei tudo que havia acontecido e por fim, fomos embora.
Debrah deixou seu contato conosco e pegou o contato de Ken e Daniel
E assim seguimos de volta pro shopping.
Eu estava muito mal, e a realidade é que todos estavam…
O clima morto dali era terrível, tipo o fato do Ken ter perdido a Iris tão recentemente.
Assim que chegamos no shopping todos de dissiparam, exceto Nathaniel e Alexy que pareciam preocupados comigo.
“Tá tudo bem?” Alexy perguntou.
“Sim… eu vou… procurar o Armin.” respondi.
“Qualquer coisa eu vou estar na academia do shopping” Nathaniel dizia com olhar preocupado.
“E eu na praça de alimentação.” Alexy me abraçou.
Eles sabiam como eu estava…
Subi e notei que a loja onde eu ficava com o Armin estava “fechada”, o que indicava que ele estava lá.
Assim que entrei, ele estava deitado no meio das pelúcias com o notebook jogado no canto com a tela quebrada.
Haviam fios pra todo canto.
“Armin…?” falei me aproximando aos poucos e vendo que ele estava com um olhar muito frustrado.
“Boreal, me deixa quieto.” ele dizia.
“Mas… Você tá bem?” falei baixo.
“Boreal, me deixa quieto.” ele voltou a repetir.
Eu sei que eu devia ter saído, ele pediu numa boa, mas… eu insisti.
“Armin…Eu só–”
“EU FALEI PRA ME DEIXAR QUIETO!! QUER FICAR AQUI?! TUDO BEM EU SAIO!!! MAS EU QUERO FICAR QUIETO!!!!” ele então começou a se levantar pra sair quando eu saí correndo primeiro que ele ao ouvir seu berro.
Ele gritou muito, MUITO forte comigo…
Meu coração estava disparado, meu olho ardia já com lagrimas prontas pra caírem.
Corri direto pra academia.
Sei que o Alexy se ofereceu também, e ele é um dos meus melhores amigos e conhece bem o Armin, mas senti que naquele momento eu precisava o Nathaniel, não do Alexy.
Eu entrei ofegante, estava escuro e o Nathaniel estava no fundo batendo em um saco.
Pude notar pela pouca iluminação local suas cicatrizes das costas e o brilho do suor em seu corpo destacava ainda mais aquelas cicatrizes… Seria impressão minha ou elas pareciam mais fortes?
Talvez pelo tempo que eu não o via, eu esqueci completamente de como elas eram… Poderia ser.
Não esquecer no literal, mas… ver com clareza a intensidade delas.
Ou talvez a iluminação destacasse mais.
Sei que aquele buraco enorme que a Ambre fez chamava muita atenção e me dava gatilhos de bons momentos.
Momentos que não nos preocupamos com nada.
Foi horrível a princípio mas… Eramos mais felizes que agora. Todos unidos.
E esses flashes de memórias me fizeram chorar na mesma hora que olhei suas cicatrizes.
Como pode algo tão simples e banal dar um gatilho grande desses…
Ele notou minha presença e se virou, parando de bater no saco.
“Boreal?” ele falava assustado ao notar meu estado, e se aproximando já foi passando a toalha úmida que estava ali pra secar seu suor.
“Nathaniel… posso falar com você?” Perguntei entrando na área em que ele estava da academia do shopping.
Quase ninguém vai la…
“Claro! Não esperava que seria tão rápido. O que houve?” assim que ele perguntou eu desabei, eu não conseguia falar, só chorar.
Nathaniel ficou o tempo todo do meu lado quieto e passando a mão nas minhas costas até eu conseguir começar a falar.
Ele me consolava mesmo que em silêncio, e terminou me abraçando ao me ver chorar naquela intensidade.
Finalmente consegui falar.
“Eu não aguento mais Nathaniel… Eu só quero que isso tudo acabe! Eu já perdi tudo! E a tendência é piorar mais!!” Eu me alterava e chorava mais e mais.
“E vai acabar, estamos trabalhando pra isso.” Ele tentava me consolar, mas eu sentia ser em vão.
“Enquanto passo isso, é justo eu ser tratada dessa forma?! O Armin gritou comigo Nathaniel! Eu sei que ele também tá mal! Mas e eu?! Faz meses que cheguei aqui e eu só queria conforto pra enfrentar isso tudo!! Eu sou a causa disso tudo!! Não tá fácil seguir em frente sem apoio, sendo deixada de lado…” eu gritei no rosto do Nathaniel aos prantos.
“… Não, mas pense que todos estamos no mesmo barco… Além do mais, não pegue a culpa exclusivamente pra si Boreal. Armin com certeza tá sofrendo muito também. Pense que tudo que a Debrah falou, infelizmente é verdade, ele criou a máquina do tempo e isso foi o que começou tudo. Não sou isento de culpa, eu usei o receptor pra te manter viva também.” Nathaniel dizia olhando profundamente em meu olho.
“E NO FIM ELE CRIOU A MAQUINA PRA ME SALVAR! VOCÊ VOLTOU NO TEMPO PRA ME SALVAR! O GRUPO DO LYSANDRE ESTÁ MATANDO GENTE DESSA REALIDADE PORQUE ESTÁ ME CAÇANDO! EU SOU O CENTRO DISSO TUDO NATHANIEL! EU!!!” eu gritava mais.
Ele então em sacudiu de leve.
“BOREAL! Olha nos meus olhos. Respira fundo. Se acalma ok?” ele dizia depois de ter me sacudido e segurado firme meus ombros.
Aos poucos ele foi respirando fundo, e expirando, meio que me forçando a seguir o ritmo de sua respiração pra fazer om que eu me acalmasse.
Eu não conseguia parar de chorar um segundo, mas confesso, olhar os olhos do Nathaniel mexeu comigo.
Eu estava fragilizada, com medo e me sentindo sozinha.
Ele era o único ali pra mim no momento.
Após meses isolada, ele era o primeiro a verdadeiramente me dar atenção e se preocupar em como eu estava.
Não o casual “como vai?” esperando sempre a resposta “Vou bem e você?”.
Mas verdadeiramente me ouvir e querer em ajudar.
Confesso que até hoje, ainda quando vejo o Nathaniel sem camisa, isso mexe comigo, nunca neguei e nem irei negar isso.
Eu amei o Nathaniel em grande intensidade mesmo sem termos ficado por um período longo.
E ele sempre foi um amigo precioso pra mim, não somente um romance, assim como aconteceu com o Armin…
Gradualmente eu fui estabilizando meu estado enquanto acompanhava a respiração do Nathaniel.
Eu conseguia sentir sua respiração em meu rosto de tão perto que estávamos.
Meu coração disparava como se fosse acontecer algo inédito, algo com aquela pessoa que você gosta a tempos espera ter algo e parece que finalmente vai rolar, sabe?
Eu olhava pros seus olhos e olhava pros seus lábios, em seguida sem parar, pude notar que ele claramente fazia o mesmo.
Comecei a alisar seus cabelos enquanto ele me encarava ainda mais.
Nossos corpos se aproximavam mais e mais, era algo quase que automático, sabe?
Meu coração disparava mais e mais, eu podia sentir minhas mãos suarem e meu coração como se fosse sair do meu peito pela minha boca.
Foi quando ambos tomaram o impulso de se aproximar, nossos lábios estavam ao ponto de se tocarem, mas, ele me freou colocando a mão sob meu rosto e me afastando gentilmente.
“Tenta falar com o Armin Boreal… Insista. Ele deve estar tão mal quanto você.” sua frase me trouxe de volta pra realidade.
Se o Nathaniel fosse outra pessoa e não fosse tão certinho, provavelmente eu teria feito uma besteira da qual teria me arrependido…
Memo que eu tivesse a intenção de terminar com o Armin…trair ele com seu melhor amigo é muito errado.
Além do mais, eu sei a história de vida do Armin e todos os pontos fortes de sua personalidade, eu seria muito, MUITO mau caráter ao fazer algo assim… Já fui no passado com o Nathaniel, não posso repetir esse erro.
E eu quero me resolver com o Armin… eu só to… fragilizada.
“Me desculpe…” falei com vergonha e colocando minhas mãos no meu próprio rosto.
“Tudo bem Boreal… eu te entendo… Me desculpe também. Me deixei levar pela situação. Mas o melhor a se fazer agora é conversar com ele. Ele não tá nada bem, e eu tenho certeza que ele te ama muito, só… não sabe o que fazer. Você conhece o Armin tanto quanto eu, talvez até mais, sabe que ele é confuso às vezes e se isola numa bolha pra fingir que tá tudo bem e conseguir voltar a raciocinar.” ele sorria.
“Ele já tá meses nessa bolha…” resmunguei, voltando um silêncio constrangedor.
“… você pode conversar com ele junto comigo?” Perguntei o encarando.
“É algo que acho melhor que vocês resolvam a sós” ele respondeu
“Ele não vai me ouvir… por favor, tenho certeza que contigo ele vai parar pra escutar, o problema dele sou eu e você é melhor amigo dele, ele sempre te ouve…Já tem meses que eu tento Nath, é em vão. Ele me evita.” continuei.
Nathaniel ficou em silêncio um tempo, parecia pensar na resposta, mas em seguida, como esperado, ele deu uma resposta positiva.
“… ok, eu faço… Mas vamos dar um tempo pra ele antes ok?” Nathaniel respondeu sorrindo gentilmente pra mim.
Eu quase fiz algo do qual eu iria me arrepender eternamente… o Armin mesmo estando distante não merece esse tipo de coisa.
Eu pensei que essa Boreal não existisse mais, mas com esses problemas todos, essa carência que estou sofrendo e o fato do Nathaniel ser o Nathaniel… somou tudo e eu me perdi…
Obrigada Nathaniel por me frear.
Desculpe Armin por não me portar devidamente…
Bem… Tudo que me resta é tentar resolver as coisas.
[<< CAPITULO ANTERIOR] ✖ [PROXIMO CAPITULO>>]
13 notes
·
View notes
[14/10 05:14] Nath 👾: Eu estou cansada, só isso
[14/10 05:14] Nath 👾: De mim
[14/10 05:15] Nath 👾: E eu sei que todo mundo está um pouco ou muito cansado de si mesmo
[14/10 05:15] Nath 👾: E tudo bem, normal
[14/10 05:15] Nath 👾: Só que você e ninguém sabe a forma como eu me sinto e enxergo
[14/10 05:15] Nath 👾: Eu tenho escondido do meu psicólogo, na verdade, não sei se é bem esconder
[14/10 05:16] Nath 👾: Eu só não falo, não sinto a necessidade de falar
[14/10 05:16] Nath 👾: Me sinto envergonhada
[14/10 05:20] Nath 👾: Eu penso muito em morrer (não gosto mais de falar) me sinto envergonhada em usar o termo suicídio, porque não quero transparecer esta fazendo drama, não quero ficar falando sobre isso.
[14/10 05:20] Nath 👾: Mas eu cansei de mim e de todo mundo.
[14/10 05:21] Nath 👾: Da forma como me vejo perante as pessoas, dos meus erros
[14/10 05:21] Nath 👾: Cansei da minha casa, de quem eu sou
[14/10 05:21] Nath 👾: Cansei de ter que acordar, de ter que dormir, comer
[14/10 05:21] Nath 👾: Acho que um dos motivos de eu estar a tanto tempo com insônia é esse sabe?
[14/10 05:21] Nath 👾: Dormir, para acordar um outro dia e viver
[14/10 05:22] Nath 👾: Eu não quero mais viver nada
[14/10 05:22] Nath 👾: Os dias bons, os dias ruins
[14/10 05:22] Nath 👾: Eu queria ir embora e deixar de sentir tudo
[14/10 05:22] Nath 👾: E eu não falo com meu psicólogo, por preguiça, por vergonha, porque outras pautas são mais importantes
[14/10 05:22] Nath 👾: E não tem o que ele ou ninguém possa fazer
[14/10 05:23] Nath 👾: É só eu e meu corpo dizendo que não querem mais
[14/10 05:23] Nath 👾: E eu sei que não morri porque não tenho coragem
[14/10 05:23] Nath 👾: Por isso não me considero depressiva ou suicida, não sou
[14/10 05:23] Nath 👾: Só que na minha cabeça, tudo se resume a isso
[14/10 05:23] Nath 👾: As vezes eu penso "ah, não vou me esquentar com isso, vou me matar mesmo"
[14/10 05:24] Nath 👾: "Deixa para o futuro, vou morrer, não preciso lidar"
[14/10 05:24] Nath 👾: Pode parecer idiotice para você e é
[14/10 05:24] Nath 👾: Mas eu tô cansada
[14/10 05:24] Nath 👾: Eu não tenho autoestima, eu me sinto inferior às pessoas
[14/10 05:25] Nath 👾: Não quero ouvir o quanto sou incrível
[14/10 05:25] Nath 👾: O quanto sou perfeita
[14/10 05:25] Nath 👾: Que eu sou uma pessoa boa
[14/10 05:25] Nath 👾: Dispenso
[14/10 05:26] Nath 👾: Só é pesado sabe? Carregar tanta coisa, culpa, remorso, se ver como um peso, algo ruim, eu sei que não matei, não fiz nada absurdo, mas aqui dentro eu me cobro, me culpo, me torturo, como se eu tivesse feito algo absurdo.
[14/10 05:27] Nath 👾: E eu tô cansada, chega um momento que você não quer mais nada.
[14/10 05:27] Nath 👾: Não é que eu não queira viver só os momentos tristes, eu não quero viver mais nada.
[14/10 05:27] Nath 👾: Foda-se se eu vou ter sucesso na profissão;
[14/10 05:28] Nath 👾: Se meu caminho vai ser perfeito;
[14/10 05:28] Nath 👾: Se vou ter tudo que quero;
[14/10 05:28] Nath 👾: Eu não quero mais nada
[14/10 05:28] Nath 👾: Parece que a única coisa que me deixa feliz é a possibilidade de morrer e acabar com tudo.
[14/10 05:29] Nath 👾: Parece que eu estou com a corda no pescoço, esperando o momento certo ou o incentivo para sair do banco.
[14/10 05:31] Nath 👾: E eu não quero ajuda de ninguém, apoio, palavras, nada, cheguei a conclusão disso hoje, ninguém precisa perder seu tempo me dizendo o quanto sou incrível, passando a mão pela minha cabeça. Óbvio que pessoas que gostam de mim, não vão concordar com os meus pensamentos sobre mim mesma, que refletem verdadeiramente quem sou, porque essas pessoas gostam de mim e não querem carregar o fardo por um suicídio. Então eu dispenso.
[14/10 05:32] Nath 👾: Falar o quanto sou uma pessoa boa, não vai diminuir a minha vontade de morrer.
0 notes