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#sáficas
ladyl0v3r · 2 months
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oichrisee · 7 months
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nosso casal de sáficas <33 finalmente mulheres
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djoanarck · 1 year
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"Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Vou escrever nas ondas. Nos céus. No meu coração. Você nunca vai ver, mas vai saber. Eu serei todos os poetas, vou matar todos eles e tomar seus lugares um a um, e a toda vez que o amor for escrito, em todos os filamentos, será para você." (É assim que se perde a guerra do tempo)
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graveyardyke · 2 years
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Brazillian lesbian couple with the labrys flag at the LGBT Parade
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edisseasapatao · 5 months
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"Um dia de cada vez está bom para mim. Desde que seja com você, Poppins. Um dia de cada vez é o que temos. No fundo, é o que todos têm. "
- A Maldição da Mansão Bly
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elasamamelas · 1 year
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Crescemos em uma sociedade que diz o tempo todo que o certo, que o normal, que o natural é se apaixonar, é beijar, é amar, é namorar, é casar com o sexo oposto e aí crescemos e aos poucos vemos que não, não temos esse tipo de sentimento pelo sexo oposto e sim por alguém do mesmo sexo.
O medo vem, afinal, todo mundo diz que é errado, que é ruim, que não é natural.aí vem O medo da rejeição, o medo do julgamento, o medo de não ser aceita. Travamos uma luta interna, a luta de auto aceitação, a luta de desconstrução dos próprios pensamentospreconceituosos e nada mais importante do que a auto aceitação, o auto amor.
Texto: Bler. Não copie, compartilhe
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apenas-meu-anjo · 10 months
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Chá, fofoca e presente para kpopers
Se inscreve e ajuda a gente a crescer. 
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versoesescritas · 10 months
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Fim de festa
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Sam praticamente arrasta uma Sophie muito bêbada para dentro de seu quarto. Sophie tropeça em seus próprios pés até cair de cara na mão.
- Ooops.
- Soph, não.
Sam se esforça para virar a garota de barriga pra cima.
- Minha mãe trocou os lençóis essa semana.
Sophie olha pra cima, piscando devagar. Ela olha pra Sam e em seguida pra sua própria mão.
- Estou vendo dois. Aquele álcool realmente é forte como eles disseram.
Sam tira a blusa de Sophie e seus olhos se demoram demais no busto nu dela.
- Você não devia ter bebido. Temos treino quando amanhecer.
Sophie ignora o sermão e coloca suas mãos sobre a de Sam quando ela começa desabotoar sua calça.
- Você devia me levar pra jantar primeiro.
Sam afasta suas mãos rapidamente.
- Eu sou sua amiga.
Sophie gargalha e se esforça pra tirar a própria calça, mas com seus reflexos dopados todo o esforço é em vão.
- Eu tava brincando, Samantha. Eu preciso de ajuda.
Sam suspira e volta a desabotoar a calça de Sophie.
- Quer ajuda no banheiro?
Sophie levanta os braços como se quisesse que Sam a pegasse no colo.
- Vem.
Sam levanta Sophie pelos braços e as duas caminham até o banheiro. Por mais que seja da vontade de sua vontade, Sam não consegue punir Sophie por suas péssimas escolhas de onde passar a noite. Então ela só muda o chuveiro pro quente e se enfia embaixo dele com Sophie.
- Você sabe que isso ficaria melhor se tirasse a roupa.
- Sem velhos truques agora.
Sophie passa os braços pelo pescoço de Sam e aproxima seus corpos.
- Não é velho se continua funcionando.
As duas se encaram, até Sam desviar o olhar para baixo.
- Acho que você consegue dormir sem vomitar agora.
Sam tenta se afastar mas Sophie a segura contra si.
- Eu preciso de você.
Sam sacode a cabeça mas ela sabe que é recíproco. A mão dela toca a barra da calcinha da outra - que mal consegue conter sua expectativa. Sua mão passeia até superar a barreira e tocar o centro de Sophie, que arfa em resposta.
- Continua.
Com o outro braço, Sam rodeia a cintura de Sophie, segurando-a no lugar.
A água continua caindo sobre as duas e Sophie afasta o cabelo molhado do rosto de Sam.
- Eu ainda vou lembrar disso de manhã.
Sophie sussurra contra os lábios de Sam ao mesmo tempo que a outra garota a penetra. Sophie geme e leva sua boca ao pescoço de Sam, deixando um beijo ali.
Sam encurrala o corpo da outra entre o seu e a parede. Ela retira suas mãos de entre as pernas de Sophie, e coloca uma de suas pernas entre as pernas da outra e obriga ela a se movimentar em busca de alívio.
Sophie joga a cabeça para trás, dessa vez gemendo mais alto. Sam admira como o cabelo molhado de Sophie gruda em seu rosto e pescoço. 
Ela está praticamente imóvel agora, só observando como Sophie constrói o clímax de seu próprio prazer.
Sam decide que já é o suficiente e ajuda Sophie a subir e descer mais rápido em sua perna. Pela primeira vez, Sam faz com que seus lábios se encontrem, prendendo o lábio inferior de Sophie entre os seus. Ela abafa mais um gemido da outra e sente quando Sophie afunda as unhas em seus braços e se deixa levar.
- Eu realmente espero que você se lembre disso quando amanhecer.
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firewakwithme-blog · 10 months
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"Nessas horas ela costumava segurar-me delicadamente nos ombros, trazer-me para perto e sussurrar em meu ouvido, com sua face encostando na minha: – Querida, sinto que seu lindo coraçãozinho está atormentado; não pense que sou cruel somente porque obedeço as incontestáveis leis que minha força e minha fraqueza impõem sobre minha vontade. Se seu doce coração está dolorido, o meu retumba selvagem e dói sangrando com o seu. Extasiada pela minha vergonha, eu habito sua tão mansa e cálida vida, e você há de morrer suavemente enquanto a sua vitalidade vai aos poucos se esvaindo para dentro da minha; não é algo que eu possa controlar. Enquanto me aproximo de você, você se aproximará de outros, e vai tomar conhecimento desse arroubo tão cruel que ainda assim chamamos de amor. Portanto, por ora, não se incomode mais em querer saber de mim e dos meus, mas continue confiando em mim com toda a força do seu tão bondoso espírito. E então, ao final desse depoimento tão fervoroso, ela apertava meu corpo contra o seu em um abraço convulsivo e, tocando seus lábios macios na minha face, dava-me vários beijos cheios de ternura."
Carmilla (Joseph Sheridan Le Fanu, 1871)
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esthermgray · 1 year
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Aesthetic de «Entre mis vetas», el relato que autopubliqué en junio 🌳
¿Qué encontraréis en esta historia corta?
🌱 Muerte y resurrección
🌱 Un bosque que es muchos personajes y solo uno al mismo tiempo
🌱 Sáficas
🌱 Una dríada muy cabezota
🌱 Un duendecillo con la personalidad de Arquímedes y Vanellope de Disney
🌱 Un viaje a través de los sentidos (literalmente)
¿Dónde lo podéis adquirir? De manera completamente gratuita a través de este enlace: https://payhip.com/b/aujDe
¡Espero que os guste esta historia tan importante para mí si la leéis! 💚
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cookacake · 2 months
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Quixen facer un fanfic sobre as miñas amigas
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ladyl0v3r · 2 months
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iconchitos · 3 months
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josie & pj matching layouts
like or reblog if you save / use
credits on twitter to transhmouth are appreciated
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imninahchan · 4 months
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⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ning yizhuo interpreta CIRCE
𓂃 ഒ ָ࣪ 𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒: AKRASIA ato I, literatura sáfica, narrativa épica, grécia antiga, fantasia, mitologia grega, misandria, ação, harém, literatura erótica (sexo sem proteção, oral fem, sex pollen?, scissorring, a leitora é mais ativa, EEUSEIQUEVOCÊSSÃOTUDOPASSIVONASMASPFVMEDAUMACHANCEVIDASATIVASIMPORTAM, dirty talk).
Tô muito animada pra essa série, eu sou louca por mitologia grega. Tomei a liberdade de completar os mitos a serem expostos no decorrer dos capítulos com a minha própria interpretação criativa, para poder amarrar o enredo. Porém, não deixo de citar as minhas fontes (para esse ato I) sendo a Odisseia, a obra contemporânea Circe e O livro das Mitologias;
Acho que esse é o texto mais rico que eu já produzi, não só porque me levou tempo e pesquisa. Se você gosta da minha escrita como um todo, leia mesmo que não curta literatura sáfica, é só pular qualquer parte sexual que fica safe.
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⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ⓞⓑⓡⓘⓖⓐⓓⓐ ⓟⓞⓡ ⓛⓔⓡ
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───── ⸙.
⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ATO I ⠀⠀ ⠀⠀ o mito de circe
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ESTA CANÇÃO COMEÇA E TERMINA NUMA TEMPESTADE. O raio que corta a imensidão noturna clareia tudo ao redor em vão, pois não há uma porção firme à vista para naufragar os restos do barco.
A trilha incandescente desenha pelo céu, semelhante a uma erva daninha, com seus ramas desaguando de canto em canto, e tomando mais e mais espaço até se perder no horizonte. Gigante, o vazio aberto faz parecer que está presenciando a fúria de um célebre titã, colossal e temido. O clarão que se estabelece pelo momento é capaz de cegar os olhos, construir a fantasia de um eterno vácuo sem cor ou forma.
E o som que sucede o fervor visual te faz tapar os ouvidos, encolhendo a postura. Jura, pelo resto de sanidade que ainda lhe resta, o compasso das ondas chocando-se contra o casco de madeira até muda de curso, como se a frequência reverberante fosse a potência que rege os mares.
O corpo tomba, para o caminho oposto em que a embarcação simplória é jogada. Bate com o peito na borda, os braços são jogados para fora, quase toca a água salgada com a ponta dos dedos. Senta-se sobre o estrado, afogando a pele da cintura para baixo no pequeno oceano que se forma dentro do barco. O supremo do mar não tem motivos para estar te atacando assim, pensa, o irmão dele, sim, pode estar enfurecendo o cosmos para te impedir de atracar em segurança. Quer a sua morte, nenhum rastro do seu cadáver quando a carcaça de madeira despontar em uma ilhota qualquer. Ninguém saberá nem a cor dos seus olhos.
— Nêmesis! — esforça-se para bradar mais alto que o repercutir das ondas quebrando.
Levanta-se num único impulso. Mal se alinha sobre os próprios pés, cambaleia conforme a embarcação nada por cima da maré, até se escorar no mastro. Abaixa o olhar.
— Nêmesis... — o título divino ecoa, agora, com mais fraqueza, tal qual um sussurro em segredo. Cerra os olhos. — Eu louvo a Nêmesis dos olhos brilhantes, filha de Nyx de capa escura...
Ó, grande deusa e rainha, Celebro-vos, a vingadora dos oprimidos, Que observais, que garantis que todo mal seja punido. Imparcial e inflexível, distribuidora da recompensa certa, Escutai meu lamento.
— Injustiça atormenta minhʼalma — confessa. — Sejais o corte da minha lâmina quando eu cruzar o destino de meu inimigo. Não deixeis que o sopro de vida opoente seja mais eterno que o meu. E eu vos prometo: será a minha alma pela dele.
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QUANDO CIRCE NASCEU o nome para o que ela viria a se tornar ainda não existia. Chamaram-na, então, de ninfa, confiando que seria como a mãe, antes de si, e as tias e as centenas primas. Modesto título, cujos poderes são tão singelos que mal podem assegurar-lhes a eternidade. Conversam com peixes e balançam-se em árvores, brincando com as gotas de chuva ou o sal das ondas na palma da mão. “Ninfa”, eles a chamaram, não apenas como em fada, mas em noiva.
Sua mãe Perseis era uma delas, uma náiade, filha do grande titã Oceanos e guardiã das fontes e águas doce. Belíssima, de ofuscar os olhos ao focar em outra coisa senão o brilho de sua pele feérica. Captura a atenção de Hélio, numa de suas visitas aos salões do primogênito dos titãs. Não havia nada igual Perseis.
Oceanos tinha uma aparência abatida, de olhos fundos na cara e uma barba branca beirando o colo. Seu palácio, entretanto, era um exímio refúgio situado nas profundezas das rochas terrestres. A estrutura se levantava em arcos altos, os pisos de pedra reluziam como a derme de bronze no corpo de Hélio. Pelos corredores amplos, era possível ouvir a dança das ondas, liderando a um infinito caminhar em que não se sabia o começo ou fim do leito rochoso. Nas margens, floresciam rosas acinzentadas, em cachoeiras dʼágua onde se banham as ninfas. Rindo, cantando e distribuindo as taças douradas entre si. Ali, se destacava Perseis. Não havia nada igual Perseis.
— E quanto àquela? — Hélio sempre se apaixonava por coisas belas, era seu defeito. Ele acreditava que a ordem natural do mundo era agradá-lo aos olhos.
Oceanos já conhecia o caráter do titã do sol, o brilho dourado em todos os netos que corriam de um canto ao outro pelos salões não o deixava esquecer.
— É minha filha Perseis — responde, num suspiro cansado. — Ela é tua, se desejar.
Hélio a encontrou no outro dia. Perseis sabia que ele viria, era frágil mas astuta, a mente feito uma enguia de dentes pontiagudos. Sabia que a glória não estava nos bastardos mortais e quedas nas margens dos rios. Pois quando estiveram frente a frente negociou, “uma troca?”, ele perguntou, poderia tê-la em seus lençóis apenas através do matrimônio. Teria o encanto de outras flores nos jardins que se espalham pela terra, mas nenhuma delas jamais reinaria em seus salões.
No dia de seu nascimento, Circe foi banhada e envolvida pela tia — uma das centenas.
— Uma menina — anunciou.
Hélio não se importava com as meninas. Suas filhas nasciam doces e brilhantes como o primeiro lagar de azeitonas. E mesmo quando olhou para o bebê emaranhado na colcha, sem reconhecer seu esplendor jovem, manteve sua fé.
Circe não era nada como Perseis.
— Ela terá um casamento digno — o titã acariciou a pele recém-nascida, feito uma bênção.
— O quão digno? — Perseis soou preocupada.
— Um príncipe, talvez.
— Um mortal?
— Com o rosto cheio dessa forma... Não sei se podemos pedir por muito.
A decepção estava clara na face de Perseis.
— Ela vai se casar com um filho de Zeus, com certeza — ela ainda insistiu, gostando de imaginar-se em banquetes no Olimpo, sentada à direita da rainha Hera.
Circe cresceu rápido — ou perdeu a no��ão do tempo enquanto cuidava dos irmãos. Os pés descalços correndo pelos corredores escuros do palácio do pai, sem um nome pelos primeiros quinze anos de vida. “KIRKE”, a chamaram, a princípio, para repreender quando olhavam nos profundos olhos amarelados e o choro estridente como uma águia que se senta ao canto do trono de Zeus.
O palácio de Hélio era vizinho a Oceanos, enterrado nas rochas da terra. As paredes pareciam não ter fim, extraídas de obsidiana polida. O titã do sol escolheu a dedo, gostava como a pedra refletia sua luz, superfícies lisas pegavam fogo quando ele passava. Mas não pensou na escuridão que deixaria assim que partisse.
Circe viveu na noite. As vistas demoram a se acostumar com o clarão que as rodas da carruagem celestial do pai descia dos céus. Bem-vindo de volta, papai, clamava, porém era recebida em silêncio.
Aos poucos, se acostumou a não falar tanto. Não retribuir, não repreender, não se opor. Não questionava por que não reluzia na água feito as outras náiades, ou tinha os cabelos castanhos e sedosos, por mais que os escovasse com os pentes de marfim. Na época de se casar, também não argumentou contra o matrimônio com um príncipe de uma cidade qualquer. Até hoje, ela não se lembra do nome exato.
Para classificá-lo, poderia usar um termo que fosse do horrendo ao desprezível, com tranquilidade. Sua boca tinha gosto salgado, e o som de sua voz martelava profundo na cabeça da jovem toda vez que abria a boca para dizer algo. Circe não se agradou da cama, da casa, das restrições, dos apelidos enfadonhos que recebia nas noites em que o álcool o tomava o juízo. Então, ela o matou.
Rebelde, insensata, má, foram algumas das palavras que ouviu de sua mãe ao ser devolvida nos salões do palácio. Era incompreensível para Perseis como sua filha havia retornado para casa sem uma moeda de ouro ou um herdeiro para recorrer um trono. Os cochichos sobre ervas e misturas de água quente não faziam sentido, de onde a prole de uma náiade saberia dosar veneno no cálice de vinho de alguém?
Hélio não sabia o que fazer, consumido pela decepção que tanto esforçou-se para afugentar, embora tenha visto nos olhos daquele bebê o destino miserável que o aguardava. Não queria ouvir quando os sussurros contavam sobre o terror daquele banquete em que o príncipe fora transformado em um besouro azul e pisoteado pela esposa de olhos amarelos.
Só que escutou quando Zeus murmurou em seu ouvido uma solução.
— Se odiais tanto a presença de um filho sem honra, exilai-o longe de suas preocupações.
O castigo pareceu justo. Sozinha, em exílio, Circe não seria a aberração do palácio do titã do sol. Não sentiria mais o gosto salgado dos beijos, as mãos ásperas que um dia já envolveram seu corpo. Seria somente ela e aquilo a que deu o nome de magia. E todo homem que aportasse em cais teria o mesmo fim que o primeiro.
Mas o corpo que amanheceu em sua praia não pertencia a nenhum homem.
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OS SEUS OLHOS SE ABREM DEVAGAR, a visão turva impede que reconheça perfeitamente o ambiente em que está, mas as curvas sem foco à sua frente não negam que se encontra sobre o teto de alguém, em um cômodo bem iluminado e decorado. Pisca as pálpebras, apetecendo, agora, com a pontada que sente se desprender quase que de dentro do cérebro.
Zonza, sente a cabeça pesada. Recosta na parede atrás de si. Os músculos, inicialmente, dormentes te dão a impressão de que está nas nuvens, flutuando. Até que a realidade bate e mais dores se somam ao desconforto. As pernas latejam, mas a pele está emaranhada em um tecido suave e escorregadio. Os braços doem, formigando, e só se dá conta do porquê de tamanho incômodo quando olha para os lados e percebe os punhos erguidos no ar por um pedaço de pano amarrado ao dossel de madeira da cama.
A primeira reação, claro, é se soltar. Luta contra a própria dor para puxar os punhos em direção ao corpo deitado para afrouxar as amarras, força ao máximo que o estado debilitado permite, ouvindo o estalo da madeira. Porém, é em vão.
Franze o cenho. Não deveria ser tão difícil para você conseguir se libertar assim, até que o ressoar de risadinhas doces ecoam pelo cômodo e levam os seus olhos para a beirada da cama, aos seus pés.
Vê a forma que as cabecinhas formam montanhas com seus cabelos esverdeados. Os olhinhos curiosos se erguendo do “esconderijo” para espiar a movimentação que se dá sobre a cama. Murmuram entre si, sorrindo. Ninfas, você soube na hora. Mas elas servem a alguém, quem era sua senhora?
— Saiam, saiam! — a resposta surge com o chegar de outra mulher ao recinto. Ela balança as mãos, causando um alvoroço entre todas as criaturas que estavam escondidas debaixo dos móveis para descobrir mais sobre o estranho que aportou naquela manhã.
As ninfas choramingam, passando por cima das mesas, jogando as peças de cerâmica no chão, mas não desrespeitam a ordem. Deixam todas o quarto, fechando a porta ao saírem.
— Perdoa pela confusão — a mulher diz, com um sorriso —, elas estão morrendo de curiosidade.
Você a assiste se aproximar mais. Acompanha como caminha em paz ao móvel à sua direita para despejar um pouco do líquido da jarra para o cálice. Se vira com o objeto em mãos, te oferecendo.
— Onde estou? — é o que a pergunta.
— Na minha casa — ela responde. — Bebe.
— Me solte — pede, ignorando completamente a oferta. — Com certeza, não estou no lugar onde deveria estar. — Torna a face para o próprio corpo estirado sobre o tecido e não reconhece a roupa que está vestindo. — O que fizeste com as minhas coisas? Onde estão minhas coisas?
— As ninfas te acomodaram — justifica. — A roupa molhada não te faria bem, e não havia mais nada contigo quando te encontramos na praia. Vamos, bebe.
— Mentira! — roga, virando-se para ela mais uma vez. O cálice está a milímetros dos seus lábios, mas não cede. — Eu trazia uma bolsa comigo, em meu barco, e quero de volta.
A mulher parece se controlar para não perder a paciência, respira fundo. Senta-se no cantinho da cama.
— Escuta — começa —, se estavas em alguma embarcação no caminho para cá, os destroços estão no fundo do oceano. Não havia mais nada além de ti.
Você escuta, mas claramente não digere.
— E se não queria perder sua bolsa — ela continua —, deveria tê-la segurado com mais força.
Argh, você grunhe, não conformada com o que ouve. Os braços doloridos voltam a ser flexionados, conforme tenta escapar mais uma vez.
— Não gaste tanto esforço — ela te aconselha —, não vai se soltar.
— O quê... — murmura, impaciente. Te aflige a forma com que puxa com o máximo de força que possui e mesmo assim o tecido nem fraqueja. — On... Onde estou? Que lugar é esse? Não te pedi para que me trouxesse para cá!
— Por que é tão ingrata? — levemente se irrita. Hum, resmunga, erguendo-se para largar o cálice de volta no móvel onde estava. — Está me fazendo arrepender de ter sido tão boa...
— Boa?! — repete, incrédula. — Me mantém presa à tua cama!
— Porque não confio em ti.
— Pois eu não confio em ti.
Ela pende a cabeça pro lado, te observando com pouco crédito. Se inclina, de surpresa, apoiando as mãos nos cantos do seu corpo debilitado para estar pertinho do seu rosto quando diz “certo, quer sair?”
— Espero muito que seja uma guerreira habilidosa e não uma filha de pescador qualquer, porque aí pode conseguir caminhar para fora deste palácio antes que os lobos te peguem. — O tom na voz dela é de pura gozação, como se menosprezasse até o ar que você inala nas quatro paredes do domínio dela. — E que os deuses te protejam para que não seja devorada pelos leões no caminho à praia e possa morrer de exaustão nadando sem rumo pelo oceano.
A ameaça em si não te assusta, o que desperta o seu alarde é a descrição singular. Na mente, as pecinhas desse quebra-cabeça vão se unindo para formular uma resposta para as suas perguntas.
Se lembra da fúria que enfrentou naquela tempestade a mar aberto, sem saber se sobreviveria e onde os destroços do naufrágio iriam parar. No entanto, as suas preces parecem ter sido ouvidas, pois Nêmesis te trouxe para a casa de uma das mulheres mais fascinantes da qual já ouviu falar.
Se lembra do eco da canção nas noites de festa, a lira ao fundo acompanhando a voz que recitava os versos sobre a lenda de uma jovem rebelde, insensata e má. Em exílio em uma ilha, à espreita de nobres cavalheiros que aportassem em seu cais. Embebedando cada um em seus banquetes de recepção e transformando-os em criaturas variadas para cultivar seu zoológico pessoal.
É, você a conhece muito bem. Deveria ter se tocado assim que colocou os olhos no olhar profundo e amarelado como uma águia.
— Esta é Eéia — anuncia o nome da ilha. — Tu és Circe — um sorriso ameaça crescer nos lábios da mulher —, a primeira bruxa.
Circe endireita a postura, não sabendo bem como receber esse título.
— Então é assim que me conhecem... Interessante — murmura, de queixo erguido.
— Cantam canções sobre ti, seus feitos.
— Hm, é mesmo?
— Circe dos olhos de águia. Algumas aldeias te veneram.
— Me bajular não vai fazer com que eu te solte.
Você meneia o rosto para o lado contrário, sem graça depois que suas intenções são desmascaradas. Porém, é obrigada a encará-la novamente mais quando ela te segura pelo queixo, “é minha vez de fazer as perguntas agora.”
— Qual teu nome? Da onde vens?
As suas palavras são engolidas, não emite um som em resposta sequer. E Circe espera, de bom grado, olhando no fundo dos seus olhos em busca de uma pista qualquer, mas não encontra nada.
— Além de ingrata, é muito egoísta — te diz —, como pode saber tanto sobre mim quando não sei nada sobre ti? — Sorri, soltando teu rosto. — Se não vai falar, te aconselho a beber — torna a atenção para o cálice cheio —, até que eu me decida o que fazer contigo, não quero que morra desidratada.
Se inclina, com aquele mesmo tom gozador de antes. “Sabe, é a primeira vez que isso me acontece” , ela conta, “normalmente, eu convido os marinheiros para um banquete e os amaldiçoo, eu odeio marinheiros. Mas tu não és um marinheiro como os outros... Então, pode ser que eu demore um tempo até me decidir.”
E ela não tem pressa. Os dias se somam, pela manhã as ninfas adentram o quarto para te alimentar e saem logo em seguida, silenciosas, porém risonhas. Não vê ou escuta a bruxa, como se ela nem existisse ou fosse a dona daquele palácio. O que compõe a sinfonia para os seus ouvidos é o som dos animais de pequeno porte que invadem pela janela, feito os macaquinhos e os pássaros, e o rugido dos leões. À noite, por vezes, o que julga ser uma união das vozes doces das ninfas te mantém acordada. Os gemidos prolongados, longe de choramingar por dor, mas por prazer.
Não demora a compreender que para Circe, você não tem valor algum. Com o tempo, não tem dúvidas, as servas deixaram de te trazer o cálice de kykeon com uma mistura fortificada com cevada e morrerá de fome. E se não tem valor nenhum à bruxa, talvez seja melhor mostrar para a bruxa que ela tem valor para ti.
— Diga a tua senhora que estou pronta para falar com ela — é o que orienta as ninfas numa manhã.
Circe manda organizar um pequeno festim. Você recebe uma túnica nova e um par de sandálias de couro. É banhada, vestida, o cinto lhe molda a cintura. Quando sai do quarto pela primeira vez, a decoração do lado de fora não se diferencia muito do que via no confinamento. Peças de cerâmica espatifadas pelo chão, cortinas rasgadas pelos animais, as formosas ninfas penduradas nas pilastras, olhando-te com sorrisos bobos nos lábios vermelhinhos.
Atravessa o pátio até o grande salão, sentindo-se pequena entre as feras deitadas sobre o mosaico imenso. Circe está deitada num divã, puxando as uvas do cacho e rindo. Traja uma túnica com detalhes em vermelho e dourado, unida no ombro esquerdo pelo broche de cabeça de leão. As tochas e as velas ajudam a lua a iluminar o ambiente. Ao canto, o som da lira se mistura aos demais instrumentos de sopro e o som da ninfa que cantarola com um coelho no colo.
— Ah, aí está ela! — O sorriso de Circe aumenta ao te ver. Apanha a taça na mesinha de apoio cheia de frutas e o ergue no ar, como se brindasse sozinha, antes de beber um gole.
As servas te acomodam à mesinha redonda em frente ao divã, sentada sobre as almofadas e os lençóis estirados. Um cálice te é oferecido, adoçam o vinho com mel para que a bebida forte desça mais facilmente pela garganta seca. Prova do peixe frito, controlando a própria fome para não parecer ingrata pela sopa que recebia todos os dias.
Os aperitivos parecem se multiplicar nas mesinhas espalhadas pela área coberta, chamativos. Mas você precisa manter a cabeça em foco.
— Espero que perdoe meu silêncio — faz com que a voz sobressaia de leve por cima da música, do canto em coral e do som dos passos dançados no pátio.
Circe espia brevemente na sua direção, com um sorriso pequeno.
— No teu lugar, eu também temeria.
Você leva uma unidade do cacho de uvas à boca, sentando-se aos pés do divã.
— Mas não preciso temer-te agora, preciso?
A bruxa lhe oferece mais um olhar, dessa vez com o sorriso mais largo.
— Pareço com alguém que deve temer?
É a sua vez de sorrir, desviando a atenção para o festejo que as ninfas realizam entre si.
— Não estava em meus planos atracar em tuas terras — admite a ela —, mas estou contente que assim o fiz. Tens me alimentado e por isso sou grata.
— Sou benevolente demais, é um defeito meu.
— E muito inteligente, eu suponho. Especialmente porque vai aceitar a minha oferta.
Ela aperta o cenho, não te leva a sério.
— Oh, tem uma oferta pra mim? — o tom divertido não te intimida.
— Estava certa ao duvidar de uma mulher que naufraga sozinha na tua praia — começa, em sua própria defesa. — Eu não sou filha de um pescador, ou de um comerciante qualquer. Eu naufraguei na tua ilha porque estava fugindo.
Agora, ela se interessa, “e do que estava fugindo?”
— Do meu destino — a sua resposta não é a mais precisa de todas, porém é suficiente. — Uma grande tempestade assombrava o mar naquela noite, eu, de fato, pensei que não fosse sobreviver. Mas eu rezei para que aquele não fosse meu último suspiro, e as minhas preces me trouxeram para cá, para que eu possa concluir a minha missão.
— E que tipo de missão é essa?
Você desce o olhar para o cálice em mãos. À medida que o vinha desaparece, a pintura de um guerreiro empunhando a espada surge no fundo da taça. Vingança.
— Irei subir até o topo da morada dos deuses e castigar Zeus por toda tormenta que trouxe à minha vida.
Talvez fosse a ousadia de subir o monte sem ao menos dispor de um veículo de locomoção, e possivelmente o nome sagrado dito com tamanho desprezo, Zeus, que faz Circe rir como se tivesse ouvido a piada mais bem contada no palco de uma peça.
— Quer se vingar de Zeus?! — claramente não leva seus planos a sério. — Ah, querida, não tem nem uma adaga de bolso para a viagem. Eu posso envenenar-te com esse cálice que segura e tu não conseguirias se defender. E fala de matar Zeus?! O Deus dos Deuses?
Você finaliza o vinho, para mostrar que nem a ameaça da boca pra fora dela te faz temer.
— Não tenho uma espada comigo agora, é verdade. — A olha. — Mas você me dará uma.
Circe apoia o cotovelo no descanso do divã, para chegar mais perto de ti.
— Sinto que as canções que cantaram-te eram enganosas — rebate, com a voz afiada —, pois não sou nenhum mestre da forja. Eu não crio coisas, querida, eu as transformo.
E você não se deixa intimidar.
— Não, não terá que criar nada — argumenta. — A espada que empunharei até o Olimpo será feita pelo próprio ferreiro dos deuses.
— Hefesto? — ela duvida mais uma vez. — E ele já está ciente dessa loucura?
— Ele estará, assim que chegarmos ao Submundo.
O som da risada divertida da bruxa se destaca entre a orquestra. Circe joga a cabeça para trás, manejando a taça em mãos. Recupera o fôlego sem pressa, cruelmente debruçada na comicidade para te penetrar o mínimo de juízo.
Para você, entretanto, não existe uma frase racional sequer que possa te fazer desistir do plano que elaborou meticulosamente em todos esses dias de confinamento. Enquanto as ninfas te alimentavam, tratavam as feridas superficiais que o naufrágio deixou, e os animais passeavam pela sua cama, a mente entrelaçava um percurso ousado desde de Eéia até a região da Tessália. Todas as cidades em que iria passar, com quem iria conversar e quem iria matar pelo caminho.
O riso que recebe agora é só um prelúdio para o choro incessante que despertará no panteão.
— Quando Hefesto me construir a espada, eu te entregarei o metal — você prossegue, inabalada —, e caberá a ti transformá-lo.
“Te confiarei o meu sangue, pois somente um deus pode matar outro deus”, fala, “para que abençoe a espada, e faças dela uma matadora de deuses.”
O sorriso de Circe diminui aos poucos, és uma semideusa, murmura, se familiarizando melhor com a situação que lida.
— Oh, entendo agora... — o indicador circula pela beirada da taça. — Este é um impasse familiar? Por isso quer vingança... Mas, se tratando de família, temo que devo me retirar, pois já tenho impasses desse tipo por conta própria.
Você não se dá por vencida facilmente.
— Pense em tudo que conquistará — apela. — Depois que eu matar Zeus, e eu o matarei — frisa —, quem estará sob o comando do Olimpo, uma vez que eu não disponho de nenhum interesse de poder?
— A Rainha, certamente.
— Não quando o rei dela cairá pelas minhas mãos. — Você se apruma de joelhos, mais pertinho do corpo estirado no divã. — Pode ter muito mais do que a Ilha. Uma mulher tão poderosa quanto tu não deveria estar exilada e solitária.
— Não estou sozinha.
— Eles cantam canções sobre ti, Circe. Sobre teu poder, tua grandeza. Não imagina quantas garotas por aí queriam poder gozar dos mesmos encantos que prega para se protegerem dos homens do mundo.
Apoia-se com a palma no descanso do estofado para se posicionar atrás dela. A boca ao pé do ouvido, feito uma tentação. “Poderia ser adorada como uma deusa, e responder às preces que te rogam.”
“Não tem que se contentar com os marinheiros que aportam uma vez a cada lua cheia, ou às vezes nem mesmo atracam... Não nasceste para viver nessa ilha, por mais que tenha se acostumado a chamá-la de lar. Está aqui porque te colocaram aqui. Zeus te colocou aqui.”
— Meu pai me colocou aqui — ela retruca, cuspindo cada palavra após terem tocado em sua ferida ainda aberta.
— Porque ele ouviu Zeus — você corrige mais uma vez. — Hélio teria feito diferente se não fosse pela influência daquele que chamaram de Deus dos Deuses.
— Você não conhece meu pai.
— Mas conheço Zeus.
“Eu sei do que ele é capaz”, completa. “Eu vivi a sua fúria, se eu não tenho mais uma casa para qual retornar é por sua culpa. Ele já nos causou mal demais”, aproxima-se do outro ouvido, para sussurrar: é hora de fazê-lo pagar.
Circe mantém a postura. Os olhos de águia, antes tão caçadores, agora fogem do seu olhar. Beberica do vinho em mãos, murmurando um “vou pensar com misericórdia”, tentando trazer de volta o mesmo tom gozador que já usou previamente contigo.
— Levem-na para celebrar! — orienta as servas, com aceno das mãos.
— Eu não celebro — você contradiz, em vão, pois as mãozinhas finas das ninfas te tocam os ombros e guiam para fora da área coberta.
É levada até o pátio, no centro do mosaico. Aos seus pés, o desenho que se forma com pedrinhas coloridas ilustra a cena de uma batalha sanguinária, a lâmina reluzente é erguida à mão de uma mulher. Dizem, nos cânticos, que o mosaico encantado no palácio da primeira bruxa revela aos olhos desatentos dos homens que ela embriaga o futuro que os aguarda.
Guerra, sangue, destruição. As faces assustadas e o mar de cabeças rolando não te aflige.
À sua volta os corpos belos e mal vestidos da ninfas rondam-te como presas. Cabelos extensos, passando da cintura e quase no joelho. O brilho da pele feérica cintila sob o banho da lua, somam-se ao ecoar dos instrumentos de sopro, ao tambor, e as vozes tão melosas quanto o mel que adoçou teu vinho.
Se cobrem com o véu, para valsarem ao seu rodar em sincronia. De repente, está com a visão totalmente monopolizada por elas. Aquilo que dizem sobre as ninfas, sua capacidade de hipnotizar quem quer que almejem, aqui pode provar da procedência. Talvez seja o efeito do álcool que ingeriu, é uma boa explicação senão o misticismo daquelas criaturas da floresta, quando a visão fica turva, perdendo o foco de supetão e voltando ao normal.
Sente o som dos tambores batendo no seu coração, o corpo pesar. Esquenta a pele, como se a temperatura ambiente tivesse ido às alturas em um verão mais árido que o normal. Cambaleia, perde a noção de equilíbrio. As vozes cantam no fundo do seu ouvido, parecem moldar o caminho incorreto que as suas sandálias traçam.
Olha ao redor, em busca de algo que faça sentido, e só enxerga a insanidade. Os sorrisos imorais, o mover depravado de corpo em corpo. Os rostinhos falsamente inocentes abraçados às árvores do jardim. Corpos se eriçando feito bestas, unhas pontiagudas como garras de caça. Olhos brilhando na escuridão que se guarda nos limites do refúgio infame da bruxa.
Mas um olhar se destaca entre o mar de lascividade. Grandes, profundos, amarelados. Estreitos nas pontas como uma águia.
Você pisa em falso, vai de encontro ao chão para ser recebida pelo conforto de almofadas e mantas, e descansa a nuca no pelo de um leão. O par de mãos que sobe pelas suas canelas não se importa com o limite que a sua túnica estabelece. Toque quente, queima junto à sua pele, arrepia até o último fio de cabelo. E aqueles olhos ferventes... Aqueles malditos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Olhos de quem percebe tudo, tudo sem dizer nada.
— Circe — chama o nome dela, segurando em seus ombros, como se evocasse um demônio. — Não me tente, bruxa.
— É isso que achas que estou fazendo? — O sorriso ladino se espalha pela boca como verme. A ponta do nariz roça na sua, respiração soprando contra o seu rosto.
Ardilosa, ela se acomoda sobre o seu colo, permite que o calor entre as pernas te aqueça o ventre por cima da fina camada de tecido que ainda lhes cobre a nudez. Os longos cabelos negros recaem para o canto, conforme se inclina, “nunca conheci nenhuma mulher além das ninfas”, ela conta, “me deixe experimentar você.”
É o feitiço em efeito, só pode ser, pois se doa sem pensar muito nas consequências. A última vez que vê o rosto dela é quando já está se aproximando no meio das suas pernas, com um sorriso libidinoso e os quadris eriçados, de quatro sobre o chão.
Encara a lua cheia no céu noturno. A imensidão vazia às bordas só não te captura a atenção porque o baixo ventre se remexe em prazer. Sente o carinho dos dedos te circulando, escorregando entre as dobrinhas conforme se molha mais e mais. O nariz se esfrega no seu monte de vênus, sensual, inebriando-se no seu cheiro antes de te provar o sabor. Quando a boca vem, você se agarra aos lençóis ao seu redor.
Pode ouvir os sons das ninfas, jura, uma orquestra erótica se fortificando ao pé do seu ouvido como se quisesse te levar à loucura. Desce as mãos pelo próprio corpo, toca os fios escorridos da moça e os toma na palma. Feito a guiasse, mantém o controle da carícia que recebe. Os olhos se fecham, um suspiro longo deixando o seu peito ao se entregar mais e mais. Desde que saiu de casa, empurrando aquele barco simples pela areia até a praia, de todos os possíveis cenários que protagonizaria em seu futuro, nenhum deles envolvia estar aqui onde está, com quem está, fazendo o que faz agora. E não é como se arrependesse, entenda.
Encontra-se à beira, quase derramando, mas não permite-se entregar ao deleite. A ergue pelos cabelos, bruta na maneira de manejá-la de volta aos teus braços. É fácil romper o broche de cabeça de leão na altura dos ombros alheios, maior ainda é a facilidade para desfazer as amarras da túnica que ela usa.
Num movimento único, a coloca sob ti, tão habilidosa com a arte de mover-se que arranca um daqueles sorrisinhos debochados que ela tem. A separa as pernas e se posiciona de modo que possam ficar bem encaixadinhas. A conexão é tão úmida, o seu desejo se misturando ao dela quando se encontram dessa forma. Deixa que a perna dela descanse no seu ombro, movendo os seus quadris contra o corpo feminino.
Circe leva a mão à sua cintura, aperta. Puxa o seu cinto, desfaz a cobertura que a túnica promove somente para poder arrastar as unhas da sua barriga às costelas. E você grunhe, ardendo não só pelo carinho arisco, mas pela ousadia de quem tecnicamente está sob seu controle.
— Má — a sua voz soa mais baixa, num murmuro como se não quisesse que ninguém além dela escutasse. — Pensei que fosse boa, esse era o seu defeito, não era?
Ela se delicia com as palavras, com o tom aveludado. Eu sou quem eu quero ser.
Amar Circe foi uma das melhores coisas que já fez, não só pela experiência nova e erótica, mas também pela conexão que se estabelece ao fazer dela sua primeira companheira. Deita ao canto dela, ao fim, quase se perde com o olhar pelo desenho do corpo nu, de lado com a cabeça sobre os lençóis macios. Os cabelos negros recaem em cascata, são jogados para trás e limpam o rosto corado, os olhos brilhantes.
Ela encolhe de leve a postura, o ombrinho tocando a bochecha.
— Eu vou contigo — diz.
Você apenas sorri, num suspiro que mistura o cansaço e o alívio.
— Mas, se me trair... — ela ameaça.
— Não vou te trair — garante. — Pareço com alguém que deves temer?
Tomam a noite para si, para o ócio. Com o nascer da manhã, porém, devem de partir. Faltam quatro dias para o fim do verão, e se querem uma passagem para o Submundo, estão com o tempo contado.
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petaurodelazucar · 7 months
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𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐓𝐄𝐑.​
musa: karina, 27, bisexual. abierto para: f/m/nb. posibles escenarios: rivals/enemies to lovers, on and off, exes, amigos con beneficios que se están enamorando.
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—Ya no quiero escucharte, —dicta cruzándose de brazos y alzando el mentón, evitando la mirada ajena lo más que puede. Se rehusará por todos los medios a enseñarle la cortina de lágrimas que amenaza con escapársele—. Lo que quieras hacer o lo que sea que esté a punto de salir de tu boca... Ya no me importa. Nada. Así que hazme el favor, lárgate, y bloquéame de todas partes.
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versoesescritas · 11 months
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Maya x Laura
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Ninguém consegue prever quando uma situação dessas pode acontecer, mas Maya não pensaria que seria desse jeito.
Ela desce as escadas que levam ao túnel para entrar em campo. Tendo só 22 anos, essa seria a primeira titularidade dela como goleira no time principal. E seria justamente contra o time de sua namorada - capitã do time adversário.
Ela cumprimenta algumas de suas companheiras de seleção e sorri quando vê Laura caminhando e se posicionando na liderança de seu time. Maya não se preocupa em cumprimentá-la, sabendo que terá tempo de sobra mais tarde.
Ela se alinha atrás de sua capitã e coloca toda sua cabeça no jogo que vai começar.
*-*
É só o começo do segundo tempo, mas os dois times parecem mais cansados que o normal. Maya limpa o suor que escorre por sua testa com as mangas longas de sua camisa enquanto vê mais um ataque frustrado de seu time.
O placar continua zerado e com certeza sua equipe não esperava que o jogo fosse tão difícil. A defesa adversária fecha qualquer espaço que seu time, eventualmente encontra, e o ataque delas tem chegado mais vezes do que Maya gostaria.
Nesse momento ela ver Laura dominar a bola no meio de campo e sair em disparada em sua direção. 
Maya não tem outra opção a não ser tentar evitar um provável gol. Ela gruda seus olhos na bola e percebe o quão próxima a atacante está. Ela vai de encontro a bola e faz o típico movimento para impedir que a outra chute a bola por baixo de suas pernas.
O que não percebe é Laura arregalar os olhos e se impulsionar para tentar pular por cima de Maya, e evitar uma colisão entre as duas.
Maya sente a bola explodir em seu peito mas não vê onde ela vai parar pois, nesse momento, sente uma pancada na lateral de sua cabeça e tudo fica preto.
Laura não consegue evitar o contato de sua chuteira com a cabeça de sua namorada, então quando seu corpo cai no chão e sai rolando, ela imediatamente se levanta e corre até se ajoelhar ao lado do corpo inconsciente de Maya.
- MAYA!
Laura tenta virar o rosto da goleira pra si mas é impedida por um par de mãos que a puxam pra trás, fazendo ela cair sentada.
- Me solta. Me solta!
- Laura, deixa os médicos cuidarem dela.
Laura reconhece a voz de Lívia - que a segura no lugar, enquanto o estádio cai em silêncio, observando os médicos trabalharem.
Laura se agita quando vê que Maya continua desacordada. Ela nem percebe mas as lágrimas descem em abundância por seu rosto. Ela tenta alcançar Maya mais uma vez, mas Lívia continua com os braços ao seu redor.
Sophie ajoelha na frente da atacante, bloqueando a visão dela de ver a goleira naquele estado.
- Ela vai ficar bem, Laura. Eles vão levá-la pro hospital e ela vai se recuperar.
Laura coloca as mãos na boca, sentindo um enjoo repentino.
- Eu fiz isso. Eu machuquei ela.
- Ela vai ficar bem. Ela vai ficar bem.
Sophie repete como um mantra, abraçando a atacante.
Por cima dos ombros da capitã do time rival, Laura fica inerte enquanto vê Maya ser imobilizada e levada pra longe de si.
*-*
No terceiro dia, Maya acorda. 
Não tem ninguém no quarto então ela só fica lá, encarando o teto branco. Quieta demais para alguém que não sabe o que faz ali.
A primeira a entrar no quarto é uma enfermeira que quando nota os olhos abertos de Maya, bipa a médica responsável.
- Você sabe onde está?
Maya responde com a voz rouca.
- Pelo cenário, um hospital.
Maya pisca quando a luzinha invade suas pupilas.
- Sabe o que aconteceu antes de vir parar aqui?
Nesse momento, uma mulher loira aparece na porta, segurando um copo com os arregalados.
- Maya…
O olhar de Maya gruda no da loira e por algum motivo, ela não consegue desviar.
- Só preciso de mais algumas respostas e vocês podem ficar a sós, Laura.
Laura.
- Você sabe onde estava antes daqui, Maya?
Maya continua encarando Laura enquanto sente uma pressão começar a crescer em suas têmporas.
- Eu estava… no campo. Jogando futebol.
Todas percebem o quão insegura é a resposta.
- Em que posição você joga, Maya?
- Goleira. Eu sou goleira.
Dessa vez a resposta é rápida e todas respiram aliviadas. 
- Eu vou deixar você e sua namorada conversarem com calma.
Os olhos de Maya voltam a procurar a loira que se aproxima da cama.
- Namorada?
É engraçado como o tempo parece parar quando uma situação sai do controle.
- Laura é minha namorada?
Laura não sabe o que fazer então simplesmente fica ali observando Maya levar as mãos às têmporas, fazendo uma careta. A médica toca seu braço.
- Querida, acho melhor você ir pra casa descansar e voltar em outra hora.
Laura sente seus pinicar mas tenta não reagir.
- Iremos fazer mais algumas avaliações e se for apenas uma amnésia localizada, Maya poderá ir pra casa.
Mas Maya está ocupada demais olhando Laura olhar pro chão e se afastar em direção a porta. Ela mal tem forças mas sente vontade de pedir a loira para ficar.
Mas não o faz e só observa a outra ir embora.
*-*
Maya coloca suas luvas, se acostumando com a sensação delas em suas mãos.
- Vamos pegar leve hoje.
O preparador de goleiras fala e Maya olha para Val, que sorri. Ela é a goleira titular do time.
- Sem extravagâncias hoje, May.
Maya começa a correr.
- Nem se eu quisesse.
Como prometido, o treino é leve mas toda vez que alguém se aproxima em sua direção correndo, é impossível para Maya não se lembrar do acidente.
- Maya!
Ela vira e vê Sophie vindo em sua direção enquanto o resto do time deixa o campo de treinamento.
- Já conversou com Laura?
Maya sabe que não deve desviar do assunto com a mulher mais velha que praticamente a adotou desde que chegou ali.
- Não. Eu não sei o que dizer pra ela, na verdade.
- Tenho certeza que assunto não vai faltar entre vocês duas.
*-*
Maya toca a campainha de Laura, sem saber se a atacante está em casa. Ela está, e quando abre a porta, parece surpresa com Maya parada ali.
E agora, as duas estão sentadas lado a lado no sofá sem saber o que fazer com suas mãos.
- Então… Você se lembra?!
Maya respira fundo.
- Não. A médica me falou que talvez eu tenha que me acostumar com essa condição e criar memórias novas.
Laura continua olhando para suas próprias mãos.
- Será que você me esqueceu porque fui eu quem causou isso?!
Maya sabe que é essa a questão que vai ditar a conversa delas.
- Laura, foi um acidente de trabalho. Eu vi todos os replays possíveis.
- Um acidente que te deixou em coma por três dias.
- Estou aqui, não estou?!
- Você podia ter morrido.
Maya agarra as mãos ansiosas de Laura, sobressaltando as duas.
- Eu continuo aqui.
Maya nota as primeiras lágrimas rolando pelas bochechas da atacante sem perceber quando as suas próprias começam a rolar.
- Se não fosse por mim, você ainda se lembraria que te pedi em casamento na noite anterior.
Maya congela no lugar, sem saber o que fazer com a informação.
- Era só você e eu na noite anterior ao jogo e eu propus porque sabia que independente do resultado nada iria abalar nossa promessa.
- Mas Deus trabalha de maneiras misteriosas.
Maya praticamente sussurra a frase fazendo Laura arregalar seus olhos.
- Essa foi a frase que você me disse depois de me aceitar.
Maya não está surpresa de ter aceitado. Mesmo sendo jovem e na sua atual condição, ela continuaria respondendo sim quantas vezes fosse necessário.
- Minha mãe vivia repetindo pra mim. Mesmo eu não me interessando tanto pela igreja, ela nunca desistiu de me fazer frequentar.
Um silêncio de entendimento paira sobre as duas.
- Talvez eu possa te acompanhar um dia desses, se você quiser.
Os olhos de Maya encaram para onde suas mãos estão unidas e ela se afasta devagar.
- Eu tenho que ir. O voo de volta do time vai sair de noite.
- Posso te mandar mensagens?!
- Posso te beijar agora?
Laura é pega de surpresa com o pedido mas concorda, fechando os olhos quando Maya encosta os lábios nos seus.
Maya finaliza o beijo antes que fique tentador demais e apoia sua testa no ombro da loira.
- Até a próxima vez.
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