Tumgik
#tw: agressão
poisonhxart · 9 months
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#obrpov 2.2: hidden room.
‣ tw: agressão.
Northerna Galesa. 11 de outubro, aproximadamente 23h05.
A mansão Llewellyn era um lugar grande. Habitada há muito mais tempo do que se possa imaginar, enfrentando mais reformas do que um lugar supostamente deveria, era esperado que seus moradores a conhecessem de cabo a rabo. Esse não era o caso - que talvez fosse bom para alguns… e não tão bons para outros. Farwa Al-Khelaifi, no entanto, era uma mulher esperta. Ela gostava de sempre conhecer ao máximo qualquer lugar que frequentasse, se possível, antes mesmo de fazê-lo. Talvez isso fosse uma herança adormecida deixada na filha, para que ela aprendesse a dominar. Se conhecesse a própria casa como conhecia Ouroboros, por exemplo, seria muito mais fácil encontrar os segredos que tanto procurava. 
 Algumas horas haviam se passado desde o jantar. Como o esperado, a poção havia funcionado bem — e não era nenhuma arrogância se orgulhar disso. Arianrhod dedicava longas horas de seus dias e noites debruçada em livros de botânica e alquimia, unindo o prazer por conhecimento com suas necessidades. Talvez estudasse poções que não deveria — como a usada naquela noite, por exemplo —, mas em momento algum a tinham dito que era proibido aprender além do ensinado. De todo modo, acreditando que os fins justificam os meios, não sentia vergonha de nada do que fazia. Não tinha porquê ter.
A última checagem no relógio havia indicado passar das 23h. O tempo estava correndo e a essa altura, já tinha conseguido desativar as câmeras da casa. Não era muito difícil, de qualquer forma, porque cresceu assistindo o pai fazer isso mais vezes do que talvez seria necessário para uma pessoa de moral limpa. A única coisa que precisava se lembrar era de voltar ali, antes do fim da noite, para ocupar as filmagens vazias com cópias do que poderia ser nada — não podia ser vista ali, fora do quarto, revirando os cantos da casa ou se ajoelhando por aí aleatoriamente. Apesar de cegos por sua arrogância, os outros quatro homens que ali dormiam não eram burros, sabiam que ela tinha poderes e sabiam que ela os usava. O fez, inclusive, naquela noite. 
Após sair do escritório do pai, o quartel general de todas as câmeras e sensores da mansão, Arianrhod havia aproveitado dos dons dados pela Essência para procurar por qualquer coisa em qualquer canto da casa. Havia começado pelo segundo andar, onde não tinha encontrado nada de novo ou diferente, para só então descer ao térreo. Havia muitas surpresas e coisas novas implementadas na casa: Owen havia colocado um sensor novo na porta de entrada, cuja funcionalidade era suspeita. Eles já tinham um detector de metais há muito tempo, qualquer que fosse o plano do homem era minimamente maluco — não que ele tivesse alguma mente sã, para ser sincera. Além do sensor, havia também algo novo na sala de jantar, mesmo na sala de estar e em quase todos os cômodos do andar inferior. Não era uma informação a ser negligenciada, mas à qual se preocuparia depois. A grande e infeliz surpresa, contudo, estava em seu lugar preferido: a biblioteca. Demorou pouco mais de dois minutos para raciocinar o que eram aquelas novas rodas de metal posicionadas em diversos cantos na estrutura: lasers. Não era algo que nunca esperaria de Owen, mas não era algo que esperava encontrar tão cedo. Mas fazia sentido, contudo, porque o ouro estava ainda mais embaixo do que esperava — literalmente. 
Em um rastreio minucioso por toda a estrutura da casa, Arianrhod se perguntou porque nunca tinha notado aquela parte do subsolo. Era um cômodo diferente, uma parte aparentemente oca abaixo da biblioteca. De onde estava, a possibilidade de descobrir sua verdadeira função era quase irrisória. Sabia que talvez ali encontrasse o que queria. E se não encontrasse o que queria, talvez encontraria algo de que precisasse. Com esse pensamento, portanto, encarou o ar-condicionado frio da biblioteca assim que fechou a porta atrás de si, numa primeira análise rápida dos lasers.
Não era muito difícil passar por eles, se sua única intenção fosse chegar até a passagem, rapidamente notada pelos olhos treinados. Os anos de ginástica presenteavam com a constituição física maleável, de movimentos precisos, mas não correria um risco à toa. Sabia que Owen nunca deixaria nada de Farwa ali, à mostra — ao menos, não depois do ocorrido dez anos antes. Arianrhod havia descoberto a verdadeira causa da morte da mãe por um descuido dele, e não precisava de dois miolos para saber que aquilo não se repetiria. Owen era arrogante, mas nunca burro. 
Ajoelhando em um canto afastado dos lasers, a análise sensorial da estrutura não delatava nenhum esconderijo secreto, nada que pudesse estar enterrado abaixo das estacas de madeira que constituiam o assoalho e tampouco dentro das paredes. A realização de que isso era um tipo de esconderijo que ela pensaria veio no segundo seguinte. Estava pensando como si mesma e não como Farwa, já que a mãe era uma Artífice. O esconderijo talvez não fosse tão descartável assim. 
Quando criança, as duas tinham o costume de fazer coisas novas. Enquanto a mãe alcançava peças para formar pequenos robôs, Aria se entretia com flores e com bonecos de terra — porque a neve era distante demais no verão. À seu modo, as duas construíam coisas e, também à seu modo, compartilhavam informações que inúteis para uma menina de quatro anos, valeriam muito no futuro. Em uma dessas vezes, Farwa tinha feito uma flor robótica. Uma íris, a flor preferida da filha. Com o passar dos anos, a caçula dos Llewellyn tinha em mente que aquilo tinha sido destruído. Owen havia se desfeito de muito do que julgava inútil para os filhos, porque simplesmente não era nada útil para ele. A memória do descarte da flor nunca chegava à sua mente, contudo. E naquele momento, parada no meio da biblioteca, praticamente deitada no chão para escapar de um laser, ela sabia o motivo. A alguns metros longe de si, brilhante entre todos os outros livros, estava um com um detalhe brilhante na capa: uma flor de ouro. A abertura da passagem.
Os movimentos anteriormente lentos e cuidadosos tornaram-se um pouco mais urgentes. Lançando pelo chão os pequenos materiais que tinha levado consigo, viu o corpo livre do que quer que atrapalhasse seus movimentos. Em uma habilidade surpreendente, a travessia se tornou mais rápida e não foi tão difícil assim inclinar o livro que procurava. A mesma flor, agora eternamente presa na lombada do objeto, indicando a entrada que Arianrhod jamais tinha pensado em procurar. Se não fosse tão pragmática, aquele seria o momento em que seus lábios se abririam em um sorriso, mas havia cuidados a serem tomados antes da vitória.
Recolhendo o pequeno acumulado de coisas, ela assistiu admirada aquela estante se curvar para a parede o suficiente para que uma pessoa passasse. Era uma garantia, a morena pensou. Garantia de discrição, sobretudo. 
Guiada por isso, Aria desceu aquelas escadas. Tudo parecia incrivelmente antigo e novo. Era claramente uma estrutura antiga, mas uma estrutura que havia recentemente sido ocupada por um artífice — fosse pelos últimos 50 ou 20 anos, era atual o bastante para que algumas chamas artificiais estivessem presas à parede. A consciência de que aquilo era um laboratório a atingiu ainda nos primeiros degraus. As paredes começavam a tomar forma e a se abrir, e livros e mais livros permeavam as paredes. Talvez toda a sua paixão por folhas antigas fosse algo de família, afinal. 
Por um momento, houve o receio repentino de aquilo ser obra de seu pai ou irmãos. Sempre haveria essa possibilidade, apesar de tudo, e nunca seria ingênua de descartá-la. Contudo, não era. As fotos antigas e o amontoado de livros largados ao pó revelavam que, na verdade, aquilo tudo era realmente de quem deveria ser. Ela havia montado um lugar só para ela ali. Um lugar onde pudesse falar com a Ordem, onde pudesse realizar projetos de autoria rebelde, onde pudesse ser aquilo que jamais ninguém naquela mansão pensou que fosse. Com os olhos brilhando na mais genuína admiração, Arianrhod tinha acabado de descobrir o porto seguro de sua mãe. Ela tinha descoberto o mais valioso ouro que precisava. 
Uma checagem rápida no relógio revelou as horas. 23h45. Isso significava que havia perdido tempo demais rastreando paredes e se arrastando pelo chão. Tinha mais 15 minutos garantidos de paz antes que qualquer coisa pudesse se tornar um imprevisto. 
Deixando o maravilhamento de lado para dar lugar à ação, Arianrhod começou a procura por diários. Precisava da maior quantidade possível de datas, especialmente as que datavam de seu nascimento, já que eram os anos mais próximos de sua morte. Estavam todos em seu idioma oriental, ela reconheceu com um sorriso. Os enfiando na bolsa sem todo o habitual cuidado, foi se deixando levar pela sensação de que tudo ali poderia ser útil de alguma forma. Até mesmo a caneta de tinta transparente sobre a mesa cujo tinteiro havia ressecado há muito tempo se encontrava do mesmo jeito que ela havia deixado. Era tudo fantástico e maravilhoso e uma genuína felicidade começava a correr em suas veias ao lado da adrenalina. Talvez fosse causada por ela, mas naquele momento, não se importava. E não se importou até checar novamente o relógio e o ver cravando a virada do dia.
00h.
Não tinha mais tempo para perder. Daria um jeito de voltar ali, precisava voltar ali, mas se despediu do lugar com a razão cutucando a nuca. Havia prioridades. Prioridades gigantescas, a propósito, e a precaução era uma delas. 
Sorrindo por ter encontrado aquela parte especial da mãe, seus passos foram silenciosos na subida da escadaria, assim como o fechar daquela passagem. Era prático, era fácil, era útil. Agora só precisava sair dali evitando os lasers e alterar as câmeras. Era simples até demais e mal deu tempo de começar a planejar sua comemoração quando, de repente, sentiu o pescoço ser preso em um mata-leão. 
O braço era terrivelmente mais forte que o seu, disso ela bem sabia, mas Arianrhod era treinada. A primeira coisa que fez foi largar a bolsa caída no chão. A segunda, foi flexionar o corpo para a frente da maneira que podia antes de simplesmente dar uma cabeçada em quem a segurava. Por todos os mártires da Essência, pensou. O que diabos deu errado? E talvez a resposta fosse mais simples do que imaginava. 
Mal conseguindo concluir o raciocínio, ali estava novamente aquela mão grande puxando seu cabelo pela trança, a jogando no chão. Andreas podia até ser mais alto e mais forte que ela, mas Arianrhod sabia ter uma coisa que ele não tinha: seus poderes. E ele, para seu próprio azar, não tinha vindo voltaico como os irmãos. Posicionando os dedos sobre o tabulado, Aria enxergou o erguer de um pequeno desnível. Pequeno demais para exigir muito de seu poder, do tamanho perfeito para que ele caísse. 
— Filha da puta. — O ouviu rosnar ao cair no chão e teria até rido se as circunstâncias fossem diferentes. Subindo nas costas do irmão, Arianrhod teve de usar mais de sua força do que pretendia para aquela noite ao puxar o cabelo dele, prendendo seu pescoço em um mata-leão semelhante ao que ele lhe havia causado. 
— O que você está fazendo aqui? — Ela murmurou, antes de ser novamente jogada no chão pelo impulso que ele havia causado com os braços. 
De todos, Andreas era o mais parecido com ela. De todos, talvez fosse o mais perigoso. 
— Surpresa que a sua poçãozinha não funcionou, bruxa? — Ele deu um sorriso afiado, pressionando os dedos de maneira firme ao redor do pescoço da irmã. Arianrhod começava a sentir aquela falta de ar característica, bem como pensava nas maneiras mais óbvias de se livrar dali. Ela precisava sair dali, aquilo não poderia simplesmente dar errado. — Você é arrogante demais, Dara. Acha que é a única que sabe lidar com essas drogas e que todos nós somos tapados como o papai ou o Arwyn. Surpresa, irmãzinha, pergunte de mim ao seu tão querido mestre de alquimia, mesmo o de poções. Não tem muito tempo que eu frequentava as exatas mesmas salas que você. — Ele sorriu, pressionando ainda mais a mão no pescoço de Arianrhod. Ela sabia exatamente o que ele pretendia. A consciência disso fez com que Aria desejasse poder sumir dali. Que pudesse ser de qualquer outra casa da Essência, que pudesse ser uma Tempeste para simplesmente virar ar. 
— Você me subestima. — Murmurou, reunindo toda a força que tinha em seu ser para fazê-lo. Era quase cruel a maneira que aquilo sempre parecia se repetir dentro da casa dos Llewellyn, aquele ciclo de violências e hostilidades vindas de todos os lados em direção à caçula. Nenhum deles poderia ser considerado sua família de verdade, ou mesmo seus irmãos. Nenhum deles jamais tinha agido como um e isso, de certa forma, era bom. Era bom porque ela não precisava ter piedade deles também.
— Te subestimar? Jura? E o que você vai fazer, me jogar adubo? — Provocou. Andreas era o mais calado, mais corajoso, mas pelo visto não tinha aprendido nada com o problema do falar demais. Concentrado demais no rosto da irmã, não notou quando suas pernas se ergueram atrás de si, sobretudo um dos joelhos, desferindo um chute certeiro na região de sua virilha. Andreas caiu para trás e em um gesto rápido, quase desesperado, Arianrhod posicionou as mãos no assoalho para conseguir se erguer, recuperando o fôlego. O problema foi que, talvez, isso a tenha feito amolecer a madeira e também a pedra abaixo de si. 
— Mas que… — Ela mal teve tempo de resmungar antes de realmente se erguer. Havia agora dois buracos moles no chão que ela não tinha ideia de como tinha causado e a chance de desacordar o irmão. Pela coisa mais urgente, ela estendeu o braço rapidamente até a mochila que tinha deixado cair no chão. Sua melhor aquisição mágica, com um fundo infinito, sabia que encontraria uma poção emergencial ali. Ela a agarrou com certa facilidade, não tardando a cair de joelhos ao lado do irmão, que já erguia a mão até ela. — Não, Andreas. — Murmurou, abrindo o frasco da poção e revelando a válvula spray. — Você não vai me atrapalhar hoje.   
E assim, sem muito mais, um gigante era desacordado no meio de uma biblioteca quase escura, por uma irmã que nunca havia acreditado ser muito. Arianrhod, que segurava o recente relicário acima do peito como um conforto e uma garantia, agora tinha mais três coisas a fazer: consertar o chão (sem nem mesmo saber como o havia estragado), dar um jeito de calar a boca de Andreas e consertar tudo de errado que havia nas filmagens.
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luvdeathrobots · 10 months
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OBRDROP: invasão na rádio.
*t.w.: agressão. Clique aqui para ler a versão no Google Docs.
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   A rádio caiu às oito e meia por todo o castelo ao que um grito se espalhou em Ouroboros. O artífice Ren Yamamoto havia acabado de escapar da enfermaria para entender o que se passava ao redor do Salão Principal. Apesar do receio de sua namorada perante aquilo, ele não via problema algum em se esbarrar com a guarda, tirar suas dúvidas (a partir da observação) e então voltar para sua visita a Flora. Coisas simples, imaginava, que talvez respondessem metade das perguntas em sua cabeça. 
   Um rapaz loiro se aproximou com um sorriso orgulhoso, olhos bem atentos e o espaçamento perfeito entre as mãos para um aplauso. Assim como o artífice, aquela carapuça amarela e feia, como Yamamoto mesmo julgava, havia descido quase toda longa escadaria e se atentava à multidão, àquele aperto, àquela censura tão literal. Seus olhos brilhavam em admiração pelo feito do Império, de orgulho, realização ou qualquer outro sinônimo facilmente julgado como nojento. 
— Não é bonita? — Começou o loiro. Ren ignorou. — A purificação do sangue.
   A verdade era que se cada um presente no Salão Principal prestasse atenção nos detalhes, nos mínimos  possíveis, poderia sentir o cheiro incômodo, ver o vermelho atípico nos uniformes e narrar o volume coberto acima de tantas cabeças padronizadas e fardadas. Não era um desmaio ou um socorro de um corpo; era a morte presente com destino às estradas do Império, àquele cemitério tão cheio de números, mas tão vazio de almas. Pelo menos era assim que Ren pensava, via ou se sentia ao realizar o que tinha na sua frente, mesmo que longe assim em questão de tato — Nighe estava morto. Ponto final. 
   Acontece que qualquer sentimento que tivesse ali seria pequeno demais se Yamamoto pensasse nos últimos momentos de Nighe. Conhecia o desespero e a adrenalina da quase morte, mas da certeza dela, e aquilo sim o causava arrepios. Tinha a incerteza de considerar aquele ato coragem, idiotice ou libertação; acontece que no fim, independentemente do julgamento daquele oriental, nada mudaria a sentença final daqueles considerados rebeldes — seja isso considerado  injusto ou não. 
   Um riso incomodou os ouvidos de Yamamoto. De repente, a inquietude do loiro ao seu lado havia sido trocada das palmas aos risos. O artífice levou seus olhos até o julgado intrometido ao seu lado — e mal ele imaginaria que essa atenção irrelevante o daria tanta dor de cabeça para aquela noite. 
— Graças a aquele cara ali — Como se não bastasse a ousadia do aplauso, da admiração ou do riso, o “insuportável moleque” apontou para o corpo carregado na frente dos dois logo ao extremo do salão. — ... a recompensa pelos rebeldes vai ser bem maior.
   Ren suspirou. Seus olhos alcançaram o topo e ele pressionou os dedos em seus braços cruzados.
— A caça, o fogo, a guerra, tudo voltará a ocorrer. E vai ser melhor, vai ser maior... — Retomou o loiro. Seu riso aumentava. A empolgação daquela figura parecia incomparável aos demais presentes no momento. Era criminosa a forma em que pouco respeitava o acontecido. — ... Vai ser grandioso! 
   Outra vez, afastou-se. Não queria se estressar mais, mesmo que aquilo já estivesse feito. O rapaz em seu lado parecia um idiota com aquela feição, com aquela tentativa de aproximação. E quanto mais ele falava, mais ele aplaudia, mais a mente de Ren explodia. 
  — É, é isso! — Certamente era “o arrombado”, como Ren pensava. — A purificação pela prata! 
   E dali Ren Yamamoto não se aguentou: voz irritante, nariz enxerido e falas sem cabimento — seus critérios para o estresse. Tão de repente quanto a aparição daquele garoto, tão de repente era a forma que o corpo leve era arremessado contra a parede daquela escada. Se uma vez os braços de Ren se cruzavam em análise, agora se separavam para segurar tanto o rosto trêmulo em sua frente quanto a camiseta rica e engomada, cujo pingente de ouro reluzia no tecido em seu sobrenome de carreira podre: Clifford. 
— Cala a boca, porra. Não é hora de ficar vomitando besteiras, vagabundo. — Firme, a palma de Ren dobrava o vento no estalo de um tapa ao rosto pálido em sua frente. Não tinha medo de flagras, de guardas ou nada do gênero. Estava estressado não só aquela noite, mas toda a semana - e aquilo era mais que o suficiente para fazê-lo explodir. — Você não entende, imbecil? Ele pode ter sido um idiota, a porra de um sacrifício público, mas ainda era um de nós. Era gente.
   Ren puxou o loiro ao chão, aos degraus que os sustentavam, e ali manchou a calça branca com a sola de seu sapato. Era um chute, um aperto, tudo que sua raiva conseguia externalizar. Ele cuspiu ao lado no chão limpo, da mão cheia de jóias do rapaz. Os olhos do “pilantra mal fodido”, apelido aquele que Ren o dava agora, arregalavam-se no misto de surpresa e medo. Ele até tentou revidar, tentou se segurar no torso do artífice e fugir, mas nada adiantaria. Os braços de Yamamoto mantinham força suficiente para não deixá-lo sair. Era raiva, era a cabeça acumulada, era a palavra da injustiça tomando significado renovado em sua cabeça. Não havia nada no mundo que mudasse a natureza agressiva daqueles olhos, daqueles punhos, daquele peito cheio.
— Que porra é essa, cara?! — Clifford olhava para Ren incrédulo, sem muito entender; afinal, da bolha que ele vivia, poucas eram as pessoas que abriam a boca e contestavam nomes caros. — Seu filho da puta, eu não menti! Você está com eles?! Não é possível! — Tentava escapar de novo e de novo, mas em desespero escorregou a própria mão no chão. Ren, pelo contrário, não tirava os olhos dele. — O que você quer de mim?! Eu posso comprar tua família, saia de mim! 
— E eu a porra de um subsolo pra te enterrar. — O artífice refutou em tom firme, forte e alto. Yamamoto também era um sobrenome caro, por igualdade de discussão. — Quero que cale a boca. Pare de falar merda. Um cara morreu na tua frente, seu vagabundo, e o único esforço que tu faz depois de ouvir tudo é aplaudir. — Soltou-o outra vez contra as escadas, levantando-se à procura de manter superioridade. — Vê se aprende, animal imundo. Vá na porra da enfermaria. Vá para aquela porta logo ali — Apontou para os guardas que a pouco sumiam na saída. — … e entenda, seu vagabundo. Estaríamos melhor sem um imbecil como você. 
   Outro chute, outro olhar de desprezo, outro suspiro; foi assim que Ren censurou totalmente todo grunhido, grito ou pedido de socorro do outro rapaz enquanto o artífice se dirigia para caminho qualquer que não fosse seu anterior, que não tivessem mais rostos imprestáveis quanto o daquele loiro. “Saia daqui, fodido”, ele ordenou. 
   Pensando em seu mundo, em seu universo nada perfeito, talvez não fosse mais tão Yamamoto quanto sua mãe gostaria que fosse; aquele pensamento de vingança, de ódio e de desprezo imperial, tudo aquilo contrariava totalmente os ideais de sua casa. E ele não ligava. Não ligava de, aos poucos, se tornar um rebelde.  
   O quão pouco valiam as almas rebeldes, afinal, se por quase nenhum tempo respiravam ao redor daquela guarda? Quão insignificantes eram suas vidas?
O quão insignificante ele era?
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louddydisturb · 11 months
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what's the matter harry? you look like you've seen a ghost
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Depois do estouro da franquia de panico londres se tornou um alvo dos ataques do ghostface, harry, seu namorado e melhor amiga estavam na procura de só mais uma festinha com drogas e bebidas mas tudo tomou um outro rumo
Louis, 28
Harry, 23
Tw: h!fem, cnc, agressão, sequestro, manipulação, rape play, knife play, traição, morte, sangue, fear play
Viu deixar aqui minha recomendação se quiserem ouvir com change (in the house of flies) e cherry waves dos deftones
Boa leitura e espero que gostem :))
Sol.
“Essa festa vai ser incrível! Juro passamos horas tentando fazer essa maquiagem parecer real” Madison tagarelava no banco de trás do carro exibindo o “machucado perfeito” que ela e harry demoraram pelo menos 2 horas e refizeram pelo menos umas 3 vezes, ela estava fantasiada Lara croft com um extra de uma facada na barriga
“Vocês realmente levaram isso a serio” Tyson, namorado de harry, estava fantasiado de jack skellington fazendo par com harry que estava vestida de sally
“Essa é a maior festa do ano, literalmente todo mundo estava esperando” Madison continua
“Não sei não, não fazem nem 48 horas que acharam mais um corpo e é obvio que tem um serial Killer a solta” harry fala apreensiva enquanto arruma a peruca vermelha
“Relaxa, amor. Seja lá quem esteja fazendo isso não iria ter a cara de pau de matar em uma festa cheia de gente” Tyson estaciona na frente da casa de festa “e caso aconteça você sabe que eu vou estar aqui pra te proteger” o cacheado passa o braço pelos os ombros de harry que suspira desconfortável
“Se eu fosse não falaria isso, o filme favorito dela é pânico e os namorados não são muito uteis” Madison zoa antes de sair do carro
“As amigas são as primeiras a morrer” Tyson rebate antes de sair seguido de harry
🔪 🩸
‘I was made for loving you baby’ tocava alto pelo salão, harry cantava junto com Madison enquanto Tyson buscava mais bebidas
“Te falei que iria valer a pena!” Madison falava alto
“Tirando o fato que parece que alguém tá observando a gente o tempo todo”
“É uma festa harry, tem pelo menos 200 pessoas aqui”
“Certo” os olhos verdes caem em Tyson que voltava com dois copos de bebida, ou melhor, na figura escura atrás dele
Um arrepio correu por toda a espinha da cacheada
“Tinha uma fila imensa no bar” o garoto entrega os copos com bebida e abraça a cintura de harry que estava estática sem ao menos piscar “amor? Tudo bem?”
“S-sim” ela toma um pouco da bebida focando no mais alto em seu lado
O celular de harry vibrou, uma notificação de uma mensagem de um numero desconhecido.
Harry aproveitou a distração dos outros para abrir as três fotos enviadas
Ela obviamente reconheceu o local, era a balada que eles estavam porem em uma área mais afastada perto do bar onde tinha vários sofás e mesas. Oque fez o sangue de harry ferver foi ver o “casal” se beijando no canto da foto, era a porra de seu namorado e uma loira desconhecida
“Que porra…” harry xinga baixo
“Oque aconteceu?” Os olhos castanhos de Tyson a encaram em curiosidade
Seu celular vibra novamente
Era outra foto mas agora no centro da foto estava harry
A cacheada olha em volta mas não parecia ter ninguém olhando ou com o celular
“Vou no banheiro” ela se afasta caminhando rápido até o local
Para sua sorte o banheiro parecia estar vazio, ela entrou e trancou a porta
“Canalha” ela sentia seu peito doer só de imaginar que a pessoa que ela mais confiava estava a traindo sem o mínimo peso na consciência
Seu celular tocou, “chamador desconhecido” brilhava no display
“Alô?”
“Alô” uma voz grave sooa do outro lado da linha
“Quem é?”
“Quem é?”
“Ha ha muito engraçado zayn, chega da brincadeirinha”
“Zayn?” A voz continua “não conheço nenhum zayn, harry. Ou melhor sally” harry sente todo seu corpo arrepiar
“Quem é você?”
“Quem é você? Quem é você? Quem é você? Todo falam a mesma coisa. Acredito que tenha feito a pergunta errada, harry”
“Oque você quer?”
“Brincar”
“Brincar?”
“Um jogo, se eu ganhar temo que essa seja a ultima coisa que você vai fazer” harry sentia seu corpo tremer ao que ela tirou o celular da orelha na tentativa de desligar a chamada “Não desligue caso queira continuar com todos os orgãos em seu copo, harry” a voz soou mais grave
“Ta bom ta bom, qual é o jogo” ela tentava esconder o medo em sua voz
“Perguntas e respostas sobre filmes de terror, você gosta certo? Se errar você terá uma surpresinha que não acho que seja muito agradavel para você”
“Pode começar”
“A primeira pergunta, harry. Qual o nome do assassino de sexta-feira 13?”
“Pamela”
“Pamela?”
“Pamela voorhees! A mãe de jason!”
“Certo… está com sorte, harry. Oque chris faz para não ser hipnotizado em corra?”
“Corra… ele arranha o braço do sofá!”
“A ultima, harry… quem era o assasino em panico 1?”
“Billy! Billy loomis” um silencio toma conta da chamada
Derrepente a porta do banheiro estoura revelando uma figura alta vestida de preto com uma mascara de ghostface
“Errado” harry sente seu corpo entrar em panico e não conseguia ao menos correr “qual o problema harry? Parece que você viu um fantasma” a faca brilhava na pouca luz do lugar
“Puta que pariu” ela começa a revirar sua propia bolsa ao que o desconhecido começa a se aproximar
“Procurando isso?” Ele gira o taser nos dedos “não acho que tenha muita escolha sally” ele avança e harry se abaixa se arrastando até uma das cabines do local
“Quer brincar de esconde esconde?” Um murro é deixado na porta de madeira fazendo-a quase quebrar “qual seu filme de terror favorito, harry?”
“Sai daqui!”
“Todo mundo tem um favorito” outro soco é deixado na porta e ela finalmente cede
O ghostface a encurrala contra a parede do pequeno cubículo “sabe qual é o meu?” A lamina da faca passeia pelo pescoço de harry antes de cortar a blusinha do vestido da garota ao meio “o nosso”
“Você é louco” ela se rebatia mas só fazia o aperto em seu braço ficar mais firma
“Todos nós enlouquecemos as vezes, harry” a garota achou que por um segundo ela reconhecia aquela voz
“S-sai”
“Acho que devia ter mais atençao com seus bolsos” harry tira o teaser do bolso da calça jeans preta e consegue escapar do aperto
Ela corria pela balada lotada, não conseguindo localizar madison ou tyson no meio de toda a gente
Ela se arrependeu no exato momento em que pisou na rua escura do lado de fora da balada, era 3:00 da manhã não passava um misero carro na rua
Harry correu.
Correu até seus pulmões pedirem uma pausa e suas pernas não aguentarem o peso de seu próprio corpo
Ela entrou em um beco escuro enquanto tentava ligar para alguma ajuda mas nenhuma ligação completava
“Achou que eu não ia te achar, gatinha?” Harry congelou sabendo exatamente quem estava por trás daquela mascara
“Tomlinson” ela se rastejou ate suas costas baterem em uma parede, as botas pretas do outro soando na brita do chão
“Tomlinson? Gosta de brincar de advinhar né?” Ele se agacha em frente a garota observando os olhos verdes se arregalarem “acho que errou mais uma vez”
Um pano é forçado contra o rosto de harry, ela se debate sentindo seu corpo ficar leve e sua visão começar a embaçar. Era como se ela estivesse flutuando sobre nuvens
“Dormindo como um bebê” ele pega harry no colo ao que a garota perde completamente a consciência em seus braços
🔪 🩸
Harry acorda sentindo seu corpo inteiro doer. Ela abre os olhos lentamente observando a sua volta
Ela estava em uma especie de porão que era iluminado apenas por uma lamparina e a luz da rua que entrava pela pequena janela, tinha uma especie de mesa com uma mochila e oque ela reconheceu ser sua bolsa. Harry tentou se levantar mas alem da fita em sua boca ela também estava amarrada em uma cadeira no centro da sala
A porta de metal se abre e louis passa por ela, ainda com a mascara cobrindo seu rosto porem agora a camisa preta tinha os botões abertos e com marcas de sangue em seu peitoral
“Que bom que acordou, bichinho. Por um momento achei que tinha exagerado no sonifero” ele caminha devagar jogando uma bolsa preta no chão “está com frio? O aquecedor daqui parou de funcionar deve ser por isso que está tão inquieta” louis retira a luva e então acaricia a bochecha macia de harry, essa que afasta o rosto em uma tentativa falha de se afasta do toque “oque foi? Sempre gostava dos meus toques” ele puxa a fita da boca de harry fazendo as bochechas cheinhas arderem
“Louco! Você é louco, Louis!”
“Não sou louco, amor” a lamina afiada corta levemente a meia calça de harry “fui tão legal com você, sequer te machuquei, e é assim que sou agradecido”
“Você é maniaco! Me sequestrou só porque ficou com raivinha?”
“Não te sequestrei, harry. Você precisa entender as coisas melhor” ele aperta o pescoço da cacheada fazendo o ar começar a ficar limitado “apenas te “trouxe para um passeio”, você já estava na rua e em um beco escuro, é perigoso existem muitos loucos por ai”
“L-louco” harry sentia que podia desmaiar novamente a qualquer momento
Harry tosse tentando regular sua respiração ao que louis se afasta de si
“Acho que ja ta bom do xingatório” em um movimento ele corta a fita que a prendia na cadeira, deixando somente a fita que prendia suas mãos, e puxando-a pelo braço fazendo a garota cair no chão frio “vamos lá, harry. Você sabe muito bem como isso funciona” ele desabotoa a calça jeans tirando o membro duro do aperto
Os cachos são puxados fazendo harry gemer baixinho de dor, o membro duro batia nas bochechas de harry sujando-as de pré-porra
Lagrimas escorrem involuntariamente ao que a mão pesada de louis se choca contra com seu rosto e ele segura seu queixo fazendo-a abrir a boca
“Isso, amor. Viu como mesmo depois do inutil do teu namorado você ainda sabe como eu gosto” o tomlinson estoca contra a garganta de harry fazendo a garota engasgar e se afastar tossindo assustada
“Talvez tenha se desacostumado mas não é nada que eu não possa te ensinar de novo” ele deixa alguns tapinhas nas bochechas vermelhas, harry abriu a boca sentindo o gosto do pré-gozo inundar seu palato ao que louis voltou a estocar gemendo rouco
Louis sentia seu estomago revirar ao sentir os gemidos da garota em seu pau, só assim notando como ela rebolava em seu sapato em busca de algum alivio
“Viu como já está voltando a ser uma puta, amor?” Ele se afasta chutando harry que se encolhe no chão “você não passa disso, Uma putinha sem cerebro”
“Louis… por favor” a voz de harry estava completamente fodida
“Vem, amor. Não ache que eu só vou te largar, nem sequer me fez gozar ainda” ele puxa harry com força, a jogando contra a mesa branca encostada na parede. Sua bunda ficando empinada no vestido curto que mal fazia o trabalho de a cobrir
Louis termina de levantar a sainha antes de cortar a meia calça fininha junto com a calcinha de harry
“Olha como você ta molhada feito uma vagabunda” o homem era agressivo e penetrar dois dedos na grutinha molhada fazendo harry gemer alto e bater os pés tentando o afastar “quieta”
Ele puxou o pescoço da garota tendo a visão rostinho choroso e os lábios inchados de tanto serem maltratados
Um tapa ecoou pela sala fazendo os lamurias da cacheada ficarem ainda mais altas
“Shh… tudo bem, bichinho” ele tira os dedos de dentro dela levando em seguida para os lábios gordinhos
Harry geme abafado sentindo o falo duro a preencher
Louis apertava a cintura fininha deixando a sua mão marcada perfeitamente ali
“Porra hazza…” ele puxa a garota para perto de si fazendo-a apoiar a costa em seu peito
Harry gemia chorosa com a cabeça apoiada no ombro tatuado, ela podia o sentir perfeitamente em sua barriga
As estocadas continuas faziam o baixo ventre de harry revirar e suas pernas tremerem
“Eu vou g-gozar” ela fala entre gemidos
“Que egoista, bichinho.” Ele brinca com os mamilos rijos sentindo a cacheada se molhar ainda mais em seu pau
“Por favor” lagrimas se formavam no canto dos olhos verdes e ela tremia desnorteada contra o peito de louis
Um grito agoniado ecoou pelo comodo quando a lamina afiada traçou um LT perfeito na bunda machucada de harry
“Quer gozar sozinha? não te ensinei a ser egoista, amor.” As estocadas começavam a descontrolar indicando o quão perto louis também estava
“Louis…”
“Goza” ele diz ríspido sentindo harry se apertar em volta de seu pau e gozar molhando toda a mesa e pelves de louis, esse que levantou a mascara puxando a garota para um beijo ávido e quente enquanto gozava
ele deixa mais um tapa na banda cheinha antes de cortar a fita dos pulsos pálidos
🔪 🩸
O suv estaciona no meio fio algumas casas antes da casa de Madison, harry desce do carro correndo e sentindo seu coração bater descontrolado
“MAD! MADISON ABRE PORFAVOR!” Ela batia rápido na porta branca que não demorou a ser aberta pela garota
“Harry?! Oque aconteceu? Meu deus você tá bem?” Ela ajuda a cacheada a entrar na casa, trancando a porta principal logo em seguida
“Ele me achou” harry soluçava abraçando a amiga “o assassino” os olhos verdes a encaram em agonia
“Oque? Você ta machucada? Harry…”
“Ele me torturou mads” harry continua sentindo as lagrimas quentes molharem sua bochecha e o moletom da outra garota “liga para o Tyson”
“Harry… ele foi encontrado morto não muito longe da balada ontem”
“Oque?! Como…” os lábios de harry perdem completamente o sangue
“28 facadas e-“ a fala de Madison é cortada com a figura mascarada que aparece no reflexo do espelho “harry… harry ele ta aqui!” A garota tenta corre mas é segurada por harry que continuava parada no lugar “harry? O assassino ta aqui!”
“Eu sei… se tivesse prestado atenção nas vezes que assistimos filmes saberia que sempre tem dois assassinos” a lamina afiada é cravada no estômago da outra “se não estivesse tão ocupada ficando com o meu namorado” a pupila de harry estava tomada pelo preto e aos poucos o casaco laranja sujava mais com o sangue “agora você pode ter ele todinho pra você, filha da puta” a lamina atravessa a cabeça da garota que cai inconsciente no chão, uma poça de sangue se formando no carpete claro
“Muito bem, amor” louis se aproxima retirando a mascara e deixando um beijo no topo da cabeça cacheada “melhor irmos”
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geniousbh · 5 months
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⸻ 𝒕𝒉𝒊𝒆𝒇!𝒔𝒊𝒎𝒐́𝒏 𝒉𝒆𝒎𝒑𝒆
prompt: você é uma pequena ladra vivendo a mais trágica história de amor
obs.: gente o que vocês estão prestes a ler é um suco de melancolia, são desejos inatos que precisam ser reprimidos. minha mãe lana del rey e os incontáveis seriados de missing people e casos arquivados que eu assisti na vida me ajudaram nessa canetada! é uma proposta diferente dos outros hcs que eu postei e eu espero MUITO que vocês não estranhem e gostem! 🥹🤞❤️��🩹❤️‍🩹 special thanks pra todas que me incentivaram a lançar algo sem final feliz @imninahchan @idollete @kyuala @svholand
obs.²: não romantizem nenhum dos eventos descritos ok? se você estiver num relacionamento tóxico (ainda que não pareça pelos altos e baixos) converse com alguém e denuncie <3
tw.: no começo da narrativa a reader ainda é menor de idade, consumo de álcool, atividades ilícitas (roubo, estelionato, consumo de álcool por menor de idade), agressão verbal (bem ligeiro), violência gráfica, car sex, manhandling, manipulação, s.h (é implícito e não narrado!), MAJOR CHARACTER DEATH, MDNI
thief!simón que você conheceu quando ainda tinha dezessete anos. você dançava num bar a troco de ter uns trocados, a regra era que não te tocassem, mas você podia os tocar, se quisesse, e se aproveitava para surrupiar as pequenas correntes e relógios de pulso quando os homens estavam embriagados o suficiente. reparou no rapaz aos fundos do salão te observando enquanto tomava alguma bebida, era bonito, e ao contrário dos que deliravam na sua figura indecente ele ficava indiferente – o que não te impediu de se aproximar, não se ofereceria, nunca o fazia, mas com muita sutileza e destreza nos dedos abria o fecho de um pequeno terço de ouriço que ele tinha
thief!simón que te encontrou nos fundos da casa de shows nessa mesma noite, você já com as roupas normais e ele encostado na parede de tijolos, te acompanhando, até que você passasse por ele e ele esticasse o pé te fazendo tropeçar e cair de joelhos, o fitando irritada. “algum problema!?”, “nenhum, mas você tem algo que é meu”, “deve estar ficando louco, ou deve estar drogado”, e ele se agachava ao seu lado enfiando a mão nos bolsos do seu moletom tirando de lá um punhado de coisas roubadas junto da correntinha
thief!simón que não disse mais nada ao sair andando, mas depois de duas semanas te encontrou no centro da cidadezinha “panfletando” – por ser tão lindinha e mirrada ninguém desconfiava, mas sempre que se aproximavam para saber mais da falsa promoção você percorria seus dedinhos pelas bolsas e carteiras alheias, arrancando jóias, notas, moedas, o que fosse de valor – e ele observava; mais do que gostaria de admitir
thief!simón que se aproximou e soprou no seu ouvido “eres atrevida, eh?”, sorrindo de canto e te rodeando, mantendo uma distância segura. “não sei porque... se eu tô só trabalhando”, “sei, sabe qual é o seu problema? no puedes mentir a otro mentiroso”, te dando um peteleco na testa, fazendo-a bufar frustrada – era a segunda vez que ele te pegava em flagrante, além de não parecer fazê-lo por uma moral intacta, mas só pelo prazer de atrapalhar
thief!simón que não achava aquela cidade tão pequena, no entanto, começava estranhar que para todos os lugares que ele ia haviam resquícios da pequena ladra, e ele não era devoto de nenhum deus, muito menos acreditava em conexões de vidas passadas, mas numa sexta, antes de se mudar, quis passar na casa de shows. não te assistiu, ficou sentado no bar, de costas, esperando que você viesse até ele. “não gosta de mulheres?”, perguntou provocando o maior, “você é menor de idade”, “não sou”, e tudo o que ele fez foi te olhar de cima a baixo com a mesma expressão do dia na praça, “vou sair da cidade... quando o seu repertório é curto, não da pra ficar no mesmo lugar pra sempre, você vem ou não?”
thief!simón que havia perguntado de forma tão indiferente e estúpida se você queria segui-lo que a situação se tornava cômica quando você se pegou no ford granada marrom que ele tinha, os vidros abertos e o rádio tocando alguma música desconhecida, rumando para qualquer distrito há alguns quilômetros de distância do anterior
thief!simón que via em você uma mina de ouro, principalmente quando tinham acabado de conseguir alugar um quarto e cozinha, e ele aproveitara para te levar para comprar algumas roupas. as palavras o fugiam assim que você saía do provador com um vestido branco solto com uma fita na cintura – a vendedora tinha feito questão de arrumar seu cabelo com um filho no mesmo tom – , estava perfeita, uma boneca
thief!simón que colocou seus planos em ação não muitos dias depois, em um jantar de bancários que haveria na cidade, ele conseguindo convites depois de forjar um cartão e se apresentar como advogado imobiliário recém chegado nos arredores e te apresentando como noiva
thief!simón que não sabia se gostava ou se detestava quando os homens de meia idade te cobiçavam descaradamente - alguns babavam e usavam seus paninhos finos para limpar -, mas que se aguentava até o final da noite, quando você conseguia atrair um dos porcos para o estacionamento dizendo “meu noivo não precisa saber, e eu quero tanto...” enquanto ele observava por detrás de uma árvore esperando o momento certo de agir; esperando o sinal que haviam combinado
thief!simón que não poupou em gastar no mercado depois da pequena fortuna que tinham arrancado do homem, ameaçando-o de contar para a família, filhos e clientes o quão sujo ele era por cobiçar uma jovem prometida. comprou vinhos, doces e charutos – os quais te ensinou a fumar apesar de você preferir os cigarros mentolados normais.
thief!simón que se mudava com você todo mês, gabaritando as cidades costeiras. chegavam, inventavam uma história confiável, faziam alguns álibis aqui e ali e aplicavam os golpes. vocês comemoravam, vivendo uma vida luxuosa, passando a se hospedar nos melhores hotéis, se embebedando em cada final de semana – e por vezes até no meio dela –, ouvindo você contar os mínimos detalhes da infância cruel quando estava completamente alterada, jogada na cama apenas de calcinha e sutiã abraçada à uma garrafa de champanhe
thief!simón que acabou descobrindo seu aniversário ao acaso forjando alguns documentos para as identidades da próxima cidade, e fez questão de comemorar. te levou num mirante de onde, mesmo de dentro do carro, era possível ver a praia, as barraquinhas e o parque de diversões todo aceso pela noite. também te presenteou com uma correntinha, o pingente sendo de uma flor de belladona – apelido que ele passou a usar fielmente contigo
thief!simón que tirou sua virgindade naquele lugar, forrou os fundos do sedan com alguns edredons e te fez dele, beijou cada canto do corpo pequeno e encheu seus seios, costas e coxas de chupões – e não tinha problema porque ninguém mais veria, nem mesmo aqueles em quem aplicavam os golpes, porque o hempe nunca deixava avançarem mais do que a possessividade dele permitia. você era dele
thief!simón que te aninhou no peitoral depois de mais uma noite que terminava em vocês dois fodendo com as luzes do quarto de hotel ligadas e as sacadas escancaradas para quem quisesse ver, você dedilhando o peitoral enquanto ele baforava a fumaça do charuto para cima, amaciando suas costas macias com a mão livre. “você acredita que deus tem um propósito pra nós?”, perguntou curiosa subindo os olhos até o rosto inexpressivo, “não acredito nessas coisas, bella...”, “mas você tem uma biblía no carro”, “era da minha mãe”, “mas você ach-“, “por que você não dorme um pouco? amanhã a gente sai cedo”, e assim te calava como em outras incontáveis vezes
thief!simón que apesar de não demonstrar ficava cada vez mais apegado à sua figura, se sentia doente e nauseado por não conseguir evitar aqueles sentimentos quando você o acordava vestindo as camisas dele, ou então quando te via enrolando os cabelos para um penteado novo – toda delicada de frente ao espelho –, quando o abraçava por trás enquanto ele fazia as contas do quanto precisariam roubar para continuar com o mesmo estilo de vida. sentimentos tão inoportunos que ele se alcoolizava quando se tornava demais para suportar
thief!simón que era diferente quando bebia daquele jeito, como se estivesse fora de si. não te chamava de “belladona”, reprimia suas tentativas de se aproximar, de tocá-lo, te dizia “eres una chica estúpida e ingrata! – as palavras sendo cuspidas - nada te alcanza, ya sea dinero, joyas o todo lo que tengo!”, “simón... eu não entendo, mas por favor não fica as-“, “cállate!”, erguendo a mão na sua direção, mas retesando quando você se encolhia. quando se acalmava a única coisa que dizia era “vou dormir fora hoje”
thief!simón que agia como se nada tivesse acontecido depois, que te deixava sem saber das negociações, que te tratava como burra e nova demais para se envolver nos assuntos que realmente importavam no final das contas, mas justificava dizendo que não queria te dar rugas, e que você podia ficar só com a parte divertida que era gastar e ser uma boa mulher pra ele, “a mais linda”, soprando e segurando seu queixo antes de te beijar
thief!simón que quando se mudaram de novo arranjou uma cartada grande, um político muito influente que era conhecido pelo gosto nefasto por mulheres novas; por corrompê-las. e assim o garoto tinha outro plano em mãos, te introduzindo num bazár beneficente como a irmã mais nova, filha do segundo casamento da mãe, tão pura, te fazendo usar lentes coloridas e uma maquiagem fina e leve que naturalmente fazia com que todos quisessem saber mais sobre você
thief!simón que no entanto, viu tudo ir por água abaixo; a sucessão de acontecimentos sendo muito rápida pra ele sequer digerir. o senador se encantava por você, perguntava tudo, nome, idade, se estava na escola e o que gostava mais de aprender lá, e era respondido, com mentiras, mas não poderia parecer mais satisfeito. assim que conseguiam atraí-lo para o estacionamento, o homem, não tão velho assim, sacava um calibre, colocando o bucal prensado contra a sua lombar, te arrastando para um carro que não conheciam
thief!simón que entrou em estado de frenezi, saindo de sua posição e não dando dois minutos que estavam dentro do veículo, abrindo a porta com violência e puxando o outro pelo colarinho, não dando tempo para que este reagisse, socando o rosto com uma fúria reprimida desde muito, o cigarro preso no canto dos lábios que se apertavam e a pele cobrindo os ossos da mão rasgando com os impactos. um zumbido ensurdecedor o parava quando o disparo acontecia
thief!simón que assistiu com os olhos esbugalhados a camisa do homem ir se encharcando de sangue pouco a pouco, enquanto você trêmula segurava o revólver, o rímel escorrendo pelas bochechas por causa do choro e a expressão de espanto que terminava de deixá-lo sem chão, fazendo-o largar o cadáver e ir até si te tirando o objeto das mãos e a abraçando. os sussurros falhos de desculpa, de pronto já acabou, eu to aqui, enquanto pegava quaisquer vestígios na cena do crime e te levava para o carro, saindo em disparada
thief!simón que evitava olhar para o seu semblante catatônico pelo resto da noite, porque precisava ficar focado em arrumar as malas no hotel e colocar tudo no porta-malas de forma amontoada, porca, pisando no acelerador tão fundo que os pneus cantavam quando estavam na estrada; mas era isso, vocês nunca podiam ficar muito tempo mesmo
thief!simón que dirigiu por seiscentos quilômetros, ignorando o sono, e só parando quando seu choro vinha à tona. um choro tão copioso e doloroso de presenciar, porque antes de ninguém, ele sabia quem era a maior vítima naquela história. parava no acostamento e passava para o seu lado do banco te colocando no colo e te ninando como se faz a um bebê, “sshh, mi belladona, vai ficar tudo bem...”, os beijos espalhados no seu cerne e um em especial na testa, em que ele se demorou porque precisou segurar o choro também
thief!simón que desligou o rádio quando a transmissão começava a falar sobre um casal de jovens golpistas foragidos dando a descrição de cada um, e que não conseguiu dormir pelos próximos três dias assombrado com o fato de que ele tinha estragado mais uma vida, tirado as chances de você se tornar algo melhor e maior... com propósito, talvez
thief!simón que não conseguiu te acalmar quando você viu as notícias pela tv de tubo no motel onde estavam se escondendo – seus rostos estampados nos principais jornais que relatavam o assinato do senador –, apenas acendendo mais um cigarro e ouvindo suas súplicas implorando para ele dizer o que fariam, como escapariam; mas pela primeira vez em muito tempo, simón hempe não tinha um plano, nem truques; tinha gasto todo o tempo pensando em você e em sobre como ele conversaria contigo e diria para mudarem de vida, que poderiam recomeçar em outro país e ter algo normal, com uma casa fixa, empregos, e até filhos.
thief!simón que ouviu as sirenes bem antes de você, e numa última tentativa de salvar ambos te acordava apressado, sem explicações, segurando sua mão e te puxando para o carro – lembrava de pegar uma única mala que não estava desfeita e a bolsa com o dinheiro, sem se importar com mais nada.
thief!simón que ignorou os megafones que davam voz de prisão e o cerco que se formava na rodovia, ainda tentando contornar as viaturas e os homens fardados que empunhavam suas armas
thief!simón que não deixou de segurar sua mão mesmo naquele momento, segredando baixo que vocês tentariam correr quando ele abrisse a porta
thief!simón que tomou a frente quando os oficiais atiraram, o corpo perdendo as forças quando três dos vários disparos o acertavam
thief!simón que sentia mais pelo seu espanto e desespero do que pela dor física que era aliviada pela quantidade de adrenalina correndo nas veias, sussurrando um “belladona...” para que você prestasse atenção – o mundo parando para que vocês tivessem o seu último momento juntos – “você vai dizer que eu te manipulei, sim? vai fazer isso por mim, mi amor...”, “n-não”, vendo-te balançar a cabeça em negação e soluçar com a vista embaçada das lágrimas que caíam em abundância ao passo que suas mãos tentavam inutilmente tampar um dos buracos por onde o líquido vital jorrava. “prométeme que serás mi belladona por mucho más tiempo”, a mão alcançava o pingente que nunca saía do seu pescoço e ele sorria te fitando enquanto os últimos segundos de vida dele se esvaíam
thief!simón que naquela manhã te deixou. você sem saber quantos anos ele tinha de verdade, sem saber de onde ele vinha, sem saber sua história e sem nunca ter ouvido que ele a amava – apesar de sentí-lo com imensidão.
thief!simón que nunca saberia que depois de acatar o último pedido dele você tinha passado pelo júri do caso e sido inocentada
thief!simón que nunca te veria tendo a vida normal que ele sonhara outrora, com um marido que te respeitava e te cuidava e com dois garotinhos lindos que te chamavam de mamãe
thief!simón que apesar de não ter tido isso tudo, ainda tinha vivido sua melhor fase ao seu lado, ao lado de sua belladona.
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littlfrcak · 2 months
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𝕴 𝖈𝖆𝖓'𝖙 𝖋𝖆𝖈𝖊 𝖗𝖊𝖆𝖑𝖎𝖙𝖞 𝖈𝖆𝖚𝖘𝖊 𝖙𝖍𝖊 𝖜𝖊𝖎𝖌𝖍𝖙 𝖎𝖘 𝖙𝖔𝖔 𝖒𝖚𝖈𝖍 𝖙𝖔 𝖇𝖆𝖗𝖊.
— task #03
— tw: menção: morte, fogo, agressão (leve) contra criança.
ʿ a tranquilidade no acampamento deveria ter sido sinal o suficiente de que as coisas iriam dar errado em breve. mas a falsa segurança lhe iludiu, se deixou ser envolto no silêncio da madrugada e relaxar, dormir. o sono já o tinha arrebatado profundamente quando, de repente, a paz foi interrompida por gritos estridentes que ecoaram pelo acampamento. em instantes, o alarme soou, um som agudo que anunciava a presença de um monstro. os gritos se transformaram em rugidos horríveis, cortando a noite, misturando-se com a voz de quíron e os sons dos semideuses se preparando para a batalha. sasha despertou, seu coração acelerado, a adrenalina correndo em suas veias. de novo não. sem fogo, sem água, por favor, rogou internamente para qualquer divindade que pudesse estar olhando por eles naquele momento. trêmulo e sem ter a certeza se deveria lutar contra o que estava sendo anunciado pelo alarme ou apenas se esconder nas sombras até aquele pesadelo passar, o semideus pegou rapidamente suas armas – a espada em uma mão e a kusarigama na outra – e saiu correndo do chalé. o caos se instalou tão rapidamente quanto era possível ali, com semideuses correndo em todas as direções, tentando se armar e se preparar para o ataque inevitável.
assim que sasha saiu, foi atingido por uma magia poderosa que o derrubou no chão. tentou resistir mas seu corpo foi forçado a ficar de joelhos. para qualquer espectador, seus olhos ficaram brancos, veias vermelhas apareceram em sua face enquanto o feitiço o dominava. sentiu-se sendo arrastado para um abismo escuro, onde o passado se mesclava com o presente de maneira terrível.
quando a visão se estabilizou, percebeu que estava no chão de uma floresta, o cheiro de fumaça impregnando o ar. seus ouvidos zumbiam e ele sentia dores por todo o corpo. à sua frente, uma cabana em chamas. sua antiga casa. o fogo ainda ardia, embora estivesse diminuindo aos poucos. estava de volta ao momento que perdeu a mãe? seu corpo tenso parecia pesado, menor. uma olhada para as mãos e podia ver que eram mãos infantis, era uma criança de novo. recebia uma segunda chance ou estava sendo torturado com a lembrança? não dava para ter certeza mas não havia realidade paralela em que ao ver a cabana em chamas, o pequeno sasha não entrasse para tentar salvar sua mãe.
a visão dentro da cabana era um pesadelo. a primeira coisa que viu foi sua mãe, caída no chão, imóvel. ao contrário do que realmente aconteceu, a mulher não agonizava presa embaixo de uma viga, ela já estava morta, mal dava para reconhecê-la; apenas parte do rosto era reconhecível e estava marcado em suas memórias como um carimbo. o coração de sasha apertou, mas o horror estava apenas começando. dessa vez nada explodiu, nada o expeliu para fora para acabar com seus tímpanos; mas o que acontecia era muito pior. bastou olhar ao redor para ver que havia mais corpos no chão. “não, isso não está certo! isso não aconteceu!” gritou alto, a voz soando crua com dor e desespero. as perninhas eram curtas, magricelas, sasha tinha que encolher suas asas mas estava com as costas tão doloridas que não dava para guardar, apenas as encolhia com sacrifício enquanto avançava pelo fogo. o primeiro que avistou foi nico, seu irmão; o corpo inerte e tão queimado como o da sua mãe lhe deixou tenso. nico não existia naquele passado, não deveria estar ali. junto a ele estavam kitty e sefa, suas irmãs; os três semideuses estavam caídos encolhidos contra a parede, presos por uma madeira que ainda se encontrava em chamas. o desespero crescia em seu peito, cada passo um tormento. os soluços da criança eram altos, navegava pelo fogo sem parecer ser queimado, embora a quentura sem dúvida fosse sentida.
no cômodo que parecia ser a cozinha. anastasia e bellami... cada uma delas caída em um canto. a criança não conseguia continuar, queria sair dali porque não havia nada o que pudesse fazer para salvá-los; mas como voltar se o caminho que percorreu tinha sido tomado já pelas chamas? havia uma janela mais a frente e era para lá que ia… até que tropeçasse em algo e caísse no chão com as mãos minúsculas em brasa quente. o grito de dor foi automático, ao tirar as mãos do chão sentiu o quão profunda era a queimadura. ao olhar para o lado confuso no que podia ter tropeçado… viu melis. os olhos abertos, as lágrimas caindo pela face machucada pelo fogo. “você está viva.” ele murmurou baixo, a voz infantil soando assustada e incrédula.
“por que você fez isso, sasha?” a garota perguntou… e então os soluços cessaram. ela estava morta também. o menino gritou, engatinhando até a semideusa ignorando as chamas, a brasa, as queimaduras que ganharia com aquilo. as mãos em carne viva foram colocadas na face alheia tentando fazê-la voltar a prestar atenção em si; aqueles olhos vazios, sem vida, não combinavam com a filha de hermes.
a dor e o desespero o sufocavam, não era apenas a fumaça e o fogo que o impediam de respirar. o som de seus próprios gritos era a única coisa que soava ali dentro junto com o barulho de madeira se despedaçando. cada pessoa, cada detalhe daquela visão era uma faca cravada em seu coração. e no fundo de tudo isso, o sentimento esmagador de impotência, a percepção de que não podia fazer nada para mudar o que havia acontecido; que de alguma forma parecia ser sua culpa. ao invés do fogo lhe consumir junto com a casa e com todas as pessoas que amava, as chamas… pararam. suas asas se esticaram enquanto os soluços escapavam livremente. quando abria os olhos, não havia mais corpos ao seu redor, não havia mais a cabana em chamas. porém ainda continuava uma criança sozinha, com as mãos no chão de terra enquanto chorava. o toque em sua cabeça veio de repente, um puxão no cabelo loiro e curto. o grito que soltou foi de susto ao ser arrastado para cima, colocado de pé forçadamente. “eu disse para você guardar essas asas nojentas. isso é tudo sua culpa!” a voz da mãe era rígida, irritada. o garoto ofegou, os olhos azuis assustados, o choro continuava mas de maneira silenciosa, confusa. a aparência da mãe não estava certa, metade da face queimada e tão escura que parecia quase carbonizada, a outra suja de terra, com poucos sinais da violência do fogo. “eu disse para você não falar com aqueles espíritos, para parar de ser esquisito. e o que você fez? me matou. a culpa foi sua, sua pequena aberração!” a força que a mulher segurava seu cabelo era o suficiente para arrancar alguns fios, seu grito agora era alto de dor. “você nos matou. você nunca passará de uma criança assustada que nunca consegue fazer algo certo.” o jeito como a mulher lhe jogou no chão foi abrupto mas tão familiar. tudo naquela cena era familiar demais.
ao atingir o chão, porém, sasha olhou rapidamente para cima; sua mãe vinha em sua direção com a mão erguida pronta para lhe atingir, mas antes que ela fizesse isso, ele gritou. e seu grito foi real, mas tão real que o puxou para fora daquela visão.
caiu para frente pois estava ajoelhado ainda na frente do chalé de hades. seu corpo tremia e os ouvidos zumbiam. não tinha colocado seu aparelho auditivo então sentia apenas as vibrações ao redor. não conseguia ouvir os próprios soluços e nem em seguida os próprios passos voltando para dentro do chalé.
apesar de reconhecer que não tinha passado de uma visão, sua mãe tinha razão em algo: sempre seria uma criança assustada no fim de tudo.
citados: @sefaygun ; @kittybt ; @ncstya ; @thxbellamour ; @melisezgin.
para: @silencehq
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girlneosworld · 6 months
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4. sincronia
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tw: tiro, ferimento, agressão, sangue, queimadura, cigarro, menção a drogas & overdose & convulsão. acho que é só.
vão me perdoar se eu postar um capítulo a cada trinta dias? sim? vão? amo vocês. perdão qualquer erro, boa leitura. ♡
— Ei, devagar — Jeno pragueja e você revira os olhos limpando a pinça ensanguentada na toalha molhada — Eu posso muito bem fazer isso sozinho.
O ignorando, concentra sua atenção em tirar a bala de borracha que está alojada no ombro esquerdo do Lee, faz uma careta enquanto mexe na pequena ferida aberta, sendo o mais cautelosa que consegue. Ouve os resmungos que o tenente profere a cada vez que a pinça move a bala, e devido a posição em que estão, sente a respiração pesada dele na sua testa suada sempre que ele sente dor.
— O que você está pensando em fazer? — de repente ele volta a falar, agora em um tom mais baixo que antes. Você levanta os olhos na direção dele brevemente.
— Fazer sobre o quê? — pergunta no mesmo volume e vê quando Jeno bufa, impaciente.
— Como assim "sobre o quê"? A gente precisa fazer alguma coisa com tudo isso que nos falaram — explica exasperado e se remexe no banco — Até um tiro eu levei.
Você suspira e finalmente consegue arrancar a bala do ombro masculino. A coloca sobre uma das folhas de jornal no chão e mergulha a toalha branca na tigela com soro ao seu lado, limpando o sangue em seguida. Ao mesmo tempo, nega com a cabeça.
— Não tava preparada pra ouvir tudo aquilo, muito menos sei o que fazer com essas informações — responde e dá de ombros — E, sinceramente, muda alguma coisa?
— Você disse que os avisaria caso tivesse notícias, deu esperança a eles — Jeno aponta, o rosto retorcido quando sente sua ferida latejar — Isso não vai infeccionar, não, né? Não quero perder meu braço.
Você faz que não, revirando os olhos diante do drama, e ele suspira aliviado. O Lee provavelmente já foi baleado com balas piores em lugares piores ainda para estar tão preocupado.
— Como eu poderia não dar esperanças a eles, Jeno? Vocês ouviu tudo que eu ouvi — diz, aflita, e termina de limpar a pele branquinha dele, pegando os esparadrapos e curativos que trouxeram do hospital.
O rapaz se remexe. Ouviu, sim, as mesmas coisas que você. E é por isso que se sente tão incomodado.
Depois que foi baleado e caiu no chão pelo susto e pela dor repentina, você parou estática no mesmo instante. Os olhos se arregalaram e a respiração travou na garganta, viu o atirador atrás da árvore, gritando para que se desarmassem e colocassem as mãos na cabeça. Não tinham como saber se estavam cercados ou se eram apenas vocês três. Esperava, do fundo do seu coração, que estivesse certa a segunda opção, pois assim estariam de igual para igual uma vez que Jeno estava ferido e provavelmente não conseguiria se defender de imediato.
Então, não obedecendo ao que foi gritado, aponta seu fuzil na direção da árvore. Sua precisão era incomparável, é ágil em atirar no tronco e logo outro disparo é feito contra vocês, esse que passa longe de te acertar. Franze o cenho diante do péssimo tiro e vê a pessoa tremendo ao constatar que não restavam mais balas em sua arma. A situação é cômica, de certa forma, percebe logo que provavelmente era para Jeno ter sido atingido na cabeça ou em outra região mais crítica, mas a falta de habilidade do atirador levou o tiro para o ombro do Lee.
Em passos precisos você vai até o garoto, esse que fica pálido no mesmo instante e tenta correr, mas é impedido quando acerta um chute na parte traseira dos joelhos dele e fica sobre suas costas quando ele cai. Aponta o fuzil para a cabeça deitada no chão e se aproxima do ouvido alheio.
— Vai me falar quem você é e vai me falar agora — esbraveja entre dentes e encosta o cano da arma na nuca dele — Não tenho motivos pra não te matar se decidir não colaborar.
Ele se embola com as palavras quando tenta te responder, se contorce e consegue senti-lo tremer sob você. Seu peito sobe e desce com velocidade, a adrenalina tomando conta de todo o seu corpo. Olha para Jeno de relance e o vê segurando o ombro enquanto tenta estancar o sangramento, se levantando e indo até onde estavam.
— Eu sou... Sou o... — o garoto engasga para dizer e você bufa, sai de cima dele rapidamente e o vira de barriga para cima, mirando na testa escondida pela touca que ele usa. Observa o rosto jovial dele, era provavelmente uns seis anos mais novo que vocês e parecia assustado para se dizer o mínimo — Porcos imundos.
Jeno, que estava de costas checando as balas esquecidas no chão, se assusta quando ouve o impacto do fuzil acertando o rosto do menino. Você o bate agressivamente com a arma, o nariz bonito imediatamente começa a sangrar e fica vermelho, ele geme de dor. Segura as bochechas dele entre seus dedos com força e se aproxima ainda mais.
— Seu merdinha, eu deveria estourar seus miolos por ter atirado nele e agora ainda mais por ser um pivete sem educação — sussurra com a voz arranhada — Última chance. Quem é você?
Move a mão para o gatilho novamente para que ele consigo te responder e ouve Jeno se aproximando atrás de vocês.
— Eu não vou te falar. Me mata se quiser, é só isso que vocês sabem fazer. Assassinos — e então, para reforçar o que diz, ele levanta minimamente o tronco e cospe no seu rosto.
A sua primeira reação é fechar os olhos com força, sente a saliva escorrendo pela sua bochecha ao mesmo tempo que sente a raiva controlando seus movimentos. Sua próxima ação é destravar sua arma e se preparar para cumprir com o que havia dito, mas ouve passos de alguém correndo e Jeno destravando a própria arma. Apoia o joelho no rosto do garoto embaixo de si e se vira para trás, vendo uma garota de cabelos longos e roupas de frio parada diante do Lee, olhando apavorada para a cena em que se depara.
— Ai, meu Deus — ela arregala os olhos e alterna o olhar entre vocês três — Por favor, não mata ele. Eu te imploro. Por favor.
— Ele atirou em mim primeiro, sem motivo algum — Jeno aponta para vocês dois no chão — Vai precisar ser mais convincente.
A garota assente com a cabeça diversas vezes e levanta as mãos em sinal de rendição, dando dois passos na direção do Lee. Ela engole em seco, nervosa.
— Não somos perigosos, eu juro — você ergue uma sobrancelha quando ouve aquilo — Acontece que estamos procurando uma coisa muito importante. Uma pessoa.
— E o que isso implica no seu amigo tentando matar um de nós...? — semicerra os olhos.
— É uma situação complicada. Vocês meio que podem estar envolvidos — ela tenta explicar com a voz trêmula, desvia o olhar de você para o garoto no chão — E você, seu imbecil, tá querendo se matar?
— Esses vermes estão com ela, Zizzy — ele murmura mesmo que não conseguisse enxergá-la do lugar onde estava — Você teria feito o mesmo.
— Não teria, não! — se defende imediatamente, olhando assustada para você e o outro tenente, vocês que por sua vez conversam silenciosamente tentando entender do que eles falavam — Se não fosse tão idiota nós podíamos ter pedido ajuda.
Ele ri sarcasticamente.
— Não vai rolar.
— Do que é que vocês estão falando? — Jeno os interrompe para perguntar — Ajudar com quê?
A garota suspira.
— Uma amiga nossa sumiu há um tempo atrás, bem no começo, quando as pragas ainda estavam chegando na cidade — ela começa a explicar — E nós queremos a ajuda de vocês porque a última vez que a vimos ela estava sendo levada por uma viatura.
— Ela não é minha amiga. É minha namorada — corrige o garoto e te olha em seguida — Vi pelo seu moletom e o boné dele que são policiais.
Você revira os olhos.
— E achou inteligente atirar em um policial? — perguntou de forma retórica — Olha só, menina, não acho que a gente consiga ajudar vocês. A polícia da cidade está unicamente voltada para o controle das pragas agora. Não há o que possamos fazer.
— Vocês tem que saber alguma coisa — começa a se aproximar mas logo é parada pela arma de Jeno apontada na direção dela — Por favor. Estamos desesperados.
— Quem é essa sua amiga, afinal? — o Lee pergunta.
— O nome dela é Eunha. Kwon Eunha.
Você e Jeno se olham imediatamente, as expressões de ambos se iluminando ao mesmo tempo. Não era possível.
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No final da rua havia uma farmácia de família, o comércio ficava no primeiro andar e no segundo estava a casa em que viviam. Mas estava abandonada desde o começo do apocalipse, e desde então Zoe e seu amigo têm vivido alí. Estava tudo surpreendentemente conservado na casa, eles tinham móveis inteiros e um sistema de segurança muito eficaz.
Depois de libertar o garoto, você e Jeno debateram brevemente sobre o que fariam com aquela situação. Entraram num rápido consenso e então seguiram a garota até lá para que conversassem melhor, não querendo arriscar que o som dos disparos tenha atraído alguma praga — mesmo que a sua estivesse com o silenciador. Logo está sentada no pequeno sofá ao lado do Lee e ouve atentamente ao que eles contam a vocês.
— Ela vinha tendo muitas convulsões, por causa da epilepsia. Provavelmente acontecia por causa das drogas — o garoto que se apresentou como Wonbin diz. Ele está sentadobno chão em frente a vocês com uma compressa de gelo no nariz quebrado e Zoe termina de passar uma pomada nos ferimentos no rosto dele.
— Drogas? — Jeno pergunta.
— Sim — continua — Eunha se viciou. No começo ela fazia pra tentar se enturmar, eu nunca gostei, mas não adiantava falar. Ela começou fumando maconha e tomando LSD, mas em pouco tempo já usava de tudo.
— Mas vocês sabem o que pode ter feito com que ela se viciasse? Não deve ter sido de repente — você corre os olhos por eles e ouve Zoe suspirar.
— A gente acha que ela passava por problemas em casa, mas Eunha nunca falava de casa e nem da família dela — a garota te diz — Vivia cheia de marcas, muito abatida. Não saía durante o dia, nem para a escola, era educada em casa. Só conseguíamos falar com ela a noite, quando ela fugia.
Assente, pedindo para que continuassem a contar.
— Quando a gente começou a namorar, eu de cara percebi que tinha alguma coisa errada. Ela nunca nem cogitou me apresentar pra família dela, parece que tinha medo. Em uma das festas que outro amigo nosso deu, ela teve a primeira convulsão na nossa frente, foi desesperador. Mas não nos deixaram entrar no hospital, só fomos ter notícia dela três semanas depois. Não pelo celular, Eunha não tinha mais celular. Logo ela fugiu de novo e nos contou que tinha recebido o laudo da epilepsia. Foi um baque, eu tentei impedir que ela continuasse usando as drogas mas já era tarde demais. Nada a fazia parar.
— A última vez que a gente se viu o apocalipse já tinha começado, mas não tinha chegado na cidade ainda, pelo menos não por aqui. Foi no SaxyClub, uma balada que íamos sempre. Ela estava com o rosto muito pálido, muito magra. Não usava os vestidos bonitos que ela tinha, estava usando um moletom pra cobrir as marcas que eu nunca descobri de onde vinham — Zoe diz com a voz embargada — Eunha teve outra convulsão depois de injetar heroína na veia, no banheiro da balada. Ou uma overdose. Nunca tive certeza.
Você arregala os olhos e olha para Jeno que fazia um curativo em si mesmo de qualquer jeito, ele tem um semblante aflito no rosto, não muito diferente de você. Te parte o coração ouvir tudo aquilo.
— Fui no banheiro ver o porquê da demora e meu mundo deve ter caído naquela hora. Ela estava jogada no chão, o corpo tremia muito, os olhos se reviravam com muita força. Saía uma espuma branca da boca dela e ela não me respondia, eu nunca mais consegui falar com a Eunha — a voz chorosa de Zoe diz. A garota brinca com os próprios dedos para se distrair, mas não consegue esconder a angústia enquanto fala — Essa é a última imagem que eu tenho da minha amiga. Minha melhor amiga. Chamei o socorro, quase não consegui responder quando me perguntaram o nome dela, eu estava desesperada, vendo ela caída no chão daquele jeito. Mas não foi a ambulância que chegou, foi uma viatura. Não lembro quantos foram, mas saíram muitos policiais de lá e a levaram pra fora. Eunha nunca mais apareceu, não sabemos o que aconteceu com ela. E isso é tudo culpa minha. Eu que saía com ela, que incentivava a fugir. Nunca vou me perdoar. Vou carregar pra sempre a imagem da minha melhor amiga se contorcendo em agonia no chão, a boca dela espumando, ela engasgada no próprio vômito, sufocando. Tudo que eu preciso saber é se está tudo bem, se ela acordou no dia seguinte, se minha Eunha está saudável. Caso o contrário eu vou conviver pra sempre com essa culpa. Pra sempre com essa saudade. E é só por isso que temos tanta raiva da polícia dessa cidade. Por isso Wonbin atirou, e agora eu peço desculpas. Só estamos desesperados por qualquer sinal que seja. Vocês entendem, não entendem?
Ela para de falar e seu choro se intensifica. Wonbin também tem as lágrimas molhando o próprio rosto e a sala fica em silêncio. Sua cabeça fica a mil, as mãos chegam até a tremer. Olha para a menina que chora copiosamente e suspira, trêmula, temendo que seja você quem dará a notícia a ela, provavelmente a mais difícil que já ouviu. Sente a própria garganta fechando e não tenta encontrar coragem para falar. Olha de relance para seu parceiro e respira fundo.
— Zoe... — sussurra. Ela levanta a cabeça e te olha, o rosto vermelho e molhado, o lábio inferior tremendo. Você suspira e pega na mão gelada dela, a acariciando — A Eunha morreu.
O restante da cena foi muito doloroso de presenciar, seus próprios olhos marejaram ao ver a tristeza e o choque passar pelos rostos dos dois adolescentes. E mesmo depois de algumas horas, sentada no banco traseiro do camburão enquanto, com muita insistência da sua parte, limpa o ombro baleado de Jeno, seu coração continua apertado dentro do peito. Não sabe o porquê de se sentir tão afetada, tenta se distrair mergulhando o esparadrapo no soro.
Jeno te observa. Consegue ver a aflição enfeitando o seu rosto cansado e abatido, até esquece que tinha decidido te ignorar horas antes. Também martela na própria cabeça tudo o que aconteceu, tentando procurar uma solução desnecessária para aquela situação. No fim, eram só informações que receberam, não tinha nada que pudessem fazer agora que tinham ciência da causa da morte de Eunha. Ela teve uma overdose e isso deveria ser tudo.
— Foi uma coincidência e tanto — ele diz do nada, depois de ficarem vários minutos em silêncio. Você se afasta um pouco para cortar a gaze e assente, suspirando.
— É. Quais as chances disso acontecer justo quando saímos do hospital com a certidão de óbito dela? — murmura — Não consigo nem imaginar como eles estão sofrendo, é uma notícia muito dolorosa de se digerir. Ainda mais no cenário atual.
— Como será que ela virou a principal opção de amostra da cura? — Jeno pergunta, não exatamente para você, mas te faz pensar igualmente sobre a questão que ele traz.
— Sinceramente? Não faço ideia — dá de ombros e finalmente termina de fazer o curativo — Prontinho. Amanhã você limpa e faz outro. Tem que cuidar pra não piorar. Sorte que era uma bala de borracha.
Jeno assente e continua te olhando enquanto você junta tudo que estava usando. Joga as coisas dentro de uma das mochilas e, quando sente o olhar dele sobre você, arquea uma sobrancelha.
— O que foi? Tem sangue no meu rosto? — passa as mãos sobre a testa e as bochechas, tentando se limpar. Ele nega — Para de me olhar assim.
— Assim como?
— Como se quisesse agradecer — faz uma careta e desvia o olhar.
— Não quero. Não te pedi pra fazer nada — o tenente resmunga. Ele checa a hora no seu relógio de pulso e bufa — Ainda temos tempo de ir até Sunvylle hoje. Tá cedo.
Você assente e vai para a parte da frente do carro, se sentando no banco do motorista. Mexe no porta-luvas enquanto Jeno dá a volta para se sentar ao seu lado e acha os celulares que ele pegou de algum carro quando entraram na rodovia, alguns dias antes. Pega um deles e pressiona o botão lateral na esperança de que ele ligasse. Estava em perfeito estado e tinha um fone de ouvido branco e embolado plugado a entrada. Quando vê a tela acender e o aparelho começar a ligar você dá um sorrisinho empolgado.
— Tinha me esquecido disso — Jeno diz quando se senta no banco do carona — Esse ainda funciona, o outro, não.
O celular finalmente liga e aparece a tela de bloqueio, o relógio marca que são oito e vinte e seis da manhã. Desliza o dedo sobre a tela e o desbloqueia.
— Sem senha? — murmura.
— Eu resetei, tá sem nada. Tinha deixado desligado pra economizar a bateria — você assente e olha para ele com o cenho franzido.
— Quando foi que você fez isso? Nunca te vi mexendo nos celulares — pergunta e olha quanto de carga ainda restava, pouco mais da metade. Abre o aplicativo da câmera e se depara com a câmera frontal. Olha o seu próprio reflexo e faz uma careta pelo seu estado. Tem algumas manchas no rosto e olheiras começando a aparecer, vira a cabeça para os lados e checa todos os seus ângulos. O cabelo está preso como tem estado nos últimos dias, e ao perceber esse detalhe, você apoia o celular no parabrisa e o solta, ajeitando com os dedos do jeito que consegue — Pega meu boné alí na mochila, por favor.
— Fiz enquanto estava dormindo, por isso você não viu — faz o que pediu e te entrega o objeto, observando você colocá-lo sobre a cabeça e piscar um olho para a câmera, tirando uma foto. Depois de analisar por alguns segundos, a coloca como papel de parede — Sabe que ele não é só seu, não sabe?
Você se vira para Jeno e estende o aparelho para ele, que te olha confuso.
— Vai. Tira uma você também — fala — Se a gente morrer vamos ter registros, pelo menos.
— Claro que vamos ter registros, nós servimos o nosso país por anos... — resmunga enquanto pega o celular da sua mão e posiciona o rosto na frente da lente — Já estive melhor.
— Todos nós — dá uma risadinha. O observa empurrar a franja para dentro do próprio boné e fazer várias expressões sem tirar foto de nenhuma delas. Ele distancia e aproxima o celular do rosto, muda o ângulo e a iluminação várias vezes até bufar impaciente — Que droga. Quanto tempo tem desde que eu tirei uma foto pela última vez?
— Não é tão complicado, Jeno — revira os olhos. Jeno bate uma única foto de cima para baixo, o rosto coberto pelo boné. Você bate a língua no céu da boca em reprovação e toma o celular dele — Aqui, vira pra mim.
Ele nega com cabeça, se cobrindo com as mãos. Você coloca a câmera no modo traseiro e aponta na direção dele.
— Para, Borboleta. Deixa isso pra lá — resmunga, te ouvindo rir. Logo ouve vários cliques seguidos, você se dedica tanto nas fotos que até se escora na porta do carro — Você é muito chata, nossa.
— Relaxa aí, tenente Lee. É só uma fotinha — usa os dedos em forma de pinça para dar zoom nos rosto dele. Estica uma das pernas e encosta o pé coberto pela bota no ombro bom dele — Olha pra mim.
— Vai dirigir — ele pragueja, tentando te ignorar. Sem sucesso, você o cutuca de novo, agora na região da costela — Me deixa quieto.
Ainda não satisfeita, atinge o mesmo local outra vez. Vê quando a sombra de um sorriso aparece no rosto de Jeno, que tenta ao máximo segurar a risada quando começa a sentir cócegas. Você continua na missão e usa o pé para fazê-lo sorrir para a sua foto, o que não demora muito para acontecer. Ele dá um sorriso soprado antes de agarrar sua panturrilha e te fazer parar. Felizmente, conseguiu tirar sua tão desejada fotografia. Tanto do momento em que ele sorri, quanto do momento em ele te olha e você, enfim, se dá por satisfeita.
— Pronto, tirei. Doeu? — pergunta ironicamente e mostra as capturas para ele que só faz revirar os olhos, não se importando tanto quanto você — Se te deixa feliz, eu sou a tela de bloqueio e você é a tela inicial.
— Tá, tá — desdenha — Agora, se não for pedir muito, dirige essa merda.
Você levanta as mãos em rendição e liga o camburão.
— Tudo bem, senhor rabugento.
Como está concentrada em fazer a baliza para sair daquela rua, não consegue ver, mas Jeno desvia o olhar para a sua janela e esconde o sorriso com as mãos.
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Na ponta dos pés, a loira atravessa a janela do próprio quarto e a fecha em seguida, suspirando aliviada que tenha conseguido entrar. Caminha até o interruptor e acende a luz, se assustando quando vê seu pai sentado na poltrona ao lado da cama.
— Ia dormir sem dar boa noite?
Eunha para no lugar, estática. O coração da menina bate desenfreado, sentindo que teria problemas. Grandes problemas.
— Papai, eu... — tenta se defender mas é interrompida.
— Achei que tinha sido claro o suficiente quando te disse que estava proibida de sair — o homem diz com a voz grave e baixa — E olhe só pra você.
— Eu não aguento ficar trancada dentro de casa, o dia inteiro, sozinha — ela se aproxima do pai e se ajoelha — Nem a mamãe fala comigo mais. Eu fico tão triste. É muito solitário aqui. Só quero um pouco de ar. Sinto como se eu fosse um animal, preso. Uma criminosa. Mas eu só queria viver um pouquinho a minha vida, papai.
Ele não dá ouvidos e, ao invés disso, funga duas vezes. Imediatamente Eunha fecha os olhos, derrotada. Os sente ardendo, odeia como se sente insignificante. Ignorada. Invalidada.
— Esse cheiro de cigarro, que coisa horrorosa — murmura ele, com decepção — Pega o cigarro. Agora.
— Eu não...
— Sei que você tem. Pega, anda — a garota pega, tremendo, o maço no bolso da calça e faz menção de entregar, mas ele nega — Acende. E tira a blusa.
Eunha engole em seco e pega o isqueiro também do bolso, separa um cigarro e aproxima a chama, vendo o tabaco queimar aos poucos. Olha para cima, então. Dessa vez o pai pega, o colocando entre os dedos. Primeiro ele dá uma tragada profunda enquanto assiste a garota, hesitante, passar o moletom pela cabeça. Logo ela está apenas com o top rosa cobrindo seus seios.
— O sutiã também.
Com as mãos trêmulas ela faz com lhe é dito, ficando agora nua da barriga para cima. Eunha abaixa a cabeça, se sente tão humilhada. Os olhos se embaçam e a respiração falha, a garota funga um par de vezes. Sabe o que vem pela frente.
— Pai, por favor — pede com a voz chorosa, suplica — Não faz isso comigo. De novo não.
— Vamos ver se agora você fica um pouco mais obediente.
O homem, então, aproxima o cigarro aceso da barriga dela e a queima com a chama, pressiona até que se apague. Eunha uiva com a sensação, sente sua pele carbonizando aos poucos. Morde o lábio inferior com força até que sinta o gosto de sangue, tentando se distrair da sensação do fogo a queimando de forma torturante, devagar.
— Acende de novo.
Dessa vez ele queima a clavícula, e depois seu ombro, então o espaço entre os seios e em seguida o pescoço. O cigarro se reacende várias vezes, substituindo as antigas marcas com as novas. A Kwon chora baixinho, com medo de acordar sua mãe, apoia as mãos no braço da poltrona e afunda as unha alí para descontar dor. Faz o mínimo de barulho possível e aceita seu castigo sem reclamar. Sabe que se pedisse para que ele parasse seria pior, muito pior. Por isso não diz uma palavra se quer quando sente o cigarro queimar a pele da sua bochecha e a ferida arder ainda mais quando é molhada pelas lágrimas da menina.
Quando acorda no dia seguinte, ainda só com as roupas debaixo e deitada no chão frio do quarto, sua janela e sua porta estão trancadas por um cadeado.
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izzynichs · 3 months
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A FAMÍLIA QUE ELA NÃO ESCOLHEU
Rose • 75 • madrasta • Barbra Streisand Colin • 75 • pai • Jeremy Irons Deméter • deusa • mãe • Idina Menzel Ian • 50 • irmão • Eric Dane Matteo • 46 • irmão • Milo Ventimiglia Scott • 42 • irmão • Ashton Kutcher Isabella • 30 • irmã • Crystal Reed
PARTE 2 (o marido e a filha)
abaixo do read more, uma descrição melhor sobre cada um e a relação deles.
TW: menção à relacionamento abusivo e agressão física doméstica
Rose é a esposa oficial de Colin, a qual foi traída diversas vezes, inclusive com Deméter. A relação das duas é neutra. Cordial, educada, trocam felicitações forçadas em datas festivas, cumprimentam no dia a dia e apenas isso. Rose não é ruim, apenas amargurada e deprimida demais para tentar exercer um papel de mãe, quando não fazia sequer com os próprios filhos. Oprimida, não tem voz dentro da própria casa, mas não tem forças para largar o marido, pois tem medo de ficar sozinha e não conseguir se sustentar.
Colin é o pai perverso, que até hoje Isabella não entende o que fez com que Deméter sentisse atraída por ele. Quando jovem, era um homem bonito, inteligente, educado... Tudo pose para atrair mulheres. E conseguia. Sempre tomava cuidado para não engravidar nenhuma das amantes, mas ao descobrir que Deméter era uma deusa grega, quis engravidá-la apenas para dizer que tinha uma filha semideusa. E era isso o que Isabella era para ele: uma espécie de prêmio, feita para provar que ele já esteve com uma deusa. Não que ele pudesse exibir isso por aí, afinal logo descobriu que ter uma semideusa em casa atraía monstros, e ele precisou guardar para si o seu ego. Esse era apenas um dos motivos pelo qual desprezava a própria filha: ela não tinha mais serventia para ele.
Deméter arrepende-se de ter engravidado do homem por tê-lo visto criando Isabella como um péssimo pai, mas ao vê-lo sendo bom para os três filhos homens, acreditou que sua menina estaria em boas mãos. No entanto, levou alguns bons anos para tomar alguma atitude e tirar a filha daquela casa. Foi ela, pessoalmente, quem falou com Ártemis para enviar caçadoras para ajudar a pequena na jornada até o acampamento - mas Isabella nunca soube disso. Não demorou a reclamar a filha, o poder dela sendo grande indicativo de quem ela era herdeira, mas apesar da relação complicada das duas por conta do rancor de Isabella, a deusa possui grande estima e orgulho do que ela se tornou. O nome Isabella, inclusive, foi escolhido por ela. Chamava-a de Bella, assim como os outros na casa, mas ao descobrir que o apelido fora dado pela mãe, Izzy pediu que nunca mais a chamassem assim.
Ian, Matteo e Scott são os três irmãos mais velhos e a relação de todos eles com ela é a mesma. Varia entre indiferença e implicâncias, nunca demonstrando carinho ou afeto. Tanto por inveja dos dons e da descendência da caçula, quanto porque tinham medo dela - mas jamais admitiriam. Acreditavam que tratando-a como inferior, ela se sentiria assim e não se tornaria uma ameaça, mas Isabella sempre foi atrevida e se nunca usou o seu poder com os irmãos antes, é por não tê-lo descoberto. São machistas, opressores e tratam mulheres como objetos. Mesmo quando se casaram, seguiam os passos do pai: eram infiéis, agrediam elas e eram péssimos pais. Isabella foi embora antes de conhecer os sobrinhos, e por manter contato zero com a família, não faz ideia de seus nomes, idades ou aparência. Sequer sabe com quem os irmãos se casaram, apenas cresceu vendo-os tratarem qualquer mulher com que se envolviam como se fossem inferiores. Por conta dos três e do pai, Isabella nunca teve uma boa referência de como é amar e ser amada, de como estar em um relacionamento saudável, e tudo o que sabe sobre amor e família aprendeu no acampamento.
Obs.: Isabella presenciou diversas vezes o pai bater na madrasta e os irmãos baterem nas namoradas. Ela foi agredida algumas vezes no início da infância, tanto pelo pai, quanto pelos irmãos, mas de repente parou. Nunca soube o motivo, mas Deméter interviu e ameaçou diretamente o homem, que o transformaria em um espantalho vivo caso ele tocasse nela de novo. Então, Isabella apenas nunca foi agredida seriamente por conta da mãe e porque, antes mesmo que ela soubesse, eles conheciam sua origem semideusa e passaram a ter medo dela e do poder dela. Apenas quando chegou ao acampamento e descobriu quem era de verdade que entendeu o motivo de nunca ter apanhado tanto dos homens de sua antiga casa, ainda que não soubesse que Deméter a defendeu.
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edhelan-bouer · 26 days
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Se a vida de EDHELAN BOUER fosse virar um filme, CONTROL de HALSEY com certeza faria parte da trilha sonora, tocando em seu aniversário de VINTE E TRÊS ANOS e acompanhando-a durante sua rotina como ATENDENTE NA GROOVE RECORDS, COMPOSITORA E CANTORA. Quem sabe até não justificaria o motivo DELA ser tão CRIATIVA, mas ao mesmo tempo tão VINGATIVA? Isso eu já não sei, mas acho que AVITAL LANGER ficaria ótima no papel!
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ seu fervor incendeia. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ele irradia pressa em hipnotizar, ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ atiça a fornalha. sua necessidade é se alimentar, ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ a sede por fogo é tudo que vê.
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𝒑𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏𝒂𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 ─── é uma mistura complexa de força, astúcia, determinação e vulnerabilidade. pode ser considerada uma jovem um pouco explosiva, apesar de se esforçar quando se trata do trabalho, já que é responsável com suas obrigações. se caso alguém cause um sentimento de desconforto em edhelan ela se lembrará de cada detalhe e até poderá usar isso contra a pessoa, já que além de possuir uma boa memória, ela é vingativa, sendo uma de suas barreiras emocionais que encontrou para se sentir segura.
confia em pouquíssimas pessoas, e as quais são premiadas com isso serão realmente pessoas de sorte. ela não é de expor sua vida pessoal, mas quando se tem uma proximidade maior com a pessoa pode revelar algumas coisas. por isso, dificilmente ela irá cair em uma lábia qualquer. por ser mentalmente instável muitas vezes acaba tomando decisões ruins, agindo pelos sentimentos momentâneos.
é uma mestre em utilidade, assim como os romanos, só cria algo se for para praticidade, e não só para enfeites. as vezes é comparada com uma pessoa fria e sem coração, o que de certo forma de aplica muito bem a garota. seu sorriso não é difícil de aparecer, mas nem sempre ele será verdadeiro. nunca foi de gostar de pessoas que a atrapalha quando está concentrada em algo importante, o que causa uma leve alteração em seu humor, ainda mais quando ela está compondo. gosta de curtir o momento sozinha.
o ruim de ser a garota, é simplesmente pelo fato de que ela não consegue muito bem comunicar com as pessoas com todo o trauma que passou em sua adolescência, o que a traz uma fama de anti-social, ou até mesmo antipática. involuntariamente ela acaba sendo, mas algumas vezes ela se esforça para não transparecer. sempre foi muito determinada, vai atrás de suas metas, e não espera ajuda de ninguém, muito menos espera um milagre. independente ao extremo, não aceita facilmente a ajuda das pessoas. assim como muitos, odeia que seu orgulho seja destruído, fazendo com que todas as coisas que diz sejam verdades, e não se deixa provar o contrário. mantém em mente sua meta, e até cumpri-la, não sossega nem um pouco.
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𝐛𝐢𝐨𝐠𝐫𝐚𝐟𝐢𝐚 ─── tw: agressão; drogas; abuso; problemas familiares
edhelan bouer foi uma garota que cresceu em um lar bem problemático. o amor era uma palavra distante e desconhecida. seu pai após um deslize mental foi lentamente consumido pelo vício das drogas, transformando-se em uma presença sombria e ameaçadora em sua vida. não se recorda de como as coisas eram antes desse episódio. as palavras que saíam da boca de seu pai que ela ouvia quando era pequena eram como lâminas carregadas de desprezo. "você não deveria ter nascido", "ter você foi um erro". ele repetia incessantemente, e com o tempo, inconscientemente edhelan começou a acreditar que aquelas palavras eram verdade.
sua mãe, uma mulher pacífica e calorosa, havia se tornado uma figura apagada, com os ombros sempre curvados e os olhos sempre distantes. apesar de sua mãe tentar demonstrar que ela era amada e querida, muitas vezes ela descontava na filha, a afastando. um dos motivos que levou edhelan a aprender a guardar seus sentimentos, a esconder sua dor para não ser um fardo.
a maior tragédia da sua vida ocorreu com seus 10 anos, golpeando-a de forma irreparável. a única pessoa que ainda trazia algum conforto era sua mãe e ela faleceu repentinamente. ou não tão repentinamente. após uma noite em que pai voltou bêbado para casa, ed foi tentar confrontá-lo. claro que como uma criança ela não podia fazer nada, mas tudo aquilo a irritava profundamente. seu pai nunca havia batido nela antes, mas nesse dia ele fez. sua mãe, num ato desesperado, tentou pará-lo, causando mais ódio e briga. na manhã seguinte, a notícia. o choque foi devastador para uma criança de apenas 10 anos. edhelan não entendia o que estava acontecendo mas se culpou. logo após o ocorrido seu pai desapareceu. toda essa situação fez com que ela se sentisse como se estivesse afundando em um abismo sem fundo. como não possuía familiar que cuidaria dela, foi enviada para um orfanato, um lugar que se tornou o palco de seus piores pesadelos.
o local para onde edhelan foi enviada era um lugar frio e desumano. infelizmente ela não nasceu com a sorte ao seu favor. as regras do orfanato eram rígidas e inflexíveis, e as crianças eram tratadas como números, não como seres humanos. ainda em choque pela perda recente, foi forçada a se adaptar rapidamente a essa nova realidade.
a vida no orfanato era solitária. as outras crianças, muitas delas marcadas por suas próprias tragédias, eram agressivas ou simplesmente indiferentes. a amizade era um luxo que edhelan não podia se permitir, pois ela já havia aprendido que se apegar a alguém só levava à dor. ss adultos responsáveis pelo orfanato eram distantes, focados em manter a ordem, e não em oferecer apoio emocional. demonstrar sentimentos era um risco que a garota não podia correr.
foi lá que ela começou a buscar uma forma de escapar de sua realidade. durante as noites silenciosas no orfanato, enquanto as outras crianças dormiam, ela ficava acordada, criando melodias em sua mente. no início, era apenas um murmúrio, uma forma de se acalmar em meio ao caos. mas, com o tempo, a música se tornou algo mais profundo, uma forma de expressão onde ela podia derramar todas as emoções que era forçada a reprimir durante o dia.
edhelan somente tinha acesso a um piano antigo. fez muito para merecer poder aprender a tocá-lo. além disso, ela inventava canções, escrevia letras na mente, e essas composições se tornaram sua única companhia verdadeira. cada melodia era uma fuga, uma viagem para longe do orfanato, para longe de uma vida que parecia destinada a ser apenas dor e sofrimento.
conforme foi crescendo e os hormônios foram tomando conta, surgiu algumas momentos de rebeldia, como uma resposta à dor que sentia. se tornou uma adolescente difícil, desafiando a autoridade dos cuidadores do orfanato e recusando-se a seguir as regras. era a única forma que ela tinha de sentir que ainda tinha algum controle sobre sua vida. mas essa rebeldia não era apenas uma revolta superficial; era um grito desesperado por ajuda, por alguém que pudesse entender a angústia que ela carregava.
até completar seus 18 anos tentou não ser adotada. não queria viver num lar que para ela era apenas uma ilusão. após atingir a maioridade deixou o orfanato, mas as cicatrizes emocionais estavam profundamente gravadas em sua alma. nesse meio tempo ela recebia uma mesada por ajudar nas tarefas domésticas e conseguiu juntar um bom dinheiro para se mudar para uma kitnet. após um tempo, encontrou por acaso a groove records e conseguiu conseguiu um emprego como atendente. estar cercada por música era uma forma de se manter conectada à única coisa que a havia mantido viva durante todos aqueles anos.
edhelan continuou a compor e a cantar, utilizando as noites para se apresentar em pequenos bares locais. suas músicas, carregadas de emoção, raramente eram compreendidas pelo público, mas para ela, essas apresentações eram vitais. cada vez que subia ao palco, ela sentia que estava exorcizando um pouco da dor que ainda carregava.
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𝐞𝐱𝐭𝐫𝐚 ─── nasceu e cresceu em bray; participa bastante do cineclube.
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jeognmin · 6 months
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ did you ever wonder? yeah, do you ever wonder what he might be going through on his own? and the demons that he's facing alone? i hate that sometimes i can't go home and it ain't just the same on the phone, no. but everybody's gotta go on, don't they? so if you need a hero, just look in the mirror. no one's gonna save you now, so you better save yourself.
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤlee jeongmin. min-min, nascido há 26 anos. residente do haneul desde que nasceu.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ( + ) charmoso ;ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ( - ) autoritário ;
━━ TRIVIA ;
(11/11), escorpiano 
bissexual, solteiro
ex-militar, motorista particular e pedreiro em construção civil
━━ BACKSTORY ;
tw: alcoolismo, abuso,agressão física, abandono parental.
A vida não foi muito gentil com Jeongmin. O segundo filho de um casal problemático, testemunhou desde cedo os problemas da família, que iam muito além do pai alcoólatra e com tendências abusivas. Ainda que fosse realmente ruim quando o homem descontava as frustrações da vida miserável em copos de bebida e voltava para casa para descontar um pouco mais na família. Sua mãe sempre o enfrentava, confrontava, sem qualquer intenção de esconder de qualquer um dos quatro filhos o quanto aquela relação era estranha e difícil. Da mais velha, aos dois meninos, à cacula. Ninguém escapou de ver as discussões do pais. O que normalmente fazia com que a mais velha tivesse que tomar as rédeas da situação e tirar as crianças do apartamento, para tentar diminuir o estrago.
Jeongmin tinha apenas dez anos de idade quando a sua vida já bagunçada deu uma nova reviravolta: a mãe abandonou a família, deixando uma carta para trás, alegando que estava cansada daquela vida. Como se fosse a única. Assim, os quatro ficaram sob a responsabilidade do pai, que era um verdadeiro irresponsável. A decisão foi difícil, mas entre deixar que a família acabasse separada por alguma instituição do governo e permanecerem ali com o pai, mas juntos, os irmãos decidiram permanecer juntos. A mais velha, uma vez mais, tomou as rédeas da situação e assumiu o controle da casa, vendo como fariam para ter dinheiro e sobreviver, já que não podiam esperar que o pai fosse fazer aquele trabalho que costumava se todo da mãe dele. Assim, Jeongmin se tornou o braço direito da irmã. De empregos informais, favores que fazia para os vizinhos dentro e fora do prédio, os bicos nos fins de semana ou depois da aula, ele fazia tudo o que podia para trazer dinheiro para casa. E, também, para ajudar a irmã na carga emocional também. O pai continuava morando naquele mesmo teto, precisavam que ele ficasse ali pelo menos até a mais velha se tornar maior de idade. E isso significava aguentar o gênio ruim e um vício que era pior ainda. Jeongmin, como homem da casa, era quem mais tomava a frente quando se tratava do pai. De enfrentá-lo, de tomar as surras que eram para os outros ou ajudá-lo a estar apresentável para sair de casa pela manhã. Era com ódio que fazia, mas fazia o que precisava ser feito.
Todavia, aquela vida sempre foi muito cansativa. Exigia muito física e emocionalmente, o que tornava difícil para Jeongmin manter suas notas na escola. Se formou no ensino médio, mas nunca teve nota o bastante para pensar em faculdade. Sabia qual era o seu lugar e o que deveria fazer e foi nisso que focou: pagar as contas e colocar comida na mesa. Então, procurou por um trabalho que pagasse o máximo que podia ter. A intenção não precisar que os mais novos tivessem que passar pelo o que ele a mais velha passavam. A intenção era que não tivessem a mesma sorte e que pudessem sonhar com um futuro diferente.
Jeongmin aguentou até onde deu, até onde a frustração permitiu. Aos 19 anos, alistou-se no exército para cumprir o serviço militar obrigatório, mas acabou ficando por 6 anos, por conta do salário que recebia lá e a sensação de que estava fazendo algo útil de sua vida. Entretanto, aquilo também acabou se tornando frutrante em certo momento.
━━ NOWDAYS ;
Depois de sua dispensa, Jeongmin pensou muito no que iria fazer dali para frente. Voltar para o Haneul era óbvio. Mesmo que tivesse conseguido juntar um dinheirinho já que não tinha que se preocupar com despesas básicas onde estava, não tinha intenção de pagar aluguel. Seria como sair de uma vida de miséria para entrar em uma pior. Então, decidiu voltar para junto dos irmãos e organizar sua vida uma vez mais, para então quem sabe pensar em ter seu próprio cantinho. Então, passou a trabalhar como motorista particular, porque foi a primeira coisa que apareceu. Não paga muito, mas era melhor que não receber nada. O emprego na construção civil foi indicação de um colega, algo que não precisava de especialização, só força e disposição. E Jeongmin sempre foi do tipo que fazia o que tinha de fazer, então aceitou também. Assim, mantém os dois empregos, porque deu a si mesmo uma moto de presente por todos os anos de tanto esforço pelos outros.
A vida não está nada mais fácil, mas talvez já tenha se conformado que nunca vai ser, que talvez tenha que trabalhar muito e ainda assim não ter metade do que as outras pessoas tinham. Todavia, estava vivendo tão bem quanto podia viver. Especialmente com os irmãos crescidos e o pai cada vez mais ausente.
━━ PERSONALITY ;
Apesar do rosto angelical, Jeongmin não é exatamente flor que se cheire.
Não é por mal. Acontece que ter que crescer rápido demais mexeu para sempre com a criança esperta e cheia de vida que foi um dia. A sorte nunca pareceu sorrir para ele e, assim, seu sorriso também foi desaparecendo. O posto de "homem da casa", de ter que ditar as regras, já que o pai não fazia, e os anos no exército, tornaram Jeongmin um homem um tanto rígido, que preza pela ordem, mas não de um jeito autoritário. Ele só gosta das coisas da maneira correta, porque não gosta de ter que lidar com imprevistos, ainda mais aqueles que podiam ser evitados. Faz o que tem que fazer sem corpo mole, sem deixar para depois e sem reclamar. Porque aprendeu rápido que reclamar não vai solucionar nenhum problema.
Entretanto, se você quiser reclamar, ele é um ótimo para chorar. Não se importa de ouvir as pessoas, nem de ajudar no que puder, mesmo que normalmente não seja muita coisa. Outra coisa que Jeongmin aprendeu cedo é que o charme e a lábia podem abrir portas. Por isso, é comum que use sua beleza para conseguir uma coisa ou outra, mas nada imoral, obviamente. De resto, ele é um cara bastante simples. Seus gostos não são extravagantes, não faz questão de muita coisa e não se mete na vida de ninguém, a não ser dos irmãos.
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unicorn-supernova · 16 days
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Era Uma Vez… Uma pessoa comum, de um lugar sem graça nenhuma! HÁ, sim, estou falando de você VIRGINIA ANDERSON. Você veio de NOVA JERSEY, ESTADOS UNIDOS e costumava ser VENDEDORA EM UMA SEX SHOP por lá antes de ser enviado para o Mundo das Histórias. Se eu fosse você, teria vergonha de contar isso por aí, porque enquanto você estava FAZENDO UNHAS E PREPARANDO DRINKS PERSONALIZADOS, tem gente aqui que estava salvando princesas das garras malignas de uma bruxa má! Tem gente aqui que estava montando em dragões. Tá vendo só? Você pode até ser CORAJOSA, mas você não deixa de ser uma baita de uma PETULANTE… Se, infelizmente, você tiver que ficar por aqui para estragar tudo, e acabar assumindo mesmo o papel de UNICÓRNIO DE CHAPÉU na história ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS… Bom, eu desejo boa sorte. Porque você VAI precisar!
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nome: Virginia Anderson
idade: recém completos 27 anos
sexualidade: Bissexual
ocupação: Consultora de vendas no Mystic Mirror SPA
ocupação anterior: vendedora de sex shop, bartender e manicure
alinhamento: chaotic neutral
faceclaim: kathryn newton
Personalidade:
Virginia é extremamente cética sobre... Tudo. Nunca acreditou em contos de fadas, na polícia, no conceito de gente bondosa e gente malvada. Definitivamente não acredita em amor romântico. Felizes para sempre? Só se você morrer e depois da morte não existir mais nada, aí é decomposição e paz eterna. De resto? Sempre vão existir problemas e a vida vai ser meio que um saco se você não souber aproveitar o que tem. Ela é divertida de se ter por perto, com seu senso de humor seco e irônico, porque se tem uma coisa que acredita, é em se divertir enquanto pode e aproveitar as oportunidades antes que sumam. Claro, agora ela vê magia ao seu redor o tempo todo, mas esconde o ceticismo com um sorrisinho e fica numa boa. Está começando a pensar que magia nada mais é do que um outro tipo de moeda de troca e tentando achar um jeito de tornar essa realidade um lar. Apesar de todo o ceticismo e das camadas de ironia e chatice, Gina é uma garota que encontra felicidade em coisas simples e se agarra a isso para se manter sã. Detesta ficar sozinha e se esforça para ser uma boa amiga para os que entram em seu círculo.
Opinião sobre o Reino dos Perdidos:
Está começando a aceitar a ideia de que pode nunca voltar para casa, mas não está necessariamente feliz com isso. Sua vida real estava longe de ser perfeita, mas ao menos lá ela já estava acostumada a lidar com a estrutura da sociedade e os problemas do dia a dia. Tinha sua família de consideração que nunca a deixava na mão, grandes amigos, uma linha metroviária que conhecia como a palma da mão. E não virava uma unicórnio desesperada para colocar um chapéu do absoluto nada. Assim como não confiava nas estruturas do mundo real, não confia nas realezas daqui. Reis e rainhas parecem levar uma vida meio insossa, uma eterna competição de quem é mais realeza. Também não confia nos vilões, mas pelo menos sabe que eles tem ruindade dentro de si, o que os torna mais parecidos com as pessoas com quem está acostumada a lidar. Qualquer um que não pose como um anjo de candura feito do mais puro pó de perfeição já tem um pouquinho a menos de desconfiança (é, Gina tem 27 anos, mas nunca abandonou a prepotência de quando era adolescente). Aos poucos está formando suas opiniões sobre os membros da socidade, fazendo uma amizade aqui e outra ali, arrumando uma confusão vez ou outra, tentando passar despercebida, tentando aprender a manejar um corpo de cavalo chifrudo. Além do mais, ainda que odeie admitir, é impossível não se deixar levar por uma coisa ou outra desse mundo literalmente encantado. O antes:
tw: abandono parental, luto, violência urbana, álcool, agressão, armas brancas / com npcs: prostituição, drogas ilícitas, aborto espontâneo, desaparecimento, assassinato. (segundo parágrafo)
Virginia Anderson é filha de uma mulher chamada Lucretia, que apesar do nome vilanesco, era o puro retrato da ingenuidade. Querida, doce, vivia em uma casa de classe média em Nova Jersey e em uma certa noite mentiu para os pais que iria dormir na casa de uma amiga para que as duas pudessem ir para uma festa na casa de um ricaço amigo do namorado de um colega de escola. Tal qual Cinderela, encantou o dono da casa com seus cabelos loiros e vestidinho branco emprestado. Viveram um romance de verão incrível, doce, fofo... E regrado à drogas, afinal, era o final dos anos 80! No fim das férias, o príncipe encantado foi embora de seu lindo palácio de praia nos Hamptons, voltou para sua faculdade, para sua namorada oficial e deixou para trás uma garota de 17 anos grávida, viciada em estimulantes e sem apoio nenhum. Os Anderson, muito religiosos, colocaram Lucretia pra fora de casa. Suas amigas retornaram para suas vidas na escola católica e ela... Bem, caiu nas ruas.
Sua primeira filha sequer chegou a nascer e de 1989 até o início de 1997 Luce viveu de prostituição, fazendo amizade com outras garotas em situação parecida. Só conseguiu forças para se livrar das drogas quando ficou grávida pela segunda vez, provavelmente de um cliente. Trabalhou como caixa de um mercadinho na periferia de Jersey até o nascimento da menina, que recebeu aquele nome em homenagem a uma idosa ex-prostituta que hoje em dia alugava quartos em um prédio decdente e era conhecida por todos como Granny Vixen (apenas Vixen, quando jovem). Apesar de suas tentativas de não voltar pra o ramo, Luce voltou a se prostituir em 1999, quando a filha tinha quase três anos. Num esforço conjunto, as pessoas do prédio a ajudavam com a criança e assim foi, com todas aquelas pessoas tentando protegê-la do pior que havia naquele mundo, até o aniversário de 12 anos de Gina, quando a mãe não retornou para casa pela manhã para que soprassem as velas do bolo antes que ela fosse para a escola. Lucretia permaneceu desaparecida por longos quatro anos, quando seu corpo finalmente foi encontrado, vítima de um assassinato cometido por um cliente. A investigação mal conduzida nunca ia para frente, mesmo com os apelos de Granny Vixen e de outros moradores e trabalhadores das redondezas.
Oficialmnte órfã, Gina foi para o sistema, mas fugia de todas as casas de foster care, era uma adolescente difícil de lidar, apesar de muito inteligente. Uma amiga de sua mãe, a travesti que atendia pelo nome Vegas Mercy, adotou a garota e terminou de criá-la, mesmo passando dificuldades financeiras. Virginia começou a trabalhar cedo, em lojas de vários tipos. Aos 18 anos mudou-se para uma república vizinha em um prédio vizinho ao de sua segunda mãe, onde outros três jovens, um gato e dois cachorros moravam. Por mais disfuncional que pudessem parecer, ela, Vegas, seus colegas e outros amigos que fez pelo caminho foram se tornando uma família. Começou a trabalhar numa sex shop, indicada por um amigo, aos 22 anos e lá permaneceu enquanto a rede crescia, viajando com as outras vendedoras para eventos, trabalhando à noite como bartender numa boate meio decadente com temática retrô e quando podia fazendo bicos de manicure. Ginny sempre guardou dinheiro e estava se preparando para dar entrada em seu primeiro apartamento, um studio minúsculo que mais se parecia cenário do musical RENT, quando foi sugada para o mundo mágico.
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poisonhxart · 9 months
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#obrpov 7: the sound of silence.
‣ tw: agressão física, psicológica e verbal à criança.
27 de novembro.
A primeira crise de silêncio de Arianrhod aconteceu quando ela ainda era uma criança.
Não era novidade para ninguém que Owen Llewellyn era um homem de poucas palavras. Para muitos dos que o conheciam, sabiam que ele não passava de um breve “bom dia” com a maioria das pessoas, e às vezes nem isso. Ele não se preocupava em ser educado quando tinha poder, o que considerava a coisa mais importante na vida. Para Owen a Essência não era nada e seus deuses eram a dualidade dinheiro-poder. Por isso, ele não precisava se esforçar nem um pouco em ser gostado, ele só precisava ser notado e o mesmo valia para os quatro filhos. O patriarca Llewellyn queria que fossem notados e conhecidos e que fossem exemplos daquele sucesso que por gerações corria em suas veias e em seu nome. Era difícil para Arianrhod, contudo, ser assim.
Nem sempre a caçula fora fechada. Bem verdade, os cinco anos da criação exclusivamente feita por Farwa tinha como efeitos diretos o sorriso brilhante, os olhos esperançosos e uma personalidade única, brincalhona, viva. Era quase como uma roseira espontânea que após a morte da mãe fora cortada pela raiz e regada com sementes de joio. Era difícil cortar as flores, mas um dia Owen conseguiria que a felicidade não passasse de uma sombra no que era a personalidade da filha. Era uma missão que começou a ganhar, definitivamente, naquele evento.
Se Arianrhod fechasse os olhos, conseguiria lembrar com exatidão daquele dia. Tinha sido uma festa sediada em uma das mansões de verão dos Llewellyn no litoral do condado. Era na verdade a apresentação de produtos de verão da Llewellyn Tech & Co., com exemplares exclusivos no mercado de coisas que ela não se lembrava: simplesmente não eram relevantes naquele momento, não quando na mesma semana ela tinha descoberto um projeto, até então secreto, do pai com um dos tios. Desse ela se lembrava. Era um acessório de guerra, patente exclusiva de sua empresa, direto nas mãos do Império: uma pequena mira que cumpria em muito menos tempo e com maior alcance o mesmo trabalho que uma interface. Reconhecia a mira há quilômetros de distância e transmitia para um ponto na orelha do atirador toda a ficha da pessoa. Apesar de não se interessar por guerra, aquilo tinha chamado a atenção de Aria unicamente pelo fato de que com uma mira daquela, iria conseguir conhecer mais pessoas e saber mais segredos do que faria se esgueirando por aí.
Fascinada com a ideia de saber mais, de descobrir mais, ela tinha pecado em falar. Talvez fosse levar uma bronca de qualquer forma por passar boa parte da tarde brincando com Blake e se escondendo debaixo de mesas para não ser encontrada pela tutora, mas tudo foi piorado pela língua solta que sequer tinha sido tão solta assim. Ela tinha contado do acessório para o então melhor amigo e por algum motivo algum adulto tinha descoberto e contado para outro, que contou para outro, e outro, e numa cadeia até chegar em Owen. Todos eles deixavam claro o remetente da mensagem: Arianrhod. A filha caçula. A menina que nunca deveria saber de nenhum projeto dos Llewellyn. A única filha que Owen nunca quis e que eternamente odiaria, porque olhar em seu rosto era visitar o fantasma da traidora que um dia tinha vindo a ser sua esposa.
Naquela noite, quando todos tinham ido embora e a companhia dos filhos não era outra senão a do pai e dos empregados, o som permaneceu alto – e não alto porque estavam em festa, mas alto porque aquela foi a pior surra que Arian se lembrava de ter recebido até então. Apesar do barulho, as palavras de Owen eram bastante claras, contudo. “Garota insolente, curiosa, intrometida. Você não tem vergonha de falar tanto? Você fala demais, Arianrhod, você não sabe se comportar como uma menina educada, você se comporta como um monstrinho, como uma peste. Você é uma desgraçada, sua menina cretina, uma desgraçada.” A cada palavra, a cinta estalava nas costas e pernas da menina. Para alguém que não tinha a educação de desejar “bom dia” aos outros, Owen sabia exatamente quais palavras dizer para humilhar a filha, para fazer com que se sentisse culpada, para que se arrependesse de tudo o que um dia tinha feito em sua vida. “Sabe por que a sua amada mãe morreu? Porque ela falava demais, porque você fala demais, porque vocês não sabem o que é calar a porra da boca. Você é uma ordinária, sabe disso? É uma ordinária e a sua mãe morreu por sua causa, porque você foi uma desgraça na vida dela, uma desgraça na minha vida. Você arruinou tudo, arruinou os meus negócios hoje, sabia disso? Arruinou o respeito que o Imperador teria por mim e você vai pagar por isso, Arianrhod. Vai pagar por tudo isso.”
As palavras causavam um frio na espinha dela mesmo depois de anos, mesmo depois de ter conscientemente se esquecido da surra, ou da fita que teve que usar na boca por três dias inteiros, sendo impedida mesmo de comer porque a punição por ter falado demais era falar nada. Owen Llewellyn, perfeito aos olhos da mídia e um gênio das invenções, não era nada além de um filho da puta arrogante que punia a filha quase que por diversão. Metade das coisas que ele tinha dito para Arianrhod naquele dia eram mentira, ao menos o que falava sobre a falecida esposa era, mas ele tinha dito porque sabia que a iria ferir, que a feriu.
Naquela ocasião, a primeira de muitas, Arianrhod ficou cinco dias e cinco noites sem dizer uma palavra que fosse. Aquela ocasião, a primeira de todas elas, foi a responsável por marcar um trauma silencioso, ainda que sólido, nas ruínas de sua mente. Não poderia falar muito, pois não era o certo. Não poderia ser muito aberta para os outros, porque também não era certo. Segredos deveriam permanecer eternamente como segredos e mesmo que os casos que surgiram nos anos depois daquele carecessem de qualquer repreensão tão violenta de seu pai, um olhar bastava, ou a própria consciência bastava.
Você está falando demais de novo, Arianrhod. É hora de se calar.
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luvdeathrobots · 11 months
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POV: Monstro.
*tw: agressão, tentativa de homicídio. Clique aqui para ler a versão no Google Docs.
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   Era a última apresentação da noite de eventos das Indústrias Yamamoto. Hana Yamamoto, atual industrial, subia ao palco em meio ao eco de palmas, ao brilho das luzes e ao incentivo dos milhares de sorrisos comprados vindos do palco. Esbanjava em suas expressões nada mais nem menos que o orgulho sólido. 
— Obrigada, obrigada! — Apesar da calmaria na voz, seu sorriso era sádico, era esperto. Não havia vitória maior nos olhos de Hana que não fosse a atenção de seu público. — E é com extremo prazer que nós, das Indústrias Yamamoto, apresentamos a vocês a nossa mais nova invenção: ABR-005! É maior! É melhor! É o soldado perfeito! — Quão mais intensos eram seus adjetivos, mais alta era a voz que a líder trazia. — Conheçam, então, o futuro de titânio! 
   Havia silêncio até Hana sair do palco, as cortinas se abrirem e Ren Yamamoto ser revelado pelas luzes amarelas, vermelhas e azuis. Depois, muito pouco se podia ouvir das vozes presentes na plateia quando ABR-005 surgiu no centro de tudo. A máquina era grande, robusta, de quase dois metros e forma humanóide. Em seu corpo, era destacável a armadura de titânio e detalhes feitos a ouro, assim como o Cinábrio que brilhava em seu centro. Estava preparada para a guerra, aquilo era óbvio; o vermelho misturado ao preto em sua pintura não denunciava outra coisa senão a obsessão pela violência. 
   De início, Ren sabia muito bem com o que lidaria. Conhecia aquele dispositivo desde os esboços duplicados, rasgados e rabiscados de anos atrás. Era, finalmente, o dia que veria o esforço de alguns dos muitos funcionários tomando vida — e futuramente, sabia ele, tomando a vida. Ren não tinha o que temer. Conhecia cada movimento, cada surpresa que aquela máquina tinha a oferecer. Sabia seus limites. Era somente uma brincadeira planejada que futuramente traria a toda sua família não só o nome no topo como a pilha de dinheiro que ele sabia que sua mãe, Hana, gostava. Pelo menos ele achava que era só isso.
   Sua apresentação começou como qualquer outra: um resumo quase inútil sobre ABR-005 e para o que servia. Logo, a luta. Ren era ágil, era preciso. Suas mãos se alternavam em tiros disparados por uma pistola e então pelo arranhão de uma espada, tudo certeiro e totalmente calculado no titânio. Certamente, nada daquilo era suficiente para parar ou ao menos impedir avanços do robô; era apenas uma forma de demonstrar a resistência daquela besta. Do mesmo jeito que aquilo sabia se defender, sabia atacar, e assim foi: golpes precisos, eficientes para apagar qualquer um, mas totalmente ensaiados pelo garoto de magia artificial que simulava uma luta no momento. De maneira bruta e ligeira, ABR-005 apresentava a conversão de uma mão mecânica para uma lâmina totalmente afiada, extensa e de forma similar a uma foice; afinal, não havia nada que simulasse a morte tão bem quanto uma foice. Era esse seu diferencial de todas as máquinas criadas anteriormente: não teria piedade. Aquela força, aquele peso, aquela resistência e aquele gume, tudo era feito para ser preenchido pelo sangue. 
   Ren e ABR-005 ficaram em zigue-zague por certo tempo, tempo o suficiente para o apresentador imaginar que estava no fim. Não estava. O artífice podia jurar já ter visto tudo ensaiado nos dias anteriores, desviado ou acertado, mas havia algo de errado com ABR-005. A máquina brilhava mais. Brilhava o roxo do Cinábrio, brilhava o vermelho de seu corpo. Diferentemente dos padrões ensaiados, a besta começava a tomar tom mais agressivo e desregulado. A lâmina de sua foice outra vez foi vista e nada resumia mais Ren que o susto escancarado em seus olhos. Não conhecia aquilo. Não era aquilo que havia combinado com sua mãe. 
   ABR-005 impacientemente abandonava suas configurações iniciais. Em passos frenéticos, passava a derrubar seu rival com uma rasteira. A foice era cravada em seu rosto e todas as luzes do ambiente se apagavam. Era o preto, o vermelho da máquina e o reflexo das cores em Ren. Se alguém olhasse única e exclusivamente para aquele rapaz, seja a olhos nus ou pela câmera de seus celulares, sentiria nele o desespero de uma enrascada. Estava imobilizado. Não havia disparo de arma, acerto de lâmina ou golpe algum que invertesse sua situação. Então, de repente sentiu a força dos punhos de aço em sua barriga. Nunca em sua vida um golpe o doera tanto quanto aquele; afinal, era misturada a dor física da dor da humilhação pública. 
   Ren só foi capaz de ver outra vez a plateia quando seu corpo foi erguido e carregado pela máquina. Seus amigos, seus irmãos, sua namorada e diversas outras pessoas que ele talvez nunca fosse saber seus nomes gravavam aquele momento tanto em suas memórias quanto em seus celulares. Ele fechou seus olhos em esperança que aquilo acabasse, mas era só o início de seu pesadelo. A voz de sua mãe e industrial Hana roubou dele míseros segundos de atenção — e raiva.
— E é com extremo prazer que nós, das Indústrias Yamamoto — Era sufocante, era duradouro, era mortal. A besta mecânica refletia nos olhos de Ren o desespero eterno de sua alma, assim como sua mãe o fazia pela nada empática voz. —, apresentamos a vocês ABR–005! 
   O barulho dos aplausos invadiram os ouvidos do artífice como um incômodo ruído. Preso ao frio das mãos robóticas de ABR-005, ele não sentia nada mais que a angústia da morte — ou pelo menos do gosto azedo dela. A besta mecânica sorria. De algum jeito, aquele monte de peças sorria dentro do vidro preto e as luzes brancas. Era cruel, era persistente, era programado para aquilo. Os simulados dígitos gélidos apertavam sua garganta de maneira lenta, torturante e psicótica. Aquilo sabia a hora exata de largar seu ponto vital, deixar o corpo cair e então se curvar em total sucesso de sua criação. 
   Nas memórias de Ren Yamamoto, os Eventos de Lançamento sempre foram bons — no passado, no exato passado; agora, jogado ao chão como um nada, eram meras ilusões de respeito, de progresso e de orgulho. Sua visão diminuía aos poucos como a cortina do palco se fechava. Era primeiro o amarelo das luzes, o azulado da besta em seu caminho e o cinza de sua mãe. O ar era rarefeito. Um borrão, um sussurro e um riso; era tudo que conseguia identificar nos curtos segundos consciente, mesmo que não estivesse morto.
 E então tudo era breu.
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apcomplexhq · 9 months
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✦ Nome do personagem: Hwang "Elise" Yoojung. ✦ Faceclaim e função: Jennie - Blackpink. ✦ Data de nascimento: 22/10/1998. ✦ Idade: 25 anos. ✦ Gênero e pronomes: Feminina, ela/dela. ✦ Nacionalidade e etnia: Estados Unidos, sul-coreana. ✦ Qualidades: Responsável, determinada e gentil. ✦ Defeitos: Teimosa, ciumenta e vulnerável. ✦ Moradia: Asphodel Meadows. ✦ Ocupação: Estudante de medicina e estagiária no Asklepios. ✦ Twitter: @AM98HY ✦ Preferência de plot: ANGST, CRACK, FLUFFY, HOSTILITY, ROMANCE/SHIPPING, SMUT. ✦ Char como condômino: Yoojung é do tipo que acorda cantando com os pássaros. Sempre muito educada, solícita e falante com quem der abertura. Se sente feliz quando consegue ajudar as pessoas, por menor que seja o seu papel, e sempre está em busca de novas amizades.
TW’s na bio: relacionamento abusivo, agressão
Biografia:
Yoojung sempre foi considerada o raiozinho de sol que iluminava a residência dos Hwang desde que nasceu. A sua ótima relação com os pais nunca fora abalada com o passar dos anos, nem mesmo na fase complicada dos adolescentes, que sempre adoram retrucar e serem ingratos com os progenitores, a menina nunca seria capaz de fazer algo assim. Seu irmão mais velho, como o esperado, fazia de tudo para proteger a mais nova da família, o que Yoo considerava a forma mais fofa que ele tinha de demonstrar todo o seu amor por ela.
O senhor Hwang, seu pai, era um advogado muito competente e renomado, já a sua mãe era uma pediatra completamente apaixonada pelo que fazia, todo aquele amor pelos filhos e pela profissão, no futuro teria um impacto muito grande nas escolhas da garota. O casal se mudou para Nova Iorque um mês depois da cerimônia de casamento, era um sonho que compartilharam desde o início do relacionamento, quando se conheceram ainda na faculdade. Precisaram de alguns anos para se estabilizarem financeiramente, se acostumar com a nova vida em um outro país, com ambos iniciando a carreira, para que então pudessem se concentrar em um outro sonho, ter filhos.
Como já era de se esperar, Yoojung resolveu seguir os passos da mãe, resultado de dias a visitando no hospital, se apaixonando cada vez mais pela profissão e pelo “dom natural” que tinha de lidar com as pessoas. Também levava em consideração a promessa que havia feito para a melhor amiga quando tinham por volta dos dez anos de idade, “quando você tiver dez filhos eu vou cuidar de todos eles! Igual a mamãe faz lá no trabalho dela.”
Os problemas na vida da americana surgiram logo depois de romper um relacionamento que começou durante o terceiro ano de faculdade, cheio de altos e baixos. A Hwang foi ingênua ao achar que Maxwell aceitaria sair da sua vida sem causar problemas ou desconfortos, e que uma hora os telefonemas e mensagens exageradas iriam parar. O encontrava a caminho do hospital em que estagiava, da faculdade, na volta para casa, quando resolvia sair com as amigas e até mesmo na academia. A insistência para que reatassem o namoro ficava cada vez mais assustadora, o que fez a jovem se isolar e se negar a sair de casa sem a companhia de alguém confiável. A perseguição foi se tornando cada vez pior, a ponto de ser agredida na última vez que teve o azar de “cruzar” com ele, sendo deixada no meio da rua com a promessa de que seria muito pior quando se encontrassem novamente.
A decisão de se mudar para Seoul foi tomada em conjunto com a sua família, que estava muito preocupada com o que poderia acontecer com Yoojung. O Acrópolis Complex pareceu ser o lugar perfeito e seguro para essa nova fase. Descobriu o lugar através de um dos melhores amigos do seu irmão, que havia mudado para o local há alguns anos, ele assegurou que Yoojung teria disponível no residencial tudo o que precisava, desde o confortável ao necessário.
Na companhia da melhor amiga, estava disposta a recomeçar a vida em outro país, sentindo que poderia ser livre depois de tudo o que passou. E que finalmente, teria a oportunidade de se dedicar por completo ao seu último período na faculdade.
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louddydisturb · 1 year
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Call out my name
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Harry e louis eram melhores amigos, eles namoram por 4 anos e acabaram terminando e estabelecendo uma amizade mesmo depois do termino, que funcionava muito bem. Pelo menos ele achavam que funcionava
Harry, 25
Louis, 26
Tw: h!mulher cis, agressão (levinho)
Ib: anon
(Essa ta bem tranquila então acho que é só isso)
Boa leitura!!
O celular de harry marcava 00:00 ela estava sentada em um sofá grande da balada conversando distraida, as luzes coloridas brilhavam pelo local e ela ja não sabia quantos copos de bebida tinha ingerido
"Harry! Esse é zayn, aquele que eu tinha falado" maddie, sua amiga desde do ensino medio trazia um homem uns centimetros mais alto que ela
Acontece que madison pegava no seu pé há 3 meses que ela deveria seguir em frente e pegar alguem, mesmo que sem compromisso.
Harry tinha terminado há 4 meses com louis mas os dois acabaram por estabelecer uma amizade depois do termino e funcionava muito bem, eles eram como melhores amigos com uma historinha a mais
"Oi, zayn" ela levanta comprimentando o outro com um beijo de bochecha
"Oi" ele sorri simpatico "maddie fala muito bem de você" ele senta no lado dela "quer outra bebida?" Oferece ao ver o copo vazio da garota
"A unica coisa que é irrecusavel" ela aceita o copo vermelho
🏍
"me diz uma musica para eu postar essa no stories" foi oque louis recebeu seguido por uma foto de harry sentada no colo de um cara, que não aparecia o rosto, ele tinha a mão na cintura dela e ela segurava um copo de bebida rindo animada
Tomlinson reconheceu o bar, eles costumavam ir quando harry tinha folga
Enquanto isso harry dançava e virava shots pouco ligando para a ressaca que ela teria na manhã seguinte
"Hora do body shot!!" Harry escutou alguem gritar e seu olhar encontrou o olhos ambar de zayn que estava sentado a olhando do sofá
Louis entrou no local, seus olhos vasculhando todos os cantos atrás da cacheada
Harry sentava no colo de zayn, que estava deitado no balcão do bar, a garota tinha um shot de tequila e uma rodela de limão na mão
O olhar azul encontrou harry no exato momento em que ela derrubava a tequila no peito desnudo do cara, que julgando pelas tatuagens era o mesmo da foto, e lambendo todo o torso chupando o limão da boca do outro
Ela sorria animada ainda no colo de zayn fazendo o sangue de louis ferver mas ele pegou um copo com bebida de um dos garçons que passava ali, sentando no sofá observando a cacheada
Harry dançava com zayn alheia quando os olhos do outro se arregalaram de afastando rapido da cacheada
"Zayn? Aonde voce-" ela sentiu as mãos fortes apertando sua cintura
"Zayn?" Louis sopra contra o ouvido da garota
"Louis?" Ela vira encontrando o olhar gelido a encarando, ele usava uma t-shirt branca e uma jaqueta de couro larguinha junto com uma calça reta preta "estragando minha festa? Tinhamos outro combinado" ela sorri vendo o mais alto a fitar sério
"Já chega vamos para casa" a garota se apoia em seus ombros, extremamente perto de sua boca
"Pai? Não vou para casa"
"Ah não?" Ela tinha um sorriso de lado nos labios vermelhos
"Não, ainda não bati minha meta" harry toma um gole da bebida em seu copo
"Meta?" Ele escuta a garota falar um "uhum" quase como um sussuro "e quanto falta para esse meta?"
"Eu deixo você escolher dessa vez"
"Cinco" ele fala entrando na brincadeira
"Ja bati faz tempo" era mentira
"Já? Quantos ja pegou então?" As mãos de louis descançam na cintura de harry, ele observa levantar 7 dedos "então chegue nos oito" ele fala em tom de desafio "vá" ele da dois tapinhas nas coxas gordinhas e senta em um dos bancos do bar observando a garota olhar em volta
Ele vê o momento que um cara que aparentava ter mais ou menos a mesma idade que harry se aproxima da garota, ele sussura algo no ouvido da cacheada deixando uma mão na cintura dela, não demora muito para ele estar com a porra da lingua na boca de harry fazendo novamente o sangue de louis ferver
Ele levanta em passos firmes pegando um copo do balcão e despejando todo o liquido no cabelo castanho escuro antes de o empurrar fazendo harry gritar assustada tentando segurar o braço de louis
"Ta doente filho da puta?" Ele olha com desgosto o outro jogado na mesa de centro que tinha ali "ela tem namorado, seu fudido"
"ela não falou nada, então acho que não seja veridico" ele fala levantando e louis agarra o colarinho de sua camisa
"Seu fudido do caralho" um murro é acertado no rosto do desconhecido antes de louis o jogar no chão ficando em cima dele e disparando socos contra seu rosto, que tinha um corte superficial -- culpa do aneis que o tomlinson usava -- e um hematoma na bochecha
"Louis para! Caralho" ele ouvia a voz de harry gritar distante
Ele sentiu duas pessoas o puxarem de cima do garoto que tinha a mão no labio que sangrava
"Eu te matava seu desgraçado" harry se mete na frente de louis o puxando para fora da balada
"Louis! Ficou louco? Ele pode chamar a policia" harry falava tirando um pacote de lenços humedecidos da bolsinha e limpando os nós dos dedos de louis que sangravam
"Que chamasse, eu não ia deixar esse filho da puta falando merda e saindo ileso" louis encosta na moto que estava parada na vaga
"Não sei porque tanto ciumes, não namoramos mais. Acertamos isso tempos atras" harry suspira segurando o queixo de louis o fazendo olhar para si
"Ehm, sim eu só estava te defendendo, ele não parecia boa pessoa" louis tira os dois capacetes do compartimento na moto "vamos, te deixo em casa" ele coloca um capacete e entrega o outro para harry antes de subir na moto, essa que abraça o corpo rigido do garoto
Louis da a partida não demorando mais que 10 minutos para estar na porta do apartamento de harry
"Quer entrar?" A cacheada fala tirando o capacete e arrumando os cachos "já está tarde"
"Vou só estacionar a moto" harry assente vendo o outro se afastar
Harry estava sentada no hall de entrada quando louis parou em sua frente segurando a jaqueta pelo ombro
"Está bem?" Ele fala simples
"Sim" ela levanta indo seguida de louis até o elevador
🏍
O relogio marcava 8 da manhã, o sol já brilhava no ceu mas os dois dormiam tranquilos, harry dormindo confortavel abraçando um traveseiro e louis abraçado em sua cintura com o rosto afundado nos cachos com cheirinho de morango, os dois somente de langerie e cueca, vendo que era um costume deles e eles nunca viram problema mesmo agora sendo 'amigos'
Não era um problema até agora quando harry sentia o contorno do pau de louis perfeitamente em sua bunda, ela fingia continuar dormindo sentindo louis -- mesmo que inconcientemente -- roçar a ereção contra si
Ela sentiu a respiração de louis prender e ele sair devagar de trás de si e em seguida a porta do banheiro bater, harry riu baixinho contra o traveseiro
"Bom dia" harry murmura ouvindo louis sair do banheiro alguns minutos depois
"B-bom dia, quer que eu prepare o café?" Ele pergunta vasculhando o guarda-roupa da garota na esperança de achar algum short esquecido
"Sim, mordomo, procura na segunda gaveta" ela levanta pegando a camisa de louis no chão e vestindo se apossando da peça
Ele abre a gaveta achando um short preto esquecido uns dias atrás
"Anda na seca tommo?" Ela brinca apertando o pau de louis por cima do short antes de ir ate o banheiro
Louis suspira caminhando até a cozinha
"Oque vai ser o menu, chef louis?" Harry entra na cozinha agora com os cachos presos em um rabo de cavalo
"Torrada com ovo e café, meu salario não é alto o suficiente"
🏍
Eles tomaram café e harry obrigou louis a deixar ela cuidar do pequenos machucados em sua mão, ela higienizou e envolveu os nós dos dedos em esparadrapo
"Isso é drama" louis fala vendo a garota prender o esparadrapo cuidadosamente com a fita
"Estavam sagrando e muito machucados, louis" ela guarda a caixinha de primeiros socorros no armario do banheiro "agora voltando no assunto da festa, namorada?"
"Você estava bebada, achei que sequer ia lembrar" louis pega o celular rolando pelo feed do instagram
"Então quando eu estou bebada você sai dizendo que eu sou sua namorada?" Ela se aproxima sentando ao lado de louis na cama, as coxas ficando praticamente toda a mostra
"As vezes é preciso" ele sequer olha os olhos verdes
"Sabe..." ela contorna a tatuagem do braço do garoto "não acho que seja uma má ideia uma amizade com beneficios"
"Amizade com beneficios?" o olhos azuis fitam harry pela primeira vez desde do inicio do assunto "um relacionamento aberto?"
"Não, só uma amizade mas que..." ela fez uma pausa pensando nas palavras "ajudam um ao outro sem compromiso"
"Então posso ficar com outras garota que eu quiser?" Ele pergunta fitando os labios rosinhos que era maltrados pelos dentes de harry
"Pode" ela fala relutante "só ficamos caso um de nos queira desestressar ou algo do tipo" ela se perde um pouco nas palavras quando o mais velho começa a se inclinar ficando poucos centimetros de juntar suas bocas
"Sem compromisso?" Louis se apoia ficando meio que por cima da garota
"Sem compromi..." a fala da cacheada é cortada pela lingua de louis invadindo sua boca
Ela leva as mãos para os fios macios o puxando para si conforme ela deita na cama
A mão do moreno invade a blusa que harry usava, amaciando os peitinhos que cabiam perfeitamente em sua mão
Louis separa o beijo descendo para o pescoço de harry beijando ali antes de puxar a camisa para fora do corpo da mesma
"É incrivel como parece que seu corpo foi feito perfeitamente para mim" louis separa o beijo deixando selinhos pelo pescoço de harry até seu colo enquanto apertava a cinturinha que encaixava perfeitamente em sua mão
Harry gemeu ao que os olhos azuis a fitavam em desejo antes de praticamente arrancar o sutiã de seu corpo
Ela sentiu suas costas baterem contra o colchão e louis se encaixar no meio de suas pernas, abocanhando seu seio enquanto apertava o outro
As unhas pintadas de vermelho arranhavam as costas de louis, marcando todo o local
Ele solta o mamilo da boca em um estalo e então o mesmo se sentou no meio das coxas cheinhas
Harry se apoiou nos antebraços, os labios vermelinhos sendo mordidos constantementes ao que louis roçava suas intimidades
"Continua tão boa quanto antes" ele segura o queixo da garota juntando suas bocas em um beijo afoito, harry rebola contra a pelves de louis ainda coberta pelo short sentindo o quão duro ele estava
"Me fode" ela afasta o beijo puxando um pacote de camisinha da mesa de cabeçeira
"E tão apressada quanto antes" louis a ignora se afastando, arrancando a calcinha de harry de seu corpo e puxando sua cintura para si
Harry arqueou as costas sentindo a lingua quente passear por toda sua buceta
As mãos fortes apertavam sua cintura ao ponto de deixar os dedos marcados ali
"Isso lou" ela puxava os fios castanhos, rebolando na boca do outro
Harry gemeu gozando quando louis chupou e esfregou a lingua em seu clitoris, molhando todo o queixo dele
"Tão gostosa" ele levanta e tira o short junto com a cueca, gemendo em alivio de ter seu pau fora daquele aperto irritante "senti falta do seu gosto" ele punheta o pau dolorido, observando harry pós-orgasmo manhosa embaixo de si
"Ja pode me foder agora" ela se apoia nos cotovelos encarando as orbes azuis
"Quero gozar na sua boquinha gostosa primeiro" louis fica de joelhos na altura do peito de harry "e depois de comer gostosinho" ele segurou a ereção batendo duas vezes nas bochechas vermelhinhas antes de levar para os labios gordinhos
Harry recebeu o falo duro de bom grado, o gosto salgado invadia seu palato e ela sentia a extensão pulsar em sua lingua
"Eu nunca vou conseguir enjoar de você" ele segura os cachos usando de apoio para foder os labios inchadinhos "esses foras os piores 4 meses da minha vida" os olhos de harry lagrimejavam enquanto as investidad iam fundos deixando-a sem ar "nenhuma chegava ao seus pés" harry apertou as coxas de louis, o afastando
"Não me compare com as putinhas baratas com quem ficou" ele masturba o falo duro antes de o colocar na boca novamente
"Boquinha afiada" ele puxa os cachos estocando com mais força e urgencia, se sentindo a beira de gozar "não precisa se preucupar, amor. Você sempre vai ser melhor" a porra escorre em jatos grossos na garganta de harry, que engole tudo
"Claro que vou" ela morde os labios sentindo o gosto e cheiro de louis inundarem seus sentidos
Tomlinson sai de cima da garota e empurra o corpo magro para o lado, encostando a costa dela em seu peito
Ele coloca a camisinha desajeitadamente e puxa a cintura de harry para perto, a cacheada segura a coxa dando acesso para louis
"Você sempre gostava quando eu te fodia assim, amor." Ele penetra a grutinha molhada, sentindo-a praticamente o esmagar "pelo visto ainda gosta" louis aperta o quadril da garota usando de apoio para as estocadas, harry gemia manhosa sentindo o pau ir fundo em si
"Tão apertada" ele afunda o rosto nos cachos com cheirinho de morango de harry "caralho"
Louis aperta os peitos cheinhos de harry, esse que cabiam perfeitamente em sua mão, e estocava com força contra a bunda lisinha
"Lou você sempre me fode tão bem..." ela joga a cabeça para tras se apoiando no peito de louis "tão fundo"
Ver o quão manhosa harry estava foi o estopim para louis, ele apenas a virou contra a cama novamente, a deixando meio que de quatro e voltou a estocar enquanto estapeava a bunda branquinha da garota
"Louis!" Ela gritava tentando alcançar o braço de louis em busca de apoio, esse que gemia rouco e fodia harry cada vez mais proximo de outro orgasmo
E então harry esguichou, ela tremeu quase cedendo no colchão e gemendo varios "louislouislouislouis"
"Shh, tudo bem, amor." Ele beijou a bochecha suada e diminuiu os movimentos, a fodendo devagar e fundo. Ele ainda podia sentir harry ter espasmos em seus braços
Ele estocou mais algumas vezes antes de gozar sentindo o aperto da buceta em seu pau
"Você foi tão boa, nenem. Sempre tão boa" ele deixa selinhos pelo rosto suado e corado
Harry sorri sonolenta sentindo o acariciar de louis em sua cintura
"Você é tão perfeita" ele se afasta e tira a camisinha, amarrando e jogando no lixo do banheiro. Ele pega tambem uma toalha e molha com agua morninha para poder limpar a garota sonolenta na cama "porque terminamos mesmo?" Ela ri baixinho enquanto louis passava a toalinha por todo seu corpo
"Vamos dormir mais um pouco" harry diz e louis deita no outro lado da cama, a puxando para seu colo. Nenhum dos dois estava afim de trocar os lençois
Eles queriam apenas ficar presos nessa bolha que eles criaram
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ohnosamyork · 1 year
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⸻  ARES. ELA/DELA. CISGÊNERO. / você já escutou YOU FIRST de PARAMORE? bem, ela descreve perfeitamente SAMANTHA YORK, a cópia de ELIZABETH GILLIES que apagou TRINTA velas em seu último aniversário. na ilha, lhe conhecem por ser IMPULSIVA, mas a GERENTE DO CRETA'S prefere destacar a sua INTENSIDADE. ter nascido em LAS VEGAS é apenas um fato interessante sobre SAM, uma vez que também LUTA JIU JITSU, ADORA FILMES DE AÇÃO E TERROR (QUANTO MAIS SANGUE MELHOR), FOI ADOTADA E NUNCA CONHECEU OS PAIS.
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𝐀𝐄𝐒𝐓𝐇𝐄𝐓𝐈𝐂𝐒. : both your hair and heart are black as coal, hands stained with blood and heart with tears, the endless need to find salvation, the raw instinct to survive, a resting bitch face, sweet bourbon runs through your veins, red LED lights.
𝐈𝐍𝐅𝐎. :
sexuality: bissexual
zodiac: scorpio
mbti: estp
positive traits: divertida, ousada, prática, sociável, sedutora, intensa, aventureira;
negative traits: manipuladora, impulsiva, propensa a riscos, inconstante, desafiadora, orgulhosa, insensível.
𝐌𝐎𝐓𝐈𝐕𝐎𝐒. : (tw. agressão, assédio)
Phillip Beaumont era cínico, manipulador e cruel, por isso tornou-se um grande amigo de Sam no primeiro momento. Conheceram-se em uma das lutas ilegais das quais a York participava em Las Vegas. Phillip foi o primeiro a enxergar o potencial da mulher, o que o levou a patrociná-la como lutadora por um tempo.
Em uma das noites de luta, um homem decidiu desafiá-la e Sam ganhou a disputa sem muita dificuldade. Pós confronto, o derrotado decidiu que queria vingança. Junto de outros dois homens, encurralou Sam quando ela estava sozinha para então bater nela e tentar despi-la. Ao perceber o que estava prestes a acontecer, entrou em um estado selvagem de autodefesa que tomou conta total de sua consciência. Quando retomou os sentidos, enxergou três homens desacordados, completamente desfigurados e suas mãos fraturadas cheias de sangue. A voz que havia lhe trago de volta a realidade era a de Phillip Beaumont.
O que havia acontecido ali? Sam foi mesmo capaz de matar três homens sozinha? Foi isso que o Beaumont a levou a acreditar, dizendo a ela que teria que desaparecer antes que fosse acusada pela morte dos rapazes. Mas como? Para onde iria? "Venha comigo para Kalokairi, te darei proteção e refúgio", foi o que disse Phillip. Samantha devia estar em um estado diferente de desespero pois aceitou sem titubear. Devia ter desconfiado desde o princípio que a oferta viria acompanhada de um preço alto. Assim que chegou na ilha grega, Beaumont introduziu suas condições.
Daria a Samantha a gerência do Creta's, desde que ela organizasse lutas ilegais no porão do estabelecimento e passasse para ele 95% dos lucros das apostas. Além disso, Sam teria que exercer o papel de secretária/acompanhante de Phillip, ajudando ele nos negócios e o satisfazendo de todas as maneiras possíveis. De mãos atadas, não teve outra alternativa a não ser concordar. A raiva de Sam ia crescendo conforme o tempo ia passando e os abusos aumentando, de forma que ela fantasiava diariamente sobre as diversas maneiras como se vingaria do Beaumont.
Quando soube da notícia de sua morte, não ficou particularmente feliz mas só porque gostaria de ter sido ela mesma a última pessoa a ver a vida deixando os olhos de Phillip. Por mais que sentisse algum tipo de prazer com a partida do possível herdeiro do White Lotus, também sentia medo. Afinal, ele era a sua única proteção contra o passado. Agora que Phillip havia partido, quanto tempo levaria até acharem Samantha ali?
𝐒𝐊𝐄𝐋𝐄𝐓𝐎𝐍. : A R E S - guerra. é difícil de lembrar a última vez em que você não sentiu RAIVA. mesmo quando era criança, vivia recebendo detenções ou fazendo visitas à sala do diretor. não existia nada de "ah, mas não foi eu que começou". você começava e terminava as brigas, simples assim. às vezes, a pessoa nem queria te ofender, apenas fazia um comentário sem pensar muito, mas de boas intenções o INFERNO já estava cheio. não age se preocupando com as consequências.
palavras não são o seu forte. não apenas no sentido de que deixa seus punhos dizerem por si, mas principalmente porque sente dificuldade em se deixar ser VULNERÁVEL ou demonstrar fraqueza. quando quer realizar algum gesto positivo, prefere AGIR e nunca mais falar sobre isso.
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jacobisalive · 6 months
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Jacob se arrependia de não ter colocado fogo naquela casa
tw: agressão doméstica, agressão infantil, agressão pra caralho.
Jacob se lembrava do primeiro tapa. Ele tinha três anos quando isso aconteceu.
Owen Wright sempre foi um pai assustador. Tinha a cara fechada, falava grosso, tomava posse das coisas, não sabia pedir licença. Era tudo dele, a única coisa que fazia questão que todos soubessem. A casa era dele, foi comprada com o dinheiro da indenização que recebeu da fábrica depois de perder dois dedos, por isso só entrava quem era permitido e só saía também. O sofá era dele, foi comprado com o seu primeiro salário como professor, por isso ele podia ocupar a hora que quisesse e quem estivesse lá, teria que sair. A geladeira era dele, foi comprada com o décimo terceiro, por isso tinha mais cerveja e carne do que alguma barra de chocolate. Era tudo dele e ai de quem tocasse. Por isso, quando decidiu comprar uma bandeja de danone e descobriu que tinha acabado, a discussão acalorada com Janet foi finalizada com um tapa de costas de mão. Jacob já tinha visto a mãe ferida no mesmo lugar antes, como eles tinham a pele muito branca, qualquer coçadinha irritava.
Jacob se lembrava do segundo tapa. Ele tinha três anos quando isso aconteceu.
Teve uma brincadeira de dia dos namorados na escolinha onde distribuíam doces, desenhos, flores e abraços. Jacob chegou em casa com a mochila cheia de bala. Só que foi nesse dia que descobriu que era alérgico a coco. Por sorte um dos vizinhos era médico e conseguiu socorrer o garoto a tempo. Por azar, Owen chegou na mesma hora em que ele saía.
Jacob se lembrava do terceiro tapa. Ele tinha quatro anos e cinco horas quando isso aconteceu.
A festa foi divertida até a hora do bolo. Todos as crianças da rua foram convidadas e alguns colegas de escola também, com a única regra de que só deveriam ir as mães. Jacob estava empolgado, com os olhos azuis brilhantes e a energia à mil, afinal não era todo ano que tinha 29 de fevereiro, então aquela era praticamente sua primeira festa de aniversário. Foi bem divertido, pegaram um escorregador emprestado com o vizinho da frente e uma caixa de som com o vizinho da esquerda. Janet conseguiu fazer alguns doces e outras mães ajudaram com o resto das comidas e bebidas. Owen pagou o bolo. Bolo de coco. Jacob se animou com o parabéns, tinha visto aquela cena em diversos filmes, por isso que depois de apagar a vela, arremessou o bolo no rosto do pai. Foi a primeira vez que o tapa foi nele.
Jacob se lembrava do primeiro tapa. Ele tinha sete anos quando isso aconteceu.
Estavam na aula de educação física e o professor tinha separado os times pra uma partida de futebol. Futebol mesmo, com os pés. Não tinham saído do zero a zero e o parceiro estava perto demais com a bola do gol. Só que ele tinha algum problema na perna que o fazia ser lento. O adversário, claramente maior, não ficou só satisfeito em roubar a bola, mas ele precisava mostrar que ela grande e forte, derrubando o garoto no chão. Mas Jacob também era grande, forte e rápido. Ele sempre foi muito rápido. A ponto de só ter percebido o que aconteceu quando já estavam tirando ele de cima do garoto que chorava com a boca e o nariz sangrando.
Jacob parou de contar os tapas. Ele tinha nove anos quando isso aconteceu.
Não fazia sentido ficar contando os tapas quando um começou a virar reflexo do outro. Owen batia nele ou em Janet em casa e Jacob batia em alguém na rua. Não por ele ser agressivo, na verdade ele era sempre o primeiro da turma, mas os surtos agressivos eram momentâneos. Passaram a ser quando percebia qualquer tipo de injustiça, principalmente de alguém maior sobre alguém menor. Já bateu boca até com um professor por ter discutido com um aluno pela mais pura implicância. De xingar mesmo. O professor e toda a família dele. E os filhos. Que eram seus colegas de classe. Não poupou nem a mãe.
O que era pior, na verdade, porque Owen mantinha o controle de um agredindo o outro. Jacob fazia algo que ele não gostava? Respondia e batia boca? Era Janet quem apanhava. Janet fazia qualquer coisa diferente sem avisar? Jacob apanhava de fio. Claro, nada no rosto, ninguém precisava saber o que acontecia dentro de casa.
Jacob se lembrava do primeiro sorriso. Ele tinha onze anos quando isso aconteceu.
Paul tinha sido transferido para a escola há poucos meses e já era o coordenador favorito do pessoal. Todo mês parecia ter algo importante a se comemorar e, quando tinha alguém de outra cultura entre os estudantes, fazia questão de fazer essa pessoa se sentir confortável na escola e bem vinda. Todo mês uma festa, até que no quarto mês Jacob flagrou uma conversa entre Paul e Janet. Não lembrava de algum dia ver ela sorrir daquele jeito, ou olhar pra alguém daquele jeito, ou empurrar o ombro de alguém daquele jeito, ou morder a borda do copo daquele jeito... Ok, tava na hora de parar de olhar.
A amizade com Paul foi crescendo, ele era o melhor adulto daquela escola e sempre fazia todo mundo se sentir bem. E também fazia perguntas sobre a mãe de Jacob. E a mãe fazia perguntas sobre ele. Até que Jacob virou pombo mensageiro. Em compensação, recebeu um taco de basebol, afinal era o esporte favorito de Paul. Presente do qual Owen pegou pra si.
Com doze anos Paul começou a perguntar sobre Jacob. Para ele era estranho o garoto ter quebrado um pé e uma mão em um período tão curto de tempo, sempre aparecer com feridas, queimaduras e hematomas pelo corpo porque "Jacob sempre foi um menino desastrado e desatento, e fica praticando essas baboseiras dentro de casa", de acordo com Owen Wright.
Foi na mesma época em que começaram a dar aulas de judô na escola. Não dava mais pra ficar apanhando, era hora de revidar.
Jacob se lembrava da primeira tacada. Ele tinha 17 anos quando isso aconteceu.
Estavam pra se mudar pra Califórnia. Paul tinha conseguido uma promoção pra ser diretor em um high school particular por lá e viu ali a oportunidade de fugir com Jacob e Janet do Colorado. Owen não precisava saber de nada, ele poderia só chegar em casa e nunca mais encontrar sua mulher e seu filho. Mas Jacob tinha outros planos.
Eles foram na frente porque "não tinha lugar na caminhonete para os três e todas as malas". Além do mais, queria se despedir de todos os amigos e vizinhos.
A primeira tacada foi na geladeira. Em cada uma das latas de cerveja. Depois na porta, na televisão cara, no rádio, na estante, nas janelas. Estraçalhou cada pedaço de vidro e espalhou pelo chão, pisoou em todas as carnes, e até algumas paredes conseguiu quebrar. Estourou as lâmpadas, estourou os canos e mijou no tão querido sofá do pai.
Já tinha quebrado tudo quando ouviu o temido barulho do Vectra de Owen estacionando. O homem entrou aos berros, mas Jacob não se assustava mais. Não quando tinha um taco de basebol em suas mãos. Não tinha visto como fez aquilo, mas Owen estava no chão com o joelho virado em um ângulo nada anatômico. A perna já tinha ido, agora seria o braço. Depois foram alguns chutes na costela e na boca. Então o conhecidíssimo fio da TV. As marcas com colher fervendo em várias partes de seu corpo. E o coco sendo quebrado no coco de Owen.
Se Jacob tivesse colocado fogo na casa, acabado de vez com Owen, ao invés de roubar o Vectra e fugir pra rodoviária, talvez ele pudesse estar vivo em 2024.
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