↝ I cannot bear my sorrow, I hate who I was before and fear I won't live to see the day tomorrow, someone tell me if this is hell? p.o.v. achlys
@silencehq trilha sonorahow can i escape this endless labyrinth of suffering?tw: ptsd/tept, flashbacks, luto, perda, morte.
A noite era um inimigo íntimo de Achlys, um tempo que ele preferia evitar, mas que inevitavelmente o alcançava. O vazio do teto acima dele parecia refletir o abismo que sentia por dentro. Mesmo estando sóbrio, ajudando no acampamento, e treinando até a exaustão, a dor persistia. Ela se infiltrava em seus pensamentos, corroendo-o de dentro para fora.
O álcool era uma antiga companheira, uma fuga temporária que ele conhecia bem, mas sabia que nunca seria suficiente para escapar verdadeiramente. O alívio que trazia era fugaz, e quando a embriaguez passava, a dor parecia ainda mais afiada.
Fechando os olhos, ele não encontrava a paz, mas sim o rosto de Penny, uma lembrança que se recusava a desvanecer. Mais de uma década havia se passado, mas os detalhes permaneciam tão vívidos quanto antes. Penny, a filha de Afrodite, era a única que conhecera o verdadeiro Achlys, o garoto que escondia seu maior segredo, aquele que cometera atos impensáveis para salvar sua mãe. E, ao contrário do que ele sempre temeu, ela não o rejeitou. Ao contrário, ela o acolheu.
A lembrança de seus braços ao redor dele, das mãos dela acariciando seu rosto, e daquelas palavras simples, mas devastadoras, "você é bom, Achlys, eu sei que é" o assombravam. Nunca antes alguém o fizera sentir-se digno, e aquela aceitação foi tanto um bálsamo quanto uma maldição. Penny o conheceu, o viu por inteiro, e mesmo assim o aceitou, o que só tornava a perda mais dolorosa.
Ele sentia falta dela, da forma como os cabelos loiros e indomáveis emolduravam o rosto, dos olhos expressivos escondidos atrás dos óculos, da risada que iluminava até os dias mais sombrios, e dos beijos que carregavam uma ternura que ele nunca mais encontrou. Achlys olhava para as próprias mãos, que tremiam ligeiramente. Como podia ele, acabar destruindo tudo e todos que amava?
In a little while i'll be gone, the moment's already passed, yeah, it's gone and I'm not here.
A culpa e a dor eram companhias constantes para Achlys, sombras que se arrastavam com ele em cada passo. Enquanto estava sentado na cama do chalé, o desespero o tomou por completo, o choro silencioso escapando sem permissão. Seu pé batia nervosamente no chão, uma tentativa inútil de manter o controle sobre uma mente que estava à beira do colapso. A visão turva o levava de volta ao passado, para o dia em que o destino, cruel e impiedoso, arrancou Penny de sua vida de forma brutal.
As palavras que ecoavam em sua mente eram uma maldição. "Eu te amo." Penny morreu logo após dizê-las, e ele, em sua própria loucura, professou seu amor para um corpo sem vida. Aquele dia o havia marcado de forma irreparável, e desde então, as palavras que uma vez carregavam tanto significado foram pronunciadas apenas uma vez mais, para outra pessoa. Mas a culpa, como um parasita, não o deixava esquecer que foi sua própria incapacidade de controlar seus poderes que levou à morte de Penny.
Achlys havia tentado explicar a Quíron o que aconteceu, mas como poderia? Como poderia descrever o horror de sentir a vida da mulher ser drenada pelas próprias mãos, mesmo que acidentalmente? Ele havia tirado a vida de alguém que amava, e isso o perseguiria até o dia de sua morte. Cada vez que tentava se convencer de que poderia ser bom, de que poderia ser diferente, a realidade o lembrava de que ele era um ceifador, que trazia morte onde quer que fosse.
A respiração acelerada, o peito ardendo em dor, eram sensações familiares. Mas o que realmente o aterrorizava era o inevitável retorno àquela noite, quando ele segurou o corpo sem vida de Penny e soluçou em desespero. A lembrança era tão vívida que, por um momento, ele quase acreditava que estava vivendo tudo novamente. Foi Aleksei, seu melhor amigo, que o trouxe de volta à realidade naquele dia. Mas Achlys se perguntava se Aleksei o via como o monstro que ele acreditava ser. Anne, sua mãe, sempre dizia que ele era igual ao pai, e ele começava a acreditar nisso. Talvez sua sina fosse realmente a destruição, a morte.
Tentou trabalhar na respiração, contando de um a dez e de dez a zero, mas nada parecia funcionar. O rosto molhado pelas lágrimas era um lembrete da dor que ele carregava. Sentia-se impotente, preso em um ciclo de autossabotagem do qual não conseguia escapar. O peso da maldição de Afrodite, que parecia apenas confirmar o que ele sempre soube no fundo: seu amor era amaldiçoado, e ele estava condenado a trazer destruição para aqueles que se aproximavam.
Em um esforço desesperado para escapar daquela dor, Achlys decidiu fazer alguns push-ups. Precisava sentir algo, qualquer coisa, que não fosse aquela angústia sufocante. Cada movimento era uma tentativa de focar em algo físico, algo que ele pudesse controlar, algo que não o lembrasse do monstro que acreditava ser. Enquanto seus músculos queimavam com o esforço, ele se concentrava na dor física, uma bem-vinda distração do caos que se desenrolava em sua mente. Mas, mesmo enquanto fazia isso, sabia que a dor emocional estava apenas temporariamente adormecida, pronta para ressurgir assim que ele parasse.
16 notes
·
View notes
closed starter for @phillipxasleep !
where: jardim dos arrependimentos, baile de máscaras.
prompt: you owe me a dinner. a very nice dinner.
❝ Eu te devo a minha vida, cara! ❞ sabia que ele provavelmente estava brincando sobre o jantar num tom leve para acalmá-la, mas ela não estava brincando nem um pouco. Tinha achado extremamente bizarro que a magia daquele lugar conhecesse a sua história de verdade, em Florença, e uma brincadeira de gigantesco mau gosto lhe mostrar o que a sua vida "poderia ter sido" se tivesse tido um pouco a mais de coragem. Era ofensivo, até. Se aquele rapaz não tivesse sido tão prestativo ao lhe puxar para longe da fonte quando a viu se debulhando em lágrimas, ela não sabia quanto tempo teria ficado ali nem como responderia pelas suas ações. Deu uma fungada devido ao choro remanescente, tentando voltar a falar para esquecer a cena que ainda permanecia nítida em sua mente. ❝ Sei lá, depois disso aí eu tô disposta a fazer todos os seus jantares pelo resto da vida. Não desse jeito! ❞ ergueu as palmas das mãos na direção dele, ❝ Você provavelmente é casado e eu nem gosto de homem. Quer dizer... mesmo com essa roupa aí meio trilha, você tem um ar meio... nobre, sabe? ❞ queria bater a própria cabeça numa parede para parar de falar. Agora, o desastre já tinha sido feito, e ela só tinha a torcer para quem quer que estivesse por trás daquela máscara fosse alguém bem humorado e de preferência que não fosse homofóbico. Ainda não tinha entendido muito bem se sequer existia homofobia ali, mas quem sabe?
10 notes
·
View notes
Leituras de novembro. Fiquei contente por ter conseguido ler mais do que costumo. Minha ideia também é dar preferência pra histórias que não sejam de autoria estadunidense ou europeia, assim temos livros, na ordem: nacional, gringo, indiano e mexicano.
Também comprei essas duas hqs. A primeira é de terror que leio online em inglês e soube que seria lançada aqui.
A segunda é nacional, acompanhei no insta e recomendo muito Os Santos! Segue a sinopse:
Os destinos da família de Didi e de Camilo se cruzaram muito tempo atrás. Camilo Santos, proprietário de um cartório, começava a juntar uma fortuna com seus trambiques. Didi havia sido levada aos dez anos pela mãe da esposa dele para trabalhar na casa dos Santos, onde teria acesso à educação e a uma vida melhor. Uma história tristemente comum, que para Didi significou décadas de exploração e abusos, de falta de direitos e de todos os outros "privilégios" de ser considerada “da família” pelos Santos. Num ciclo também bastante comum no Brasil, quatro de suas filhas acabaram indo trabalhar para Camilo e seus filhos.
Só que os tempos mudaram. Edilsa, que trabalha com Caíque, filho de Camilo, e sua esposa Renata, hoje entende mais que a mãe sobre os mecanismos perversos que mantêm sua família à mercê dos Santos. E a partir de uma pequena oportunidade ela irá empreender uma verdadeira guerra contra eles. Leandro Assis e Triscila Oliveira, autores do também aclamado Confinada, criam nesta história um retrato cristalino do Brasil de nossos tempos: de um lado, as forças do atraso, do preconceito e da violência; de outro, a esperança que nasce da solidariedade e da vontade de uma vida e de um mundo melhores.
Confinada é uma história do mesmo universo que começa no início da pandemia e acompanha Ju, uma das empregadas domésticas de Fran, influenciadora digital prima da família Santos. Ju concorda em passar a pandemia com a Fran e, com a convivência, ficam cada vez mais óbvios o racismo e o ódio de classe dela. E Ju decide que não vai se calar.
Se tiver surgido interesse, dá pra ler as 2 do insta do ilustrador . Sigam também a roteirista. E considerem comprar se puderem, não vão se arrepender!
3 notes
·
View notes