Tumgik
#a cada novo capítulo...
victor1990hugo · 1 year
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brazilian-vampyra · 3 months
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♡♱ 𝕮𝖍𝖗𝖎𝖘𝖙𝖎𝖆𝖓 𝖂𝖔𝖒𝖆𝖓 (𝖕𝖙-𝖇𝖗) 。゚ ୨୧
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ೀ sinopse: pensou que o único lugar possível para se esconder do mal seria no convento, mas tudo muda quando o padre adam driver chega.
ೀ avisos: contém palavras de baixo calão, sexo explícito, sexo sem camisinha, creampie, perda de virgindade, masturbação, sexo oral, exibicionismo, dirty talk, size kink, orgasmo múltiplo, hipersensibilidade, praise kink, age gap, priest!adam x fem!nun! reader.
ೀ nota: esse capítulo aqui não tem o intuito de ofender ninguém ou ofender o catolicismo, caso não se sinta confortável, não leia.
𝐓𝐔𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐂̧𝐎𝐔 quando você completou 18 anos. Com a chegada da maioridade vieram as responsabilidades, e também vieram séries de pesadelos e sensações bizarras, como se alguém — ou algo — te perseguisse.
Sentia um arrepio constante na espinha, como se estivesse sendo observada por olhos invisíveis em cada esquina escura, ou em cada canto de seu quarto. A sensação de ser seguida por algo sinistro a perseguia implacavelmente, como uma sombra indesejada que se recusava a desaparecer e, a cada passo que dava, dia após dia que seguia, parecia apenas intensificar a sensação de que algo terrível a seguia, espreitando nas sombras.
Seus sentidos ficavam em alerta máximo, captando cada som sutil, cada movimento furtivo ao seu redor. O medo se transformou em uma constante companhia, enrolando-se em torno de ti como uma névoa gélida, impedindo-a de relaxar ou encontrar paz. Mesmo em momentos de aparente calma, a presença opressiva do desconhecido a assombrava, deixando-a à mercê de um terror crescente e incontrolável.
Ouvia sussurros chamando-a, sentia mãos quentes tocando seus ombros, ou algo deitado em seu lado no colchão.
Era tudo tão estranho e bizarro, que decidiu se juntar à um convento e se tornar freira. Quem sabe dentro da igreja não conseguisse a paz que tanto almejava? Quem sabe assim, aquela sombra não iria parar de se atrelar à sua?
Aquela tinha sido a sua melhor escolha.
Na penumbra da igreja, os fiéis se reuniam em prece, mergulhados na serenidade do local sagrado. Ajoelhou-se silenciosamente no banco de madeira polida, seus olhos erguidos para o altar iluminado pelas velas enquanto o som suave dos cânticos preenchia o espaço enquanto, mergulhava em suas reflexões.
De repente, um murmúrio percorreu a congregação quando o padre se aproximou do púlpito. Seus passos reverberaram pelo chão de pedra enquanto ele se aproximava, e ergueu o olhar para observá-lo. Seu coração deu um salto quando seus olhos encontraram os do novo padre. Alto e imponente, ele emanava uma aura de tranquilidade e dominância enquanto se dirigia à frente da igreja.
Possuía traços marcantes, com cabelos escuros e uma expressão serena que parecia irradiar sabedoria e compaixão. Seus olhos profundos refletiam a luz das velas, lançando sombras dançantes em seu rosto angular, junto à barba e o bigode que emolduravam. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao encontrá-lo, uma sensação estranha e inexplicável que a fez desviar o olhar rapidamente.
— Queridos... — o padre Joseph disse, subindo ao altar. — Esse é o padre Adam, vindo diretamente do Vaticano. Ele assumirá meu cargo a partir da próxima semana.
O padre mais alto sorriu sem mostrar os dentes e levou uma mão ao peito, como se estivesse se sentindo lisonjeado por ter tal honra.
Enquanto os padres começavam sua homilia, você lutava para manter o foco nas palavras, mas sua mente inquieta voltava para o estranho magnetismo que emanava do padre Adam. Por mais belo e carismático que ele fosse, algo em seu olhar parecia esconder segredos sombrios, despertando uma sensação de inquietude que não conseguia ignorar.
[...]
Depois daquela semana, o padre Joseph foi embora. Tudo estava nas mãos do padre de longos cabelos escuros e alta estatura.
De repente, a sensação de pânico voltou — moderadamente —, aquela sensação de que havia algo a seguindo tinha voltado. Mas, faz dois anos que isso tinha sumido? Porque Deus decidiu te castigar novamente de tal maneira?
Deveria pagar algum pecado? Tinha atirado pedras à cruz de Cristo?
Não via outra opção a não ser se afundar em orações, e orar tudo o que sabia. As sensações se aquietavam quando você estava rezando, e perdeu as contas de quantas vezes seus joelhos ficaram doendo após ficar horas e horas sussurrando no altar. O crucifixo branco que ficava enrolado em sua mão já estava começando a ficar num tom mais encardido de tanto contato que tinha com suas digitais.
Agora mesmo, estava ajoelhada de frente à grande cruz de madeira, com o altar iluminado por mais de cem velas, enquanto você mantinha seus olhos fechados e rezava baixinho a oração "Glória a Deus nas alturas".
De repente, sentiu uma brisa fria percorrer a igreja quente e escura, batendo em seus ombros e quando olhou para o lado, lá estava o padre Adam. Como ele entrou sem fazer nenhum barulho? Parecia que seus pés eram leves como uma pluma, quase como se ele tivesse se materializado.
— Não quis interromper suas preces, filha.
— Não interrompeu, eu já tinha acabado, padre.
— Há algo te perturbando, querida... — o tom de voz dele era suave, quase furtivo.
— Como sabe?
— Posso ver no seu olhar.
Virou-se para ele, encarando aquele par de olhos castanhos. Havia algo muito estranho, apesar de serem brutalmente sensuais e cativantes, também eram densos. Tão profundos quanto mil abismos.
— Não sei o motivo... — ele levou uma mão até seu ombro, apertando levemente.
Seu corpo estremeceu levemente. Aquilo era muito similar à uma carícia, e não conseguia se lembrar da última vez que recebeu algum carinho de um homem.
Sentiu-se mal e se culpou instantaneamente. Estava gostando de ter o toque do padre Adam? Estava perecendo ao prazer da carne? Mas o que era aquilo? O que estava acontecendo com você naquela semana?
Não se conhecia.
— Mas... — ele prosseguiu. — Posso rezar por você, se me permitir.
— Agradeço imensamente.
O homem mais alto começou a rezar em latim. Apesar de você não falar esse idioma fluentemente, conhecia muitas palavras e foi capaz de identificar.
Ele estava rezando "Glória a Deus nas alturas", mas em seu idioma primário. Era a mesma oração que você estava fazendo antes. Ele estava ali há muito tempo? Escondido nas sombras escutando?
“Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis.
Laudamus te, benedicimus te, adoramus te, glorificamus te, gratias agimus tibi propter magnam gloriam tuam, Domine Deus, Rex caelestis, Deus Pater omnipotens.
Domine Fili unigenite Jesu Christe, Domine Deus, Agnus Dei, Filius Patris, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Qui tollis peccata mundi, suscipe deprecationem nostram.
Qui sedes ad dexteram Patris, miserere nobis.
Quoniam tu solus sanctus, tu solus Dominus, tu solus altissimus, Jesus Christe, cum sancto Spiritu, in gloria Dei Patris.
Amen.”
Um calafrio percorreu sua espinha ao escutar o "amém" dito dessa maneira mais forte, e você viu as chamas das velas no altar dançarem suavemente, por mais que todas as janelas e portas estivessem fechadas.
— Obrigada, padre.
Se levantou dos degraus. Já estava tarde, seu corpo clamava por descanso.
— Por nada — ele respondeu.
E, quando você ia sair, ele segurou sua mão e juntou às dele, fazendo-a praticamente desaparecer. Aquela mão pálida, grade, forte e cheia de veias aparentes estava sobre as suas. Elas eram quentes e macias, tão boas de serem sentidas que pareciam algo vindo de um paraíso artificial.
— E, não se esqueça de rezar antes de dormir.
Ele a olhou profundamente mais uma vez, fazendo você sentir sua garganta fechada. Responder era praticamente impossível agora, pois um nó havia se formado em suas cordas vocais. O que era aquilo, nervoso?
Assentiu com a cabeça e soltou as mãos dele, indo até o convento, para afundar a cabeça em seu travesseiro e desfrutar do sono dos justos. Dormiu com muito custo naquela noite, após ter rezado infinitas "Ave Maria".
[...]
O dia amanheceu sob um véu de sombras, onde nuvens pesadas pairavam no céu, obscurecendo a luz do sol e lançando o mundo numa penumbra sepulcral. O ar estava impregnado de uma sensação de inquietação, como se o próprio vento sussurrasse segredos sombrios que arrepiavam a sua espinha a todo instante, fazendo seus pelos se arrepiarem. No convento, o silêncio pairava como um véu de morte, envolvendo os corredores vazios em uma atmosfera de expectativa tensa, era como se algo estivesse prestes a acontecer.
Cada passo seu ecoava como um eco solene, reverberando nas paredes de pedra como um presságio fúnebre.
Os sinos da capela repicavam em uma cadência sombria, anunciando um dia que se desenrolava. Haviam corvos, que voavam em círculos sobre o telhado do local e suas vozes roucas cortavam o ar.
Cada sombra parecia se contorcer e se esticar, alimentando seu medo. Medo daquela sensação de que havia algo atrelado ao seu corpo... algo que não é desse mundo.
O dia se desenrolava como um capítulo perdido de um conto macabro, te deixando mais apreensiva a cada instante. Na parte da tarde, bem próximo às quatro horas, precisou ir ao monastério para pegar mais alguma velas que necessitavam ser repostas no altar da capela. Sob a luz pálida daquele dia extremamente não-expressivo, sua figura tímida deslizava pelos corredores sombrios da construção. Sentia seu corpo pesado enquanto seus sapatos tocavam no chão frio de pedra.
O ar estava impregnado com um silêncio pesado, sendo apenas interrompido pelos murmúrios dos corvos, que pairavam para lá e para cá, envolvendo-o numa atmosfera pavorosa. As sombras dançavam ao seu redor, contorcendo-se como espectros famintos que aguardavam nas dobras da escuridão.
A luz fraca das velas iluminava fracamente o espaço, lançando sombras distorcidas nas paredes antigas e nos móveis empoeirados.
Com passos cautelosos, você se aproximou de uma porta entreaberta, seus sentidos aguçados alertas para qualquer sinal de perigo iminente. Seu corpo tremia ligeiramente, uma mistura de medo e curiosidade a impulsionando adiante, mesmo quando a voz interior sussurrava advertências de perigo.
Se deparou com uma cena que ficaria em suas memórias para sempre. O cômodo era escuro, e várias velas estavam dispostas em cima da mobília velha. Mas, o que mais te impactou nessa cena foi o padre Adam — que estava sentado numa cadeira, no meio do cômodo escuro.
A cabeça estava jogada para trás, enquanto ele estava se tocando sem pudor algum. A mão grande e forte — que havia segurado a sua ontem — estava deslizando para cima e para baixo em seu membro, que estava melado pelo pré-gozo, escorrendo da glande rosada. A mão dele era bem grande, e mesmo assim, o pau ainda estava bem visível, com aquelas veias pulsantes e bem distribuídas por toda a extensão.
O seu corpo estava quase entrando em combustão, de tão quente que estava se sentindo agora. Seu coração estava martelando descompassado em seu peito enquanto você notava como o pomo de Adão dele subia e descia a cada momento em que ele respirava de um jeito mais ofegante. O moreno gemia de forma profana enquanto se satisfazia, e isso havia despertado algo em você.
Suas bochechas estavam coradas, e sua mão estava contra a própria boca, pois tinha medo de acabar deixando escapar algum som que não deveria. Havia um calor crescente no meio de suas pernas, um desejo estranho e uma inquietação em seu baixo ventre. O que era aquilo?
Por que ver um homem se rendendo ao prazer da carne estava te deixando assim? Você deveria se sentir envergonhada, deveria se sentir mal por isso, mas estava ficando excitada?
Seus olhos estavam vidrados naquela cena erótica, e você apertou ainda mais a mão contra sua boca quando o ouviu gemer mais alto e atingir o ápice, fazendo o conteúdo branco e viscoso escorrer pela extensão do próprio membro.
Saiu dali o mais rápido possível e desceu às escadas do monastério tentando controlar sua respiração, enquanto ainda sentia seu rosto queimar — só não queimava tanto quanto a inquietação no meio de suas pernas. Tentou tomar um bom copo de água para ver se acalmava seus nervos e controlar seus batimentos cardíacos, mas parecia que aquilo iria ficar na sua cabeça por um tempo; um bom tempo.
Como iria olhar para o padre agora? Como iria olhar para ele sem lembrar dos atos profanos que ele estava praticando num quarto escuro na construção?
Eram muitas perguntas e nenhuma resposta. O jeito era deixar que o próprio universo tomasse seu rumo.
[...]
A noite era tempestuosa, o som da chuva batendo impiedosamente contra as janelas era como uma sinfonia de caos e desassossego; raios cortavam o céu escuro, lançando breves lampejos de luz que iluminavam o seu quarto, revelando os contornos sombrios dos móveis e das sombras que dançavam nas paredes.
Olhava para o enorme espelho que havia perto da janela, pensando em como iria conseguir pegar no sono. Já havia rezado tudo o que sabia, e mesmo assim, a imagem do padre Adam dando prazer a si mesmo não saía da sua cabeça, assim como aquele fogo que ardia em seu íntimo ao vê-lo em tal situação.
O estrondo dos trovões ecoava pelo ar, como uma voz selvagem que rugia na escuridão, sacudindo os alicerces do convento com sua fúria incontrolável. O vento soprava forte, uivando como uma criatura faminta que clamava por entrada, enquanto as árvores fora curvavam-se em submissão ao seu poder avassalador.
Estava deitada em sua cama, os lençóis emaranhados ao redor de seu corpo como correntes que a mantinham prisioneira de seus próprios pensamentos impuros. Seu coração batia descompassado em seu peito, ecoando o ritmo frenético da tempestade lá fora, enquanto lutava em vão para encontrar paz em meio ao caos. Olhava para o teto de madeira, observando os padrões que eram desenhados no próprio material.
Cerrava os olhos com força, desejando desesperadamente que a tempestade passasse e trouxesse consigo a tranquilidade tão esperada. Sua mente atormentada por pensamentos impuros não iria te deixar em paz, nada iria.
Seu quarto era levemente iluminado pela luz branca e fraca de um poste que ficava ali em frente. Mas, essa luz parecia mais escura hoje.
De repente, ouviu batidas na porta.
Olhou para o relógio, que ficava em cima da mesinha de cabeceira. Faltavam cinco minutos para a meia-noite. Quem seria essa hora? Outra freira?
Levantou-se, usando sua camisola branca e fina e foi até a porta a passos relaxados, imaginando quem seria e o que queria. Ao abrir, se deparou com a última pessoa que esperava: padre Adam.
Ele estava em pé, e quase era do tamanho da porta. Estava sem suas roupas habituais, vestindo uma calça preta e uma camisa branca fina.
— P-Padre... — suspirou.
— Olá, querida. Problemas para dormir?
— S-Sim... estou tentando há algumas horas, mas meu corpo se recusa a descansar.
— Compartilho da mesma experiência.
Um silêncio mórbido pairou entre vocês dois, então você limpou a garganta brevemente e o olhou. Ele era tão grande comparado a você.
— Bom, hm... posso saber o por que de estar aqui...? Digo, essas horas...
Um sorriso praticamente sacana se instalou nos lábios sensuais do mais velho.
— Vim te perguntar se você gostou do que viu.
Seu corpo estremeceu no mesmo instante, e seu coração pareceu parar por alguns segundos, enquanto sua respiração ficava mais pesada. Arregalou os olhos e suas bochechas ficaram coradas de vergonha e desonra.
— E-E-Eu... eu n-não sei d-do que o senhor está f-falando...!
— Sabe sim, você é bem inteligente — levou uma mão até seu rosto, segurando seu maxilar e mantendo o contato visual. — Eu sei que você estava espiando. Que garotinha mais impura, não?
— D-Desculpa, não foi a intenção...
— Não me importo que você tenha olhado, só me entristece que não tenha se juntado.
— E-Eu não tenho como fazer o que o senhor fez... não tenho o que tem.
Uma risada rouca saiu dos lábios dele bem baixinho.
— Não mesmo... — a mão dele desceu por seu pescoço, e em seguida para seus seios, apertando levemente o esquerdo. — Deixa eu te contar um segredo... — ele se abaixou e se inclinou para frente, colando os lábios ao seu ouvido, enquanto a mão descia e adentrava sua camisola, chegando perigosamente em sua virilha, onde ele deslizou os dedos grossos por cima.
Seu corpo se estremeceu, e um gemido tímido saiu de seus lábios quando sentiu ele estimular levemente aquele ponto sensível, e pôde ouvi-lo sussurrar:
— Você tem algo muito melhor...
Os lábios dele desceram para seu pescoço, depositando beijos ardentes em sua pele, e te fazendo automaticamente abraçar os ombros largos dele. Estavam praticamente no corredor, entre a porta e o quarto.
— P-Padre... — tentou protestar. Mas aquilo saiu mais como uma súplica, do que um verdadeiro protesto.
— Adam.
Ele corrigiu, num tom ríspido.
— Mas que tipo de padre é você? — perguntou, sentindo o calor subir por suas pernas novamente, se concentrando em seu íntimo. — Que comete heresias...
Ele se afastou um pouco de você e te olhou nos olhos. Aquele olhar tão profundo e marcante, não era vazio e suas íris tomaram uma coloração vermelha, que brilhava como dois pontos na mais completa escuridão.
— V-Você não é um padre... você é... — ficou sem palavras.
— Sim, gracinha. Eu sou o seu demônio.
— Meu? — se perguntou internamente qual pecado teria cometido para merecer tal punição.
— Eu fui feito pra você. E, eu já tinha tentado me aproximar antes, mas você decidiu vir para o convento — ele reclamou. — Não posso te julgar, no fim, foi divertido.
— C-Como conseguiu entrar no convento? Como conseguiu se tornar padre? Pegar em cruzes, rezar...
— Eu tenho muita força de vontade, e deu um trabalhinho, sim. Mas, olha só como estamos... — ele se aproximou de seu rosto e deixou um selar demorado no canto de sua boca. — Valeu a pena.
A mão dele foi até dentro da sua calcinha, adentrando o tecido macio e permitindo que as digitais finalmente tocassem seu sexo nu. Um gemido de surpresa deixou seus lábios quando os dedos rudes do mais alto deslizaram um pouco mais embaixo, molhando-se com sua excitação.
Ele levou a mão até a própria boca, chupando os dedos vorazmente, com os olhos fechados. O moreno praticamente rosnou.
— Que delícia... — conseguiu dizer aquilo num tom que lhe deixava com as pernas bambas. — Preciso de mais.
— Ei, o que-.
Não teve tempo de protestar, ele segurou seu corpo como se você fosse tão leve quanto uma pluma, te agarrando, tirando seus pés do chão e entrando no quarto. Sua mente estava meio nublada, não conseguia pensar em nada agora que não fosse aquele homem; aquele demônio.
— Espera, e-eu nunca...
— Oh, eu sei... — ele levou o rosto até a curva de seu pescoço, passando o bigode por sua pele sensível. — Sinto o cheiro da sua pureza à quilômetros...
Os lábios dele foram até os seus. Eram quentes, macios e deliciosamente tentadores, só não era ainda melhor do que sentir a língua dele deslizando sobre a sua. Estava nos braços de Adam enquanto ele saboreava seus lábios e deslizava as mãos grandes por seu corpo, compartilhando seu calor com o dele. Nunca imaginou que fosse tão bom beijar um homem, mas estava sendo muito melhor do que nos seus sonhos.
Sentiu-se na cama, ficando de frente para ele enquanto o mesmo retirava a camisa e jogava em algum canto do cômodo. O peito pálido e com alguns pelos estava exposto, como seus braços fortes. Mas que belos músculos, aquele demônio tinha uma boa anatomia ou ele só tinha se ajustado à uma forma que sabia que iria lhe causar tesão?
Havia um crucifixo de prata ao redor do pescoço dele, com uma cruz detalhada e com alguns pedaços de uma jóia vermelha, supôs que fosse um belíssimo rubi.
Num movimento rápido, ele a puxou para o colo dele, fazendo você se sentar e sentir a ereção crescente que estava coberta pelo tecido escuro da calça. Seu rosto estava corado e sua respiração estava pesada, ele agora lhe dava selinhos lentos, que causavam estalos baixos.
— Seu coração está batendo tão rápido...
Aquele órgão pulsava em seu peito como as asas de um beija-flor.
Uma mão dele foi até seus ombros, abaixando as alças delicadas da camisola, fazendo-a cair levemente por seu peito, revelando seus seios que estava com os mamilos enrijecidos. Ele riu baixinho, um sorriso cafajeste que te deixou completamente excitada.
A outra mão foi até suas costas, obtendo um apoio para te inclinar levemente para trás, deixando seu peito mais visível enquanto ele praticamente salivava ao prestar atenção em sua pele, e perceber como você se arrepiava.
— Adam... — iria protestar sobre algo.
— Não se preocupe, eu sou forte o suficiente.
Assim, ele abaixou a cabeça, levando a boca até seus mamilos sensíveis, fazendo um gemido tímido escapar por seus lábios enquanto ele deslizava a língua descaradamente por sua pele macia. Aquela era uma sensação indescritível, pois nem mesmo em seus sonhos mais promíscuos foi capaz de imaginar que essa seria a sensação de ter a boca de um homem em seu corpo.
A mão livre do demônio foi até seu outro seio, praticamente o cobrindo por inteiro com aquela mão enorme, e apertando de um jeito que mais parecia massagear. Adam mantinha os olhos fechados, desfrutando daquele corpo perfeito que ele almejava há meses, e você estava gemendo baixinho, timidamente, se entregando pouco a pouco.
O moreno te deitou na cama em seguida, mantendo sua cabeça no travesseiro enquanto aproveitava para terminar de tirar a camisola que ainda te vestia, e ele aproveitou para puxar a calcinha junto. Agora você estava completamente exposta e sentia-se ainda mais envergonhada por ver como ele estava prestando atenção a cada mínimo detalhe em você. Desde quantos sinais de nascença estavam visíveis até suas bochechas coradas.
Cruzou as pernas por impulso.
— Não, não, minha querida... — ele disse num tom de voz suave. — Eu estava admirando esse paraíso que você tem entre as pernas, e você as fecha?
— Isso é um pouco vergonhoso...
O mais velho se deitou de bruços, distribuindo alguns beijinhos por sua coxa, fazendo você sentir aquela mesma sensação de quando o viu se tocando no monastério horas mais cedo. Aquele calor estava subindo por seu ventre novamente.
— Quando eu estiver fazendo você revirar os olhos, nem vai lembrar da vergonha... — os beijinhos foram subindo mais um pouco. — Agora abre essas pernas pra mim...
Ainda relutante, você abriu as pernas vagarosamente.
— Boa garota.
Ele segurou suas coxas na parte exterior, perto de sua bunda, e pôde posicionar melhor o rosto. Foi beijando a parte interior, praticamente queimando a pele sensível com aqueles beijos ardentes que pareciam te consumir como labaredas consomem a estrutura de uma construção durante um incêndio.
Os lábios dele chegaram perigosamente perto de sua virilha, antes de ele ir até a parte que tanto almejava: sua buceta.
Estava encharcada, tanto que sua excitação escorria. Ele sorriu maliciosamente ao notar e te abocanhou sem pudor algum. Um gemido de surpresa escapou por seus lábios, e você imediatamente cobriu sua boca com uma mão enquanto fechava os olhos.
Sentiu ele sorrir e grunhir contra sua buceta.
— Não precisa se conter tanto... as paredes do convento não são tão finas quanto parecem.
E voltou a te chupar novamente. Aquela era uma sensação tão celestial que nem parecia que algo profano estava sendo feito em cima daquela cama pois nunca, em todos esses anos, poderia imaginar que a sensação de ter a boca quente de um homem explorando seu sexo encharcado fosse tão perfeita assim, ainda mais quando o nariz dele estava sendo esfregado contra seu clitóris.
Pensou em como teria que rezar depois disso e pedir muito perdão por estar fazendo algo tão explícito e erótico. Finalmente havia se rendido aos prazeres da carne, ainda mais com um demônio. Mas, seus pensamentos rapidamente eram deixados em segundo plano quando sentia a boca quente dele indo até seu clitóris. Bem que ele disse que quando você estivesse revirando os olhos, não iria pensar em vergonha alguma.
— Porra... — a voz grave dele ecoou entre vocês. — Você é tão doce...
— Eu sou? — questionou timidamente, olhando para baixo e vendo como ele estava focado em continuar te chupando.
— Uhum... — ele murmurou, não perdendo o foco e jogando uma de suas pernas por cima do ombro largo enquanto apertava com uma mão.
Ele estava praticamente te fodendo com a língua, fazendo-a ver estrelas e praticamente alcançar sua utopia. Você levou uma mão até os cabelos escuros e macios dele, apertando sem nem se dar conta do que estava fazendo enquanto gemia.
O mais velho se concentrava agora em seu clitóris, fazendo movimentos em "oito" com a língua naquele ponto sensível. Aquilo te fez estremecer e praticamente lacrimejar de tanto prazer que estava sentindo. A sensação em seu baixo ventre voltou, mas dessa vez, muito mais forte que antes, como se houvesse um nó que estivesse prestes a se romper.
— A-Adam, por favor, eu... eu... — suplicou.
— Deixa vir que eu te seguro, querida — ele praticamente rosnou contra seu clitóris.
Não demorou muito para que tivesse seu primeiro orgasmo, o primeiro orgasmo de sua vida. Foi uma sensação tão intensa, que nem mesmo tinha palavras para descrever o quão incrível aquela experiência havia sido. Seu coração palpitava no peito, suas pernas tremiam e seus olhos estavam se revirando enquanto você apertava aqueles cabelos macios e escuros.
Ele lambeu sua intimidade mais um pouco, antes de se distanciar, com os lábios melados.
— Você tem um gosto melhor do que eu tinha imaginado... — ele admitiu, se sentando na cama.
A ereção já estava incomodando, aquelas calças estavam apertando mais que o normal. Mas, ele teria o alívio que almejava em breve, ainda não tinha terminado o que queria fazer antes de te penetrar.
O mais velho te fez sentar na cama, levemente inclinada para trás. Sentia seu corpo quente, o sangue fluía por suas veias rapidamente. Uma mão dele foi até sua intimidade, deslizando os dedos grossos por sua excitação gotejante, melando-os.
— Está sensível... — disse baixinho.
— Ah, querida... essa é a melhor parte.
Sentiu um dedo dele deslizar para seu interior apertado, provavelmente o dedo médio.
Arfou, olhando naqueles olhos profundos e cheios de desejo enquanto ele movia a mão devagar. Seu interior se contraia, devido a sensibilidade do orgasmo recente, mas mesmo assim era uma boa sensação.
— Vamos ver se você aguenta mais um...
E, assim, ele deslizou o dedo anelar, te fazendo gemer baixinho mais uma vez.
— Ótimo... ótimo... — te reconfortou.
Os dedos dele faziam esse movimento de vai e vem, curvados levemente para cima, te deixando cada segundo mais sensível. Era uma sensação estranha, ao mesmo tempo que era levemente dolorida, era extremamente bem-vinda e satisfatória. Fazia isso lentamente, mas não chegava a ser algo tortuoso.
— Está gostando disso? — ele questiona, baixinho, analisando seu rosto.
Você murmura algo de forma afirmativa, e ele segura seu queixo, fazendo-a olhar para seu rosto.
— Quero palavras, não murmúrios.
— Sim...
Ele começou a mover os dedos um pouco mais rápido, fazendo-a se contorcer levemente. Suas pernas ainda estavam um pouco trêmulas, e você fechou os olhos, inclinando levemente a cabeça para trás enquanto se entregava a mais uma sensação deliciosamente tentadora e excitante.
— Quando você estiver necessitada, e eu não estiver por perto... é isso que você vai fazer... — ele dizia aquilo num tom tão erótico, que parecia te levar para outra dimensão. — Você vai fazer isso com a sua mão, ouviu bem?
O moreno desceu a mão por seu queixo, até chegar em seu pescoço, onde ele não a enforcou, mas teve um certo apoio para poder olhar melhor para seu rosto. Suas bochechas ainda estavam coradas e seus lábios estavam entreabertos.
— Aprenda direitinho, hm? Na próxima vez você vai se tocar, e eu vou assistir...
Ele aumentou um pouco o ritmo dos dedos, movendo a mão mais rápido, fazendo com que a palma batesse contra seu clitóris e os dedos fizessem o som molhado reverberar entre vocês dois, te deixando ansiosa para sentir aquilo de novo.
— Eu tô... eu tô... — tentava falar, mas não conseguia.
A antecipação do ápice já fazia suas palavras tropeçarem umas nas outras.
— Mantenha os olhos abertos, querida — ele mantinha o ritmo dos estímulos. — Quero que olhe nos meus olhos enquanto goza nos meus dedos.
Aqueles olhos castanhos estavam fixos aos seus, e mesmo com a baixa iluminação que invadia o quarto, você conseguia prestar atenção em como aquelas íris escuras estavam ainda mais obscurecidas pelo desejo crescente que ardia por você. Não estava conseguindo se controlar, aquela sensação vinha com tudo mais uma vez, num desespero crescente que subia por seu ventre.
Ele continuava segurando seu pescoço, um pouco perto de sua nuca, mantendo seu rosto erguido e finalmente se deliciando com a visão de vê-la alcançar seu ápice. Seus quadris tremeram, um gemido sôfrego deixou sua garganta, e você sentiu como havia molhado os dedos dele, e como seu interior estava se contraindo.
O segundo ápice foi tão incrível quanto o primeiro.
— Muito bem, meu amor. Muito bem...
Ele retirou os dedos de seu interior e levou até a própria boca, chupando-os como havia feito mais cedo.
Estava ainda mais molhada, escorrendo ainda mais e molhando o lençol da cama. O demônio alto e forte se levantou, ficando de pé no chão de pedra e se livrando daquelas calças que estavam apertando a enorme ereção dele. Quando ele abaixou a calça, você não pôde deixar de se surpreender com o tamanho de seu membro.
Já havia o visto, mas agora que a mão dele não estava no mesmo, parecia ser maior. Só de lembrar daquela cena erótica no monastério, aquela sensação subia por seu ventre novamente. Ele estava pulsando, com a glande rosada molhada de pré-gozo, e ele pulsava.
— Eu sei que é grande... — ele se deitou sobre você, tomando seus lábios gentilmente, como se fosse uma forma de te acalmar. — Mas não se preocupe, vai caber.
Os lábios dele foram até os seus gentilmente, deslizando a língua pela sua, enquanto os lábios dele pareciam massagear os seus. Estalos baixos daquele beijo estavam ecoando entre vocês, e você estava tão perdida nessa sensação que mal se importava com o mundo ao redor.
As mãos grandes dele foram até seus braços, segurando seus pulsos com firmeza e deixando-os pressionados contra os lençóis. Sentiu ele te penetrar devagar, indo com calma e sutilmente, para que não acabasse te machucando.
Você gemeu contra os lábios dele, e ele separou o beijo, fazendo com que um filete de saliva acabasse pendendo entre vocês dois, que logo se desfez. Sentia centímetro por centímetro, e fazia uma pequena pressão no início, mas ele foi devagar e com calma até penetrar tudo.
— Puta merda... — ele gemeu.
— Caralho... — você gemeu baixinho.
O fato de estar se entregando assim, e agora falando um palavrão já havia deixado bem claro como aquele demônio havia conseguido corromper você.
— Viu? Eu te disse que ia caber... — ele a tranquilizou, começando a mover os quadris devagar. — Nossos corpos foram feitos um para o outro, querida.
Ele não estava mais com peito colado ao seu, mas estava movendo os quadris num ritmo lento e altamente erótico que te fazia perder o juízo, enquanto ele segurava seus pulsos com aquelas mãos grandes e olhava em seus olhos. Não sabia dizer se era só impressão, mas ele ficou ainda mais gostoso em cima de você, e imaginou como aquelas costas largas e aquele corpo alto cobriam o seu corpo pequeno perfeitamente.
Os gemidos e grunhidos profanos do demônio estavam adentrando em sua mente, e logo mais iriam se tornar seu som favorito, era melhor do que ouvir os pássaros cantando na aurora. O pau dele esticava seu interior deliciosamente, fazendo-a gemer sem pudor, olhando nos olhos escuros dele se sentindo indefesa e entregue.
Estava nas garras do demônio.
A cada trovão que iluminava o céu noturno, você podia prestar atenção nos músculos fortes do moreno, e sentir-se feliz por ter a chance de se deleitar com isso. Já Adam, estava mais do que feliz por tê-la embaixo dele, e ele sabia que deveria tomar cuidado com seu corpo, pois às vezes não tinha controle da própria força.
— Sabe por quantas e quantas noites eu ansiava em te tornar minha? — por Deus, aquele homem sabia como fazer seu mundo virar de cabeça para baixo. — Agora olha só...
— P-Por que não tira esse crucifixo? — questionou timidamente, prestando atenção em como o pingente se movia a cada movimento de vai e vem que Adam fazia.
— Ele é um amuleto de proteção. Me impede de usar 100% do meu poder.
— Por que não usa?
Uma risada lascívia escapou dos lábios dele ao ouvir seu questionamento.
— Porque eu posso acabar te machucando, e essa é a última coisa que eu quero.
— P-Podemos tentar sem o crucifixo? — não estava se reconhecendo agora, ainda mais fazendo uma sugestão tão promíscua.
Os olhos dele brilharam naquele tom carmesim novamente.
— Ah, querida... eu não poderia estar mais feliz em ser seu.
Ele saiu de dentro de você, se sentou na cama e retirou o crucifixo. Aquele sorriso malicioso estava no rosto dele, sentia que algo muito bom estava por vir e que não iria se arrepender de ter feito essa proposta.
— Fica de quatro.
Ordenou, e você ficou com um pouco de dificuldade, mas conseguiu. Ele xingou baixinho com a visão de sua bunda empinada, e segurou seus braços, levando seus pulsos até suas costas, mantendo-os juntos e enrolando o crucifixo neles.
— Isso vai ficar bem aqui... — ele prestou atenção na cruz brilhante. — E se você não aguentar, pode me avisar.
Imediatamente você sentiu uma sensação diferente, como diversos toques em seu corpo. Adam só tinha duas mãos, mas você sentia mãos segurando seus pulsos, segurando a parte de trás dos seus joelhos para manter seu equilíbrio e finalmente uma mão dele em seu quadril.
Ele segurou a ereção com a outra mão e levou até sua intimidade molhada e exposta, deslizando a glande levemente por sua entrada, te provocando desse jeito sujo.
— Meu Deus... — suspirou surpresa.
— Deus definitivamente não está aqui, querida — e ele empurrou tudo, te fazendo gemer alto e surpresa enquanto fechava os olhos.
A outra mão foi até seu quadril, te fazendo empinar os quadris para que ele pudesse mover os dele. A chuva ainda estava forte lá fora, e os trovões e os raios eram altos o bastante para poder mascarar os gemidos e os sons de seus quadris que ecoavam pelo quarto. Felizmente, a cama não fazia tanto barulho, e a cabeceira não estava batendo contra a parede de pedra, mas ele estava sendo bem intenso.
Não conseguia expressar a satisfação de estar sendo segurada por essas "mãos invisíveis", mas era uma sensação que beirava a definição de "celestial". Adam estava focado em te satisfazer, movendo os quadris num ritmo que era um pouco mais rápido, e a fazia gemer.
Nunca pensou que fosse se encontrar na cama, gemendo graças a um padre — na verdade, um demônio disfarçado de padre —, mas olha só a ironia do destino. Ele havia te corrompido da forma mais deliciosa possível, te fazendo enxergar que era bom poder se render ao prazer da carne quando estivesse com alguém que sabia o que estava fazendo.
E, céus... ele sabia foder.
— A-Adam, o que é isso? — perguntava, entre gemidos. Mal conseguia falar, as ondas de prazer eram de desnortear qualquer um que ousasse sentir.
— Isso não é nada, eu estou pegando leve com você... — ouviu ele rir, aquela risada cafajeste de mais cedo.
Os cabelos negros caíam pelo rosto de Adam, que estava olhando para baixo e apreciando a visão de sua bunda indo de encontro ao quadril dele, enquanto ele apertava sua carne com as duas mãos. O pomo de Adão subia e descia enquanto ele respirava pesadamente e gemia sem pudor algum. Ouvi-lo gemendo era tão bom.
Sentia aquela sensação novamente em seu baixo ventre, como se aquele nó imaginário estivesse próximo a se romper e fosse te levar ao ápice novamente. Estava prestes a saborear a deliciosa sensação num terceiro orgasmo.
— Por favor, não pare... por favor... — sua voz estava manhosa, mal conseguia falar.
Tendo em vista isso, ele usou um pouco mais do poder, fazendo você sentir agora como se a boca dele estivesse em seu clitóris, mas ao mesmo tempo estivesse em seus seios. Eram muitos estímulos juntos, e no momento em que sentiu, um gemido de surpresa deixou seus lábios que estavam abertos em um perfeito "o".
Ele aproveitou para mover os quadris num ritmo mais bruto e rápido.
— Goza pra mim, meu amor. Você tá quase lá, quase lá... — o tom de voz rouco dele adentrava e corrompia sua mente. — Goza no meu pau.
— Eu t-tô... eu tô- aah! — o gemido que anunciou o ápice acabou cortando sua lamúria enquanto você sentia as ondas de prazer atingirem seu corpo violentamente, fazendo seus quadris tremerem e sentiu que estava molhando o pau dele com aquele líquido quente.
Seus sentidos estavam confusos, a sensação ainda estava fluindo por todo o seu corpo, como o sangue que fluía por suas veias ativamente. Gozou com força, fechando seus olhos e praticamente gritando, agradecendo mentalmente pela tempestade que assolava o mundo lá fora.
— Que delícia, querida. Puta que pariu- ugh! Eu vou gozar, eu vou gozar... — o moreno gemia num tom mais manhoso e delicioso de se ouvir, aquilo não sairia da sua memória nem tão cedo.
Ele penetrou profundamente mais algumas vezes enquanto gozava em seu interior, liberando jatos de porra quente em sua buceta e respirava ofegante. O pomo de Adão subia e descia, como havia sido no monastério. As mãos grandes apertavam sua pele e os músculos daquele abdômen forte se contraíram.
Vocês ficaram parados mais alguns instantes, tentando voltar à realidade depois dessa experiência intensa.
O moreno saiu de seu interior e depositou um beijo em uma de suas nádegas.
— Seja uma boa garota e mantenha tudo aí dentro, hm? — ele disse tranquilamente.
Uma mão foi até seus pulsos, pegando o crucifixo e aquela força invisível parou de te segurar, te permitindo deitar no colchão. Ele colocou o crucifixo novamente e se deitou ao seu lado, te puxando para o colo dele.
Seus corpos estavam quentes e suados, mas aquilo era muito melhor do que havia imaginado. Ele deixou um beijo no topo de sua cabeça, e você pode fazer aquele peito forte de travesseiro enquanto ele deslizava a ponta dos dedos por seu ombro nu, no que seria uma carícia singela.
Passou uma perna pelo quadril dele, se aninhando no braço grande e forte do mais velho.
— Eu sou seu... — ele pegou sua mão e levou até os lábios, depositando um beijo terno. — E você é minha.
— Você é meu demônio de estimação? — brincou, fazendo-o rir.
— Se é assim que você quer se referir à mim.
[...]
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𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐇𝐀𝐃𝐄𝐒: morceguinhos, eu sou tão apaixonada nesse plot maluco que eu tirei do cu, que eu juro que vou fazer um livro inteiro sobre isso no wattpad puta merda, o Adam é uma delícia e ele como PADRE fica a coisa mais pecaminosa do mundo juro puta que pariuuuu 🗣️
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Desde que você entrou na minha vida, tudo mudou de uma maneira que eu jamais imaginei ser possível. Durante tanto tempo, me acostumei a viver sem sentir a verdadeira felicidade, como se um vazio constante me acompanhasse. Mas então, você apareceu, trazendo consigo uma luz que iluminou todos os cantos escuros do meu coração.
Você me faz sentir coisas que eu nunca pensei que fosse capaz de sentir. Em seu sorriso, encontro a paz que tanto procurei. Em seus olhos, vejo um amor que transcende qualquer barreira, que me faz sentir viva, amada e verdadeiramente especial. Com você, eu me sinto importante, como se cada momento ao seu lado fosse um presente precioso, algo a ser guardado com carinho e gratidão.
Seu amor me transformou. De alguém que não conseguia encontrar felicidade, me tornei uma pessoa capaz de sentir alegria nas pequenas coisas. Você me faz rir, me faz sonhar, e acima de tudo, me faz acreditar no poder do amor verdadeiro. Nosso relacionamento é a prova viva de que, mesmo nas adversidades, o amor pode florescer e se fortalecer.
Sou profundamente apaixonada por você e por tudo o que somos juntas. Cada dia ao seu lado é um novo capítulo de uma história linda que estamos escrevendo. Você me completa de uma maneira que palavras jamais poderão descrever. Obrigada por me fazer sentir tão amada, tão especial. Obrigada por ser a luz na minha vida.
Com todo meu amor.
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azulmiosotis · 4 months
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moving
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༊࿐ ⊹ ˚. capítulo I
༊࿐ ⊹ ˚. sinópse: quando o renomado fotógrafo enzo vogrincic é escalado para fotografar um balé e uma entrevista com a dançarina principal, não se sente lá muito animado. o espetáculo, porém, subverte suas expectativas, especialmente devido a uma linda bailarina.
༊࿐ ⊹ ˚. tw: relacionamento tóxico, manipulação (cap. futuros)
༊࿐ ⊹ ˚. n.a.: há um link de vídeo em "[...]a parte mais icônica!". (o da osipova é perfeito, mas as palmas no da marinela elevam mt a performance, ent pus esse vídeo c os dois+ a zhakarova de brinde☠️)
༊࿐ ⊹ ˚. masterlist // próximo cap.
A imponência do Teatro Colón sempre diminuía Enzo quando ele cruzava suas portas. Algo um tanto regular, visto seu trabalho como fotógrafo na maior revista de dança da Argentina. Sua câmera havia levado-o por toda a América; seu talento único em sintetizar toda uma experiência em uma única cena, tão fugaz quanto um flash, havia lhe rendido numerosos prêmios. Duvidava, porém, que qualquer foto de hoje fosse extraordinária. Simplesmente acompanhava seu colega, Francisco, para registrar a abertura da temporada de ballet do ano e a entrevista que ele faria com uma bailarina, à qual o especialista rasgava elogios.
  “Ela é incrível, você vai ver. Foi contratada pela companhia do Colón faz um ano, mais ou menos; antes ela dançava no Brasil.” o mais novo comentou, enquanto achavam seus lugares. 
  “Hum… ela é, como se diz? Uma prima ballerina?” Enzo não sabia o significado exato do termo, mas parecia-lhe certo para uma dançarina que tanto impressionou Fran. 
  “Ela não é principal, ainda é solista, mas acho que ainda nessa temporada ela será promovida. Ela foi escalada em muitos papéis principais: Hoje, ela fará a Kitri, por exemplo.”
  “Kitri? Não lembro dessa personagem em Don Quixote…”
   Francisco riu. “O balé é bem diferente do livro. Vou apontá-la quando aparecer, não se preocupe.”
  Enzo estava ficando inquieto. Apesar do balé ser divertido, já havia passado o prólogo e nada da tal bailarina aparecer. Já duas vezes Enzo perguntara, “é aquela?” sobre uma dançarina qualquer que entrava em cena. Francisco se divertia com a ansiedade do colega.
  “Tenha calma, cabrón, ela só aparece no primeiro ato.”
  As cortinas se abriram novamente, revelando o palco cheio de camponesinhas espanholas. A música ritmada animou Enzo, que fotografava a cena.  Mal sentiu o toque de Francisco em seu ombro, mas ouviu seu murmúrio.
  “É ela!”
  De repente, a música aumenta de tom, e no meio do palco, surge uma bailarina, correndo e pulando como uma fada. Ela toma o comando da cena, saltando com a graça e vivacidade de uma princesa, batendo na mão um leque que combina com o vestido. Enzo quase sai da cadeira, querendo capturar cada pose desse passarinho vaidoso em sua frente. A espanholinha parece quase estar brincando com os outros dançarinos, atuando espalhafatosamente.  
  “Não lhe disse? Veja só como ela é graciosa!”
 Mesmo nas danças do corpo de baile, em que ela saia de cena, o artista estava inebriado com a impressão causada pelo seu charme e coqueteria. Imerso na apresentação, perguntava para Francisco a todo momento o que estava acontecendo, querendo acompanhar a história. Suas mãos nervosas rompiam flashes quase que involuntariamente, registrando as poses e expressões da solista. Só quando a música diminui, e os principais vão à frente do palco, que ele descansa a câmera no colo. Francisco, porém, dá-lhe um tapa no braço.
  “Não largue a câmera! Agora que é a parte mais icônica!” 
  Enzo mal tem tempo de assimilar o comando, quando a música retorna, mais intensa que nunca, e a bailarina de vermelho  corre através do palco. O som de castanheiras e palmas ritmadas dos figurantes ditam seus movimentos ágeis, marcantes, completados por seu sorriso confiante. Ela corre para o fundo do palco, enquanto os toreadores se alinham, formando um corredor, de cujo início ela surge, atravessando o palco em piruetas elegantes. As mãos de Enzo tremem ao vê-la se aproximando da frente do palco. Ela gira sua última pirueta, caindo numa pose elegante. Seus olhos pousam sobre a primeira fileira, e crava seu olhar no dele. Ele mal sente seu dedo apertar o botão da máquina, registrando o olhar penetrante e o sorriso sedutor da bailarina. Continuou a fitar o homem enquanto agradecia o público, curvando-se no centro do palco. Mesmo após as cortinas fecharem, e as luzes serem ligadas na plateia, Enzo continuou estatelado na cadeira, com o olhar distante. Francisco, ao lado dele, se segurava para não rir alto do estado do amigo.
  “Agora é o intervalo… não quer sair um pouco não? Ou o baque foi muito forte?” Ele não se aguentou e explodiu em gargalhadas, assustando uma família ao lado e envergonhando Enzo, que escondeu o rosto nas mãos. 
  “Não precisa. ‘Tô bem.” ele murmurou.
  “Eu te disse que ela era incrível. Vou perambular pelo salão um pouco, esticar as pernas, mas depois quero ver como estão ficando as fotos.” com isso, o loiro se foi, engatando uma conversa com um desconhecido. Enzo pegou sua câmera vagarosamente, a fim de verificar as fotos. Temia que a escuridão da platéia e o ângulo estranho tivessem arruinado as imagens, mas não foi o caso. Algumas saíram estranhas, até trêmulas, mas quando conseguia capturar uma pose ou expressão no momento certo, e a luz batia certinho contra os bailarinos do palco, podia-se sentir a energia da dança. A última foto, porém, era a mais impactante.
   O olhar forte, confiante, que a bailarina pousava exatamente nas lentes, as pálpebras semicerradas e o sorriso sedutor aumentados pela luz dramática e pelo ângulo, que a olhava de baixo, como um crente reverenciado diante de sua deusa. Enzo suspirou, olhando para o afresco no teto da sala. Não podia esperar pelo fim do balé, para poder conhecê-la pessoalmente, e sentir de novo seus olhares se encontrando. 
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nominzn · 1 year
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Ela quer, Ela adora
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capítulo I igual ela não tem, 01, primeira dama
avisos: referências muito específicas sobre o subúrbio do rio, eu posso explicar se quiserem hahaha. pequeno crossover com Garupa. é isso, espero que gostem! masterlist
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Se tem algo que o povo de Bangu sabe é passar calor e que você é do Renjun, vulgo Junin. O cobrador da B44 é conhecido pelo calçadão e pelo largo inteiro, anda pelos bairros adjacentes acenando e batendo nas mãos de quase todo mundo. Esse daí pega a van todo dia, falaí, trabalhador. 
Cada final de semana é um convite diferente para churrasco de fulano de tal, festa do filho de ciclano quem. O queridinho de geral tinha que marcar presença. 
De dia, ele rala e faz o dele; de noite, sai para as batalhas de rap e faz uns corres pela arte. 
Foi numa dessas que ele te conheceu. Obviamente era sua primeira vez ali, foi porque seus amigos te convidaram. A roda estava cheia e as reações eram tão altas que logo o ambiente te fez participar também. Renjun massacrou todos os rivais naquela noite, não sabe dizer se foi inspirado pela sua curiosidade que o encarava, ou se foi apenas resultado da prática mais intensa dos últimos meses. 
Quando ele finalmente ficou livre, te procurou entre os vultos que o elogiavam, mas não te encontrou. Contudo, essa vida é um sopro, se fosse para trocarem uma ideia, ia acontecer. 
Dito e feito. 
O que para Junin era uma surpresa, para você nem tanto. Já tinha visto o bendito várias vezes na van que pega para ir ao trabalho, por isso se admirou ao vê-lo no dia anterior. Nem sabia que ele era rapper, mas você não é parâmetro para nada. Não interage com ninguém no caminho de ida ou volta do trabalho. Entra muda e sai calada, com pagode nas alturas no fone sem fio mais caro do camelódromo de Bangu. Fora que sempre acaba se misturando com as dezenas de pessoas que saltam no mesmo ponto.
Logo ele, nunca ter reparado em você? Impossível. 
O cobrador rouba vários olhares na sua direção enquanto espera a van lotar para sair. Você não tem medo, fita de volta, dá um sorrisinho. Assim ele não aguenta.
Levanta um ponto antes do seu, tirando o fone e pegando o dinheiro trocado no bolso. 
— Vou ficar no próximo, Junin. — Chama-o pelo vulgo, e ele vira a cabeça tão rápido que quase bate. 
— Opa! No próximo para, Nando. — Ele anuncia para o motorista sem tirar os olhos dos seus, nem mesmo confere as notas. — Tem certeza que é no ponto? Se precisar, a gente para mais perto, pô. 
— Não, gatinho, no ponto mesmo. — Você diz, apoiando-se na janela quando o carro desacelera bruscamente. 
Oferece um último sorriso para o garoto, agradecendo ao motorista também. Isso sim era novo. 
— Ih, Juju, enfeitiçou a metida, foi? — Nando caçoa, e alguns passageiros riem com ele. O pessoal que pega contigo no mesmo horário nunca tinha escutado sua voz, com certeza tem algo aí. 
— Qual foi, Nando, que isso. — Ele esconde o sorrisinho convencido ao fingir contar umas notas bagunçadas nos dedos. — Tu acha que eu tenho chance? 
— Se tu não comer mosca como tu sempre faz, tem. — O motorista não perde a oportunidade de botar uma pilha. Na visão dele, Renjun é apenas um menino bobo que precisa acordar para a vida. 
A história se repete no dia seguinte, e no outro, e no outro… Depois de mais uns dias de olhares travessos, de sorrisinhos óbvios e de muitas piadinhas das duas partes, o rapper decide te chamar para sair. Era a última corrida da sexta à noite, tudo que ele menos quer é perder mais tempo. 
— Pô, só um chopp de vinho, falaí. — O menino anuncia, arrancando algumas reações dos passageiros restantes.
Você o desafia com os olhos debochados e um sorriso desacreditado. 
— Não, não. Pra mim só uma cerveja mesmo, afogar a tristeza por causa dessa merda do Flamengo. — Um homem levanta a discussão, o tópico muda. Mas não para vocês dois. 
Renjun chama sua atenção cutucando seu calcanhar com o próprio, fazendo com que se virasse para ele. O menino balança o queixo como quem pergunta o que acha da proposta que ele tinha feito. Você finge ponderar, mirando as unhas de acrigel que precisavam de manutenção. 
Pega o celular e digita uma mensagem rápida para o contato que tinha te chamado recentemente no whatsapp. 
só vou se for chopp do bom, com gosto de fanta uva nem me leva 
Ele ri ao ler a mensagem, mordendo o lábio e ajeitando o boné para trás. Sextou, pai.
Na praça da Guilherme tem de tudo, e o barzinho novo de frente para a estação é para onde vão. Musiquinha ao vivo, petisco bom, papo melhor ainda, ambiente instagramável, tudo para te conquistar de primeira.
— Como você é tão bonita? — Ele diz ao perceber que você já o tinha dado condição o suficiente para chegar. Estão ainda sentados na mesa do bar, já bem mais perto do que antes. 
O sorriso esperto, a mão no seu joelho, o chopp fazendo efeito… Você se aproxima também, deixando a boca bem perto da dele. 
— Bonita não, linda. — Brinca, quase não resistindo aos lábios geladinhos com hálito de cerveja. 
— Linda, — Ele não resiste, te dá um selinho. — mas tão metida. 
Não era uma ofensa, principalmente com as tuas unhas arranhando o disfarce do corte recém feito. Tinha ficado na régua só na esperança de ter esse encontro contigo. 
— Se eu não fosse tudo isso, você não estaria doidinho pra me beijar. — Retruca entre os selinhos que ficavam mais longos, mais profundos, mais molhados. 
— Me. ti. da. — Renjun corta a palavra com beijinhos lentos que te deixam tonta. Após dizer a última sílaba, aprofunda o beijo com experiência. Usa a língua devagar, te puxando pela nuca, se perdendo nos seus lábios.
O que era para ser um encontro virou dois, três… Quatro ficadinhas viraram cinco, seis, sete… incontáveis. Um burburinho começou a crescer sobre um possível namoro dele contigo porque só viviam juntos. Porém havia um problema, Junin perdia a linha.
Certo dia, voltando da manicure com o alongamento tinindo de perfeito, você corre para o ponto na esperança de chegar em casa mais rápido. Chegando mais perto, vê o dito cujo todo se engraçando para cima de uma mixuruca risonha. 
Ele não percebe a sua proximidade, estando de costas para você. A bonitinha não queria pagar a passagem e, além de cair na mentira dela, Junin está se querendo demais com essas risadinhas que conhece bem. 
Já está mordida de uma briga boba que tiveram semana passada que ainda não esqueceu, hoje vai ver o que é bom para a tosse. Desta vez não vai deitar. 
Tira da bolsa os quatro reais que tinha separado e, com toda raiva que tinha, espalma o dinheiro no peito do garoto, que leva o susto mais aterrorizante da vida dele. 
— Princesa, qual foi?! — Renjun exclama, o rosto ficando pálido de medo ao cair em si: fez merda. 
— Tô pagando a passagem da sua amiga, Junin. — Você sorri irônica, acenando os dedos adornados da extensão impecável. 
Vira de costas antes que ele pudesse protestar, traçando o caminho até o ponto de mototáxi do outro lado da rua. Ao subir na garupa de Jeno, finalmente encara Jun outra vez, ele espuma de raiva. Você abraça o abdômen forte do motoqueiro, apoiando a cabeça no ombro definido também. Ele repara a situação, balança a cabeça negativamente e ri da sua gracinha, dando partida por fim. 
O beijinho que joga no ar acaba com o cobrador. Ele não está apenas fodido, como fodido para caralho. 
— Gatinha, aquele lá é o tal do Junin? — Jeno pergunta ao te deixar em casa. Você afirma com uma expressão desgostosa, ainda sem acreditar na pachorra de Renjun. 
— É… — Suspira desanimada, devolvendo o capacete ao dono enquanto passa os dedos entre os fios embolados. 
— Já ouvi falar dele. — Jeno comenta, preparando a moto para a nova partida. — Também já ouvi dizer que ele só tem olhos pra você, sabe como é o corre da gente, os caras falam. 
Sorriu fraco para o mototáxi, agradecendo a tentativa de animá-la. Porém, as palavras mal deixaram uma impressão no seu interior, só consegue focar na imagem dele flertando com a outra lá.
Estão ficando há meses, ele te enche de presente, conheceram as famílias um do outro, todas as coisas que casais fazem. Mas o pedido que é bom, nunca veio. Agora, por causa do que viu, além de sentir o coração apertar um pouco, pensa se não está sendo otária. Quem diria, né. Vividona, toda bandida, caindo na laia de amor falso. Realmente estava achando que daria em algo. 
O lance entre os dois é diferente, te dá frio na barriga, só de vê-lo fica mais feliz. Ama acompanhar Junin nos corres dele, andar de mãos dadas pelo Bangu Shopping nos finais de Domingo, pegar o BRT lotado para ir tomar banho de mar na sua folga, visitar a vovó do menino só para ela ter companhia no lanche da tarde… Talvez só você estivesse sentindo tudo isso. Quando foi que ficou tão cega?
O dia inteiro ele te manda mensagem, mas nenhuma resposta vem. Tenta até te ligar… nada. A cabeça do garoto gira rápido demais, pouco se concentra no serviço o resto da tarde. Ele começa a ficar agoniado, a culpa e o medo atormentam cada pensamento. 
— Qual foi, Junin? Tá com cara de enterro desde cedo. — Nando indaga, estacionando a van na garagem. 
— Ah, bagulho com a minha mina… — Ele responde envergonhado.
— Sua? Tu pediu em namoro? — O motorista usa um tom irônico que incomoda o mais novo. — Tá é de enrolação, isso sim! Vai perder já já, isso se já não perdeu. Avisei pra não ficar se engraçando com…
Para de ouvir. Renjun não fala nada, o choque de realidade o pega desprevenido. Ele estava tão nervoso por você não estar respondendo que não tinha nem pensado que aquela situação poderia desencadear no fim do que têm.
Deixando o cara sem entender nada, Junin sai correndo dali. Ele pega o celular para fazer uma ligação, a amiga atende logo. 
— Lu, tem como pedir uma encomenda pra hoje? — Ele pergunta à menina que está enrolada com as entregas do dia, não fala nem oi. 
A loja de presentes personalizados bombou no TikTok recentemente, então passou a tirar os Sábados para postar os pedidos da semana nos correios. 
— Você não pode estar falando sério. — Ela bufa, sem paciência com os atendentes, com Renjun, com tudo no mundo. 
— Por favor, por favor, por favor… É só o quadro de estrelas, da parada de data… — Tenta convencê-la. — Te pago no pix agora já. 
— Porra, Junin. Que caralho, viu. Passa lá em casa exatamente às seis, vai estar pronto. Me passa a data, o nome e uma frase que você queira botar pelo whatsapp. Anda logo! 
Lu desliga apressada, deixando um sorriso enorme nos lábios do garoto. Agora ele só precisa correr na Americanas e comprar os chocolates que tinha pensado. Vai dar certo. 
Aproveitando que tinha recebido, o garoto escolhe vários chocolates, no entanto sente que ainda falta algo. Corre na loja de perfumes da Paris Elysee, sabendo de cor o cheiro que o enfeitiça. 
Ao mesmo tempo que Junin monta o presente da forma mais delicada possível, o coração dele não para quieto. Não sabe nem se você vai dar essa moral para ele, visto que parece não querer vê-lo nem pintado de ouro. 
Apesar disso, ele precisa arriscar. 
Depois de quase duas horas em Bangu, pegou um uber para a casa de Lu, onde ela entregou a moldura impecável. As estrelas no céu da data do primeiro beijo, os nomes de vocês um ao lado do outro e logo embaixo: 
“Pensando na primeira vez que te vi
Engraçado é eu não ter notado
Que o que eu procurava tava bem ali”
— Vê se com essa você para quieto, Junin. Ela não merece tuas pilantragens não! — Ela ralha bem alto no condomínio, o que atrai os olhares de alguns vizinhos. 
— Qual foi, Lu. Papo erradão esse teu, na moral. — Ele se defende em vão, levando uma porta fechada na cara. 
Confuso e quase ofendido, guarda tudo na mochila e vai caminhando até sua casa, que é próxima. Finalmente a ficha cai, as mãos suam e ele começa a ensaiar o discurso que faria. 
Ao ver o portão branco de ferro entreaberto, a barriga dá cambalhotas. Sua família está sempre em festa, hoje não é diferente. Tem algumas bexigas sendo penduradas, umas tias organizando as mesas… sem sinal de você, todavia. Assim que ele bate no ferro, sua mãe sorri grande para ele. 
— Oi, filho. Achava que você não vinha hoje, na verdade me disseram isso. — Ela te envolve num abraço apertado, deixando um beijo na bochecha. 
— Bença, tia. — Renjun cumprimenta. — É, eu mudei de ideia na última hora. — Desconversa com um sorriso travesso. 
— Ela tá na cozinha terminando de cortar pão, vai lá. — Sua mãe acena na direção da porta de casa. 
Ele pode jurar que é capaz de ouvir o próprio pulso. Ouve uma música sair da caixinha ao passo que se aproxima do cômodo, é um mpb triste. Merda. 
Na mesma hora que você se vira, Junin se encosta no portal, uma expressão saudosa na face tão linda. Porém você junta as sobrancelhas, deixa os últimos pães na mesa e limpa as mãos num pano. 
— O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar? — Põe uma das mãos na cintura nua, o cropped e o shortinho jeans que veste te deixam linda. Você está sempre linda. 
— Ei, precisa disso? — O menino toma uns passos na sua direção visando poder te abraçar. Não contava com o braço estendido que o impediria. — Que isso, minha metida, faz assim não. 
— Não me chama assim. Eu sou metida, mas sua… só se for nos seus sonhos. — Você gira o corpo, e ele revira os olhos. O que ele foi arrumar?
— Eu quero me explicar, melhor, me desculpar. — Ele assiste você balançar os ombros com escárnio ao rir. — Eu tô falando sério. Olha pra mim, por favor.
Não deveria, entretanto, atende ao pedido. O olhar sincero de Renjun se encontra com o seu machucado, ele só queria poder te beijar e te convencer a perdoá-lo. 
— Você tem dois minutos. — Cruza os braços e se finge de desinteressada. Não quer demonstrar nenhuma fraqueza na frente dele, já extravasou as emoções como podia, só que ainda dói. É inacreditável que tenha sido feita de idiota a essa altura da vida. Por meses. 
— Eu não devia ter dado confiança e flertado com aquela garota, foi mal. — Junin começa, desesperado pela falta de tempo. Você normalmente leva contagens muito a sério. — Me perdoa por ter te magoado e por ter feito você pensar tanta coisa, mas eu te prometo não fazer outra vez. Nunca mais eu vou te magoar. 
— Nunca mais mesmo, a gente não tem mais nada. — Você declara séria, se repreendendo ao sentir a garganta doer. Que palhaçada é essa, mulher? Por um ficante? 
— Não fala isso nem de brincadeira. — Ele arregala os olhos, apavorado de verdade. Traz a mochila para o peito, abrindo todo desajeitado. 
— Que porra é essa, garoto? — Nunca o tinha visto assim, chega até a ajudá-lo a abrir o zíper. 
Ele tira a pequena cesta de palha preenchida por inúmeros bombons, barras, trufas e outros doces da bolsa. Você segura o presente meio estatelada, não esperava isso hoje. Talvez daqui uns dias. 
Sempre que brigam, é assim. Não se falam, mas depois de um tempo, ele aparece e te mima de diversas formas.
— Jun… — O apelido que só você usa escapa automaticamente dos seus lábios. 
— Bota na mesa, tem outras paradas aqui. — Ele anuncia com a mão dentro da bolsa ainda. 
Assim que você fica com as mãos livres, Junin revela o pacote do perfume primeiro. Sorri com os olhinhos pequenos ao perceber que você se controla para não demonstrar que amou. 
— O meu tava quase acabando, obrigada. — Agradece sem jeito, escondendo também a curiosidade sobre a embalagem misteriosa que ainda falta.
— O melhor deixei por último. — Ele te entrega o presente, e você começa a desfazer o laço com cuidado. 
Nada paga a carinha que você faz quando entende o quadro. Seus olhos ardem com as poucas lágrimas que ameaçam um choro, dando brecha para Renjun, por fim, te abraçar e te encher de beijos por onde consegue. Estava morrendo de vontade de fazer isso desde que chegou. 
— Jun, você não pode me dar esses presentes assim e a gente continuar do jeito que tá. — Dá um ultimato nele, já completamente entorpecida pelo jeitinho marrento dele. O boné para trás colabora. Muito. 
— A gente continua de outro jeito. — Junin diz, mordendo os lábios, falando bem devagar. — Não tem outra que eu queira, você é minha primeira dama, minha número 1. Sempre. Quer namorar comigo? 
O seu bico relutante se transforma num sorriso em questão de segundos. Agarra Renjun pelo pescoço e o beija com tanta vontade que fica complicado. 
— Isso é um sim? — Ele pergunta, tomando seu lábio inferior com os dentes. 
— Sim, seu idiota. — Murmura entre mais um beijo que avermelha ainda mais a boca desenhada do menino. 
Com mais firmeza ele te aperta, feliz que não cabe em si. Ainda se beijam quando, gritando, sua tia entra na cozinha. 
— Olha a putaria, tem quarto não? — A mulher brinca, rindo escandalosa. 
As borboletas conhecidas se manifestam quando Jun ri, escondendo o rosto na curva do seu pescoço por vergonha. Você sempre acha uma graça. 
— Ô Simone, vem dar um jeito no teu povo! 
A exclamação impossivelmente alta da tia atrai sua mãe para a cozinha, onde contam que até que enfim estão namorando. A festa da casa ganha outro motivo, então. Todos os parentes, vizinhos, amigos, os cachorros… ficaram sabendo do início tão esperado do namoro. Até as altas horas da madrugada o papo rende, regado de salgadinho, cachorro quente, guaraná e, claro, muita cerveja gelada.
— Eu te amo, sua metida. — Como uma promessa, ele segreda ao te abraçar na cama, preparados para dormir.  — Não, sua metida. — Sim, cafona desse jeito, a tal ponto. — Eu também te amo, mô. — Sussurra sonolenta, caindo no sono nos braços do pilantra mais romântico de Bangu.
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jenniejjun · 7 months
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❛the only hoax to believe in.❜
| tentou tantas vezes reescrever a história, lhes dar um final melhor do que aquele que lee jeno escolheu para vocês. entretanto, no fim, sempre foi maior que você. e sempre seria.
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lee jeno x leitora!fem ㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ | ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ 𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒.
filho de atena!lee jeno. percy jackson au. enemies to lovers. filha de apolo!leitora. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤmitologia greco-romana.
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𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀.
Eu demorei, eu sei. Mas eu já reescrevi tanto essa au que vocês não tem nem noção, nada tava bom até que uma luzinha piscou na minha cabeça e eu adaptei algumas partes da história e escrevi de novo. A essa altura, meio que tenho que avisar que vai ser uma short fic isso aqui. Não vou dizer ao certo quantos capítulos porque pode ser que eu consigo encaixar tudo no próximo já, mas pode ser que tenha mais de dois. Dedico essa aqui pra @ncdreaming que acertou o Jeno filho de Atena! É só uma au divertidinha galera, não tô afim de desrespeitar a obra original e também não sou estudiosa de mitologia grega ou romana. Meu conhecimento é bem básico e a maioria daqui é baseada nos livros de Percy Jackson, então aviso desde já que os comentários referentes aos Deuses não devem ser levados como ofensa direta aos Deuses reais do Panteão Grego/Romano. Aliás, perdoem a edição porquissíma da camiseta do acampamento meio-sangue no Jeno, eu tentei meu melhor. Os avisos tão curtinhos porque essa parte é bem introdutória mas pelo início, vocês já adivinham que vai ter recheio de angst nisso aqui né. Boa sorte! E não é necessária conhecimento original da obra pra ler isso aqui, podem ficar tranquilos! Mas pra quem já leu, tem algumas referências aos livros.
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Lee Jeno era um traidor.
Mas antes de tudo, ele era seu Neno.
Como um conto de fadas doce como mel, todos sabiam como tinham se conhecido. Você acabava de chegar no Acampamento Meio-Sangue, uma criança assustada com o conceito de que toda sua vida passaria a mudar a partir dali. E Jeno estava ali, muito mais valente do que você e muito mais esperto também.
Era com ele que havia aprendido tudo.
Se conheceram durante o caminho, o sátiro que cuidava para que você chegasse em segurança no Acampamento tinha sido encarregado por cuidar de Jeno também. Havia sido vocês três durante toda a viagem, entretanto, era claro que era o Lee quem os guiava. Parecia maduro demais para um garoto de doze anos e você meio que admirava isso nele.
Todas as vezes em que ele brigou com você por ficar parada num ataque eram sempre remediados com Jeno matando algum monstro para te proteger, após te lançar um olhar duro e lhe jogar uma adaga. Os meses com Jeno foram cruciais para que aprendesse a lutar por si mesma, acabando com cada monstro que aparecia em sua frente.
O sátiro, que você nunca conseguia se lembrar do nome dele— talvez, fosse a diferença gritante de idade entre vocês. Essa que fazia com que ele fosse muito mais um protetor para você e Jeno do que um amigo—, ficava de vigia para que pudessem dormir quando ficavam cansados demais.
Essa era sua parte favorita.
As noites faziam com que Lee Jeno ficasse mais vulnerável, mais disposto a conversações que, sem sono algum, consideraria banais. Vocês dormiam lado a lado, assim seria mais prático caso precisassem sair correndo, e então, você perguntava qualquer coisa.
'Como havia descoberto que era um semideus? Onde morava? Quais suas matérias favoritas na escola? Ele também era diferente como você? Quem eram seus pais?'
Ainda que a última sempre permanecesse sem resposta, você se contentava com os grunhidos mal-humorados ou, às vezes, quando ele sorria maldoso após te cortar de uma forma rude que te fazia corar mas que não te ofendia necessariamente. Em troca, ele falava como você era curiosa.
Mas sempre te fazia algumas perguntas também.
Os meses foram se passando e mesmo que as circunstância fossem ruins, você gostava de passar um tempo com Jeno. Até mesmo tinha desenvolvido um apelido carinhoso para irritá-lo quando ele fingia dormir para não falar com você, ele odiava. Mas Neno era muito melhor do que chamá-lo de Lee só porque ele queria.
Ele era seu amigo, posto que pudesse discordar apenas para chateá-la. As poucas técnicas nas quais possuía, dividiu com você, se assegurando de protegê-la. Elas caíam bem e no final de uma luta, Jeno sempre bagunçava seus cabelos e dizia que tinha se saído medianamente bem. Te chamava de 'criança', apesar de terem a mesma idade.
Como uma rotina que vocês seguiam todos os dias antes de encararem os grandes pilares do Acampamento Meio-Sangue, em busca de segurança, tudo isso se repetia. Você achava que nada ia mudar.
Até o dia em que viram o grande pinheiro que o protetor de vocês sempre mencionava, ele significava segurança. A proteção de vocês sendo indicada a poucos metros de distância. Aquela foi a primeira vez que sentiu o fio do destino que as Parcas tinham reservado para você interpretar seu papel.
Foi tudo muito rápido.
A fúria, Alecto, voava até vocês. Seus gritos não eram tão assustadores quanto sua aparência, as asas protuberantes nas costas e o rosto deformado fizeram você gritar ao se desviar de uma investida. Entretanto, a forma como Jeno gritou seu nome fez com que pensasse o contrário.
"Você está bem? Se machucou?", ele perguntou frenético. Era cômico se voltasse a pensar como ele pareceria muito mais velho do que era mesmo te chacoalhando daquela forma. Como se já tivesse tido que proteger alguém antes. "Ei!"
Quiçá, seu estado atordoado tivesse o assustado. Ou a força com que caira no chão, agora você sentia o impacto em suas costelas. Entretanto, segurou em sua adaga com força.
"Tô bem, Neno!", mas antes que pudesse completar a frase, Alecto se aproximava mais uma vez. Era tudo demais para sua cabeça, o sátiro protetor gritando para que corressem, Jeno tentando te puxar para que desviasse e a fúria concentrando seu ataque nele. Quando viu, apenas agiu. "Cuidado!"
O empurrando, você sentiu as pequenas garras presentes nas— aquilo eram patas? Acreditava que não poderia perguntar no meio de uma luta— suas vestes. Te levantando do chão, os gritos horrorizados dos dois rapazes abaixo de si ecoavam. Você se lembrou apenas de seguir seu instinto semideus, o mesmo que Jeno tinha falado tantas vezes.
Fincou sua adaga nela ao mesmo tempo que sentiu o chão em suas costas, o monstro que estava acima de você havia sumido. E logo, Lee Jeno em seu campo de visão.
"Ficou louca, foi? O que aconteceu com 'tô bem'?", gritou com você te puxando pra cima e te levantando. Percebeu que estavam, agora, a dois passos da entrada do infame Acampamento. Pensou se havia desmaiado lá em cima por um tempo, ou se era estranho que o tempo tivesse se passado tão devagar assim para que a fúria pudesse te carregar tão longe. "Você podia ter morrido."
Uma onda de fúria te percorreu, o que te fez empurrá-lo. O rapaz metade-bode atrás de vocês gesticulava desesperado para que entrassem logo, tentando puxá-los.
"Será que você sabe agradecer? Ela estava indo direto pra você e eu acabei de te salvar!"
"Eu podia ter cuidado dela sozinho, não precisava que se metesse!"
"Não precisava, mas eu quis! É difícil de acreditar que alguém também esteja disposto a te salvar tanto quanto você salva os outros?", e era verdade. Jamais ficaria brava assim com Lee Jeno, ou jamais pensou, mas os meses que se estenderam entre sua conexão só lhe mostravam o quanto Jeno havia feito por você.
Precisava ser capaz de fazer o mesmo, tanto para si mesma quanto para ele. Entretanto, o olhar de ódio de Jeno não desapareceu. Nem mesmo o seu quando, após revirar os olhos, se virou e tardou a andar para dentro do Acampamento. A barreira criando um espaço mágico entre vocês.
Um emocional também, pensou consigo mesma. Mas jamais disse.
E então, no Acampamento, você achou que algo ia mudar. Afinal, se separaram. Cada semideus ali tinha seu próprio chalé, construído e designado para cada Deus grego. E é claro que Lee Jeno, com sua determinação e coragem, não ficou um minuto a mais sem sua reivindicação. O filho de Atena tinha muitos companheiros, irmãos, e você permanecia sem reivindicação. Instalada no chalé de Hermes até segunda ordem.
Era ótimo como estavam sem amigos e, agora, sem um pai ou mãe que ligasse o suficiente para você para lhe assumir.
Não sabia se ria ou chorava que sua única companhia era um filho de Apolo incrivelmente convencido que também não tinha amigos, pois dizia que o loiro do cabelo dele era brilho demais para alguém suportar. Mark Lee era o semideus mais convencido que você já tinha conhecido, tanto que te lembrava um pouquinho de Jeno, mas com certeza o primeiro Lee que conheceu em sua vida era mais fechado do que esse.
Todavia, era ingratidão reclamar. Mesmo que, no final das contas, ele fosse seu irmão. E você não precisasse gostar dele o tempo todo, mesmo que o melhor amigo pervertido dele morresse por uma chance com você, mesmo que crescer rodeada de três garotos fosse terrível.
Nem mesmo quando a adorável namorada de Mark entrou em cena para que te ajudar a se livrar da testosterona em excesso. Pelo menos, ali, você possuía amigos que entendiam a condição da palavra. Tinha certeza de Yuta, Haechan e Mark pulariam no rio Lete e deixariam lá todas as suas memórias, por você.
Logo, você era grata. Não devia reclamar. Mas sentia falta dele.
Crescer no Acampamento Meio-Sangue foi a melhor coisa em sua vida, você nunca havia voltado ou olhado para trás em sua vida e sentia-se muito bem com isso. Pois ali, tinha uma família. No entanto, crescer no mesmo local em que Lee Jeno se tornava um herói no acampamento era péssimo.
Fazia com que quisesse gritar.
Nunca haviam se resolvido desde o dia em que chegaram e, praticamente, todo o Acampamento sabia da relação odiosa correndo entre vocês. Era um entendimento silencioso no local. As caças à bandeira eram intensas, onde acabavam sempre entre uma briga de espadas entre vocês.
Aquela faceta condescendente e o sorriso preguiçoso que despojava incessantemente ainda te irritavam como ninguém. Na adolescência, era algo mais banal. Bobo. Era uma raivinha que fazia você querer quebrar o escudo dele, um presente de Atena, e ao mesmo tempo abraçá-lo.
"Está ficando descuidada, raio-de-sol", Lee Jeno dizia girando sua espada pesada entre os dedos como se fosse papel. Era como te chamava desde que se mudara para o chalé de Apolo, após a reivindicação. "Precisa abaixar os joelhos e separar as pernas, pensei que tivesse te ensinado direito", e então, terminaria com você partindo pra cima dele com um rugido irritado de guerra.
Outrora, você passaria por seu lado na cafeteria e sorriria educada antes de dizer, próxima ao seu ouvido:
"Indo almoçar com seus fãs outra vez?", sabendo que ele odiava a atenção que recebia de todos.
Algumas vezes, nas quais os campistas treinavam a mando de Quíron e Sr. D, Jeno fazia questão de ser sua dupla e tomar-lhe a espada. Uma em sua garganta enquanto a outra mão mantinha sua arma em cativeiro, ambos ofegantes da luta incessante. Atraíam alguns olhos curiosos.
"Cansada?", costumava zombar.
Mas o charme convencido dele acabaria com a forma em que te via manipular a luz para cegá-lo momentaneamente, assim recuperando sua espada de volta e o jogando no cão.
"Cansado, Neno?", você responderia de volta e se deleitaria na forma como a expressão dele sempre parecia falhar quando decidia o usar o antigo apelido de infância dele.
Destarte, sua vida era como um vezo. Circulando vezes suficientes até que se completasse de modo que se iniciasse novamente, com Lee Jeno no topo de todas as coisas. Mark habituava de provocar-lhe imensamente com tal, insistindo que tudo isso era tensão acumulada.
"Vocês se gostam, isso sim. 'Tão é frustrados que não fizeram as pazes até hoje e não sabem porque continuam brigando", seu irmão, o sempre sincero, amava pontuar. Porém, você discordava. De modo algum, imaginava-se retornando a amizade que, um dia, cultivou com Jeno.
Ainda assim, tal visto que não era o suficiente para que se evitassem completamente.
Você tinha que admitir que ainda que se encontrasse no Acampamento Meio-Sangue por quase toda sua vida, a segurança das barreiras de proteção era muito mais confortável do que a vida heroica que muitos semideuses eram designados. Era uma semideusa excepcional, sabia disso, e já experienciara adrenalina suficiente para uma vida inteira nos poucos meses que esteve nas ruas com Jeno.
Mas era quase impossível se esconder da glória e poder que te encontravam se o Oráculo te decidisse como um herói.
Particularmente, era uma criatura estranha na qual você não fazia muita questão de entender ou sequer ver. Diferentemente de seus amigos, que pareciam fascinados com a magia desta. Você só tinha visto o Oráculo uma vez, quando subiu ao sótão da Casa Grande. Era um corpo decomposto, apoiado em uma cadeira estranha de três pernas, mas você não se atreveu a chamá-lo. Havia estudado livros gregos o suficiente para saber que o Oráculo só podia ser convocado para ditar as profecias, naquela época, quem diria que essa seria você.
Pois é, agora, você diria.
‘O filho da sabedoria caminha acompanhado
A Marca de Atena por toda Roma é espalhado
Gêmeos ceifaram do anjo a vida
Que detém a chave para a morte infinita
A ruína dos gigantes se apresenta dourada e pálida
Conquistada por meio da dor de uma prisão tecida’
As palavras dela eram bem claras, não existia espaço para interpretação. E você tinha a impressão de que não existia outra prole de Atena caindo pelos céus pra que se juntasse à você, entretanto, poderia haver outra criança de Apolo a se juntar a ele. A escolha era de Lee Jeno, como os Deuses te odiavam, e por alguma razão, ele havia escolhido você.
Mesmo que quisesse, você optou por não questionar. Preferiria afogar-se em suas teorias banais do que escutar Jeno lhe dizer que a única razão pela qual teria lhe escolhido era porque eram os únicos a já terem compartilhado a estrada um com o outro.
As horas eram longas entre vocês, sempre tentando focar na trilha ao invés da auto-sabotagem de sua mente. Tinham escolhido o caminho do sátiro para maior segurança, encontrando alguns em sua jornada pela busca de Pã. Você não precisava olhar para frente para ver a preocupação e confusão em Jeno.
A natureza estava agitada, por alguma razão.
Tentou ocupar-se com o questionamento do por que estariam saindo dali, ambos assustados e com suas mochilas de viagem. O destino sendo um lugar que apenas teria ouvido em suas histórias mais fantasiosas, a Atena Partenos era um conto que costumava ouvir quando criança.
Uma estátua que traria paz entre os romanos e gregos. A mesma que representava o sinal de respeito no Partenon. Mas como fariam isso, algo que estava desaparecido há tanto tempo? Quanto tempo demorariam procurando aquilo? Por que Atena teria escolhido Jeno, especificamente, para essa missão se existiam filhos mais experientes em batalha?
Era algum tipo de tortura doentia que os Deuses pretendiam pregar, certamente.
Você não precisava de muitos anos no Acampamento, como teve, para não se surpreender caso esta fosse a resolução de tudo. Ainda se lembra de todas as vezes em que Mark chorou em seu aniversário por nunca ter tido nem mesmo uma mensagem de Íris vinda de Apolo para se gabar.
O coração apertava quando lembrava da forma como ele lhe implorou para tomar cuidado e voltar logo.
“Consigo ver sua cabeça martelando daqui, está me distraindo”, Jeno se pronunciou monótono. O mapa mágico que segurava confuso à olho nu.
Você riu, cheia de escárnio. “Só pode ‘tá de brincadeira com a minha cara, né? Isso é humanamente impossível.”
“Não somos humanos.”
“Sim, nós somos. Você só tá querendo implicar comigo”, teriam parado naquela altura. O moreno estava virado completamente para você agora, seu peito subia e descia com a adrenalina de uma briga.
“Ou talvez, a maneira como fica suspirando de cinco em cinco segundos esteja me irritando!”, exclamou irritado.
Ah, ele estava irritado? O cara que mal falava com você e te escolhia pra uma missão mortal.
“Qual é a sua, Jeno? Foi você quem me enfiou nessa”, gritou frustrada. Por um momento, esqueceu-se de que não eram pessoas normais e que gritos podiam atrair monstros. “Provavelmente, devia ter pensado melhor antes de escolher a primeira pessoa que passou pela sua cabeça.”
Isso pareceu ofendê-lo. Como se tivesse estapeado sua face ou lhe xingado. Lee Jeno se aproximou com toda sua marra e glória, os olhos soltando faíscas invisíveis porém decisivas de raiva em sua direção. O peito subia e descia descompassado com a irritação da sua acusação. Contudo, você não parecia se importar, pois tomou um passo assim como ele. Anos de tensão mal resolvida entre vocês.
De repente, toda a raiva da noite em que chegavam no Acampamento Meio-Sangue retornava.
Apesar disso, você estava exausta. Não queria brigar com Jeno outra vez, não como nas milhares de vezes que já haviam feito no Acampamento. Para uma garota da sua idade, pode parecer bobeira que tivesse se apegado tanto a momentos viandantes de uma fuga que tinha se passado há tanto tempo atrás. Contudo, você sentia falta da maneira como poderiam dormir um ao lado do outro com sorrisos nos rostos após conversarem por horas ao redor de uma fogueira. Pelos Deuses, sentia falta até mesmo do olhar caloroso que Jeno lhe lançava quando bagunçava seus cabelos.
Agora, era como se a cada dia que se passasse o perdesse detidamente.
E mesmo que nunca fosse admitir em voz alta, a dor sentia sempre que brigava com ele era parecida com a dor de perdê-lo tudo de novo. Desprendendo-se de suas emoções internas, as palavras de Mark Lee, vez ou outra, faziam sentido. Você esteve apaixonada por Lee Jeno desde os seus doze anos de idade. Leve como vento e azedo como um limão, chegou a percepção tão rápido que mal percebeu os braços de Jeno ao seu redor para puxar-lhe para o arbusto mais próximo.
Perante a isso, podia dizer, egoisticamente, que sentia-se grata por terem encontrado um monstro grande o suficiente que atrapalhasse sua mente ao maquinar tais lembranças.
Os olhos de Jeno eram ávidos como os de uma águia, preocupados com a futura ameaça eminente. Mas a forma como lhe abraçava como se fosse a coisa mais preciosa do mundo para ele não deixava que seu cérebro funcionasse de maneira correta para combater aquele mal.
Era o que devia ter feito, contudo. Prestado atenção. Pois no segundo seguinte, Jeno não te segurava mais. Estava sendo arrastado para longe por dois ciclopes enormes enquanto tudo que podia fazer era olhar.
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diegosouzalions · 15 days
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Diego na última ask que eu fiz eu quis dizer o que você fez pra melhorar no desenho lá no início de tudo isso
Ah sim, bem, meu traço começou a melhorar quando eu ainda desenhava com o dedo pelo celular até o capítulo "Pearl (Part 6)", acho que porque eu estava me adaptando. Aí depois eu ganhei a mesa digitalizadora, o meu traço mudou mais uma vez e honestamente ele decaiu um pouco porque eu estava me adaptando com o aplicativo novo e a funcionalidade nova e tal.
Mas como eu disse é uma questão de observação mesmo, adaptação também é importante e principalmente foco naquilo que você deseja alcançar. Até hoje eu não me contento com o meu traço, por isso estou sempre querendo melhorar a cada dia e buscar por novos repertórios.
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casos ilícitos
Matías Recalt x F!reader
Cap 13
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Estou tão deprimida, ajo como se fosse meu aniversário todo dia. Eu choro bastante, mas sou muito produtiva, é uma arte. Você sabe que é boa quando consegue até com o coração partido.
Terminei de escrever o capítulo ontem então não deu tempo de revisar direito, então qualquer errinho, por favor relevem 😭
Avisos: Linguagem imprópria
Palavras: 9,5k (me empolguei 👀)
Cada minuto dos dias que vieram pela frente, foram gastos pulando de cenário em cenário, e imaginando cada vez uma versão ainda pior de como seria o seu reencontro com Matías, caso esse acontecesse. Perdida em devaneios de como seria a conversa, ou quem iria falar ou proferir a primeira palavra primeiro, e quem teria a coragem necessária para encarar ao outro. Ele, coragem de te enfrentar depois de tudo o que fez, ou você, de falar poucas e boas na cara dele de novo e tentar não desmoronar no processo. Também pensava em maneiras de poder contornar a situação e escapar dela, assim como do garoto em si.
Se encontrava presa em sentimentos conflituosos constantemente. Se sentia terrivelmente ansiosa para revê-lo ao mesmo tempo em que se sentia extremamente infantil por deixar esses sentimentos se apoderarem tanto de você. Ele era só um garoto. Nada demais. Todo mundo tem um ex-namorado que não gosta, isso não te faz especial, muito menos ele. Afinal, não é como se ele tivesse dito que se casaria com você um dia (ele disse!), ou dito que queria ter filhos com você (ele disse!) ou dito que te amava (ele NÃO disse!), no fim de tudo, foi só você vendo o que queria ver e tinha projetado em sua mente.
Talvez estivesse imaginando demais. Talvez no momento que ele te visse na apresentação, e por acaso o olhar de vocês acabassem se encontrando por alguma brincadeira do destino, ou acabassem se trombando, ele simplesmente te diria um “oi”, te ignoraria e seguiria em frente, como se esse simples ato não fosse o bastante para te desestabilizar pelo resto do dia. Mas achava essa possível falta de interesse por parte dele muito improvável de acontecer, levando em consideração que as flores dele ainda chegavam todo dia em sua casa, o qual você ainda faz a gentileza de presentear sua síndica, ou qualquer outra mulher no condomínio que goste das plantas delicadas e saibam apreciá-las.
Você tentou se preparar mentalmente para todas as possíveis interações e não interações que poderiam ou não acontecer, e mesmo com o seu estômago gelado de medo e antecipação pelo momento que não poderia mais ser adiado, você tenta acalmar a sua mente preocupada, e pensa que talvez dê sorte e ele nem esteja lá. Talvez ele tenha faltado, ou esteja doente, qualquer coisa para que você não seja obrigada a revê-lo.
O anfiteatro já estava todo montado e preparado com as ferramentas necessárias para as apresentações. O laptop conectado ao telão onde seriam mostrados os slides que cada grupo montou, sua professora em seu devido assento com uma caderneta para fazer anotações que achasse útil para mais tarde atribuir as notas, e os alunos convidados, juntamente com seu professor, chegando aos poucos para se acomodarem.
Você percorre os olhos por todos eles, procurando por um rosto em específico, e ficando aliviada quando não encontra nenhum. Mas sabe que é questão de tempo, pois sempre tem alguns alunos que chegam mais tarde, bem quando fica faltando pouco para darem início às apresentações, e não duvidava muito que ele poderia ser um desses.
Suas amigas notam a sua aflição, percebendo como os seus olhos se espantam cada vez que um novo aluno entra na grande sala, e suas orbes que estão grudadas na porta ficam à espera de qualquer movimento suspeito. Mas depois que vários corpos desconhecidos entram, e muito tempo se passa, você começa a pensar que ele não vai vir mais, e não sabe se vai ficar mais decepcionada se vê-lo, ou se não o ver hoje.
Se o visse, sabia que seria uma grande carga emotiva para você lidar, ainda mais em um dia tão importante como esse, então era melhor evitar. Por outro lado, só o pensamento de ver aqueles olhos, aquele rosto mais uma vez, era maravilhoso e de certa forma excitante, apesar de tudo o que aconteceu. Ele ainda está tão bonito como você se lembrava? Está melhor ainda? Está com a aparência perfeita enquanto você se esforçava para sair da cama todo dia e fazer suas coisas?
Não quer admitir, mas colocou um esforço a mais em sua arrumação hoje, simplesmente pela possibilidade de reencontrá-lo. Não para impressioná-lo, ou conseguir um elogio, longe disso, esses dias haviam acabado para você. Somente não queria que ele visse como você está mal e dar essa satisfação a ele. Você poderia estar ruim, mas ele jamais iria ficar sabendo disso:
- Amiga, fica calma, tem tanta gente aqui que você nem vai notar ele – Diz sua amiga e integrante do grupo vindo te confortar. - Que se dane ele, você tá uma gostosa com esse blazer, e vamos arrasar na apresentação. – Continua ela, balançando os seus ombros pra te relaxar e arrancando uma risada sua, te animando.
Todas vocês estão usando trajes sociais hoje, tanto as meninas quanto os rapazes que iriam mostrar o trabalho, pois já era norma que em situações assim, deveriam se portar com mais formalidade. E isso incluíam as roupas, ternos, blazers, gravata, tudo que pudesse passar mais credibilidade e segurança na hora de discutir e debater a respeito do tema estudado.
Você ainda se sentia um pouco estranha em seus saltos altos, junto com sua saia colada (um pouco curta, tem que reconhecer), blazer, e camisa social, parecendo uma secretária. Mas de acordo com suas amigas, uma secretária sexy. O que já faz com que você se sinta um pouco melhor estando nesta pele empoderada, e tentando não se sentir uma garotinha tola por dentro:
- Tudo bem, eu posso fazer isso, já superei ele. - Diz convicta olhando para ela e suas outras amigas no grupo, as assegurando de que tudo ficaria bem.
E elas acreditam, mas essa confiança e convicção só duram até seu olhar ser abruptamente desviado novamente para a porta e desta vez ficando em total choque e espanto, com o seu batimento cardíaco acelerando a mil por hora, e seu rosto se esvaindo de cor. E seguindo a sua linha de visão, elas entendem o motivo.
O dito cujo.
Matías.
Ele havia acabado de chegar.
Ele entra na sala com o rosto em uma expressão séria e fechada, e de olhos atentos, como se também estivesse na procura de alguém. Você começa a avaliá-lo por completo enquanto ele continua correndo os olhos pela sala. Começa notando que o cabelo dele está mais comprido, os mesmos fios pelos quais você adorava correr os dedos, e puxá-los em momentos específicos. Repara também que agora ele tem olheiras profundas e levemente escuras abaixo dos olhos, indicando que ele não tem dormido muito bem ultimamente. “Provavelmente se divertindo até tarde da noite com a nova garota dele” Você pensa com amargor. O rosto está um pouco pálido, e ele está mais magro, o que mesmo não querendo, te preocupa um pouco, afinal ele já era magro antes, não queria que ele acabasse doente por não se alimentar direito. Mas isso não é mais problema seu, tem que se lembrar disso. Agora ele tem a Malena, que deveria estar cuidando muito bem dele, do jeito que ele sempre quis e que sempre foi destinado para ser.
Como se estivesse sentindo o seu olhar grudado na figura dele, os olhos do garoto são atraídos até o seu e te fitam do outro lado da sala. E por um instante, por meros segundos, são apenas os dois naquele salão enorme repleto de pessoas. Os sons desaparecem assim como todo o resto, sobrando apenas vocês dois ali. Não existe mais raiva, melancolia, rancor ou mágoa. Só existe a saudade que tem sentido um pelo outro desde então. Você está impossibilitada de tirar os seus olhos dele, não os desviando por nada, e ele faz o mesmo, ainda estagnado no lugar. Até parece que estão tendo algum tipo de conversa através dos olhares trocados, como se eles pudessem dizer algo que nem mesmo vocês conseguem, ou estão prontos para admitir ainda.
Você quer correr até ele, envolvê-lo em seus braços e beijá-lo até que ambos fiquem sem ar, sem se importar com mais nada além disso. Querendo que ele envolva os braços em sua cintura e te puxem para mais perto, mostrando que nunca mais iria te soltar e te deixar ir. E no único momento que afastasse os lábios dos seus seria para te dizer coisas doces ao pé do ouvido, promessas, juramentos, e frases que te deixariam de pernas bambas e de bochechas extremamente avermelhadas.
Mas o encanto é quebrado quando uma de suas amigas toca o seu ombro, te livrando do feitiço em que você estava envolta e te deixando respirar de novo, já que você nem tinha percebido que tinha prendido a respiração quando o viu. E você se amaldiçoa internamente, pois fica indignada que mesmo depois de todo esse tempo, e depois de tudo que ele fez, ele ainda seja capaz de te deixar sem fôlego.
Como você se permitiu cair nessas fantasias hediondas novamente? Se imaginar voltando com uma pessoa que te causou tanta dor, e mentiu tanto para você? E como se estivesse sendo pega por uma tempestade, é enxurrada com todos os sentimentos ruins todos de uma vez, te acertando bem no peito. O remorso, a dor da traição, da mentira, e de todo o resto. Você volta a encará-lo, mas desta vez ao invés de saudade ou luxúria, só havia ressentimento e rancor, e com o engolir em seco do rapaz, dá pra ver que ele também havia notado a diferença em seu comportamento.
-Precisamos ir, logo começam as apresentações e temos que nos preparar - Diz sua amiga ao seu lado, te livrando do toque leve no ombro - Ou você prefere ficar aqui e ir conversar com o seu príncipe encantado? - Questiona ela com um meio sorriso e arqueando a sobrancelha te provocando.
- Ha-ha, muito engraçado - Você retruca se recompondo e arrumando a postura - Vamos logo - Diz a ela com o rosto corando por ter sido pega em uma situação tão constrangedora, após ter dito que já tinha superado o mesmo.
- Estou falando sério - Ela argumenta - Ele tá vindo aqui agora, e acho que é pra falar com você - Comenta ela, desviando o olhar para a porta, onde você estava fitando agora pouco.
- O que? – Você diz perplexa, se virando para conferir.
Não! Não! Não!
Ele realmente está começando a abrir caminho entre os corpos dos diversos estudantes espalhados pela sala e se aproximando de onde você está, para chegar até sua pessoa. Tudo o que você menos queria agora era ter de falar com ele, e acabarem brigando na frente de todos, o que era provável pois você não queria escutar mais nenhuma das desculpas esfarrapadas, ou mentiras saindo da boca dele. Ou o pior de tudo, acabar cedendo aos encantos dele e se deixar ser franca em um momento desprovido de lucidez. Isso não poderia acontecer.
E como a adulta completamente madura e totalmente responsável que você é, já sabe exatamente como lidar com essa situação:
-Vamos sair daqui – Você diz para a garota ao seu lado - Agora! - Repete apressada, e dando as costas ao rapaz antes que ele tenha a chance de te alcançar.
Seus passos são apressados e ligeiros, querendo deixar a sala o mais rápido possível, e sem olhar para trás nenhuma vez. Ele estava muito enganado se pensava que poderia te encurralar e te forçar a conversar com ele depois de tudo. Você está quase saindo da sala pela porta lateral, com o semblante determinado e punhos apertados, até que é parada de repente, ao sentir um aperto em seu pulso te prendendo e te mantendo firme no lugar. E era impossível não reconhecer a quem pertencia a mão te segurando, sendo que o seu corpo já havia memorizado cada toque, cada carícia que a mesma já havia te feito, e te proporcionado.
Mesmo sabendo que havia chegado ao fim da linha, e que não tinha mais como escapar, você se recusa a se virar para ele, e fecha os olhos por um momento soltando um suspiro pesado e resignado com a situação.
-Espera! Podemos conversar rapidinho? - Você escuta a voz de Matías dizer, parecendo ofegante provavelmente por ter corrido para te alcançar, e sem ainda largar de seu pulso.
Você só puxa sua mão abruptamente se livrando do toque dele, e se vira para finalmente o encarar, e o olhar cara a cara. O seu olhar é cortante, bravo, ferido, como se fosse um animal que ataca para se defender, e no momento, é exatamente assim que você se sente. Ele te encurralou, não te deu o seu espaço, e mais uma vez coloca as necessidades dele acima das suas, como se o fato de te enganar não fosse uma infração ruim o suficiente, e ainda assim, você tem que tentar o seu máximo para ignorar como a sua mão formiga já sentindo falta do calor da palma dele contra a sua.
Por que ele tinha que ser tão bonito assim? Vê-lo tão de perto, e poder admirar o rosto do qual sentiu tanta falta, te fazia às vezes querer esquecer de tudo apenas para poder tê-lo novamente em sua vida. Mas não podia, você tinha mais amor próprio do que isso, e sabia que era um erro deixá-lo se aproximar quando você estava tão confusa, vulnerável e irritada. Mas às vezes era difícil dar razão às vozes de sua cabeça e ficar brava com alguém que um dia tinha sido o seu tudo, e até mesmo por alguns instantes a sua pessoa favorita no mundo todo. Sabia que tudo não havia passado de enganações e uma farsa bem elaborada, apenas uma fachada que ele arquitetou para te prender em sua teia de mentiras. E mesmo que tenha funcionado por um tempo, o amor unilateral que um dia você chegou a sentir por ele, não te faria pegar mais leve com ele, ou com o sentimento que um dia haviam compartilhado juntos.
-Eu estou ocupada, caso você não tenha notado - Diz o encarando brava, sem dar abertura.
Falar que o clima havia ficado pesado era um eufemismo, considerando que ambos se fitavam com afinco, ainda mais você que tinha adagas no olhar e palavras afiadas que queria desferir a qualquer menor palavra inconveniente que saísse dos lábios dele. Sua respiração estava pesada, suas mãos tremendo e suas sobrancelhas franzidas em uma expressão óbvia de descontentamento. Ele, por outro lado, parecia afoito e impaciente para conseguir falar fosse qual fosse a mentira da vez. Sua amiga se meche desconfortável do seu lado, provavelmente sem graça de estar presente no meio do que possivelmente se tornaria uma discussão de relacionamento:
-Na verdade ainda temos uns minutinhos - Diz a sua amiga limpando a garganta e entrando na conversa - Vou ir lá ver como estão as coisas, e qualquer imprevisto eu te chamo – Ela anuncia prontamente, e sem esperar por uma resposta ou concordância sua, ela começa a se afastar - Bom papo – A garota diz ao sair pela porta e te dando uma piscadinha singela no final.
“Traidora” – Você sussurra com os lábios ao fita-la com raiva, e ela somente ri, te deixando ali com o ser indesejado.
Sem alternativa, você cruza os braços na frente do corpo para impor alguma distância entre os dois, e com um revirar de olhos, espera que o garoto comece a dizer logo o que tenha para te falar, para acabar com essa tortura o mais rápido possível. Só que estranhamente, o rapaz que é sempre tão tagarela, parece ter ficado mudo e quieto desprovido de qualquer som. A única coisa que ele conseguia fazer era percorrer os olhos por sua figura, e absorver sua imagem com vontade, para tentar memorizá-la. Assim que os olhos dele fixam na barra de sua saia, que medem um pouco mais do que metade de suas coxas, ele engole em seco, ficando intimidado e nervoso, parecendo que nunca havia visto mais partes de sua pele nua do que agora. E talvez depois de tanto tempo separados, o sentimento seja mesmo esse, já que parece que a ideia dos dois estarem juntos foi há uma vida atrás.
Ficando impaciente com o súbito silêncio dele, e ficando constrangida (e mesmo que não admita isso para mais ninguém, fica satisfeita de ver que não é a única que ficou com cara de boba ao reencontrá-lo) limpa a garganta falsamente chamando a atenção dele:
- Para de ficar me secando seu tarado! – Fala o repreendendo.
- Desculpa – Ele responde rapidamente, e engolindo em seco novamente, arruma a postura e desvia o olhar de seu corpo, focando em seu rosto e ficando sério – É que faz tanto tempo, e você tá tão linda - Te elogia com a voz rouca, arrancando outro revirar de olhos seus e um suspiro frustrado. O típico truque barato dele de te agradar e te acalmar para dar início a uma conversa difícil.
Mas dessa vez não vai funcionar, e com isso você não diz nada, deixando que ele sofra mais um pouco tentando encontrar as palavras certas sobre seu olhar excruciante. Então ainda de braços cruzados, só levanta a sobrancelha e o desafia a continuar:
- Eu tentei falar com você várias vezes. Te mandei mensagem, liguei, te procurei em todo o canto, fui até sua casa e até te mandei flores, espero que tenha recebido. – Ele diz com a voz baixa e pausada, como se doesse admitir que todas as tentativas dele de contato foram fracassadas, e ao menos tinha um pouco de esperança de que você tenha recebido os presentes com os bilhetes afetuosos dele.
Você ainda não disse nada, porque sabe que se abrir a boca neste momento, pode começar a desabar no mesmo instante. Odeia como fica comovida com a feição triste e magoada dele, sendo que foi ele quem te magoou, e era você quem era a vítima aqui. Então porque estava te doendo tanto ver a melancolia nos olhos dele? Ele só estava colhendo o que plantou. Então como se para te lembrar do motivo que levou a tudo isso, pensa nos sonhos que tem tido nos últimos meses. Ele e Malena entrelaçados nus em uma cama, ele por cima dizendo palavras tão bonitas quanto as que te disse durante o namoro, e ele louco de desejo por outra pessoa, porque afinal, isso era tudo o que você era pra ele, um pedaço de carne e um brinquedo descartável.
Matías nota que você não vai ceder, e vai continuar se mantendo séria e calada, e soltando um suspiro sôfrego, ele prossegue com pesar:
-Eu sei que você ainda tá brava, mas você pode dizer alguma coisa? Por favor! - Ele implora deixando os ombros caírem com desânimo ao seu desprezo.
Você está prestes a respondê-lo, e acabar logo com essa palhaçada. Se era pra mandá-lo ir se foder ou colocar as flores que ele te mandou em um lugar bem desagradável, você não saberia dizer com certeza, mas é interrompida de sua futura ofensa a ele por uma voz alta e autoritária se fazendo presente no corredor:
-Atenção! Todos os grupos que vão se apresentar, se reúnam na sala, agora - Ordena sua professora inspecionando os alunos até o local e querendo agilizar a atividade.
E como se um aviso de que a conversa estava encerrada, você o lança um último olhar de desdém, e sem lhe dizer nenhuma palavra de despedida ou satisfação, simplesmente o dá as costas e vai embora, e desta vez mesmo a contragosto, ele te deixa ir.
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Conforme cada grupo vai entrando e saindo do palco de apresentações, você tenta controlar o seu nervosismo e se mostrar confiante para todos, mesmo sendo uma total fraude. Sua amiga não te pergunta a respeito da conversa, sabendo que se você quiser compartilhar o que houve, dirá por vontade própria, o que você a agradeceu internamente por não ter que lidar com essa carga emocional agora.
Assim que chega a sua vez de apresentar o projeto, juntamente com as suas amigas, você faz o possível para evitar de olhar para o rapaz de cabelos castanhos na plateia, fosse para não se distrair ou acabar vacilando nas próprias palavras. E quando finalizam, após esclarecerem as dúvidas que seus colegas possam ter tido, se retiram do local, e é quando finalmente você consegue respirar com calma e relaxar, sabendo que tinha feito um bom trabalho.
A apresentação de todos os grupos depois transcorrem bem sem nenhum incidente, isso se não contar o penúltimo conjunto de rapazes que não souberam responder as dúvidas dos colegas na plateia, e recebeu um olhar afiado e descontente de sua professora, acompanhado de uma anotação furiosa na caderneta da mesma.
Assim que esse processo é finalizado, juntamente com um discurso de agradecimento, as pessoas começam a se dissipar do local, e seguem para as próximas atividades do dia, como a próxima aula, ou um intervalo para comerem alguma coisa no caso de alguns. Para sua infelicidade, Matías parecia que teria o próximo período livre, assim como você, e claro que ele usaria esse tempo vago, para mais uma vez vir te procurar. Ele se levanta com pressa de seu assento, e começa a vir em sua direção, e você corajosa como sempre, os dá as costas outra vez, e foge para evitar qualquer tipo de conversa com ele.
Ele não desiste, e conforme os segundos se passam, você escuta os sons dos passos dele atrás de você se aproximando e quase te alcançando, e em completo pânico, antes que possa pensar direito, vira em um corredor deserto e entra na primeira sala vazia que encontra na universidade, já que tinham várias desocupadas naquele período. Mas antes que possa trancá-la, com as mãos tremendo na fechadura, ele é mais rápido e força sua entrada na mesma, não te dando escolha a não ser aceitá-lo no espaço e enfrentá-lo.
Matías tranca a porta atrás dele, em um aviso claro de que não tinha mais como escapar da conversa e que era a hora de falarem a respeito do que aconteceu, você querendo ou não. Você fica indignada com a atitude dele de te encurralar assim, e tenta preservar o máximo de controle que ainda possuía sobre a situação, colocando o máximo de distância que podia entre os dois, indo para o fundo da sala com raiva, enquanto ele se escorava na porta, e te fitava com o rosto sério:
- Já cansou de fugir de mim? Ou a gente pode finalmente conversar? - Ele questiona exasperado, como se ao menos tivesse o direito de estar chateado com algo nessa situação. Ele era um hipócrita e mesquinho por pensar que tinha algum poder de fala aqui.
Em poucos passos ele atravessa a sala inteira e chega até onde você está, acabando com a sua vontade de estar longe dele. E isso só te enfurece ainda mais:
- Será que você não percebeu que eu não quero falar com você seu idiota? – Retruca raivosamente, e se dirige até a porta para destrancá-la querendo sair dali, o que você também não consegue fazer já que ele entra na sua frente, e impede que você se mova mais um centímetro.
Será que ele não entendia que você realmente não estava com paciência para este tipo de coisa agora?
-Matías eu quero sair, então some da minha frente – Ordena fria e seca em um ranger de dentes.
- Não até a gente conversar direito – Ele retruca sem se mover um milímetro para o lado, mostrando que não tinha intenção nenhuma em te obedecer até que fizesse o que ele queria, o que no momento, era apenas um pouco do seu tempo e atenção - Por favor, me deixa explicar! - Ele insiste mais uma vez com a sua falta de resposta.
-Eu não quero ouvir mais nada vindo de você. - Diz mantendo a sua decisão de evitá-lo.
Matías solta uma respiração profunda com o seu teimosismo constante e prossegue - Eu juro que não dormi com ela, e nem com ninguém desde que te conheci - Afirma com a voz séria tentando te passar certeza, e te olhando olho a olho.
Você só solta um riso de escárnio com as palavras sem significado dele, e com o pensamento estúpido dele achar que você realmente cairia nessas besteiras de desculpas dele:
- Claro, eu acredito muito na sua palavra, Matías, me convenceu muito – Diz irônica. – Além de ser um mentiroso, omitiu coisas de mim. - O relembra com amargura em seu tom de acusação.
- Eu não te contei por que não queria te perder. - O mesmo se defende, com a justificativa mais besta que você já ouviu. - Você é muito importante pra mim e eu não queria perder isso. - Fala com o semblante chateado e cabisbaixo.
- Você nunca me teve pra me perder. – Fala irritada – E não adianta falar essas suas merdas porque eu não acredito em nada do que você diz - Com isso, você dá um passo à frente e aponta o dedo no peito dele, o cutucando com força - Você por acaso tava pensando no quão importante eu era quando foi trepar com ela? Ou isso foi depois de vocês se comerem? - Sua voz começa a falhar nesse momento, com a frustração, vergonha e rancor querendo vir à tona. Mas rapidamente limpa a garganta, não se permitindo que as lágrimas que estão querendo se formar escorrão por seu rosto, e continua - Você já deixou bem claro que ela sempre vai ser a sua escolha, então me deixa fora disso, e me esquece. - Fala com a voz mais composta que consegue.
Ele pega a sua mão que estava com o dedo no peito dele e a segura, a envolvendo na palma dele e acariciando, fazendo carinho com os dedos e apertando com firmeza no calor irradiando do mesmo:
- Eu não a escolhi, aquilo foi um erro, e nunca mais vai se repetir, eu juro. – Ele diz trazendo suas mãos aos lábios e depositando um pequeno selinho ali no local – Por favor, você já me ignorou por tempo demais, não acha? Vamos conversar com calma. - Ele pede, usando os olhos a seu favor, em uma expressão sofrida no rosto.
“Um cafajeste mesmo” você pensa com ódio.
- Pra você mentir pra mim de novo? - Pergunta retoricamente. – Não obrigado. - Responde, afastando as suas mãos do alcance dele e as limpando na barra da blusa, para que ele veja o seu desprezo pelo gesto barato.
Ele vê, e não esconde a insatisfação e mágoa com a sua reação.
- Me desculpa, eu fui um idiota, e deveria ter te contado tudo o que aconteceu, ou melhor, nem ter feito pra começo de conversa – Ele admite agitado – Mas não posso mudar o que aconteceu, só posso prometer ser melhor daqui pra frente. - Diz querendo uma segunda chance.
- Não me importa o que você promete ou deixa de prometer! Só cala a boca porque eu não quero te escutar. – Diz irritada, mas isso não é o suficiente para que ele cesse o roteiro sem fim de desculpas esfarrapadas dele:
- Foi um beijo, nada mais que isso e…
-CALA A BOCA! - Você grita o cortando no meio da frase, e perdendo o pouco controle que ainda te restava.- Não me importa se foi só um beijo, ou uma transa Matías, você não entende não é? Você me traiu de qualquer forma e não tem como consertar isso, então para com esse papo de “foi só um beijo”, ou “ foi antes da gente voltar” porque pra mim não faz diferença alguma. - Você cospe as duras verdades na cara dele.
Com muito pesar, ele finalmente parece entender o seu lado e seu ressentimento, e fita o chão envergonhado por ter causado tanto problema na antiga relação de vocês. Um silêncio se instaura no ambiente, você não quer dizer e nem ouvir mais nada, mas ele se recusa a deixar que a conversa de vocês acabem assim, não depois dele lutar tanto para estarem no mesmo lugar juntos:
- Eu ainda tenho sentimentos por você, e sei que lá no fundo você ainda sente algo por mim – Matías fala quebrando o silêncio com suas afirmações, e voltando a te encarar.
- Você só pode estar de brincadeira! - Diz revirando os olhos - Eu não sinto mais nada por você - Retruca descaradamente com a língua afiada - Até onde eu saiba, não sou eu quem ando atrás de você como um psicopata. – O acusa furiosa com adagas no olhar com a insinuação ridícula do garoto.
- Eu sei que no fundo você gosta, gatinha – Ele diz ao largar a máscara de tristeza de lado, e voltando ao seu jeito babaca e convencido de ser, o que só te dá uma vontade enorme de dar um tapa na cara dele, para que assim essa satisfação e certeza toda saia do mesmo, e antes que pare pra pensar duas vezes, é exatamente isso o que você faz.
A cara dele na mesma hora se vira para o outro lado em um estalo seco e alto, assim que sua mão encosta na bochecha com força e brusquidão. A região afetada imediatamente fica avermelhada, e marcada no formato de seus dedos na pele branca do rapaz, mas em momento algum ele demonstra dor com o seu feito, e volta a te encarar com a mesma expressão provocadora, e debochada quase no mesmo instante.
Se enraivecido ainda mais com a audácia dele, você desfere outro tapa seguido só que no outro lado da face do garoto, o que novamente, não surte efeito algum, e ele volta a te encarar com a expressão malandra na cara. Você pode estar imaginando coisas, mas chega a parecer que ele está até mesmo gostando disso. Como se a sua agressão o estivesse excitando e dando prazer a ele. Mas quando você vai desferir um terceiro tapa, ele te surpreende ao agarrar sua mão no ar e prendê-la, e quando você vai usar sua outra mão para se soltar do aperto dele, ele faz o mesmo, conseguindo assim te prender e te ter literalmente de mãos atadas para ele.
Tendo agora controle sobre você, ele te segura e te empurra para trás, te pressionando contra uma parede, e te deixando frente a frente com o corpo dele e te fazendo soltar um pequeno grito, devido a ação repentina.
Antes que você possa reagir ou fazer algo que não seja arfar de surpresa, ele junta suas duas mãos em uma só no aperto dele, e as prende acima de sua cabeça. Ele chega cada vez mais perto, e levando a outra mão dele que agora estava desocupada, a posiciona em seu queixo, te segurando e forçando o seu olhar a encará-lo:
-Você tá louco? Me solta, Matías! - Você reclama, se debatendo e tentando se soltar do aperto dele, mas sem sucesso algum.
- Nós dois sabemos que você não quer isso, meu bem - Ele diz, ficando com o rosto ainda mais perto do seu e te fitando com afinco.
Ele está tão correto sobre isso que te deixa enfurecida. Mas não somente com ele, mas consigo mesma também. Pois odeia como o calor que está emanando dele te causa sensações já tão familiares da qual seu corpo tem sentido falta nos últimos meses. O modo como as mãos dele estão te segurando com força, as peles em contato uma com a outra, o cheiro dele, tudo como se fosse um convite aberto para que você o recebesse. E mesmo não querendo, com o seu cérebro te dizendo não, o seu corpo grita que sim, e super demonstra isso para ele. Fosse a forma como sua respiração está ficando mais falha, as bochechas ficando coradas, ou o modo que involuntariamente você fricciona as coxas uma contra a outra em busca de alívio.
-Você não sabe o que eu quero - Diz em um fio de voz, não querendo se render tão fácil.
-Ah não? - Ele diz e se aproxima de sua orelha para sussurrar em seu ouvido - Então se eu levantar essa saia minúscula que você tá usando agora, eu não vou encontrar a sua buceta molhada? - Ele pergunta, e mordisca levemente o seu lóbulo, arrancando um gemido baixo seu.
Mas você se recusa a responder a pergunta petulante dele, e com sua falta de palavras, ele decide provar o seu ponto e larga o seu queixo para deixar a mão livre. Você fecha os olhos já sabendo exatamente o que vai acontecer, e não demora muito até que ele leve a mão até o meio de suas coxas e encontre o que tanto procurava:
-Porra! - Ele exclama - Você está encharcada - Ele diz ao apalpar a sua carne sensível com vontade.
E com esse simples toque, tudo está perdido e você é reduzida a uma bagunça melosa e carente por contato do garoto. Assim que ele larga as suas mãos, você se aproveita de sua recém liberdade para entrelaçar os braços no pescoço dele por vontade própria, o agarrando e o trazendo para seu calor, e ele se utilizando desse momento de rendição sua, leva as mãos até a barra de sua saia a puxando com pressa para cima, até alcançar a altura dos quadris. E quando o consegue, te agarra firmemente pelas coxas, e te traz até ele, te erguendo e te carregando até uma das diversas carteiras que haviam espalhadas por ali, te depositando na mesma, para depois se pôr entre suas pernas.
O frio do móvel escolar em seu traseiro, coberto apenas pelo tecido fino da calcinha, é esquecido quando ele leva as mão até sua pele à mostra, e fecha os olhos encostando a testa contra a sua, o que te causa cócegas por conta do cabelo comprido. Você nota como a marca de seus dedos na bochecha dele quase não são mais aparentes, e devido a proximidade dos dois, a virilha dele está encostada em uma posição extremamente precisa e prazerosa para ambos, e isso só se intensifica quando ele começa a se esfregar contra o seu corpo. Não tem como você conter um gemido de escapar de seus lábios, para a satisfação e alegria do rapaz.
-Eu poderia te fazer gozar agora se eu quisesse, te chupando do jeitinho que eu sei que você gosta. - Ele provoca, esfregando o nariz contra o seu, e apalpando suas coxas chegando perto de sua intimidade - Hum? - Ele te atiça querendo uma resposta, e abrindo os olhos para te encarar - O que eu preciso fazer pra te provar que você é a única mulher na minha vida? - Os dedos dele se aproximam ainda mais de seu núcleo - Eu te dou o que você quiser, meus dedos, minha boca, meu pau - Com isso, ele começa a brincar com a barra do tecido de sua calcinha - É só você me pedir com jeitinho.- Diz e deposita um beijo molhado em seu queixo.
A partir deste momento, estar perto não é mais o suficiente, e ele começa a se inclinar mais a fim de juntar os lábios nos seus para finalmente te beijar. E ele está tão perto que você já consegue sentir o hálito mentolado dele em seu queixo.
- Eu sei que você me quer – Ele sussurra prestes a juntar suas bocas.
Mas antes que os lábios deles possam encontrar os seus, o som da maçaneta sendo forçada, e alguém batendo na porta te tira do seu estupor e você o empurra assustada, o afastando como deveria ter feito a muito tempo.
Sem coragem para encará-lo, simplesmente o dá as costas e abaixa sua saia envergonhada, tentando se arrumar e se recompor o melhor que pode. Ainda em choque, e com as pernas bambas parecendo gelatina, você caminha até a porta e a abre, torcendo para sua cara parecer leve e despreocupada, e não deixar transparecer nada do que acabou de acontecer, ou do que poderia ter acontecido. Mas assim que faz isso, se arrepende na mesma hora e sente seu coração acelerando mais ainda, e seus olhos quase saltando, quando vê sua professora parada do lado de fora da sala à sua frente. Que droga ela estava fazendo aqui?
Você engole em seco e sente suas mãos suarem frio, com medo e receio do motivo dela estar ali, afinal, aquela sala não era muito utilizada, você tinha certeza disso. Mesmo em sua pressa, você saberia dizer para onde estava indo, e também sabe que esta ala da faculdade era quase sempre desprovida de professores e estudantes por ficar longe da biblioteca, refeitório e ginásio, então na maioria das vezes só a equipe de limpeza passava por lá. Mas o que mais te assombrava era a possibilidade dela ter escutado alguma coisa, pois sua cara já morria de vergonha com o mero pensamento.
- Olá - Ela cumprimenta rapidamente assim que te avista e abre a boca para dizer mais alguma coisa, mas se detém ao notar seu nervosismo, e te estuda para entender melhor o motivo. Não demora muito para que ela encontre a razão de tudo isso ainda parado no fundo da sala perto dos armários. - Desculpe, estou interrompendo algo? - Ela questiona arqueando a sobrancelha com a cena inusitada:
- Sim! /Não! - Você e Matías dizem ao mesmo tempo. Você completamente constrangida e ele obviamente irritado porque foram interrompidos do que sequer estivessem fazendo.
-Matías - Ela se dirige a ele desgostosa - Ainda estou no aguardo do seu trabalho do terceiro período - Ela o cobra, aproveitando para o medir de cima a baixo com julgamento escancarado no olhar.
- E como eu já tinha dito antes Senhora, eu ainda estou dentro do prazo - Ele retruca não se deixando intimidar pela presença da mais velha.
- Faltam apenas dois dias, não se esqueça - Ela rebate autoritária, e se dirigindo a você com a expressão mais pacífica prossegue - Podemos conversar senhorita? Em particular? Na minha sala? - Pergunta a mesma, olhando de escanteio para o rapaz atrás de você, arrancando um bufo aborrecido dele e quase, QUASE, uma risada sua com a birra dos dois.
- Claro. - Você concorda, ansiosa para sair de lá e se livrar dessa situação merda em que se encontrava com o seu ex.
Ainda com o coração em um ritmo acelerado, você a segue até a sala para que possam conversar. Será que você estava com problemas? Porra! Será que ela ouviu alguma coisa do que aconteceu? Sua mente já estava prestes a entrar em combustão naquele instante se ela não começasse a falar logo:
- Vou direto ao ponto, eu gostei muito da apresentação do seu grupo hoje, e você em especial me chamou a atenção, então vim com uma proposta pra te oferecer. – Ela diz, parecendo ouvir suas preces quando entram em seu escritório, e se endireita na cadeira, para pegar uma pasta preta em sua gaveta.
- Muito obrigado – Agradece as palavras dela se sentando de frente para a mesma – E qual seria? – Questiona curiosa.
- Tenho uma colega na área que está procurando indicações de alunos para estagiarem no escritório dela, e caso você se interesse, posso te fornecer uma excelente carta de recomendação – Ela começa dizendo - É uma ótima oportunidade e eu já venho te observando há algum tempo – Abrindo a pasta, ela começa a folhear o conteúdo das páginas – Realmente impressionante, notas bem acima da média, grande participação nas aulas, trabalhos em dia – Ela pontua, enquanto vai descendo o dedo por cada parte da folha a analisando - E como se não bastasse, apresentou o seu projeto de forma totalmente eloquente e comunicativa hoje. - Finaliza satisfeita.
- Nossa, obrigado! Tô até sem graça com tanto elogio – Diz a ela, arrancando uma risada da mesma.
- Não fique – Ela te acalma e te estende uma folha, a qual você pega no mesmo instante.
- Esse é o termo e contrato do plano de estágio – Ela explica – Caso esteja interessada, além de contar pontos muito bons na sua grade curricular, também te insere com mais profissionais do ramo, os quais para ser sincera, eu admiro muito. – Ela fala.
- Tudo bem, eu tenho interesse. - A comunica com entusiasmo, gostando da ideia. Afinal, seria bom encontrar algo no qual pudesse se distrair e gastar suas energias ao invés de só ficar em casa se lamentando, e claro, um dinheirinho a mais não faria mal nenhum no momento.
- Perfeito! - Ela comemora - Me manda o seu currículo pelo e-mail acadêmico e eu encaminho para ela junto com a recomendação.
- Ok, obrigado – Concorda, agradecendo e se retirando da sala.
Mas assim que você sai pela porta da mulher, e não encontra o inoportuno do seu ex, não sabe se está mais chateada pelo fato de Matías ter vindo te procurar em primeiro lugar, ou pelo fato dele não ter te sequer te esperado sair para conversarem. Você nunca admitiria, mas talvez, assim como ele disse, você realmente gostava da insistência dele.
O que você mal sabia, era que o garoto estava lá até segundos atrás, mas tinha acabado de sair achando que se te importunasse mais alguma vez no dia, era capaz de ao invés de um tapa, você acabasse desferindo um chute nas partes íntimas dele. O que sendo honesta, poderia acabar muito bem acontecendo, já que você não daria o braço a torcer. Então com um suspiro derrotado, ele foi embora.
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Após alguns dias de espera, e uma nota gratificantemente alta em seu histórico e grade curricular, você é agraciada com a notícia e retorno de sua professora a respeito da tal vaga proposta. O colega dela pareceu bastante interessado em seu perfil e quis marcar uma entrevista para poder te conhecer melhor, e poderem alinhar os interesses de cada um, e se chegassem em um acordo benéfico para ambos, entrariam em um vínculo de empregado e empregador o mais rápido possível.
Sua reação é a mais cômica que consegue imaginar, dando pulinhos de excitação e gritinhos de alegria enquanto lê e relê o e-mail com a novidade, animada pela oportunidade e ainda muito grata pela mesma ter pensado em você, dentre tantos alunos para qual a mais velha leciona. Responde a mensagem que contém todas as informações com endereço e horário, e a agradece formalmente (e certamente mais contida do que foi em seu particular) dizendo como está agradecida pela indicação que ela fez.
Pesquisando bastante a respeito do lugar para se preparar, já ensaia as respostas que irá dar no dia, e espera que tudo ocorra bem. Mas no dia marcado, apesar de todos os seus esforços, ainda tem um pingo de nervosismo em seu sistema, o qual tenta conter o melhor que pode, não querendo arruinar tudo.
Quando chega no endereço, você avista um prédio alto e gigantesco completamente espelhado e altamente moderno, e agradece internamente por ter vestido os seus scarpins pretos mais sofisticados para passar um ar de mulher de negócios, mesmo se sentindo um peixe fora d’água em um lugar tão corporativo como este. Está trajando também uma roupa semelhante a da apresentação do projeto, mas dessa vez sendo uma calça lisa escura e um blazer da mesma cor, para dar mais classe, ou ao menos esconder e não parecer que você é o tipo de garota que ainda dorme com seu pijama de ursinhos favorito.
Tomando coragem com um suspiro, passa pelas portas de vidro, e entra no lugar refrigerado e fresco por conta do ar-condicionado, e vai em direção ao balcão. Lá encontra uma secretária ao telefone, e aguarda em um dos acentos da entrada para pedir informações enquanto segura o envelope que contém todas as suas informações acadêmicas e profissionais. Após alguns minutos de espera, enquanto percorre os olhos admirando e observando o local, você finalmente é atendida:
- Bom dia, em que posso te ajudar? – Pergunta a funcionária com um sorriso simpático no rosto e prestativa.
Você não consegue deixar de notar como ela é bonita e sexy em seu terninho chique, ao mesmo tempo em que é formal e discreta em seus trejeitos, passando um ar de jovialidade e de ser uma pessoa culta. E por um instante, você se pergunta se você realmente se encaixaria ali. Pois nunca se considerou uma pessoa muito centrada ou séria, mas sabia que se estava ali, era porque confiavam em seu potencial, então deixando todos os medos bobos e receios de lado, abre um sorriso em resposta e a explica que está ali, pois está se candidatando para uma vaga, e vai fazer uma entrevista hoje marcada com o recrutador:
- Ah sim, você deve ser a estudante de quem me falaram mais cedo – Diz a mulher parecendo se recordar ao olhar para você e depois para a agenda contendo anotações do trabalho – Isso mesmo, entrevista para vaga de estágio às dez, por favor me acompanhe – Ela pede, e começa a caminhar com os saltos finos pelo piso claro do chão, e te levando até um dos elevadores do edifício. Tudo nela exala sofisticação, o caminhar com as pernas longas, o cabelo preso deixando somente algumas mechas soltas propositalmente para moldar o rosto, e as unhas pintadas em um tom escuro e longas que se direcionam até o botão para chamar o elevador:
- Sexto andar, corredor esquerdo, primeira porta à direita – Te instrui com calma, apertando o botão do painel de controle, e você só acena com a cabeça concordando e entrando na caixa metálica, não tendo a mínima ideia se vai conseguir se lembrar das instruções dela quando já estiver no andar indicado. – Boa sorte e boa entrevista – Ela diz sutilmente quando as portas começam e se fechar.
- Obrigado – Você consegue responder com a voz surpreendentemente firme antes que a visão dela de você suma, e você seja consumida apenas pelo vazio do pequeno espaço claustrofóbico.
Assim que as mesmas finalmente se abrem, você sai e tenta se nortear pelo lugar desconhecido. E assim como temia, obviamente que havia esquecido as palavras da mulher e claro que não é preciso muita exploração para dizer que sua busca foi totalmente fracassada, e que você já está completamente perdida nos primeiros minutos deixada sozinha. Você olha para as paredes tentando encontrar algo que mostre alguma direção, algum aviso ou placa, mas não tem nenhuma à vista.
- Oi, precisa de ajuda? – Te pergunta um rapaz, se aproximando ao notar a sua cara de confusão olhando para os cantos frustrada.
Mesmo estando completamente frustrada por estar boiando ali, não consegue deixar de notar como o rapaz é bonito. Ele é o perfeito estereótipo de garoto modelo e padrão, com cabelos em ondas loiras, olhos claros, um nariz acentuado junto com um maxilar bem definido. Mas o que mais te prende, não é a beleza escancarada dele, e sim a forma que os olhos e o pequeno sorriso que ele te lança são ternos e sem julgamento algum, não tiram sarro por conta de sua confusão e contém somente a intenção genuína de te ajudar.
- Oi - Responde a saudação dele - Na verdade preciso sim – Confessa ainda um pouco acanhada – Eu vim fazer uma entrevista e já me perdi na primeira oportunidade que tive – Fala a ele, arrancando uma risada do mesmo, o que por algum motivo te deixa feliz com o feito, e com borboletas no estômago.
- Sem problemas, acontece – Ele diz te acalmando, o que mesmo você achando que é mentira que alguém se perca tão fácil assim, você é grata pelo esforço dele em te fazer se sentir bem – Deve ser para a vaga de estagiário, certo? – Questiona com serenidade, mas parecendo ansioso com sua resposta.
- Sim – Concorda com ele, e pode ser que esteja vendo demais, mas por algum motivo ele parece contente com a sua afirmação, abrindo um sorriso lindo, e parecendo um garotinho que acabou de ganhar doce, o que você achou um charme.
Qual era o seu problema? Você não se encantava tão fácil assim por qualquer cara. Depois de Matías então tudo piorou, pois qualquer um que comparasse com ele parecia completamente sem graça e sem vida. Mas com este era diferente, por alguma razão você não conseguia deixar de notar a feição angelical dele, e com o jeito gentil do mesmo, tudo só ficava melhor. Quer saber? Você está pensando demais. Não tinha problema algum em admirar um cara bonito, ainda mais um tão atraente como este em sua frente, então estava tudo bem. Não é como se você estivesse se apaixonando, certo?
- Belezinha, é por aqui, senhorita – Ele fala te despertando de seu debate interno e começando a te guiar por um dos diversos corredores daquele labirinto em forma de prédio.
Um flashback passa por sua cabeça neste momento, cenas de muito tempo atrás de você igualmente perdida em um corredor, e um estranho vindo te ajudar. Mas esse estranho não era um rapaz excepcionalmente educado, loiro e gentil, e sim um rapaz de cabelos castanhos e um sorriso maroto nos lábios. E com um suspiro baixo e triste, você não consegue deixar de se perguntar até quando tudo em sua vida a fará se lembrar dele. Porque você ao menos estava comparando os dois rapazes? Ou melhor, você queria mesmo saber a resposta pra essa pergunta?
Em poucos segundos vocês chegam em uma sala de espera, que contém outros candidatos aguardando sua entrada, e você tem vontade de se estapear ao ver que o caminho era tão simples, e o problema era você mesmo quem fez a proeza de se perder. De frente a sala tem uma porta branca, a qual o garoto te aponta:
- É naquela sala ali, é só sentar e esperar ser chamada- Te fala apontando para a sala - E a propósito, boa sorte, estou na torcida – O garoto te deseja, enfiando as mãos no bolso da calça envergonhado, e te lançando outro sorriso gentil.
Seu coração começa a bater mais rápido com isso.
- Obrigado.- Você diz em um tom baixo, e tem quase certeza de que suas bochechas estão corando por conta do gesto.
E assim vocês se despedem, e só após isso que você se dá conta de que nem ao menos perguntou o nome daquele anjo, apelido o qual você acabou de carinhosamente e mentalmente dá-lo por conta de sua boa ação e aparência angelical.
Mas deixando o seu fascínio repentino pelo rapaz misterioso, você se senta e aguarda até te chamarem, quase roendo as unhas e arrancando os cabelos de tanta ansiedade no processo. E depois de esperar por poucos minutos, mas que pareceram horas, em uma das cadeiras no local, o seu nome finalmente é dito, e você é convidada a entrar na sala, e engolindo em seco para conter todo o seu nervosismo, você entra.
Adentrando o local bem iluminado e espaçoso, a primeira coisa que você avista é uma senhora sentada de frente para uma mesa, usando óculos e de feição aparentemente gentil:
- Bom dia, tudo bem?- A senhora cumprimenta e você a responde - Pode se sentar por gentileza – Ela diz, apontando para a cadeira de frente com a mesa dela, enquanto começa a ler com cuidado os documentos que você a entrega quando ela estende a mão, e abre um sorriso.
- Vamos nos conhecer um pouco, ouvi falarem coisas ótimas a seu respeito. - Ela comenta guardando a sua ficha e te fitando para começarem a trocar uma ideia.
Ela se apresenta e após uma conversa, a qual você pode considerar não muito longa, mas definitivamente de um tempo considerável, com a conversa fluindo e ela te perguntando a respeito da faculdade, seus interesses, hobbys e outros passatempo nos momentos livres, e você mostrando interesse na vaga, ela parece ter chegado a uma decisão final:
-Estou realmente impressionada - Ela admite - Não vou esperar até semana que vem, já posso te afirmar que o trabalho é seu, e que estamos muito felizes por te receber e te ter na equipe com a gente - Diz a mulher muito educada e com um sorriso acolhedor.
Ela te fala a respeito dos horários, salário, benefícios, e com você estando de acordo, mais do que satisfeita com os valores, ela já te entrega uma cópia do contrato, e após sua assinatura, ela já pede para uma outra funcionária entrar e encaminhar o documento ao RH da empresa, e outra cópia para a secretaria de sua faculdade. Todo o trâmite é bem tranquilo, e você se sente à vontade e mais relaxada com a vaga já garantida.
- Bom agora que você já sabe que passou, vou te explicar melhor como será o processo aqui e nossa gestão - Ela diz simpática e você balança a cabeça concordando para que ela continue - No primeiro momento, o nosso ex-estagiário vai te treinar e te mostrar como funciona tudo, por isso, vão passar muito tempo juntos - Ela te explica, querendo tirar suas possíveis dúvidas - Você vai adorar ele, jovem, simpático, e muito inteligente - Ela te garante.
- Ah ok, tenho certeza de que nos daremos bem. - Você concorda com ela, pois se esse tal funcionário, se mostrar como todos os outros que conheceu até agora, sabe que será tudo perfeito.
- Como ele foi efetivado, você vai ocupar a vaga dele, por isso ele é a melhor pessoa para te pôr a parte de tudo, mas infelizmente hoje ele teve que ir até a outra filial tratar de outros assuntos - Te justifica a ausência dele. – Ele até esteve aqui agora cedo, mas teve que sair com pressa, mas não se preocupe, segunda-feira sem falta ele estará aqui e te ensina tudo.
- Sem problemas. - Você diz a mulher mais velha.
Depois de tudo resolvido, com a garantia de você voltar na próxima semana, mas dessa vez como uma funcionária propriamente dita, você se despede da gentil senhora e vai embora. E passando pela recepção pela segunda vez no dia, reencontrando a primeira moça que te atendeu na entrada, ela te pergunta se foi tudo bem, e você a conta, recebendo os parabéns, e afetuosos boas-vindas dela.
Mas quando passa pelas mesmas portas de vidro, dessa vez saindo do local, ainda sente uma coceira que não sabe explicar o motivo. Só quando já está no metrô a caminho de casa, que descobre o porquê. Não sabe exatamente a razão pela qual o garoto loiro não sai de sua mente, mas sabe que gostaria de dar as boas novas a ele também, e ver a reação do mesmo. Fantasiando se ele ficaria tão contente quanto imaginou que ele ficaria.
— —
Ainda elétrica por conta da boa notícia, não consegue esperar até chegar em casa para compartilhar a novidade com suas amigas. Você gostaria de dizer que estava planejando fazer um bom uso desse dinheiro extra, fosse o aplicando em uma conta no banco, ou o guardando para um bem maior, mas a verdade é que já estava coçando a mão para planejar um dia das garotas e poder desfrutar de um pouco de luxo que acha que está merecendo, seja comer em um restaurante mais fino ou comprar uma roupa mais cara.
Elas te parabenizam pelo grupo de mensagens e parecem muito animadas por sua mais nova conquista, a qual você não consegue tirar um sorriso do rosto:
-Deveríamos sair hoje pra comemorar- Uma delas diz na próxima mensagem, e não demora muito para que mais pontinhos pulando apareçam na tela, indicando que as outras estão digitando algo:
- Nossa sim!!! Não saímos juntas já tem um tempão. – Reclama uma das garotas concordando.
- Balada? Cinema? Restaurante? Tão a fim do que? – Questiona uma das meninas oferecendo opções.
E por incrível que pareça, você realmente quer sair hoje. É uma sexta-feira alegre, com boas notícias, já que você tinha acabado de receber suas notas exemplares do bimestre, e tudo estava ocorrendo bem em sua vida ultimamente. Bom, quase tudo. Mas ainda assim era motivo para erguer a cabeça e se animar. Por uma noite você não queria pensar no chifre que adornava sua cabeça, ou imaginar o idiota do seu ex que por acaso você quase beijou quarenta e oito horas atrás. Está noite você queria se divertir e esquecer de tudo. Se jogar e viver a parte da sua vida a qual tem se negado nos últimos meses.
Solteira. Você é solteira e já estava na hora de usar isso para seu benefício. Quem sabe encontraria um cara bonito e pudesse se ocupar um pouco com ele. Uma parte sua sabe que só está querendo fazer isso para provar a si mesma que não ficou balançada com o quase beijo com Matías, e que já o superou. Mas a outra quer ir além, quer conhecer novas pessoas e quem sabe assim, depois de uma ficada com um cara qualquer, acordasse para a realidade e visse que os homens são todos iguais. Fosse Matías, ou fosse outra pessoa, você iria gostar de qualquer jeito. Ele não é especial. Ele não tem poder nenhum sobre você. E já estava na hora de você entender isso.
- A gente pode sair pra tomar uns drinks naquele Pub que fui semana passada com meu namorado – Começa uma das garotas sugerindo – É bem legal, eles têm música ao vivo, a comida é boa, e o mais importante, a bebida é de qualidade, e sempre tem uns gatinhos por lá. – Ela termina de relatar, e marca o seu usuário na mensagem, junto com um emoji nada discreto para complementar.
Seu rosto cora na hora com isso, e as outras integrantes mandam mensagens dando risada, a qual você acaba acompanhando também. Assim que vocês terminam de discutir os últimos detalhes para a noite especial, você se despede.
- Até mais tarde. – Você finaliza a conversa e guarda o telefone na bolsa se dirigindo para casa.
Você não sabia muito bem o que esperar da noite que estava por vir, mas queria muito que assim que você retornasse dela, não conseguisse mais se lembrar de um garoto petulante de cabelos castanhos, fosse por estar muito bêbada, ou por estar com outra pessoa. Mas independente do motivo, só queria tirá-lo de seus pensamentos e de seu sistema.
E por tudo que era mais sagrado, você iria conseguir.
Depois de tanto tempo, dei as caras de novo por aqui.🤭 Espero que tenham gostado, e até o próximo 💖😚
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analimas-blog · 9 months
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À medida que 2023 se despede, lembre-se de que a vida é uma jornada incrível. Cada dia é uma página em branco, pronta para ser preenchida com histórias de amor, aventura e superação. Que em 2024 você escreva um capítulo que inspire não apenas a si mesmo, mas também aqueles ao seu redor. Feliz Ano Novo🍾🥂
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victor1990hugo · 1 year
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beasladies · 1 month
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Charlie Campbell: Book rec
ou os oito livros de cabeceira de uma filha de Atena
As Ondas Virginia Woolf
As ondas, considerada uma das mais importantes obras de Virginia Woolf e do século XX, oferece uma visão única e emocionante sobre a vida humana, a natureza da identidade e a importância da conexão. A história é contada por meio de uma série de monólogos interiores ― os fluxos de consciência ― que seguem a vida de seis amigos, da infância à idade adulta. Cada personagem tem sua própria voz e uma perspectiva única, que, juntas, criam uma imagem profunda e complexa da experiência humana. Ao longo do romance experimental, Woolf explora temas como amizade, amor, solidão, autodescoberta, feminismo e espiritualidade a partir das inquietações e sensações íntimas de suas personagens principais, tecendo uma história poderosa e emocionante com a qual é impossível não se envolver.
2. Alice No País Das Maravilhas Lewis Carroll
Conta a história de Alice, menina que cai numa toca de coelho e vai parar num lugar fantástico, povoado por criaturas estranhas que lembram seres humanos. Um universo nonsense, com uma lógica do absurdo, que remete ao mundo dos sonhos, numa narrativa pontuada por paródias de poemas populares infantis ingleses daquela época. Nesse lugar, Alice enfrenta estranhas e absurdas aventuras, passa por situações incomuns, conhece seres extravagantes, é submetida a perguntas e situações enigmáticas ou desprovidas de sentido lógico, aumenta e diminui de tamanho... e vive tudo com naturalidade e muita, muita curiosidade.
3. Antígona Sófocles
Na lendária Tebas, Creonte, um novo tirano, ordena que sejam dados tratamentos desiguais aos dois irmãos de Antígona. Sua imposição é didática. Se aquele que lutou ao lado da cidade deve receber as honras do sepultamento, o outro, que atacou as muralhas, deve ser jogado no ermo para que sirva de exemplo aos opositores. A ordem, no entanto, não é aceita por Antígona. Ela se insurge contra o édito, honrando seu irmão, defendendo os ritos sacros devidos aos deuses, pondo em risco sua própria vida, trazendo à tona a herança e a verve da antiga estirpe dos Labdácidas. Composta por volta de 442 a. C., Antígona é ainda hoje uma peça conturbada e polêmica. É uma tragédia que pontua os limites do poder, o seu lugar e as suas instâncias, e que oferece o espetáculo grandioso da vontade, do sentimento de estirpe, da piedade e da justiça.
4. A Divina Comédia Dante Alighieri
Escrito no século XIV,  A divina comédia , o poema épico de Dante Alighieri é considerado também um dos textos fundadores da língua italiana. Nele, o escritor apresenta uma jornada inesquecível pelo tormento infinito do Inferno e a árdua subida da montanha do Purgatório até o glorioso reino do Paraíso. Dante conseguiu fundir sátira, inteligência e paixão em uma alegoria cristã imortal sobre a busca da humanidade pelo autoconhecimento e pela transformação espiritual.
5. O Mundo de Sofia Jostein Gaarder
Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões-postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo. Os postais são enviados do Líbano, por um major desconhecido, para uma certa Hilde Møller Knag, garota a quem Sofia também não conhece. De capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a percorrer toda a história da filosofia ocidental, ao mesmo tempo que se vê envolvido por um thriller que toma um rumo surpreendente.
6. Eu Sei Por Que O Pássaro Canta Na Gaiola Maya Angelou
RACISMO. ABUSO. LIBERTAÇÃO. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e necessária, dando voz aos jovens que um dia foram, assim como ela, fadados a uma vida dura e cheia de preconceitos. Com uma escrita poética e poderosa, a obra toca, emociona e transforma profundamente o espírito e o pensamento de quem a lê.
7. Hamlet William Shakespeare
Um jovem príncipe se reúne com o fantasma de seu pai, que alega que seu próprio irmão, agora casado com sua viúva, o assassinou. O príncipe cria um plano para testar a veracidade de tal acusação, forjando uma brutal loucura para traçar sua vingança. Mas sua aparente insanidade logo começa a causar estragos - para culpados e inocentes. 
8. Amor Nos Tempos Do Cólera Gabriel García Márquez
Ainda muito jovem, o telegrafista, violinista e poeta Gabriel Elígio Garcia se apaixonou por Luiza Márquez, mas o romance enfrentou a oposição do pai da moça, coronel Nicolas, que tentou impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Gabriel montou, com a ajuda de amigos telegrafistas, uma rede de comunicação que alcançava Luiza onde ela estivesse.
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didiribeiro · 16 days
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Senhor Deus, agradeço de coração por nos conceder mais um dia de vida. Obrigada pela oportunidade de despertar, respirar e vivenciar mais um capítulo da nossa jornada. Que a Tua graça continue nos guiando e iluminando nossos passos, e que possamos sempre reconhecer o valor de cada novo amanhecer como um presente Teu. Amém!
(Nanda Araújo)
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klimtjardin · 3 months
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✨ A jornada de um artista ✨
capítulo cinco - como acrescentar mais arte no seu dia?
Lembram quando éramos crianças e o mundo era uma experiência sinestésica?
Olá, caras e caros! No capítulo de hoje, tentarei me restringir de falar sobre como trazer mais arte e criatividade para nosso dia a dia, porém, é um fato que adentrarei em outros assuntos, uma vez que é algo complexo.
Na infância, descobrimos o mundo.
O olhar de uma criança é cheio de curiosidade: como isso funciona? Para quê serve? Além disso, nossos sentidos estão começando a se identificar com as experiências ao nosso redor. Qualquer luz do dia é sempre a mais bonita, todos os doces são os mais doces e mais gostosos, todas as roupas são nossas preferidas. Devidamente enchemos nossos olhos, paladar e tato, dos estímulos corretos.
Lembro que quando assistia desenhos animados, todo traço me encantava. As cores, os detalhes, o cenário. Era como se meu lado sensorial estivesse super ativado. Quando ganhava alguma revista de colorir ou de passatempos, olhava várias e várias vezes para elas, pela beleza que me representavam. Situação semelhante a quando ganhava material escolar novo e aquelas canetinhas e cadernos eram como um tesouro toda a vez que as via.
A criança tem uma intensidade tão bonita. Em um minuto ela se joga no chão porque não quer tomar banho, mas no minuto seguinte está tudo bem, é como se aquilo nem tivesse existido. Não estimulo ataques de birra em adultos, rs, deixemos isso para as crianças. Porém, enxergar o mundo com esse olhar de que cada momento é único e tudo parece extremamente especial, nos coloca de volta aos estímulos corretos.
Com o avanço da internet e dos nossos celulares, tudo é banal. Abrimos uma rede social com 500 notificações enquanto mais 500 externas caem na nossa tela. Isso não é normal, é uma quantidade de estímulo exorbitante para um cérebro que, digamos, ainda tem muito de primata. Como não ter ansiedade quando sabemos exatamente o que está acontecendo em vários países simultaneamente? Como não ter dificuldade de foco quando os estímulos recebidos digitalmente são mil vezes maiores do que aqueles que atividades comuns {como rir, abraçar, lavar a louça} nos causam? Penso que nossos sistemas estão desensibilizados.
Ao longo de uma semana, delimitei o horário em que usaria o celular, e no tempo livre que me restou, fiz o esforço de comparecer a "encontros criativos". Por uma semana, todos os dias, estabeleci atividades que por uma hora ou duas no máximo me fizessem entrar em contato com meu lado criativo. Ler, desenhar, pintar, ouvir música concentrada, fazer uma colagem, enfim, sem interferência de coisas digitais. E, o mais importante, estimulando meu foco para que eu concluísse tudo aquilo que me propus fazer.
O que aconteceu até parece incrível: aos poucos fui me acostumando, ou acostumando meu cérebro, a não ter tantos estímulos disponíveis. Comecei até a repensar se a quantidade de pessoas que sigo nas redes sociais não me atrapalham mais do que ajudam na hora de usar referências. Diminuí a quantidade de informações por dia e foquei naquilo que estava a minha disposição.
Me envolver criativamente ajudou a me manter presente. Coloquei à prova a frase batida "crie mais do que você consome", para refletir que dá certo e, sim, sua mãe também está certa: o problema é o celular. Quanto menos estímulos rápidos e fáceis recebi, mais minha mente funcionou para ser criativa.
Para fazer arte é preciso transformar algo em arte. Aquelas coisas que parecem bobas, como: uma roupa que você gosta de repetir, um almoço gostoso, uma paisagem agradável, tem potencial de virar arte. A inspiração comum segue sendo a melhor de todas!
Então da próxima vez que você pensar "que pessoa bonita, vontade de pintar um quadro", "que paisagem linda, vontade de fotografar", "que momento para lembrar, vou escrever sobre", se puder, faça!
A atenção plena é a maior aliada de qualquer artista.
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Yes, Sir! —Capítulo 21
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Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 23 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Gente tô orgulhosa porque não está demorando tanto pra sair os capítulos kkkk espero que ainda estejam animados com a história 💗.
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Harry
Boston me recebeu com um céu cinzento, as nuvens pesadas parecendo refletir o peso que eu carregava no peito. Enquanto me obrigava a pensar nas tarefas do dia, a imagem de Violeta surgiu em minha mente. Eu me perguntava, mais uma vez, se o que eu sentia por ela ainda era amor ou apenas uma tentativa desesperada de agarrar algo, então, havia Aurora. A intensidade dos sentimentos que ela despertava em mim era algo que eu não conseguia ignorar, por mais que tentasse. Ela me fazia sentir vivo, mas a culpa vinha logo em seguida, como um lembrete cruel de que esse amor, por mais verdadeiro que fosse, era construído sobre mentiras e traições.
A confusão e o medo se entrelaçavam, me deixando à beira do abismo, sem saber ao certo em qual direção dar o próximo passo.
A primeira parada que precisava fazer era a faculdade. O semente ia começar e eu precisava estar pronto para enfrentar tudo novamente. Entrei pelo portão principal, cumprimentando os colegas de trabalho com um aceno de cabeça, mantendo o semblante tranquilo, quase indiferente. Caminhei pelos corredores da instituição, tentando me concentrar nas tarefas que tinha pela frente.
Meu escritório estava uma bagunça, os materiais para o novo semestre espalhados de forma desordenada. Eu precisava organizar tudo, criar um ambiente que me permitisse focar, pelo menos no trabalho.
Assim que comecei a arrumar meus papéis, ouvi uma batida leve na porta.
— Professor Harry, posso falar com você por um momento? — A voz do reitor interrompeu meus pensamentos.
— Claro, entre.
Ele entrou, a expressão séria. Isso não era incomum; Afinal o início do semestre era uma época de muitas mudanças e cobranças.
— Eu só queria informá-lo sobre uma alteração na sua turma. — Ele começou, observando-me atentamente. — Uma das suas alunas pediu transferência para outra turma. É incomum, já que o segundo semestre está prestes a começar, mas respeitamos a decisão.
Não, não poderia ser...
Eu senti o chão tremer sob meus pés, mas mantive meu rosto neutro, escondendo qualquer sinal de perturbação.
— Quem foi? — Perguntei, minha voz controlada.
— Aurora O’Connor. — O reitor respondeu, sem perceber a onda de choque que seu anúncio provocou dentro de mim.
O nome dela atravessou o ar como uma lâmina afiada, me forcei a não transparecer nenhuma reação. Um leve aceno de cabeça foi minha única resposta.
— Entendo. — Murmurei, mantendo meu tom profissional. — É uma pena, ela é uma aluna promissora, mas respeito sua decisão.
O reitor assentiu, aparentemente satisfeito com minha resposta, antes de me desejar um bom início de semestre e sair da sala.
Assim que a porta se fechou atrás dele, senti o ar escapar dos meus pulmões, como se estivesse segurando a respiração por tempo demais.
Aurora tinha saído da minha turma. Ela estava se afastando de mim... ou tentando. Só ideia de perdê-la me atingia com uma força que eu não estava preparado para lidar, não agora.
Terminei de organizar meu escritório quase no automático. Quando finalmente saí da faculdade, todo sentimento que guardei nessas últimas horas começou a desmoronar.
Dirigi pelas ruas de Boston, sem rumo, tentando escapar da tempestade de emoções que começava a se formar dentro de mim.
Cheguei em casa onde, por um breve momento, Aurora e eu construímos um mundo só nosso. Entrei, e ar estava impregnado com o cheiro dela, o perfume doce que pairava no ambiente. Quando cheguei ao quarto, parei na porta, a visão do espaço que dividimos me acertando como um soco no estômago. As lembranças de Aurora estavam em cada canto: o jeito como ela deixava seus livros espalhados, as roupas que ela usava, sobre a cama uma camisa minha que ela amava usar.
Me aproximei, pegando-a trazendo ao meu rosto, cheirando. O cheiro dela, aquela mistura inconfundível de perfume e algo que era puramente Aurora, me fez fechar os olhos, tentando absorver cada pedaço daquela sensação. Mas, ao invés de conforto, tudo o que senti foi uma dor profunda, uma saudade que me rasgava por dentro.
Como eu poderia estar aqui, sentindo falta dela, quando minha família, minha esposa, estava em pedaços por minha causa? Como eu podia desejar tanto uma mulher que não deveria estar na minha vida?
As lágrimas que eu tentei segurar começaram a cair, logo se transformaram em soluços que eu não conseguia mais controlar. Sentei-me na beira da cama, segurando a camisa como se fosse a única coisa que me mantinha conectado a ela.
O que eu estava fazendo?
O que eu me tornei?
O peso da culpa me esmagava com uma força implacável, e eu chorei por tudo que perdi, por tudo que estava destruindo e por tudo que eu ainda iria perder.
Eu queria fugir, desaparecer, mas sabia que não importava onde eu fosse, esses sentimentos me seguiriam.As escolhas que fiz me trouxeram até aqui, e agora e eu chorei até não restar mais nada.
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Uma semana depois.
Eu havia passado as últimas horas limpando a casa, depois saí para as compras, precisava ocupar a mente e a geladeira estava vazia. Quando voltei, comecei a guardar os mantimentos na cozinha. Foi então que ouvi o som familiar da chave girando na fechadura. Meu coração disparou.
Só tinha duas pessoas que tinham a chave além de mim. Violeta e Aurora.
Quando vi aqueles cabelos ruivos passando pela porta meu mundo parou por um milésimo de segundo.
Aurora estava aqui.
Eu sabia que aquele momento chegaria, mas nada podia me preparar para a realidade de vê-la ali.
Lily estava logo atrás dela entrando pela porta, Aurora não olhou diretamente para mim, enquanto Lily me lançava um olhar que se pudesse me perfuraria.
— Só viemos buscar as coisas dela — lily disse, sua voz carregada com desprezo. — Não se preocupe, Harry. Ela não vai demorar.
Eu tentei manter a compostura, mas a presença de Aurora fazia tudo em mim tremer.
— Aurora, podemos conversar?
Lily olhou para Aurora, que hesitou por um momento.
— Pode me esperar no carro? — Pediu Aurora.
— Tem certeza?
— Sim, eu vou ficar bem.
— Ok se precisar estou aqui.
— Obrigada. — Disse aurora antes de lily virar-se e sair pela porta, nos deixando sozinhos.
Aurora ainda não tinha me encarado. Eu a observei e segui até meu quarto onde ela começou a recolher suas coisas.
— Docinho, por favor, olhe para mim — pedi, minha voz tremendo de uma maneira que eu não conseguia controlar.
Ela parou, finalmente levantando os olhos para encontrar os meus.
— Não me chame assim.
— Aurora, por favor, vamos conversar. — Dei um passo em sua direção, mas ela se afastou, pegando outra blusa do armário. — Eu quero saber por que você trocou de sala? Eu quero poder explicar tudo.
— Conversar? Não tem o que conversar! — Revirou os olhos. — E você sabe muito bem o porquê sai da sua sala, eu quero ficar longe de você.
—Eu… eu sinto muito por tudo, Aurora. Eu sei que estraguei tudo.— Disse com os olhos brilhando com lágrimas. — Eu não queria...
— Você não queria o que? Fazerisso comigo? — ela interrompeu. — É isso que ia dizer?— Questionou, irritada. — Mas você fez! Você escolheu isso! Escolheu me machucar, mentir pra mim e me usar como alguém para recorrer quando as coisas ficassem difíceis com a sua esposa! — Cada palavra era uma faca cravada no meu peito. — Eu me entreguei a você, Harry, eu fui sua, mas você nunca foi meu. Você me fez te querer, me fez te amar, e agora... Agora, eu estou aqui, recolhendo os pedaços do que sobrou.
Eu queria dizer algo, qualquer coisa para aliviar a dor que via nos olhos dela, mas tudo parecia insuficiente.
Aurora
O simples ato de olhar para ele era insuportável. Tudo nele, desde a maneira como seus olhos verdes me observavam com aquela intensidade que eu já conhecia tão bem, até o jeito como suas mãos tremiam ligeiramente ao lado do corpo, me provocava um misto de raiva e dor que parecia rasgar minha alma de dentro para fora.
— Por que você me deu falsas esperanças, Harry?
— Me desculpe por ter te machucado, Aurora. — Seu olhar desviou do meu. — Eu fui egoísta, eu estava machucado em um casamento fracassado quando encontrei você e só pensei em mim não vendo as consequências que isso causaria em você.
— Covarde! — explodi, minha voz vacilando. — Você é um covarde, Harry! Eu nunca teria feito isso com você. — eu vi a dor no rosto dele, mas não me importei. Ele precisava sentir o que eu estava sentindo. — Então não desperdice mais meu tempo, saia da minha frente! Você estragou tudo que era bom, Harry. Apenas me deixe em paz, porra.
— Aurora...— Ele deu um passo à frente, como se quisesse me tocar, mas eu recuei, sacudindo a cabeça.
Harry
Cada palavra que Aurora dizia era como se abrisse uma nova ferida em mim. Eu queria gritar, queria lhe dizer que eu sentia, que eu me odiava por causar tanta dor.
— Eu... Eu só quero que você saiba que eu não... eu não queria fazer isso com você, mas eu me apaixonei por você, Aurora.
— Se para você se apaixonar é machucar a pessoa que gosta desse jeito e a fazer se sentir usada, então pode ir se foder e levar seu amor junto com você!
— Eu me odeio por estragar o que tínhamos.
— E o que nós tínhamos Harry? Além de mentiras? — Ela sussurrou, a voz quebrada. — Você nunca foi meu, Harry. — Ela me olhou, seus olhos inundados de lágrimas. — Eu só consigo imaginar os lábios dela nos seus. — Ela continuou, sua voz tremendo. — Eu não consigo, Harry. Eu continuo imaginando vocês dois, juntos, rindo, sendo uma família feliz, com suas filhas, o casal perfeito...e eu te odeio por isso. — A voz dela falhou, e por um momento, pensei que ela fosse desmoronar. — Odeio você! Por me fazer amar você e pra que? Só por seu ego ferido? Olha para o desastre que você me transformou.
Ela estava certa. Eu queria dizer que não era verdade, que eu no começo de tudo foi por meu ego ferido, mas era a verdade. Se Violeta não tivesse me traído eu nunca conheceria Aurora, eu nunca me apaixonaria por ela, porque eu era loucamente apaixonado por minha esposa a ponto que nenhuma outra mulher me interessava.
Aurora
Eu precisava sair dali, precisava escapar da dor sufocante que estava me me matando por dentro.
Eu virei para sair, mas ele agarrou meu braço, me puxando de volta para ele. E então, antes que eu pudesse reagir, ele me beijou.
Harry me beijou.
O beijo foi intenso, ele estava desesperado, como se estivesse tentando segurar os pedaços do que éramos juntos. Eu lutei contra isso no começo, mas então algo em mim cedeu, talvez fosse seus lábios macios ou o cheiro do seu perfume que senti saudades, mas eu o beijei de volta com a mesma intensidade, com a mesma necessidade.
E me arrependeria amargamente por isso.
Harry
Os lábios dela era tudo o que eu precisava, eu podia sentir a raiva dela, a dor, a tristeza, tudo misturado naquele beijo. E eu sabia que estava errado, que isso não iria resolver nada, mas eu não conseguia parar, não queria parar. O gosto das lágrimas dela misturado ao sal das minhas me deixou ainda mais desesperado, minhas mãos percorriam seu corpo tentando me agarrar a cada segundo restante com ela.
Aurora
Eu não podia negar o quão bom era seus lábios, mas em meio àquela confusão de sentimentos, de repente, o peso de tudo que havia acontecido caiu sobre mim , eu não podia fazer isso, não desse jeito, não quando eu esperava um filho dele.
Eu o empurrei para longe e senti a raiva crescendo dentro de mim incontrolável. Sem pensar, minha mão se ergueu e o estapeei com toda a força que eu tinha.
Eu o vi cambalear, a surpresa nos olhos dele.
— Isso não muda nada, Harry. Você acha que isso vai consertar tudo?— Eu cuspi as palavras. — Você acha que um beijo pode apagar tudo o que você fez? Eu não sou uma coisa que você pode simplesmente usar e pegar de volta quando quiser!
Harry
Eu senti o tapa antes mesmo de entender o que estava acontecendo. O estalo foi alto, ressoando pelo quarto, minha bochecha ardia, minha cabeça virou para o lado, e o choque tomou conta de mim.
Eu merecia aquilo, merecia muito mais do que aquilo.
Eu a vi, ofegante, os olhos dela cheios de lágrimas e raiva.
— Só o fato de você achar que o beijaria mesmo sabendo que tem esposa e filhos, prova que você não me conhece. — Ela apontou o dedo indicador para mim. — Eu nunca ficaria com você se soubesse que era casado! Nunca!
— Eu... — Respirei fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que tinha. — Eu... Eu pedi o divórcio.
— O que?!
Aurora
O choque me atingiu com força, uma onda inesperada de dor que parecia apertar meu peito.
Ele iria se divorciar?
Uma parte de mim, por um instante, vacilou.
E se... E se, de alguma forma, isso significasse que poderíamos ter uma chance? Eu estava grávida, e por mais que eu odiasse admitir, a ideia de nós três juntos, como uma família, piscou na minha mente, como um sonho distante e inalcançável, talvez fosse os hormônios da gravidez agora, mas não consegui tirar isso da cabeça.
— Aurora, por favor... — Ele continuou, mas meu pensamentos pareciam estar mais altos. — Eu nunca quis que fosse assim. Eu sei que errei, mas eu... eu te amo.
Eu pisquei como se tentasse processar as palavras.
Ele disse "eu te amo"
As palavras que eu tanto esperei ouvir, que eu sonhei ouvir…
E ele escolheu esse momento, agora, depois de tudo, para finalmente dizer isso?
— Você... Você está brincando comigo, Harry? Agora você diz que me ama? Agora?! Depois de todo esse tempo, depois de tudo o que aconteceu? — Eu podia sentir minhas mãos tremendo enquanto as palavras saíam de mim como um grito.— Você nunca disse que me amava antes, nem quando eu estava deitada ao seu lado, nem quando eu disse para você! — Minha voz se elevou, cheia de rancor. — E agora, você escolhe dizer isso só porque seu casamento acabou? Porque você está perdendo tudo — Ele abriu a boca para responder, mas eu não dei a chance.— Não! — eu gritei, interrompendo. — Você não vai usar essas palavras, assim! Você não vai me dizer que me ama agora, só porque você quer se sentir menos culpado, menos miserável!
— Aurora, eu... — Ele tentou dizer algo, mas novamente não deixei.
Eu não queria ouvir nada.
— Você acha que me dizer que pediu o divórcio e que agora me ama vai consertar alguma coisa? — Apontava meu indicador em sua direção. — O que você acha que vai mudar, Harry? Eu não sou seu prêmio de consolação. Eu mereço mais do que mentiras e promessas vazias e pra que? Pra me fazer sentir culpada por estragar seu casamento? — disse ríspida, quase cuspindo as palavras. — Era pra eu estar feliz agora?
— Não... Meu casamento já tinha acabado muito antes de eu conhecer você. — sua voz saiu mais baixa, quase um lamento. — Me desculpe, eu só queria que as coisas fossem diferentes.
Eu queria gritar que ele estava certo, que as coisas deveriam ser diferentes, que nada daquilo era justo, que eu não merecia aquilo. E, por um momento, a ideia de jogar na cara dele o quanto ele tinha me ferido tomou conta de mim.
Eu queria que ele soubesse…
Eu pensei em dizer que estava grávida, só para fazê-lo sentir o peso da culpa.
Mas, antes que eu pudesse abrir a boca, ouvi uma voz familiar vinda do corredor.
— Aurora, você está bem? — A voz de Lily ecoou pelo quarto, preocupada. — Eu ouvi gritos.
Eu fechei os olhos por um segundo, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
— Eu não consigo, Lily — respondi, tentando controlar minha respiração, mas sem conseguir. — Eu não consigo fazer isso se ele estiver aqui.
Eu sabia que Harry ainda estava me olhando, mas eu não tinha mais forças para continuar essa briga.
Não agora.
— Tudo bem, eu faço isso.
Harry
— Harry, você precisa sair e dar um tempo para a Aurora tirar as coisas dela. — Lily tirou me de meu pensamentos. — Ou você acha que ela quer ficar te vendo enquanto arruma as malas? Saí daqui! Isso é o mínimo que você pode fazer depois de estragar a vida dela. — As palavras dela eram afiadas, mas eu não tinha forças para retrucar, eu estava devastado. — Ah! por favor, Harry. Não faz essa cara, você perdeu o direito de se fazer de vítima faz tempo. Agora, dá o fora.
Eu sabia que não tinha escolha.
Com o coração pesado, me virei e caminhei em direção à porta, eu olhei para fora e vi Aurora encostada no carro, suas mãos tremendo enquanto tentava abrir a porta. Ela parecia tão pequena, tão quebrada...Eu queria correr até ela, abraçá-la e implorar por perdão, mais uma vez, dizer que eu não iria desistir dela,que não iria desistir de tentar ter o seu perdão, mas minhas pernas estavam paralisadas. Era insuportável vê-la assim sabendo que eu era o motivo de sua dor.
Aurora
Senti minhas pernas começarem a fraquejar a cada passo que dava para fora daquela casa, minha mãos tremiam para abrir a porta do carro, me apoiei na lataria buscando algo para me manter em pé, assim que fechei a porta, as palavras de Harry ecoaram na minha mente: ele ia se divorciar. Ele havia dito que me amava.
Ele realmente ia se divorciar?
Poderíamos... ser uma família?
Eu me vi imaginando uma vida diferente, onde ele estivesse ao meu lado, segurando nosso filho com um sorriso genuíno. A ideia, por mais que eu tentasse afastá-la, parecia tão real.
Mas logo a realidade voltou a me atingir, eu só podia estar ficando louca! Ele disse que me amava agora, mas e tudo que aconteceu antes? Ele mentiu, escondeu a verdade, ele me colocou nessa posição. Como eu poderia confiar em alguém que traiu a própria esposa, que a fez passar pelo mesmo inferno que estou passando?
Senti meu coração se apertar, por mais que eu quisesse acreditar nessa pequena chama de esperança, ela estava constantemente ameaçada pelo peso do que ele fez.
E se ele teve coragem de trair a mulher com quem se casou, quem me garantia que ele não faria o mesmo comigo?
Ainda assim, havia um desejo persistente e desesperado, de acreditar que as coisas poderiam ser diferentes. Talvez, ele realmente me amasse e estivesse disposto a mudar. Talvez, poderíamos começar de novo. Mas confiar nele agora, depois de tudo? Isso seria como pular de um precipício mesmo sabendo a queda que me espera.
Eu queria tanto acreditar que havia uma chance para nós. Especialmente agora, com o bebê, a ideia de criar esse filho sozinha me apavorava. Mas ao mesmo tempo, permitir que ele voltasse para a minha vida, depois de tudo o que aconteceu, parecia insuportável.
Respirei fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções.
Eu estava grávida e essa era a única certeza que eu tinha.
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Dias Depois...
Eu não conseguia afastar Harry dos meus pensamentos, por mais que tentasse. As lembranças das coisas que retirei da sua casa ainda me atormentavam, cada objeto que eu embalei foi como um punhal cravado em meu peito. O perfume dele estava impregnado nas roupas, como se ele estivesse ali, me abraçando uma última vez. Cada vez que eu fechei uma caixa, foi como enterrar uma parte de mim que jamais recuperaria.
Mesmo após retirar minhas coisas da casa dele e passar alguns dias em um hotel em Boston, a dor e a confusão não me deixavam em paz. E foi no meio desse turbilhão que recebi a ligação do meu pai.
— Aurora, achei um apartamento perfeito para você! Fica em um bairro tranquilo. Vou te levar para vê-lo, o que acha?
Sua voz não tinha tanto entusiasmo, mas sei que meu pai estava tentando.
A ideia de um lugar só meu, onde eu pudesse recomeçar, deveria parecer promissora, mas era coml se fosse a vida de outra pessoa, e não a minha.
— Ok, pai.
Algumas horas depois, estávamos no novo apartamento. O lugar era realmente bonito, com paredes brancas e grandes janelas que deixavam a luz do sol inundar o ambiente. O prédio era simples, bem conservado, e o porteiro me cumprimentou com um sorriso caloroso, mas tudo o que eu conseguia pensar era no vazio que se espelhava dentro de mim. Aquele apartamento vazio era um reflexo perfeito do que eu sentia por dentro.
— Você vai ver, Aurora, esse lugar vai ser ótimo para você e para o bebê. — Disse minha mãe, enquanto caminhava pelo espaço, já imaginando onde colocar os móveis.— Eu e seu pai adoramos o lugar. — Ela sorriu, mas seu sorriso parecia tão fora de lugar quanto minha presença ali. — Tudo vai ficar bem, querida. Você é forte. Este é o lugar perfeito para você recomeçar. E, olha, marquei uma consulta com o Dr. Payne, ele é um obstetra excelente. Uma amiga minha recomendou. Ele vai cuidar muito bem de você e do bebê.
As palavras dela soavam distantes, tudo parecia irreal, como se eu fosse uma mera espectadora de uma vida que não era mais minha.
— Obrigada, mãe. — Murmurei, a voz falha, incapaz de expressar qualquer emoção.
— Fiz um contrato de um ano e paguei três meses de aluguel adiantado. Você não precisa se preocupar com nada, aqui também não é tão longe da faculdade, só 10 minutos de carro.
— Mas eu não tenho carro.
— Filha eu vou deixar você com meu carro antigo.— Minha mãe interrompeu. — Considere como um presente. Acho que é um bom começo, não é?
— Obrigada, mãe e pai. — As palavras saíam automáticas, sem vida.
Quando saímos do prédio, minha mente ainda estava longe, perdida nas memórias do que eu queria esquecer, mas algo capturou minha atenção, trazendo-me de volta à realidade de forma brutal. Do outro lado da rua, uma família estava se mudando para a casa em frente. Eles pareciam felizes, rindo e conversando, uma imagem de tudo o que eu jamais poderia ter.
Não! Isso não podia estar acontecendo.
O universo não seria tão cruel...
Mas ele era, porque era Harry. Ali, com a esposa e as filhas, como se nada tivesse mudado. O mesmo homem que havia dito que me amava, agora estava com a família, como se eu nunca tivesse existido.
Minha mãe percebeu minha mudança de expressão e olhou na mesma direção.
— Aurora, está tudo bem?
Eu não consegui responder. Meu coração parecia prestes a explodir de tanta dor, enquanto meus olhos se fixavam nele.
— Aurora?! — Ela gritou, surpresa, correndo em minha direção.
A filha de Harry, Isadora, me viu primeiro.
Merda!!!
— Você a conhece? — Minha mãe perguntou, confusa.
— Vi uma vez — murmurei, tentando manter a calma.
— Hey! Aurora, faz tempo que não te vejo. Eu ia te mandar uma mensagem dizendo que cheguei em Boston.
Por que eu tinha que ter dado meu número a ela?
Harry virou-se para mim naquele instante, e a cor desapareceu do seu rosto. Ele ficou pálido, quase como se fosse desmaiar. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. A dor que senti naquele momento foi avassaladora, rasgando o pouco de sanidade que eu ainda tinha. Todo o sonho que eu tentava manter vivo foi destruído com um único olhar. Ele disse que me amava, mas ali estava, com a esposa, fingindo que nada tinha acontecido.
Por que ele continua mentindo desse jeito?
Por que ele continua a me machucar?
Eu mal conseguia respirar. Era como se o ar tivesse sido sugado do meu corpo, deixando apenas um vazio doloroso. Era uma piada cruel do destino. Como ele podia estar ali, depois de tudo que disse, depois de me fazer acreditar que eu era importante para ele?
— Seria legal se saíssemos! — Isadora sugeriu, ainda sem perceber o peso da situação.
— Claro. — Minha voz mal saiu, quase um sussurro. Eu só conseguia olhar para Harry, tentando entender como ele podia ser tão frio, tão distante, depois de tudo o que passamos. — Eu preciso ir, bom te ver, Isa. — Murmurei, virando-me rapidamente para ir embora.
Eu precisava sair dali.
A dor era insuportável.
Tudo o que eu queria era desaparecer, esquecer aquela cena.
Não podia morar ali, não depois de vê-lo.
Eu simplesmente não conseguiria.
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destino jaemin
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não há nada tão misterioso, místico e maravilhoso quanto o tempo. este tem suas artimanhas, suas invenções e conexões inexplicáveis que levaram você até jaemin.
notas! esse pedido foi feito pela minha bebê, @jaemingold. é inspirado em duas músicas: monalisa, do djavan e invisible string, da taylor swift. se você curte ler com música, recomendo essa (especialmente no momento "o dia"). é uma bobeirinha bem fofa, espero que gostem.
jaemin x leitora soulmate!au; akai-ito (cor diferente no fio); 3.3k !não foi revisado!
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Dois anos antes
Numa das mesas vazias da sorveteria perto do parque também vazio está a menina cuja qual se prepara para o último ano de escola. 
O recesso de inverno é sua parte favorita do ano, a paz que a paisagem alva enfeitada de pequenas luzes douradas ou coloridas exala lhe é muito cara. Este é o período no qual escolhe recintos aleatórios para passear, sempre acompanhada de si mesma e um livro na bolsa. 
Decide-se a cada dia por lugares onde é costume ir no verão, assim, acaba sendo a única freguesa muitas vezes. A melhor parte, caso lhe perguntem. Por isso, a sorveteria Frigidarium te atraiu. Ao entrar no ambiente aquecido e ver apenas os funcionários, suspirou de alívio. Bingo.
— Boa tarde, senhorita. Obrigado por nos escolher, fique à vontade para escolher uma mesa. Irei até você. — o homem atrás do balcão cumprimenta com educação, mas parece nervoso e atrapalhado.
Um aceno de cabeça e um obrigada sussurrado foi o suficiente. Após achar conforto em um dos cantos, retomou a leitura que tinha iniciado no metrô. 
— Você é uma das minhas, sorvete é até no frio. Quais sabores vamos querer hoje? — ele já está com a caneta a postos.
— Eu amo sorvete! — sorri como uma criança feliz. — Pistache, chocolate belga e baunilha, por favor.
— Que combinação, hein? — o senhor ri com vontade, mas logo interrompe o riso com um estalo nos lábios. — O menino que me ajuda está super atrasado hoje, mil perdões pela bagunça.
Não tinha reparado, porém não era tanta assim. A agitação do homem vem de dentro, observa. 
As horas passam como as horas num dia de inverno deveriam passar, lentas o suficiente para render bem o dia. Terminou bem uns três capítulos e mais quatro sabores de sorvete antes de decidir que era hora de partir, teria uma jornada muito mais gélida de volta deixasse o Sol se pôr.
Preocupado, o homem aperta o casaco grosso contra o corpo enquanto percorre a área com os olhos pela enésima vez à procura de Jaemin. O moleque nunca se atrasa assim! Pelo contrário, é pontual, responsável, simpático. O que será que aconteceu?
Para o alívio do coração frágil do mais velho, uma figura apressada aproxima-se ao longe. É, finalmente, Jaemin, depois de ter ficado preso limpando a escola às ordens da professora mais malvada que já existiu na face da Terra. 
Ao passo que Na alcança a esquina, você deixa a sorveteria e despede-se, agradecendo a atenção do atendente caridoso. Assim que vira de costas para caminhar, o menino chega na frente do senhor, repousando as mãos nos próprios joelhos e revela a respiração ofegante pela corrida extensa. 
— Perdão, senhor. — Jaemin pede entre os suspiros. Retoma a postura ereta, as mãos apertam os ossos do quadril. — Tenho um motivo, juro.
— Ah, garoto! Não me assusta mais assim. 
Um ano antes
Jaemin nunca imaginou que seria a pessoa a sair de casa para estudar em outra cidade, parecia um sonho distante. Na verdade, não tinha passado por sua cabeça viver longe da família, não seria capaz. Cuidar de sua mãe e seus dois irmãos mais novos tinha tanto gosto de felicidade que não pensava em abrir mão disso, até que recebeu a carta de admissão de uma faculdade que nunca tinha aplicado. 
Obviamente foi uma tentação. Aquilo perturbou tanto a cabeça do jovem que o fazia acordar todas madrugadas para encarar cada palavra digitada naquele simples convite. As letras pareciam brilhar algumas vezes, um tom dourado que ele sempre justificava como imaginação fértil. 
Decidiu ir após um dia longo no trabalho, não poderia estacionar a vida por ali. Decisão tomada, as dores de cabeça e letras douradas sumiram, mas a sensação de estar sendo puxado para o que parecia certo crescia ao passo que o dia da viagem chegava. 
Primeira vez que viajou de avião sozinho, primeira vez pegando um táxi sozinho, primeira vez carregando todas as suas coisas em malas que lhe foram doadas, primeira vez que teria uma oportunidade de conhecer a si próprio, pensar apenas em si. 
O motorista do táxi sentiu compaixão pelo jovem menino e o ajudou a carregar todas as malas, o carro ficou lotado. Jaemin sentou-se no banco da frente para facilitar o transporte, e ainda assim, o espaço em seu colo estava sendo aproveitado também. 
— Você é tão jovem, parece minha enteada… minha filha. — diz o motorista, tentando oferecer uma conversa amigável ao garoto visivelmente assustado. — Veio para a faculdade? 
Jaemin suspira e solta um risinho para ser educado, o medo mal permite que ele interaja. 
— Sim, sim. Vim estudar música, senhor. Composição, na verdade.
O senhor exclama em animação, como se a maior coincidência tivesse acabado de ser revelada.
— Minha filhota também! Em qual faculdade? 
— Instituto SAE, senhor.
— Ah… — declara um pouco decepcionado. — Ela vai estudar na Academia JAM. 
— Meu amigo Renjun também! Talvez um dia a gente se conheça… 
— Espero que sim, rapaz. Ela seria uma boa amiga pra você, sabe? Nós nos mudamos recentemente para não deixá-la sozinha aqui, e agora estou trabalhando mais enquanto não encontro outra coisa melhor. Ela não queria, disse que não queria mais dar trabalho, mas a gente insistiu. Menina de ouro. 
Um breve silêncio paira no ar, Jaemin não sabe o que responder, só consegue pensar que sua vida está começando agora. Ele precisa ser responsável pelas próprias decisões daqui para frente, tudo depende dele somente. Não é como se sua família o tivesse abandonado, pelo contrário, dão todo apoio do mundo aos seus sonhos. Porém a distância… 
— Por falar nela… — o motorista interrompe os pensamentos do garoto e aperta o dispositivo à sua frente para atender a ligação. Por causa do bluetooth, Jaemin também faz parte da conversa. — Oi, filha! Tô com um passageiro, seja rápida. 
— Oi, papai. 
No exato instante que sua voz preenche o carro, a tontura e preocupação do mais novo cessam, sente uma calmaria acalentar o peito. Em volta de seus olhos há certa cintilância, o que ele pensa ser vertigem. 
— Cheguei no dormitório agora pouco, minha colega de quarto foi super simpática. Uma veterana de piano, fiquei tão feliz. 
O brilho aumenta conforme sua fala se estende. Jaemin pensa estar passando mal, procura alguma razão em volta de si que explique o as partículas douradas flutuando sobre sua visão. Sem justificativa, a confusão contorce suas expressões ao perceber que, ao fim da ligação, também se vão as poeiras brilhosas. Estranho. 
Vez ou outra esse pó mágico, como Jaemin apelidou quando criança, se apresentava em situações aleatórias. Na infância tudo é mágico, porém à medida que amadurecia, ficava mais difícil acreditar — e entender — do que aquilo se tratava. Quanto mais raras tornavam-se as aparições, menos pensava nisso. E assim pretende continuar. 
5 meses antes 
Se pudesse voltar no tempo, diria a si própria para não confiar no cara mais desejado do campus. Óbvio que todo esse papinho de estar apaixonado era mentira, de escrever músicas de amor (foram todas recicladas, por sinal), de prometer ser sempre seu… Tudo. Mentira. Como caiu na lábia dele? 
Sabe bem. Era só Doyoung pegar o violão que tudo parecia certo, sua tática de sedução infalível. O que ele falasse ao tocar qualquer acorde, olhando nos seus olhos, viraria voto secreto. 
Bem, os olhos outrora hipnotizados por toda beleza do homem, hoje se abriram. Numa das festas de um famoso quem popular do campus, pegou seu situação fiel no meio de uma pegação bem intensa com outras duas calouras. 
Não permitiu que ele chegasse até você, foi rápida ao se esconder entre as pessoas. Doyoung também não insistiu muito, não valia a pena. 
Mesmo com vontade de chorar, engole as lágrimas junto com uma mistura poderosa num canto qualquer. Pouco distante dali, na sala, estão Renjun e Jaemin, haviam chegado há pouco, quando o primeiro decide procurar pelo banheiro. 
— Eu já volto, não sai daqui. 
Jaemin revira os olhos. Até parece que encararia essa avalanche de gente sozinho, obviamente esperaria o amigo no mesmo lugar. 
Renjun se espreme entre os espacinhos que sobram para a passagem, bufando ao levar esbarrões que o atrapalham de tomar a direção que procura. Na verdade, já não reconhece mais em que parte da casa está. Fica na ponta dos pés para se localizar, batendo os olhos diretamente em você. O sorriso que estica os lábios se desfaz ao notar o olhar perdido, a expressão decepcionada e copos vazios por perto, além do meio cheio que está em uma das mãos. Boa coisa não pode ser. 
— Junnie! Oi! — a voz esganiçada denuncia o estado no qual o álcool te deixou, nunca o cumprimenta assim sóbria. — O que você tá fazendo aqui? 
— Que bom te ver também, coisinha. — implica, refrescando o paladar com o seu drink. — Qual foi dessa cara de bunda, hein? 
Inúmeras possibilidades de resposta passaram pela cabeça de Renjun, menos a sua reação de fato. Parece que a pergunta era a gota que faltava para que você quebrasse, não é capaz de conter as lágrimas. Vergonha, decepção, humilhação, todos os motivos se combinaram. Cobrindo a face com as mãos, se permite botar para fora por uns minutos. 
— Vou pra casa, Jun. Desculpa tomar seu tempo assim. 
Por mais dramática que a bebida te fizesse, desta vez realmente se sente culpada de ter dado um banho de água fria na diversão do amigo. 
— Eu levo você. 
— Não! 
Ele leva um susto com a sua rispidez, até afasta o braço que estava prestes a entrelaçar-se ao seu. 
— Não precisa, Jun. Aproveita a festa, é sério. 
— Para com isso. Te levo e volto, o máximo que vai acontecer é eu nunca mais ver esse dinheiro do uber, e… — você o belisca para retrucar a brincadeira, ele ri. — talvez o Jaemin fique meio puto. 
— Jaemin? Quer ir procurá-lo? 
— Deixa ele aí rapidinho, a gente não vai demorar. O seu dormitório não fica tão longe. — finalmente engata os braços, já direcionando os dois para fora do caos. 
— Renjun, eu posso ir a pé. Dez minutinhos não é muita coisa. 
— Exatamente, por isso mesmo, não é nada, eu já vou voltar. Fora que ir a pé agora é sinistrinho, não posso deixar.
Os dois se dirigem para fora sem que Jaemin veja, apesar de Renjun tê-lo procurado pro alto. Realmente não sente tanta falta do amigo assim, acaba encontrando dois colegas de sala por coincidência e não demorou muito para que ele retornasse. 
Esta foi a última vez que um quase separou você de Jaemin. 
Um dia antes 
Renjun espera Jaemin chegar em casa pulando um pouco de frio pela brisa surpreendentemente gélida esta noite. A jaqueta e a calça jeans não estão dando conta do frio, e o garoto reza para que o amigo chegue logo. Suas preces foram atendidas rapidamente, pois a figura forte do garoto se aproxima da porta de casa com um olhar curioso e um sorriso no rosto. 
— Tá com saudade de mim, Junjun? — ele provoca, causando um revirar de olhos no outro. 
— Abre logo essa porta, tá frio pra caralho. 
Entrando no apartamento quentinho, Renjun suspira de alívio e se joga no sofá na primeira oportunidade que tem enquanto Jaemin larga as sacolas de mercado na mesa da cozinha. 
— Ao que devo a visita? — Jaemin indaga ao retornar para a sala e fazer companhia ao amigo. 
— Amanhã você tem compromisso? 
Na parece pensar, e logo sacode a cabeça negativamente. 
— Ótimo. Minha amiga vai se apresentar e você vai no recital comigo. Não reclama, eu já comprei seu ingresso. 
— Eu nem disse nada. — ele lança uma das almofadas bem no abdômen do amigo. — Tá bom, ué. Se é pra ir, eu vou. Ela toca o quê? 
— Piano. 
— Ihhh, qual foi esse sorrisinho? Você gosta dela? 
O silêncio sepulcral segue a cara de horror de Renjun.
— Não?! 
— Sei… — faz uma expressão desconfiada só de sacanagem. 
— Definitivamente não, para de graça. — ele suspira, não querendo dá-lo o gostinho de cair em suas provocações. — Enfim. Amanhã às sete da noite, a gente se encontra no Centro e pede um uber, pode ser? 
Jaemin concorda, e eles seguem conversando sobre qualquer coisa. Ele concorda sem saber que absolutamente tudo faria sentido a partir daquele encontro. 
O dia
Apesar do trânsito caótico da cidade, chegaram com antecedência ao evento e, uau, está lotado. O burburinho toma conta do teatro enquanto os dois procuram o lugar privilegiado que Renjun havia conseguido, onde a acústica favorece e a visão não deixa a desejar.
De repente, após já sentados, o silêncio é pedido e atendido imediatamente. O primeiro solista entra sob aplausos contidos e inicia sua apresentação belíssima, Jaemin parece vidrado. Vez ou outra sentia choques de realidade do porque amar tanto música, e este momento se classifica assim. O violoncelo é um de seus instrumentos favoritos, por isso se deixa tocar pelas notas tão únicas e refinadas, quase não percebe quando termina o número. 
— Ela já é a segunda. — Renjun sussurra com discrição, acordando o amigo de seu transe. 
Os holds já haviam trazido o instrumento pesado até o palco quando Jaemin abre os olhos novamente. Na coxia, você respira fundo algumas vezes e dá os primeiros passos em direção ao banco com graciosidade, os aplausos estão abafados aos seus ouvidos. 
A quietude preenche o recinto outra vez ao passo que um zumbido perturba seus pensamentos, mas logo se vai ao pressionar as primeiras teclas com os dedos trêmulos. Renjun sorri em apreciação, orgulhoso da sua primeira composição sendo mostrada ao mundo. No entanto, Jaemin não sorri. 
Tudo que consegue ver é você, rodeada daquela mesma poeira dourada que ele conhece. Só que agora, há uma quantidade extravagante dela. Ele tampa a boca em formato de O, mas sua mão também está brilhando. Será que todos podem ver? 
Ele procura algum sinal em volta e não encontra nada. Fitando os próprios dedos, ele vê que há um fio reluzente amarrado no mindinho, que se estende de cadeira em cadeira, sobe ao palco e… Ele só pode estar ficando maluco. 
O outro lado do fio está atrelado ao seu mindinho. 
A sua mente gira. O que é toda essa luz? Mal consegue enxergar as teclas de tanto dourado, suas digitais também parecem estar sendo puxadas para fora do palco, especialmente onde está o nó brilhante. A ansiedade de errar na frente de tantas pessoas desregula a sua respiração por uns segundos, até que você fecha os olhos e confia na própria memória. Por trás das pálpebras vê um sorriso desconhecido que acalenta o desespero, e sem perceber, imita o gesto. Assim, nem parece mais você a tocar o piano. A melodia sai tão naturalmente e leve que nem sente esforço nenhum sendo feito. 
A melodia cessa, e as luzes se vão também, os aplausos e as exclamações de “bravo!” assustam você e Jaemin, os trazendo de volta para a realidade. Para ele, tinha acabado ali, só conseguia pensar em você nas outras três apresentações. Ao final, Renjun tira da mochila um pequeno arranjo de flores que havia guardado com cuidado e convida Jaemin para seguí-lo até o corredor, onde você estaria. 
Ao ver Renjun, seu sorriso nervoso se torna um sincero, e vocês se abraçam em celebração. Ele te entrega o singelo mimo com alegria, rasgando elogios sem fim. 
— No meio da música, parecia que você tinha se desligado completamente e só existia o piano. Foi lindo, lindo, lindo. 
— Obrigada, Jun. Eu realmente me desconectei, não sei… foi estranho, mas tão bom. — você confessa animada, notando uma segunda presença por perto. 
Hipnotizado é pouco. Jaemin está encantando, vidrado, nervoso, completamente focado no seu rosto, nos seus trejeitos. Chega a ser esquisita a forma que ele está se comportando. 
— Ah! Esse é o famoso Jaemin. Jaemin essa é a… irmão, acorda! 
Jaemin chacoalha a cabeça, completamente desconcertado. 
— Eu tava, hm, é… distraído. — limpa a garganta e estende a mão para você. — Prazer, viu? 
No aperto de mãos, você nota certa dormência em volta do dedo mindinho e, obviamente, ele também. Não só isso, ao reparar mais detalhes do rosto do menino, você confirma que o sorriso que vira durante a apresentação pertencia a ele. 
Isso só pode ser loucura, não é? 
Parecia cada vez mais real. 
Mesmo tendo decidido seguir suas vidas, a curiosidade não findava. Especialmente depois de uma série de encontros aleatórios, quase diários. 
Uma vez na esquina do trabalho, trombou com Jaemin, e a dormência nos dedos apareceu de novo. 
Depois no metrô, entraram ao mesmo tempo, um de cada lado, e quase caíram um em cima do outro. 
Outra vez foi em um domingo ensolarado, se encontraram no mercado comprando exatamente os mesmos sabores de sorvete, pistache, chocolate belga e baunilha. 
Era sempre meio estranho, risinhos simpáticos para disfarçar aquela vontade absurda de perguntar se o outro tinha sentido e visto as mesmas coisas. Aquela saudade inexplicável na hora de se despedir, quando algo dentro de si pedia aos berros para que ficassem. 
As coincidências ficaram insuportáveis, e Jaemin decidiu tomar uma atitude e testar sua teoria. Ele calmamente passeia pelo parque mais vazio e distante do Centro da cidade, escolhendo um dos bancos de madeira pintados de verde para sentar-se. Se você aparecesse ali, realmente seria um sinal, e não poderiam mais ficar quietos sobre o que vinha acontecendo. 
Impressionado, aliviado, mas pouco surpreso, o garoto sorri ao te reconhecer de longe. Você está ouvindo música, dançando pelo caminho e se aproximando devagar. É costume seu vir ao parque quando precisa espairecer sem ser incomodada. 
Jaemin se levanta e te espera chegar, ainda não tinha sido visto. As mãos enterradas no bolso da calça entregam o nervosismo, o estômago está revirado de borboletas.
Ao avistá-lo ali, seus pés travam, porém não consegue esconder o sorriso. Era o sinal que havia pedido ontem à noite, antes de dormir. Você se aproxima cheia da coragem que havia se permitido sentir e o abraça forte, tão forte que ele se perde por alguns momentos. Os braços fortes, no entanto, envolvem sua cintura com uma intimidade familiar, apesar de ser a primeira vez que se tocam assim. 
Jaemin é o primeiro a se afastar, bem pouco, deixando que os rostos se admirem bem de perto. Ele ajeita seus cabelos e você acaricia as bochechas macias dele com certa devoção. 
— Eu preciso fazer uma coisa. — sussurra como um pedido, encarando seus lábios e depois seus olhos. 
Você assente, novamente tímida, mas se entrega, cerra as pálpebras e espera a próxima ação do garoto. Com delicadeza, ele repousa os lábios sobre os seus e inicia um beijo doce, lento, repleto de carinho. 
Ao mesmo tempo, como uma miragem, vocês se veem crianças, correndo numa pracinha da cidade natal. Na sua cintura e na dele, o fio dourado se estica e se contrai conforme os movimentos da corrida entre os vários brinquedos. 
A cena não se demora, avançando no tempo. No mesmo ponto de ônibus para ir à escola, você e Jaemin quase se cruzavam todos os dias. Um subia no transporte, o outro chegava. E, mais outra vez, o fio os atrelava, como uma promessa. 
Depois, as cenas ficaram mais recentes. Jaemin era o menino atrasado na sorveteria e também o qual seu padrasto não parava de tagarelar sobre, você descobre. No dia da festa na qual descobriu a traição de Doyoung, no meio de toda aquela gente, o fio reluzente continuava a conectar vocês dois até que, finalmente, se viram pela primeira vez e chegaram até aqui. 
— Você também viu? — você pergunta baixinho, separando o beijo com alguns selinhos. 
— Vi. Demorei a vida toda pra te ter. — ele ri, sem acreditar que esse tipo de coisa é real. Depois de tanto tempo achando que tinha tomado decisões erradas, ele percebe que tudo colaborou para que vocês dois se encontrassem. 
— Eu nunca mais vou te deixar. — sua promessa remenda todas as mágoas e dúvidas no coração de Jaemin, que te toma nos braços de novo. 
Desde sempre, e para sempre, conectados para que se achassem, se cuidassem e amassem. Muitas vezes os dois se questionaram sobre o amor, sobre as circunstâncias de tantas mudanças, porém tudo passou a fazer sentido por causa do outro, e nunca permitiriam que isso escapasse.
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eu-estou-queimando · 9 months
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A vida é movimento(03/01/2024)
Somos movimentos, rodopiamos no ar, na espiral do tempo. Buscando, inquietando-se a cada novo passo, as vezes correndo, as vezes caminhando ou parados, com olhos inquietos tomando um fôlego.
Somos alto mar, maré alta, barco balança, mas não vira e se virar, iremos nadar, sonhamos e ao despertar juntamos sonhos, criamos momentos.
Puxamos pessoas para as nossas vidas, e, somos levadas para outras histórias, escrevemos novos capítulos, diluíndo a dor para não morrer vivendo.
Somos movimento/ar, inspira, expira, continua... se o destino quiser: surpreenda-nos, senão a gente faz a festa, tira o palhaço do palco, criamos nossas próprias risadas, para esconder o choro, somos equilibrista do tempo que perdemos, tentando alcançar o topo...
Somos pulsar, encanto, cultivo, memórias, somos humanos, inexatos, metamorfose, somos coloridos, caleidoscópio de emoções, serenos, tempestades, queimamos e incediamos...
2024, seja o seu ano de ser movimento-ar
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