Tumgik
#tw: pensamento suicida
um-poeta-abandonado · 1 month
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Andando em uma corda bamba
Me controlando pra não cair
Futuros incertos na mente
Escrevendo pra não desistir
A morte é um sono sem sonhos
A vida é o caminho pra morte
E nessa estrada tortuosa
Só vai aproveitar quem for forte
No papel escrevo minha história
Narrando e aproveitando o momento
Bebendo um whisky barato
Tentando aproveitar o tempo
Um charuto ou um cigarro as vezes
Me faz mal mas mesmo assim eu fumo
É muito raro mas acontece
Quando minha mente tá sem rumo
Me lembrando de uns anos atrás
No tempo em que eu cortava meu pulso
E da calma que o sangue me traz
Escorrendo parecendo suco
Da sensação no dia seguinte
Da vergonha e do ódio de mim
Por saber que eu fazia o errado
E sempre permanecer assim
Por ter visto minha mãe chorando
E saber que a culpa era minha
Por não ter tido capacidade
De cuidar melhor da minha rainha
Por não ter podido evitar
Que a Paula abortasse os meus pequenos
E a partir desse dia levar
Uma vida sem mais e nem menos
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bhaskarah · 29 days
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@silencehq
bhaskara tinha olhos verdes imensos. ou talvez nem fossem tão grandes, e mais se projetasse aquela como uma falsa impressão daquele que observava... a sensação incutida num vértice de sua mente, quando se perdia tempo demais em assistir a filha de zeus. naquele dia, estava escondida, com os olhos engolindo a maldita folha de louro. o mais novo objeto de tortura de quíron. segurara muito tempo até propriamente cumprir a tarefa, agora isolada num dos pontos mais altos do acampamento para pensar. sabia exatamente o motivo pelo qual evitara aquilo. desde que ouvira o proposto, conseguia prever para onde sua mente iria. aquela missão, claro. a que a aprisionava ali, com um certo receio de deixar o acampamento com propósitos oficiais; a que fizera com que perdesse tudo que lhe importava. 
“shit.” murmurou, antes de respirar fundo, puxando todo o ar até o peito doer. tinha a esperança de que se fizesse aquilo vezes o suficiente, poderia confundir a dor que já sentia com a provocada pela expansão de seus pulmões. e enfim deixou os dedos escreverem, familiarizados com o processo de catarse pela escrita.
tw: auto-depreciação, culpa, morte infantil, luto, pensamentos suicidas.
era difícil se lembrar do dia por completo, como se as vinte e quatro horas estivessem contidas naqueles trinta minutos em que tudo deu errado. a missão, dada para ela: trazer sylas para casa. como justificar os meses que tinham se passado desde então? a decisão fantasiosa de viverem como uma família, contidos nos aposentos de seu tanatopraxista. deixara-se levar pelos meses de pintura a dedo e panquecas frescas num domingo pela manhã. o sonho de criar uma família, de dar para aquele semideus o que ela não havia tido. o que ele não teria se fosse apenas mais uma criança no acampamento. conseguira se convencer, de alguma maneira, de que aquilo daria certo, e todas suas decisões erradas haviam levado para aquele momento.
suas decisões erradas. e de mais ninguém. ela era a filha de zeus, o maldito ímã gigante para monstros. ela era a patrulheira, a quem a missão havia sido passada. ela quem havia prometido, e falhado, como a grande decepção que era. e não fora a única a pagar pelos seus erros. 
… os gritos. os cabelos castanho-escuro longos do menino se perdendo em meio a multidão de pessoas. o barulho. e então, como se o tempo tivesse parado. lembrava-se o que acontecia em seguida, a figura sombria arrastando-se em meio a multidão travada em meio o passo, seu velho amigo. mas não era aquela memória de verdade. podia observar os relógios girando em sentido anti-horário, a inconsistência com o real. pessoas voltando para suas casas, o lugar se esvaziando. logo não estavam mais no mesmo cenário, nem perto disso. assistira regredir, como um filme de suas memórias, para antes de saírem de casa. 
os grandes olhos verdes agora afogados em um mar de lágrimas. e se eu tivesse sido mais vigilante? uma das possibilidades se desenhava em sua frente, a alternativa dela ter identificado antes a criatura que os seguia. e se eu tivesse o segurado com mais força? conseguia sentir a sua pequena mão entrelaçada com a sua, as reclamações de que ela o apertava conforme rumavam ao seu destino. e se tivesse sido eu em seu lugar? 
ela acendeu o isqueiro. o papel, manchado com lágrimas, ainda sim não encontrou dificuldades em queimar, dissipando em cinzas. aquilo deveria ter ajudado? pois sentia como se apenas tivesse removido forçosamente suturas de uma ferida não cicatrizada. se fosse um dia cicatrizar. tinha perdido o controle, pois agora o céu desmanchava em uma chuva grossa, fria. a temperatura despencando, em reflexo do interior amortecido. 
deixou que as lágrimas corressem um pouco mais, antes de ouvir alguém atrás de si.
“khara? ele acordou.”
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trvor · 8 months
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i guess this is the end...
o casamento de maria caloteira, pov. tw: traumas familiares, pais narcisistas, todo tipo de daddy issue, sangue, acho que um pouco de gore também e pensamentos suicidas.
trevor já estava bêbado quando os pesadelos começaram. típico, não? elegante, ainda, entretanto, porque segurava-se para não fazer uma desfeita no casamento alheio. não era esse tipo de amargo (mesmo que bem amargo). distraíra-se com seus pensamentos, como de usual, até sentir um frio na espinha. antes mesmo dos gritos, das portas se fecharem ou de alguém dar indício do que tomaria palco ali nas próximas horas. ele se levantara, e chame de intuição, caminhara até o fundo do salão. era como se procurasse algo que não sabia exatamente o quê, até acontecer.
e foi estranho. como se paralisasse no tempo, pode assistir em câmera lenta as pessoas gritando, fugindo. não entendia, pois o som não chegava em seus ouvidos. um zumbido conseguia penetrar por todos seus pensamentos, o prendendo na sensação de constante alerta. o desconforto crescente em seu peito, a ansiedade fazendo com que o coração errasse as batidas. tudo isso para que interpretasse a figura correndo em sua direção, conforme o ambiente em sua volta desaparecia.
era engolido pela imagem, caindo em um espaço atemporal onde só existia aquilo: ele e leon belmont. empunhando sua própria arma, a que lhe passara em leito de morte. sua tão amada vampire killer, que apesar do dono antigo, virara para trevor uma espécie de animal de estimação que adornava seu cinto e lhe acompanhava para todo canto. ele estava certo que havia a deixado em casa.
veja, anos sem seu pai ao seu lado abriram espaço para que trevor pudesse se tornar exatamente aquilo que queria, embora não soubesse ao certo o que queria. e estava ali ele, aquela grande pilha de bagunça, alcoólatra, com abuso (definitivamente) de outras substâncias ilícitas, que andava entre vampiros e demônios. ele nunca achou que teria que se justificar, ou que jamais voltaria a ver seu pai. e ainda sim, pagava sua maldita língua ao assistir o homem em sua frente.
sorte que a memória muscular clicou em algum lugar de seu corpo e ele desviou, agilmente, de vampire killer, que traiçoeira como era, ainda deixou um corte doloroso em seu braço. shit. aquele tipo de arma retardava sua maldita cura. trevor deu alguns passos para trás, tentava pensar. funcionava bem sobre pressão, e ainda mais bêbado, não era? vamos, trevor. a discussão entre as diversas partes de sua mente só permitiam que o homem continuasse desviando, por mais alguns minutos, enquanto tentava arranjar uma linha de pensamento lógica que explicasse aquilo. não havia.
"a fucking embarassment." a voz soava como navalhas em seus ouvidos, o seu estômago embrulhou. ouvira aquilo algumas vezes em vida, e pensava que nunca voltaria a ouvir. "sabe... me arrependo todo maldito dia de ter criado algo tão deplorável quanto você, trevor. um homem medíocre, infeliz, trágico... você mancha o nome que carrega." e o caçador ia cedendo ao peso das palavras, os grandes olhos azuis vidrados nas imagens criadas pela sua cabeça.
em cheio. o golpe seguinte em seu peito o mandou para o outro lado da sala. e mais ágil do que se lembrava dele ser em seus últimos dias de vida, a figura já aparecia novamente. as mãos, também não de conforme com a realidade, assumiam uma forma grotesca. os dedos manchados de sangue, as unhas que fincavam sobre seu crânio. aquele único apoio foi usado para suspendê-lo, prensando-o contra as paredes frias do salão. os filetes de sangue corriam livremente pelo seu rosto, despejando o líquido grosso sobre as vestes formais do belmont. ele arfou. todo ar havia sido brutalmente removido de seus pulmões pelo impacto, e a tentativa de aspirar mais dele trazia o gosto de sangue para sua boca.
"você não merece o brasão que adorna em seu peito, trevor, mal merece o que carrega no meio de suas pernas. eles sempre me disseram que não daria certo. que você seria a maior decepção de minha vida. o desgosto de te criar me envenenou todos os dias. foi você quem me matou, e hoje bebe com meu ouro e usa meu sobrenome." a pressão em sua cabeça parecia só aumentar, e o pouco de audição que lhe recobrava para além das palavras professadas fez com que jurasse ouvir um ranger de ossos. é isso. é assim que vou embora. da maneira mais deplorável possível, claro, e do começo ao fim nas mãos de leon belmont. shit, alucard estava certo. eu sou deplorável.
os pensamentos foram interrompidos por mais um arremesso. seu pai, que agora apresentava uma figura distorcida, ia assemelhando-se cada vez mais com os demônios que caçava que com as pinturas-retrato da mansão. e ele não descansava, não permitia que qualquer ferida tivesse o tempo de regenerar. essa era a intenção, não? tossia sangue ainda quando era golpeado repetidas vezes com a ponta metálica de vampire killer, no meio do peito. nas pernas. as tentativas falhas de se mover eram em vão. a verdade é que ele nunca representara nenhuma chance: nunca conseguiu ser maior que seus medos. era uma batalha perdida antes de seu início.
fuck.
then be it.
é. ele sabia que era uma bagunça. que não conseguira ser bom o suficiente em nada que se propusera a fazer, e nem mesmo conseguira a proeza de se fazer ser amado. era patético, mas era quem havia se tornado. e não sabia ao certo se havia muito pelo que lutar. definitivamente, no momento não lhe vinha na cabeça ninguém a quem faria falta, ou um maldito propósito que lhe agarrasse ali.
não conseguia mais sentir seu corpo, não conseguia respirar sem engasgar com seu sangue.
e em sua ilusão, não conseguia nem enxergar mais ninguém ali.
era até engraçado, porque sempre achara mesmo que iria morrer sozinho.
pensava só que seria com mais estilo.
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acaixadonada · 1 month
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Ritalina 'mood', tw: pensamentos suicidas
Critiquei minha mãe por anos a fio por nunca ter procurado um tratamento adequado ás minhas necessidades quando eu era menor, e hoje entendo que isso foi a melhor coisa que me aconteceu. Já foi ruim o suficiente atravessar ''aquele deserto'' sem esses estímulos, mas certamente teria sido pior com eles. Quando atingi a maioridade comecei com as terapias e somente anos depois comecei a tomar anti depressivos (que também inibem a ansiedade), e posso afirmar que eles funcionam temporariamente. Eles atenuam os sintomas de ansiedade temporariamente... e temporariamente consegui dormir e acordar num certo horário, descansar, ter boa qualidade de sono e descanso.. a insônia me acompanha por anos, mas chega um certo momento que já não existem mais benefícios e somente o mal estar permanece.
A boa noite de sono e o alívio das dores no peito e ataques de pânico no caixa (ao ver um volume grande de pessoas na atacadista) deram lugar a sensação da cabeça "estar leve" a ponto de eu parecer um robô, o humor voltou a alterar e pior do que nunca (anticoncepcional AÍ GENTEEEEE!), realmente... deixei de ser quem sou e as crenças horríveis que tinha conseguiram vencer.
Obviamente medicamento algum vai automaticamente te trazer uma qualidade melhor de pensamentos, ele vai atenuar sintomas. Você tem a responsabilidade de tratar as causas enquanto se medica. Foi meu caso. E quando finalmente identifiquei as causas dos meus males... it blew my mind away.
Durante o trajeto para a casa o meu medo aumentou: percebi que a ritalina intensificou meu estado de alerta, me tornando mais ansiosa. Os estímulos a minha volta me deixaram extremamente agitada: minha audição ficou mais aguçada, as cores das coisas... ficaram mais intensas. Foi perturbador. Meus pensamentos ficaram ainda mais acelerados, e o medo cada vez mais exacerbado. Percebi que a minha consciência com relação ao que acontece ao meu redor se ampliou de tal maneira.. como disse: o meu estado evoluiu de consciência ao que acontece ao meu redor para um estado de alerta. Ali eu entendi que nunca ter sido medicada antes da minha maioridade foi o melhor que me aconteceu. Eu queria morrer, literalmente, naquele momento. As sensações e as emoções ficaram mais intensas... foi como que.. por três horas eu tivesse feito uma viagem ao passado, e foi horrível. Hoje consigo entender porque eu lia que certos medicamentos podem levar ao suicídio, infelizmente esse aviso é real. A experiência que tive com a ritalina foi o tal do efeito rebote, se não me engano. Pesquisei a bula, pesquisei relatos, tudo o que podia para entender o que aconteceu comigo. Claro que ela fez o efeito contrário: não sou hiperativa, não preciso dela para nada. ué! Efeitos colaterais: depressão, ansiedade... até que li que após os efeitos do medicamento cessarem as emoções anteriores virão de maneira mais intensa. E isso aconteceu ontem, e hoje... quando voltei a ter "uma crise de raiva".
Não quero diminuir aqui a minha responsabilidade nas minhas ações, mas sim... colocar a minha empatia por quem faz uso desses medicamentos. Julguei muito essas pessoas! Depois de ter esse susto passei a entendê-los melhor. O efeito do medicamento me perturbou por algumas horas me deixando com medo de que fizesse estrago na evolução que tive no meu quadro.. imagine a vida de quem convive com isso em carater permanente?! Credo!
Se eu não tivesse anos de terapia nas minhas costas, se eu não tivesse lido e estudado materiais de psicologia e livros escritos por psicólogos (com o fim de descobrir as causas), se não fosse alguns "coach" que me ajudaram no meio do meu caminho, eu não teria sobrevivido aquele dia. Não quero parecer dramática e nem exagerar, mas hoje entendo porque afirmam que certos medicamentos podem levar uma pessoa ao suicídio. Entendi na pele como eles agem. O mal estar é tão grande, que a vontade "é de acabar com tudo" para não sentir mais aquela agonia. Fazia anos que eu não tinha pensamentos desse tipo.. Então posso concordar que o elemento químico tem grande influência infelizmente, ou felizmente em alguns casos. Eu só queria que aquele dia acabasse de uma vez! Sou uma mulher centrada, hoje estou mentalmente estável e ainda assim me senti abalada, e naquele momento "queria morrer para acabar com o mal estar", imagine alguém que está vulnerável?!
Outra reflexão que esse episódio me trouxe: Há um episódio de Family Guy onde o Stewie toma ritalina e fica alterado, "parado", "jogado nos cantos e babando", "lento". Poisé.. quando vi esse ep eu me identifiquei com o Stewie e o pavor de virar "um zumbi" é real. Tinha medo de que um diagnóstico, um medicamento, me roubasse de mim e cedesse lugar a um zumbi (coisa que normalmente acontece). E... vivi isso por umas boas horas. Isso me fez entender que quero ser eu mesma e somente isso. Finalmente, graças a Deus, hoje sou estável e consegui me desvencilhar do que tinha sobrado "lá de trás" a ponto de me definir. Cheguei a conclusão de que não preciso de medicamentos, álcool, para ser eu mesma e preciso menos ainda se eles vão me tirar de mim ao alterar meu jeito de ser. Hoje eu não tenho nada disso na minha vida e estou estável, sou eu mesma como nunca fui antes. Prefiro seguir o método que tenho seguido e que tem garantido minha estabilidade. ♥
Estou falando por mim, de mim, do meu caso, e obviamente isso não vai se aplicar a todos. Eu jamais aconselharia algum amigo(a) que faz uso desses medicamentos a "fazer o que estou fazendo porque funciona". Sou coach, não sou psicóloga e tampouco psiquatra. Não posso me meter onde não me cabe.
Mas no meu caso específicamente, percebi que não preciso de nada disso.. que na realidade os medicamentos me alteram. E agora que finalmente atingi minha tão sonhada estabilidade e bem estar não vou permitir que fatores externos me tirem isso.
No dia de hoje, 20 de abril, infelizmente ainda há algum resquício. Mas sigo persistindo porque sei que vai melhorar. Consegui superar a depressão antes, consigo superar um episódio isolado causado por escolhas estúpidas minhas.
Tudo melhora, sempre melhora. Depende do ponto de vista que decidimos adotar e das decisões que tomamos. Eu decido me sentir bem, decido superar. Et toi?
Bonne nouit, Louise
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shadowmvn · 2 years
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𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐏𝐀𝐋𝐌 𝐎𝐅 𝐀 𝐒𝐌𝐀𝐋𝐋 𝐇𝐔𝐌𝐀𝐍.
TW: descrição de sangue, morte e pensamentos suicidas.
ONDE: Um galpão abandonado nas profundezas do Castigo.
QUANDO: Um ano atrás.
If you consent to die for hatred and power, who will forgive us?
Albert Camus, from “The Renegade, or A Confused Mind”, Exile and the Kingdom: Stories (trans. Carol Cosman)
Toda a sua vida foi dedicada a chegar neste momento, a partida da mãe marcava a virada de chave para Sinister Kek Facilier e o surgimento da obsessão de sua existência. 
Os passos ecoavam pela escuridão infinita que o cercava como se estivesse caminhando sob a água, a única coisa que se fazia visível era um caminho de tochas que o guiavam para lugar nenhum. Os sentimentos em seu peito estavam em frenesi. Ele caminhava sem rumo apesar de saber o que estava procurando, o Demônio do Futuro. Um dos amigos do outro lado com maior poder e mistificação. Desde a primeira vez que Sinister invadiu a biblioteca particular de seu pai ainda como uma criança em busca de conhecimento, a figura do Demônio do Futuro se fazia presente em todo texto especial. Uma criatura instável e imprevisível que estabelecia preços inalcançáveis em seus contratos, variando de acordo com a sua afinidade para com aquele que solicitou o trato. Era um tiro no escuro e o mais velho dos irmãos Facilier sabia disso. Ele sairia daquele ritual de uma das duas formas possíveis: poderoso ou morto. Esse era um risco que estava disposto a correr. A moeda do destino havia sido jogada a partir do momento em que ele entrou no círculo do ritual, ou muito antes disso. Antes mesmo que ele tivesse a noção do que o aguardava. 
O caminhar que parecia eterno finalmente culminou ao fim. Uma montanha de ossos erguia um trono distante sob o que mais parecia um esqueleto de uma criatura mítica colossal, banhada pela lua de sangue que pairava imponente cobrindo grande parte do céu obscuro. Era ali que vivia o Demônio do Futuro? Os relatos nos livros eram incertos, mas todos começavam daquela mesma forma. Uma criatura coberta por olhos e asas - quase se assemelhando a um ser celestial narrados pelos non-maj - surgia repentinamente, como se sempre estivesse ali, se materializando em frente aos olhos humanos lentos demais para acompanhar o movimento real. 
O frio repentino junto da sensação esmagadora de morte e medo que tomaram o ambiente foram avassaladoras. Sinister estava paralizado, todas as células de seu corpo gritavam para que ele corresse, mas ele não o fez. Violência. Sangue. Sacrifício. Penitência. Morte. Você vai morrer. Você vai morrer. Você vai morrer. As palavras pareciam grafadas em sua mente geradas pela influência da criatura sobrenatural a sua frente, estava amedrontado que não conseguia se mexer. O grito esganiçado que seus pensamentos formavam foram repentinamente acalmados, dando lugar para uma voz sobrenatural que não correspondia a nenhuma língua conhecida e mesmo assim Sinister conseguia compreender o sentido. Elas estavam sendo traduzidas pela criatura em sua cabeça no momento em que eram recebidas, formando uma mistura inumana, bestial. O paradoxo entre medo e a calma que a voz passava era quase imoral, sujo. 
"O que uma criatura inferior está fazendo no meu domínio?" Silêncio. Nenhuma palavra conseguia sair por entre os lábios masculinos e duramente cerrados pelo medo. Seus músculos gritavam de dor como se estivessem sendo rasgados na tentativa desesperada de se mover. Nada. Vazio. Nenhum movimento realizado. Tempo era algo que ele não dispunha então, no momento em que a imagem da mãe que surgiu em sua mente, foi como se a determinação infantil que possuía no peito subjulgasse o medo que o sufocava. "Eu vim fazer um contrato. Em troca de poder eu te dou qualquer coisa." E mais uma vez, silêncio. "Criatura tola, você acha que é especial? Em todos esses séculos, sabe quantos vieram me encontrar com o mesmo pedido e saíram vivos?" Não fazia ideia, sua coragem o mantinha firme de uma forma que ele não compreendida. Sentia vontade de correr, se esconder atrás da pilha de ossos e esperar que alguém o encontrasse. Sinister jamais faria isso, o desejo de possuir mais poder para encontrar aquela que procurava e conseguir livrar seus semelhantes do sofrimento o mantinha firme ali. "Vamos fazer um acordo, Demônio do Futuro. Em troca eu te dou o que quiser." Repetiu, quase como se não tivesse ouvido as reclamações alheias. Quase como se não possuísse medo. Logo ele, o homem que não conseguia nem se mexer. E ele sabia, a criatura conseguia o ler com facilidade.
Os incontáveis olhos o analisavam com tamanha intensidade que se continuasse por mais tempo seria queimado. Ele sabia que seria queimado. "Me mostre o seu futuro." A voz em sua mente disse enquanto o amigo do outro lado abria um buraco no que Sinister considerava ser o seu abdômen, revelando um olho mais assustador e brilhante que todos os outros que se espalhavam na extensão de seu corpo. Ele precisava andar, precisava caminhar e colocar a cabeça ali. O plano de sua vida dependia disso e Sinister sabia, porém, apesar de tudo, ainda estava paralizado. Um segundo, dois segundos, três. Ou será minutos? Horas? Não conseguia medir o tempo que levou para conseguir mover as pernas que pareciam grudadas no chão, rachando o seu caminho para fora. O seu caminho até aquele buraco infinito onde colocou a cabeça em um surto de coragem. Se fosse ali que ele morria, tudo bem. Sinister conhecia todos os termos possíveis que foram registrados, estava pronto para aceitar a morte como se abraça um velho amigo, forte. Com uma lufada de ar para dentro do pulmão, toda a sua vida passou em frente aos seus olhos, começo meio e fim. Tudo rápido demais para que o cérebro lento e humano demais conseguisse computar, mas as emoções pareciam o acertar como um tiro diretamente no coração. Estava chorando. Patético.
Assim que decidiu abrir a boca, a imagem de Kiera apareceu em sua mente, nublando seus pensamentos. Como ele poderia fazer isso com ela? Sua força de vontade estava vacilando, seu âmago desesperado tentava sabotar a determinação do rapaz. Kiera, Zeena, Nico, Effie. A imagem das quatro surgiram em sua mente, uma após a outra. Não poderia abandona-las, não. As irmãs eram o seu maior amor e, apesar de não assumir, as amigas possuíam grande parte do seu coração. Cerrou a mão em punhos, como poderia as deixar? Clary. Finalmente Charity surgiu em sua mente, o pensamento que estava tentando evitar desde que decidiu fazer o ritual; a pessoa que estava praticamente ignorando durante os dias de preparação para aquilo. Os momentos que passaram juntos tomaram sua mente, começando a clarea-la. Não abandonaria as pessoas mais especiais para ele, definitivamente não faria isso. Não. 
As lágrimas que escorriam dos olhos do Facilier caíam incontroláveis, molhando toda a extensão de suas bochechas, se misturando com a barba desgrenhada e caindo para umedecer a camisa preta. A tristeza avassaladora que sentia não poupava esforços para amassar o coração masculino dentro do peito, sem piedade. Patético, pensou mais uma vez em meio a incredulidade ao vislumbrar a própria situação. A risada metálica e ensurdecedora que ecoou em seu cérebro o fez voltar a realidade, estava no meio de um acordo. Certo. Ele precisava daquilo, não importa o preço. "Uma morte horrível aguarda no seu futuro, garoto." A respiração ficou presa no peito do Facilier. "Eu aceito esse seu contrato sob duas condições. Você não vai lembrar de nada que aconteceu aqui e eu vou pegar 50% da sua expectativa de vida." Sinister não precisou fazer as contas, sabia que caminhava lado a lado com a morte e aquilo apenas tiraria seus últimos anos. Estava decidido a morrer e isso faria. Era dessa forma que começava a realização de seus sonhos? Suas ambições que sempre pareceram tão grandes se encontravam tão perto, ao alcance da palma de sua mão.
Uma parte teimosa de seu cérebro ainda lutava contra a decisão, a criança dentro de si lutava por aquilo. Toda a raiva e rancor acumuladas não poderiam sumir de forma tão simples, apenas com um pensamento de esperança. O pequeno garotinho dentro de si trouxe de volta o pensamento sobre a mãe. Lutando contra todas as lembranças felizes com as irmãs, amigas e a namorada. A noite sombria em que a chuva forte estalava contra o vidro das janelas voltou a sua mente. O dia em que sua mãe foi embora, ou pelo menos era o que tentaram o fazer acreditar. A figura materna saindo pela porta ainda estava gravada em sua alma, uma ferida aberta que nunca iria sarar. Não enquanto ele não fizesse algo, enquanto ele não lutasse. O sangue que escorria cegava os olhos negros, afastando de forma bruta as lembranças felizes que outrora o tentavam para longe de seu caminho. Desde que a porta foi fechada e a mãe desapareceu na escuridão da noite chuvosa, Sinister havia decidido morrer. E assim faria.
"Fechado." Esticou a mão para que pudesse apertar a da criatura, selando o acordo. A partir da palma da mão algumas correntes finas apareceram, se enrolando ao redor o pulso masculino e adentrando a carne; forçando o seu caminho para dentro e deixando para trás uma queimadura negra com a aparência de uma tatuagem. Aquela havia sido a última coisa que disse antes que o ambiente ao seu redor girasse, o cuspindo para fora, expulsando-o como se não fosse um lugar natural para ele. Sinister não deveria estar ali e todo o ambiente o rejeitava, lançando-o com violência de volta para o interior escuro do galpão abandonado em que se encontrava outrora. Iluminado apenas pelas luzes das velas que compunham o ritual e temulavam graças ao poder místico que agora abandonava o local. A risada maligna que ecoava em seu cérebro rapidamente - ou em uma eternidade - foi desaparecendo bruscamente, assim como outrora começou. "Eu vou olhar o seu futuro de perto, Sinister Kek Facilier." O que caralho tava acontecendo? Sinister estava de joelhos no chão, não entendia porquê estava em um galpão abandonado em meio a uma tempestade, mas estava. E decidiu se colocar de pé. Péssima ideia. A dor repentina e avassaladora que o tomou foi o suficiente para o jogar novamente no chão, com as palmas contra o piso de madeira velho. Algo não estava certo com o seu corpo e ele sabia. Já havia tido aquela sensação antes, eram as clássicas consequências de seus rituais. Ele tinha feito alguma merda e das grandes, conseguia dizer. Precisava de ajuda imediatamente. O líquido intruso que tomou sua boca o pegou de surpresa, sendo expulsado para fora como se seu corpo estivesse em desespero, definhando. O gosto metálico era inebriante. A palma rumou até a boca em um ato automático, tentando impedir que o que quer que estivesse saindo por ali. Uma tentativa vã. O vermelho vívido que pintou o chão marcava o começo do fim. Sinister sabia que estava fodido; a falta de seu rim esquerdo e parte de seu fígado marcavam o preço necessário para ritual. Ele morreria, tinha certeza de que morreria ali. O corpo que lutava para se manter firme tombou no chão, vacilando e perdendo as forças. Nem um Facilier conseguiria escapar da morte. 
O rosto contra a madeira do piso já não se fazia possível distinguir entre o frio do corpo e o gelado do chão. Estava morrendo, as pálpebras pesadas o impediam de manter os olhos abertos por muito tempo. Antes que eles finalmente se fechassem foi possível vislumbrar uma figura na porta. Sinister sorriria se pudesse, não existe final melhor do que após ver um anjo.
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arendstein · 4 years
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♕ Task 5 - O mago, a Caixa e as Vozes
“There are monsters that live in your head, There are monsters that we all should dread. So join the fight. Step into the black and white. “ 
Havia momentos em que Arend Elias Stein odiava o seu poder. Mais tempo livre significava mais tempo com seus pensamentos como única companhia. E nem sempre tais pensamentos eram agradáveis. Quando sua mente estava ocupada, não precisar dormir era uma dádiva. Significava mais tempo para explorar coisas novas, para aprender mais, para aproveitar mais.
Arend descobriu desde cedo que parar não era uma opção. Parar significava uma mente ociosa. E uma mente ociosa é um ambiente propício para uma vozinha aparecer. Aquela voz que duvida de tudo o tempo inteiro. Uma voz que não se cala de maneira alguma. Uma voz que ataca seus pontos fracos e suas inseguranças. Uma voz que traz à tona questionamentos que ele gostaria de poder ignorar. Perguntas sem resposta. Perguntas cujas respostas ele rejeita veementemente. Perguntas que um príncipe nunca deveria fazer.
Em sua ridícula tentativa de calar essa voz interior, nasceu Arend Stein, o príncipe perfeito. Diferente de Elias, o príncipe que não fazia ideia do que estava fazendo. Arend Stein está sempre com um sorriso no rosto, de queixo erguido, bem-humorado e descontraído. Cabelos bagunçados de uma maneira estratégica, a barba sempre bem feita e um livro em suas mãos. Quem vê Arend Stein não duvida de seu status como membro da realeza. Quem vê Arend Stein sabe que ele será um ótimo governante para o povo de Husterin, assim como seus pais: os lendários Aurora e Phillip, com sua história de amor e um felizes para sempre invejável. Quem enxerga Arend Stein jamais foi apresentado a Elias.
Elias é o filho mais velho que faz o possível e o impossível por seus irmãos mais novos, sempre preocupado com o bem-estar deles. Elias é alguém que passa noites em claro estudando sobre economia e política, tentando entender como as coisas funcionam porque não quer cometer um deslize no futuro. E por mais que leia e estude, ainda não tem certeza de nada. Elias é um espadachim medíocre, que só sabe o suficiente para não morrer enquanto seus guardas pessoais não chegam para protegê-lo. Elias nunca poderia ser chamado de herói. Elias nunca seria o protagonista de sua própria história.
Esse fato estava exemplificado em diversas situações ao longo de sua vida, a mais recente tendo acontecido no jogo Imre versus Anilen. Enquanto os colegas ao seu redor lutavam contra os alunos transformados, Elias corria. Enquanto aprendizes tentavam ajudar aqueles a seu redor, Elias fugia. Um herói jamais fugiria diante de um cenário assim. Um herói teria enfrentado os obstáculos que estavam em seu caminho, ao invés de bater em retirada.
Certo, ele retornou ao caos ao perceber que não sabia onde estava sua irmã e precisava garantir que ela estava a salvo. Ele voltou por um motivo egoísta e não porque era a coisa certa a ser feita. Alguém que se põe em perigo apenas quando os que ama correm risco não pode ser um herói. Heróis são altruístas e corajosos, não individualistas e covardes. O Rei Phillip não teria desertado como fizera Elias no jogo.
Arend Stein é perfeito. Elias é um belo de um incompetente. Já que se tornar um protagonista por ser o herói de uma história é impossível, a alternativa restante é encontrar o amor verdadeiro. E nem disso ele é capaz. Sempre que a oportunidade de um relacionamento aparecer, ele estará correndo na direção contrária. A única coisa que Elias sabe fazer com maestria é correr.
O amor verdadeiro é um belo ideal.  Declarações românticas são lindas de se ver. Quando direcionadas a si, o deixam desconfortável. Como ele poderia corresponder a tais sentimentos românticos? Por que diabos pessoas se envolviam romanticamente com outras? Não se sentiam incomodadas com aquilo? Como conseguiam falar aquelas coisas de maneira sincera? Não se sentiam sufocadas? Será que havia algo de errado com ele?
Essa era a única explicação que seu cérebro fora capaz de produzir. Todos ao seu redor pareciam sentir esse tal de amor. Elias não era nem um pouco averso à relações físicas. Muito pelo contrário. No entanto, relações românticas eram estranhas. Nunca conseguira se imaginar se apaixonando por alguém, por mais que esse fosse seu desejo. Deve ser fantástico encontrar seu amor verdadeiro, mas como saber imediatamente? Será que todos passavam por aquela sensação de desconforto que Elias sentia todas as vezes que alguém se mostrava interessado nele? Como ele poderia corresponder às expectativas de alguém se não fazia ideia de como se comportar num relacionamento romântico?
Esses questionamentos estavam sempre zanzando por sua mente. Na maioria do tempo, conseguia os ignorar e quando não conseguia, sempre podia recorrer ao colo de sua mãe. Aurora era uma mãe bastante amorosa e compreensiva. Muitas vezes, não perguntava o que estava lhe incomodando, só deixava que ele chorasse, enquanto acariciava seu cabelo. Por maior que fosse a sensação de impotência e desamparo, a voz de Aurora dizendo “Pode chorar, El. Não precisa explicar. Pode chorar.” era capaz de acalmá-lo. De maneira alguma os pensamentos lhe deixavam mas pareciam falar mais baixo quando estava com a cabeça no colo de Aurora.
A medida que o tempo passava, essa voz interior aumentava o volume. Ainda tinha mais um ano em Aether e depois disso, desbravaria o mundo em busca de sua própria história. O Instituto deveria lhe preparar para essa jornada. Elias não se sentia nem um pouco preparado e com os acontecimentos recentes, tampouco se sentia seguro. Porém, questionar a segurança de Aether não era seu papel, preferia acreditar que Merlin sabia o que estava fazendo.
Na noite depois de toda a confusão do jogo, mais uma voz se juntou a seus pensamentos insistentes. E tal voz sabia tudo sobre ele. Sobre Elias, não sobre Arend e sua imagem impecável. “Você não queria ser um herói? Essa é sua chance.” escutava. “Você sabe que nunca vai amar alguém de verdade, principezinho. Eu sou sua única chance.” As provocações atingiam seus medos e fraquezas. Ele chegou a tentar debater com a voz, mas como debater com alguém que apenas diz o que você já sabe ser verdade?
Adentrar aquela floresta era a única oportunidade que tinha de um futuro. “Venha até mim ou os que ama serão os próximos…”. Como ele poderia dizer não a tal chamado? Havia alguém ameaçando todos e ele era o único que podia fazer algo a respeito. Não era de seu feitio bancar o herói, mas não tinha opção.
Apesar de decidir atender ao chamado num impulso, não podia agir com imprudência. O jovem príncipe esperou até o momento em que a maioria das pessoas no castelo estivessem dormindo e tentou elaborar um plano de ataque. Não fazia ideia do que iria encontrar pela frente, mas isso não significava que não podia se preparar um pouco.
Ao contrário do que acontecera no jogo, dessa vez ele estaria indo em busca de algo e não apenas observando enquanto tudo acontecia ao seu redor. Não estaria desarmado como estivera durante o ataque, estaria com sua espada. A espada que ganhara de seu pai quando completara doze anos e que não tivera forças para levantar na época. Era uma bela arma, embora Elias jamais pudesse manejá-la com a habilidade de Phillip. Ainda assim, uma espada era melhor que que nada.
Seu coração batia acelerado e suas mãos suavam. Chegou a cogitar desistir da aventura mas a voz não o deixava em paz. “Venha até mim…”. Não podia negar o pedido da voz que lhe prometera os louros da vitória. Circunstâncias tão propícias não surgiam assim todos os dias e precisava fazê-las valer. “Não estrague tudo.” murmurou para si mesmo antes de colocar os pés na floresta que lhe chamava.
De todas as criaturas que imaginara encontrar em sua aventura, um dragão de escamas de obsidiana não era uma delas. O dragão lhe provocava. Jogava em sua cara o fato de seu pai ter derrotado um dragão quando era mais jovem que ele. Seus braços pesavam com o peso da espada que não estava acostumado a carregar e algumas lágrimas de frustração escapavam de seus olhos. Não podia vencer aquela batalha.
Sua garganta doía. Tudo doía. E por mais que atingisse seu oponente, não havia sinal algum de que seus esforços estavam fazendo algum efeito. O fogo do dragão não queimava mas a espada de Elias também não o atingia. Não estava perdendo a luta mas chamar aquilo de vitória seria um erro. Não dava para aguentar mais. Estava ali há horas, suando, gritando, chorando. De nada adiantava. Não era um herói. Nunca fora. E nunca seria.
Como imaginou que fosse capaz de ser um príncipe valente? Não era sua vocação. Não tinha vocação. Seu destino seria se tornar uma nota de rodapé nos contos alheios e isso bastava. Ninguém faria questão de conhecer sua história. Não era do interesse de ninguém a história de um covarde de coração de pedra. De um incompetente egoísta. Nem para vilão ele servia. Jogou a espada de lado e ajoelhou-se no chão, de frente ao dragão que enfrentava. Era melhor que sua história acabasse por ali, antes mesmo de começar.
No entanto, a morte não veio. Hesitante, levantou o olhar e se deparou com o nada. Não havia dragão. Não havia voz. Não havia príncipes nem heróis. Não havia vilões nem amor verdadeiro. Apenas um jovem. Perdido e sem rumo. Que fazia a única coisa que sabia: fracassar.
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dimitribeau · 4 years
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𝑪𝑯𝑼𝑹𝑪𝑯𝒀𝑨𝑹𝑫. 𝖕𝖔𝖎𝖓𝖙 𝖔𝖋 𝖛𝖎𝖊𝖜.
tw: pensamentos suicidas, agressão física, agressão psicológica, kinda crise de ansiedade, menção de transtornos alimentares, menção de sangue, menção/ameaça de assassinato; 
       dimitri deixou seu corpo afundar na água da banheira pela milésima vez naquela noite. não sabia o motivo daquilo, se esperava que seu corpo fosse transportado para outro lugar ou que simplesmente deixasse de respirar. a dor física que sentia era imensurável e imensurável era o sentimento de aflição que ele sempre sentia toda vez que pisava naquela mansão. a banheira bem no centro do banheiro de ladrilho preto respingava água para todos os lados toda vez que dimitri afundava seu corpo, com uma respiração profunda. as velas ao seu redor eram agradáveis e eram o suficiente para que ele mentisse para si mesmo dizendo que estava fazendo algo bom. para que ele mentisse dizendo que era um momento para se recuperar do treino. esses momentos nunca vinham acompanhados de bons pensamentos ou alívio, ainda mais quando se estava com o nariz arrebentado e um corte enorme na bochecha. a briga com seu tio dessa vez passou de todos os limites aceitáveis e ele já não sabia mais o que fazer. se sentia preso. mas ele merecia isso, certo? era o que seu tio dizia. era a pura escória da família e nunca deveria ter saído da rússia. 
       quando já fora d’água, dimitri tremeu com seu reflexo. nunca esteve tão mal assim. mesmo com a força que sabia que seu corpo magricelo tinha, ele não evitou o susto da realização. as olheiras eram enormes, seu rosto estava só pele e osso, assim como boa parte de seu corpo, há não ser pelas pernas que ainda tinham músculos aparentes. sua dieta nunca esteve tão rígida e ele nunca esteve em um momento tão hostil de sua vida. as marcas no rosto entregavam o excesso de descontentamento que seu tio tinha para com ele. as mãos metaforicamente atadas tentavam parar o sangramento que havia começado novamente. inutilmente. o rosto inteiro de dimitri latejava e ele tremia com o frio e com a dor. a escuridão do banheiro parecia querer acolhê-lo enquanto ele tentava falhamente conter o que sentia. como sua vida tinha chegado naquele nível? não podia ligar para os pais, não poderia ligar para amigos, não podia nem ao menos contar com seus novos treinadores estadunidenses. a raiva queimando seu peito de forma que cegava o russo. sua vida só estava daquela forma pois estava longe de casa. ele odiava admitir, mas era um garotinho assustado. um garotinho assustado, abusado e que mal consegue se manter em pé pela fome.
      — dimitri? — escutou a voz que tanto temia naquele assombro de casa. — saia já! 
      juntou todos os pertences que havia deixado no banheiro em uma rapidez inimaginável. apagando todas as velas que estava usando e ligando todas as luzes do banheiro. 
      — sim? — questionou, com cara de quem não havia ficado mais de quarenta minutos dentro do banheiro. a cara de nojo de seu tio era carregada com uma raiva inexplicável e a vermelhidão do rosto do outro entregava isso. 
     — não responda com esse tom. já mandei você botar um curativo nessa merda. — como se já não bastasse ter cortado o rosto do sobrinho com um anel, o outro ainda tinha que obrigar dele um curativo que ele com toda certeza não conseguiria fazer. dimitri não tinha plano de saúde nos estados unidos, mesmo sendo um atleta, e machucados sempre deveriam ser tratados por ele mesmo. sua especialidade eram músculos reclamões e ossos que insistiam em sair do lugar, mas um corte? não era algo que dimitri conseguiria fechar tão cedo. pedir ajuda na escola também já não era uma opção. o que diria? meu tio acha que meu rosto é um saco de pancadas? não poderia. — e bote uma roupa! por deus! — empurrou dimitri, que só estava com uma toalha envolta na cintura, pelo corredor. 
       — o que você quer? — dimitri resmungou com raiva, quando o homem entrou no quarto logo atrás dele; trancando a porta.
       — o que disse? — a voz incrédula de seu tio atingiu os ouvidos de dimitri como um aviso do que viria a seguir. — o que eu acabei de falar? — sentiu a parte de trás de sua cabeça ser atingida por uma pasta de papéis que edward carregava. o garoto apenas agradeceu por ter sido algo que não o machucou. 
       — não devo usar este tom. — repetiu o russo, num tom monótono. o velho apenas concordou com a cabeça, satisfeito. os papéis que acabaram de atingir a cabeça de dimitri, foram jogados em cima da cama deste e dimitri pensou em perguntar o que eram, mas achou mais inteligente abrir o envelope e ver por si próprio. a primeira coisa que se via no papel era um enorme “TEAM USA | U.S. Figure Skating” e foi o suficiente para dimitri fechar o envelope e estender o braço, tremendo, para o tio. — não. nunca. 
       — ao menos considere, por deus! eu já disse que nossa família pode cuidar das papeladas. você seria um cidadão americano! — brandou o homem, com as mãos cerradas em punhos. — não quero botar todo o dinheiro que gastei com você no lixo! ao menos preste para alguma coisa! faça algo certo.
       dimitri o encarou por alguns segundos. incrédulo. não podia ser verdade. não podia acreditar que um homem que falava tanto de deus poderia ser tão mesquinho e egoísta. — gastando dinheiro comigo? você nunca gastou um dólar comigo! — dimitri gritou em resposta. — todo centavo que eu uso é dos meus avós. do trabalho deles! você é um inútil que não consegue ao menos manter o negócio da família. em alguns anos você vai falir e você vai se arrepender! — dimitri chorava e gritava. não percebeu como havia ficado daquela forma tão rápido e era vergonhoso. parecia um bebê chorão. sentia ódio de si mesmo a da falta de força que tinha. seus pais iriam se envergonhar. antes mesmo de conseguir se recompor, o tapa veio. cortando o ar a abrindo ainda mais o machucado de dimitri. a dor foi tão alucinante que o russo não conseguiu evitar o choque contra o chão e o grito surdo que saiu de seus lábios. 
       — da próxima vez que você resolver falar assim comigo, não verá o sol nascer! eu irei garantir que seu corpo nunca seja encontrado, nem por aquele merda do seu pai. — a voz de edward era assustadoramente calma. —  e eu acho bom você pensar melhor nessa oportunidade única que eu estou lhe dando. espero ouvir uma resposta melhor amanhã. — agachado perto do corpo do sobrinho, o homem não mostrava sentir remorso algum pelo jovem e a única pergunta que pairava na cabeça de dimitri era o porquê.
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angelmre · 4 years
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◜   ☆ .  point of view ( 1/? )
tw: pensamentos suicidas, agressão física, transfobia, sangue, crises de ansiedade, bullying.
24 de abril de 2020
Sexta-feira, 7:30 AM
Eu parecia prever que algo ruim aconteceria naquele dia, já que não acordei em meu melhor humor. As brigas com os meus pais adotivos vinham se tornando cada vez mais frequentes, o que era bastante exaustivo. Queria fugir de casa, fugir do planeta, desaparecer como mágica. Era doloroso demais estar ali, vivendo aquela vida, sendo quem eu era. Como seria se eu deixasse de existir? Alguém sentiria a minha falta? Provavelmente não. Desliguei o motor do carro, e encarei o vidro embaçado graças a neblina que permeava o ar. Coloquei os meus fones de ouvido favoritos, selecionando a playlist no spotify apropriada para dias como aquele. Tristes, desgastantes, cinzas. Suspirei pesadamente, finalmente abrindo a porta do veículo, apoiando a mochila contra os meus ombros, recheada de livros que não tinha a pretensão de abrir. Queria me deitar e dormir, desesperadamente. Segui o meu caminho até a entrada do colégio. Algo parecia diferente, estranho. As pessoas me fitavam como se eu fosse algum tipo de aberração, como se estivéssemos em 1901 e eu fizesse parte da trupe de um circo. Franzi a testa, incomodada com a atenção que subitamente passei a receber. Abaixei a cabeça, tentando em vão ocultar o meu rosto e segui assim até que estivesse em meu armário, encontrando uma de minhas amigas no caminho, até tirando os meus fones para lhe dar atenção. Esta, entretanto, me ignorou por completo, não me dirigindo mais do que um olhar repleto de desdém. Quis chorar. Os meus pais me olhavam assim também. O meu coração batia forte contra o meu peito, a minha respiração se tornou ofegante, como se tivesse acabado de praticar uma sessão de exercícios físicos e as minhas mãos tremiam, quando, por fim, abri a porta de metal de meu armário, fui recebida por uma enxurrada de panfletos. Pude ouvir as risadinhas atrás de mim, porém, lutei para ignorá-las, focalizando o papel que agora segurava. Era uma foto minha, junto aos meus progenitores. Não me lembrava de quando foi tirada, mas aquilo sinceramente não importava. Provavelmente estava pálida, ao constatar que, todos ali sabiam do meu maior segredo. Entretanto, ao invés de receber compreensão, estava sendo esmagada pelos sussurros maldosos, que permeavam a minha mente junto a frase escrita: "Angel Moore é um menino"
Lágrimas rolavam em meu rosto sem que eu me desse conta e os próximos acontecimentos, sinceramente, são como borrões. Me lembro de ter corrido para o banheiro, empurrando as pessoas que ficavam em meu caminho, até que estivesse trancada em uma das cabines. Me sentei no chão, só então me dando conta de que ainda segurava a foto impressa. A encarei enquanto chorava, as palavras de meus pais biológicos ecoando em meus ouvidos: "Você é uma aberração! Uma aberração". Estava habituada com as minhas crises de ansiedade, mas aquilo era pior. Queria machucar a mim mesma, queria desaparecer para sempre. Me perguntei repetidas vezes o porquê de ter nascido como nasci e se Deus, de fato, existia, por que me colocar em uma situação como aquela? Não sei ao certo por quanto tempo fiquei ali, até decidir sair para encarar, com o pouco de coragem que ainda me restava, as pessoas que provavelmente me esperavam do lado de fora. Me levantei e fui até a pia, jogando água fria contra o meu rosto, limpando os resquícios de rímel que manchavam abaixo de meus olhos. Sai, recebendo os olhares que supus que receberia, tentando a todo custo ignorá-los. Teria sido bem sucedida, não fosse pelo comentário de um dos garotos mais populares da escola, que gritava, alto o bastante para que todos ouvissem: "Se comporte como o garoto que você é, aberração!" Caminhei até ele com tranquilidade e soquei, com toda a minha força, o nariz grande demais. Observei com satisfação mórbida, o sangue alheio manchar as minhas mãos. Não dei oportunidade para que ele reagisse e outros golpes seguiram o primeiro, desfigurando o belo rosto. Eu não sentia absolutamente nada, era como se estivesse completamente anestesiada. Alguém me tirou de cima dele, acredito que um dos professores, ou até o diretor. O resto da história, você provavelmente já conhece. Menti sobre os meu motivos para não arranjar encrenca para os meus pais adotivos, para não expôr os renomados promotores e fui expulsa. O que ouvi e li, entretanto, continuava a me ferir por dentro, mas, como sempre, sorri e fingi que aquilo não me incomodava.
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masqueradxw · 2 years
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ੈ♡‧₊
📌 P.O.V. : KANAWUT MEW SAETANG #O2
❛ AN UNUSUAL WEEKEND. ( PART TWO )
彡 📅 16.O9.2O21
Sensações incômodas como um nó apertado no estômago e o coração acelerado já passaram a ser mais comuns na rotina agitada do tailandês, mas nada se comparava ao sofrimento advindo da frustração de ter sido caçado, mastigado e devorado até o último osso. Os pensamentos incessantes sobre o ocorrido não deixavam a mente de Mew em paz, e silenciosamente, torcia para que tudo fosse resolvido o quanto antes, quando finalmente devolveria o cartão de crédito ao devido dono, o gerente do night club.
Mal o tivera em mãos e já sentia que não lhe pertencia mais.
Uma simples falta de comunicação, e de sua parte, muita expectativa criada sem limite. A imaginação fértil tinha o hábito de traí-lo com frequência e dessa vez não fora diferente. Caiu na própria armadilha que correspondia a tentativa sem sucesso de criar um laço interessante e que pudesse lhe trazer bons frutos futuramente. Talvez fosse a familiar necessidade intrínseca, uma busca desesperada de se sentir completo, ou então, encontrar na figura superior uma emoção e rotina da qual desfrutara por anos.
Seu patrão tinha presença no club e uma certa dinâmica já estabelecida com o tailandês, visto que fora este quem o tirara da realidade vulnerável em Bangkok; agora, seu gerente era curioso, as primeiras impressões lhe agradaram tanto ao ponto de encharcar os olhos de brilho quando admirado discretamente. Charmoso, gentil, elegante, de uma fisionomia excepcional, engraçado de sua maneira e muito intenso; ao menos, na visão de Mew.
A fórmula perfeita para que tudo desse errado estava dentro do psicológico influenciável e do coração maltratado. A promessa de que poderia desfrutar de bens materias também alimentavam um ego guloso, contudo, o que mais queria, como um bom e devoto leonino, eram os holofotes virados para si. Queria ser capaz de chamar atenção, de se sentir desejado e tentar entender melhor o que se passava na agenda tão ocupada do gerente do night club. A lágrima morna escorria pelo rosto inchado, levando consigo a sensação de rasgar a pele sensível. A culpa também era sua, inevitavelmente.
Após o primeiro encontro extraordinário, as semanas se passaram em branco, e Mew não recebeu nenhuma mensagem sequer. A alta sociedade era assim, esnobe e extremamente viciante; os conhecia de muito perto e por isso tamanha propriedade nos pensamentos julgadores. Em contrapartida, sabia também, que apesar da aparências eram pessoas solitárias e que faziam questão de esconder uma existência sensível e muito cobrada. A extravagância se tornava um refúgio.
Mais um motivo para que não fizesse sentido a falta de contato, ou simplesmente poderiam ter conversado em uma semana ruim, não é mesmo? Existia uma intuição inconveniente, um envolvimento que não passava despercebido aos olhos felinos do rapaz; quiçá, uma paranoia. No final das contas, Kanawut Mew Saetang era ninguém, e ele era tudo e mais um pouco.
Todos aqueles sentimentos de que não valia nada lhe angustiavam o peito e toda garganta. Dois dias enfermo foi a consequência da onda de sentimentos que achava que daria conta num primeiro momento. Havia vivido os dias intensamente e repleto de carinho de duas pessoas queridas, e era exatamente disso que precisava, de amigos que estavam dispostos a sacrificar o tempo precioso para escutar seus lamentos sem sentido.
No final da noite, a feição se tornou convidativa e desprovida de parte da tristeza, vestia por ora sua máscara social mais conhecida e seu boné azul. Não poderia faltar do trabalho. O bartender e não havia notado a profundidade do problema que era a mania dos pensamentos catastróficos, até enfim, o desejo e devaneio de um atropelamento ir muito além do usual. Geralmente, tais fantasias paravam por ali, onde morria de uma maneira trágica e inesperada. Contudo, dessa vez, imaginou seu funeral, se é que teria um, quem seria a primeira pessoa a sentir falta, quem choraria por sua morte e quem carregaria para sempre na memória os bons momentos compartilhados.
Ainda teria uma longa jornada de trabalho para cumprir, não poderia se dar ao luxo de permitir que as emoções tomassem conta de seu corpo ainda debilitado. O tailandês colocou os fones de ouvido sem fio e partiu no seu skate para night club, e na playlist por sua vez, quando no aleatório, agrupava músicas distintas como “Tousei” ( by. Dir En Grey ), “Starry Night” ( by. Isabelle Huang ) e “Nihil” ( by. Ghostmane ).
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daisyispunkrock · 4 years
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Selfpara Data: 11.06.2020 Título 
“tears in the cave” 
Daisy sabia exatamente quão imaturo, inconsequente e irresponsável era aquilo que tinha feito. As duas garrafas de vodka encostadas na parede da caverna eram testemunhas da sua infantilidade, mas aquela era a única forma de lidar com o que estava sentindo no momento e aquele era o único lugar que queria estar, Ou pelo menos pensava que iria querer estar até chegar ali e sua cabeça ser invadida por memórias de tudo que ela estava querendo fugir naquele momento, memórias que fizeram a vodka parecer doce no seu paladar pela voracidade em que bebia.
E agora estava ali, completamente bebada e triste, a mente possuida por memórias dele e tudo que queria era parar de existir por um momento. Pra ver se tudo parava de doer, pra ver se parava de ser completamente estupida. Foi com esse pensamento que se despiu e entrou na água e alguma parte do seu cerebro estava dizendo que aquilo era muito perigoso, que tinha perdido a capacidade de nadar a uma garrafa de vodka atrás, mas outra parte do seu cerebro, muito mais barulhenta naquele momento, dizia que se algo acontecesse com ela era porque ela merecia.
Passou o que pareciam horas simplesmente boiando na água olhando pra o teto da caverna. O ponto positivo de estar na água era que as lágrimas que ousavam cair, que fazia tanto tempo que não haviam caído, se misturavam com a que tinha abaixo de si e ela podia fingir que seu rosto estava molhado por causa do mar. Uma vozinha dentro de si, a que escrevia a maioria das suas músicas, dizia que era até poético, que parecia que ela estava boiando no oceano de suas próprias lágrimas.
Em algum ponto ela começou a cantar uma música que conhecia bem. Doia sempre que cantava essa música porque era a música que tinha feito pra ele quando percebeu como se sentia e não aguentava mais os sentimentos dentro de si. Era absurdamente triste cantar aquela música ali, pra caverna que ele lhe deu, num dia que sentia que nunca poderia realmente cantar aquela canção pro rapaz. Mais do que nunca naquela noite Daisy sentia que nunca conseguiria ser sincera ou que quando fosse seria tarde demais.
“And if there was a place that I had to choose  Or a memory, that faith, that I cannot lose  If there was a place that I could call home  Before I die, you oughta know  It’d be in your arms tonight “
Sua voz soava solitária e triste na caverna. Não sabia quantas vezes cantou em repetição a música com sua voz falhando e as lágrimas caindo antes de sentir o sono começar a chegar. Uma grande, grande parte de si queria que ela simplesmente desistisse e dormisse ali, que se ela se afogasse era o que ela merecia. Mas tinha uma pequena voz na sua cabeça dizendo que ela não podia fazer aquilo, que tinha de sair do mar pelo menos. Por mais alta que primeira voz fosse, a segunda parecia demais com a dele então no fim Daisy pegou no sono na pedra dura da caverna com imagens de sorrisos parecidos com o de um coelho e um cabelo cor de cereja rodeando sua mente.
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murmurios · 5 years
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TW: ANSIEDADE / DEPRESSÃO
Essa carta é destinada à todos que um dia prometi que ficaria bem.
Talvez em uma tarde ensolarada de domingo vocês olhem pro parque onde as crianças brincam e os idosos caminham e não vejam saída ou expectativa e então lembrem-se de mim. Talvez mais tarde no mesmo dia vocês sintam seu peito queimar, um desejo imenso de desaparecer, por milhares de motivos e ao mesmo tempo, sem conseguir justificar sua angústia. Foi assim que começou pra mim também, eu também debochei da depressão um dia e tive a coragem de dizer pra minha amiga que ela estava sendo ridícula por chorar por um macho, até o dia que ela se cortou na tentativa de se matar e eu entendi que aquele sangue todo no chão não era sobre um ex, era sobre se sentir insuficiente, dispensável. É como se ninguém pudesse te ver ou ouvir, mesmo que você grite no meio de uma multidão, entendem? Provavelmente não. Não até se sentirem assim ou pelo menos farejarem a morte como eu farejo tantas vezes durante todos os dias dos últimos dois anos da minha vida. 
Meu começo foi como o de quase todo mundo, primeiro, insegurança. Meu namorado me dizia que eu era a melhor e mais linda mulher do mundo e aquilo parecia uma ironia dele, como se quisesse brincar com meus sentimentos confusos. Depois, a ansiedade, a parte em que as coisas começam a ficar sérias de verdade. Um tremor aqui, um suador ali, tristeza injustificada num dia aleatório em que tudo está bem, enjoo e vômitos que os médicos não conseguem explicar e seus amigos dizem que é tudo da sua cabeça, até seu primeiro desmaio. “A primeira vez a gente nunca esquece”, realmente. Lembro de estar no banheiro do trabalho, com dores fortes na cabeça e suor incontrolável, no momento seguinte, me vi sendo furada no hospital, no fundo a enfermeira dizia “ela está reagindo!” “tenha calma, menina!” como se fosse algo que eu pudesse controlar. Por fim, veio a depressão. Ela começa com um gosto doce, discreta, tira seu sono ou te deixa muito cansado, você quer sair de casa mas não tem força pra levantar da cama, as pessoas, por mais próximas que estejam, sempre parece que não é suficiente. Porque na verdade, nada é. Você se sente abandonado, deprimido, inútil. Seus sorrisos passam a ser mais raros ou forçados, conforme o tempo passa, sua esperança de ficar melhor vai indo embora. 
Eu nunca havia cogitado desaparecer, nunca desejei morrer até um ano atrás. Ouvia essas histórias de suicidas e pensava no absurdo que era, na tristeza que deviam sentir por chegarem ao ponto de cogitar deixar de existir, mas querem saber? Um dia você entende. E se esse dia chegou pra você, amigo, te aconselho a procurar ajuda e principalmente, começar a se ajudar, porque você está quase tão fundo quanto eu. Pra mim, começou com um questionamento: “qual a minha utilidade?” “o que seria do mundo sem mim?” “qual diferença eu faço aqui, se ninguém se importa de verdade?” e o problema é que se você não compartilha essas perguntas com outras pessoas, ninguém vem do nada te dizer que você é especial e importante, então você começa a acreditar mais ainda que não é, que não vai fazer falta. 
No trabalho eu até conseguia me sentir bem, de certa forma, fingir que eu era outra pessoa por lá e ver as pessoas acreditando nisso me fazia bem. Era bom ter pessoas por perto que não sabiam do meu desejo de morrer, que não me olhavam com piedade, que não tentavam o tempo todo me fazer lembrar o quanto viver é bom ou me empurrar uma religião goela abaixo. 
Fato é que em uma quarta fria, depois do serviço, entrei em crise e não conseguia sair. Escureceu, chegou a madrugada e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser sumir. Sabe quando parece que a alma grita querendo sair? Quando você se vê sem outra saída? Quando parece que nada mais pode melhorar ou sequer sair do lugar? Só queria por fim nisso. Só pensava em deixar minha família em paz, não preocupá-los mais. Meu namorado bateu na porta do banheiro, questionou como eu estava, tentei mentir mas minha voz não o enganava. Ele quase quebrou a porta, porque não queria deixá-lo entrar e me ver daquela forma, não de novo. Pensei em pegar aquela lâmina que tinha escondido no bolso e acabar com tudo aquilo, mas seria tanto sangue, ele não merecia ter que limpar os restos de mim, não poderia ir embora dando ainda mais trabalho pro amor da minha vida, a única pessoa que realmente permaneceu durante todo o caos sem medo, sem se assustar. Eu sei o quanto ele queria me ajudar, mas como? Não haviam forças pra tentar, não havia desejo de vencer da minha parte. Eu só queria desistir. Abri a porta e deixei ele ver meu estado, quem sabe aquilo fizesse ele parar de gritar ou entender finalmente a seriedade da coisa, que não era questão de “me acalmar”. 
Para a minha surpresa, ele não gritou dessa vez, na verdade, não disse nada. Ele apenas me encarou, seus olhos pareciam decepcionados, como se tivesse perdido a esperança em mim e entendo essa sensação perfeitamente. Lentamente, ele se aproximou de mim e segurou minha mão, fixou seus olhos dentro dos meus. No meio daquele caos todo, vi seu desespero, não haviam palavras que descrevessem o que sentíamos naquele momento. Seus olhos encheram-se de lágrimas, ainda em silêncio, ele me abraçou forte e antes de me soltar, disse baixinho: “Não vou desistir e nem te deixar desistir. Se você escolher ir embora, também vou”. Sei que isso não é exatamente o que uma pessoa com depressão e sérios problemas de ansiedade precisa ouvir, na verdade, em qualquer outra situação, esse seria meu melhor gatilho pra fazer merda e me afundar mais ainda, ter alguém dependendo de mim. Logo eu! Mas não. Dessa vez foi diferente. Consegui respirar devagar e fazer meu coração desacelerar, sequei as lágrimas e tomei um banho, eu poderia estar na pior situação, no buraco mais fundo da face da terra, mas eu faria qualquer coisa pra não deixá-lo afundar comigo. 
Na semana seguinte, ele me encorajou a ir na psiquiatra, que me receitou remédios fortíssimos que me deixavam mais drogada que qualquer outra coisa. Isso não me protegia, apenas me “anestesiava”. Eu meio que não entendia o que estava acontecendo ao meu redor, parecia que estava o tempo todo dormindo e sonhando com problemas reais aos quais eu podia interagir, quem me dera se fosse. Depois de três meses tomando o remédio e ter minhas crises diminuídas consideravelmente, começamos a cogitar cortá-los, pois aquelas drogas pareciam me adoecer mais que a própria depressão. Por incrível que pareça, ficar drogado 24h por dia, durante todos os dias pode não ser tão divertido assim. 
Assim que parei com os remédios, dei inicio ao tratamento com a psicóloga, que em questão de meses me ensinou a lidar com a ansiedade e “não dar espaço” pra depressão. Às vezes ela ainda vem e me abraça com força, não me dando muitas opções a não ser me entregar. Noutras, apesar da vida caminhando e do relacionamento finalmente se estabilizando, desejava ser atropelada ou que alguma coisa simplesmente me levasse embora daqui. A sensação que tenho no fundo do meu peito quando falo sobre isso até hoje é que nunca vou estar totalmente liberta dessa agonia, mas entendi que não preciso me entregar com tanta facilidade. A luta é difícil, diária, pesada, às vezes cansativa, às vezes eu perco contra mim mesma, meus próprios pensamentos que são tão destrutivos. 
O que me tirou das profundezas do inferno e me fez voltar foi quando a pessoa que mais amei em toda a minha vida se ajoelhou em minha frente e me pediu pra passar o resto dos meus dias ao seu lado. Eu não tive outra escolha, não cogitaria jamais algo diferente, disse sim de primeira ao seu pedido de casamento, mas com isso, vinha um compromisso muito maior: não desistir da nossa vida, da fase que estava se iniciando, era como uma vida nova, onde eu poderia ser o que quisesse e teria alguém de verdade do meu lado, apesar de qualquer erro ou deslize que eu cometesse. Joe então me fez uma proposta irrecusável: ir morar fora daqui, bem longe, em outro país. Ambos recomeçaríamos, vida nova e apesar da insegurança, do medo do novo, teríamos sempre um ao outro. E o que eu poderia fazer além de me jogar? A única esperança que tive desde o começo daquele sofrimento foi o Joe. Desde o começo, ele foi a única pessoa que realmente batalhou junto comigo, acreditou na minha força quando achei que ela nem existia mais. Ele merecia aquilo e eu também. 
Hoje, pouco tempo depois de ter me instalado na nossa segunda casa alugada aqui, vejo que há esperança. Até para mim. Têm dias que parece que ela morreu. É como uma vela acesa, vocês conseguem entender? Às vezes venta demais e ela quase que se apaga, mas basta uma faísca para que se reacenda. O Joe é essa faísca. Ele não deixa que essa vela que tem dentro de mim, quase que no final, se apague. Às vezes ele me faz acreditar que a minha fé nunca morreu, ele sempre diz que ela apenas se esconde quando sinto medo e que preciso encontrá-la. Mesmo achando isso tudo ridículo, acreditam que nos momentos de dificuldade eu me pego procurando por algo aqui dentro? 
Essa carta é destinada à todos vocês que um dia prometi que ficaria bem, mãe, pai, vovó, primos, amigos, essa carta é pra dizer à vocês que apesar da ausência, dos sustos, eu finalmente posso dizer que estou conseguindo. Estou vivendo, sabe? Ou pelo menos, tentando. Não posso dizer que vai durar pra sempre, talvez dure uma semana, um ano, mas nesse momento, o momento em que lhes escrevo, posso lhes garantir que estou viva. Sinto meu sangue correr pelas minhas veias, vontade de me levantar pra ir trabalhar, ir ao mercado, fazer amor. Hoje eu me olho no espelho e consigo enxergar um pouco do que vocês diziam sobre mim, acho que consegui me reencontrar no meio de tantos pensamentos ruins, porque realmente estava completamente perdida ali no meio. Sou grata por cada vez que tentaram, por todas as vezes que me pediram, imploraram para não desistir. Agradeço a cada um de vocês por terem mantido sua fé em mim mesmo quando não mereci, apesar dos pesares, por todas as vezes que sorriram enquanto eu era grossa e reclamava das suas tentativas de me alegrar. Hoje entendo seu esforço, sua agonia, não teria conseguido me reerguer sem sua ajuda. Tudo tem seu tempo, sua forma, seu motivo e agora entendo isso. Respeito muito a forma que mesmo sem entender, vocês tentaram de verdade me ajudar, por mais que muitas das vezes isso me machucasse mais do que ajudava. No começo desta carta eu disse que talvez alguns de vocês só entendessem isso se um dia passassem por algo parecido, como foi meu caso, mas nunca desejaria à vocês um castigo tão ruim como o que tive. Eu apenas lhes desejo empatia, em primeiro lugar, para que saibam lidar com uma situação delicada como a que vivi, para que saibam conviver e entender seus filhos, namoradas, amigos, para que possam protegê-los e ver que ninguém está imune à isso, nem mesmo a pessoa mais religiosa ou feliz do mundo. O dinheiro também nunca conseguiu fazer com que meu desejo de morrer sumisse, então definitivamente, só o amor pode curar e em alguns casos, nem mesmo ele.
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mugunghwarp · 2 years
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Idade: 30 anos
Gênero: Masculino
Qualidades: atento, prático
Defeitos: desconfiado, irredutível
Nacionalidade/Etnia: Coreia do Sul/coreano
Temas de interesse: crack, fluffy
Faceclaim: Woo Dohwan - ator
Twitter: MV92AY
OOC: +18 ela/dela
TW: estupro
TW: acidente de carro, descrição gráfica de feridas, homofobia, homofobia internalizada, machismo, pensamentos suicidas, quase morte
Woo tem duas facetas que definem a forma como você vai vê-lo agir e se portar: a primeira delas é seu lado profissional. Faixa preta em artes marciais e com treinamento de defesa pessoal desde a infância, cresceu querendo seguir os passos dos pais, um coronel sênior do exército sul coreano e uma diplomata reconhecida na política internacional de seu país, para se tornar um militar bem sucedido e de patente alta.
E a segunda é do rapaz introvertido, mas com uma vibe de irmão mais velho preocupado e um senso de dever bem alinhado e que daria sua vida por aqueles que ama, em especial suas irmãs mais novas e seus sobrinhos.
A família Ahn já tinha em seu histórico toda uma tradição de que os filhos homens nela deviam seguir carreira militar para manter o prestígio conquistado por seus antepassados desde a Guerra contra o Japão, formando assim futuros capitães, tenentes-coronéis e generais, o que fez com que ganhassem estabilidade e um nome de respeito na sociedade. Já a família Byeong, mais ligada à política e advocacia, também tinha seu espaço nos eventos de importância sul coreana e neles Han-Gyeol e Dan-Bi se conheceram. Para seus pais, juntar eles era unir o útil ao agradável e com a benção dos céus sobre o casal apaixonado, todos podiam considerar que eles eram definitivamente "a match made in heavens".
Dessa união nasceu Yeonwoo, que por ser o primogênito e homem, logo foi tratado como maior orgulho do casal, que não poupou esforços pra que o filho tivesse a melhor educação possível, numa escola particular de alto nível, onde aprenderia idiomas, artes marciais e sairia de lá pronto pra seguir a carreira familiar. O apoio e carinho da mãe fez com que o garoto enxergasse tudo isso de forma positiva, o pai era parcialmente ausente por seu trabalho, na época capitão do exército, então não o cobrava muito. E a diplomata sempre lembrava que independente de onde o filho quisesse ir, trabalhar ou viver, que eles sempre estariam lá pra recebê-lo de volta  de braços abertos.
Com a chegada das irmãs mais novas, gêmeas, Woo decidiu que o mais correto era seguir os passos do pai para proteger sua família. Tinham estabilidade financeira, uma casa grande e confortável, acesso às suas necessidades básicas de forma fácil e respeito onde fossem. Era esse conforto que queria garantir às meninas e à família que um dia pudesse ter no futuro.
Isso fez com que, apesar das muitas regras que tinha que seguir por todo o treinamento que recebia na escola, sua personalidade fosse mais leve e tranquila, até mesmo carinhosa pelo enorme apego às mulheres em sua família.
Encerrou o ensino médio com mérito, não era o top 1 da turma, mas ainda o suficiente pra estar entre os melhores e orgulhar os pais e também a si mesmo enquanto vivenciava os conflitos internos da descoberta de sua sexualidade e o medo de se assumir gay para a família. Poliglota, faixa preta em taekwondo, experiente nas aulas de defesa pessoal e uma dieta aliada ao seu condicionamento físico, estava pronto para se alistar e ali firmar carreira.
Com 19 anos assim o fez, procurando se empenhar o máximo que podia em sua divisão para que quando os 3 anos de serviço obrigatório terminassem, pudesse subir de patente por seu esforço e não pela influência que o pai poderia exercer para o privilegiar no quartel. Guardava para si sua orientação sexual e nunca entrou num relacionamento enquanto estava na ativa, apesar de serem tempos diferentes do que era o de seu pai, avô e bisavô, ser gay ali dentro podia significar o fim de sua carreira e todo seu trabalho duro jogado fora, o que gerou no homem raiva e até mesmo aversão de não ser hétero.
Engolir uma parte do que era foi doloroso, mas Ahn achava que era necessário e seguiu escondendo sua sexualidade até que um acidente o fizesse dar adeus ao exército. Já estava servindo há 7 anos, havia alcançado a patente de Tenente Sênior e agora trabalhava com sua própria equipe, chegando a treinar recrutas novatos. Poderia ter optado pelo serviço de escritório ou outra área que já não necessitasse de seu esforço físico ou trabalho braçal, mas amava aquela adrenalina, o sabor que cada conquista tinha após as dificuldades e também ver que estava moldando seus soldados para se tornarem homens melhores. Numa patrulha noturna, o carro onde estava perdeu o freio e a estrada molhada fez com que numa curva Yeon perdesse o controle do veículo, batendo numa árvore e saísse da pista com o carro capotado.
Apesar de ter sido resgatado com vida, foi submetido a uma cirurgia emergencial por ter tido o corpo prensado no carro destruído e quase perder o movimento das pernas. A operação lhe rendeu 12 pinos de titânio na coluna, uma gigantesca cicatriz na perna esquerda que precisou ser reconstruída e afastamento definitivo do exército por ser considerado incapaz de continuar servindo. Mesmo recebendo todos os seus direitos por ter sido um acidente de trabalho pela falta de manutenção no veículo, não conseguia aceitar que os longos anos dedicados ao seu país estavam acabando assim.
Os primeiros meses de fisioterapia foram os mais angustiantes, o pai foi o primeiro a estender a mão quando o filho precisou, a buscar os médicos mais competentes dentro do exército e uma forma de manter Ahn com sua carreira, mesmo que fosse num trabalho de escritório que não exigisse tanto fisicamente dele. O rapaz tentou, mas era extremamente frustrante estar ali, 8 horas por dia sentado checando computador e arquivos de papel, aquilo não era pra ele. Pensou até mesmo que morrer seria melhor do que aquilo e tomado pela frustração deu adeus a sua patente.
No meado dos seus 27 anos, já um ano depois do acidente, decidiu que não ficaria parado e nem deixaria ser vencido por aquela situação. Tinha os movimentos das pernas, a fisioterapia lhe ajudava a lidar com as dores que surgiam de tempos em tempos. Os pinos na coluna lhe devolveram 90% da independência e potencial que tinha antes da cirurgia. Para a cicatriz que cobria quase toda a coxa esquerda, agora tinha uma tatuagem ainda maior e que representava que ele não havia desistido.
Voltou a praticar luta e por um tempo se tornou professor de defesa pessoal para uma classe feminina, ali surgiu a primeira oportunidade para ser um guarda costas, quando foi contratado por uma de suas estudantes que queria proteção contra o ex-marido que não aceitava o fim do casamento. Felizmente conseguiu ajudá-la e após a aluna mudar de cidade, não precisando mais de seus serviços, pensou em aproveitar a oportunidade e se profissionalizar como guarda costas.
Já tinha todo seu currículo no exército, o treinamento físico necessário e agora experiência no ramo, conseguindo alguns clientes com o tempo. Às vezes trabalhava para mulheres comuns que precisavam de alguma proteção, outras para pessoas mais ricas e até políticos. Com 29 anos já tinha trabalho para segurança de idols e outros famosos como atores e modelos. Assim chegou até a família Jeong, com a missão de proteger o herdeiro deles, Viktor Jeong.
Como guarda costas era totalmente profissional, estava sempre atento aos arredores de onde acompanhava o rapaz, sempre preparado para ter que reagir usando sua força ou numa possível rota de fuga caso alguém tentasse contra a vida do garoto. Falava pouco, apenas o necessário, mas nunca faltava educação e também empatia com seu protegido. Isso aproximou os dois e quando seu expediente acabava, Yeon podia se jogar no sofá ao lado de Viktor para jogar vídeo game ou impedi-lo de pedir no delivery algo nada saudável antes da janta.
A amizade entre os dois foi crescendo ao ponto de Yeonwoo se tornar mais um assistente pessoal e ouvinte do mais novo do que um simples segurança. Era com ele que o ex Tenente compartilhava as fotos de seus amados sobrinhos e mostrava um lado mais gentil que poucos conheciam fora de sua persona no trabalho. Atualmente, pelo seu trabalho ser de praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana, mora na mansão de Jeong em Kadupul e às vezes dá uns puxões de orelha nele, mesmo que o rapaz seja seu patrão.
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stonehill-hq · 2 years
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Quem não conhece ZHAO LIUYING? Filha de ATHENA vive em LYCABETTUS e é BIBLIOTECARIA EM BOOKS THREE LIVES. Ficou curioso? Siga no twitter.
PROFILE !
Zhao Liuying
Zhou Jieqiong
09 de Junho de 1998 - 24 anos
Chinesa, China.
Bibliotecária na Books Three Lives
Lycabettus
Filha de Athena
OOC !
+18
TW: Suicídio (descrição explícita do ato, tentativa ou pensamentos suicidas).
PERSONAGEM !
TRIGGER WARNING! Menção a morte, abusos físicos e psicológicos, violência.
A família Zhao tinha um legado amplo e glorioso; sendo uma família que excepcionalmente procurava honrar e valorizar o próprio sangue, pessoas que estivessem distantes do que eles consideravam parte da ‘pureza’ certamente eram descartáveis. Pessoas como Liuying e sua irmã mais nova, Meiying, eram descartáveis aos olhos de sua própria família.
Até certo ponto de sua vida, Liuying se lembra de ter tido uma vida feliz. Por mais que fosse uma vida desprovida de luxos, bastante simples e tranquila, ela nunca se queixou ou desejou mais do que isso. Ela vivia com o pai e a irmã mais nova num vilarejo simples onde todos se conheciam e todos se ajudavam. Seu pai tinha uma pequena loja de plantas e ervas medicinais, além de também oferecer-se para tratar aos menos afortunados. Sua irmã era igualmente apaixonada por botânica e tinha uma ligação especial com a natureza, porém a ligação que Liuying tinha sempre esteve presente no conhecimento. Ela adorava aprender praticamente tudo quanto que fosse tipo de coisa, então gostava de acompanhar o pai e a irmã em seus estudos, assim como também tirava seu próprio tempo para estudar tudo o que subitamente lhe ressoasse interessante. Seu pai gostava de presenteá-la com livros e jogos que exercitassem sua mente inquieta; ela gostava de pedir para que ele lhe contasse uma história nova antes de dormir praticamente durante todas as noites. Tinha uma infinidade de memórias felizes que guardava consigo com muito afinco. Era uma criança bastante perceptiva, então tentar lhe esconder coisas não parecia exatamente uma boa ideia; ela descobriria de forma ou outra. O seu lar era cheio de amor, então nada verdadeiramente lhe faltou.
Infelizmente, isso acabou indo por água abaixo quando seu pai faleceu sob circunstâncias bastante questionáveis, após uma longa discussão com parentes distantes do clã Zhao. Liuying nunca verdadeiramente engoliu o que houve: no fundo ela sabia o que tinha acontecido, mas nunca teve coragem de assumir isso para si mesma. A partir desse ponto, sua vida feliz se tornou um verdadeiro inferno. Ela e sua irmã foram viver na casa de um tio distante. Tanto Liuying quanto sua irmã mais nova eram claramente indesejadas por ali ― ninguém nunca fez questão de esconder isso, mas Liuying, sendo uma criança audaciosa e orgulhosa, também nunca fez questão de esconder que ela detestava aquele lugar e aquelas pessoas. Ela constantemente desafiava a autoridade de seus tios, consequentemente sofrendo punições ainda mais extremas pela sua insolência.
Sendo uma criança já naturalmente com dificuldades para encaixar-se em círculos sociais, os maus tratos contínuos fizeram com que ela se tornasse cada vez mais fechada. De acordo com as pessoas ao seu redor, Liuying era alguém com uma aparência e olhar gélidos; como se existisse uma barreira ao seu redor que afastava ou simplesmente impedia qualquer um de se aproximar de si. Uma armadura que ela construiu porque não queria mais ser machucada. Ao longo dos anos, ela de fato considerou que só tinha sua irmã, então precisava protegê-la a todo custo. Sua única válvula de escape estava presente nos livros, seus tesouros pessoais e provavelmente únicas posses verdadeiras que tinha consigo: fugir para uma realidade distante da sua parecia ser realmente o único alívio que Liuying conseguia encontrar.
O tormento passou, no entanto, com a chegada de uma suposta guardiã que foi enviada para buscar as meninas e levá-las para longe de onde se encontravam. Uma guardiã supostamente enviada pelas mães de ambas as meninas. Foi nesse momento que Liuying descobriu sobre seu parentesco e, de certa forma, isso acabou a chocando bastante. Ela nunca realmente soube de qualquer coisa sobre sua mãe, assim como nunca conseguiu ter coragem de questionar seu pai sobre ela. Mas sentiu-se ao menos um tanto agradecida por finalmente ter a liberdade que durante aquele extenso tempo de sua vida, ela pensou que nunca mais teria novamente.
Dessa forma, Liuying e sua irmã mais nova vieram a se instalar em Stoneh Hill com a ajuda da mulher que as resgatou.
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⭒ Possui uma personalidade bastante orgulhosa e audaciosa. Pode ser considerada bastante teimosa. Ao mesmo tempo em que pode ser um tanto impulsiva, ela tenta ao máximo manter-se centrada.
⭒ Alguns podem descrevê-la como alguém de aparência exuberante, porém com uma face fria que impede com que se aproximem facilmente de si. Lá no fundo, no entanto, ela é uma pessoa bastante gentil.
⭒ Possui traumas evidentes acerca da noite em que seu pai morreu. Sonha com isso um tanto constantemente, mas não gosta muito de falar sobre.
⭒ Se importa muito com a irmã e faria absolutamente de tudo por ela. Às vezes, ela tende a agir de forma um tanto rígida, mas unicamente por se preocupar muito.
PODERES !
1. Sapiência
Nível Básico: Seu intelecto e capacidade de aprendizagem são, inegavelmente, muito acima da média humana. São completamente capazes de assimilar até os assuntos mais complexos desde muito jovens, além de terem uma memória fotográfica excelente. Conseguem se tornar fluentes em um idioma com uma simples leitura, além de não terem dificuldade ao oscilar entre “exatas” e “humanas”.
Nível Avançado: Seu cérebro se torna capaz de assimilar qualquer coisa, não importando a origem ou complexidade. Decoram tudo em que seus olhos batem e seu raciocínio se torna extremamente veloz. Em contrapartida à inteligência grandiosa, a prole pode sofrer de enxaquecas caso não se dê descanso, além de ser passível de erro quando o assunto envolve questões morais e sentimentais.
2. Voz de comando
Nível Básico: Em momentos de caos e desarmonia, é capaz de fazer todos em um raio de 1km se acalmarem e se comportarem civilizadamente, além de seguirem ordens simples desde que essas sejam dadas em prol de algo não prejudicial. Os efeitos da voz de comando se dissipam após uma (1) hora.
Nível Avançado: Sua voz de comando se torna ainda mais potente, sendo capaz de liderar com plenitude e incitar revoluções. É capaz de afetar todos em um raio de 5km. Os efeitos de seu discurso podem perdurar por dias, mesmo que em menor intensidade.
3. Manipulação cerebral
Nível Básico: Se Athena pudesse representar alguma parte do corpo, seria o cérebro, por ser a detentora de tamanha sabedoria, conhecimento e inteligência. Inicialmente sua prole consegue manipular o cérebro de outra pessoa e o próprio de forma rasa, como bloqueando memória temporária, modificando e plantando memórias por até uma hora, induzindo dores de cabeça e enxaquecas que duram até vinte (20) minutos.
Nível Avançado: Com um avanço natural de suas capacidades mentais, adquire telecinese, podendo mover qualquer coisa/ser que pese até 300kg. Quanto mais leve for o item, com mais velocidade é capaz de movê-lo. Ganha maior perícia na manipulação de memórias e pode fazê-las de maneira permanente, desde que o alvo não seja mais forte que si. As dores de cabeça e enxaquecas também se prolongam, podendo alcançar uma hora.
4. Sabedoria da Língua.
Nível Básico: Possui evidente capacidade em decifrar com certa facilidade uma gama grande de idiomas, além de também conseguir aprendê-los com extrema facilidade com relação a pessoas comuns. Também é capaz de decifrar com certa facilidade alguns tipos de escrituras antigas, embora demore algum tempo para processá-las quanto mais complexas se manifestarem. Além disso, também é capaz de entender parcialmente alguns tipos de linguagens em código e reconhecer algumas runas antigas, embora não seja capaz de processá-las por inteiro ou mesmo compreender suas essências por si própria.
Nível Avançado: Consegue decifrar runas antigas com maestria, compreendendo vantagens e fraquezas de tipos variados de magia através dessa interpretação. Escrituras antigas são visadas por si com uma clareza muito maior do que em nível básico, além dela também processar linguagens codificadas com perfeição.
5. Escudos refletores.
Nível Básico: Consegue materializar uma espécie de escudo que fica em atividade por 20 minutos completos em batalha. A prole de Athena torna-se capaz de utilizar esse escudo para refletir ataques mágicos que forem direcionados a si. No entanto, a cada golpe direcionado ao escudo, ele vai se rachando e se tornando cada vez mais frágil, até que suma e não possa ser convocado novamente pelo intervalo de 2 horas.
Nível Avançado: Materializa um círculo de escudos que fica ativo por 40 minutos em batalha. Continua sendo capaz de refletir ataques mágicos que forem direcionados a si. A cada golpe que for acertando os escudos, eles vão se quebrando e desaparecendo de pouco em pouco. Assim que todos os escudos forem quebrados ou o tempo máximo passar, os escudos não podem ser convocados novamente pelo intervalo de 12 horas.
6. Materialização mental.
Nível Básico: Sendo prole de Athena, torna-se capaz de materializar temporariamente elementos presentes em seus pensamentos. Em nível básico, consegue materializar objetos de pequeno porte que preferencialmente não devem possuir composições muito complexas (canetas, pequenas lâminas, copos, folhas em branco, agulhas, entre outros), gastando uma quantidade considerável de energia mental ao fazê-lo. Também é capaz de criar pequenas criaturinhas sem forma muito consistente, que ficam ativas para ajudá-la em campo de batalha por 20 minutos inteiros, consumindo uma energia grande de sua mente para serem feitas. Objetos conjurados por si ficam existentes de forma estável por 2 horas, mas se desfazem depois desse prazo. Energia mental precisa ser recuperada através de total repouso.
Nível Avançado: Consegue criar objetos de composições mais complexas, além de também poder dar vida a seres vivos com forma sólida e reconhecível. Objetos pequenos e medianos podem se manter fixos na realidade, assim como seres pequenos (sejam animais pequenos ou filhotes de animais grandes). A prole de Athena precisa manter-se extremamente concentrada em sua criação e no caso de seres vivos grandes e objetos de mesmo porte (e pesados), é recomendável que ela crie apenas três por vez, uma vez que caso ela tente extrapolar demais os limites de sua mente, ela pode literalmente colapsar por extremo esforço. Animais grandes só ficam em atividade por até 8 horas completas. Quanto mais pesado e complexo for um objeto, a média de tempo da atividade é de 40 minutos até 3 horas completas.
7. Grito de Guerra.
Nível Básico: Aumenta temporariamente os atributos de força, destreza, velocidade e agilidade de seus parceiros de batalha (duração máxima de 15 minutos) com o uso de um grito de guerra encorajador. Também aumenta os próprios atributos durante o processo.
Nível Avançado: Duração de aumento de atributos aumenta para 40 minutos em batalha, porém há o efeito colateral de fadiga e cansaço após os atributos de todos no grupo voltarem ao normal. Com o grito de guerra, torna-se capaz de contar temporariamente com a ajuda de animais sagrados da deusa Athena para ajudar a si e seus parceiros durante um embate.
8. Canção da Noite.
Nível Básico: Em nível inicial, consegue reproduzir um estímulo sonoro bastante similar ao canto de uma coruja. Ainda assim, neste nível, não passa de um mero sibilo. Ao chegar aos ouvidos de um oponente, este se sentirá desorientado, se esquecendo de intenções presentes e se atrapalhando consideravelmente ao atacar a prole ou seu grupo. Duração máxima do efeito colateral de 5 minutos.
Nível Avançado: O canto se torna mais consistente e poderoso. A prole de Athena consegue induzir até dois adversários a se desorientarem temporariamente com seu canto pelo período máximo de 15 minutos em batalha, dando vantagem para si ou ao seu grupo para atacarem. Consegue atrair a presença de mais corujas com o seu canto, podendo induzi-las a atacarem seus adversários.
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thedicklee · 4 years
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𝐍𝐄𝐕𝐄𝐑 𝐀 𝐁𝐎𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐃𝐀𝐘 𝐈𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐇𝐎𝐖𝐁𝐈𝐙, 𝐑𝐈𝐆𝐇𝐓? TW: MENÇÕES DE ASSÉDIO, ABUSO PSICOLÓGICO, PENSAMENTOS SUICIDAS
𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐄𝐗𝐓𝐔𝐀𝐋𝐈𝐙𝐀𝐑, Aspicio Astra é uma das queridinhas de 2005. A banda hardcore feminina conquistou o mundo com seu álbum de estréia cheio de músicas poderosas e raivosas sobre feminilidade e relacionamentos fracassados, o que fez com que todos pensássemos: NÃO ERA VEGA LEE, A VOCALISTA E ATÉ ENTÃO MENTE CRIATIVA POR TRÁS DO ÁLBUM, UMA ESPOSA FELIZ E MÃE DE UM FILHO ADORÁVEL?
A resposta que todos queríamos veio alguns anos depois quando rumores sobre um relacionamento tóxico dentro da banda começaram a ameaçar seu futuro. Aparentemente, RICHARD MAIDEN (LEE-MAIDEN na época) não estava nada feliz com a decisão de sua esposa de deixar a escola de direito de Columbia para se arriscar como musicista.
Com a banda aproveitando seu estrelato, VEGA assumiu um pequeno hiatus no começo de 2007 e mais tarde fora revelada a notícia de seu divórcio e mudança definitiva para San Diego com a custódia do filho de cinco anos, na época.
Vega bem que tentou criar o pequeno Richard (Estamos sentindo os efeitos do seu ego, Mr. Maiden?) fora dos holofotes, mas todos temos que concordar que ele tem presença! Já foi fotografado inúmeras vezes no palco com a banda (ou em fotos ridículas no Instagram de Vega), inclusive no último show em Los Angeles no mês passado onde comemoravam os quinze anos desde a estréia da Aspicio, quando se juntou à banda durante o encore ao lado de uma fã. Diferente do nome que carrega, RICHARD, agora com dezoito anos e estudante do prestigiado ARMSTRONG INSTITUTE OF EDUCATION, definitivamente herdou o lado artístico da mãe.
E por que destacamos isso? Porque, aparentemente, foi esse o gatilho que fez RICHARD MAIDEN voar para NYC de última hora apenas para confrontar a mulher sobre as escolhas que ela vinha fazendo para a vida do filho em uma discussão bastante enfurecida e, o pior, pública, pois estavam na porta do hotel da mulher quando o homem a abordou. O que eram apenas gritos e palavras de baixo calão trocados no aberto, logo escalou para uma briga física quando a mulher disparou um soco no rosto do homem, logo depois dele ter chamado seu único filho de  — “[…] um inútil.”. Palavras dele, não nossas.
Em resposta ao nosso correspondente que flagrou o conflito, VEGA mostrou o seu dedo médio para a câmera e disse — “Você pegou isso? Bom, espero que tenha quebrado a p***a do nariz dele.” enquanto era escoltada para o carro da polícia que aguardava os dois depois daquela perturbação da paz pública.
Ambos foram liberados no final da noite, VEGA com uma nova ordem de restrição e RICHARD indo direto para o hospital.
                                     now playing                             ▶   ─────────────────  ●                                      누군가 필요해 by day6
         pelos padrões que richard maiden operava, havia demorado para que a felicidade de dick começasse a incomodá-lo, porque se tinha uma coisa que o homem não aguentava era ver o garoto contente com a vida que levava, pois segundo o mais velho aquela não era uma vida para ele. richard lee-maiden II havia sido criado com o único propósito de ser alguém e a partir do momento em que ele se desviava do trajeto que havia sido traçado para ele na maternidade ( nyu, trabalhar sob seu pai, herdar suas ações, se casar com uma boa moça, gerar herdeiros, dar continuidade à enorme linha de grandeza dos maiden ), ele se tornava alguém digno do ódio do homem, afinal as palavras que recepcionaram dick do outro lado do telefonema que recebeu enquanto ia para a casa no domingo a noite eram difíceis de serem classificadas como qualquer outra coisa. ele sabia que o diálogo nunca levava à lugar algum quando se tratava do pai e ele fez a coisa certa ao estacionar seu carro no primeiro espaço que encontrou e desconectou o celular do bluetooth do carro, levando o aparelho até a orelha enquanto lutava contra duas forças significantes - a vontade de simplesmente desligar o celular e a de chorar. dick sabia qual era a opção mais fácil, mas o que ele podia fazer quando a mão pesada do homem ainda era uma memória fresca em sua mente de todas as vezes que o tom aborrecido do homem lhe era direcionado, tudo que ele pode fazer foi segurar as lágrimas até que o pai se deu por vencido ou achou que já tinha destruído o filho o suficiente por aquele dia e finalizou a chamada sem sequer mais uma palavra.
            e richard permaneceu naquela vaga na beira da interestadual 805 por muito mais tempo do que o necessário, porque depois de finalmente contornar as lágrimas e o nó em sua garganta para que pudesse finalmente colocar um sorriso habitual no rosto para se convencer de que estava tudo normal, tudo que ele conseguia pensar era em como tinha a faca e o queijo na mão; e se ele dirigisse bem rápido, corresse um pouco mais do que o aceitável e acabasse perdendo o controle? ele sabia que não era a coisa certa a se pensar, mas… seria o melhor para todo mundo, não? o sorriso que ele trazia no rosto como um incentivo para ficar bem estava mais para algo maníaco conforme ele segurava o volante a sua frente com tanta força que suas juntas já começavam a doer. dentre tudo que dick estava acostumado a ouvir do pai (e a lista era bem grande, comprovado pelos 18 minutos de chamada dele falando sem nem parar para respirar) bom-para-nada era talvez o melhor adjetivo do dia, porque aos poucos dick ia percebendo que nem para por um fim naquilo ele tinha coragem. tantos anos de terapia para tratar sua síndrome de criança que ouviu da boca dos pais tantas vezes que era um filho indesejado, só para ir tudo para o ralo com a droga de um telefonema inspirado do progenitor. a pior parte talvez fosse que ao menos daquela vez richard não fazia ideia do que tinha feito de errado para poder se desculpar prontamente como sempre fazia na tentativa de remediar a situação, talvez uma pequena e inocente parte de si ainda acreditava que sua família poderia, um dia, conviver em paz.
              ele sabia que não devia ficar sozinho, não naquele dia, mas já havia feito o restante do caminho até a sua casa repassando todos os números de seus amigos e chegou à conclusão de que não queria, não devia, incomodar nenhum deles com as suas paranoias. se estivesse em seu melhor humor, provavelmente apareceria com uma metáfora sobre como a casa totalmente deserta e apenas iluminada pela luz do luar que invadia quase todos os cômodos pelas paredes de vidro refletia como ele estava se sentindo no momento, mas tudo que teve forças para fazer mesmo foi juntar todos controles das persianas para ir fechando-as enquanto fazia o caminho até o seu quarto no mais puro silêncio que muitos não acreditariam que um dia viria do garoto. seu plano inicial era deixar as persianas de seu quarto abertas para que, se ele fosse ter que suportar toda a sua angústia, faria aquilo com pelo menos uma vista bonita; porém, quanto mais encarava a imensidão do mar a sua frente enquanto sentado na beirada de sua cama, mais pensamentos indesejáveis de como seria fácil ir até a sua sacada e deixar de existir em alguns instantes começavam a invadir a sua mente, pensava ele que talvez as águas fossem mais gentis consigo do que aqueles que deviam zelar por ele.
             foi uma corrente de mensagens de sua mãe que o fez dispersar aqueles pensamentos e finalmente tomar uma atitude quanto as suas persianas e a si mesmo também, depois de um dia lavando carros tudo que ele precisava era de um banho, mesmo que se sentisse sem forças para funcionar propriamente no momento, imaginou que o que quer que fosse que sua mãe queria o dizer com tanta urgência não era algo que melhoraria seu humor, por isso se arrumou para a cama prontamente depois de um banho gelado em uma última tentativa de acordar de um de seus pesadelos. mas infelizmente não era o caso daquela vez, pois as breves mensagens da mãe indicavam que havia alguma coisa errada.
( new text from birth giver  💕 )  rich, are you home already? ( new text from birth giver  💕 )  i’m sorry ( new text from birth giver  💕 )  mom did a very bad thing ( new text from birth giver  💕 )  you can stay home tomorrow ( new text from birth giver  💕 )  the day after tomorrow too, if you want ( new text from birth giver  💕 )  don’t go looking up online, okay? ( new text from birth giver  💕 )  mom loves you, don’t forget that.
          dick não pode deixar de achar fofo o esforço dela em mantê-lo afastado daquilo e sua tentativa de confortá-lo, mas, sinceramente, pro inferno com as suas palavras doces, porque sempre que ele precisava dela, ou de qualquer pessoa, ninguém nunca estava lá por ele e daquela vez não havia sido diferente. ele a obedeceria em qualquer outro cenário, porque sabia o quanto a mídia gostava das confusões de vega lee, mas sua curiosidade falou mais alto quando abriu sua central de notificações e ela estava tomado por mensagens de texto e directs com o link do artigo, além de várias novas tags em seu instagram. levou alguns instantes para ele digerir o que havia lido, a fúria do telefonema que havia recebido do pai agora parecia fazer muito mais sentido - richard havia escolhido o filho, mais uma vez, para ser o depósito de toda a raiva que sentia, e que não era pouca. pensaria-se que dick estaria motivado a ir para a escola e mostrar para o progenitor o quão inútil e sem valor ele realmente era e, por mais que fazer o homem engolir as suas palavras fosse uma das coisas que dick mais queria fazer em sua vida, o homem tinha feito um trabalho excelente em moldar a cabeça do filho em volta do fato de que richard lee-maiden II não tinha aquela capacidade, nem nenhuma outra, pois era apenas um projeto falho de herdeiro. com a carta branca da mãe, dick não seria visto nos corredores do instituto tão cedo, escolhendo o escuro de seu quarto para cuidar de suas feridas.
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bsdyo · 5 years
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tw//
não tem coisa pior que retirar da mesa durante um almoço de familia e correr para um lugar isolado porque sua mente decidiu infestar seus pensamentos com planos suicidas.
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makeanairplane · 3 years
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SOUL SOCIETY #2
Day 2 e comecinho do Day 3
tw: mais crise de pânico, ansiedade, pensamentos depreciativos e não sei se enquadra em suicidas mas mais pra um desejo de morte
As árvores pareciam estalar igual madeira velha de casas antigas durante noites frias, e o vento que passava pelos galhos secos e deprimentes fazia um som que arrepiava a alma até mesmo de criaturas sem alma, como a princesa nortenha. A fogueira improvisada por Taeul também estalavam quando as faíscas subiam para o ar e logo desapareciam. O olhar de Haneul se fixava somente nisso enquanto a pantera dormia tranquilamente atrás dela. O corpo de Lisa ainda era quente, diferente do seu próprio, e aquilo era extremamente aconchegante para si, a lembrava que, apesar de tudo, uma parte sua ainda era humana.
A aproximação de Taeul fez seu corpo congelar ainda mais, e suas mãos voltaram a tremer com medo do que ele poderia falar naquele momento. Para ser sincera, não queria ouvir nada, mas também não conseguia sair. Entretanto, um calor ainda mais intenso do que o de Lisa se espalhou pela princesa quando a palma do irmão tocou suas costas em um carinho gentil. Não desviou o olhar das faíscas dançantes, mas ficou extremamente atenta em cada palavra que ele dizia. Continuou assim enquanto se concentrava também para não e chorar para não demonstrar a fraqueza imensa que a dominava, apesar de aquilo já ser claro demais para qualquer um que olhasse, mas sabia que se deslizasse por um segundo revelaria que estava ainda mais frágil do que já aparentava, e como herdeira da Coréia do Norte e irmã mais velha, lutar contra aquela fragilidade era uma missão que a atormentava. O selar em seu rosto fez com que ela soltasse todo o ar que segurou com afinco durante todo o monólogo de Taeul, e logo ele se afastou. Queria responder que estava tudo bem e que já havia o perdoado, mas mais uma vez, se falasse qualquer palavra agora, deixaria claro que estava extremamente quebrada, então deixou ele se afastar em silêncio.
Poucos momentos depois o grupo foi surpreendido pela aproximação de Samjokgu. Haneul já havia o visto antes quando foi em procura da criatura junto com Taeul para implorar sua ajuda naquela missão. Foi assustador, mas por sorte conseguiram, e agora estar com ele por perto parecia mais confortável do que imaginava que seria possível.
O grupo vagou acompanhando o enorme cão que os guiava o máximo possível por um caminho sem os tais bingeos, que agora depois de uma noite inteira de surto e pavor, Haneul finalmente entendia um pouco melhor sobre as criaturas que habitavam aquele lugar horrendo, e entendeu que as visões do dia anterior foram fruto de uma dessas criaturas. É claro que isso não tornava nada mais fácil. A nortenha segurava o arco com força para disfarçar que ainda tremia de tanto pavor por conta das palavras ouvidas, aquilo ainda a atormentava pois no fundo agora já entendia que na verdade, tudo aquilo que ouviu era o que ela pensava sobre si mesma, e o que a dava tanto medo era a possibilidade de que os irmãos também pensassem do mesmo jeito, por mais que as palavras de Taeul na noite anterior provassem o contrário sua insegurança ainda era grande demais.
Não sabia dizer se ainda era manhã, tarde ou noite. Caminharam por tantas horas e a mente da princesa girava tanto que naquele momento se sentia como uma alma perdida. Então talvez essa fosse a sensação de morrer, vagar sem rumo para sempre em meio àquelas árvores horrorosas. O que fazia ela, vez ou outra, lembrar que ainda estava viva, era o rosnado e as reclamações de Lisa, que só queria voltar para casa logo. 
Já estava tão confortável com a presença de Samjokgu e a “proteção” que ele fornecia, que enquanto se perdia nos próprios devaneios, não notou que se afastava do grupo, ficando um pouco para trás. A daemon que acompanhava seu ritmo, apesar de sempre ser uma grande reclamona, dessa vez ficou em silêncio por saber do sofrimento que a princesa passava interiormente, e foi por isso que quando a pantera percebeu o que acontecia e tentou avisá-la, já era tarde demais. 
Seu corpo foi agarrado com força por um grupo de Bigeons voadores que a tiraram do chão e pareciam brigar por ela como se fosse comida. Seu arco caiu enquanto era arrastada para o céu e a nortenha naquele momento não tinha forças nem mesmo para gritar por socorro, na verdade seu pensamento era de que talvez fosse melhor assim. Seria melhor para todos, principalmente para os seus irmãos, se aquelas criaturas a levassem de uma vez. A ajuda só veio quando a pantera rosnou, desesperada, pedindo como podia por ajuda, e enfim conseguiu chamar a atenção de Haoran e Hyuna. Apesar de ambos estarem exaustos, eles conseguiram, com muito esforço, derrotar os Bigeons e resgatar a princesa, que logo estava no chão, agradecendo aos dois como podia. A pantera a rodeou em um quase abraço enquanto a xingava por estar agindo daquele jeito.
Aos poucos, Haneul voltou com Haoran e Hyuna para o grupo que se movia em busca de Gaeul e Hyesu, e aquela caminhada prosseguiu até que por fim, chegaram ao local onde todos estavam reunidos, e na fronteira entre um bosque uma planície, alguns quilômetros à frente estava Hyesu.
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