Tumgik
#armadilhas da mente
silencehq · 1 month
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A ÚLTIMA NOITE
A última noite na ilha de Circe foi regada a um bom jantar montado no salão de refeição. Todos os campistas mais velhos foram convidados a experimentar uma última noite sob a proteção da deusa enquanto as crianças foram encaminhadas para os quartos. Na ponta da mesa, Circe sentava com seu belíssimo e elegante vestido branco, o cabelo loiro bem arrumado, os olhos verdes marcados por um delineador preto e os lábios pintados com um batom vermelho. De ambos os lados da deusa, suas filhas se organizavam em cadeiras próximas à mãe. Todas as Feiticeiras estavam juntas e mais adiante… os semideuses. Parecia uma cena saída de uma visão utópica: Circe e suas filhas sentadas à mesa com homens e nenhum deles tinham traços de animais. Quíron fazia uma conta rápida para checar se estavam todos ali, se alguém havia desaparecido misteriosamente e relaxava apenas quando percebia que não, todos os suscetíveis a entrarem em encrenca, estavam ali para o jantar.
Antes da sobremesa, a deusa se levantou e bateu em uma taça para chamar a atenção de todos. “Boa noite a todos. Hoje é a última noite da minha trégua, amanhã às dez horas da manhã minha ilha deve estar vazia. O portal será fechado sem atrasos e quem ficar do lado de cá, não retornará para o Acampamento. Semideusas que desejem conhecer mais sobre minha magia, minha ilha sempre terá um espaço para vocês. Homens que ousarem permanecer mais do que a trégua estabelecida… serão transformados em porcos e lançados ao mar.” informou tranquilamente, não havia alteração na voz da deusa, apenas falava os fatos. Não se daria ao trabalho de ter mais porquinhos-da-india, dessa vez seriam porcos grandes que seriam descartados. Foram três dias agoniantes onde precisou honrar a promessa, mas agora não tinha mais planos de repetir essa situação. Exceto se eles caíssem de novo na armadilha de sua mãe daqui um século.
“Como vocês cumpriram com a parte de vocês, irei terminar de cumprir com a minha.” a ilha estava toda equipada com armadilhas mágicas e comuns, a tecnologia agora ainda mais presente em seu território mas dessa vez não para o conforto e sim para a defesa. E o mais importante: Os diretores trouxeram o amuleto. O artefato foi recebido mais cedo na Sala do Trono, longe da vista dos curiosos. “Quando eu disse que minha mãe tinha brincado de novo com vocês, eu não imaginava que ela teria feito isso até mesmo com você, Quíron.” a surpresa na voz da deusa se fez presente, deixando claro que não era mesmo algo que esperava. “Essa não é a primeira vez que Hécate usa vocês como marionetes, semideuses. Não é a primeira vez que a fenda se abre no acampamento, não é a primeira vez que um de vocês…” seu olhar desviou brevemente para o tomado, dias atrás, como Traidor. “... e o aprisiona em sua própria mente para que ela possa usá-lo como instrumento de suas vontades. Não é a primeira vez que o Grimórios de Hécate espalha tamanho caos no acampamento.” Circe voltou a se sentar em sua cadeira que mais parecia um trono. Ao contrário dos outros assentos, o seu era de ouro maciço, cravejado com pedras preciosas. “No século vinte, a Segunda Guerra Mundial estourou para os mortais no final da década de trinta. Para nós? Isso começou bem antes. Crianças dos Três Grandes são semideuses de ego elevado, de orgulho maior do que os próprios feitos. Uma guerra entre essas proles acabou gerando o caos no mundo e se espalhou para os mortais de diversos modos. Mas para nós? Tudo começou com a disputa de quem era superior.” a voz da deusa era projetada para que todos no salão conseguissem ouvir a história. Um movimento de sua mão e nas paredes e no teto começaram a surgir projeções da época da guerra. Não de como foi para os mortais, mas sim para os semideuses. Jovens com a camiseta laranja lutavam uns contra os outros, havia monstros no meio das lutas, gigantes, ciclopes, todos estavam misturados. Um completo caos. A também mudava para exibir o Acampamento meio-sangue, mostrando mais de perto as batalhas travadas dentro da própria barreira. E para a surpresa de todos, não apenas a fenda se encontrava aberta, mas os campistas que lutavam tinham a mesma camiseta que Petrus usou como chegou no acampamento. Para quem tinha qualquer dúvida sobre a vinda do garoto daquela época, agora estava claro. Circe rasgava o tempo no ar e mostrava a todos uma breve representação do que foi o verdadeiro início da guerra para eles.
“A fenda é obra de Hades e Hécate. Ambos estavam trabalhando juntos pois desejavam trazer à tona um segredo dos deuses.” o olhar de Circe pairou sobre Dionísio. O deus tinha parado de jantar e apenas encarava a Feiticeira com os olhos roxos parecendo em chamas. Uma carranca severa tomava conta da face do deus. “Um segredo tão antigo quanto o próprio domínio do fogo. Tão antigo… que até os próprios Olimpianos esqueceram. Ou tentam esquecer até hoje.” ela continuou sem titubear diante do olhar do deus do vinho. Nas imagens, para quem prestasse bem atenção, mostrava monstros saindo da fenda, mas passando reto por alguns semideuses, parecendo sequer notá-los enquanto para outros, eles atacavam direto. “A fenda tem uma defesa incrível que será ativada quando os Filhos da Magia tentarem fechá-la. De um jeito que vocês possam entender, a fenda tem um antivírus que irá ser ativado quando vocês forçarem a barreira. Os treinamentos que ensinei nos últimos três dias servirão para ajudá-los, mas o que vocês vão enfrentar pela frente… testará a resistência de todos.” a paz em sua voz não era justa dado o assunto que tratavam, mas Circe não hesitava em falar a verdade, apenas entregava os fatos que conhecia.
“A primeira vez que a fenda foi fechada, houveram tantas perdas que os livros de registros deveriam lotar toda uma sala. Gregos, romanos, egípcios, nórdicos, ninguém estava seguro. O fato de vocês não se lembrarem é preocupante, mas a magia de Hécate é forte o suficiente para nublar a mente das pessoas que poderiam saber sobre a verdade. Não me admira que vocês, crianças tão jovens, não saibam do passado. Não sobrou tantos de vocês para repassar o legado… e quem passou, Hécate roubou a lembrança.” a última parte era praticamente dirigida à Quíron. O centauro parecia impossível em seu lugar, mas os campistas mais antigos conheciam aquela face do líder, ele estava abalado. “A Guerra Esquecida não deixou registros, acredito eu. Há um buraco na história do Acampamento pois é mais seguro não só para os deuses, mas para vocês também. O Silêncio protege a todos, o Silêncio os mantém seguros.” a deusa sorriu de maneira suave, tomando um gole de seu vinho, o olhar de Circe demorou-se no de Dionísio ao beber do líquido avermelhado.
“De qualquer forma… sim, vocês não tinham chance contra Hécate. Nem dá primeira e nem nessa segunda vez.” ela soltou uma risada baixa, balançando a cabeça em negação. Sua mãe adorava golpes baixos, roubar a memória de todos e apagar o registro da guerra? Ah, esplêndido! “O Grimório de Hécate é importante para fechar a fenda, sem ele, vocês não conseguiriam fechá-la. Contudo, ao trazê-lo para o Acampamento, abriram as portas para que minha mãe pudesse prosseguir com seu plano. Algum de vocês leu o feitiço proibido e despertou a Consciência de Hécate.” dessa vez a mensagem era direcionada aos Filhos da Magia. Não tinha conseguido descobrir qual deles fez o Feitiço Proibido e em qual deles a Consciência de Hécate tinha se agarrado. Sua mãe teve quase um século para aperfeiçoar o domínio da Consciência Ativa, quase um século para traçar o plano perfeito… e tudo tinha, ao que parecia, funcionado do jeito que ela desejava.
Exceto por aquela pedra no calo dela chamada a lealdade dos semideuses. Não fosse por essa lealdade, sua Marionete não teria sido protegido ao ser descoberto; a lealdade dos semideuses entre eles e para com o Acampamento, também fez a Marionete lutar contra a Consciência mesmo sem ter chance de vencer. Não gostava de admitir, mas aqueles semideuses eram formidáveis. “Um de vocês carrega a Consciência de Hécate, o último recurso de defesa do Grimório para proteger a fenda. Ao realizar o Feitiço Proibido, um de vocês despertou a Consciência e ela se agarrou a você. Ao realizar o Feitiço, você se tornou uma Marionete de Hécate. E eu acredito que por causa desse feitiço, o filho de Afrodite também foi pego no fogo cruzado. O livre arbítrio de vocês foi retirado no momento em que a fenda se abriu, qualquer decisão tomada os traria para esse momento. O Feitiço Proíbido escolhe quem irá vê-lo, também escolhe em quem ficará preso. Depois de visto, o Feitiço só irá sossegar após ser lido.” a bomba lançada trouxe uma onda de murmúrios entre os semideuses, todos se entreolhavam e murmuravam confusos, assustados. Os Filhos da Magia estavam pálidos, qual deles tinha sido o escolhido pelo Feitiço? “Não posso ajudar a descobrir qual de vocês foi o Escolhido, qual de vocês fez o Feitiço. Sugiro que tentem o máximo não pensar sobre o que leram, sugiro que não digam em voz alta que leram. Se você disser, Eles irão ouvir e virão atrás de você.” o aviso era claro e apesar de enigmático, apesar de ninguém compreender quem seriam Eles, nenhum dos dois culpados pela leitura do feitiço desejavam tentar a sorte. Permaneceram quietos.
“Amanhã quando forem fechar a fenda, tomem cuidado. Lembrem de tudo o que eu ensinei e boa sorte. Boa sorte, semideuses. Porque vocês vão precisar.” se até Circe poderia soar hesitante com aquele último aviso, a situação não deveria ser tão boa ou favorável para eles. “Mas e o segredo? O segredo foi revelado na guerra?” a voz de uma filha de Atena se sobressai por cima das vozes dos outros campistas com a pergunta direcionada à feiticeira. Circe sorriu, negando com a cabeça. “O segredo continua oculto. E não, eu não sei qual é o grande segredo, querida.” mais uma vez ela olhou para Dionísio, o sorriso travesso esticando aqueles lábios carnudos. “Esse segredo não foi confiado a mim, juro pelo rio Estige.” os raios lá fora podiam ser ouvidos dali de dentro. Circe falava a verdade. “Aproveitem o banquete, semideuses. Descansem, amanhã saiam antes das dez horas… e boa sorte.”
O FECHAMENTO DA FENDA
Dar adeus ao céu claro e retornar a uma realidade onde não sabiam se estariam vivos no dia seguinte foi duro. Os semideuses deixavam para trás o paraíso da ilha e pisavam de volta no Acampamento Meio-sangue agora sabendo que aquela fenda já existiu ali quase um século antes. E o pior de tudo? Nem mesmo Quíron lembrava. Alguns semideuses de Atena mal pisaram do outro lado do portal e logo se apressaram para ir até a biblioteca. Todas as sessões eram enumeradas pelos anos, havia pergaminhos de até três séculos atrás; décadas completas, uma sequência de anos ininterrupta. Até 1900. A partir daí, as falhas começavam. Não havia registros de 1933 até 1948. Uma imensa falha, uma ausência de informações como se aquele período simplesmente… não houvesse existido no tempo. A manhã de alguns semideuses foi gasta nisso, mas a dos Filhos das Magia foi direcionada para os últimos preparativos. Todos fortalecidos com a poção de fortalecimento, todos fazendo uma oferenda coletiva no Anfiteatro. Os Patrulheiros se colocavam a postos ao longo da fenda. Suas armas em punho junto com a companhia dos seus subordinados das Equipes de Patrulha. Curandeiros se colocavam diante da Enfermaria prontos com seus aprendizes para socorrer os que precisassem. As crianças foram levadas para a arena e escondidas para que ficassem protegidas. Circe avisou que a fenda tentaria se defender, então todo cuidado era pouco.
A hora havia chegado e no fim da tarde, todos estavam prontos. O ritual poderia começar.
O Grimório de Hécate foi trazido para ficar perto da fenda, os portadores de magia começaram a entoar os feitiços ensinados por Circe e imediatamente a barreira mágica caiu. Ninguém se calou. Patrulheiros seguraram mais firme em suas armas e as vozes dos Filhos da Magia aumentavam de volume.
De repente, a terra tremeu.
A fenda estalou.
Um grito agudo ressoou de dentro da fenda e as vozes dos semideuses gritavam o feitiço mais alto. O grito começou a se aproximar da superfície e os semideuses armados, não apenas os das Equipes de Patrulha ou os Patrulheiros, não, todos os semideuses adultos se colocavam a postos para proteger o próprio lar de uma ameaça desconhecida. Alguns se lembravam das imagens projetadas por Circe e em como os monstros não atacavam todos os semideuses, aqueles monstros eram reais? E se eles não fossem reais? De dentro da fenda para responder essa pergunta, surgia Campe. O monstro híbrido vinha das profundezas do submundo e partia para atacar os campistas. Assim como na projeção, ela passava por alguns ignorando enquanto lançava seu veneno e serpentes em cima de outros. “Ela não é real! Não é real! Não acreditem!” os campistas que não estavam sendo atingidos gritavam para aqueles desafortunados que estavam na linha de ataque do monstro. Mas como assim não era real? Os olhos vermelhos do monstro tentavam mirar o máximo de campistas possíveis, seus gritos aterrorizantes se mesclavam com as vozes em forma de aviso. “Não acreditem no que vêem, ela não vai machucar!” parecia mais fácil falar do que fazer. Santiago Aguillar, de Bóreas, se juntava com Remzi Bakirci para tentar contar o monstro, ambos levando picadas das serpentes que saíam dos pés de Campe. A cauda de escorpião pegava e cheio o ombro de Choi Eunha, de Morfeu.
Como se Campe já não fosse um problema grande o suficiente, a terra tremia mais uma vez e da fenda saía uma hidra. Pelos deuses, de novo! Os olhos vermelhos da hidra buscavam vítimas, mas assim como Campe, ignorava alguns semideuses. “A defesa é não acreditar!” gritou Antonia Baptista de Atena. “Não acreditem! Não haverá perigo!” talvez para o chalé seis aquela dica fizesse sentido, mas para os outros? A resposta imediata, a defesa mais eficaz era o ataque. Uma das cabeças da Hidra cuspiu fogo e atingiu Sophie Zhi do chalé de Nêmesis e Octavia Odebrecht, do chalé de Deimos enquanto as semideusas tentavam acertar uma daquelas cabeças malditas em uma estratégia relâmpago; para quem viu o ataque, foi assustador a forma como as duas caíram após aquilo; Sophie pareceu desorientada, apenas machucada, mas Octavia? Despertou a preocupação dos curandeiros ao não se levantar. As proles de Nyx, Damon Addams e Alina Eberhardt tentaram se colocar no ataque direto, mas uma das cabeças da Hidra atirou veneno na direção dos dois, impedindo uma aproximação maior. Foi então que Dylan Haites entrou em cena, o semideus de Perséfone pareceu ser tomado por uma determinação invejável e se lançou para atrair a atenção da cabeça da Hidra para que ela não tentasse matar os dois semideuses de Nyx.
A caçadora de Ártemis, Isabella Nicholson, com seu arco, atingiu uma flecha certeira em Campe que deveria matar o monstro… mas não funcionou. Pareceu a enfurecer ainda mais.
Uma explosão de magia vermelha, contudo, fez todo mundo parar.
Até os Filhos da Magia.
Os monstros paravam de costas para a fenda e de frente para os semideuses, aqueles tentáculos vermelhos de magia seguravam os semideuses no lugar como no dia da visão do Defeito Fatal. Assustados, os campistas olharam para onde os Filhos da Magia estavam. E a surpresa se espalhou por todos ao ver Héktor, filho de Hécate, flutuando junto com o Grimório de Hécate. Os olhos do semideus brilhavam em um castanho ativo, seu corpo estava coberto agora com um sobretudo preto mas o capuz estava abaixado. A face do semideus parecia neutra, quem o conhecia sabia que aquela expressão não era dele. Em sua mão direita, a Marca de Hécate brilhava em um tom dourado. Quando a voz feminina de Hécate falou, não veio dele.
Veio de Estelle.
Estelle Sawyer, filha de Circe, com sua magia dourada e branca em volta do Grimório. Assim como Héktor, exibia a Marca de Hécate na mão, também na cor dourada.
A semideusa também ostentava vestes pretas, o sobretudo começava a aparecer diante da vista de todos mas também não tinha o capuz erguido dessa vez. Seu corpo flutuou para ficar ao lado de Héktor, ambos com o grimório perto. Os olhos azuis de Estelle brilhavam de maneira viva. “Vocês roubaram meu Grimório, vocês invadiram minha Caverna Sagrada. Vocês, semideuses, estão tentando fechar a fenda.” a voz da deusa soava limpa e clara da boca da filha de Circe mas logo começou a soar também da boca do próprio filho, ambos em sincronia. “Vocês não são páreos para minha magia. O segredo precisa ser revelado, o Silêncio irá cair e o Olimpo sucumbirá em conjunto. ” parte da profecia era entoada pela deusa de outro ângulo, perto da Casa Grande, Maxime Dubois, de Afrodite, era erguido também do chão. Seus olhos brilhavam com uma mistura do azul e do castanho dos dois outros Traidores, a magia que envolvia o semideus era uma combinação do vermelho de Héktor com o branco e dourado de Estelle. A Consciência de Hécate não tinha mantido apenas um Traidor da Magia, mas sim três. E os três agora atuavam em conjunto, os monstros servindo como auxílio para tentar impedir o fechamento da fenda. Ou essa era a ideia, se mais uma vez a tal lealdade para com o acampamento não atrapalhasse um pouco a segurança do plano de Hécate. Começou com Estelle soltou um grito agoniado, a magia branca e dourada vacilando largando alguns semideuses e a imagem da hidra falhando. Héktor soltou o grito em seguida e a figura de Campe também tremulou. Sem a magia dos dois por completo, não havia como manter Maxime no ar. Os monstros gritaram em seguida, retomando os ataques agora que os semideuses estavam livres dos tentáculos da magia.
A batalha parecia menos aquecida agora que a convicção se espalhava aos poucos e eles tentavam lembrar do aviso de que os monstros não eram reais. Os Filhos da Magia voltaram a entoar os cânticos do feitiço do fechamento da fenda e para reforçar os ataques, o som de um gritos femininos começaram a soar de repente. Gritos de guerra. Flechas prateadas cortaram o ar na direção dos monstros mas não para matá-los e sim para formar uma barreira de energia que os impedia de se aproximar dos semideuses. Os mais atentos olharam rapidamente para a Colina Meio Sangue e a figura imponente de Thalia Grace aparecia no meio das Caçadoras. Um grupo de quinze garotas se aproximava às pressas para reforçar a defesa. “Para trás, todos para trás!” a Tenente de Ártemis gritou para afastar os semideuses da fenda. A terra voltava a tremer, mas agora parecia sugar tudo o que estava por perto. A gravidade aumentava e atraía o próprio solo para dentro da fenda, atraía madeiras, brinquedos da área de lazer, árvores eram arrancadas em suas raízes. Tudo parecia ser puxado para dentro da fenda.
A segunda explosão de magia foi mais forte e deixou todos com os ouvidos zumbindo. No chão, os três Traidores da Magia se encontravam caídos e desacordados. O que havia acontecido? O Grimório de Hécate começava a expelir uma gosma preta que pingava no chão e adentrava no solo, desaparecendo da vista de todos. Os gritos dos campistas eram de socorro, de desespero, tentavam a todo custo escapar daquela força que os puxava para dentro da fenda. Os Filhos da Magia aumentaram as vozes pois aquele puxão, aquela força que puxava tudo para dentro era o feitiço fazendo efeito. As Caçadoras ajudavam os campistas a saírem da zona de perigo, observando os monstros terem suas figuras sendo puxadas para dentro da fenda enquanto tremulavam com os olhos vermelhos se apagando antes que sumissem em uma nuvem de poeira cinza. Estavam mortos? Ou nunca existiram? O drakon meses atrás também teve um fim igual, com os olhos vermelhos espalhou destruição e foi morto rapidamente com um único golpe. Aqueles monstros eram mesmo reais?
A terceira explosão de magia não foi apenas vermelha, foi aquela mistura tenebrosa das cores das magias dos dois campistas. Levantou uma nuvem de poeira tão grande que ninguém conseguia ver nada. Tosses foram ouvidas de todos os lados e as vozes dos Filhos da Magia finalmente… pararam. Aos poucos, a poeira baixou.
E todos podiam ver que a fenda se foi. No céu, apesar das nuvens, uma aurora verde iluminava a imensidão, pareciam se misturar com as nuvens para exibir um belo cenário aos olhos de todos. As luzes flutuavam no céu, uma mistura de diferentes tons de verde. Era lindo. O silêncio reinou por alguns segundos antes que o acampamento fosse tomado por gritos de vitória. Todos gritavam vitoriosos, se cumprimentavam. Os curandeiros começavam a recolher os feridos e trazer os Traidores também para dentro da enfermaria, precisavam checar se a magia de Hécate os tinha ferido além do reparo, se estavam vivos. As mãos deles estavam livres da Marca de Hécate. Eles estavam livres. Daquela situação, todos eram heróis, conseguiram salvar o acampamento.
Para garantir que todos estavam seguros, Quíron sugeriu que os Conselheiros dos Chalés fizessem a contagem de seus campistas e quais estavam mais feridos, quais tinham escapado ilesos. Por causa dessa instrução, após a poeira abaixar completamente, demorou apenas dez minutos para que os murmúrios começassem. Onde estavam Melis Sezgin, Katrina Dela Cruz, Brooklyn Edwards e Aurora Elysius para iniciar as chamadas do chalé de Hermes, Éris, Dionísio e Quione, respectivamente? A conselheira de Ares passava gritando o nome de Arthur Lecomte e o de Nêmesis procurava Tadeu Basir. Esses semideuses, por que não apareciam? Meia hora depois a resposta viria.
Eles estavam desaparecidos. O palpite mais forte? Os seis semideuses caíram na fenda. E agora com a fenda fechada, não dava sequer para saber se estavam vivos.
TRAIDORES DA MAGIA:
Sim, como puderam ver, surpresa! Não tínhamos um, mas sim três capturados por Hécate para servirem de suas Marionetes. A Consciência de Hécate foi liberta a partir da leitura do Feitiço Proíbido e se infiltrou no inconsciente de Héktor, filho de Hécate. A partir daí, tudo começou a fluir de acordo com o plano de Hécate. Teremos mais informações sobre isso nos BASTIDORES DOS ATAQUES, onde vocês vão conhecer o motivo de cada Traidor ter sido pego pela deusa. Mas torno a lembrar para que não fiquem dúvidas: Esses três foram vítimas da magia de Hécate.
Atualmente a magia da deusa os esgotou. O ataque se enfraqueceu pois, como Circe avisou a lealdade dos campistas para com o acampamento, �� algo que Hécate não tem como corromper. Então sim, devido a essa lealdade, o ataque de Hécate não foi tão eficaz e os três começaram a reagir, caberá aos players fazerem POV/e/ou/Headcanons sobre o momento em que despertam e lutam internamente contra a Consciência de Hécate.
Os três Traidores da Magia foram encaminhados para a enfermaria, onde irão se recuperar.
OS MONSTROS
O Drakon que atacou o acampamento tempos atrás? Surpresa! Não era real! Os olhos vermelhos indicavam a magia do filho de Hécate sendo manipulado pela Consciência de Hécate a trazer a criatura ilusória de dentro da fenda. Por isso os olhos do Drakon eram vermelhos e não amarelos, por isso ele morreu tão rápido com um golpe, por isso o Drakon se desfez com tanta facilidade sem deixar rastros para trás.
Cada vez que alguém chegava perto de começar a fazer o feitiço para fechar a fenda corretamente, a Convivência de Hécate precisava reagir. Os monstros no bosque, porém, deste mesmo ataque — os escorpiões e as formigas — foram reais. Eles surgiram porque o território deles foi perturbado.
Hidra, Campe e o Drakon, porém, todos não passaram de uma ilusão. Para os mais nerds de magia, esse tipo de feitiço é chamados de Monstros Ilusórios. Eles são impulsionados pelo medo e por quão longe quem estiver na frente deles acreditam no que vêem. Eles são capazes de machucar como monstros reais, mas não conseguiram matar ninguém. Quanto mais acreditam que um Monstro Ilusório é real, mais força ele terá. Por isso o Drakon parecia tão forte, porque todos acreditavam que era real, apesar dele não oferecer um perigo mortal pois simplesmente… não era real.
Campe e a Hidra não estavam tão fortes por causa do aviso de Circe, alguns semideuses podem ter mantido isso em mente e se prepararam para perceber que os ataques teriam truques. Tanto que a cena exibida na projeção no salão do refeitório mostrava justamente isso também. Um Monstro Ilusório.
PATRULHEIROS, FERREIROS E ESTRATEGISTAS:
Patrulheiros e suas equipes de patrulha foram responsáveis por serem a linha de frente da batalha.
Estrategistas, vocês levam o crédito pelas estratégias montadas para a defesa.
Ferreiros, vocês levam o crédito pelas armadilhas montadas para uma defesa que os campistas não sabiam o que estava por vir, as armas montadas e ofertadas aos campistas especialmente para esse confronto.
REGALIAS
Como todo evento ou drop desde que os dracmas foram instalados, vocês também terão recompensas a partir deste.
PRIMEIRA RECOMPENSA:
TODOS os campistas ganharam uma arma nova feita pelos Ferreiros. É novamente uma arma simples pois vocês poderão turbinar com dracmas.
Para ganhar é simples, basta postar um HEADCANON sobre a arma. Sim, dessa vez precisa ser um post de Headcanon. 20 linhas sendo o mínimo.
Vocês podem abordar detalhes sobre a arma como por exemplo: o tipo da lâmina (qual metal divino ela é feita? É de ferro estígio? ouro imperial? bronze celestial?); que tipo de arma ela é? (um arco e flecha? uma espada? uma adaga? um machado? qualquer tipo!) ; por que seu campista escolheu essa arma? Qual foi a motivação para ter essa arma como sua escolha?
Após postado o Headcanon, o post deve ser encaminhado para o chat da TVH para que possamos validar sua arma! E vale ressaltar que é UMA ARMA, não duas ou três, não, é apenas UMA ARMA. Nada de armas gêmeas ou kits, ok?
SEGUNDA RECOMPENSA
Um POV ou HEADCANON sobre o drop, podendo ser sobre o momento do caos dos monstros, a luta, seu personagens sendo ferido ou ajudando colegas, sobre a descoberta que havia pessoas desaparecidas, qualquer coisa vale! A pontuação é individual, seu campista pontua sobre seu POV, mas claro que vocês podem citar colegas ou Npcs canons!
Interações sobre os assuntos anteriormente citados, serão duas interação que irão contar para a pontuação assim como foi no evento da ilha de Circe.
POV OU HEADCANON: 50 dracmas
INTERAÇÃO: 25 dracmas cada
Os dracmas não são acumulativos, você escolhe fazer ou duas interações ou então você escolhe entre POV e Headcanon, ok? A quantidade máxima de dracmas para tirar disso é 50 e todos terão as mesmas chances.
ESSA REGALIA TAMBÉM VALE PARA QUEM ENTRAR DEPOIS!
Quem entrar depois no rp também poderá fazer um HEADCANON para ganhar a arma.
E sobre os dracmas: Exceto a parte das interações, quem entrar depois e quiser os 50 dracmas terá que escolher entre POV ou Headcanons.
SEMIDEUSES CITADOS E SEUS PAPÉIS:
Como é uma batalha sofrida e perigosa, todos podem se machucar! Qualquer um que não tenha sido citado, pode ter se machucado. Porém não gravemente. Os feridos graves foram citados no texto e são eles:
POR CAMPE: Santiago Aguillar, Remzi Bakirci, Choi Eunha. ( @aguillar ; @bakrci ; @notodreamin )
PELA HIDRA: Sophie Zhi, Octavia Odebrecht, Damon Addams e Alina Eberhardt. ( @wvnzhi ; @oct3terror ; @sonofnyx ; @nyctophiliesblog )
Também tivemos alguns papéis a destacar:
Antonia Baptista, avisando sobre a armadilha. ( @arktoib )
Dylan Haites, tirando a atenção da Hidra dos filhos de Nyx. ( @dylanhaites )
Isabela Nicholson, atirando a flecha que deveria matar Campe, mas não a matou. ( @izzynichs )
CAÍDOS:
Melis Sezgin, Katrina Dela Cruz, Brooklyn Edwards, Tadeu Basir, Arthur Lecomte e Aurora Elysius. ( @melisezgin ; @kretina ; @sinestbrook ; @nemesiseyes ; @lleccmte e @stcnecoldd )
TRAIDORES:
Estelle Sawyer; Maxime Dubois e Héktor. ( @stellesawyr ; @maximeloi ; @somaisumsemideus )
OOC
FINALMENTE FECHAMOS A FENDA! Okay que tivemos algumas perdas mas... vamos trabalhar para trazer os Caídos de volta! Agora estamos divididos entre Caídos e Superfície, Maduros e Verdes.
Essa situação dos caídos vai se desenrolar rapidamente, não será algo que vamos arrastar por muito tempo pois não é viável manter os semideuses separados do grupo todo, não faria sentido manter separado assim, certo? Então será um plot de TRÊS SEMANAS como as missões.
NÃO TEREMOS DROP nessas três semanas seguintes, teremos apenas ambientações. Atualizações sobre os Caídos. As informações sobre isso estão vindo aí de 15h HOJE. Não será antes porque... bem, nossa seleção vai atrás de uma medalha e vamos apoiar nossas meninas assistindo!!!
Vocês vão ganhar também, como prometido, OS BASTIDORES DOS ATAQUES, virá manhã a noite para dar um descanso a vocês de leitura.
Temos tags para POVS e Headcanons: #SWF:RITUAL
Sobre as regalias: LEMBREM DE NOS ENVIAR NO CHAT DA TVH! Quem não enviar, não será contabilizado oficialmente ok?
Aos Traidores, muito obrigado por acreditarem na minha loucura. Agora é com vocês! Aos Caídos .... obrigado por caírem de cabeça nessa mini aventura. Aos demais... surpresas estão vindo aí daqui a pouquinho, se preparem.
ESSA FOI A PARTE 1 do drop #06 porque a leitura está imensa, como não quero sobrecarregar vocês, dividi em duas partes. Mas não se preocupem, AINDA HOJE teremos a segunda parte. Sairá às 15h. E outro detalhe, será SOBRE OS CAÍDOS, então quem estiver na superfície, a parte 2 não será de conhecimento dos vossos personagens.
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projetovelhopoema · 2 months
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A bondade é uma virtude preciosa, uma chama que ilumina os recantos escuros das nossas vidas. Mas, como toda luz, ela deve ser dosada, controlada ou acaba nos deixando com problemas para enxergar certas coisas. Ser bom demais, sem sabedoria, é abrir as portas da alma para aqueles que não conhecem o verdadeiro significado da confiança. E é aí que a bondade se transforma em uma armadilha, onde a inocência se confunde com a ingenuidade. A vida me ensinou que a bondade sem limites pode nos transformar em marionetes nas mãos de quem não a merece. E que a confiança é um tesouro raro, que deve ser dado com cautela. Em um mundo onde as intenções nem sempre são puras é preciso aprender a equilibrar o coração e a mente, a compaixão e a prudência. Certa vez eu abri o meu coração a alguém que pensei ser digno da minha confiança… Fui generoso, fui paciente, fui um bom ouvinte, fui um bom apoio, ofereci a minha ajuda, a minha amizade e a minha lealdade. Mas, com o tempo percebi que o meu gesto foi visto como uma fraqueza, eu tive a minha bondade explorada e a minha confiança traída. A decepção foi um golpe duro, uma lição amarga que causou danos e cicatrizes na minha alma. No entanto, não permiti que a amargura sufocasse minha capacidade de ser bom, mas eu aprendi que a bondade verdadeira não é cega, mas lúcida. Ela sabe reconhecer aqueles que merecem seu brilho e aqueles que só querem se aproveitar de sua luz. Agora a confiança é um presente que ofereço apenas a quem prova com ações sinceras de que é digno dela. Ser bondoso não é ser bobo, é um ato de coragem e sabedoria, é manter o coração aberto, mas com a consciência alerta. Porque a bondade quando bem dosada, tem o poder de transformar vidas, de criar laços genuínos e de construir um mundo onde a confiança é um bem inestimável. E assim, sigo meu caminho, cultivando a bondade e oferecendo a confiança com cuidado. Porque ser bom é um dom, mas ser ingênuo na bondade é uma escolha.
— Diego em Relicário dos poetas.
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marrziy · 10 months
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Rafe Cameron x Male Reader
Entre Tapas, Ciúmes e Fodas (2/3)
Link: Parte 1
Avisos: relacionamento tóxico, palavrões, briga, discussão, violência, descrição de sangue e ferida.
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Foi ano passado que Rafe enfiou um canudinho no meu peito e começou a sugar os fragmentos de bom senso que compunham o meu caráter, deixando apenas o melhor do pior de mim, extraindo uma versão de mim mesmo que se harmonizava com a dele, ao mesmo tempo em que era tão reativa e corrosiva.
Somos parecidos, temos o combo do psicológico trincado, com problemas similares que espelham nossas personas. Encontrei nele, alguém que sabe bem como é ter uma cabeça fodida e entende o peso infernal disso.
Mas, no fim das contas, somos um caso perdido; juntos, só fazemos mal um ao outro. Ser parecido nem sempre é um bom sinal, às vezes, a equação de um mais um é igual a 'ele me machuca e eu machuco ele'.
Conheci o lado insano de Rafe após o nosso primeiro beijo. Ele era minha carona para uma festa na praia dos Pogues. Foi um período especial, pois estávamos no último ano do colégio, faltava pouco para a formatura e festejar nunca foi tão gostoso. Após virarmos copos e mais copos de álcool garganta abaixo, foi necessário apenas um olhar mútuo para concretizar o que já estava evidente. A encarada cruzada nos levou até o carro estacionado. A intenção de dar fim ao desejo que assolava a pele, estava fixada em nossas mentes embriagadas.
No banco traseiro, fizemos o carro balançar, transamos como se aquele tempo acalorado fosse o nosso último lapso de luxúria.
O toque intenso de Rafe deixou marcas, infelizmente nem todas foram literais. Olhar para os vergões nas minhas coxas e os roxos no pescoço era o de menos quando minha mente insistia em relembrar das sensações que me assolaram enquanto Rafe coloria minha carne.
Muito antes desse dia, um sentimento avassalador apunhalava meu peito. Minha paixão estúpida foi confirmada naquele domingo de verão festeiro, mas para Rafe, ele estava apenas bêbado.
Na segunda ficada ele estava chapado, na terceira foi por ele não ter achado ninguém, na quarta foi por eu ser o buraco mais próximo e a partir da quinta foda, ele já não tinha mais desculpas para disfarçar seu interesse vicioso em mim.
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— É, tô sim. Sua irmã é boa organizando festas e JJ é uma ótima companhia. – meu tom apático maqueia a mágoa raivosa que faz meu interior borbulhar. Encaro Rafe com indiferença, enfrentando seu olhar determinado que batalha contra meu disfarce de quem não quer nada. — Agora, se me der licença, vou voltar a me divertir. – elevo a voz no "voltar", insinuando que com Rafe, qualquer bom sentimento é substituído pelo oposto extremo.
Ao invés de seguir meu caminho, passo os próximos segundos imóvel, querendo saber o que Rafe faria ou diria. Ele morde os lábios e desvia o olhar, seu corpo está tenso e suas mãos inquietas. Deixo escapar um riso soprado ao sentir familiaridade com a imagem de Rafe tentando se controlar, internalizando sua instabilidade. Ele fica assim quando as coisas não ocorrem como planejado. É intrigante presenciar sua tentativa desesperada de não surtar, mas qualquer coisa longe desse cara me soa mais convidativa, então passo por ele, esbarrando em seu ombro propositalmente.
— Espera aí! – a voz de Rafe vem acompanhada do seu toque firme. Ele segura meu pulso, me parando. Eu me viro em sua direção novamente e puxo meu braço com certa força, cortando o contato. Nossa interação captura a atenção de algumas pessoas próximas. — Precisamos conversar. – Rafe levanta as mãos na altura dos ombros e recua alguns passos. Sua voz, agora mansa e mais baixa, se assemelha a um sussurro.
Armadilha.
— Não temos nada pra conversar, Cameron. – Rafe franze as sobrancelhas quando o chamo pelo sobrenome. — Você deixou as coisas bem claras enquanto engolia aquela garota na minha frente. – minha frustração me guia até Rafe. Com a ponta do dedo indicador, pressiono seu peitoral repetidas vezes, uma mais intensa que a outra até fazê-lo tombar o torso. — Ela foi só um caso de um dia ou você também a fez de trouxa? Disse coisas bonitas, a elogiou, fez promessas...? – meu sorriso forçado contrasta com a raiva nos meus olhos marejados. Tudo em Rafe me irrita, tenho que me segurar para não levar meu punho fechado até seu belo rosto.
Ele olha ao redor, parecendo perceber o ambiente cheio e as pessoas que nos observam. — Porra, para de fazer cena! Vamos pra um lugar privado. – Rafe, meramente acuado, me encara com convicção, como se o caminho sugerido por ele fosse o único viável.
Solto uma risada incrédula, cobrindo minha boca antes que eu me contagie e comece a rir escandalosamente. — Tomar no cu você não quer, né? Vai se foder, Rafe. Pega um facão e usa de consolo.
Antes de me afastar, sinto uma necessidade ardente de deixar clara a nossa situação.
— Acabou. Nem por mil fodas eu toparia ter qualquer vínculo com você. Por favor, não me procure mais. Só some, caralho!
Mentira.
Enquanto adentro a floresta de corpos animados, a música alta dilacera qualquer pensamento pé no chão que possa aflorar ao passo que nutre uma sensação equivocada de poder e falsa noção de controle. No fundo, eu sei que se Rafe não me procurar, eu irei atrás dele. Ser dependente de uma pessoa é uma droga, ainda mais se o indivíduo for um filha da puta do caralho.
Assim que Rafe sumiu de vista e passou a ser somente memória, eu o ouço ao fundo, suas palavras próximas e seus passos ligeiros complementando o som que vem das várias caixas eletrônicas espalhadas pela casa. Foi tudo tão rápido que eu sequer soube como reagir.
— Você é tão teimoso, puta merda! – a mão de Rafe envolve meu antebraço. A força investida provavelmente deixará marcas, isso se já não deixou após o puxão que Rafe impulsiona, me arrastando consigo, guiando o caminho enquanto eu, inicialmente, apenas o sigo. Tenho um vislumbre avulso do semblante fechado de Rafe, sua irritação mais que evidente, esboçada em seu rosto e praticamente desenhada com suas ações.
Me encontro no início da escadaria, com Rafe me levando até o segundo andar. Tomo atitude quando sinto os músculos da região pressionada doerem. A dor leve, porém incômoda, me desperta do choque inicial e eu passo a puxar meu braço ao mesmo tempo que, com a mão livre, tento afastar os dedos Rafe, que rodeiam meu braço firmemente.
— Mas que merda, Rafe! Caralho! – eu xingo bravamente após Rafe responder meus protestos com um puxão potente, me fazendo tropeçar nos degraus da escada. Minha cara quase marca um date com o chão. — Seu pensador tá funcionando? Qual a porra do seu problema?!
Minha voz murcha a cada palavra e eu desisto de investir em uma discussão quando olho em volta e percebo uma boa parcela da festa parando de curtir a música para dar palco ao nosso showzinho. Muitos cochicham entre si. Eu me pergunto qual boato irá se espalhar para já inventar uma explicação para dar aos meus pais. Me contenho e apenas acompanho Rafe, não querendo dar conteúdo aos curiosos.
Encaro as costas do loiro mortalmente durante todo o percurso, desejando que as leis universais mudem as regras e aceitem o olhar feio como uma forma de assassinato.
A regata branca por baixo da camisa xadrez de tecido quase transparente ressalta os músculos das costas de Rafe, e ao caminhar, sua ossada flexionando destaca cada pedacinho da sua musculatura forte.
Me amaldiçoo por reparar nessas coisas em um momento feito esse, mas não tiro os olhos. Os bíceps de Rafe contraindo capturam minha atenção. Eu culpo o tesão acumulado.
Que inferno! Por que tão gostoso?
— Já pode soltar, eu tô indo! – à medida que trilhamos o corredor até o quarto de Rafe, a música cai alguns tons, ficando abafada conforme nos distanciamos do movimento. O Cameron me ignora, não me soltando nem para destrancar a maldita porta. O máximo que recebi até o momento foi seu olhar fechado, a expressão neutra e séria de sempre, a marra à qual costumo me render.
Ao entrarmos no belo cômodo, cantinho esse tão familiar para o meu eu nostálgico, Rafe tranca a porta com nós dois ali dentro. O barulho da fechadura é o ponto de largada que me faz mandar o autocontrole pra casa do caralho. Sem uma platéia para presenciar, não há muito que me impeça de deixar o meu rancor fluir.
Influenciado pela amargura aglomerada no peito, agarro o pulso de Rafe, afundando minhas unhas em sua carne. Eu retiro sua mão do meu braço, acariciando o local avermelhado e me distanciando alguns passos. Ao ver a marca de seus dedos no meu corpo, sinto a revolta palpitar dos pés a cabeça. Rafe alisar o pulso após meu contato ríspido com sua pele me deixa minimamente satisfeito.
— O que você quer? Diz logo, aí eu saio daqui e faço questão de nunca mais olhar na tua cara. – concentro meus péssimos sentimentos na ponta da língua e dos dedos. Estou a um passo de mostrar a Rafe o quão parecidos somos, o quão igualmente imperfeitos e instáveis podemos ser.
Dois desequilibrados em uma sala... O que poderia dar errado?
— Por que cê tá me evitando? Te mandei um monte de mensagens e você ignorou todas! Tentei ir na sua casa, seus pais não estavam e os empregados não me deixaram entrar. Porra... Até o seu aniversário eu perdi! – Rafe gesticula, movimentando as mãos freneticamente. — Eu não vejo aquilo que rolou na fogueira como um motivo, porquê eu e você não estamos em um relacionamento, ficar sentido por aquilo é ridículo!
Rafe se aproxima, segurando meus ombros com ambas as mãos. Vejo a confusão em suas orbes brilhosas. Ele não tenta apenas me convencer, mas também tenta provar a si mesmo que tudo não passa de uma intriga banal.
— Cê tá zoando, né? – meus lábios se curvam em um sorriso incrédulo. Assimilar as palavras de Rafe me faz franzir as sobrancelhas e pensar se ele realmente quis dizer aquilo. — Não estamos namorando, mas a única coisa que faltava era oficializar essa merda! O que tínhamos não era apenas carnal e você sabe disso, você mesmo disse, várias vezes! – as palavras saem com dificuldade da minha boca. Sinto minha garganta fazer nó ao lembrar das declarações de Rafe, do futuro que ele prometia e de todas as vezes que ele falou e demostrou que eu era especial, que a gente era algo único.
As normas não diziam que éramos exclusivos um para o outro, mas tudo caminhava para que algum dia, fossemos, e quebrar a cara, tendo a confirmação do contrário bem na sua frente, era doloroso.
Mas ao mesmo tempo eu me pergunto o porquê, já que Rafe parecia me querer na mesma intensidade que eu o queria. Acabo vendo essa situação como uma oportunidade para calar meus questionamentos e talvez dar fim ao desalento que me assola, então sufoco Rafe com perguntas, decidido a tirar dele as explicações que eu mereço.
— Foi realmente especial como você tanto dizia, ou tudo não passou de mentira? – agora é Rafe quem regride passos enquanto eu me aproximo do seu corpo vacilante. — Tudo que você já declarou a mim não valeu de nada? Algo que você já disse, alguma daquelas palavras bonitas, as coisas que você dizia sentir por mim... Alguma coisa foi sincera?
— Foi sincero! Cada palavra! – os lábios de Rafe se movem trêmulos, sua ansiedade evidente a cada gesto nervoso. Seu discurso é ligeiro, sua necessidade aflituosa de se explicar o faz transitar a fala, empurrando as palavras para fora sem pausa, ignorando a própria necessidade de respirar. — Eu me sinto a pessoa mais sortuda do mundo por ter te encontrado no meio de tanta gente. Você é meu porto seguro, ao seu lado, consigo passar o tempo sem pensar nas porcarias que tenho que lidar todos os dias. Consigo ser alguém diferente nos nossos momentos bons, chego a pensar que tenho salvação. A vida é tão menos vida longe de você... então por favor, acredite em mim quando digo que tudo que eu já declarei a você, sem excluir nenhuma palavra, veio do sentimento mais sincero que guardo no peito!
— Eu não acredito em você. – desvio o olhar, fraco demais para suportar o vislumbre da minha perdição. Sinto-me incapaz de permanecer com os olhos em Rafe, vendo nele a mesma fragilidade que possuiu minha alma quando senti nossa união danosa vazar entre meus dedos.
A constatação, mesmo que inserta de que algo bizarramente bom está morrendo, faz o peito arder. Rafe, tão quebrável, parece entender como eu me senti ao vê-lo se desprender do nosso elo especial.
— Queria acreditar, meu Deus do céu, como eu queria! Mas se fosse mesmo verdade, você não trataria algo que diz ter tanto apreço, como algo descartável, como um nada sem valor! – a porta de correr que divide o quarto da sacada está escancarada, dando passagem para a brisa gélida. Abraço meu corpo, esquentando os braços com o esfregar das mãos, pelo frio e por meu almejo de saciar minha necessidade de um abraço. — Você agarra essa coisa com todas as suas forças, cultiva e faz de tudo para que dure... Você simplesmente não joga tudo no lixo do dia pra noite!
O ar enche os pulmões do Cameron em descompasso, seu peito sobe e desce desregulado, cronometrando uma erupção de hora não marcada que a qualquer momento virá à tona.
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Com Rafe, as coisas simplesmente aconteceram, tão naturais e graduais que eu não sei apontar o ponto de partida de nenhum avanço. Começamos a empatar quando não víamos necessidade e tampouco tínhamos vontade de buscar outros corpos além dos nossos. Me sentia grato por isso, pois quando o ciúme impregnou nossa redoma, o último cara que beijei além do Cameron, acabou sem os dois dentes da frente e Rafe ficou com a marca da arcada dentária do coitado no punho.
Estávamos tão imersos em nós, que esconder não era mais prioridade. Evitávamos expor a Deus e o mundo, mas se Deus e o mundo descobrissem... que se dane.
Mas para Rafe, seu pai era uma excessão que não fazia parte dessa exclusão.
O loiro, que tanto já se afundou, permaneceu na busca do orgulho ou mínima satisfação paterna, abdicando, muitas vezes, das próprias vontades para conseguir míseras migalhas do pai. Rafe já ultrapassou muitos limites para agradar Ward, agindo cegamente, concretizando coisas absurdas e as escondendo debaixo do tapete. Não estou situado sobre a maioria dessas merdas e não sei se gostaria de estar.
Mas os sinais estavam aí, eu que preferi ignorar.
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— Não é simples como você faz parecer! – o marejar nos olhos de Rafe não traz apenas frustração, ele parece triste. — Nunca é simples... É tudo sempre tão complicado! – ele anda sem mudar de lugar, circulando no mesmo pedaço de chão enquanto gesticula sem propósito, sem apoio. — Você tem que entender que não é só sobre o que eu quero... Porque sem sombra de dúvidas, é você que eu quero!
— Então é sobre o querer de quem, Rafe? – eu questiono, com o chute certeiro da resposta piscando na minha cabeça.
Ward.
— Meu pai acha que isso é coisa de momento, ele não acredita no que temos... Ele disse que eu sou um jovem curioso, que estou aproveitando os prazeres da vida e que quando for hora de virar homem... – Rafe engole o embargo na garganta e eu tento não me influenciar por suas lágrimas presas. — Vou perceber que isso não passou de desejo, que todo homem tem dessas... Ele falou que vou deixar isso de lado e focar no que interessa.
Nada tira da minha cabeça que o senhor Cameron já deu o rabo e gostou. Certeza que ele se casou e teve filhos para evitar o vício na queimação de rosca.
— E você concorda com isso? O que interessa pra você? De verdade... – diminuo nossa distância. Face a face, me perco naqueles olhos, um mar azul de marejo. — Você não precisa disso, não tem que ser assim! Rafe... O que você quer? O que é importante pra você? Pra você! Não para o seu pai. Me diz...
Minhas palavras são passíveis para qualquer resposta, mas no fundo, estou implorando para que Rafe diga que nós dois somos o que importa.
E lá estava eu, rendido novamente.
— O que eu quero não importa... Enfim, se era um porquê que você queria, aí está ele. Beijei aquela garota por não ver um futuro com você. Eu sou um kook, um herdeiro, meu destino é assumir o sobrenome da família e expandir o nosso sangue. – não sinto veracidade nas palavras vacilantes de Rafe, vejo apenas um cara carente pelo afeto do pai replicando o querer do tal para preencher um buraco vazio.
Estou farto.
— Então você não se importa se eu descer lá pra baixo e dar de língua na boca gostosa do JJ? – meu sorriso é instantâneo quando vejo Rafe me encarar de imediato, seus olhos cerrados e a expressão se tornando irritadiça.
Cansado de me frustrar com as questões pertinentes do loiro e magoado demais para insistir, apenas jogo tudo para os ares, fingindo aceitar a situação e encarnando num falso foda-se.
A máscara de Rafe cai com ele demonstrando incômodo de prontidão.
O Cameron prende o olhar no presente de JJ no meu pescoço. Notei sua curiosidade quanto ao colar minutos atrás, mas agora, mencionando o Maybank, ele foca totalmente no objeto, encucado e nervoso, provavelmente por nutrir suspeitas, já que antes de me ver conversando com o Pogue, eu não usava nada naquela parte do corpo.
— Que merda é essa no seu pescoço?
— Eu fiz uma pergunta antes de você, gracinha. Você tem que me responder primeiro.
— Foda-se a porra da sua pergunta! De onde você tirou isso? – Rafe inclina o corpo sobre a minha figura imóvel, usando a ponta do indicador como gancho para agarrar o cordão preto que envolve meu pescoço.
— Você é ridículo! – um sorriso de escárnio enfeita meus lábios e um riso quase me escapa. A situação é tão inacreditável que não posso evitar. — Eu não tirei de lugar nenhum, JJ me deu. – me emputece ver Rafe expressar sua raiva quando esse direito devia ser somente meu. — Foi presente. Lindo, né? – mas agora, não dou a mínima, quero apenas que Rafe sinta mais do gostinho que ele me fez sentir.
— Você não se valoriza ou seu critério que é baixo? Se pelo menos fosse um Kook, mas não, você resolve logo dar bola pra um Pogue. Sinceramente M/n, esperava mais de você... – reviro os olhos quando Rafe exibe aquele maldito sorriso de canto. Talvez minhas pernas estejam moles. – Cadê aqueles que eu te dei? Os de marca? Garanto que valem mais que essa... coisa.
— De fato, eu não sou criterioso, mas nem você consegue discordar que JJ é uma puta beldade, tanto é que tu só conseguiu usar a bosta do seu elitismo contra ele, já que não tem o que criticar... – na maior sonsidade, enrolo uma mecha do cabelo de Rafe no dedo, brincando com seus fios. — E sobre as jóias que você me deu, bem... Devo ter esquecido uma ou outra no meu quarto, mas a maioria está vagando em outros corpos. Doei todas. – ver o rosto de Rafe contorcido em choque e revolta fez minha noite. A respiração dele chicoteia minha bochecha e eu finjo não arrepiar. — Independente do preço delas, vejo muito mais valor no presente de JJ.
Essa foi a gota que fez transbordar.
Rafe aperta minha mandíbula com força, obrigando meus lábios a moldarem um biquinho. Seguro o pulso do Cameron quando sinto dor nos músculos do rosto.
Mas percebo, tarde demais, que minha atenção devia estar na outra mão do loiro, a que ele usa para segurar o cordão no meu pescoço.
Foi muito rápido, eu não consegui impedir Rafe de enrolar o colar entre os dedos e puxar. A pele da minha nuca esquenta com o friccionar momentâneo da linha fina, que arrebenta após o puxão. Todas as peças que decoravam o cordão voam pelo quarto, aterrissando no piso de madeira. O som da conchinha branca se partindo faz eco nos meus ouvidos.
Como toda ação tem uma reação, no mesmo instante em que o colar deixa de enfeitar meu pescoço, eu desço a pulseira de prata do meu pulso para minha mão.
Eu sei o que estou fazendo e faço para machucar.
Com a palma aberta, acerto o rosto de Rafe, sem poupar força. O estalo é alto, o impacto o faz soltar minha mandíbula e ele cambaleia para trás. Vendo a fina camada de sangue na pulseira que rodeia minha palma, posso fantasiar com o arranhão que desenhei na bochecha de Rafe, ferida que ele cobre com a mão.
O remorso que sinto é direcionado a mim mesmo, já que a culpa não me afligiu em momento algum.
Eu estava prestes a abrir a boca, mas sou interrompido pelos dedos de Rafe cercando minha garganta, substituindo minha fala por um gemido desgostoso. A expressão do Cameron é indecifrável enquanto ele aperta meu pescoço, andando a passos pesados para frente enquanto me faz dar passos incertos para trás, me obrigando a caminhar de costas, ou melhor, me arrastar, já que mal consigo firmar os pés.
Não é como se já não tivéssemos chegado a esse ponto.
Sempre acaba da mesma maneira...
Até a próxima (e última) parte do imagine! Vai ter hot hein... 👀
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delirantesko · 3 months
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O outro lado da ponte (texto, Oniriko, 2024)
"Tudo que você procura e merece está do outro lado dessa ponte aqui." o guia começa.
Você vê uma ponte de madeira, longa, formada por cordas e seu tabuleiro, composto por peças de madeira.
Só a travessia por ela já assusta. As peças se movem simplesmente com o vento que ressoa forte, a madeira é antiga, a corda, mesmo grossa, mostra os sinais do tempo.
Poucos conseguem chegar do outro lado.
Mas o guia explica que não é por causa dela.
E então ele aponta para um buraco na ponte.
Está vendo esse ali? Alguém caiu exatamente naquele ponto.
Então você questiona a resistência da ponte mas o guia, como que lendo seus pensamentos, já se adianta e responde:
A ponte é perfeita para sua função. Ele serve para ser atravessada, e isso ela sempre fez. Mas ela não trabalha sozinha.
Perceba: nada nesse mundo funciona sozinho. Todos colaboram pra alguma coisa, fazendo algo pra alguém, recebendo algo de alguém.
A ponte serve como um filtro também. Assim como muitas coisas nesse mundo também são filtros que quando você tem a percepção.
O problema, explica o guia, está atrás de você.
Você olha assustado, como se houvesse alguém ou algo atrás de você.
O guia esboça um pequeno sorriso e continua.
Isso que você carrega nas costas.
Você dá um passo pra trás, como se quisesse proteger sua bagagem.
Sim, exatamente isso. Sua bagagem é o problema. É ela que quebra a ponte. Ela é a anomalia, ela que distorce o funcionamento da ponte.
Entenda, o trabalho da ponte é transformar você. E porque você quer se transformar? Porque essa versão de você agora não consegue chegar onde quer, que é do outro lado da ponte.
Vem comigo mais perto da beira do precipício.
Com medo, você se aproxima. O medo de cair é grande, mas você também está curioso.
Afinal, você chegou aqui não é? Vai desistir na frente da ponte, como fez tantas outras vezes?
Suas pernas tremem e sua respiração falha, mas o guia diz que quando o pássaro sai do ninho ele não sai voando, ele primeiro cai.
Logo depois ele percebe que nasceu pra voar. Nossos corpos não voam como os pássaros, mas nossa mente, nossa percepção de que não somos só corpo é que voa. Pode chamar de imaginação.
Ah, seria o que muitos chamam de al....
Preciso que pare agora.
Assustado com a violência do pedido, você se afasta um pouco e decide ouvir o que o guia irá dizer.
É exatamente isso que impede você de atravessar a ponte. A sua bagagem não é algo que pode ser visto.
Mas ela aparece: ela rege a forma como você age, pensa e fala.
Ela polui sua natureza, você percebe? Você se tornou um autômato, uma criatura anti-natural, que não segue mais seus próprios instintos, que perdeu a independência e precisa sempre de apoio e ajuda.
Eu? Eu não sou especial. Eu sou você ontem. Só estou aqui porque nosso dever é sempre ajudar aqueles que irão passar pelo que nós passamos.
Mas eu sou como você, apenas outro ser humano. Não sou melhor ou pior que você. Eu apenas atravessei a ponte antes de você. Por isso estou aqui na porque sei que você pode atravessar também.
Você não precisa de nomes entende? Eles só confundem, dividem.
Eu e você, todos os outros seres humanos, somos habitantes desse mundo. Assim como os animais, as plantas, os minérios.
A única coisa anti-natural do mundo são as histórias levadas a sério demais, cheias de nomes e regras, rituais complexos que inferiorizam você perante outros, que irão vestir roupas cerimoniais e exigir que você pense, fale e aja diferente da sua real natureza.
Esqueça o "amor" e o "perdão" que propagam, que dizem representar.
Eles não passam de iscas numa armadilha, tentando fisgar aquilo de mais profundo, original e autêntico que você tem a oferecer ao universo.
É como um teatro entende? Mas as pessoas decidiram viver como se fossem apenas os espectadores de sua própria vida, entregando a direção dela para quem tem interesses mesquinhos, egoístas, completamente desinteressados do seu progresso.
Assistindo os atores e imaginando como seria bom estar lá, vivendo aquilo, ao invés de realmente viver, o que você pode, desde que se livre dessa bagagem.
Todos esses nomes, essas regras, esses medos e culpas que você carrega transformam você numa versão domesticada de si mesmo. Útil para alguns apenas, para quem te vê apenas como animal de estimação.
Essa bagagem na verdade é sua coleira. Você só pode ir até ali. Você só pode observar a distância.
Mas, eles enfeitaram sua coleira com bugigangas coloridas, com medalhas feitas de tampas de garrafa, e você se orgulha tanto delas, porque disseram pra você que o que você faz é bom, justo e correto.
Mas, antes que você me pergunte, que bagagem exatamente é essa... Se você precisa realmente perguntar isso eu não posso dizer.
Revelar a você seria como carregar você nas costas, de mãos dadas, como se você fosse uma criança.
E isso eu não posso fazer, porque você já viveu a sombra por tempo demais, provavelmente toda sua vida antes de ter visto a existência da ponte.
Você só vai poder se orgulhar de si mesmo quando se levantar por conta própria.
A pergunta é: você realmente quer?
Essa bagagem, por mais perniciosa que seja, te ajudou a passar por certas coisas. Em alguns momentos ela pareceu o mais certo, o mais bonito... Mas é tudo falso entende?
Admitir a bagagem é o mesmo que assumir que os fins justificam os meios. É deitar numa cama cujo lençol foi feito com a pele dos derrotados, com travesseiros forrados com os cabelos deles.
Que sono tranquilo você teria dormindo dessa forma?
Parece assustador e macabro não é? Você não percebe por causa da bagagem. A bagagem é uma capa de travesseiro com flores e anjos bordados. O lençol foi pintado de ouro, com sorrisos e promessas impossíveis, das quais apenas crianças acreditam.
Ao se libertar da bagagem, você se livra dessas fantasias, enxerga a realidade, vê como funciona o golpe deles e se enoja, porque percebe o quanto eles exploram como aves de rapina.
Você aprende também uma ferramenta importante pra lidar com essas pessoas.
Você deixa de reconhecer a existência da bagagem. Você olha pra bagagem agora como olha as crianças usando capas fingindo que são super-heróis.
Você percebe eles brincando, e você acha graça. Mas não interage, não reconhece os nomes, despreza toda a seriedade que aplicam aos ritos do golpe. Do grande esquema.
Você fica atento sim é com os insatisfeitos. Com aqueles que olham pro vazio e suspiram.
Como Fausto, você está insatisfeito com esse jogo que todos jogam. Como Bovary, você se recusa a aceitar a vida mundana.
Você está pensando agora, "Ah, mas você está falando nomes agora!" mas deixa eu explicar a diferença: esses nomes não te tratam como criança, ameaçando com castigos ou recompensando com doces quando você se comporta do jeito que eles querem.
Não há nada errado com a ficção ou a mitologia. Elas são fruto da criatividade humana, que é uma das maiores forças que nós humanos possuímos. Os sonhos que movem o progresso não existem, não fisicamente, mas eles nos movem a conquistar mais, e a criatividade vem daí.
O erro está em vestir a roupa dos personagens dessas histórias como se fosse a sua. Lembre-se, você está aqui para descobrir a si mesmo, não para imitar alguém, não para agradar alguém que acha que está um degrau acima de você.
Por exemplo, eu não exijo que você atravesse a ponte. Eu explico detalhadamente as circunstâncias que envolvem o antes e o depois dessa jornada.
Uma escolha que não é sua é o que? Uma ordem? Uma ameaça? Quanta violência está na bondade daqueles que se acham superiores?
Só você pode responder, só você pode entender, mas só através da experiência própria.
Algumas pessoas se cercam de dinheiro, posse, fama, porque não sabem que a sua independência é o bem mais valioso que existe.
A riqueza só pode criar mais distrações numa vida miserável.
A fama, a adulação, é uma mendicância, é você precisar da aprovação de outros.
As posses deixam você preocupado com o roubo e o desgaste.
Quem possui o que?
Até seu corpo vai ser desocupado uma hora, retornando ao ciclo natural das coisas vivas. Mas tem gente preocupada com aquilo que nem existe. Mesmo que existisse, não poderia estar nas mãos de gente mesquinha.
Mas voltemos a falar sobre a criatividade. Você já se perguntou porque existem tantas artes com esses temas baseados em nomes daqueles que estariam acima de você?
Porque eles são ladrões muito espertos. Em algum momento eles perceberam que a arte é terapêutica. Ela ajuda a revelar as coisas que a mente consciente, desperta não pode, pois ela está ocupada mantendo você vivo, alerta dos perigos imediatos.
Tente imaginar agora toda essa arte apenas como arte. Sem os nomes, sem a reverência, sem machucar seus joelhos, sem olhar pra baixo como se você fosse culpado de algo que nem sabe o que é.
Porque eles adoram explorar a culpa. Eles são experts em fazer você se sentir mal. Não é a toa que o símbolo deles é alguém torturado.
E algumas pessoas nem pensam muito a respeito (eles detestam pessoas que pensam muito, porque quem pensa muito questiona, e eles não gostam de responder, de explicar), mas imagine uma criança sendo imposta desde os primeiros momentos em que começa a criar concepção a respeito da realidade que a cerca, e aquele símbolo ali, e a criança ouve "viu só o que você fez?" e pronto, uma criança cabisbaixa e domesticada pelo resto da vida.
Mas não você. Levou tempo mas você começou a perceber algo de errado. E você encontrou por exemplo, amostras do outro lado do mundo. De repente você percebeu que não existia apenas uma história só, que haviam muitas histórias. E você percebeu que também havia beleza, profundidade, amor, perdão e outras coisas que a suposta "original" gosta tanto de monopolizar.
Atravessar a ponte é abandonar a história que os outros criaram, e elaborar uma nova, a sua, original, a única que pode existir. Claro, você pode se inspirar nas outras histórias também, mas nunca conseguirá compartilhá-la, nunca conseguirá ver a beleza real na história dos outros.
Do outro lado da ponte existe um trabalho árduo, o de se levantar do chão onde você está rastejando e ver além do horizonte.
Você vai tirar essas rodinhas que acha que suportam você, vai cair, tropeçar, até se machucar, mas vai aprender a andar sozinho.
E a sua jornada é uma jornada silenciosa. Não há a necessidade de ninguém mais ocupando esse espaço. Assim como eu acabei de fazer com você, você vai fazer com aqueles que se aproximarem com um interesse genuíno.
Mas cuidado, eles vão roubar inclusive essa história. Eles vão atrelar nomes, irão mudar os significados, irão distorcer as ideias, como sempre fazem, porque é assim que os fracos agem.
A ponte lê você como uma balança, ela mede o peso da sua decisão, da sua vontade real. Quando atravessar a ponte, não haverá volta. Mesmo que retornasse, sua bagagem teria perdido todo peso e significado que tinham.
Qual sua decisão? Você atravessará a ponte? Arcará com as consequências dessa decisão?
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oceanhcir · 2 months
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𓂅 ˙ ˖ ( 𝐓𝐀𝐒𝐊 𝐈𝐈𝐈 ) - A Armadilha
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Sono não era um problema para Sebastian. Claro, tinha todas as preocupações que os demais campistas tinham, mas ele sempre esgotava toda sua energia, obrigando seu corpo a cansar e então a dormir. Sua mente foi despertada com os barulhos, um novo ataque? No meio da madruga, COVARDES! Sequer teve tempo de apanhar suas armas, indo apenas com a espada que tinha ganhado a pouco tempo e em repouso se transformava numa pulseira em seu pulso. Puxou o cordão e empunhou a arma, correndo para fora de seu chalé, seus olhos procurando os irmãos e não os encontrando, fazendo com que seu coração desse saltos de preocupação. Foi quando avistou a irmã mais nova e estava prestes a gritar o nome de Essie quando trombou com outro campista, os dois vindo ao chão, sentindo a pancada na cabeça quando caiu.
Ele queria ter aberto os olhos, voltado para a ação, ajudado seus irmãos, mas por qual motivo ele voltaria para o caos do acampamento, quando em sua mente tudo estava perfeito: ele estava na hípica de seu costume. Ouvia os gritos de comemoração e quando olhou para seu corpo, estava vestido para mais uma competição. Abriu um sorriso triunfante nos lábios enquanto caminhava em direção a baía de seu cavalo, acariciando a pelagem sedosa do alazão e montando nele, pronto para competir, tinha chegado sua vez. Porém, quando começou a correr com o animal tudo começou a ficar estranho, os obstáculos se transformaram em monstros e o cavalo apenas desviava deles, não cumprindo com o treinamento. Olhou ao redor e na plateia viu seus amigos, rindo, gritos de: uuhh saí daí perdedor! chegaram aos seus ouvidos. Ele odiava perder.
Sentiu o seu orgulho ser ferido mais e mais a cada volta errada que o animal fazia sob seu comando, os risos tirando sua concentração, os gritos de perdedor enchendo seus ouvidos. Até que não aguentou mais, parando o animal e descendo do mesmo, aproximando-se em passos ligeiros de onde vinham os gritos: PAREM! EU NÃO SOU UM PERDEDOR! Esbravejou, sua raiva dominando todo seu corpo. EU POSSO GANHAR, EU SEMPRE GANHO!! Não dessa vez, não quando um monstro simplesmente surgiu as suas costas e o arremessou para longe, criando mais risos e mais gritos de perdedor. Ele tinha decepcionado a si mesmo e aos outros.
Encontrou o olhar de decepção de sua mãe no meio da multidão, assim como de seus irmãos, Kit e Charlie. Porém, isso não foi tudo, simplesmente lhe deram as costas quando Sebastian levantava-se e se recuperava, pronto para vencer, pronto para lutar. “ Não se esforce tanto, Sebastian, você nunca será um vencedor de qualquer maneira. ” A voz soou em seu ouvido, o surpreendendo, fazendo com que seus olhos se enchessem de lágrimas e seu orgulho sofresse mais um abalo. “ é por isso que eles estão indo embora, não há motivos para ficar com um perdedor. ” a voz provocou de novo, dessa vez com uma risada vinda das trevas. “ Pobre filho de Poseidon, um perdedor sozinho no mundo, é por isso que ninguém te quer por perto, por isso todos vão te abandonar! ” As provocações continuavam, enchendo os ouvidos e a mente de Sebastian, até o rapaz não aguentar mais. “ NÃO! ” O grito ecoou de seus pulmões e os olhos o trouxeram de volta para o presente.
Foi um sonho, um pesadelo, levantou-se com dificuldade, levando a mão até a cabeça sentindo os fios pegajosos de sangue, enquanto seguia de volta para o chalé, a sensação do abandono não o deixava. Seus amigos o abandonariam quando ele falhasse, fosse agora ou depois, ele sentia isso até os ossos.
menções: @essalis, @kittybt, @thecampbellowl e os filhos de Poseidon @silencehq
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natesoverall · 3 months
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‎‎⟡ ── 𝐂𝐋𝐎𝐒𝐄𝐃 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐓𝐄𝐑 ﹕ com @tommasopraxis no observatório .
ㅤ‎‎ㅤ“Eu estava te procurando…” Caminhando em direção a Tommaso, os olhos esverdeados se concentram em estudá-lo com cuidado, tentando aparentar tranquilidade enquanto busca discretamente por indícios de que tudo estava sob controle — porque estar bem parecia um pouco demais depois de tudo o que aconteceu. A sensação terrível do próprio coração congelando e tentando sair pela boca quando viu Tommaso naquele incêndio parecia estar gravada em sua mente como um maldito sonho lúcido que insiste em assombrá-lo mesmo depois de acordado, ainda tão vívido quanto na noite do ocorrido. No entanto, encontrá-lo e poder se certificar que Tommaso continuava inteiro já desperta um alívio instantâneo na tensão que Nathaniel nem havia percebido que sentia até então. A sensação de insegurança constante vinha o acompanhando como uma serpente envolvendo seu estômago. “Porra, não fica andando sozinho por aí!”
ㅤ‎‎ㅤNão saberia explicar muito bem o que era, mas desde então podia enxergar algo diferente no olhar de Tom. Ele, que já era enigmático por natureza, ganhou um ar mais obscuro e distante, como se tivesse erguido barreiras frias para impedir o acesso ao caos do outro lado, mas não podia evitar a forma como suas íris transpareciam algo que lembrava um oceano de águas escuras e agitadas que guarda perigos imensuráveis em suas profundezas. Talvez isso fosse o esperado... O problema é que sentimentos são uma área sombria com o chão coberto por espinhos e Nathaniel está sempre descalço, encarando o caminho enquanto hesita em entrar no que julga ser uma péssima ideia só pela energia estranha que paira no ar. É uma armadilha. Um campo minado que só alguns poucos tem a sorte de atravessar em segurança.
ㅤ‎‎ㅤNo geral, eles se entendiam muito bem no silêncio, mas Tommaso andava muito esquisito, despertando em Nathaniel uma vontade inquietante de abrir a cabeça dele e ler com clareza cada pensando que pudesse estar ali — até as partes mais sombrias e secretas. Queria descobrir se, em algum cantinho daquela mente, entre os pensamentos vingativos, ele também guardava alguma raiva por Nathaniel não ter conseguido evitar o pior ou se pensava que, de alguma forma, ele tinha colaborado indiretamente com isso. Não era essa a razão de estar se esgueirando por aí como se não pudesse confiar em ninguém? Soverall sabia que não era o responsável pelas desgraças que aconteceram, mas sentia-se culpado mesmo assim. Deveria ser melhor. Assim, quem sabe, não estaria prestes a questionar a sanidade de seu melhor amigo como se ele fosse um vidro prestes a explodir em pedaços e cortar a todos pelo caminho. Está mais acostumado com a posição de ser o mais instável da relação.
ㅤ‎‎ㅤEle entreabre os lábios para falar, mas nenhuma palavra que vem à cabeça parece adequada o suficiente para ser exprimida — na verdade, algumas parecem ofensivas demais até para ele —, então imediatamente as engole de volta, umedecendo os lábios como se nunca tivesse a intenção de dizê-las. Um nervosismo repentino o leva a tatear os próprios bolsos em busca de alguma coisa. “Eu preciso urgentemente de um cigarro.” Confessa com um semblante sério, desviando-se descaradamente das questões que rondavam sua mente. “Só de te ver já me dá vontade de fumar. Eu culpo essas sobrancelhas…”, diz, semicerrando os olhos com um ar de desconfiança ao fitar as sobrancelhas escuras como se fossem um ser à parte ou, quem sabe, um possível alienígena preso na testa de Tommaso.
E fique com essa obra de arte que quando eu vi, não podia perder a oportunidade de usar:
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izzynichs · 5 days
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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 𝐓𝐀𝐒𝐊 𝟎𝟎𝟏 • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
, 𝖔𝖘 𝖉𝖎𝖆́𝖗𝖎𝖔𝖘 𝖉𝖔 𝖘𝖊𝖒𝖎𝖉𝖊𝖚𝖘
Com um olhar que misturava cansaço e resignação, Isabella ajeitou-se na cadeira com um leve desconforto, odiando a situação mas não querendo se indispor com o deus ferreiro. Não era que ela não quisesse responder, mas a ideia de revisitar certos tópicos fazia com que ela se sentisse um pouco exausta. Ainda assim, ela manteve a postura firme e o olhar determinado, decidida a encarar o questionário sem deixar que sua frustração a dominasse. Com um suspiro quase imperceptível, ela olhou para o entrevistador e deu um pequeno aceno, sinalizando que estava pronta para começar.
𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟏: 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀𝐋
Nome: Isabella Nicholson
Idade: 30 anos (25 de outubro de 1993)
Gênero e pronome: feminino cis | ela/dela
Altura: 1,75 m
Parente divino e número do chalé: Filha de Deméter | chalé 4 Caçadora de Ártemis | chalé 8
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟐: 𝐂𝐎𝐍𝐇𝐄𝐂𝐄𝐍𝐃𝐎 𝐒𝐄𝐌𝐈𝐃𝐄𝐔𝐒𝐄𝐒
Idade que chegou ao Acampamento: 25 de outubro de 2004, no dia do meu aniversário de 11 anos.
Quem te trouxe até aqui? Uma caçadora de Ártemis, chamava-se Eleni.
Seu parente divino te reclamou de imediato? Não, eu fiquei no chalé de Hermes pelos três primeiros meses, até descobrir o meu poder durante um treino na arena e Deméter me reclamar como sua filha naquela noite.
Após descobrir sobre o Acampamento, ainda voltou para o mundo dos mortais ou ficou apenas entre os semideuses? Se você ficou no Acampamento, sente falta de sua vida anterior? E se a resposta for que saiu algumas vezes, como você agia entre os mortais? Fiquei no acampamento até os 19 anos, quando decidi me casar com o pai de minha filha e tentarmos uma vida o mais normal possível. Só durou dois anos e alguns meses, quando eu decidi me juntar às caçadoras de Ártemis. Desde então, viajei pelo mundo com as caçadoras, entre semideuses e mortais, conhecendo diversos lugares e pessoas. Voltei ao Acampamento algumas vezes, em missões, mas ficava poucos dias. Só voltei de vez com o chamado de Dionísio.
Se você pudesse possuir um item mágico do mundo mitológico, qual escolheria e por quê? Eu escolheria o escudo de Atena, acho que se chama Égide. Ele é um escudo lendário com a cabeça da Medusa, que petrifica qualquer inimigo que o olhar diretamente.
Existe alguma profecia ou visão do futuro que o assombra ou guia suas escolhas? Profecias, não, mas tem uma visão que me assombra, sim. O rosto da minha filha, Ava, crescendo sem mim. Esse é o meu maior medo, o que mais pesa sobre as minhas escolhas ultimamente. Não sei se isso me guia ou me afasta de fazer o que realmente preciso… mas é algo que sempre está lá, na minha mente, me lembrando do que deixei para trás.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟑: 𝐏𝐎𝐃𝐄𝐑𝐄𝐒 𝐄 𝐀𝐑𝐌𝐀𝐒
Fale um pouco sobre seus poderes: Como filha de Deméter, eu deveria ter uma conexão natural com a fitocinese, mas, talvez por não ter ligação profunda com a minha mãe, eu não consiga me sentir conectada com a natureza como alguns dos meus irmãos. A fitocinese me permite criar barreiras ou armadilhas, controlar raízes para prender pessoas, crescimento acelerado de plantas, entre outros. Minha experiência e treinamento como caçadora, no entanto, são mais focados no combate e na arquearia, e acabam sendo mais predominantes em minha vida. Portanto, mesmo que eu seja capaz de realizar algumas proezas com fitocinese, como criar campos de flores ou manipular o solo, acabo não utilizando muito dessas habilidades, embora muito úteis.
Quais suas habilidades e como elas te ajudam no dia a dia? Minhas habilidades incluem sentidos aguçados e reflexos sobre-humanos, e essas capacidades são extremamente úteis no meu dia a dia, especialmente no contexto de ser uma caçadora de Ártemis. Os meus sentidos aguçados me permitem perceber detalhes que a maioria das pessoas não notaria. Isso é crucial para detectar perigos iminentes, como emboscadas ou criaturas perigosas, muito antes que elas se tornem uma ameaça. E os reflexos sobre-humanos são uma grande vantagem em combate e treinamento. Eles me permitem reagir com rapidez impressionante, evitando ataques e fazendo movimentos precisos com a arma. Isso não só melhora minha eficácia em batalhas, mas também minimiza o risco de ser atingida por inimigos rápidos ou ataques surpresa.
Você lembra qual foi o primeiro momento em que usou seus poderes? A primeira vez que usei meus poderes foi uns três meses após chegar ao acampamento. Estava nos campos de morangos, roubando algumas frutinhas, quando desejei crescerem mais alguns e... aconteceu. Um movimento de mãos, de brincadeira, e eles estavam lá.
Qual a parte negativa de seu poder? Além do que já disse sobre minha falta de habilidade em usá-lo? Acho que a forma como me sinto exausta quando controlo muitas raízes ao mesmo tempo, por exemplo. Ou o fato de que preciso de paciência e concentração para as plantas não crescerem desordenadas e imprevisíveis. Isso me frusta porque, bem, não tenho paciência.
E qual a parte positiva? A parte positiva é que, quando consigo controlar, posso fazer coisas impressionantes, como criar plantas rapidamente e até curar feridas menores com elas. Também ajuda a proteger e criar áreas verdes, o que é um alívio para quem está no acampamento. Mesmo que eu não tenha total controle, ainda é um poder bastante útil e versátil.
Você tem uma arma preferida? Se sim, qual? Sim, arco e flecha.
Acredito que tenha uma arma pessoal, como a conseguiu? Arkano, meu primeiro arco e flecha com poderes. Feitos de bronze celestial, as flechas encantadas para reaparecer na minha bolsa logo depois de cumprir sua função. O arco e as flechas são encantados para ficarem invisíveis, mas me perseguem o tempo inteiro. Eu só preciso assoviar, e eles ficam visíveis e posso usá-los. Ganhei de Ártemis quando me juntei às caçadoras.
Qual arma você não consegue dominar de jeito algum e qual sua maior dificuldade no manuseio desta? Foices. São grandes e pesadas demais, difíceis de se manusear e carregar.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟒: 𝐌𝐈𝐒𝐒𝐎̃𝐄𝐒
Qual foi a primeira que saiu? Minha primeira missão foi por volta dos quinze anos, e envolvia resgatar um semideus que estava preso na Ilha de Calipso. Na época, eu estava completamente crua, não sabia muito sobre o mundo mitológico e ainda estava aprendendo a lidar com o o meu poder. Por sorte, tive um líder experiente que soube nos guiar ao sucesso e tudo correu bem.
Qual a missão mais difícil? A missão mais difícil foi enfrentar um grupo de empusas com outras caçadoras. Elas são traiçoeiras e quase nos pegaram de surpresa. Conseguimos derrotá-las, mas saímos bem machucadas, e até hoje lembro da sensação de que não sairíamos vivas de lá.
Qual a missão mais fácil? Missões fáceis não existem, mas diria que uma vez, proteger um grupo de turistas de um javali gigante, com uma boa estratégia e trabalho em equipe, acabou sendo mais tranquilo do que o esperado. Fizemos parecer que foi sorte, mas foi pura experiência.
Em alguma você sentiu que não conseguiria escapar, mas por sorte o fez? Sim, já houve um momento em que pensei que não ia escapar. Estávamos numa caverna, eu e outra caçadora, enfrentando uma dracaenae, e tudo estava indo errado. Só conseguimos fugir porque ela foi distraída por um outro monstro que apareceu do nada, algo que ninguém esperava.
Já teve que enfrentar a ira de algum deus? Se sim, teve consequências? Nunca enfrentei diretamente a ira de um deus, mas já senti o peso do olhar de decepção em Ártemis quando falhei numa tarefa. As caçadoras estão sempre sob o olhar dela, então a pressão é constante. Mas as consequências, na maioria das vezes, são mais internas, como o desapontamento, do que castigos diretos.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟓: 𝐁𝐄𝐍𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐎𝐔 𝐌𝐀𝐋𝐃𝐈𝐂̧𝐀̃𝐎
Não possuo.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟔: 𝐃𝐄𝐔𝐒𝐄𝐒
Qual divindade você acha mais legal, mais interessante? Ártemis.
Qual você desgosta mais? Dionísio.
Se pudesse ser filhe de outro deus, qual seria? Se Ártemis tivesse filhas, seria uma honra. Como não é possível, então Ares, só porque vários dizem que minha personalidade parece mais com os filhos dele do que a galera do chalé 4.
Já teve contato com algum deus? Se sim, qual? Como foi? Se não, quem você desejaria conhecer? Dionísio, no acampamento, Ártemis, em algumas caçadas, e Deméter, raras vezes, em ligações de Íris. Um que ainda não conheci, mas gostaria? Vários... Ares, Zeus, Poseidon, Hades, Thanatos, Nyx, Melinoe, Deimos, Fobos.
Faz oferendas para algum deus? Tirando seu parente divino. Se sim, para qual? E por qual motivo? Faço oferendas para Ártemis. Ela me salvou quando eu era criança, me deu uma nova chance de vida, e foi a partir desse momento que eu decidi me tornar uma caçadora. Não é apenas uma questão de devoção, mas de gratidão pelo que ela representa e pelo que me permitiu ser. Ela é a única que faço regularmente, mas já fiz para Deméter, Hermes, Ares e... Afrodite, quando quis agradecer pelo meu casamento. Devo ter feito algo errado nessa oferenda.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟕: 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐓𝐑𝐎𝐒
Qual monstro você acha mais difícil matar e por qual motivo? Hidra. Não só por sua força física absurda, mas por ter várias cabeças e habilidades diferentes, o que complica o combate. Você nunca sabe de onde o próximo ataque vai vir. Nunca encontrei uma, então apenas imagino.
Qual o pior monstro que teve que enfrentar em sua vida? O pior monstro que já enfrentei foi uma Dracaena. Elas são rápidas e letais com as lanças e, por algum motivo, aquele combate parecia muito mais pessoal, como se ela quisesse me caçar especificamente.
Dos monstros que você ainda não enfrentou, qual você acha que seria o mais difícil e que teria mais receio de lidar? Além da Hidra, que já mencionei? Acho que o Tifão. O tamanho, a força destrutiva e o caos que ele causa… só de pensar já me dá arrepios. Mas seria uma aventura interessante.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟖: 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀𝐒
Caçar monstros em trio ou caçar monstros sozinho? Caçar sozinha. Sou meio individualista, péssimo para uma caçadora, eu sei. Estou aprendendo a melhorar isso, mas ainda sou meio "loba solitária".
Capture a bandeira ou corrida com Pégasos? Capture a bandeira, porque tenho medo de voar.
Ser respeitado pelos deuses ou viver em paz, mas no anonimato? Ser respeitada pelos deuses. Não todos, mas pelo menos aqueles que mais me importo.
Hidra ou Dracaenae? Dracaenae, porque nem sei como mataria uma hidra.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟗: 𝐋𝐈𝐃𝐄𝐑𝐀𝐍𝐂̧𝐀 𝐄 𝐒𝐀𝐂𝐑𝐈𝐅𝐈́𝐂𝐈𝐎𝐒
Estaria disposto a liderar uma missão suicida com duas outras pessoas, sabendo que nenhum dos três retornaria com vida mas que essa missão salvaria todos os outros semideuses do acampamento? Sim, mas os outros teriam que estar cientes de que estão indo numa missão suicida também.
Que sacrifícios faria pelo bem maior? Eu já sacrifiquei a minha vida com a minha filha, o que mais posso fazer? Sacrificar a minha própria vida? Eu faria, se valesse a pena. Se eu for salvar pessoas importantes para mim ou se for para morrer com heroína.
Como gostaria de ser lembrada? Como alguém que, mesmo com todos os erros e falhas, tentou fazer o certo. Não sou perfeita, mas espero que, no final, as pessoas se lembrem de mim como alguém que sempre esteve disposta a lutar por quem amava, mesmo que isso significasse deixar muita coisa para trás.
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𝐂𝐀𝐌𝐀𝐃𝐀 𝟏𝟎: 𝐀𝐂𝐀𝐌𝐏𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
Local favorito do acampamento: Arena de treinamento, é claro. Mas aprendi a gostar da cachoeira também.
Local menos favorito: Biblioteca.
Lugar perfeito para encontros dentro do acampamento: Coreto de Afrodite? Não que eu seja muito fã, mas... Bem, dizem que lá é romântico.
Atividade favorita para se fazer: Treinar.
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@silencehq @hefestotv
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fcnnick · 5 days
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(  homem cis  •  ele/dele  •  bisexual ) — não é nenhuma surpresa ver finnick octavian bludworth andando pelas ruas de arcanum, afinal, o hibrido (vampiro + bruxo) precisa ganhar dinheiro como professor de história. mesmo não tendo me convidado para sua festa de quinhentos e setenta anos, ainda lhe acho cortês e sagaz, mas entendo quem lhe vê apenas como rancoroso e calculista. vivendo na cidade há cem anos, finn cansa de ouvir que se parece com chris wood.
Finnick Bludworth nasceu prematuro, fraco e subestimado, sobrevivendo contra todas as expectativas. Seus pais, poderosos bruxos, negligenciaram o menino, favorecendo suas irmãs mais poderosas e fortes, especialmente após um sonho profético de sua mãe. Ela acreditava que Finnick traria o fim da linhagem dos Bludworth. O que começou como descuido rapidamente evoluiu para punições e isolamento. Com o tempo, Finnick se tornou exatamente o que sua família temia: uma ameaça.
Aos 14 anos, com uma mente já afiada e calculista, Finnick armou um plano sombrio. Ele denunciou anonimamente sua mãe por bruxaria, instigando os moradores de seu vilarejo a massacrar toda a sua família. Após assistir ao fim de sua linhagem, ele fugiu, desaparecendo no mundo e sobrevivendo a qualquer custo.
No entanto, sua saúde começou a falhar. Finnick foi acometido por uma doença grave que o deixou à beira da morte. Mas, em um inesperado ato de destino, ele foi transformado em vampiro por seu/sua enfermeirx. Com isso, Finnick encontrou o poder que tanto desejava. Sua magia, somada às suas novas habilidades vampíricas, o tornou uma força imparável, permitindo-lhe espalhar o caos e a destruição por onde passava.
Infelizmente, sua sede insaciável por sangue e caos o transformou no pior tipo de criatura: um monstro sem remorso, temido por todos. Finnick destruiu vilarejos e cidades até ser atraído para a cidade de Arcanum, onde caiu em uma armadilha. Agora, preso pela barreira mágica da cidade, ele segue as regras com relutância, temendo as consequências de desafiar a autoridade local.
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maximeloi · 8 months
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𝕵𝖚𝖘𝖙 𝖈𝖑𝖔𝖘𝖊 𝖞𝖔𝖚𝖗 𝖊𝖞𝖊𝖘, 𝖙𝖍𝖊 𝖘𝖚𝖓 𝖎𝖘 𝖌𝖔𝖎𝖓𝖌 𝖉𝖔𝖜𝖓...
ʿ                                     as noites inquietas às vezes cobravam demais de maxime que tentava a todo custo não deixar a mente vagar para um canto escuro cheio de fantasmas do passado que assombravam suas lembranças. vez ou outra, tentar dormir sem a poção era um tipo de tortura ao qual se permitia fazer. tentar significava ser arrastado de volta àquela fatídica noite, com o céu estrelado de testemunha e a lua de vigia para observar o acidente que aconteceria, lembranças pareciam tão vividas que podia sentir tudo novamente.
a escuridão se tornava mais densa ao redor dos três, as risadas dos monstros se tornavam um grunhido sinistro; as espadas e adagas refletiam a luz do luar. as Dracaenae surgiam das sombras como criaturas esguias, suas garras afiadas despertando o medo nos três semideuses escondidos. a fogueira deles agora apagada já não servia de nada, apenas para tornar o cenário mais aterrorizante.
o filho de Afrodite sentia a frieza do medo envolvendo seu coração. cada passo naquela noite parecia afundá-lo mais profundamente na escuridão, lutar contra as sombras que ameaçavam sufocá-lo era em vão.
os olhos azuis que costumavam refletir a beleza de sua mãe divina, agora espelhavam o horror do pesadelo. sage, apenas alguns passos ao seu lado, transformava-se em uma figura fantasmagórica, perdida na noite em uma postura defensiva. maxime tentava gritar, mas sua voz se perdia nas trevas, ecoando apenas como um sussurro fraco. parecia apenas um telespectador sem o poder de intervir por mais que soubesse o que aconteceria ali.
lutar contra as memórias, contra os fantasmas daquela noite esgotava o semideus que estava suando, eufórico, o coração batendo a mil. o suor frio escorria por sua testa enquanto ele se debatia no colchão, estava preso em um ciclo de desespero que parecia eterno.
num piscar de olhos, a cena do pesadelo mudava e envolviam maxime, prendendo-o de frente agora para a batalha. o cheiro de enxofre preenchia o ar enquanto o trio — seu eu mais jovem, veronica e thabata — avançavam pelo denso bosque tentando correr das dracaenae. o céu, que antes era estrelado, parecia vazio sombrio, antecipando o destino inevitável.
o uivo distante de uma Dracaenae rasgou a quietude, alertando os semideuses para o perigo iminente. a emboscada havia começado, eles não tinham mais chance. mais uma vez elói tentava gritar, mas nada saia. com olhos ardentes e presas afiadas, as dracaenae apareciam famintas. thabata, a filha de hipnos, era a primeira a reagir, conjurando ilusões temporárias para confundir as dracaenae em um ato de coragem. seu eu mais novo também reagia em seguida, sage junto consigo. a batalha desenrolou-se em uma situação caótica de lâminas e garras.
no entanto, a astúcia das Dracaenae era implacável e eles estavam em vantagem, havia mais delas do que deles. uma delas emboscou thabata, quebrando a ilusão do poder da semideusa e tornando mortal a ação. maxime se viu diante de um dilema angustiante, enquanto sage, em apuros, gritava por auxílio em desespero contra duas criaturas e tão mais próxima de si, a filha de hipnos era atraída para mais perto de uma armadilha longe demais.
o filho de Afrodite hesitou por um instante, olhando para a aflição nos olhos de thabata e para sage, cujos gritos ecoavam em sua mente com um peso maior. o amor que sentia pela semideusa era grande, perdê-la seria um golpe que talvez não iria superar. sabia que não podia salvar ambas a tempo, sequer conseguia alcançar thabata, na verdade. a decisão pesou em seus ombros, o coração apertado pela cruel escolha que ficava em sua frente.
maxime correu em direção a ronnie, seu chicote cortando o ar, mas a dor o consumia por dentro. os grunhidos das dracaenae se misturavam aos murmúrios agonizantes de thabata, que se debatia contra as garras do monstro. a distância entre eles crescia, inalcançável.
ao escolher salvar veronica, sentiu o peso da responsabilidade e da perda. cada golpe que em conjunto com a namorada era desferido contra as Dracaenae, parecia uma punição por não ter conseguido alcançar thabata a tempo. o gosto amargo da derrota e da morte da amiga inundava seus lábios, enquanto a escuridão daquela noite se dissipava e com um chacoalhar em seus ombros, elói despertava.
em sua frente não havia veronica, não havia o corpo sem vida de tabby, mas sim bella, sua irmã. a respiração ofegante, as lágrimas grossas que molhavam a face de Elói, nada disso era novidade. não era a primeira vez que precisava ser acordado e também não seria a última. quando a culpa lhe pesasse mais nos ombros e sentisse que a face de thabata estava fugindo de sua memória, elói retornava ao mundo dos sonhos para lembrar da amiga que perdeu.
mencionados: @mcronnie
musiquinha de fundo: safe & sound
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arktoib · 1 month
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ও⠀⠀⠀HEADCANONS⠀⠀⠀:⠀⠀⠀ilha de circe , armadilhas⠀⠀⠀!
antonia havia se "alistado" nos grupos dos voluntários para a instalação das armadilhas meio a contra gosto, mas sabia que era uma coisa necessária a ser feita, já que circe estava sendo uma anfitriã tão cordial quanto ela poderia. por mais que sua intenção fosse apenas passar os três dias envolvida com qualquer outra coisa, seu lado altruísta - e quase nunca visto - falou mais alto ;
agradeceu que teve a sorte de sair com santiago para instalar as armadilhas no lado leste da ilha. ao mesmo tempo que sua mente traçava os melhores lugares para instalá-las, também achava graça o quanto eles não estavam sendo nem um pouco discretos, mas não por vontade própria. qualquer pessoa poderia os ouvir a poucos metros, já que as mochilas que carregavam eram extremamente barulhentas ;
por mais que sempre preferisse fazer as tarefas sozinha, santiago era uma das melhores duplas que ela poderia ter pedido, já que além de ouvi-la com atenção e fazer exatamente o que ela mandava, usava um pouco do seu bom humor para poder distrair quando ficava frustrada se a armação dava algum erro. todavia, a frustração de tony estava ligada ao medo de perderem um dedo com aquelas engenhocas e tivessem que correr para a enfermaria ;
o momento de descontração que tiveram foi uma promessa silenciosa de que ninguém poderia saber. haviam ficado mais de vinte minutos, facilmente, entretidos com um monte de areia que decidiram chamar de castelo, no fim. um castelo em ruínas, mas ainda sim um castelo ;
a pior parte com toda a certeza fora entrar na vegetação da ilha, onde a mata era densa e quase não se via a luz do sol artificial chegar ali. antonia questionou-se como podia haver uma vegetação tão abundante se o sol era de mentira. agradeceu que estava com suas adagas em mãos para conseguir cortar o material que utilizaram para cobrir as armaduras ;
para facilitar todo processo, sugeriu que criassem trilhas falsas. podia ser arriscado, caso uma das filhas de circe passasse por ali, mas duvidava muito que qualquer uma delas frequentasse aquela mata. santiago usou seus poderes para executar a ideia, recebendo um tapinha nas costas ;
@hefestotv @silencehq
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thecampbellowl · 2 months
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✦ ・ closed starter with @kitdeferramentas ➝ Local: Central de controle
Havia algo de reconfortante em, mais uma vez, estar trabalhando com Kit. Havia uma estranha sincronicidade entre os dois quando trabalhavam juntos, como se dividissem uma mesma mente; algo que ela só poderia atribuir aos dez anos de amizade e cumplicidade que eles construíram juntos. A bem da verdade, considerava Kit mais um irmão do que um amigo, uma figura estável que cuidava dela e a protegia. Era óbvio que o sentimento de cuidado e proteção era recíproco; mesmo sendo mais nova, ela queria também oferecer o conforto que ele oferecia a ela. Os dois haviam conversado muito pouco desde o baile, tantas obrigações acumuladas para ambos os lados, mas a filha de Atena havia percebido o peso que se acumulava sobre os ombros de Kit toda vez que o via. Foi bom, inclusive, que os dois haviam tirado esse tempo para trabalharem juntos, só eles, já que dessa forma ela poderia checar como ele estava. Uma coisa de cada vez, porém; naquele momento, estavam discutindo sobre as melhores armadilhas para usarem. "Eu acredito que, antes de pensarmos na ofensiva, precisamos cobrir a defensiva. Sensores de movimento nas fronteiras da ilha poderiam disparar alarmes que as ajudariam e se preparar para um ataque. Talvez câmeras para que elas tenham noção imediata do suposto perigo que se aproxima?"
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apavorantes · 2 months
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POV ⸻ a potion for healing, part one.
@silencehq Citados: Filhos e Aprendizes da Magia.
Bishop estava sentada na própria cama, as pernas cruzadas e, entre elas, um livro que provavelmente não via a luz do sol há alguns anos. Antes dela desenterrá-lo de uma pilha bagunçada e esquecida em um dos cantos mal iluminados da biblioteca, estava coberto por uma camada de poeira tão espessa que ela teve que limpar a capa e bordas com um pano antes de lê-lo, do contrário espirraria incessantemente até o dia seguinte.
O livro não era uma mera coletânea de histórias da mitologia grega ou um registro de tempos passados. Fazia parte da limitada, mas preciosa coleção de grimórios do Acampamento Meio-Sangue, deixados para que seus usuários de magia e feitiçaria os estudassem e se aperfeiçoassem em suas habilidades. Este era o motivo para Bishop nunca tê-lo encontrado antes, embora tenha passado uma parcela significativa de sua adolescência e do início de sua vida adulta enfurnada na biblioteca, ao ponto de ter decorado o sistema de divisão e organização das prateleiras — até alguns meses atrás, não tinha envolvimento algum com usuários de magia. O interesse pela criação de poções e elixires, embora presente há anos, foi deixado de lado quando a semideusa optou por mudar-se para Nova Roma e começar uma graduação em História na universidade dos semideuses romanos. 
Muito havia mudado depois de sua entrada nos Aprendizes da Magia, no entanto, e a dúvida se a satisfação de sua curiosidade valera a pena toda aquela dor de cabeça estava sempre pairando sobre ela. Queria fazer poções para ser mais útil para o Acampamento, mas, no fim das contas, apenas tornara-se uma pária, mais uma na lista de suspeitos de serem o traidor. Não se sentia mais segura na estufa e os olhares tortos sobre ela enquanto andava pela colina não passavam despercebidos. 
E então o ataque. A madrugada em que o traidor pôs todos os semideuses sob ilusões terríveis, visões de seus maiores medos e defeitos. Não estivera com os outros quando a armadilha foi plantada, mas soube do que aconteceu — gritos de horror, olhos revirados, dezenas de campistas levados ao chão, inconscientes. Uma cena de filme de terror.
O problema, porém, era exatamente esse: Bishop não estava lá. Ela estivera na biblioteca, desenterrando livros e fuçando grimórios como o que estava bem à sua frente. Adormecera o estudando e, no instante seguinte, também estava presa em uma das ilusões.
Ela supunha que não havia acordado porque estava tendo um pesadelo. Antes das visões do traidor se esgueirarem para dentro de sua mente, ela era atormentada por visões diferentes, os sonhos pavorosos e distorcidos que a acompanhavam desde criança. Sempre suspeitara que os pesadelos vinham diretamente de seu pai, fosse sua forma doentia de se comunicar com a filha ou somente de perturbá-la; naquela noite, acreditou ter suas suspeitas confirmadas, pois nenhum sonho comum teria a impedido de ouvir a comoção do lado de fora.
O quão suspeita parecia ser era até cômico: uma das únicas pessoas que não estavam presentes, também uma Aprendiz da Magia? Para os que estavam dispostos a apontar dedos e lançar acusações sem prova alguma, aquilo era mais que o suficiente. Reservar-se ao chalé 33 e aos espaços com poucas pessoas era o melhor que fazia por si mesma.
Mas, em meio a ilusões e acusações, uma informação crucial: o grimório. Nele, uma página havia sido destacada por Bishop com uma fita, que revisitara após a derradeira madrugada e um resto de noite mal dormida. Poção de cultivo mágico. Essas eram as palavras no topo da página, em seu restante coberta por desenhos e esquemas explicativos acompanhados de parágrafos e anotações avulsas sobre a preparação do tônico. Em outros termos, uma poção de fortalecimento.
Bishop enfrentava a cruel dúvida entre arriscar produzir a poção por conta própria, o que poderia acabar em, no mínimo, um desperdício de tempo e ingredientes e, no máximo, uma explosão na estufa ou um efeito colateral desagradável que a deixaria ainda mais deplorável do que já se encontrava; ou pedir ajuda a um Filho da Magia experiente, na ameaça de ser exatamente o traidor. 
As chances sequer eram pequenas: os Filhos da Magia eram um grupo restrito e criado especialmente para os filhos de Hécate e Circe. Seus membros também eram irmãos entre si e protegeriam um ao outro, independente de serem cúmplices diretos do traidor ou não. O risco era alto e poderia colocar muitas coisas em jogo, não só ela mesma.
Ainda assim, enquanto estudava as anotações do grimório e fazia suas próprias no caderno ao lado, mais a filha de Fobos criava certeza de que não conseguia fazer aquilo sozinha. Há quantos meses treinava a criação de poções? Três, quatro? Estava só agora aperfeiçoando a fórmula dos elixires mais simples, então como poderia confiar em si mesma para fazer algo tão importante? Algo que, potencialmente, recuperaria a magia de todos os Filhos e Aprendizes da Magia e anularia a vantagem do traidor contra eles. 
Havia, claro, uma terceira opção: Quíron. Entregar a receita ao centauro parecia uma escolha segura, afinal, seria da responsabilidade dele que a poção fosse produzida com sucesso e distribuída entre os campistas. Contudo, o diretor também não era detentor de magia própria, e, sem o contato dos deuses, ele só voltaria ao mesmo ponto que Bishop: precisaria de um semideus para prepará-la. Ao menos, se a própria garota lidasse com isso, escolheria alguém em quem confiava.
Alguém em quem confiava. A lista era curta e, recentemente, repleta de exceções: Veronica era sua mentora e havia perdido as memórias em sua última missão, mas quem poderia afirmá-la que tudo não se passava de um teatro para que não suspeitasse dela? Pietra era a conselheira do chalé de Hécate com um talento para plantas, mas aparentava abalada com os últimos acontecimentos. Maxime, como ela, era um Aprendiz da Magia e uma das pessoas com quem investigava os suspeitos, mas não tinha magia própria e estava tão fraco quanto ela. Héktor, Estelle, Natalia, Lipnia… muitíssimo poderosos, sem dúvida alguma, mas, por isso, igualmente perigosos.
Bishop libertou um suspiro. Se os deuses ainda respondessem a oferendas, talvez fizesse uma a Tiquê para que ela a abençoasse antes de fazer aquela escolha.
Bateu as abas do grimório uma contra a outra, fechando-o. Depois, fechou também o caderno e enfiou os dois e sua caneta em uma bolsa.
Teria que escolher, e o que quer que fosse a resposta viria com possíveis consequências. Fugir delas era impossível, então que pelo menos escolhesse a opção mais inteligente. Sabia de alguém que havia sido alvo específico do traidor e, embora a mesma lógica usada em Veronica também fosse aplicável, correria o risco. Se tudo desse errado, ao menos teria Rakshasa embainhada na cintura.
Ela apanhou a bolsa, passou-a pelos ombros e destrancou a porta do quarto. Precisava procurar Natalia Pavlova.
Continua…
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thinksofanygirl · 2 years
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Sinto sua falta, mais do que eu já cogitei admtir a mim mesma, não sei se ainda pensa em mim, ou se me apagou completamente da sua memória, só sei que mesmo após um ano, eu ainda sinto sua falta, da tua voz me explicando as coisas, do seus olhinhos que se fechavam toda vez que vc sorria, do seu jeito moleque e divertido, que me fazia tão bem.
Dizem que tudo nessa vida passa, bom por aqui vou torcendo para que seja verdade, e um dia eu possa lembrar de vc, sem tristeza, apenas como uma bela e boa lembrança, por enquanto vou indo, como diria o poeta "dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo..."
Tem dias que, eu até consigo te afastar da minha mente, já em outros, é impossível evitar a saudade. Me pego pensando em como vai vc, se está bem, feliz, triste, sozinho ou se tem alguém ao seu lado, tem vezes que tenho vontade de largar tudo e sair pelas ruas te procurando como uma louca, às vezes acho que vc também queria que eu fosse ao seu encontro, mas tenho medo de estar errada, então eu revejo nossa única foto, pra ver se assim a saudade some, mas ela só aumenta, visito seu instagram mas ele tá trancado, assim como seu coração pra mim, e tenho certeza que se eu mandasse solicitação vc não aceitaria, é como se vc dissesse que na sua vida não há mais espaço pra mim, na verdade nunca houve, e vc não tem culpa, na verdade, nem eu mesma tenho culpa, de ter me apaixonado, me iludido, creio que isso seja uma daquelas armadilhas que só o coração é capaz de aprontar com a gente.
Queria um dia poder te reencontrar e poder te dar um abraço bem apertado, e te contar o tanto que eu senti sua falta, e o tanto que eu te amo, mesmo sabendo que isso não faria diferença alguma pra vc, eu me conformaria só em ouvir sua voz outra vez, dizendo que não sente mágoas de mim e me deseja coisas boas. Confesso que nunca consegui sentir raiva de vc, mesmo tendo errado cmg, eu te dei motivos pra isso, afinal, fui eu quem errou primeiro, mas enfim, tudo isso já passou, não importa mais quem errou ou deixou de errar, e mesmo sabendo que vc nunca vai tomar conhecimento dessa carta, eu só queria te falar que eu te amo muito, e que ter te conhecido foi uma das melhores coisas que já aconteceram cmg, e mesmo não sabendo se vc me deseja o mesmo, eu te desejo toda felicidade do mundo pra vc, pra suas crianças, e toda sua família.
Às vezes eu acho que ngm nunca vai conseguir me tocar da maneira que vc me tocou, mas sei que isso vai passar, afinal tudo passa, e um dia, aparecerá alguém que me faça novamente sentir borboletas no estômago, não sei se isso vai acontecer daqui há um mês, um ano, ou talvez até 5 anos, quem sabe, até porque a única certeza que temos nessa vida é que não temos certeza de nada, enfim, que vc seja feliz com quem quer que seja que vc escolheu pra estar ao seu lado (sortuda ela rsrs).
Eu queria tanto que tivesse acontecido com vc, que nós dois estivéssimos escrito nas estrelas, às vezes sinto que foi, ou melhor, que não foi por pura e única insegurança minha, e me culpo, mas acredito muito em destino e creio que se realmente não aconteceu era porque não deveria ter acontecido.
Quem sabe um dia, o destino não trate de nos colocar frente a frente novamente. Espero que vc continue sempre sendo esse cara alegre, incrível, inteligente e fantástico que um dia me fez sonhar acordada, e deixou meu coração batendo mais forte, da sua eterna NE pro seu eterno R.E ❤️
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db-ltda · 1 month
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Eu mesmo outra vez
Me pergunto por que ainda sustento este mórbido cansaço ao invés de entregar-me a ele de forma contumaz.
Os sonhos vêm e vão em brincadeiras de amores cuja substância duvidosa é contígua ao vazio.
Contigo, não.
Hoje, não mais!
Pois o que é perene sempre aí está, tal como dito, num furo que me abranda em noites escuras.
Temo, ora pois, tornar a resgatar meus prantos solitários mais uma vez, como outrora.
Regozijo-me, pois, na fé de que, na alvorada, surgirão novos laços, porém não na aclamada paixão entre amantes, mas sim num debruçar-me lentamente sobre mim mesmo.
Tenho dito sempre que, por perecível que seja o amor, refaz-se outra vez mais em objetos novos às dezenas.
Sofro este desalento a duras penas, quebrando o silêncio com meus versos recatados.
Poderá a aurora revigorar minha alma, ainda que me venha um vazio, pois a luz deste disco solar incandescente não objetifica nada com seus raios de imperceptível violeta.
A meio entendedor, meia palavra basta. A solitude em si resguarda a vida casta, pois a solteirice é armadilha para um destino enfadonho.
Só sabe do que falo meu coração, que me escuta, escrutinando minha mente, que se esfacela em perdição.
Desorientado, uma vez mais, minha matreira agonia presta-se a dar o ar da graça, ainda que nada tenha feito; ela sempre me ameaça.
Se é brandura ou frouxidão chorar mais uma vez pelo coração partido, eu pouco sei, mas quem me acolhe nestes termos sempre esteve ao meu lado.
Eu mesmo, uma vez mais, e eu mesmo, outra vez.
Como uma cicatriz no bojo escondido de um busto que fulgura e relampeja um hedonismo heroico, como método de contracepção.
Eis que me pego nele, absorto, procurando colo num travesseiro duro feito chumbo, que, mais uma vez e com frieza, suplanta e espezinha minhas súplicas de afeto.
Eis que, em meu recôndito, me retorço ao mesmo tempo em que me apego.
Eis que a vida, mais uma vez, me incumbe de apascentar aquele que comigo sempre esteve e que, mesmo à morte, há de comigo estar:
Eu mesmo, uma vez mais, e eu mesmo, outra vez.
Agora o inverso
Não me pergunto por que rejeito este leve ânimo, preferindo afastá-lo de forma esporádica.
As vigílias permanecem estáticas, em seriedade e ódios, cuja essência clara é oposta ao preenchimento.
Contigo, sim.
Hoje, sempre mais!
Pois o que é efêmero nunca aí está, como não dito, num preenchimento que me agita em dias claros.
Tenho coragem, agora sim, de não afastar minhas risadas acompanhadas, como nunca antes.
Entristeço-me, então, na dúvida de que no crepúsculo desaparecerão todos os vínculos, talvez na rejeitada indiferença entre estranhos, mas sim num afastar-me rapidamente de mim mesmo.
Nunca disse que, por eterno que seja o ódio, destrói-se para sempre sem deixar vestígios.
Sinto esta alegria com facilidade, preenchendo o ruído com meus gritos abertos.
Talvez o anoitecer exaura minha alma, mesmo que me preencha, pois a escuridão desta esfera fria e apagada concretiza tudo com suas sombras de intenso preto.
A quem entende muito, uma palavra cheia nunca basta; a companhia em si expõe a vida impura, pois o casamento é uma bênção para um futuro entusiasmante.
Não entende do que falo meu corpo, que me ignora, desconsiderando minha alma, que se solidifica em salvação.
Orientado, uma vez menos, minha calma paz recusa-se a se apresentar, mesmo que muito tenha feito; ela nunca me ameaça.
Se é força ou firmeza rir uma vez menos pelo coração inteiro, eu muito sei, mas quem me afasta nestes termos nunca esteve ao meu lado.
Eu mesmo, uma vez menos, e eu mesmo, nunca mais.
Como uma pele lisa e visível de um corpo que apaga e silencia uma abstinência corriqueira, como método de concepção.
Eis que me afasto dele, desperto, rejeitando apoio num travesseiro macio como seda, que, uma vez menos e com calor, acolhe e eleva minhas súplicas de solidão.
Eis que, em meu exterior, me estico ao mesmo tempo em que me solto.
Eis que a morte, uma vez menos, me isenta de rejeitar aquele que nunca esteve comigo e que, mesmo na vida, não há de comigo estar:
Eu mesmo, uma vez menos, e eu mesmo, nunca mais.
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branckaper · 1 year
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[resoluções 03/09/23]
Faça o melhor e máximo de cada um dos seus dias.
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Escolha a melhor parte de você e se complete apenas a partir dela. Sem influência de lixos emocionais. Seja a sua criança e aja com a disposição emocional e física que você tinha aos 5 anos.
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Enxergue apenas o próximo degrau, que não é um muro difícil de ultrapassar, nem uma armadilha para se cair, é só um degrau, naquele dia comum. Pise firme e seja firme. Não se esconda de ninguém e nem se deixe levar com o vento. Olhar para o topo da escada causa desânimo e cegueira.
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Errar com os outros é o pecado, confiar neles, não. Se perdoe por confiar e esperar.
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As pessoas mentem e são confusas, a energia que elas emanam, não. Toda pessoa que te provoca a vontade de se resguardar, articular, afastar, deve ser banida. Ainda que isso ultrapasse as boas maneiras e a gratidão.
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Uma nova vida requer novos processos. Processos não são resultados. Processos são aprendidos do zero e muito dificultosos. Processos aprendidos doem menos que lições aprendidas, elas nascem de erros, processos nascem de decisões acertadas.
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Não é porque você está sofrendo que terá resultados bons. A vida não se move por pena e compensação. Tudo que vem sem esforço direto seu, vem por alguma descompensação ou ricochete, é abrupto e imprevisível, então, nunca devemos contar com isso. Tampouco contar com a sorte.
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A subida �� longa e cansa, mas a inércia de permanecer no fundo do poço também. Às vezes o embalo de nosso próprio corpo nos dá impulsos maiores do que imaginamos. Se não olharmos para o lado, equilibradamente chegaremos no objetivo, com dificuldades bem menos do que imaginamos. Na prática, as dificuldades são finitas, na mente, não.
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Faça exercícios todos os dias. 30 minutos lendo. 30 minutos ouvindo. 30 minutos movendo seu corpo.
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Quanto mais apego se tem com uma situação ou alguém, mais atraso terá nas suas conquistas individuais. Apoiar-se e vincular-se a alguém é, de certo modo, emprestar tempo de vida para essa relação.
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Orar e meditar limpa a mente. Se exercitar e dormir limpa o corpo.
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Orar pelos outros é uma forma de sairmos de nossos problemas e nos afastarmos emocionalmente das pessoas por enxergarmos a situação de fora, isso nos livra de grande parte da influência sofrida diariamente.
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Aprenda uma coisa nova por semana. Um cuidado com a casa, uma prática nova, mas algo que não seja para diversão, a diversão sempre está associada a algo que já conhecemos. Atos iguais fazem dias iguais.
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Comece de novo sempre. Dentro da mesma hora, mesmo dia, mesma semana.
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Não adie. Não odeie. Não suponha. Veja e faça. Não descanse, elimine o que te cansa.
(Branckaper)
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lagrimasz · 10 months
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Meu relato e motivação 🦋
Durante meu nf, tive dificuldades em controlar minha mente. Nossa mente é o pior inimigo, ela nos tortura de toda forma. Mas precisamos desligá-la quando necessário, quase tive uma compulsão ontem. Estava horas sem comer e apenas bebendo muita água, e veio aquele pensamento lembrando das coisas que tinham na geladeira e armário as comidas que eu gostava. Tive que resistir firme para não cair na tentação, se quiser chegar em algum lugar precisa sofrer o esforço e luta para conseguir.. eu preciso fazer esse sacrifício se quero sentir bem comigo mesma, se eu quero ser magra e me sentir bonita eu preciso ficar horas sem comer. Preciso diminuir a quantidade de comida, o mais importante é controlar nossas emoções e mente. Esses dias atrás cai na tentação de comer e no final não senti mais aquele prazer na comida, o gosto não estava como eu queria. E sim foi apenas uma armadilha ilusória da minha mente, apenas comi, ganhei mais peso, mais calorias para digerir, e mais dias para sustentar e concertar meu erro. aquele desejo pela comida e aquela sensação quando comia algo tinha passado, tudo ilusório quando perdemos o gosto por algo. E no fim dessa compulsão me senti extremamente cheia, enjoada, arrependida, mal e culpada.
Mas se sentirem o mesmo, lembre-se
" não vale a pena, só irá adiar seu processo. Isso tudo é apenas ilusão para acabar com sua conquista. Estamos chegando lá, basta continuar..."
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