O tratado de Casamento
O grandioso salão do imponente castelo resplandecia em sua decoração exuberante, meticulosamente preparado para a ocasião de extrema importância. Mesas adornadas com requintados arranjos florais e reluzentes peças de prata estavam meticulosamente dispostas em um salão de elegância ímpar, destinado a ser o cenário onde se desenrolaria a cerimônia do chá. No ar, pairava uma sutil tensão, enquanto os ilustres convidados aguardavam com ansiedade o aguardado encontro entre o nobre príncipe Yoshino Hokuto e a encantadora princesa S/n, que marcaria o início das discussões sobre os intricados detalhes do tratado de casamento.
O Reino de Cristal, imbuído do desejo de estabelecer um tratado de paz com a majestosa Floresta Encantada, buscava não apenas um elo diplomático, mas uma colaboração crucial para superar a crise que assolava suas terras. A Mãe Natureza, em sua benevolência, consentia com uma única condição: que nenhuma caçada às criaturas mágicas que povoavam a floresta se desse, garantindo a preservação desse reino encantado. Em troca, oferecia sua joia mais preciosa, a princesa S/n, uma fada mimada, cujas vontades e desejos seriam, a partir de então, interligados aos destinos entrelaçados dos dois reinos.
Yoshino, o jovem príncipe de encantadora aparência, trajava com elegância os trajes reais que não apenas realçavam sua beleza natural, mas também testemunhavam a sua posição nobre. Com paciência digna de um monarca, aguardava em uma extremidade da sala, observando com graça e compostura os movimentos que ocorriam ao seu redor. O príncipe do Reino de Cristal, o mais jovem entre seus pares, oferecera-se voluntariamente para liderar este tratado, um gesto que visava honrar e fortalecer as fundações de sua terra natal.
A entrada triunfante de S/n, a princesa cujo toque parecia emanar magia, transformou o salão em um palco de esplendor. Seu vestido resplandecia com uma luz mágica, envolvendo-a em uma aura de pompa que não se limitava apenas à sua presença física. Seus olhos faiscavam com um brilho travesso, um reflexo de sua natureza encantadora, enquanto se aproximava graciosamente de Yoshino. Nesse encontro, pairava no ar uma mistura intrigante de curiosidade e um sutil desdém, elementos que adicionavam uma dimensão intrigante a essa união destinada a ser selada entre dois reinos distintos.
- Príncipe Yoshino Hokuto, pressupõe? - S/n proferiu sua voz impregnada de um charme misterioso que ecoava pela sala como uma suave melodia.
- Sim, é um prazer conhecê-la, Princesa S/n. - Yoshino respondeu com um leve inclinar de cabeça, seu sorriso gentil refletindo a cortesia de sua linhagem nobre.
Contudo, S/n revirou os olhos com evidente descontentamento diante da formalidade. - Vamos poupar-nos das tediosas formalidades, não acha? Humanos e suas regras enfadonhas.
Um suave riso escapou dos lábios de Yoshino, mantendo sua serenidade inabalável. - Certamente, como desejar, Princesa S/n.
Conduzidos à mesa, uma seleção requintada de chás aguardava, testemunhando a fineza do encontro. S/n, audaciosa, tomou a iniciativa de quebrar o silêncio, lançando um olhar desafiador na direção de Yoshino, como se desejasse sondar os limites do protocolo estabelecido.
- Então, príncipe, como é ser meramente um humano comum? Deve ser uma existência tediosa - provocou S/n, sua voz carregada de um tom de curiosidade desafiadora.
Yoshino manteve sua compostura majestosa, respondendo com serenidade: - A simplicidade da vida humana possui sua própria beleza, Princesa. Nem tudo precisa ser permeado pela magia para ser verdadeiramente especial.
S/n bufou impacientemente, brincando com a colher de chá. - Magia é o que torna as coisas verdadeiramente interessantes, não concorda? Eu posso realizar feitos que você nem mesmo ousaria sonhar.
Um sorriso leve adornou os lábios de Yoshino, revelando uma ponta de desafio. - É verdade, posso não possuir o dom da magia, mas detenho algo ainda mais poderoso: a habilidade de compreender e apreciar a essência genuína das coisas.
Assim prosseguiu a conversa, um intricado jogo de palavras e olhares, explorando as distinções entre seus mundos singulares. Contudo, à medida que o chá era servido e as horas se desenrolavam, uma mudança sutil começou a tomar forma na dinâmica entre o príncipe humano e a princesa fada. Uma compreensão mútua germinava, lançando os alicerces para uma conexão improvável entre dois seres oriundo de mundos tão contrastantes.
A noite desdobrou-se em um magnífico baile no esplêndido salão do castelo, banhado pela luz cintilante dos candelabros. O vestido de S/n, em sua elegância etérea, harmonizava-se perfeitamente com a aura de fada que a envolvia, enquanto ela deslizava graciosamente pelo salão. Por sua vez, Yoshino vestia um traje que realçava sua beleza singular, destacando-o entre os presentes como uma figura imponente.
Enquanto o baile atingia seu ápice, S/n observava de longe como Yoshino era cortejado por princesas de outros reinos. Ele dançava com uma graciosidade inata, sorria com gentileza, e, inevitavelmente, atraía olhares admirativos. Essa cena foi o bastante para acender a faísca da inveja dentro do coração de S/n.
Ela aproximou-se dele com passos decididos, um olhar indignado refletindo em seus olhos cintilantes. - Príncipe Yoshino, parece que está desfrutando bastante da companhia de suas admiradoras.
Yoshino interrompeu a dança, dirigindo a S/n um olhar de surpresa genuína. - Ah, Princesa S/n! Estou apenas sendo cortês. A noite é jovem, e a dança é uma expressão de celebração.
S/n bufou, cruzando os braços. - Celebração? Parece mais um desfile de todas as princesas ávidas por sua atenção. Você não passa de um humano comum, e elas agem como se fosse o único príncipe no reino.
Yoshino manteve sua calma, mas uma faísca de diversão brilhou em seus olhos. - Princesa, a beleza reside nos olhos de quem observa. Elas estão apenas apreciando a companhia de um ser intrigante, assim como você faz.
Uma onda de frustração cresceu dentro de S/n. - Você não entende, não é? Sou uma princesa, uma fada, e mereço toda a atenção! Está todas ignorando isso por você, um simples humano.
Yoshino inclinou a cabeça, seus olhos analisando S/n com curiosidade. - Talvez elas estejam atraídas por algo mais profundo do que a magia superficial, Princesa.
Aquelas palavras atingiram S/n como uma flecha. Acostumada a ser o centro das atenções, agora confrontava a possibilidade de que sua magia não era suficiente para cativar todos os corações. Com uma mistura de raiva e desconcerto, S/n afastou-se de Yoshino, deixando-o sozinho no suntuoso salão de baile.
S/n percorreu os corredores do majestoso castelo até alcançar o jardim principal, onde a noite estrelada oferecia um cenário de serenidade. O jardim, adornado por flores vibrantes e uma fonte graciosa iluminada pela suave luz lunar, proporcionava um refúgio tranquilo. O coração de S/n pulsava com uma mistura tumultuosa de emoções, enquanto tentava processar a humilhante cena ocorrida no salão de baile.
Contudo, a intensidade de suas emoções agia como um furacão interior, indicando que algo extraordinário estava prestes a acontecer. Uma sensação de calor começou a envolvê-la, e ela intuiu que suas asas de fada estavam prestes a se manifestar. Com um arquejar surpreso, percebeu que suas asas brilhantes começavam a se desdobrar, estendendo-se majestosamente para os céus noturnos. A luz suave que irradiavam realçava suas cores vibrantes, reflexo da complexidade de suas emoções.
As asas, qual extensões físicas de seus sentimentos, tremiam com uma energia indomável. Sentando-se na grama próxima à fonte, observou suas asas com uma mistura de maravilha e desespero, refletindo-se nas águas calmas. Cada emoção intensa desencadeava uma resposta nas asas, fazendo-as pulsar e brilhar de maneiras hipnotizantes, criando uma aura mágica ao seu redor. Ela tentou, em vão, conter suas asas, mas a intensidade de suas emoções as tornava irresistíveis.
Perplexo com a súbita partida de S/n, Yoshino decidiu segui-la para compreender melhor o que estava acontecendo. Encontrarem-na no jardim, suas asas de fada resplandecendo intensamente e refletindo os raios prateados da lua.
- Princesa S/n, o que está ocorrendo? - Yoshino inquiriu, surpreendido pela visão mágica diante dele.
S/n, ainda atormentada por suas próprias emoções, dirigiu-lhe um olhar repleto de lágrimas. - Elas surgiram, foi isso... As asas, elas aparecem quando menos espero tudo está fora de controle.
Yoshino aproximou-se dela com cautela, observando as asas brilhantes com fascínio. - Não precisa se afligir Princesa. Pode fazê-las desaparecer, não é?
S/n balançou a cabeça, frustrada. - Você não entende. Não é tão simples assim. Como a primogênita da Mãe Natureza, nasci com uma magia poderosa... E não consigo controlá-la completamente.
Yoshino suspirou, compreendendo a angústia de S/n. - Não busco competir por atenção, Princesa. Cada ser é singular à sua maneira, e suas asas são verdadeiramente magníficas.
A luminosidade das asas começou a diminuir gradativamente à medida que as emoções de S/n se acalmavam. Ela encarou Yoshino, percebendo a sinceridade em suas palavras.
- Você não está tentando me agradar, está? - S/n questionou uma pitada de vulnerabilidade perceptível em sua voz.
Yoshino sorriu gentilmente. - Não, Princesa. Estou apenas buscando compreender e aceitar a magia da minha noiva.
Com o passar do tempo, as asas de S/n recolheram-se, e a tranquilidade retornou ao jardim. Yoshino e S/n permaneceram ali, compartilhando um momento de compreensão mútua, enquanto as estrelas brilhavam no céu e a magia do amor e da aceitação permeava o ar.
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