Memories - Epílogo
notas da autora: Chegamos ao fim.
avisos: menção a morte, acidente, muita angustia. flashback em itálico e recuo.
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Eu não me recordava de como havia sido meu processo pré-morte durante o acidente, mas a dor e impacto com certeza estava sendo maior agora.
O som da bala saindo pelo cano do revólver da mão dominante de Niall me assombrava o tempo inteiro. Era um som agudo, um som que fazia meu coração alterar a frequência de uma maneira ruim, meu estômago tinha calafrios terríveis.
A sequência de ações de S/n caindo aos meus pés e o líquido vermelho escarlate saindo de seu peito era o pior dos meus pesadelos. Niall derrubando a arma no chão, tremendo sem parar e seu rosto banhado em lágrimas instantaneamente era algo que eu não iria esquecer.
No mais, eu me lembro de S/n falando do nosso filho, da dor, do destino trágico que ela havia tido logo agora que teria o nosso bebezinho.
As sirenes no maior volume possível e seu som ficou ainda mais em evidência quando os paramédicos me jogaram para o fim da ambulância enquanto tentavam manobras de recessucitação em S/n.
Toda minha vida com ela passou em frente aos meus olhos. De novo.
O nosso primeiro beijo, as risadas, os choros, as noites fazendo amor e todas as decepções que causei.
Foram horas de cirurgia, papeis e mais papéis, horas de condições que haviam sido impostas, como “faremos tudo para que ela sobreviva, mas a hemorragia está intensa” ou até mesmo “não damos certeza quanto a vida do bebê”.
Minha cabeça girou e girou o tempo inteiro, um sentimento de culpa me invadindo pois no fundo, eu sabia que era eu que deveria estar no lugar de S/n, ela deveria estar por ai planejando o quarto do bebê e não numa sala de cirurgia de emergência correndo risco de vida.
Niall havia sido preso e a notícia estourou nos jornais na manhã seguinte, os rapazes estavam em choque assim como eu. Ninguém conseguia acreditar que tínhamos chegado a essa situação.
Eu andava de um lado para o outro, desesperado em busca de notícias até que o médico veio em minha direção, minhas pernas fraquejaram e meu coração pulou no peito compulsivamente.
— Parentes de S/n S/sn? - Ele olhou pela sala de espera aonde os rapazes e suas respectivas estavam sentados.
— Sou marido dela. – Me pus em frente a ele.
— Preciso que mantenham a calma, está certo? – O médico de meia idade vestido com a roupa estéril azulada me olhou – S/n teve uma hemorragia gravíssima, foram usados vários pacotes de sangue na transfusão, retiramos o projétil que por sorte não eclodiu dentro do corpo dela… - Ele revesava o olhar entre mim e os rapazes que se aproximaram - Por fim, ela está estável, sua pressão está variando bastante, é provável que a induziremos ao coma até que seja estabilizado.
— Acho que se algum dia eu te perder, eu não sei o que eu faço, sabe? Se você… morrer ou sei lá. Não consigo nem imaginar isso. – S/n sussurrou pra mim enquanto estávamos deitados na sua cama, na época da faculdade.
— Você vai se virar, você sempre consegue fazer as coisas melhor do que eu. – Ri sem graça, acariciando seu braço enquanto encarava o teto.
— Isso não quer dizer que eu não vá sofrer, mas imagino que você não vá sofrer o tanto quanto eu… – Sua voz estava rouca, com certeza ela estava prestes a chorar. Podia ser a TPM ou palavras sinceras, mas na época, eu não ligava muito pros sentimentos dela então acabei piorando as coisas. Como sempre.
— Somos jovens, dá pra ser feliz com outras pessoas.
Senti ela levantar o rosto e me encarar. S/n se afastou do meu meio abraço e concordou com a cabeça.
— Talvez você esteja certo, não vou mais me preocupar com isso. Você vai ficar bem sem mim.
Pelo resto da tarde, S/n ficou em silêncio provavelmente magoada e pensando que ela não fazia qualquer diferença na minha vida. Mas ela fazia, eu só não admitia.
Com certeza o Harry daquela época estaria se batendo com a estupidez das suas palavras. Eu estava muito errado, agora eu sabia que não importa a minha idade ou condição, eu não conseguiria ser feliz sem ela.
Havia passado alguns meses desde tudo, S/n continuava hospitalizada, todos os dias uma grande equipe médica vinha até seu quarto, mas sem muitas novidades, nosso bebê ainda permanecia vivo e isso era o que mais impressionava a todos. Talvez era alguma força divina me dando um chance de ser feliz de novo.
Mas tudo mudou quando retiraram S/n da indução do coma e ela não acordou. Seu corpo estava prestes a entrar em estado vegetativo se não fosse por suas funções cerebrais ainda estarem ativas de acordo com as inúmeras ressonâncias.
Estavamos ha quase cinco meses nessa, o sexto mês de gestação surgindo e meu desespero aumentando nas possibilidades que me deram.
— Eu sinto muito, senhor Styles. – O médico, Dr. Andrew sibilou - Se a senhora Styles não acordar em algumas semanas, eu indico a indução ao parto para que não haja nenhuma possibilidade de haver complicações com a criança. Caso não fizer e se S/n não começar a responder aos estimulos, é provável que ambos não sobrevivam…
Eu negava com a cabeça, eu não poderia fazer uma escolha tão difícil. Não poderia escolher entre a mulher da minha vida ou o meu bebê. Eu precisava que os dois sobrevivam, os dois inteiros e completos pra que possamos viver felizes para sempre.
Me retirei do consultório do médico e fui direto para o quarto onde S/n estava. Ela precisava acordar logo, acordar pra que a gente aproveitasse como uma verdadeira família o resto de nossas vidas.
Semanas depois...
Chris, minha mãe e minha irmã revesavam seu acompanhamento, por mais que eu apenas conseguia ir pra casa tomar banho e trocar de roupa. Eu comia quando minha mãe ou os rapazes me forçavam a isso, senão, eu não fazia nada além de monitora-la.
Eu dormia e acordava ao seu lado, sempre olhando para os fios ligados por todo seu peito, rosto e barriga. Por vezes eu pegava em sua mão e começava a conversar, mas não havia nenhum reflexo de que ela estivesse me ouvindo. Os papéis de autorização da indução ao parto e do desligamento das máquinas ligadas a S/n estavam intactos e continuariam assim. Sempre fui covarde e agora, mais do que nunca.
O que me mantinha mais ou menos são a essa altura, eram as sessões de terapia que eu fazia de forma online com Sebatian. Ele me instigava a manter pensamentos positivos mas com os pés no chão, já que com toda certeza eu teria entrado em colapso se não fosse por nossas conversas.
Fora isso, eu apenas conversava com S/n. Tentava sempre ficar o mais próximo possível dela e do nosso bebê, que eu ainda não sabia qual era o sexo pois queria descobrir junto com ela.
— Ontem à noite, eu sonhei que nosso bebê era uma menina. – Iniciei nossa conversa logo após o horário de almoço - Ela era tão linda, S/n. Ela tinha seu nariz e os olhos verdes como os meus… - Deixei um beijo na parte de trás da sua mão – Quando fui pra nossa casa hoje cedo, eu pensei em alguns nomes tipo Heather, Alice ou Zoe… – seu rosto permanecia sereno, como se ela estivesse dormindo – Sobre Zoe, eu procurei e li que significa vida e é o que vocês duas significam pra mim.
O lençol com a estampa do hospital estava esticado, eu sentia meus olhos lacrimejarem enquanto segurava sua mão com as minhas duas mãos. O choro estava entalado na minha garganta há muito tempo, mas eu precisava ser forte por nós três.
— Mas se for um garotinho, eu gosto de Thomas ou Henry… Você se lembra quando conversamos no parque naquele dia? - Mantive meu tom de voz baixo, como se fosse uma conversa íntima – … Se tivessemos um garoto, seria Thomas Edward Styles, nome de principe da Disney, não acha? – Eu ri sem graça focando em um ponto ao sul do quarto, ela não se moveu ou qualquer reação que esperançosamente eu tinha – Enfim, qualquer um que vier eu vou ser grato e vou ser o melhor pai desse mundo, eu prometo. Nós três vamos ser muito felizes juntos.
Apertei suas mãos e fechei os olhos rezando uma prece que eu me lembrava de quando era criança.
Vamos, S/n. Não me abandona agora, por favor…
Eu sei que mereço tudo de pior desse mundo, mas por favor…
— E-eu gosto de Th-Thomas. – Sua voz saiu baixa e meu corpo todo se arrepiou.
Por alguns segundos, eu pensei que era minha cabeça pregando uma peça ou que eu estivesse sonhando mais uma vez, mas S/n piscava lentamente e os cantos de sua boca tremiam e arquearam minimamente em um sorriso.
As cenas seguintes era eu correndo pra chamar as enfermeiras e os médicos. O quarto se encheu, alguns fios foram retirados e a ajeitaram na cama.
Os médicos estavam boquiabertos, era algo impressionante e fora da curva, mas algo em mim sabia que ela não permaneceria naquela situação por muito mais tempo. Eu sabia que ela não iria se render.
A minha S/n era forte, destemida e inabalável.
Pediram pra que eu ficasse fora do quarto, eu tremia e chorava de alegria, meu estômago parecia com uma grande sensação de montanha russa.
Liguei pra minha mãe e pros rapazes, todos ficaram eufóricos com a notícia e já estavam vindo para o hospital.
Eu me sentei em uma das poltronas disponíveis e meus joelhos começaram a chacoalhar, agradeci mentalmente a todas as boas forças do universo.
Finalmente, a minha S/n estava de volta.
A minha S/n e o nosso bebê.
— Agora para finalizar, um belo sorriso dos papais! – A fotógrafa pediu e nós sorrimos.
S/n havia chegado aos nove meses de gestação e estávamos aproveitando esse finalzinho antes do nosso filho chegar, criando memórias físicas desse momento com um ensaio fotográfico.
Sim, filho.
O nosso Thomas.
Assim que S/n acordou do coma, foi uma correria para exames e diagnósticos. Uma pequena parte da sua memória e um pouco da sua estabilidade havia sido comprometida devido ao coma e ao tiro, mas tudo poderia ser revertido com os cuidados necessários.
Ela saiu do hospital alguns dias depois, tendo toda atenção possível.
S/n aceitou ir para a nossa casa, desde que eu contasse tudo que havia acontecido para que ela fosse parar ali estando grávida. Ela não se recordava dos últimos acontecimentos antes do coma, mas fiz questão de relembra-la de tudo.
Eu havia contado pra ela sobre a aposta novamente, contado sobre Courtney e Niall. S/n achou a história mirabolante, mas mostrei as provas de que estava dizendo a verdade e ela aceitou.
Niall por sua vez iria responder em liberdade, mas conseguimos uma medida protetiva contra ele. S/n a quebrou quando ouviu o que ele tinha a dizer, obviamente ela o perdoou sendo uma boa pessoa, mas pediu pra que ele respeitasse a ela e ao bebê. Niall concordou, desde então, não ouvimos mais falar dele. Ele vendeu a empresa e não entrou mais em contato.
Nós seguimos o que os médicos receitaram, pelo bem dela e do próprio bebê, como alimentação e sem estresse.
Minha mãe e Gemma ajudaram a comprar roupas que coubessem em S/n. Ela ficava linda com as calças de gestante e as blusas divertidas que os rapazes e suas respectivas fizeram questão de presentea-la.
“Mamãe do ano” era sua favorita, com toda certeza.
Nós não dormíamos juntos ainda, mas por vezes na madrugada, eu ia até seu quarto por ouvi-la angustiada em seus pesadelos, todos os dias desde a saída do coma, eles vinham perturba-la. Quando eu estava com ela em meus braços, ela conseguia dormir. E também havia o grande bônus que eu podia sentir o bebê chutar e também acalma-lo.
Em um dos retornos do médico, fizemos a ultrassom e descobrimos que teríamos realmente um menino, o nosso Thomas, o que levou a nossa piada interna de que ele acordou S/n quando ouviu eu falar o nome dele.
Ele já era o garotão do papai.
— Em alguns dias, encaminho pra vocês as fotos editadas! E se o Thomas vier antes da data, me liguem que eu vou correndo! – Karen, nossa fotografa orientou e nós concordamos.
Já era fim de ano, estava nevando em Nova York. Nos agasalhamos e saímos do estúdio. S/n por vezes caia em pensamentos, me deixando de fora, mas eu respeitava até que ela viesse falar comigo.
— Thomas está quieto hoje. – Ela estava sentada no banco do passageiro enquanto eu estava dirigindo.
— Ele deve estar aproveitando ficar ainda mais próximo de você antes de vir pra cá. - Brinquei, acariciando a barriga dela. – Mas se quiser ir ao médico, podemos ir.
— Será? Eu tenho tanto medo de não ter conseguido proteger ele… de ter falhado de novo. - S/n murmurou.
Tudo que era relacionado ao bebê, com certeza era um tópico sensível.
— Shh, shh, shh… – Sussurrei – Não fale isso, lovie. Ele está bem, você está bem, nós estamos bem e vamos continuar! Nada aconteceu e nem vai!
S/n estava lacrimejando e concordou com a cabeça, segurando minha mão sobre sua barriga.
— Será que a pintura do quarto terminou? Não vejo a hora de ver! Os dinossauros foram uma ótima ideia! – Comentei, tentando desviar o assunto.
— Dinossauros é a cara do Louis, já sabemos de onde vem a obsessão de Freddie por eles. – S/n sorriu.
Entrei na rodovia indo em direção ao condomínio, mas não antes de testar superficialmente os freios.
O trauma foi grande.
— Harry. – S/n me chamou e eu desviei o olhar rapidamente.
— Sim?
— Acho que preciso fazer xixi… – Percebi as pernas de S/n sendo cruzadas, mas uma mancha enorme crescendo na sua legging e franzi o cenho – Na verdade, acho que já fiz… – Suas bochechas coraram.
— Não tem problema, Lovie… Depois pedimos pra lavar o carro. É só xixi.
— Harry, não acho que seja só xixi… É o bebê!
— Vamos, Thomy… Diga… Pa-pai! – As duas grandes esferas esverdeadas me encaravam com um sorriso banguela logo abaixo.
A colherzinha azul com um coelho desenhado em torno dela chamava mais atenção do meu garoto do que minha súplica por qualquer pronunciamento dele.
Thomas já estava com 4 meses, sua pele rosada e macia me fazia quer abraça-lo o tempo inteiro, mas por vezes ele preferia a minha ex-atual esposa.
Eu não poderia julga-lo, eu também a queria o tempo todo.
Nosso garoto veio ao mundo na mesma tarde do ensaio fotográfico, obviamente foi uma correria, mas valeu super a pena. Minha mãe e minha irmã choraram por alguns minutos assim que exibi Thomas pelo vidro do berçário. Louis estava todo pompozo falando que era o padrinho mais legal, Freddie perguntava o tempo todo quando Thomas poderia sair pra brincar com ele. Khai tinha ciúmes de Thomas com Freddie e Bear, mas tudo foi resolvido quando explicamos que os primos iriam proteger a princesa Khai de todos os monstros.
E pela primeira vez na minha vida, eu realmente tinha tudo que eu sempre quis.
— Papai está te forçando a falar, meu bebê? Diga a ele que você só conversa comigo, antes da naninha. – S/n beijou a cabecinha do garoto, que por sua vez chacoalhou as perninhas e os bracinhos extremamente animado.
Ele era apaixonado na mãe dele.
E eu também.
S/n o pegou no colo e sentou-se ao meu lado no sofá, onde eu tentava alimenta-lo com o alimento mais sólido, mas eu não podia negar que ele era mais experto e sabia que a mãe dele o amamentaria.
— Também quero participar das conversas… – Fiz bico – Vou precisar amamentar pra acontecer isso?
Nós gargalhamos enquanto Thomy sugava o leite do seio da minha esposa, seus olhinhos já estava começando a fechar. Ele a encarava com admiração, seus longos cílios dando um charme a mais e meu coração se enchia com a cena.
A família que eu perdi, mas por algum milagre divino, eu tinha de volta.
— Vocês já tem o momento de vocês no banho, não é, meu amor? – S/n falou baixinho enquanto fazia carinho com as pontas dos dedos no rosto do bebê. – Diga ao papai que isso é algo só seu e da mamãe…
Desde que S/n deu a luz a Thomas, nossa rotina era exatamente a mesma e isso com certeza não era uma reclamação.
Pela manhã, eu dava banho no bebê logo após S/n dar de mama. Enquanto isso, ela cuidava das coisas da StandArt.
Durante a soneca do nosso garotinho, nós conversávamos sobre as próximas consultas de nós três, já que de alguma forma, os três precisavam constantemente estar com exames feitos.
Almoçávamos juntos, tirávamos a soneca pós almoço juntos, durante a tarde, S/n brincava com Thomy enquanto eu participava de alguma reunião na SM.
Sim, eu havia voltado já que agora Gemma também estava querendo formar uma família, então dividíamos as tarefas e compromissos.
Durante a noite, jantávamos juntos e novamente, eu dava banho em Thomas e isso durava algum tempo já que eu amava ver seus gritinhos de felicidade quando a água morna tocava sua pele ou sua facinação pelas minhas tatuagens, seus dedinhos adoravam passear por elas.
S/n também tomava banho e colocava Thomy para dormir. Ela sempre conversava com ele nesse processo, o que fez com que o nosso garoto balbuciace algumas vezes como quem estivesse entendendo.
Por fim, Thomas pegava no sono e ia pro berço.
Pra nossa sorte, ele era um bebê calmo durante a noite e muito alegre durante o dia, só durante as tempestades ele tinha dificuldade pra dormir, algo que sabemos de quem ele tinha puxado. Mas tudo se resolvia com um mama da mamãe e um ninar do papai.
Já S/n e eu havíamos quase voltado às boas. Tudo era muito intenso pra ela e não seria eu que a forçaria a algo, mas vez ou outra acontecia alguns beijos rápidos e alguns abraços mais longos do que o comum.
— Você acha que ele gosta de mim? – Perguntei dobrando o edredom.
— Quem? Thomas? – S/n fazia o mesmo movimento que eu logo após ajustar a babá eletrônica ao lado na mesa de cabeceira.
Nosso garoto estava em um sono bem gostoso, dava pra ver sua respiração calma através do visor.
— É…
— Está com depressão pós parto, Harry? – Ela riu e eu fiz uma careta.
— Quando ele estava na sua barriga, parecia que ele respondia mais a mim do que agora… Não é à toa que eu chamei ele e ele te acordou… – Me deitei na cama com o braço cruzado no peito.
S/n me olhava com compaixão, mas ainda dava pra perceber que ela segurava o riso.
— Lovie, sabe que você está falando besteira, não sabe? – Ela se sentou na cama ao meu lado e eu assenti, suspirando derrotado – Thomas é nosso bebê, nosso filho. Não é uma competição…
— Sei lá, vai que ele sabe o quanto eu fui mal pra você e…
Senti meu rosto sendo puxado e S/n me calando com seus lábios. Fechei os olhos e a puxei pra mim.
— Me perdoa? – Falei com ela no meu colo e ainda de olhos fechados.
— De novo? Você diz isso todos os dias desde que eu acordei do coma, Hazz…
— Nunca vai ser o suficiente. – Abri meus olhos e S/n me encarava com a cabeça inclinada pro lado, sinal claro que ela estava com vergonha.
— Você sabe que eu já te perdoei, não sabe?
A fitei por alguns instantes. Ela nunca havia dito em voz alta. Coloquei as mãos em ambos os lados da sua cintura e me ajeitei na cama, encostando na cabeceira.
— Como é?
— Harry, eu já te perdoei. Eu pensei que soubesse disso. – Ela franziu o cenho enquanto seus lábios formavam um sorriso.
— Você nunca disse em voz alta.
— Harry… Pelo amor, eu tive um filho com você… Um filho! – Ela falou divertida como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Nos encaramos por mais alguns minutos e começamos a dar risada.
— Mas calma… Aonde nós estamos? – Perguntei confuso.
— Condominio San Claire, Nova York, Manhattan, Estados Unidos, America do Norte… – S/n começou e a puxei pra mim, beijando seus lábios.
— Estou falando sério… Estou falando quanto a nós dois, S/a.
— Eu sei, estava brincando. – Ela se ajeitou, desviando o olhar – Acho que nosso status é temos um filho juntos?
— Mas você realmente me perdoou?
S/n desceu do meu colo, mas minhas mãos não deixaram sua cintura.
— Acredito que 90% de mim, sim. Quando eu estava grávida, meu maior pesadelo era perder o Thomas. Antes disso, era perder você… E eu perdi, não é? Mas por um lado, você me quebrou, Harry… Mas por vezes, eu ouvia uma voz distante, enquanto eu estava no coma, falando que eu deveria pensar em te perdoar. Eu ouvia o arrependimento na sua voz também… você vem sendo um ótimo pai pro Thomas, um bom amigo pra mim também…
— Mas e os outros 10%?
— Eles são minha auto defesa. Eu não consigo confiar que você nunca vai fazer algo assim novamente, eu realmente espero que não, mas é meu subconsciente dizendo pra ficar em alerta já que você pode me machucar de novo. Acredito que tudo que passamos juntos, me fez amolecer… Ainda mais pelo carinha do quarto ao lado.
Eu neguei com a cabeça fechando os olhos.
— Eu nunca faria isso de novo. Te perder mais de uma vez já foi mais que suficiente, simplesmente… não… E eu sou muito, mas muito grato pela vida de vocês dois. Nunca trocaria isso!
— Nem mesmo se Courtney aparecer aqui? – Eu conseguia perceber sua insegurança.
— Nenhuma outra mulher, meu amor. Nenhuma outra vida. Todas as memórias que eu tive me mostraram que desde o início, eu te amei mas não consegui me permitir. Fui um grande idiota que no fundo eu sei que não merecia seu perdão, mas sou grato por isso. De corpo, alma e coração.
— Bom saber disso… - S/n riu fraca e eu a puxei pra mim.
— Agora, uma foto dos noivos com o bebê mais lindo desse mundo! – Karen pediu.
S/n segurou Thomas entre nós dois e eu a abracei, sorrindo pra foto.
É, nós resolvemos casar. De novo.
Chamamos os amigos mais próximos e alguns sócios de ambas as empresas. Depois que S/n me perdoou, eu não poderia perder a chance de oficializarmos o que nós tínhamos.
Em pouco mais de duas semanas e com ajuda de todos, montamos um pequeno casamento na fazenda da família.
— É… – Cocei a garganta batendo levemente no microfone – Oi, pessoal. Hmm… Eu queria agradecer a presença de todos. Definitivamente é uma surpresa muito boa estar em falando com vocês de novo no meu casamento e ainda mais sendo com a mesma pessoa. – Ouvi algumas pessoas rindo, principalmente S/n. – Não vou prolongar muito antes que Zayn e Louis acabem com os docinhos e as bebidas.
Os rapazes riram e levantaram as garrafinhas de vidro como se fosse um brinde.
— Com certeza nesse último ano minha vida deu uma grande virada. Nunca pensei que acordaria de um coma sem lembranças de como foi minha vida antes disso, nunca pensei que teria uma segunda chance em estar e casar com a mesma mulher que eu amo desde a faculdade, mas eu sou grato por isso e pelas poucas memórias que tive no decorrer disso, foram elas que me guiaram e me mostraram o quanto eu errei no passado e o quanto eu precisava mudar pra ter um bom futuro. É muito estranho pensar em como nossa vida pode mudar do dia pra noite. Um amigo se torna um desconhecido, um choro se transforma em riso e memórias se tornam tudo que nós temos. Estamos sempre no automático, perceberam? Acordar, viver, dormir. Todos os dias de nossa vida, vez ou outra temos a sorte de encontrar por ai, pessoas que parecem certas pra nós… do fio de cabelo aos dedos dos pés. Eu li recentemente em algum lugar na internet que a nossa vida é como as linhas das batidas do coração, se não houver altos e baixo, sinal que não estamos vivendo… Obrigado S/n, por estar comigo nos altos e baixos, e acima de tudo, cuidar de mim e do meu coração. Eu amo você.
Ouvi uma salva de palmas e entreguei o microfone aos músicos.
S/n entregou Thomas a minha mãe e veio abraçar.
Puxei-a pra mim, abraçando seu corpo e encaixando-o ao meu. Ela era oficialmente a minha esposa. O amor da minha vida, a minha esposa e a mãe do meu filho.
— Harry, posso te pedir algo? – Ouvi S/n sussurrar baixinho.
Me afastei brevemente dela, encarando seu rosto.
— O que quiser, lovie.
— Que tal a partir de hoje criarmos novas memorias? – Ela sorriu. – Sabe, você perdeu algumas e eu também…
Sorri deixando um beijo em sua bochecha.
— Eu acho uma excelente ideia!
Peguei uma taça de champanhe e outra de suco para S/n.
— A nós. A nossas memórias!
Fim.
Nota autora: Muito obrigada a todos que tiveram paciencia de me acompanhar nessa historia. Memories foi baseada em um sonho que eu tive há muitos anos atrás, foi muito bom compartilha-la com vocês, definitivamente. Espero que de alguma forma tenha tocado e feito voces refletirem sobre algumas coisas. Eu vejo que muita coisa que me mantem firme são memorias de bons momentos que tenho, são as minhas memorias que me motivam.
Espero que vocês me acompanhem na nova historia que eu pretendo começar a postar em Fevereiro de 2023.
Um enorme abraço, Lau :)
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