Narrativas, capítulos e diários das personagens de cada história criada por mim. Navegue na imaginação e no dia a dia de cada uma de nós.Esta é uma página em PORTUGUÊS e as artes são meramente ILUSTRATIVAS.Esta página é dedicada únicamente aos TEXTOS.
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Café triplo, por favor - Background
2ª semana de janeiro
Damian me acorda como se precisasse disso para respirar. Era o início das aulas e ele estava empolgado para voltar para a Academia enquanto eu pedia apenas para que essa tortura terminasse e logo me formasse. Sempre me questionavam sobre a aversão sobre Academia, mas estar lá não era nada reconfortante. Aulas sobre conteúdos que sabia de cor para uma aluna que faria a formatura de medicina no final de março e já estava aprovada para mais dois cursos para iniciar em setembro.
- Vamos, Victoria! Não quero me atrasar.
- Por que está tão empolgado para irmos? – Olho para o relógio e me enfureço. – São quatro da manhã, Damian! É sério?!
- Estou ansioso. Levanta! Vamos arrumar o café e treinar.
- Deita e volta a dormir. – Digo rígida.
- Não consigo. Quero ir na Torre Titã e conhecer a equipe e contar para o Jon.
- Damian, são quatro da manhã e a nossa aula começa as oito. Ou você relaxa e dorme mais um pouco ou eu te coloco para dormir a força! Nosso pai nem chegou em casa ainda!
- Você está péssima. – Dick comenta. Estava tão cansada que Alfred teve que nos trazer para a Academia. Damian tirou o pouco de sono que me restava durante a madrugada.
- Meu irmão fez questão de pular na minha cama para nos arrumarmos para virmos para a escola as quatro da manhã porque ele queria conhecer a nova equipe dele. – Dick riu e me entregou um copo de café. Eu precisava desse café.
- Ele pegou pesado.
- Me irritou profundamente. – Resmungo. – Tinha trabalhado até as duas da manhã por causa do caso do Crane, em Arkham, voltei para casa, depois revisei o meu projeto, adormeci milagrosamente durante o processo e ele me acorda. – Dick riu mais ainda.
- Eu ficaria furioso também. Já me irrito quando meu cachorro faz isso, imagina uma criança.
O encaro e jogo a cabeça para trás. Estávamos apoiados em seu carro. Meus olhos pesavam e meu irmão estava se divertindo e contando tudo para o melhor amigo, Jon Kent, o pequeno Superboy.
- Consegue dar mais um depoimento na delegacia?
- Posso fazer isso amanhã? Prometi há um tempo que ia o levar naquela confeitaria com Conner. Jon também virá conosco. Acredita que fui voando daqui até São Francisco só para mostrar a Torre?
- Virou babá? – Gozou.
- Falou o rapaz que ficou responsável por dois jovens iniciantes e que até hoje vigia e treina pré-adolescentes com poderes.
- Mereci essa. – Disse colocando a mão sobre o peito, fazendo drama.
- Com certeza mereceu.
- O Jim pediu para que fosse hoje. – Respiro fundo procurando forças para aceitar o dia cheio sem nenhum recurso que me alimentasse o suficiente para ter energia até o fim do dia. Nunca senti tanto sono na minha vida.
- Apareço a noite. Por volta das oito ou nove. Pode ser?
- Avisarei o comissário. Tenta dormir um pouco antes de ir. Você está realmente acabada.
Como prometido, levei Damian até a tal confeitaria que ele queria com Conner e, de bônus, Jon também pôde aproveitar. Eles se lambuzaram com tanto doce e só fazia com que eu pensasse como iria lidar com duas crianças cheias de açúcar o restante do dia e com Damian a noite.
- Moça, me vê mais um café triplo, por favor. Pouco creme.
- Claro, senhorita Wayne. Não deseja pedir mais nada?
- Por enquanto não. Obrigada pela atenção. – Joguei a cabeça para trás e passei a mão pelo cabelo também o jogando para trás.
- Quer que eu leve o Jon para Metropolis? – Conner me questiona passando a mão no meu cabelo. – Você precisa descansar um pouco.
- Não. Tudo bem. Eu o levo de moto.
- Voando é bem mais rápido. – Ele sorriu. – E não causa acidentes.
- Aqui, senhorita Wayne. Triplo com pouco creme.
- Obrigada, querida. – Sorrio em agradecimento. – Eu levo. Tenho que passar no departamento para dar um novo depoimento. Tenho plantão de madrugada.
- Você não está em condições de ir para um plantão de doze horas.
- Estarei se meu namorado incrível for até o meu compartimento secreto e pegar uma daquelas injeções. – Conner balança a cabeça contrariado e sorri de canto.
- Vou te arrastar até a dona Marta de novo se continuar assim. – Ri com seu comentário. Ele sabia muito bem que não desrespeitava sua mãe.
- Não vai arrastar minha irmã sem mim, Conner! – Damian reclamou. Ri mesmo com uma dor de cabeça terrível.
- É culpa sua ela estar assim, sabia? – Conner retrucou. Agora seria a guerra de lasers invisíveis que os dois tinham quando um implicava com o outro. Jon e eu ficávamos apenas observando e esperando a guerra silenciosa acabar.
- Não tenho culpa de querer ir conhecer a equipe.
- Mas é culpado de me acordar cedo depois de eu mal ter descansado por semanas. – O repreendo. – Quando for pular na minha cama de madrugada, olhe para o relógio primeiro. Também sou humana e preciso dormir. – Ele revirou os olhos e Jon colocou a mão sobre o ombro dele.
- Minha mãe também fica furiosa quando faço isso e me deixa de castigo. A Vic não te deixou de castigo. Te trouxe aqui.
- Victoria não é minha mãe.
- Mas é quem cuida de você. Eu queria ter uma irmã como ela. – Jon disse com sorriso largo.
- Pega para você. – Disse emburrado.
Me levanto sem dizer uma palavra sequer e pago a conta. Sinto os olhares dos três rapazes sobre mim, mas ignoro. Já estava com dor de cabeça o suficiente para ter que aguentar as birras do pequeno Wayne. - Leva eles para casa. Vou para a delegacia. – Beijo o topo da cabeça de Jon e sorrio. – Manda um beijo para a sua mãe.
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Detetive Demônio
Knights Dome, Complexo Esportivo – Otisburg, Gotham
4 de janeiro – Ano 2023
Noite de folga da Torre Titã. O Estádio Municipal de Gotham estava lotado com torcedores do Wildcats. Meu namorado e nosso amigo Bart pegaram tudo que tinham direito para comer durante o jogo. Eles tinham muita batata, hambúrgueres de todos os tamanhos e sabores, hot-dogs e pipoca com manteiga. Eu, Cassie e Tim olhávamos para eles com nojo e enjoados com a cena. Sei que comia assim as vezes, mas não na frente das pessoas e sempre por necessidade extrema.
Havíamos unido o útil ao agradável nos juntando para assistir uma partida de futebol. Tim e eu sempre corríamos para o estádio quando tínhamos folga para aproveitar a noite. Era nosso vício e nosso passatempo predileto. Vestíamos as camisas e usávamos os bonés do time e hoje todos estavam equipados com o mesmo costume.
- Nunca vi os meninos tão empolgados. – A loira comentou.
- Que homem não gosta de assistir futebol americano, Cassie? É o time da casa. Nada melhor do que assistir vitórias em casa. – Respondo empolgada.
- Não só os homens, não é? – Ela me provocava. O que eu poderia fazer se também adorava um bom jogo de futebol.
- Damian não gosta?
- De pessoas ou de futebol? – Brinco. – Ele prefere passar um tempo com o nosso pai, mas não reclamo. Meu irmão passa muito tempo comigo e precisa sentir nosso pai ao lado dele. É importante para o crescimento dele.
- Parece nossa vida em Themyscira, mas acredito que iria gostar de passar um tempo por lá e ficar desligada de tudo.
- Férias em uma terra unicamente de mulheres, será que me adapto? – Rio. – Acho que não sei viver longe da minha família, Cassie. Esses desmiolados são tudo na minha vida. – Meu celular vibra em meio a comemoração de um ponto. Estava tão traumatizada com isso após a explosão de Arkham que prontamente o peguei para ver o que era.
- O que foi, Vic? – Cassie olhou curiosa para a tela do meu celular. – É da Universidade de Gotham! Te aceitaram para os dois cursos! Você conseguiu de novo!!
- Conseguiu o que?! – Os três rapazes nos encararam com as bocas cheias de ketchup e lanche. Conner se levantou parecendo saber. Talvez fosse o brilho nos meus olhos.
- Eles te admitiram? – Afirmo sorrindo.
Não tive tempo de mais nenhuma reação. Conner simplesmente me levantou e me beijou completamente orgulhos e feliz por mais essa conquista. Quando toquei os pés no chão novamente vi nossos amigos nos encarando com sorrisos largos.
- Eu sabia que conseguiria. – Mais uma vez o celular tocou. Olhando para tela senti angústia. Crane havia fugido de Arkham. Conner travou. Eu travei.
- O que foi, Vic? – Tim apresentou tensão. Parecia saber.
- Espantalho fugiu. Alerta do Arkham.
- Podemos ir atrás. É aqui perto. – Nego e bufo. – Ele já foi. Vou voltar para a mansão. Damian está sozinho e Alfred deve estar ocupado ajudando no que for necessário.
- Quer que eu vá para ajudar? – Neguei.
- Vá para casa e cuide do seu pai. Ele precisa de você. Eu dou conta do meu irmão. Se vocês quiserem voltar para a Torre ou ficar na mansão, eu organizo tudo. Tim, posso te deixar em Chinatown se quiser. – Ele assentiu.
- Obrigada, Vic.
O jogo terminou e seguimos para o estacionamento para voltarmos para casa. Deixei Tim primeiro em casa e cumprimentei seu pai antes de ir embora. Ele continuava estranhando a proximidade do filho com a minha família e o tempo que ele passava conosco. Com o restante da equipe, segui para Bristol e torci para que meu irmão não estivesse muito irado por nosso pai o ter largado sozinho em casa. Sozinho em termos, já que Alfred também estava.
Arrumei um quarto para Cassie e para Bart para que eles pudessem descansar para que depois eu pudesse ir atrás de Damian. Conner ficou no banho enquanto eu caçava a minha criança. O encontrei nos fundos da mansão, deitado na neve. Estava frustrado. Agachei ao seu lado e o vi me ignorar. Pelo menos ele não destruiu as coisas dessa vez.
- Vai acabar pegando um resfriado desse jeito ou uma pneumonia. – Comento tentando chamar sua atenção.
- Não me importo. – Respondeu. Estava mais rabugento e bravo do que o normal.
- Damian, amanhã é seu aniversário. – Tento encostar em seu braço, mas ele bate na minha mão a afastando. Suspiro. – Não quer ficar doente logo hoje.
- Tô nem aí para essa porcaria de aniversário. Vou ter que ficar vendo um bando de pessoas que nunca vi na vida e parecer sociável. Prefiro ficar doente, assim não sou obrigado a fazer sala. – Suspiro mais uma vez e decido fazer como nosso pai faz conosco em campo.
- Ou você se levanta e vai para dentro ou eu te arrasto até lá. – Digo firme. – Qual você prefere?
Ele revirou os olhos e não respondeu.
Ia ter que o arrastar até em casa
Damian cruzou os braços e bufou. Estava irredutível, mas eu não deixaria que vencesse. Se ele se resfriasse, papai ficaria furioso porque saberia que ele fez de propósito.
Segurando um dos seus tornozelos, o arrasto pela neve o sentindo se debater e o escutando me xingar, mas ele sabia que eu não iria largá-lo. Quando chegamos dentro da mansão, o coloquei sobre meu ombro o sentindo me golpear e o levei até seu quarto. Meu irmão me encarou completamente irado, mas só me fazia rir internamente. Fechei a porta atrás de mim e encostei nela o observando. Tenho certeza de que se ele tivesse lazer nos olhos como Jon, com certeza eu estaria fritando a essa hora.
- Tire o uniforme e vá tomar banho. – Comando.
- Não. – Respondeu duro.
- Damian, tire o uniforme e vá tomar banho ou você quer que eu o arranque de você e te jogue debaixo do chuveiro? Vai querer que eu te veja pelado? – Bufou e caminhou em direção ao banheiro. – Nem tente fugir pela janela, eu já a tranquei. Você só sai daí depois de um banho bem quente.
- Você é insuportável, Victoria! Eu te odeio!!
Meu irmão bateu a porta do banheiro com força. Apenas respirei fundo e relaxei o corpo. Hormônios, pensei. Ele estava entrando na puberdade e daqui para frente seria pior do que isso. Agora seria uma longa jornada até sua maturidade. Tínhamos que ter paciência e pulso firme.
Quando meu irmão soube que nosso pai comemoraria seus dez anos, ele se tornou outra pessoa. Não queria nada espalhafatoso, mas quando se tratava da comemoração de seus filhos, Bruce Wayne não economizava com a festa. A sociedade o cobrava e ele se cobrava. Quanto a nós, por mais que disséssemos que não queríamos e muito menos nos importávamos com tamanha exposição, isso não poderia estar à frente do que deveríamos expor e nos comprometer com a mídia. Não ter uma festa era o mesmo que desmerecer a data e fazer com que notícias ruins rondem nossos nomes e nossa empresa.
Damian ficou sentado no chão do banheiro resmungando. Não iria sair porque sabia que eu não sairia do meu posto até que ele fizesse o que eu havia dito, mas eu estava implorando por um banho quente. Meus ossos doíam e o frio estava me aterrorizando.
Após ligar o aquecedor do quarto dele, sai com todo cuidado do mundo e segui para o meu quarto observando meu irmão para ver se ele notava minha ausência. Por sorte, não. Atravessei o corredor e adentrei meu quarto tendo a visão de Conner buscando um moletom no guarda-roupa. Ainda estava de toalha e com o cabelo molhado. Me olhava cansado e preocupado.
- Segunda gaveta, amor.
- Obrigado. – Disse abrindo a gaveta e pegando seu moletom. – O que foi dessa vez? Quer que eu fale com ele?
- Não, tudo bem. É só birra. Faz parte da fase. Ele ficou jogado na neve tentando arranjar um resfriado.
- Para não ter que aparecer no aniversário? – Afirmei. – Vai ser difícil controlar ele.
- Eu sei, mas ele ainda me respeita. Está lá sentado no chão do banheiro fazendo birra, mas não vai sair de lá até tomar banho e ir para a cama. Vou aproveitar e tomar o meu enquanto ele ainda acha que estou lá.
- Vic... – Conner segura meu rosto para que eu o olhasse. Estava preocupado comigo e, como um ótimo protetor, queria garantir minha sanidade.
- Eu estou bem, meu amor. – Acaricio sua mão e sorrio para depois pegar meu moletom no guarda-roupa e seguir para o banheiro. – Estou bem. Deite-se um pouco. Espero não demorar muito com o meu irmão.
Encosto a porta do banheiro e vou tirando minha roupa para seguir para o chuveiro. O banheiro ainda estava quente por causa do banho de Conner e, como sempre, ele havia encharcado o tapete perto do box. Não conseguia entender como ele conseguia fazer isso.
Deixei a água escorrer até aquecer para logo depois me enfiar embaixo dela. As gotas pareciam me cortar entrando em choque térmico com a minha pele. Finalmente iria me aquecer um pouco. Ensaboei meu corpo, tirei o sabão, me sequei, passei óleo de bebê na pele e vesti meu blusão de moletom e minha roupa íntima. Voltei para o quarto calçando meu chinelo peludo e vi Conner jogado na minha cama.
Ele estava exausto. Todos estavam.
Voltei para o quarto de Damian e o mesmo saiu segundos depois do banheiro. Tinha dado o tempo na risca.
- Quer conversar? – Pergunto pegando seu traje e o arrumando perto do cabideiro.
- Não. – Respondeu rapidamente e ríspido.
- Damian. – Tento fazê-lo reconsiderar sua atitude o olhando um pouco chateada.
- O que adianta reclamar, Victoria?! Eu tenho que fazer o que vocês querem! O que a sociedade exige! – Ele estava completamente frustrado. – Ele me deixou aqui e foi atrás do seu brinquedinho! – Esbravejou apontando para mim. – Sabe quem deveria estar lá? Você! – Suspirei e me senti mais chateada. Caminhei até ele e o puxei para a cama. Ele se debatia e rosnava.
- Irmão, não me culpe pela decisão que nosso pai tomou sobre você ir ou não com ele atrás do Espantalho. Se eu pudesse, eu teria ido no lugar dele, mas entenda que Crane poderia descobrir sobre mim. Ele está comigo há quase um ano e é psiquiatra. Analisa tão bem quanto eu. Era melhor que nosso pai fosse.
- Tudo é melhor que nosso pai vá. – Damian continua resmungando. – Por que ele também não me deixa em paz e pega a festa para ele? Já que é tudo melhor quando ele faz, irá muito bem assumir a festa no meu lugar.
- Entenda que temos que zelar pelo nosso nome e manter nossos disfarces, Damian. Temos responsabilidade para com a sociedade e devemos manter nosso título. Você é filho de um homem famoso e tem que manter o mínimo básico de imagem. Ano passado não tive que aceitar minha festa? Eu não acabo cedendo várias vezes quando é melhor a imagem e o disfarce em vez do nosso desejo? – Ele afirma. – Então. Essa é a nossa sina, irmão. Apenas deixe acontecer. A festa vai passar rápido e você nem vai perceber. É só meia noite. Você dá conta.
- Vai ficar comigo amanhã? – Perguntou-me com a voz mais branda.
- Claro que vou. Agora, que tal dormir um pouco? – Sugiro.
- Você vai atrás dele? – Ele se referia a Crane.
- Não quero pensar nisso agora. Estou em conflito de ideias e de estratégias.
- Desculpa, irmã. – Disse apertando o lençol da cama com os punhos cerrados. Ainda estava irritado e não o culpo por isso.
- Está tudo bem. Só vá descansar. Amanhã será um dia longo.
O beijei na testa e lhe dei as costas para que descansasse. Mal sabia ele de todas as surpresas que havíamos preparado para ele e tinha certeza de que ele iria amar. Estava ansiosa para ver sua cara amanhã.
Mais uma vez atravessei o corredor e voltei para o meu quarto. Verifiquei o sistema de exaustão e segui até a cama. Sentei-me e tentei relaxar meus nervos antes de dormir. Dick chegaria cedo e eu teria que ajudar Alfred com a logística da festa. Acabei me tornando a assistente de eventos da casa.
Deitei e suspirei. Com certeza eu iria dormir sem esforço essa noite.
Acordei por volta das nove da manhã.
Alfred ainda não havia vindo me chamar. Deveria estar tão ocupado que não deve ter tido tempo. Tirei os braços de Conner que estavam a minha volta e me alonguei antes de me levantar. Calcei minhas meias, fiz minha higiene e segui para o andar de baixo. A mansão estava barulhenta e cheia de burburinhos. Já eram os auxiliares que estavam colocando tudo em seus lugares para a festa de mais tarde. Atravessando o grande hall, segui pelo corredor atrás da sala de jantar até alcançar a cozinha. Havia vários cozinheiros ali a todo vapor. Nem notaram minha presença.
- Bom dia, senhorita Wayne. Teve uma boa noite?
- Bom dia, Alfred. – Beijo seu rosto. – Tive sim. Já entregaram aquelas encomendas?
- Sim. Está tudo guardado para mais tarde. Já escolheu a sala?
- Pensei na sala de café da manhã, sala de estar ou na sala de estudos, mas acho que seria melhor na sala de estudos. – Vejo as bandejas de café da manhã e já ataco a minha.
- O senhor Kent e os seus amigos já acordaram?
- Ainda não. Nossa, esses waffles estão maravilhosos! – Exclamo com um dele na boca. Alfred fazia os melhores.
- Também cortei melão. – Alfred me entrega uma tigela com melão picado junto a um sorriso singelo.
- Obrigada. – Sorrio. – Vou para sala do café. – Caminhando, entro em relé telepática com Alfred para o avisar. – Papai e Conner acordaram. Vou buscá-los.
Com a minha bandeja em mãos, fiz o caminho inverso para primeiro deixar meu café na sala de café, depois travessei as escadas e subi até o segundo andar dando de cara com a suíte máster de Bruce Wayne.
Ele ainda estava tentando se levantar da cama quando abri a porta. O quarto estava um breu, então tive que caminhar até as janelas para abrir as cortinas e ouvir muitos resmungos. Damian tinha a quem puxar com toda certeza. Peguei seu roupão e os chinelos, coloquei os chinelos no chão em frente aos seus pés e me levantei para o ajudar a vestir o roupão negro. Escutei os passos arrastados de Conner pelas escadas. Ele já estava seguindo para a sala de café.
- Seu irmão já se levantou? – Nego. – Você está bem?
- Apenas pensativa, pai. Como foi sua noite? – O questiono revistando seu rosto, pescoço e mãos. Tudo estava intacto. Surpreendentemente não havia tinta em seus olhos. Estava perfeito.
- Eu não entrei em brigas ontem, inspetora. Só investigação. – Papai segurou meus pulsos e me obrigou a o encarar. – Como se sente?
- Culpada. Acontecer justamente na minha folga. – Bufo. Era frustrante. – Eu devia estar lá e ter impedido, mas me pediram para trocar o dia com um colega e eu aceitei. Era eu quem deveria estar lá. Era minha noite. – Papai me fez o abraçar e logo me reconfortou mexendo no meu cabelo e beijando o topo da minha cabeça.
- Não é sua culpa, filha. Não se culpe. Vamos pegá-lo de novo, eu prometo. Faremos isso juntos. – Assenti. – Acha que Bart e Cassie vão ficar para a festa?
- Não sei, mas tem roupas do Tim e minhas se eles quiserem participar. – Escuto a campainha. – Deve ser a confeitaria. Ainda bem que temos geladeiras para isso.
- E o bolo para mais tarde? – Perguntou em meio a um bocejo. Era cedo demais para Bruce Wayne acordar.
- Cookie gigante com calda de chocolate meio amargo e recheio de brigadeiro cremoso. Tudo bem doce do jeito que ele gosta. Velas verdes grandes, chapéus de aniversário do Batman apenas para provocá-lo. Vou buscar tudo na cidade mais tarde.
- Acha mesmo que ele está pronto? – Papai, como sempre, receoso.
- Claro que está. Só resta lapidar. Já o moldamos, agora vamos deixar a vida mostrar o resto para ele. O senhor dá conta. – Digo confiante. Já era hora de lhe dar as honras.
- Vai deixá-lo cem por cento nas minhas mãos? – Aquele temor da responsabilidade sempre pairava por ele.
- Talvez uns oitenta e cinco porcento. – Sorrio. – Ele precisa do senhor. É uma fase importante. Agora vamos tomar café antes que esfrie. – Caminho até a porta e a abro esperando papai passar, mas, como um cavaleiro, ele a segurou e esperou que eu saísse primeiro. – Pensei em fazermos tudo na sala de estudos ou na sala de estar. São mais privativas para que os funcionários de hoje não fiquem espiando.
- A biblioteca é melhor. Trancamos as portas da sala de artes, da sala de estar, da sala de estudos e do salão. Isolando a biblioteca, vamos ter mais privacidade e não terá como alguém nos espiar. – Assenti. Realmente era melhor. Só espero que não façam uma guerra com a comida. Talvez seja melhor eu forrar as estantes por precaução.
- Acordando cedo, Bruce? – Dick estava ao lado de Conner sentado à mesa. Claro que ele não iria perder a oportunidade de provocar o mentor.
- Estou melhor do que você com essas olheiras. – Retrucou e se sentou. Balançando a cabeça dei um selinho em Conner e me sentei ao seu lado já doida para devorar meu café. Estava faminta. – Victoria vai ter que fazer uma maquiagem em você para escondê-las. – Caçoou.
Terminamos o café quando Cassie e Bart apareceram. Eu, ansiosa, apenas os cumprimentei e fui atrás de arrumar a biblioteca para fazermos nossa festa. Tinha que me trocar e ir para a cidade para comprar algumas coisas para terminar a decoração e ainda verificar se tudo havia sido entregue como pedido.
Subi correndo para o meu quarto para me trocar. Estava frio e eu teria que ir de carro para a cidade. Busco meus casacos e pego o mais grosso que tenho. Um preto de algodão batido que parece uma ovelha de tão peludo que é por dentro. Vesti uma regata por baixo, uma blusa grossa de tricô em off-white, meia-calça revestida, calça de corte social em tom cinza com riscas, bota de cano curto e touca. Estava completamente encapotada.
Com o casaco em mãos, caminhei até o quarto de Damian para o acordar. Abri a porta cuidadosamente, atravessei seu quarto e abri as cortinas para o ouvir resmungar igual ao nosso pai. Sorrindo, joguei meu casaco no fundo da cama e pulei em cima do meu irmão o enchendo de cocegas. Era maravilhoso o ouvir gargalhar de rir. O cobrindo de beijos, sentei-me ao seu lado e o observei por longos instantes.
Finalmente ele estava fazendo uma década e a partir desse dia tudo iria mudar em seu corpo. Iria virar um moço para logo se tornar um homem. Talvez eu estivesse vendo longe demais, mas era gratificante ter ele em casa. Nós dois havíamos aprendido muito um com o outro em menos de um ano.
- Parabéns, pirralho. – Sorrio. – Estou saindo. Vou buscar algumas surpresas para você. Alfred preparou um café da manhã delicioso e exclusivo para o aniversariante.
- Não posso ir com você? – Neguei. – Surpresa. – Sorri afirmando.
- Você vai gostar. Vamos descer? – Ele assentiu e me deu a mão. Damian acabou de me colocar a nocaute.
O deixando na sala do café, caminhei em direção a garagem e vi Dick se tornando minha sombra. Nem adiantaria bater boca com ele. Estava determinado a entrar no mesmo carro que eu e me ajudar a trazer as coisas para a mansão, mas eu não o deixei dirigir. Dick na direção me fazia ficar enjoada e parar várias vezes nos acostamentos para vomitar.
Fomos até a cidade nova. Passei na confeitaria que eu havia feito a encomenda do bolo, comprei as velas grandes e verdes, os chapéus de aniversário, um belo embrulho, algumas coisas a acrescentar em seu presente e proteção para as estantes da biblioteca. Eram plásticos verdes que eu iria grudar com fita dupla face para facilitar o serviço.
Passei no shopping para pegar os presentes. Tínhamos reservado um vídeo game novo, alguns jogos de pré-lançamento que ele já vinha dizendo que queria, um box de livro de artes da guerra e lutas em capa dura, o que foi muito difícil de conseguir e doído de comprar, além de bonecos de colecionador e algumas roupas. Papai sempre o enchia de roupas mais sociais e esquecia de que ele também precisava de roupas para usar em casa. O básico ao menos. Peguei camisetas casuais neutras e básicas, calças mais largas e moletom. Tudo isso para esconder o presente principal.
Ele ficará cansado de abrir caixa por caixa e, chegando ao final, irá abrir com desgosto. Esse será nosso prêmio ao ter o enganado tão bem.
Voltamos para a mansão no horário do almoço. Todos já estavam casualmente arrumados. Escondi os presentes na biblioteca com a ajuda de Dick e a decorei antes de seguir para a sala de jantar e me juntar aos outros. Até mesmo Tim já estava na mansão. Cassie e Bart disseram que apenas ficariam para os parabéns. Achavam melhor evitar tamanha exposição para com a sociedade de Gotham.
Com tudo arrumado, vendamos Damian e o arrastamos até a biblioteca enquanto os outros trancavam as portas ao redor do cômodo. Coloquei as velas, colocamos os chapéus e o desvendamos acendendo as velas. Cantamos os parabéns e eu me senti gratificada ao ver o sorriso largo do meu irmão. Maior ainda ficou quando ele viu o recheio do bolo. Estava se lambuzando como uma criança deveria fazer. Quando acabamos de comer o bolo, Dick apareceu com a pilha de pacotes.
- Do menor ao maior. – Papai dita.
De um por um e com leve ferocidade, Damian abriu os presentes ficando feliz e cansado ao mesmo tempo. Chegando ao último e o maior, ele nos encarou tentando nos ler, mas não daríamos dicas. Permanecemos serenos o vendo abrir o pacote extremamente embrulhado. Ele pegou peça por peça de roupa com certo desgosto até que viu o que queríamos realmente entregar a ele.
- É o traje do Robin! Vocês estão me dando o manto do Robin?! – Seus olhos brilharam e encararam nosso pai. – Eu sou um Robin de verdade?
- Que presente melhor daríamos a você, detetive? – Damian abraçou nosso pai com força e muita alegria. Parecia renovado. – Foi sua irmã que desenhou ele para você.
- Obrigada, Victoria! – Agora era a minha vez de ser abraçada. Beijei o topo de sua cabeça e retribui a força de seus braços. – Sabíamos que ia gostar. – Me agacho. – Você é todo do papai. Boa sorte. – Sorrio.
- Não é justo. Eu também quero ir com Victoria, pai! – Protestou e nosso pai riu. Já esperávamos essa reação dele.
- Você vai sair comigo, só que com menor frequência. – Explico. – Vou largar um pouquinho a sua mão e deixar o papai voltar a segurá-la. Você também vai fazer parte da Equipe Titã. Um membro honorário por enquanto. Quanto mais evoluir, mais traremos estabilidade em uma das equipes dos jovens. Eu e Dick vamos supervisionar.
- Tá. Tudo bem. Obrigado. – Papai assentiu e limpou a garganta.
- Bom, vamos arrumar essa bagunça. Vic, Conner, gostaria de conversar com vocês em particular no meu escritório. – Assentimos e seguimos seus passos até o andar superior e nos fechamos em seu escritório. – Preciso pedir uma coisa a vocês dois.
- Está me assustando desse jeito. – Engulo a seco sentindo uma pressão no ar. Energia densa.
- Seu irmão está crescendo, as equipes e a Liga também, mas não estarei aqui para sempre. – Papai entrega um copo de whiskey para mim e para um Conner antes de se servir de uma dose e continuar. – Vocês dois me trazem esperança de uma vida e de uma família que eu jamais poderia ter. Me dão muito orgulho e eu sei que posso contar com vocês para o que irei pedir.
- Papai... onde. – Ele me olhou com o intuito de me silenciar.
- Victoria, ser imortal é um fardo, eu sei, mas você poderá, junto ao Conner, manter a Liga em pé. Manter a humanidade a salvo. É isso que nós fazemos. É por isso que criei a Liga e a Equipe de Operações Especiais. Quando eu faltar, cuidem de tudo por mim.
- Senhor Wayne... – Conner tentou protestar, mas foi impedido.
- Eu sei que é pedir demais, mas você é o pilar da minha filha. – Meus olhos começaram a marejar enquanto meu pai tocava o ombro de Conner com certo peso em suas palavras. – Vocês são a continuidade do que jamais seremos. Mantenham isso. Cuidem de tudo. Cuide da minha princesa, Conner. É tudo que te peço.
- Irei cuidar, senhor Wayne. – Conner aceita o pedido meio arredio e eles apertaram as mãos.
- Victoria, filha. – Sua mão acaricia meu rosto. Sinto as lágrimas escorrerem. Era como uma despedida. – Você e seu irmão são os presentes mais preciosos da minha vida. Sou feliz por tê-los. – Papai sorri e beija minha testa. – Jamais deixe de sorrir. Cuide de tudo em casa, está bem?
- Pai... – Era minha segunda tentativa de protestar, mas também foi sem sucesso.
- Por favor, filha. Cuide de tudo por mim. Eu sei que você consegue. – O jeito que ele me olhava não era o mesmo de antes. Era dolorido, preocupado. Implorava pelo ‘sim’.
- Eu cuidarei. – Digo com dor no peito. – Eu cuidarei.
Brindando, senti um gosto fúnebre. Não era nada agradável. Nem o gosto do whiskey nem o gosto da situação. Papai parecia se despedir de nós. Não demorou muito para que se esquivasse de nós dizendo que precisava descansar mais um pouco para aguentar a noite de festa.
Me sentei em sua cadeira sem conseguir absorver direito tudo que havia acabado de acontecer; tudo que meu pai havia acabado de dizer. Olhava para o whiskey e via meu reflexo. Tentei pensar, mas ainda não consegui. Ele não estaria se despedindo. Seria loucura. Era novo, estava em seus quase quarenta e dois anos que faria em abril. Estava ótimo. Talvez fosse ele sendo apenas ele. Sendo o bom e velho dramático Bruce Wayne.
Terminando o líquido laranja amarronzado, caminhei com Conner pelo corredor até meu quarto. Olhei para cada canto daquela mansão sentindo dor no peito e não poderia ser infarto. Conner me pegou nos braços e me levou até a cama. Abraçados, apenas tentei absorver as palavras com calma. Era algo a longo prazo. Era para o futuro, não para o imediatismo. Como eu gostaria de ler sua mente, mas já havia se tornado impossível.
Durma um pouco, Conner sussurrou.
O burburinho no andar de baixo já mostrava que os convidados estavam chegando. A mansão estava toda aquecida, havia garçons por todos os lados, muita comida e risadas. Estava vestida com um conjunto de terninho feminino de três peças. Era o clássico verde musgo em veludo na calça e na parte externa do blazer e veludo molhado no cropped que imitava um corset, as golas e a parte interna do blazer. Damian estaria com uma gravata verde musgo também. Nosso pai gostava quando combinávamos. O restante de nós estaria com o clássico e básico preto no branco.
Olhei para o espelho conferindo minha maquiagem e meu cabelo. Tinha desistido do liso para usar o ondulado de maneira irregular para dar um pouco mais de vida e volume. Calcei meu salto largo preto com dourado e prendi um sorriso falso nos lábios. Tinha que fazer a social. Pedi para Conner ir descendo na frente, pois ainda iria buscar meu irmão e o arrastar até o salão.
Caminhei pelo corredor, o atravessando, e abri a porta do quarto de Damian o vendo ainda brigar com a gravata. O ajudei, como sempre e dei minha mão para que ele segurasse. Descemos as escadas com calma. O fiz ficar a frente e o acompanhei a distância. Quando ele adentrou o salão todos bateram palmas para o aniversariante. Era a noite dele.
Esperei que todos os cumprimentassem ao lado do nosso pai e de Conner. Os convidados estavam esperando em frente a mesa que estavam os doces e o bolo. Aquele era um bolo confeitado e complexo, cheio de detalhes maduros e sofisticados. Havia alguns poucos jornalistas de plantão que estavam tirando fotos e fazendo anotações em seus celulares.
Me aproximei de Damian o dando suporte as rodas de conversa e tirando vez ou outra uma faca escondida em seu terno. Ele ainda precisava perder esse costume bárbaro. Era basicamente seu vício. Ele odiava quando o chamavam de fofo e quando senhoras da sociedade apertavam suas bochechas.
Esse era Damian Wayne
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Arquivo Crane - Background
4ª semana de dezembro
Profundamente seduzido pelos caprichos e peculiaridades da mente humana
O medo governa todas as nossas reações e motiva nossas ações
Filho não planejado e bastardo, um herdeiro ilegítimo, criado como empregado pela família
Medo de corvos por ter sido trancado no sótão
Vítima de zombaria e ridicularização
Leu ‘a lenda do cavaleiro sem cabeça’ de Washington Irving
Gás do medo: arma química que faz com que suas vítimas experimentem manifestações intensas de suas mais tenebrosas fobias
[...]
22 de dezembro de 2022 – Diário Particular – Caso Espantalho
Crane estava evoluindo, mesmo que aos poucos. Porém é estranhamente incompreensível seu comportamento para comigo. Jonathan Crane demonstrou interesse em ter-me como sua médica desde o início. O maior questionamento era o motivo de ele se tornar tão afetuoso comigo e suas reais intenções.
Talvez o mais estranho seja eu me sentir mexida com isso e é o que me assusta. Sou apaixonada por Conner, porém aqueles olhos azuis tão claros como o céu me abalavam. Seu comportamento me abalava.
Infelizmente, no momento não sou capaz de ler mentes e a sensação de conseguir absorver as energias está muito diferente do que o de costume. Sinto, na verdade, muita coisa mudando em mim.
Ao menos, por sorte, as medicações que eu havia indicado ao tratamento de Crane foram bem aceitas por ele e vem trazendo mais resultado o tornando mais manso e controlado. Não que o episódio da explosão em Arkham não tenha o trazido de volta. Fui capaz de sentir sua energia densa e vingativa emanar dele ao ver que eu havia sido ferida. Aquilo realmente mexeu com ele, mas acredito que tenha sido algo relacionado ao sentimento de posse e não qualquer outro que se possa imaginar. Afinal, não teria como ele se importar comigo a não ser para se livrar ou facilitar sua estadia.
- Escrevendo diários como o patrão Bruce, querida? – Era Alfred com uma bandeja em mãos com café e um lanche. – Parece que alguns costumes Wayne são passados pelo sangue.
- É a melhor forma de manter as informações para todos.
- Se não a incomoda de perguntar e saciar a curiosidade de um velho inglês, qual caso está anotando?
- Espantalho.
- Alguma novidade?
- Ele está progredindo, mas nada que seja vista como uma grande melhora. Ele me respeita, toma os remédios, segue minhas orientações, mantém tudo sobre controle. Só tenho receio.
- Espero que não esteja achando que pode virar uma réplica da doutora Quinzel.
- Não exatamente, Alfred. Seria um flerte com o perigo? Uma preocupação à toa? Vozes da minha cabeça?
- O que quer dizer, Victoria?
- Todas as vezes que Crane me olha, aqueles malditos olhos mexem comigo. Não é como se eu suprisse sentimentos por ele, mas há algo nisso que realmente mexe comigo. É uma sensação boa e desconcertante.
- As vezes temos sentimentos que não conseguimos explicar, minha querida. É o instinto ou algo maior. São linhas do tempo, reflexos do corpo e da mente. Nem tudo pode ser explicado. Já conversou com a Canário sobre isso ou com o jovem Kent?
- Ainda não. É complexo demais até mesmo para mim.
- Até mesmo os mais inteligentes não têm resposta para tudo. Só converse com alguém e tente colocar sua cabeça nos eixos. Conner sempre te ajuda com isso.
- Alfred...
- Minha querida, coloque esses arquivos de lado, coma, relaxe no banho e converse com Conner. Ele virá para o jantar antes da missão que irão realizar nesta madrugada.
- Batman o chamou para repassar as orientações ou Bruce Wayne o chamou para ter um papo de pai? – Zombei.
- Acredito que um pouco dos dois, senhorita Wayne. – Alfred piscou.
Conner não demorou para chegar e logo se enfiar no escritório do meu pai. Damian vagava pela mansão aguardando o jantar enquanto lia mais um dos livros que havia encontrado na biblioteca que Dick havia o indicado.
Tomei meu banho com calma já sabendo que demorariam e caminhei até meu irmão. Gostava de o observar enquanto lia, ver suas caras e bocas e tirar algumas fotos escondidas. Adorava criar álbuns para ter lembranças de todos. Era melhor do que apenas a memória.
Fomos para uma missão secreta perto do Alaska com Damian e Jon. Uma missão em família para ver o desempenho das crianças e os supervisionar após nossos pais finalmente chegarem em acordo. Preparei a aeronave e os equipamentos e aguardei após o jantar.
- Você está com cara de confusa.
- Estou confusa, irmão.
- Não faz terapia para isso não acontecer?
- Queria que fosse simples assim. – Pauso e vejo Conner se aproximar. – Se preocupe com o seu desempenho na missão.
- Não posso me preocupar com você? – Sorrio brevemente.
- Pode, mas agora é hora de focar no nosso trabalho.
- O pirralho disse que você estava precisando conversar. – Disse Conner se aproximando de mim no alto do morro.
- Impasses de compreensão. Você entende perfeitamente.
- Em que campo estamos falando, meu amor? – Ficamos de costas um para o outro para cobrirmos melhor a área.
- Trabalho ordinário. Problemas com o que ando sentindo sobre o Crane. – Conner se contrai. – Não estou apaixonada por ele. Calma.
- Então o quê? – Disse incomodado, não era para menos.
- Os olhos dele. Algo neles mexe comigo. Não é atração. É desconfortável e intrigante. Traz uma sensação boa, mas muito perigosa. Me causa arrepios. – Conner e eu vemos alguns inimigos se aproximarem e atacamos dando cobertura aos novatos.
- Sente como se já tivesse visto eles? – Ele questiona um pouco relaxado. – Não estou dizendo em relação a rotina. Abaixa! – Jon solta o raio laser e eu nos protejo de uma explosão com escudo de energia vital. Damian resmunga horrores com o amigo o que nos faz rir silenciosamente. – Pode ser algo relacionado a linha do tempo, algo atemporal.
- O que quer dizer com isso? – Parto para a luta corpo a corpo contra dois capangas e os derrubo. Logo em seguida quebro suas armas e jogo uma tela para meu irmão. Parecia ser o controle de entrada do alçapão que estávamos precisando entrar.
- Eu já fiz viagem no tempo. Coisas relacionadas as dimensões. Você pode estar sentindo um déjà vu de uma outra linha do tempo. Algo que você pode ser sensível. Não tem tido aquelas visões nos sonhos com mais frequência?
- Pelo menos duas vezes por semana quando estou com os poderes mais aflorados.
- Você já contou coisas que passei na outra dimensão. Conhece informações que ninguém mais saberia se não tivesse lido minha mente e sabendo que você não consegue mais... talvez seus poderes não sejam apenas isso que conhecemos.
- Pode ser. Venho sentindo mudanças.
- Vamos pesquisar sobre quando chegarmos em casa. Fazer uns testes talvez. Os Flashes ou alguém mais informado pode nos ajudar a entender isso.
- Acha mesmo que isso pode funcionar? – Digo um pouco descrente.
- A terapia não te deu respostas sobre essas sensações? – Nego. Vejo Damian caindo dos braços de Jon e voo em sua direção para pegá-lo e o colocar com os pés no chão. Ele tinha conseguido abrir o alçapão e caiu em queda livre.
- Então é nossa saída. – Conner dá de ombros e quebra uma parede para entrarmos em um laboratório. Tinha tantos testes animalescos horríveis que Jon vomitou com a visão. Era nojento. De tirar o apetite.
- Vocês falam demais! – Damian resmunga.
- E você chega lá! – Falamos juntos. – Foca e não vomita.
- Foca você! Quase morri. – Rio. Dramático. - Estou nisso a mais tempo que você, velho resmungão. Tudo bem, Superboy? – Jon levantou o polegar em positivo enquanto Conner o dava apoio moral passando a mão em suas costas.
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Anotações de Caos - O diário
Uma típica noite de inverno lutando ao lado do meu irmão que apenas me enxia de orgulho. Isso era ser um Wayne.
A noite foi terrível. Explosão em Arkham, problemas com a instalação e criminosos fugitivos para apreender. Pelo menos seria divertido para Damian, meu pequeno Robin. Patrulhar com ele e o ver me encher de orgulho só me dava alegria. Quanto mais o tempo passava, mais o via amadurecer criar um vínculo com nosso sangue.
Tinha ânsia por nos proteger e por nos orgulhar. Queria ser o filho perfeito, mas não precisava se esforçar. Ele era incrível.
Damian era um pouco de todos, muito do nosso pai, e parcelas de mim, Alfred, Dick e um pouco do Tim. Cresceu muito em pouco tempo e percebeu como o mundo era diferente. Seu interesse pela família engrandeceu. Ele estava sendo um Wayne. Seguindo os passos que nosso pai caminhou. Passou pela raiva, bateu a frustração e agora está aprendendo com os mais velhos sobre o legado da família. Era gratificante.
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Anotações de Caos - O diário
Ser um Wayne.
Passar os perrengues devido a diretoria e aos empresários mal intencionados não era novidade, mas levar Damian para a empresa era uma surpresa e tanto. Papai queria que sempre aprendêssemos mais sobre como comandar a empresa, as ações e entender como tudo se encaminhava ali dentro. Por esse exato motivo me tornei estagiária do senhor Fox e logo assumi meu posto como herdeira e uma das líderes e chefes de tudo aquilo.
Explicar para meu irmão e o treinar para aquela vida não era uma tarefa fácil e muito menos algo simples. Muita responsabilidade em mãos e muito a fazer para orgulhar nosso pai.
Porém, o mais valioso em nossa vitória foi ter uma noite única com meu irmão para patrulhar a cidade e tocar o terror do jeito que ele gosta e aprendeu.
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Be Wayne
Torre Wayne – Old Gotham, Gotham
4ª semana de dezembro
Faça como um Wayne
Como disse uma vez Patrick Wayne, ser Wayne é ter responsabilidade para com a empresa, em primeiro lugar, e para com a família. Ser Wayne é ter um legado cheio de renomes, de glória e respeito.
A família Wayne é uma das famílias fundadoras de Gotham, um dos maiores impérios, maiores riquezas e, posteriormente, cheia de filantropia. Doar, oferecer bem-estar, lutar contra a pobreza, auxiliar os mais necessitados, construir uma boa cidade e limpar as ruas do mal.
Honrar com os compromissos. Honrar suas palavras. Honrar para com seu legado. Isso era ser um Wayne. Um Wayne que Bruce não tomou para si assim como Thomas, seu pai, não havia tomado de início.
Porém havia tantos segredos por trás de toda essa bela fachada. Sim, uma fachada. Segredos. Era disso que um Wayne verdadeiramente vivia.
Thomas e Martha eram envolvidos com a máfia, tinham amigos criminosos e chegavam a ajudá-los. Esconder seus erros e suas escolhas. Esconder que, como médico, fez serviços errôneos e perigosos, experiências, bateu de frente com o pior de seus inimigos e tentou consertar utilizando seus recursos e seu conhecimento. Na verdade, apenas conseguia ver tentativas de fazer o certo pelos caminhos errados. Não gostava de julgar. Todos poderiam cometer erros assim como eles haviam cometido e escondido do mundo.
Bruce saiu da curva e era sempre repreendido por Alfred por ter esse descompromisso com a imagem e com a honra da família Wayne. Sumiu, largou as empresas e foi dado como morto. Depois ressurgiu das cinzas como uma fênix e tentou tomar as rédeas da vida. Foi atrás de se reconstruir em cima de uma vingança a procura do assassino dos pais. Em seguida decidiu lutar contra os males de Gotham e se tornar o Batman. Aprendeu de tudo um pouco e moldou seu destino. Também teve seus tropeços pelos sentimentos certos, mas pelos movimentos errados. Até mesmo um filho com uma criminosa ele teve.
Bruce não deu muita atenção para a empresa. Deixou o comando para o senhor Fox e para Alfred. Ambos administrando da melhor forma possível, mas a presença do último playboy de Gotham, um homem cheio de confusões em seu histórico, que vivia de mulheres, esbanjar luxo e comprar qualquer coisa que lhe desse na telha. Incomodava os diretores e outros parceiros das Empresas Wayne. Com o incômodo, fariam qualquer coisa para tirá-lo do caminho e finalmente se apossarem do grupo por completo e sem ter que realizar contestações sobre suas ações. Removeriam três coelhos em uma só cajadada.
E cá estávamos. Eu e Damian aguardávamos fora da sala de reuniões. O vidro deixava transparecer as discussões que lá estavam acontecendo e faziam com que eu quisesse entrar ali e calar a boca dos acionistas, dos CEOs e dos diretores. Não seria a primeira vez e jamais seria a última. A empresa era tudo que nos restava em nosso legado. A única coisa física que ligava todas as gerações da família além da Mansão Wayne. Conseguia ver a veia do pescoço de papai saltar de tão irado que ele estava. Era péssimo e ele havia perdido um pouco o hábito de estar naquela sala. De estar na frente de pessoas que queriam devorá-lo.
Batcaverna, Mansão Wayne – Bristol, Gotham
Horas antes
- Patrão Bruce, precisamos conversar. – Era Alfred adentrando a batcaverna na esperança de chamar a atenção de seu patrão na tentativa de uma resolução rápida sobre os problemas atuais da empresa.
Bruce estava no primeiro subsolo testando mais uma das armas de pressão que o senhor Fox havia indicado para acionar ganchos quando estivesse escalando e, por motivos adversos, escorregasse e caísse. Rápida, muito mais silenciosa que as anteriores e flexível. A munição poderia variar e, assim como seu visor, tinha múltiplas funcionalidades a escolha do portador e da situação. Ele estava testando quantas paredes aquele gancho poderia perfurar, o que deixava a todos preocupados sobre os próximos planos do Batman.
- Já disse que não vou subir para descansar, Alfred. A arma ainda não está calibrada o suficiente. Preciso fazer mais testes. – A voz ríspida de Bruce demonstrou seu mau humor típico após horas sem dormir.
- Patrão Bruce, é sobre a empresa. – Alfred insiste.
- Victoria cuida disso. O que acha de perfurar dez metros de concreto?
- Patrão Bruce, por favor, poderia prestar atenção por alguns instantes? As coisas não estão boas. É um assunto sério e deveria estar ser importando. O senhor que deve resolver e não Victoria. É a empresa da sua família! Os gastos estão fugindo demais dos que deveriam ser feitos.
- Então diga ao Lucius que não se preocupe com o orçamento. Eu cubro.
- Não é hora de cobrir gastos, patrão Bruce. É hora de ser o caçador. Precisa honrar o legado da família. Assumir seu papel e...
- Não fale comigo como se fosse meu pai. – Vociferou. – Você não é meu pai! Nunca foi! Não é porque me criou que pode se colocar nesse papel! Não faço parte do legado deles. Não sou ele! Estão querendo me tirar de novo? – Perguntou rindo mudando da água para o vinho. Ele nunca se importava com os ataques dos diretores ou de qualquer um que trabalhasse nas empresas.
- Patrão. – Após o chamar, deu um longo suspiro. – Estão investigando. Iniciarão uma auditoria para verificar o que está acontecendo.
- E não irão encontrar nada já que os valores que fogem do orçamento são dedicados aos protótipos e pesquisas de novos produtos.
- Protótipos que nunca saem daquele andar enorme do centro de pesquisas e laboratório. O senhor Fox já disse que teve essa conversa com o senhor. Os diretores não gostam do jeito que dá carta branca ao Lucius e muito menos a maneira que dá recursos ilimitados para coisas que nunca saem do prédio para dar lucro. Os CEOs querem se desmembrar e os diretores querem te desmembrar. Estamos enrascados, patrão. – Bruce ficou encarando Alfred e um grande desconforto surgiu.
- Alfred.
- Tem uma reunião marcada para o horário do almoço. Se ainda se importa com algo, é melhor estar pronto para seguir até lá e mostrar que aquela empresa é sua. – Ele se curvou e deu as costas sem olhar para trás. Um silêncio cortante. – E tem razão, patrão. Você não é ele.
Torre Wayne – Old Gotham, Gotham
Agora
- Até quando temos que ficar aqui? Estou com fome. – Damian resmungava enquanto estava sentado na cadeira do nosso pai. – Não podemos ir para casa?
Eu já havia desistido de esperar do lado de fora da sala de reuniões e arrastei meu irmão sem muito sofrimento para a sala de nosso pai. Já haviam tomado mais de duas horas de conversa e não pareciam nem chegado ao mínimo de civilidade e acordo. Infelizmente as poucas mulheres mal conseguiam acalmar os ânimos da testosterona.
- Não. Temos que esperar até aquilo terminar. É o nosso na reta também.
- Não é mais fácil demitir todos e acabar com todo esse teatro? – Ri. Amava seu mal humor e sua marra.
- Quem dera se fosse fácil assim, Damian. Estão tentando derrubar o papai há muito tempo. Não é a primeira vez. Acredito que tem muito mais do que apenas empresários envolvidos. Não eram para terem passado por cima das ordens do senhor Fox. Fizeram as coisas por baixo dos panos e agora estão querendo culpar o nosso pai por má administração e o obrigar a deixar a empresa.
- A máfia? – Afirmo.
- Vou pedir o seu almoço. Espere aqui e não mexa em nada. Não sabemos o que estão pretendendo.
- Acha que estamos em uma série policial ou que estamos lidando com criminosos que implantam coisas para nos incriminar? – Ele riu. Por mais que parecesse absurdo, eu tinha essa certeza e ele também deveria ter, principalmente pelo fato de ser filho de quem é.
- É. Obrigada pelo estalo. Não aprendeu o suficiente com sua mãe? Você sabe que são capazes disso. Ela e Bane estragaram a vida do papai. O fez sumir por anos. Tentaram dominar Gotham e destruí-la. Hoje sua mãe está envolvida nos negócios do Luthor.
- Mas eles são só empresários. – Mais uma vez gozou da minha ideia.
- Em Gotham não existe isso. São tubarões e capachos da máfia. Sabe aquela empresa que fechamos contrato em Tóquio um tempo atrás? O dono dela é membro do alto escalão da Yakuza, saiu nos jornais. Nosso pai chegou a jogá-lo atrás das grades de Blackgate, mas ele tinha um ótimo advogado e voltou para casa. Claro que fizeram todo o teatro dizendo que ele saiu da empresa e deixou seu cargo à disposição. Se desconectou completamente dos negócios, mas fontes já comprovaram que é ele que continua dando os comandos. Tudo é possível, irmão. Ainda mais aqui em Gotham. Só questão de propina. – Lhe dou as costas e penso sobre o que eu disse. – Melhor. Investigue o escritório. Procure câmeras e escutas. Quer acabar com o teatro? Seja o caçador.
- O que vai fazer? Por que está falando na minha cabeça? Você não pode fazer isso? – Retrucou.
- Estou prevenindo que escutem nossas verdades e usem isso contra nós. Vou pedir sua comida, garoto entediado. Eles me conhecem e me obedecem, não a você. Ainda é a criança da família. – Sorrio. – Se distraia encontrando as escutas e destruindo os áudios enquanto eu peço para prepararem seu almoço. Tenho que descer. É tempo suficiente, não é?
- Tá. – Disse com um bico enorme. Só ele para me fazer sorrir nesses momentos.
- Seja um Wayne, Damian. Entregue a melhor das peças. Seja o caçador sempre.
Ao sair do escritório, a secretária ficou me observando, seguindo meus passos até o elevador. Ela prestava atenção de mais em mim e isso me chamou a atenção. Sentia cheiro de traição no ar. Via energia de traição. Energia da raposa. A encarei dos pés a cabeça quando a vi digitando rapidamente no computador e discando apenas um número no telefone. Falou rápido e sorriu amarelo ao perceber que eu havia visto. Talvez estivesse torcendo para que eu tivesse achado que era uma ação rotineira de sua parte, mas eu não era idiota.
- Algum problema que queira me dizer, senhorita Lawrence?
- Claro que não, senhorita Wayne.
- Posso saber para que ramal ligou? Estou curiosa sobre o que é mais importante nesta torre do que a reunião que está acontecendo. – A jovem ficou branca, amarela e vermelha. Bebeu água tentou sorrir.
- Apenas confirmando meu almoço, senhorita Wayne.
- Sério? Quero ver o ramal. – Agora ela estava roxa. Não tinha como escapar.
- Por favor, senhorita Wayne. Não me demita. Só segui ordens.
- De quem foram as ordens, Elene? – A vi engolir a seco. – Elene?! Quer ser demitida por justa causa?
- Dominic Elijah.
- Obrigada. Conversamos sobre sua demissão mais tarde. Verei com meu pai o que podemos fazer por você.
- Mas senhorita!
- Uma regra que impus na empresa é de não ter traidores. Você deveria saber muito bem que não tolero esse tipo de fidelidade a outros. Esta empresa é majoritariamente da minha família. Se passar mais alguma informação para Elijah ou qualquer diretor e puxa saco dele, juro que terá uma justa causa na sua carteira.
Desci até ao restaurante da torre e cumprimentei a todos que estavam presentes. Sempre saudosos e educados, sorriam e me cumprimentaram de volta. Segui até o chefe e pedi para que aprontasse dois pratos sem salada com o melhor que tinham e que preparasse cookies e milk shake para a sobremesa. Damian amava cookies e milk shake. Indiquei o andar e a sala antes de voltar para o elevador. Na subida dos andares, fui parada por um dos assessores dos diretores. Em específico, o assessor do Elijah.
- Como está sendo seu dia, senhorita Wayne?
- Estaria muito melhor se o seu chefe não tivesse convocado uma reunião para uma hora tão medíocre como esta e tentar se apossar da empresa da minha família.
- Peço perdão pelos últimos acontecimentos, mas são apenas ordens, senhorita Wayne. Tenho certeza de que compreende que devemos cumprir com os nossos deveres para com nossos contratantes. – O vejo acionar o travamento do elevador. A caixa de metal se torna vermelho. – Eu disse ao meu chefe para marcarmos para amanhã, mas ele e seus colegas insistiram para que esse assunto fosse discutido hoje. Logo tudo pode sair nos noticiários.
- E por que está me contando tudo isso? É Davis, certo?
- Sim, senhorita Wayne. Acredito que seja de grande ajuda ter uma mão amiga dentro do campo inimigo. Ofereci os meus serviços a empresa, não a apenas um dos diretores. É meu dever para com vocês.
- Dever. – O encarei e analisei sua postura. Gotas de suor na testa, mãos trêmulas e esbranquiçadas. – Tudo bem. Agradeço por ter me informado, Davis. – Vou para apertar o botão para soltar o elevador, mas ele me impede.
- Não quer saber mais, senhorita Wayne? Não vou poder falar mais nada se soltar o elevador. Estão sempre vigiando. – Sorrio. O relógio digital mostrava um time, as notificações e as mensagens que ele estava recebendo. Estava ali para me segurar e me tomava por tola.
- Sei bem disso. Conheço muito bem os recursos da minha empresa. – Aperto o botão de travamento para destravar e o elevador volta a funcionar. – Irei almoçar com o meu irmão, se não se importa. Dê meus cumprimentos ao seu chefe e a imprensa pela minha família. Estamos ansiosos para divulgar nossa nota. Finja que fez seu trabalho que eu finjo que acredito. Sugiro que envie currículos.
Davis ficou pálido e nem parou no andar que havia acionado para descer. Olhou para mim, afrouxou a gravata e tentou pegar o celular. O encarei e balancei a cabeça em negativo para que ele não fizesse o que pretendia. Ao chegar ao meu andar, sai sem olhar para trás mesmo sabendo que ele ousaria tentar comunicar seus superiores. Elene se levantou para tentar falar comigo, mas ergui minha mão para que ela não ousasse. Ainda tinha que resolver sua situação. Era nova, vacilou, mas não ficaria na Wayne.
Abri a porta da sala de papai e vi tudo revirado. Damian deixou vários fios de pontos e câmeras quebradas em cima da vagarosa mesa de madeira maciça de carvalho do nosso pai, que foi do nosso avô e assim por anterior. Estão sempre vigiando, Davis disse. Sorri satisfeita. Meu irmão havia feito um bom trabalho.
- São wi-fi ou por cartão?
- Wi-fi. Tem um provedor no computador, mas não consigo acessar. Está completamente encriptado.
- Eu resolvo isso. O almoço deve estar subindo. – Digo arrumando algumas pastas que ele jogou no chão. – Você não podia ter sido mais cuidadoso? Olha para essa sala. Parece que passou um furacão.
- Ou me pede para ser rápido ou para ser cuidadoso. Os dois não andam juntos, Victoria.
- Ah sim. Homens. – O provoco. – Esperava mais de você. – Ele esbraveja e vem para cima de mim. Apenas o abraço e beijo sua testa. – Você fez um bom trabalho. Só tem que aprender a ser mais discreto, ok? Isso ajuda a não notarem que mexeram nas coisas deles e suspeitarem de quem teve acesso ao lugar. – Ele assentiu.
- Me desculpe.
- Tudo bem. É meu trabalho pegar no seu pé. Conte até três e tudo vai voltar ao lugar em que estava.
1. 2. 3.
A mágica estava feita
Não demorou para que um dos garçons da cozinha trouxesse nossa comida e nos servisse. O escritório não era o melhor lugar para fazer uma refeição, mas tínhamos que aproveitar todo tempo que tivéssemos para conseguir rastrear quem estava usando as escutas e estava querendo nos tirar de campo.
Almocei durante as pesquisas sobre assinaturas digitais. A partir daí consegui acessar arquivos violados e identificar quem havia feito isso. Haviam conseguido acessar projetos que apenas o senhor Fox poderia. Procurei por cada projeto acessado e notei que eram projetos de armas incrivelmente potentes. Bons projetos que usavam fusão nuclear, hidrogênio e gás carbônico, mas, se usados de maneira errada, tirariam vidas.
Toquei na cpu para conseguir acessar melhor todos os arquivos e servidores. Procurei pelas câmeras para obter as gravações e ter todas as provas possíveis para acabar de uma vez com aquela reunião cansativa e estressante que poderia acabar com alguém no hospital por nocaute. Averiguei sobre onde estariam os protótipos e criei meu dossiê e apresentação. Tudo pautado na lei.
Em seguida liguei para o senhor Fox para averiguar se os protótipos fossem removidos da Wayne, além de um ótimo processo nas costas por apropriação de recursos sem autorização, poderia colocar cargos à disposição. Com a lei de acesso à informação, consegui identificar e rastrear os lotes e quem havia feito a (re)negociação em nome do senhor Fox. As câmeras de segurança das ruas apenas me deram mais recursos para jogar na mesa diretora os fatos e mostrar os verdadeiros culpados. Com a ajuda de Damian, imprimi tudo que havia conseguido, fiz cópias, peguei meu notebook e segui para a sala de reuniões com tudo em mãos.
Claro que limpei o histórico e bloqueei o acesso ao computador ao meu nível para que ninguém ousasse piorar sua situação.
Eles continuavam a bater boca e o sol já estava quase se pondo. Puxei meu irmão para dentro da sala de reuniões e vi olhares exasperados com nossa presença. Estavam furiosos. Dei a eles o melhor dos meus sorrisos e ergui a cabeça. Não precisei dizer muito ao meu irmão sobre isso. Vivia com o nariz em pé.
- Vai ficar tudo bem. – Digo a papai.
- O que pensa que está fazendo, senhorita Wayne? Não tem o direito de estar aqui!
- Não? Não tenho o direito ou o senhor não quer minha presença? São duas coisas completamente diferentes, sabia?
- Como ousa?! Retire-se imediatamente e leve esse pivete junto! – Seguro Damian pelo colarinho para que ele não avance nos diretores. A vontade de voar neles era crescente e não o julgo.
- Eu e o tal pivete, vulgo meu irmão, fazemos parte dessa empresa assim como qualquer outro aqui. Temos ações, sabia? Temos direito de opinar. Além disso, nosso pai ainda é dono da empresa e isso faz com que sejamos herdeiros dela. Não posso deixar de acrescentar que sou emancipada, sou sócia majoritária junto ao meu pai e respondo por ele em sua ausência. Tenho certeza de que seus advogados já o explicaram sobre isso.
- Senhorita Wayne, o que a traz aqui? – O senhor Hills sempre cordial.
- Agradeço a pergunta, senhor Hills. Como sempre, o senhor me trata com extrema cordialidade. Damian, por favor, entregue a todos. – Abro o notebook e compartilho a tela com o projetor. – Como uma boa advogada, trouxe provas de que a auditoria não será necessária porque já encontrei os culpados de nossa empresa estar perdendo lucros absurdos e tendo que recorrer ao fundo de caixa. Acreditam que encontrei escutas e câmeras escondidas na sala do senhor Wayne? Isso se chama invasão de privacidade. Mas dos males, o menor.
- Aonde quer chegar com isso, Victoria? – Elijah questionou.
- Se abrirem as pastas, irão encontrar fotos e assinaturas digitais de alguns de seus colegas de mesa nas docas com os protótipos da Wayne e, ironicamente, o senhor Fox não estava aqui para assinar a autorização de venda e retirada desses materiais que perdemos no período em que supostamente houve a liberação. – Mostro algumas fotos e filmagens. – Tudo está documentado.
- Você pode muito bem ter forjado. – Disse ele soberbo.
- Em seis horas ou um pouco menos? Seria surpreendente até mesmo para mim. Mas como sugeriu isso, também me calcei com algumas coisas. – Aperto o espaço e múltiplas filmagens aparecem no telão mostrando a cara dos diretores e os horários e dias em que eles fizeram as autorizações. – Seu azar é que sou advogada. Não viria bater de frente sem todas as provas plausíveis. Se o senhor Wayne concordar, podemos fazer um acordo.
- Ou levarmos essa palhaçada aos tribunais. Já está tudo nas notícias mesmo. Temos todo o apoio da população. – Ele sorriu ainda mais soberbo se sentindo o rei da encenação. – Não podem fazer muito.
- Quer mesmo fazer isso? Porque eu tenho a prova de que seu assessor confessou que estão com planos contra nós, além de toda essa documentação que terei o prazer de adicionar ao processo. Custaria pouco para nós, mas nada que um processo contra vocês não resolva. Invasão de privacidade é crime e criar provas contra si mesmo é inconstitucional. Vai chegar a esse ponto?
- É a sua palavra contra a dele.
- Será? – Sorrio. – Damian, ligue a televisão, por favor.
E mais uma vez as Empresas Wayne estão no meio de um escândalo multimilionário! Em nota, o diretor geral, Lucius Fox, anunciou que ele e a família Wayne está sendo alvo de uma quadrilha enlaçada a máfia de Gotham. Há imagens que comprovam o envolvimento de diretores e que estão colocadas como prova de que nem ele e nem Bruce Wayne estão envolvidos com as últimas ações da empresa.
Tudo já havia sido previamente não autorizado devido aos riscos eminentes dos protótipos e a Wayne jamais faria tamanho trabalho sujo como esse. Além disso, há informações de há contrabando de armas, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e invasão de privacidade como os principais crimes realizados por esse grupo de diretores das Empresas Wayne.
Fox anunciou que as empresas jamais fariam parte de esquemas contra a vida e contra os direitos constitucionais regidos pela lei, honra e ética.
Para mais notícias, veja a seguir!
- Isso é um ultraje! Não pode deixar que isso continue, senhor Wayne!
- Minha advogada apenas está seguindo os conformes da lei, senhor James. – Papai encostou ao meu lado enquanto Damian tirava o som da televisão. – O que sugere, senhorita Wayne? – Sussurrou.
- Conversei com o senhor Fox e ele me deu duas saídas. Uma é fazer um acordo, anunciar a retirada de todos os envolvidos de seus cargos e acabar com suas ligações com a nossa empresa. A outra opção e entrar com o processo e comprovar ainda mais com a auditoria que o erro de administração não é nosso. Custaria mais tempo e dinheiro, mas também ganharíamos. – Ele assentiu.
- Que tal fazermos um acordo? – Papai anunciou e se direcionou para a cabeceira da mesa um pouco a nossa frente. Havia se recomposto e estava com seu sorriso assassino nos lábios. – As coisas não estão muito boas para o seu lado. Tenho certeza de que os amigos de vocês não irão gostar dessa exposição e será provavelmente levado a fins menos agradáveis que o que podemos dar. Ficaremos bem com uma indenização multibilionária.
- Mas... Senhor Wayne... – Os advogados ao fundo cochichavam freneticamente em sua rodinha fechada. O senhor James e o senhor Elijah já não sabiam mais para quem olhar. Seus companheiros de estrada estavam de cabeça baixa ou a balançando desenfreadamente. Estavam vencidos. Novamente ele olhou para os advogados e eles assentiram. – Tudo bem. Faremos um acordo.
- Ótima escolha. Victoria, apronte a papelada com o senhor Fox e com os demais advogados. Acredito que até o fim da semana tudo estará pronto. – Assenti e sorri. Seja o caçador. Sempre seja o caçador. Vitoriosa, peguei minhas coisas e sai com Damian da sala de reuniões.
- Como isso se chama mesmo? – Meu irmão me questionou com diversão.
- Diplomacia. – Digo sorrindo. – Vou te deixar em casa e vou para o Arkham, ok? Amanhã saborearemos nossa vitória. Estou orgulhosa de você. Não retrucou o diretor quando te chamou de pivete, mas ainda anda com facas escondidas nas roupas. – Digo mostrando a faca que havia tirado mais cedo de sua posse para que não houvesse problemas.
- Mas queria cortar o pescoço dele.
- Damian...
- Tá. Tá. Só em pensamento, mas cortei. – Ele sorriu. – Agora vai conversar com aquele maluco?
- É minha obrigação. Tenho uma intimação a cumprir. Depois vamos dar uma volta na cidade, que tal? Papai não parece bem. É uma boa oportunidade de aproveitarmos.
- Acha que ele vai deixar?
- Papai vai ter que deixar. Contamos pontos com ele. É nossa recompensa. – Sorrio e destravo o carro. Meu celular vibra e vejo a mensagem de Bruce dizendo que ia ficar pela cidade para terminar de resolver as coisas com o senhor Fox e ia passar a noite na mansão. Mostro para Damian que sorri com a notícia. – Viu? Está me devendo macarons dessa vez.
- Victoria! – Ri. – Só se você me levar naquele café que foi com Conner.
- Ele te contou? – Pergunto surpresa e o vejo afirmar com a cabeça. Realmente ele e Conner estavam se aproximando e se dando bem. Não esperaria essa relação tão cedo, mas meu irmão vinha me surpreendendo cada vez mais ao longo do tempo. – Tá. Eu te levo naquele café. – Saindo da garagem penso melhor. – Não quer ficar na torre? Eu consigo pegar a via expressa e chego rápido quando terminar meu turno. Ir até Bristol e voltar é muito rolê.
- Mas não tenho traje aqui. – Ri.
- Claro que tem. Todas as nossas cavernas têm nossos trajes. Fica na torre? – Ele assentiu. – Obrigada. Vou tomar um banho antes de ir para Arkham. Meu corpo está pesando.
- Você está cansada, é diferente.
Ele tinha razão. Fazia tempo que não comia ou dormia.
Asilo Arkham – Ilha Mercey, Gotham
Horas depois
Arkham a noite não era o melhor point. Aqueles que não dormiam, gritavam de maneira surreal a níveis graves ou estridentes. Ecoava por aqueles corredores e ficavam gravados na mente.
Perturbadores
Era noite de medicar os criminosos em contenção, ou seja, criminosos amarrados em camas hospitalares de extrema periculosidade e falta de controle, colocando em risco a vida dele – o que não faria muita falta na opinião da sociedade –, a vida de outros detentos, a vida dos guardas e a vida da equipe de saúde que tratava diariamente da saúde deles.
Mal pisei naquele chão e alarme de contensão soou. Os guardas equipados com coletes, capacetes, escudos e armas corriam pelos corredores.
Explosão
O chão tremeu.
Corri adentro das instalações e vi muita fumaça. As luzes vermelhas de alarme rodando pelos corredores como sirenes em cima de carros de polícia. Não conseguia identificar de onde havia surgido a explosão, mas era muito provável que o propósito era para alguma fuga. Não poderia ser um vazamento de gás ou coisa parecida. Tínhamos manutenções mensais já com a intensão de evitar esse tipo de problemas.
Sinto o cheiro de ferro e me preocupo. Caminho pelos corredores e vejo alguns detentos vindo na minha direção. Eles nem se importavam com o frio e com a neve que adentrava pelas rachaduras que as bombas causaram. Era a ala de criminosos de média periculosidade, mas isso não indicava que não eram assassinos.
Estavam com bisturis, tesouras e facas. Dois, três de cada vez. Desviava dos golpes, os desacordava batendo suas cabeças nas paredes e usando meus poderes. Teria que garantir que não acordassem até a próxima manhã. Recolhendo os utensílios, senti uma lâmina ser enfincada no meu pescoço. Azar do criminoso é que não faz diferença tentar me matar.
Me levantei guardando as armas brancas no bolso e encarei o criminoso enquanto tirava o bisturi de mim. O sangue não demorou para estancar, mas eu teria que dar um jeito de fazer um curativo fajuto. O criminoso veio para cima de mim e eu o soquei no nariz. Vi seu sangue escorrer e ele cambalear. Bati sua cabeça na parede e o fiz apagar.
- Victoria!! Me ajude!! Victoria!!! – Era a voz de Rodrigues. – Victoria!
Atravessei os corredores procurando a origem da voz. Cada vez mais se tornava frio e escuro. Lembrando do sangue e do corte que sofri, rasguei meu jaleco e envolvi meu pescoço para que não percebessem que não havia corte algum ali. Reverti a regeneração por precaução e deixei apenas que o sangue estancasse o suficiente. Deveria ser convincente.
Segui as luzes de uma lanterna em busca da energia de Rodrigues, mas ela parecia cada vez mais fraca. Isso não era nada bom. Minha visão estava fraca e Damian tinha razão, estava cansada. Por sorte, senti algo agarrar meu pé. O perfume único invadiu minhas narinas e fez com que eu o reconhecesse. Olhei para baixo e lá estava o único policial que me guardava naquela espelunca. Estava cheio de sangue e muito machucado.
- Rodrigues! Calma. Eu estou aqui. – Me agacho para o assistir melhor. – Vai ficar tudo bem.
- Aconteceu do nada... eles... – Rodrigues tentava contar, mas tossia demais. O sangue escorria por sua boca o que me deixava cada vez mais preocupada.
- Apenas pare de falar e fique comigo. – Começo a vasculhar seu corpo. Tirando os cortes superficiais, seu nariz estava quebrado, seu rosto desfigurado e havia hemorragia interna. As costelas haviam perfurado o pulmão. Ele tinha que ir para um hospital urgente. – Vou te arrastar até lá fora. Tem uma ambulância na parte da frente. Vou te tirar daqui.
Rodrigues foi o primeiro, mas não o último a ser arrastado por mim do Arkham até uma ambulância. Parecia que a adrenalina fazia com que eu esquecesse tudo em volta e focasse em apenas salvar os funcionários que restavam. Muitos foram machucados e alguns poucos foram mortos. Baixas irreparáveis. Terminamos por volta das onze e meia da noite. Os carros de imprensa estavam lá, helicópteros, bombeiros, polícia e muitas ambulâncias. Era um caos em meio a neve de dezembro.
Uma neve manchada e colorida de vermelho.
Quando voltei para dentro, caminhei por entre as alas até encontrar a cabine de Crane. Sim, deixei os pacientes por último e sei que é irresponsável da minha parte, mas tinha muitos funcionários a frente para resgatar.
Crane estava lá olhando para o vidro da porta como se esperasse que alguém viesse. A ala também estava cheia de fumaça e demorariam para tirar os criminosos mais estimados dali.
Queriam mais que morressem
Dariam menos trabalho e prejuízo
Com a chave em mãos e vendo outros auxiliares tomando a mesma atitude, abri a porta da cela de Crane e deixei as algemas em vista. Ele, sem qualquer hesitação, ergueu os pulsos na minha direção e deixou que eu o algemasse.
- O que fizeram com você, Victoria? – Questionou raivoso e preocupado. – Está cheia de sangue.
- Está tudo bem, Jonathan. Vamos apenas sair daqui. – Segurei seu braço e o fiz caminhar ao meu lado. Ele se recusou a permanecer sobre minha custódia e me encarou contrariado.
- Quem te machucou?! – Agora com seu tom firme, ele me fez o encarar. Estava irado, mas não era comigo e sim com o louco que encostou em mim.
- Não importa. Eu já o apaguei. Não foi nada. Eu estou bem. – O asseguro e ele parece aceitar. – Por favor, Jonathan. – Ele assentiu. – Vai ficar numa outra ala de Arkham até que as coisas se resolvam por aqui. Virei te supervisionar todos os dias.
- Uma princesa com você não teria forças para nocautear um assassino.
- A princesa não é quem você fantasia, Jonathan. Também sei me defender.
Todos ficaram nos encarando enquanto eu caminhava tranquilamente com Crane até a área do pátio e o levava para a outra ala. Já haviam preparado os quartos e enviado a medicação para aquele setor.
O levei até seu novo quarto e trouxe sua medicação nos bolsos. A essa altura já havia me livrado de qualquer coisa que havia resgatado dos pacientes que haviam me atacado. Peguei meu estetoscópio, sentei Crane na cama e escutei seus pulmões. Seus olhos atentos me observavam e me desconcertavam. Era horrível e culposo sentir-me atingida por suas atitudes mesmo que tão simplórias.
- Vou soltá-lo. – O aviso.
- Está quebrando o protocolo, doutora Wayne.
Não o respondi e apenas o desalgemei. Peguei os comprimidos, entreguei em suas mãos e o vi se sentar em sua cadeira gélida. Como sempre, me coloquei atrás dele, entreguei a água e deixei minha mão em seu pescoço. Obediente, fez como todas as outras vezes. Quando segui para frente para o deixar, Crane segurou minha mão e a deixou em seu rosto. O encarei sem entender bem suas intenções. Havia uma paz surreal e até mesmo assustadora sendo emanada dele e de sua energia.
- Até amanhã, Victoria. Fique bem. – Disse e beijou meu rosto em seguida. Seu olhar me causou arrepios enquanto seus lábios tocavam minha pele. Evitei transparecer, mas isso me incomodava.
Por que justamente ele?
O que isso significava?
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Terapia - Background
3ª semana de novembro
- Decidiu que precisava da minha ajuda? – Disse Dinah com surpresa. – É bom saber que reconhece quando está perdida e precisa de uma mão para se encontrar.
- Acho que estou enlouquecendo ou perdendo o controle.
- O que tem te afligido?
- Não consigo sair do looping das lembranças do Dick. Não era para que eu conseguisse ver as memórias dele. Essa minha habilidade acabou se perdendo. Só consigo sentir a energia fluída.
- Desde quando você tem sentindo essa perda, Vic?
- Depois do ataque que sofri em Gotham em 2020. – Dinah faz suas anotações no caderninho dedicado a mim. – Na verdade, acho que venho perdendo tudo que aprendi em Cadmus aos poucos e incorporando tudo que meu pai e todos os membros da justiça me ensinaram. Talvez também esteja enlouquecendo.
- O que te faz se sentir assim?
- Às vezes sinto que estão escondendo algo de mim. Que meu pai está escondendo.
- Se sente traída por isso?
- Não sei dizer. – Respondo desconfortável. – Compreendo que ele precisa ter segredos como… – Dinah me interrompe.
- Não foi isso que perguntei, Victoria. Quero saber se você se sente traída.
- Sim. Porém também o traí.
- Quer falar sobre isso?
- Não sei ao certo. O segredo não é só meu. Sei que é minha terapeuta, mas esse segredo morre comigo.
- Ele te sufoca? – Neguei. – E o looping das memórias do Dick?
- Todas as noites. Tenho um péssimo sono por natureza, mas os loopings estão mexendo com os meus poderes. Voltaram a ser tornar instáveis. Isso me incomoda muito, porque me preocupo com o que pode acontecer em casa se voltar a ter aquelas explosões de poderes. Sei que não tem nada a ver com a cirurgia em si, fiz o mesmo com Damian e fiquei bem.
- E se for um compilado de emoções que explodiram agora? Já pensou nisso?
- Você quer dizer que é por causa do que acumulei este ano?
- Foi um ano bem conturbado para você, não concorda? Você quase perdeu o Conner, depois seus irmãos. Você presenciou três mortes praticamente e não foram mortes que um médico presencia em uma mesa de cirurgia ou em um pronto-socorro. Foi família. Pessoas que você ama. – Permaneço em silêncio, pensativa. – Vai me dizer que não tem pesadelos com as cenas?
- Muitos. Há noites em que estou longe de Conner e tenho esses pesadelos por medo de não estar ao lado dele e o salvar novamente. Também tenho a mesma sensação com todos. A sensação de não estar disponível para salvá-los. Sou médica, tenho meus plantões, minhas escalas a cumprir. Tenho a empresa. Tenho o Damian para ficar de olho e ser a responsável legal dele quando nosso pai não está.
- Você tem medo de falhar, Victoria?
- Sim, mas é um sentimento comum. Todos têm.
- Não racionalize. Não sou eu quem está em terapia, Vic. Concentre-se.
- Qual é o seu maior medo em relação a falha, Vic?
- Não salvar minha família. Falhar com eles. Falhar com a proteção da vida deles. Ser médica da Liga é até fácil, sabe? E meu pai sempre deu muito trabalho. Tim raramente e eu me acostumei com isso. Porém, quando me pai e vocês me incluíram como médica da Liga e das equipes aqui na Caverna e comecei a tratar o Dick com tamanha frequência após o que aconteceu com Conner, me senti aterrorizada. Aterrorizada com o dia que eu não estivesse pronta para isso. Para o dia em que eu não pudesse fazer nada para salvá-los.
- Tem medo de perdê-los.
- Tenho e eu sei que esse dia irá chegar. Só não sei como me preparar.
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Anotações de Caos - O diário
Não foi como operar Damian. Algo em mim fez com que eu sentisse muito medo. Entrar em sua cabeça me perturbou. A todo modo, consegui salvar sua vida. Essas responsabilidades realmente pesavam. Não era como no hospital. Lá conseguia manter a calma, ser fria. Com alguém que amo tudo isso desaparecia. Talvez estivesse perdendo o controle ou talvez houvesse um trauma maior para lidar que estava refletindo nessas ações. Era tempo suficiente para que isso se manifestasse.
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Interligados
Amusement Park – Amusement Mile, Gotham
2ª semana de novembro, 23 horas e 01 minuto
Meus colegas e eu decidimos comemorar nosso último dia de residência no parque de diversões da cidade. Era uma noite atípica de outono devido as grandes mudanças climáticas. A neve havia chego muito antes do previsto. O chão estava coberto pela camada branca e fofa, as pessoas cheias de vestes grossas, ótimos agasalhos e narizes vermelhos.
Passamos pelos jogos de tiro, pela pescaria e montanha-russa. Casa dos horrores, casa dos espelhos, jogos variados com o público, atrações secretas. Minha ideia era de que Conner pudesse aproveitar comigo a noite, mas houve imprevistos na missão em que ele estava e ainda não havia chegado. Pelo menos minha pontaria me garantiu um urso de pelúcia do meu tamanho e alguns vales refeição. Gastei horrores, confesso.
Estava caminhando em direção a roda-gigante com um algodão doce enorme nas mãos quando senti as mãos quentes do meu namorado tocarem minha cintura e seus lábios tocarem meu pescoço. Isso me fazia sorrir. Ele estava todo agasalhado em preto, cachecol cinza chumbo e luvas. Sua touca também acompanhava o tom do cachecol. Tinha quase certeza de que eu havia dado a ele em seu aniversário.
- Roda-gigante? Não esperava um programa tão romântico. – Ele pegou um pouco do algodão doce e comeu.
- Eu tinha pensado na montanha-russa, mas você ainda não estava aqui.
- Montanha-russa nesse frio? Enlouqueceu? – Ri. Não demorou muito para conseguirmos nossa cabine.
- Tudo certo na missão? – Ele assentiu.
- O Bart se machucou, foi para o lado errado. Tivemos que resgatá-lo. Você sabe como ele é. – Ri.
- Vai na minha formatura? – Grudo ao seu lado e apoio a cabeça em seu ombro. Conner enlaça nossos dedos e acaricia minha mão com o polegar.
- Claro que vou! Jamais irei perder um dia tão importante para você.
- Será em Metropolis. Foi escolha da turma. – Olho para Conner com um pequeno aperto no coração.
- Tudo bem. – Ele segurou meu rosto e me encarou com seus olhos azuis que eu tanto amo. Passou o nariz no meu com carinho e me beijou demorado. Um beijo lento, suave. Estávamos no topo da roda, lua cheia. O cenário perfeito para dois amantes. Foi uma pena sentir o celular vibrar. – É melhor ver quem é. – Ele sugeriu.
- Arsenal. – Digo olhando para a tela. – Que estranho. Ele está mandando a localização com vários emojis de perigo. Estão nas docas perto da Ponte Brown.
Arsenal era o verdadeiro Roy Harper. Ele havia sido capturado por Luthor e levado até Cadmus para ser clonado. Ficou congelado criogenicamente, o que resultou em ficar preso a idade que tinha. Ficou assim por oito anos até ser encontrado e resgatado. Não havia razões para não o reintegrar. Não estava inteiramente completo, pois havia perdido um braço, mas ainda era ele. Era aquele jovem que Oliver havia escolhido como seu pupilo e amigo daqueles que já tinham virado homens.
A descida foi como uma tortura.
A roda de Gotham é gigante e terminar sua volta demorava cerca de vinte minutos. Estávamos há dez minutos do chão e uma angustia no peito. Ao saímos da cabine, corremos para o estacionamento e adentramos no carro sem nos despedirmos dos meus colegas. Joguei a pelúcia no banco de trás e acelerei torcendo para que o carro não derrapasse muito na pista até Dixon Docks. Ultrapassei carros, caminhões, furei faróis e quase atropelei alguns pedestres. Tinha que atravessar a cidade, literalmente.
Pedi aos deuses para que desse a sorte de que ninguém visse que a motorista era eu e noticiasse no site de fofocas minhas habilidades ao volante. Ainda bem que os vidros eram negros, fumês e o carro era um SUV comum.
Perto da Ponte Madison, acessei o computador da caverna e procurei pelo localizador dos Robins. Meu pai colocou um em cada um para que se houvesse alguma fatalidade ou por simplesmente vigiar os novatos, pudéssemos localizar o corpo. Batman estava na Químicas Ace junto com Robin (Damian). Robin (Tim) não estava na cidade e o último e que sempre nos preocupava, Dick, estava na localização que Arsenal me enviou. Algo muito ruim havia acontecido. Sabia por apenas buscar sua energia.
Não havia uma semana se quer que Dick não fosse para a enfermaria
Vi rostos pálidos e molhados quando cheguei. Estavam embaixo da ponte, a neve tinha resquícios de pólvora, pedaços de metal e gotículas de sangue. Olhei para Donna e vi seu rosto pálido. Senti a presença de Gar e Rachel. A boa e velha equipe dos Titãs.
Dick estava deitado sobre a neve, sangue em volta. Roy fazia massagem cardíaca. Rachel chorava e Gar tentava manter a cabeça do Dick estabilizada. Meu coração disparou. Seus batimentos estavam cada vez mais baixos. Não havia hospital por perto e nem um ponto de extração para a Batcaverna ou para a Caverna.
- O que houve?! – Tropecei na neve e me arrastei até ele. – Como isso aconteceu?! O que aconteceu?! – Rachel olha para mim assustada.
- O Dick tentou expelir uma bomba... ele conseguiu, mas... – Ela aperta os olhos. Estava lembrando da cena e eu estava sentindo sua energia variar. Ela não estava estável e isso era nada bom.
- A bomba explodiu no ar e acabou o atingindo. – Completou Roy. – Ele caiu dos containers. Foi muito rápido. Não tivemos tempo de pensar.
- E por que não levaram ele para o hospital?! O que vocês têm na cabeça?!!
- Você é a médica da Liga, Victoria. Só você pode cuidar de nós, lembra?
- Conner!! Pega o kit que na mochila. É... uma bolsa de couro. Pesada. Para a massagem, Roy. Não vai ajudar mais. O coração dele tá fraco. Pode ser hipotermia.
Afasto Roy e rasgo a roupa de Dick para ver se estilhaços perfuraram seu peito, mas minha atenção se voltou para a cabeça. Por mais que a neve estivesse fofa, não teria neutralizado o impacto da queda. Utilizo a visão de raio-x para averiguar sua coluna e ter a certeza de que ali nada está danificado para que eu possa mexer. O que vi acima, em seu crânio, foi o que realmente me preocupou.
Traumatismo Cranioencefálico
Droga
Ele iria morrer mesmo que eu desse choque em seu coração. A pressão estava crescente e seu crânio e precisava urgentemente furar para que a pressão diminuísse gradativamente e suas funções e sinais vitais retornassem. Assim poderia dar choque em seu coração e normalizar o bombeamento de sangue. Ainda assim, precisávamos aquecê-lo ou a hipotermia também o mataria. Tinha que levar em conta que demorei vinte minutos para atravessar a cidade. Conner chega com o kit. Sinto medo de errar, mas teria que o fazer. Era por isso que existe a regra de não operarmos conhecidos e familiares. Nossos sentimentos entram em conflito com o profissionalismo.
Confie em você, Victoria
Confie
Abro a bolsa de utensílios cirúrgicos e pego o bisturi. O aqueço suficientemente com meus poderes para deixar esterilizado e limpo a região em que vou realizar o furo em Dick. Encosto a ponta do bisturi perto da têmpora e respiro fundo para criar coragem. Longe o suficiente de qualquer veia e certo o suficiente para encaixar no crânio e perfurar minimamente. Um furo pequeno demais não resolveria e um maior do que o necessário o levaria à morte.
- Roy. Conner. Segurem ele firme. Bem firme. Vou tentar manter ele aquecido, mas preciso que o segurem.
- O que você vai fazer? – Questionaram arredios.
- Tenho que furar a cabeça dele ou ele morre aqui mesmo. Sem anestesia ele vai se mexer e se eu errar... ele também morre.
Os dois assentiram com preocupação, mas eu tinha que confiar neles assim como eles deveriam confiar em mim. Com coragem, finquei o bisturi e o aprofundei na carne com cuidado até sentir chegar ao osso. Meu coração batia na cabeça, mas me concentrei para o silenciar. Seu corpo estrebuchava e os rapazes faziam de tudo para o manter o mais paralisado possível.
Apenas um pequeno furo
- Gar, os ajude. Segure com toda força que tiver.
Concentrei-me ainda mais para manter a cabeça de Dick travada naquela posição. Mantive o bisturi parado e, com a outra mão, comecei a dar leves batidas até ver o sangue grosso escorrer. Tirei o bisturi com delicadeza e desci meus dedos para o pescoço sentir o pulso. Estava voltando ao normal. Vi seu coração bater um pouco mais forte e ouvi o meu se acalmar. Fechos os olhos sentindo alívio. Mais calma, afastei os rapazes e com uma pinça e com a ajuda do bisturi, tirei os estilhaços da carne do corpo. Havia muitos perto do coração e do pulmão. A bomba deve ter explodido na altura do peito para que isso acontecesse.
Preocupada, senti medo do que poderia vir a seguir e, mesmo sem ter a certeza de que conseguiria o fazer, toquei sua testa na esperança de conseguir ler sua mente. Quanto mais o tempo passava, menos eu sentia esse poder em mim.
Meu irmão estava preso em um looping do dia da morte do Wally, seu melhor amigo. Dick chegou a tempo de ver o amigo desaparecer enquanto salvava a Terra. Era surreal conseguir acompanhar os movimentos, ouvir a respiração, sentir tudo que estava acontecendo naquele momento como se, assim como Dick, eu também estivesse presenciando o que havia acontecido.
Mesmo que com dificuldade de atravessar esse looping que insistia em permanecer na cabeça do meu irmão, consegui ver que ele estava bem. Sua massa cinzenta estava com bom funcionamento e praticamente intacta. Pedi para colocarem Dick no meu carro e mesmo me sentindo tonta, o mantive estável até chegarmos em Bristol para que o transportássemos para a Torre de Vigilância, espaço. Dick tinha que sobreviver.
Torre de Vigilância – Espaço, Universo
Dia seguinte, 02 horas e 25 minutos
Em melhores condições, fiz os procedimentos mais adequadamente. Coloquei uma tela em sua cabeça, faixas e deixei os aparelhos o monitorarem. Coloquei os acessos, a medicação e finalmente pude relaxar. Ao menos tentar. Ele ainda continuava instável, mas a pressão intracraniana havia estabilizado. Não conseguia sair da frente da UTI.
- Como você está? – As mãos de Conner passavam do meu pescoço e desciam por meus braços como toques delicados e reconfortantes. Carinho. Estava atrás de mim deixando sua cabeça ao lado da minha.
- Preocupada. Meu irmão está naquela cama, apagado. Não tenho expectativas de quando ele irá acordar.
- Por que não vem tomar um banho e tenta relaxar? Ficar aqui não vai fazer com que ele se recupere mais rápido. Você já fez tudo que podia.
Vendo o sangue começar a manchar as faixas, coloquei a máscara no rosto e entrei na UTI com pressa. Era melhor verificar o que estava acontecendo com mais exames e, se necessário, fazer uma ressonância. Por um acesso novo, tirei dois tubos de sangue e refiz a sutura na cabeça. Isso me deixava ainda mais preocupada do que antes. Meu coração disparava, minha respiração descompassava. Era minha família. Era o meu irmão nas minhas mãos.
Olhei para trás e vi Conner com Kory e Roy ao seu lado. Estavam tão preocupados que o nervosismo refletia nos dedos nervosos. Sai do quarto rumo ao laboratório para pedir a medição dos d'dímeros e um hemograma completo. Kory se aproximou de mim e, sentindo sua energia, já tinha noção do que ela queria.
- Você não consegue curar ele de outra forma? – Perguntou. Sabia bem o que ela queria dizer.
- Ela não pode fazer isso, Kory. – Roy declarou.
- Roy está certo. Eu não posso. Apenas fiquem de olho nesse cabeça dura e me avisem se alguma coisa sair do estável. Vou avisar aos outros que a equipe chegou e sobre o que aconteceu. Vocês foram imprudentes. – Digo olhando para Roy. – Poderia ter custado a vida dele. Isso se ele não ficar vegetando.
- Mas Victoria. Seus poderes. Você fez isso com Conner. – Kory tentava me fazer mudar de ideia.
- Não e ponto final! O que fiz pelo Conner foi imprudente e eu jurei ao meu pai e a Liga que isso jamais aconteceria de novo. Eu cumpro o que prometo. Vamos torcer para que ele fique bem. Fiz o meu melhor para que isso aconteça.
- Kory, deixe a Vic. Ela está certa e cumpriu com o dever dela.
- Agora, com licença. Estou indo para a sala de transmissão. O que aconteceu esta noite deve ser reportado. É a regra. Sou médica da Liga e não posso deixar isso fora do meu relatório. Já demos sorte demais por estar nevando. O gelo e o frio ajudaram a estancar a hemorragia e diminuir consideravelmente o fluxo de sangue. Se estiverem precisando se ocupar mais, fiquem de olho para ver se Donna e Rachel acordam. Tive que dopá-las. Estavam em choque.
Pode ser injusto, mas eles não deveriam ficar esperando por mim. Eu podia estar em cirurgia, atendimento. Podia estar fora da cidade. Não sou dona da minha empresa ou minha chefe para poder sair a hora que eu quiser ou quando me chamam. Essa imprudência podia ter custado a vida de Dick e eu tenho certeza de que eles não se perdoariam por isso. Garfield seria o que ficaria mais abalado pela idade e isso ia custar muito. Talvez ele nunca mais voltasse a ativa. Outra imprudência dos mais velhos.
Segui para a sala de transmissão para reportar ao Tornado Vermelho e a Canário Negro para que eles pudessem lidar melhor com a situação e aplicar as devidas medidas. Não me cabia encontrar as respostas e as justas punições para a equipe. Diante dos nossos superiores, soube que não havia qualquer missão indicada pela Torre em Gotham, ou seja, estavam trabalhando por conta própria. Erros atrás de erros. Parecia que quanto mais velhos ficavam, menos medo de morrer tinham. Era totalmente o inverso do que se esperava.
- Victoria... – Era Roy. Estava de frente para a porta da sala de transmissão. Parecia estar me esperando ali.
- O que vocês estavam fazendo nas docas? – O questiono para entender os motivos de Dick se meter nessa e os colocarem nessa enrascada.
- Tráfico de drogas. Dick estava acompanhando várias mortes aparentemente aleatórias. Encontrou contrabando de telas, animais e drogas. Um esquema grande.
- Souberam de quem era? – Ele negou. – Por que você estava lá com ele?
- Somos amigos. Não ia deixá-lo na mão. Ele comentou no Titãs e todos decidiram ajudar. Somos uma equipe. Não era para ser difícil. Não era para terminar assim.
- Ele te contou há quanto tempo ele estava nisso?
- Há algumas semanas. Me desculpe. – Ele segurou meu rosto e me abraçou. Estava machucado por dentro. – Eu devia ter prestado mais atenção. Os caras viram a Donna e atacaram para escapar.
- Tudo bem, Roy. Tudo bem. – O abraço em retorno e passo as mãos por suas costas o energizando para se acalmar. – Vai descansar. Foi uma noite puxada. Tome um banho e durma um pouco.
Ele assentiu visivelmente chateado. Caminhou pelos corredores da Torre balançando a cabeça. Estava se culpando pelo que havia acontecido, mas não era culpa de ninguém. Poderia ter acontecido com qualquer um. O erro foi ter ido por conta própria e não ter avisado a ninguém.
Passando pela porta do quarto de Garfield, o vi ainda paralisado. Pelo menos ele já havia tomado um banho e trocado de roupa, mas ainda estava em choque. Olhava para o nada. Apertava os dedos. Os punhos. Suspirei. Caminhei até ele, sentei-me ao seu lado e o abracei. Seus braços me rodearam com força. Suas lágrimas caiam na minha roupa. Ele precisava de colo. De carinho.
- Está tudo bem, Gar. Não foi culpa sua.
- Mas.
- Você fez o que podia e ajudou a salvá-lo. Sinta-se orgulhoso. A Canário vai te ajudar a passar por isso com mais facilidade do que eu. Começa amanhã.
- Eu não queria precisar disso. – Disse chorão.
- Eu sei que não, mas todos precisam de ajuda. – Passo a mão em seu rosto, acariciando-o. – Descanse. Você vai ter folga por uns dias. Eu mesma irei providenciar. Apenas aproveite esse tempo. Ajude a cuidar da Rachel e me procure se precisar conversar.
Garfield era tão jovem quanto Dick quando entrou na equipe, mas era muito mais sensível. Um garoto doce e gentil. Não tinha as amarguras que Dick carrega. Ele não teve uma vida fácil e eu sei que perdas e situações de estresse como essa o afetam de maneira significativa. Beijei o topo de sua cabeça e o deixei sozinho em seu quarto quando se acalmou. Tínhamos muito trabalho a fazer ainda.
Exausta, apenas vou para o meu quarto para esquentar o corpo. Odeio frio, sempre odiei. Mais uma vez senti as mãos carinhosas de Conner pelo meu corpo. Ele havia entrado no banho comigo e distribuía beijos pelo meu pescoço, descia pelo trapézio e chegava aos ombros. Isso me relaxava e me fazia sorrir. Era muito sortuda em ter Conner ao meu lado.
Me virei para ele e o abracei com força. Deixei meu medo sair, as lágrimas escorrerem. Levei a mão até seu cabelo e o olhei por um tempo. A água quente escorria pelas minhas costas e fazia o banheiro ficar embaçado por causa do vapor. Olhá-lo me acalmava. Trazia um acalento para o coração. Fiquei na ponta dos pés para o beijar para logo depois voltar a abraçá-lo. Era a primeira vez que me sentia tão cansada e estressada depois de meses.
Cansada e com sono.
Terminamos o banho e fomos direto para a cama. O relógio marcava quatro e meia da manhã. Dia longo, pensei. Conner se deitou ao meu lado e me presenteou com a visão de suas costas. Eu as amava. Deitada ao seu lado, meus dedos passeavam pela linha da coluna e delineava os músculos até adormecer.
Estava ao lado de Kid, Impulso e Flash. A corrida era demais para mim e comecei a sentir os golpes. Não podíamos parar. A crisálida tinha de ser neutralizada. Mas a dor, aquela dor era demais. Eu conseguia sentir cada golpe de energia que escapava e o atingia. Dezesseis segundos. Era esse o tempo que restava e Wally sabia bem disso. Sabia que estava indo e mesmo assim continuou a se sacrificar pelo bem da Terra e de toda uma humanidade.
Quando o senti desaparecer foi como um choque, uma descarga elétrica que percorreu meu corpo. Doía e me fazia chorar. Eu conseguia ver cada parte do cenário. Cada pequeno detalhe, mas não entendia o porquê de estar vendo Wally ou porquê eu estava conectada a essa parte da história quem nem vivi.
Acordo com um barulho ensurdecedor e agudo. Assustada e suada. Minha boca seca e um sentimento estranho alastra pelo meu peito. O corpo pulava como pipoca e trazia arrepios juntos aos pequenos impulsos elétricos que percorriam meu corpo e dançavam pela minha pele.
Eu era azul
- Victoria...?! – M’gann estava na porta do quarto, assustada.
- M’gann...? Que barulho foi esse?
- Você estava gritando. – M’gann se senta ao meu lado e tenta segurar minhas mãos, mas percebo que ela se afasta. Eu deveria estar dando choques nela. – Você desligou a Torre... estamos sem proteção e energia.
- Na realidade... – Roy aparecia de modo sutil e sonolento. – Você acabou com a energia de metade de Metropolis. A Torre estava em conexão com o Superman quando você deu pane no sistema.
Tentando me levantar, sinto minhas pernas falharem. M’gann me coloca de volta à cama e faz com que eu me deite.
- Vamos cuidar disso. – Disse tentando me acalmar e me manter na cama. – Vou chamar a Canário.
- Mas o Dick... ele... os sistemas... ele precisa dos aparelhos. – Começo a me apavorar. Ele não podia ficar sem monitoramento.
- O transferimos faz um pouco mais de meia hora. Ele está bem. Estabilizou. Achamos melhor deixar ele em terra para que sua família assistisse ele. Apenas descanse. Quer que eu avise ao Batman para te buscar?
- Não... melhor não preocupar meu pai... ele já tem problemas demais. Conner?
- Ele foi ajudar com a transferência. Já deve estar voltando. Só precisamos reiniciar a Torre e verificar se nada foi danificado. Você teve uma explosão daquelas. Está brilhando até os fios de cabelo.
Nem nos meus piores dias eu desliguei meia cidade. Não que eu saiba. Bristol sempre foi afastada, então dificilmente eu atingia outra propriedade. Em Cadmus eu não sei, já que ficava nas instalações subterrâneas. Esperei que M’gann e Roy fossem embora e torci para conseguir chegar até a sala de transmissão. As pernas não estavam firmes, bambeava toda hora, mas consegui. Acho que já tinha amanhecido.
Encostei a mão no computador e me concentrei. Sinto a energia fluir, as ondas, as camadas. Ligar a Torre, esse era o objetivo primário. Sem ela não conseguiria alcançar Metropolis. Sinto meus pelos eriçarem, a energia dançar pela minha pele. Não demorou muito para que escutassem as máquinas e os computadores religarem. Aos poucos tudo estava ativado e sendo recuperado. Não poderia deixar os equipamentos fritados.
Depois, me conectar com a cidade. Se eu não fosse rápida o suficiente, existiriam acidentes devido aos faróis desligados, criminosos conseguiriam fugir das prisões, hospitais perdendo pacientes. Tudo por minha culpa. Era só recuperar o básico e tudo ficaria bem.
Procuro a estação de energia.
Avalio a situação da estação e vejo que ocasionei uma sobrecarga e isso fez com que tudo apagasse. Uma nova sobrecarga reestabeleceria o suprimento de energia para a cidade. Tento uma, duas, três vezes. Minha força ainda não estava sendo suficiente.
Decido ficar na minha forma pura – meta-humana original.
Fecho meus olhos, respiro fundo e tento uma última vez com toda força que tenho. Sinto meu brilho crescer e sobressair. Fora da Terra a força e a energia em mim estavam incrivelmente forte, intensa e expandida. Uma carga superpotente de energia é transmitida e finalmente vejo o painel da estação de energia iluminado. As luzes da cidade acompanharam como uma onda. Eu tinha conseguido.
Mansão Wayne – Bristol, Gotham
Dias depois
- Finalmente acordou.
- Tim.
Minha cabeça latejava e os olhos reclamavam da claridade. O som a minha volta era resumido a zunidos e a sons de algo correndo em círculos em alto velocidade. Sons metálicos. Olhando em volta, vi que estava em Gotham. Especificamente no meu quarto.
- O que estou fazendo na mansão? A Torre estava instável, não tinha como me trazerem para Gotham. Os teletransportadores não estavam ativados ainda. – Olhando para o relógio, vi que já passava das dez da manhã. Meu chefe me mataria. Levanto rapidamente para me arrumar, porém Tim me segura e faz sinal para que eu me acalme e que o escute.
- Você foi dispensada, Vic. Se acalme. Não está atrasada.
- Eu o quê?! Como fui dispensada? – Me exaspero. Tinha meus pacientes para acompanhar.
- Bruce foi até o hospital e informou sobre sua situação. Claro que, de certa forma, o chefe do hospital é um dos conhecidos de Bruce e ele deixou que tirasse uma licença como desculpa de esforço extremo. Sugeriram que deveria evitar de se esforçar por esses dias devido a sua saúde frágil. A dispensa também incluiu seu acompanhamento em Arkham. Crane não ficou muito feliz com isso, mas acredito que depois o informaram sobre suas condições e ele se acalmou.
- Ele inventou isso?
- Você sabe como Bruce é. – Tim deu de ombros. – O que aconteceu?
- Dick se machucou em uma missão não oficial com a equipe Titã. – Respiro fundo e me sento. – Ele podia ter morrido. Depois que forcei uma entrada na mente dele, vi a morte do Wally. Foi como se estivesse lá, como se presenciei o que aconteceu e senti todo aquele turbilhão de sentimentos da perda. Causei uma pane enquanto estava dormindo. Foi o que M’gann disse quando entrou no quarto em que eu estava e não era para menos. Eu estava brilhando em azul. Até o cabelo estava azul. Só me lembro de um som bem agudo e muito alto.
- E como conseguiu recuperar Metropolis da Torre? Seu velho está bem orgulhoso.
- Consegui ser apenas a meta-humana que sou, mas de alguma forma meus poderes estavam potencializados no espaço. Era muito forte. O controle que tinha sobre mim era magnifico.
- O velhote está orgulho de você. – Sorri.
- Que bom que ele está. Mas e o Dick? Ainda o sinto ruim. Desacordado.
- Isso é porque você entrou na mente do Dick... – A voz grave do meu pai fez com que eu me arrepiasse. – Vocês estão interligados. O Caçador mesmo reconheceu a ligação entre vocês dois. Vai demorar um tempo até que você controle isso, então tome cuidado. Seu nível alto de estresse junto ao dele faz com que memórias de perdas sejam compartilhadas. Dick vai sentir tudo que aconteceu naquele dia com Conner assim como você vai sentir com Wally. Talvez, com o tempo, isso desapareça ou se torne apenas sonhos que não mexam com vocês.
- E como ele está? - Se recuperando. Você fez bem em operá-lo. Talvez ele estivesse vegetando agora. Fez um bom trabalho, filha. Conner logo vai vir te visitar, então descanse um pouco mais. Faz cinco dias que apagou. Está querendo competir comigo? – Rimos. – Alfred vai trazer o kit dinossauro. Volto logo depois da reunião na empresa para cuidar de você pessoalmente.
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Primeiro Teste - Background
1ª semana de junho
Nosso pai disse que essa era uma missão para e unicamente do Batman.
Após o breve sumiço do filho, ele finalmente encontrou pistas. Meu irmão seria usado pela Liga das Sombras para objetivos maiores, isso incluía remover ele da existência. Seria um sacrifício. Batman havia seguido os rastros até o Poço de Lázaro. Obviamente, nem mesmo ele esperava por essa atitude de sua família materna.
A ressureição de Damian ou a ressurreição de Ra’s, não foi concluída. Ele seria um invólucro para Ra’s. Seu clone, ao menos, estava morto, mas nosso pai ainda estava lá.
Damian chegou à mansão gemendo de dores. Eu havia acabado de chegar da Caverna. Ele estava sozinho, o que me causou grande estranhamento e preocupação. Não deveria passar das duas da manhã.
Quando o alcancei, o vi extremamente ferido. Cortes profundos, ossos quebrados. Sua mente estava devastada.
Ele estava morrendo nos meus braços. Não conseguia sequer imaginar como ele havia chegado em casa naquelas condições.
- Victoria. – Era nosso pai pelo comunicador de Damian. – Faça o que for preciso.
- O senhor me fez prometer. – Damian desmaia. O coloco sobre a minha cama e respiro fundo. Me controlo e me acalmo.
- Salve o seu irmão, filha. Por favor, salve-o. – Sua voz estava estremecida e chorosa.
Bruce Wayne sabia sobre as minhas pesquisas e sobre meus testes no laboratório. Após minha recuperação da batalha contra o Coringa em dezembro de 2020, realizei pesquisas sobre a Hera e suas toxinas para encontrar antídotos ou reagentes que trouxesse a imunidade a quem os consumisse e imunidade para outros tipos de doenças e situações.
Aprimorei meus estudos de anticorpos e de regeneração com os meus soros/suplementos. O resultado foi de uma dose concentrada de algo muito semelhante as células tronco, porém imensuravelmente eficazes, concentradas e rápidas. Outro experimento era dedicado especialmente a mim. Doses potentes, concentradas e regenerativas que me mantinham por dois ou três dias dependendo do quanto eu usasse os poderes. Me mantinha muito bem alimentada e estável.
Os batimentos de Damian se tornavam cada vez mais fracos e não poderia hesitar em medicá-lo. Seria meu primeiro teste em humanos.
O primeiro teste no meu próprio irmão.
Pressão? Jamais. Só teria mais uma morte na minha lista e talvez o ódio, desgosto e remorso do meu pai pelo resto da vida dele.
Peguei bolsas de sangue na geladeira, separei o que precisaria e o levei para o meu centro cirúrgico. Coloquei todos os aparelhos que tinha disponível para monitorar seus batimentos, pressão, oxigenação e temperatura.
Estava muito fraco, temperatura muito baixa junto aos seus batimentos. logo entraria em choque.
Separei duas bolsas de soro de quinhentos mililitros, as agulhas, seringas, o kit de cirurgia, as luvas, sutura, e tudo mais que fosse necessário para o estabilizar e o manter vivo. Abri meu compartimento secreto que mantinha meus tubos de medicamentos refrigerados, peguei um tubo de cada e deixei tudo ao meu alcance. Um décimo da seringa do meu medicamento com nove décimos do outro.
Fiz o torniquete no braço direito do meu irmão, busquei sua veia e fiz o acesso. Retirei um tubo do seu sangue, depois coloquei o medicamento e, por fim, o soro para ajudar a hidrata-lo. Seria apenas a primeira bolsa. Em seguida, em outro ponto do acesso, coloquei uma bolsa de sangue para repor o que ele perdeu e o que ainda perderia.
Era momento de o abrir, mas antes deveria ver quantos ossos estariam fraturados de maneira extremamente comprometedora. A energia vital poderia ser usada de uma maneira bem medicinal nesse ponto. Aprendi a ter uma espécie de raio-x junto a uma tomografia e ressonância a usando como um 3D interno do paciente que eu tratava.
Clavícula, costelas, braço esquerdo, tornozelo e fêmur. Seja lá o que fosse seu clone, era terrivelmente mais forte do que ele para causar tal estrago. Precisaria de mais sangue e mais acessos. Teria muito trabalho a fazer com ele.
Com sua oxigenação despencando, fui forçada a entubar. Com os bisturis e os afastadores posicionados, comecei a realizar a remoção dos pequenos estilhaços de ossos espalhados pela carne e a colocar o restante no lugar. Controlei as hemorragias, o fechei e rezei aos deuses para que tudo desaparecesse.
Seu pós-operatório estava sendo uma tortura. Não passava de vinte minutos da cirurgia, mas estava me enlouquecendo já que os fluídos estavam correndo por suas veias.
Ansiosa, liguei meu computador já com dúvidas sobre a quantidade de medicação que havia o dado. Abri meus programas e refiz o cálculo. Tudo estava de acordo com o que meu instinto e segurança, porém o tempo de reação continuava incerto.
- Bruce falou sobre o ocorrido. – Era Dick correndo pelo corredor até meu centro cirúrgico. – Como ele está?
- Ainda não acordou. Não consigo ver os ferimentos dele sumindo. Apenas estabilizou.
- Estabilizar é um bom sinal, não é?
- Não nas condições em que ele está. Muitas fraturas e lacerações. Eu praticamente o abri por inteiro. Metade do fígado não tinha o que fazer. O baço estourou, pulmão perfurado pelas costelas quebradas, coração enfraquecido. – Suspiro. – Se ele não acordar em uma hora, talvez não acorde mais.
- Calma, você disse que os ferimentos não sumiram. Você fez de novo?
- Não exatamente.
- Victoria, fizemos um acordo com todos!
- Meu pai me ordenou. – Dick joga os braços para os céus e bufa. – O que você faria no lugar dele?
- Não me coloque nessa posição. Daqui a pouco ele vai deixar que nós usemos armas letais e matemos criminosos.
- Dick, por favor.
- Onde ele está?
- Poço de Lázaro. Ainda não voltou.
- Vou chamar o Tim. Cassie está na cidade, melhor que ela fique aqui com você.
- Não é necessário.
- Já se olhou? Está cheia de sangue. Seu rosto tem respingos, seu pescoço. Sequer tirou a roupa. Está em choque.
Cassie não demorou muito para chegar e me obrigar a tirar a roupa da cirurgia, já que eu não iria tomar um banho nem se ela me arrastasse até o chuveiro. Meu irmão ainda não apresentava melhora e o prazo de uma hora estava acabando. O medo de não ver seus olhos abertos novamente e sua cara emburrada me paralisava e causava ainda mais ansiedade.
- Vai enlouquecer desse jeito, amiga.
- Já estou. O prazo acabou e ele não me deu sinais de melhora. Talvez eu precise dar mais uma dose.
Não conseguia largar a mão do meu irmão. Estava sentada ao lado da cama aguardando esperançosamente que ele voltasse. Não estava em coma, mas não estava consciente.
- Vic, não se precipite.
- Tem noção que o primeiro teste do meu medicamento eu fiz no meu irmão? Sabe como é isso? É sentir uma falha dupla, Cassie. Falha com o meu irmão e com a minha pesquisa.
- Quanto tempo um corpo demora para reproduzir sangue novo?
- O plasma é reposto em vinte e quatro horas. Mas isso é para uma doação simples de sangue.
- Quantos litros de sangue você deu a ele?
- Um e meio. Foram três bolsas de quinhentos mililitros.
- O quanto seu medicamento reduz esse tempo de reposição para produção de novas células em perfeitas condições e capazes de regenerar por completo um organismo ferido como o dele?
- Era para ocorrer em uma hora, mas os resultados ainda não têm um padrão de tempo.
Senti minha mão ser apertada. Era fraco, mas era um aperto. Levantei rapidamente para olhá-lo. Peguei uma lanterna e chequei suas pupilas. Estavam reagindo.
- Oi, pirralho. Você quase morreu. Se lembra do que aconteceu? – Ele assentiu. – Não tente falar, está bem? Tive que entubar você. Chegou em um estado deplorável. Realizei uma cirurgia grande em você. – Vejo as manchas negras em volta do pescoço desaparecerem. – Sente dor?
- Não. Onde está o pai? Ele está bem?
- Dick foi buscá-lo. Ainda não chegaram. Como está o pulmão? Dói para respirar?
- Não. Só tira logo esse troço da minha garganta! – Sorri. Até mesmo em pensamento ele continuava a ser rabugento.
- Tá. Tá. Isso vai ser desconfortável. Também te amo.
- Não enche, Victoria.
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Anotações de Caos - O diário
Após os perrengues que passei com Damian, nossa relação se fortaleceu. Ele me pedia opiniões, ajuda e treino. Estava genuinamente se dedicando a melhorar e fazer com ele o que Tim fez por mim era gratificante. Dessa vez era um pouco diferente, já que não havia riscos dele me machucar e eu acabar me ferindo gravemente ou morrendo durante o processo. Isso me fez perceber que ele tinha confiança e liberdade para continuar a melhorar e eu apenas o avisava o que era necessário aperfeiçoar e treinar mais.
Damian tem golpes bem fortes para a sua idade, mas seu corpo também não é o comum. Muito mais musculoso, com grande quantidade de massa magra e no melhor estado de saúde possível. Habilidoso, flexível e cheio de energia.
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Irmãos
Mansão Wayne – Bristol, Gotham
2ª semana de julho, 00 horas e 31 minutos
Damian estava entre a fresta da porta do meu quarto há pelo menos quinze minutos. Sua energia demonstrava que estava mais calmo e essa foi a primeira vez em dias que ele veio até mim sem que eu o chamasse.
Nosso pai teve que viajar a negócios e Alfred o seguiu para auxiliá-lo. Ele acreditou que me enganou, mas eu sabia muito bem que quando Alfred ia com ele, com certeza estava em uma missão paralela para a Liga ou de cunho pessoal. A mansão ficou sobre minha responsabilidade junto com a obrigação de colocar Damian na linha até que ele retornasse para Gotham.
Estava tarde e se o deixasse mais um tempo plantado no corredor, ele não acordaria devidamente disposto para a aula na Academia de Gotham. Também teria que ter ao menos meio período de aula, então não poderia me demorar mais do que uma ou duas horar para terminar meus relatórios. Tim e Dick foram para as ruas realizarem a ronda. Era noite de folga do Dick e não iria atrapalhar.
- Você devia estar dormindo. – Comento.
- Devíamos estar nas ruas no lugar dos dois babacas. – Resmungou.
- Damian. – O repreendo e ele bufa.
- É verdade que você e o Superboy são amantes?
- Não dizemos amantes, Damian. Dizemos namorados e espero que não arrume confusão com ele como arrumou com todos os Robins. – Ele bufou novamente e deu de ombros.
- Você namora com o outro projeto de Cadmus? – Disse bem insinuativo. Virei-me para o lado da porta e mostrei estar desapontada. – Desculpa. – A palavrinha mágica que ensinei estava surtindo efeito. – Parei. Posso entrar? – Assenti. Ele caminha até minha cama e se senta nela. – Ele ainda está bravo pelo o que fiz com o Tim?
- O que você acha? – O encaro séria. – Você quase o matou. Já disse que não é assim que as coisas funcionam. Aqui é diferente. Tente entender isso e não crie uma competição sobre quem é o melhor Robin de todos os tempos, ninguém liga, só você. Não vivemos em competição, somos uma equipe. Entenda.
- E como você entendeu? – Sua pergunta foi um tanto curiosa.
Damian podia ser humano, mas já havia passado por muitas e até situações piores que as minhas. É perturbador como o ser humano é capaz de fazer de tudo para conquistar o poder. Certo dia, quando estava no meu laboratório, ele apareceu com cadernos e mais cadernos cheios de papéis soltos, fotos, desenhos. Não disse uma palavra. Apenas os deixou lá e foi embora. Minha curiosidade bateu, mas esperei alguns dias até que tivesse a certeza de que ele havia deixado seus arquivos lá para que eu investigasse. Meu questionamento foi de como ele havia conseguido todos esses arquivos estando em Gotham.
Seu crescimento foi acelerado assim como o meu e de Conner. Foi treinado para ser um assassino e, consequentemente, teve fraturas e lesões graves. Seus órgãos foram clonados e substituídos várias vezes assim como ele também fazia uso do Poço dos Lázaros, que seu avô utilizava para se curar e evitar a temida morte. Talia o jogou na Liga dos Assassinos e ali ele foi criado como um. Não conhecia outro mundo nem outro estilo de vida. Tinha muito de mim nele.
Eu o via como um brinquedo nas mãos de sua família materna. Quando quebrava, era levado para o conserto e colocado em jogo mais uma vez. Isso evitava falhas, mas ele continuava sendo uma criança humana. Uma criança de dez anos que passou por lavagem cerebral e que tinha dez anos há pelo menos cinco anos.
- O último ano em Cadmus foi crucial para que eu entendesse. Já havia me comprometido demais com as exigências deles. Já havia visto o mundo externo pela mente de alguns funcionários e depois consegui me conectar aos sistemas e adquirir informação externa com segurança e sem influência. Aprendi o que realmente era fazer o certo: salvar vidas. Naquele ano, um pouco antes de fugir, teria que realizar um atentado terrorista que mataria centenas de bilhares de pessoas. Disseram que isso seria o diferencial para um mundo melhor, mas era mentira.
- Você fugiu por que não queria matar? – Ele parecia um pouco confuso já que matar sempre foi natural diante da sua criação.
- Não era o certo a se fazer, mortes não resolvem problemas. Só incitam mais violência e iniciam ou pioram guerras. – Me sentei ao seu lado. – Matei muitos pelas minhas próprias mãos, a distância por armas e por meio de sistemas. – Puxo o ar e esvazio todo o peito. – Eu sei matar. Quando tinha sua idade cheguei a sentir prazer com isso porque, de certa forma, era um jogo e eu queria vencer. Aprendi história, sociologia, filosofia. Tudo foi se encaixando e mostrando o caminho do bem. Enfim, sei o seu lado melhor do que qualquer um aqui. Apenas tente separar nessa cabecinha que você não é obrigado a eliminar todos.
- Existem pessoas que não deveriam ter permissão para estarem vivas. – Disse baixinho, quase que em um sussurro.
- Sim. Existem pessoas que não deveriam estar respirando o mesmo ar que nós, mas temos que ser diplomáticos na guerra. Assassinar alguém tem que ser o último recurso. Vamos dizer que se você não matar o Bane, o mundo explode e todos morrem. É uma necessidade estampada na capa do jornal, não acha? – Ele assentiu. – Tente pensar assim.
- Não é tão simples. – Resmungou.
- Nunca vai ser, mas se há dificuldade é porque vale a pena. Se você se sente parte deste império, tente. De orgulho ao nosso velho e pare de ser um pirralho mimado e egoísta. Você tem muito o que aprender sobre o mundo real. A vida não é como te mostraram. Fiquei dois anos nas ruas e aprendi muito sobre a realidade. Demorei seis meses para me adaptar ao estilo Wayne. Para confiar nas pessoas. Me entregar a elas. Lá fora não é fácil...
- Me treinaria se eu pedisse? – Sua fala me surpreendeu e me fez sorrir.
- Apenas se me prometer que vai lutar para mudar.
- Eu prometo, Victoria.
- Ótimo. – Bagunço seu cabelo e o vejo levemente irritado, mas segurando um sorriso tímido. – Agora vá dormir, pode ser? Você tem aula de violino amanhã e depois tenho plantão em Arkham.
- Depois vai passar a noite no hospital? – Assenti.
- Te pego no meu intervalo e te deixo na Torre ou você pode ficar lá comigo. Meu turno vai acabar as duas da manhã no máximo. Combinado?
- Combinado. – Sorri. Tivemos uma boa conversa. Pensei que demoraria mais para que conseguíssemos. Isso me deixava feliz. De verdade, estava feliz.
- Boa noite, Damian.
- Boa noite, Victoria.
Meu irmão seguiu para seu quarto e caiu na cama, literalmente. Tinha um estranho costume de se jogar nela como se todo dia fosse o dia mais cansativo de sua vida. Talvez fosse cansativo ser o bom garoto.
Em relação aos relatórios, ainda não me conformava em ter uma única e gigantesca pasta dedicada ao caso e tratamento de Jonathan Crane. Estava conseguindo desenvolver longas e progressivas conversas com ele, além de perceber que estava tomando com mais frequência os remédios que eu havia prescrito. A frequência se resumia a três ou quatro vezes na semana. Era um progresso de qualquer forma. Meus outros pacientes não eram tão teimosos e suas pastas não chegavam a dez porcento da de Crane. Os via com menos frequência devido ao bom comportamento deles e a grande evolução. Tinha apenas três pacientes que eram casos perdidos.
Depois que terminei, enviei os últimos arquivos para meus tutores na esperança de que pudessem me aprovar para que eu conseguisse o diploma sem que eu completasse integralmente a carga horária exigida até a data estipulada. Queriam que eu desenvolvesse pelo menos mais três a cinco meses de estágio para contemplar a carga, mas todas as minhas avaliações eram de excelência. Chega a ser até um pouco tedioso essa situação, mas não queria me perdurar. Queria entrar em 2023 formada e apenas aguardar a tão estimada formatura.
Com tudo arrumado, separei o uniforme de Damian e o deixei pendurado no cabideiro do seu quarto. Ele dormia tão profundamente que nem me escutou entrar. Continuava com o velho costume de dormir com uma adaga perto do apoiador ao lado da cama. Também se remexia muito durante o sono e isso fazia com que eu pensasse que fossem reflexos do corpo transpassando os traumas enquanto dormia. Às vezes ele acordava gritando. Gritos de dor. Era assustador.
Já no andar de baixo da mansão, após limpar o superior inteiro, me direcionei para a cozinha para fazer a comida da semana, congelar as marmitas e deixar o café da manhã preparado. Quando Dick fazia sua estadia na mansão, o terror culinário acontecia. Não havia sequer uma comida que tivesse o cheiro e o gosto agradável. Ele acabava com a dispensa e deixava nada adequado para consumo. Era um furacão categoria cinco sem dúvidas. Certa vez Tim disse que podia ver a comida se mexendo sozinha como se fosse um mini alienígena gosmento. Todos riam.
O dia amanheceu.
Preparei o café da manhã caprichado para Damian e Tim com pequenas tortas de maçã, panquecas, waffles, suco, mel, geleia e frutas picadas. Dick nem tinha saído da batcaverna depois que chegou.
Desci com o auxilio do elevador até encontrar Dick, que ainda trajava o uniforme de guerra, mas sem a máscara. Tinha o mesmo péssimo costume do mentor de não tirar a maquiagem dos olhos ou tirar de maneira preguiçosa. Com um enorme copo de café bem forte com creme, um lanche reforçado e uma torta, caminho até ele, deixo a bandeja em cima da mesa auxiliar e o cutuco para que acorde.
- Dick, acorda. Você dormiu na cadeira de novo. – Nenhum sinal de consciência é detectado. Parecia um morto. – Dick, se não acordar, vou dar choque em você que nem da última vez.
Um resmungo audível foi solto, mas parecia que ainda era do sonho que estava tendo. Ele tinha quatro horas para ajeitar tudo e voltar para a delegacia e se eu o deixasse dormir mais tempo, seu cérebro não acordaria em tempo.
Um choque pequeno não vai lhe fazer mal.
- Mas que merda, Victoria! – Segurei a risada. – Toda vez você faz isso!
- É porque toda vez você não me escuta te chamar. Toma o seu café e sobe para trocar de roupa e tomar um banho. Teve algum ferimento?
- Nada demais.
- Dick, é sério. Teve algum ferimento?
- Talvez tiro de raspão nas costas. – Reviro os olhos, teimosia deve ser passada do tutor para os aprendizes e depois enraíza, só pode.
- Tá, termina o café e sobe que eu já resolvo isso.
- Que horas são? – Ele boceja e vai com a mão em direção a torta de maçã.
- Oito e meia. Você tem quatro horas até ter que se apresentar na delegacia. Tenho que levar o Damian para a aula de violino e Tim para o curso de T.I. avançado. Vou passar na Wayne, depois saio para ir ao Arkham e plantão.
- Está mandando eu ser rápido?
- Sua conta e risco. – Dou de ombros, sorrindo. – Talvez eu precise que você pegue o Damian. Não sei se vou ter tempo de pegá-lo no meu intervalo.
- Quer que eu o leve? – Se ofereceu.
- Não. – Rio. – Quero você bem acordado. Ele já acostumou a ir no meu horário quando necessário. Não é sempre que Alfred tem condições de levá-lo. Te espero lá em cima. Meia hora, Dick. Tenho que sair daqui as nove.
- Ele deve adorar ir de moto com você. – Comentou após dar um longo gole no café e expressar satisfação com o sabor.
- Ele gosta, mas não vai admitir.
Retornei para o elevador, subi as escadas e caminhei em direção ao quarto de Damian. Ele era péssimo para acordar cedo, saiu muito bem ao nosso pai. Ao abrir as cortinas e deixar a luminosidade clarear o quarto de morcego. Não demorou para que meu irmão resmungasse e fizesse com que eu risse da situação. Ele era muito como nosso pai e finalmente as coisas estavam caminhando de maneira fluida. Meses atrás ele estaria me xingando, para dizer o mínimo. Deixei-o sozinho para que acordasse no tempo dele e saí de seu quarto.
- Bom dia, princesa. – Não me surpreendo ao ver Tim no corredor.
- Bom dia, senhor Drake. Sempre no horário.
- Sou perfeito nisso, senhorita Wayne. – Disse convencido. – Já desço para tomarmos café. Ele já acordou? – Questionou-me apontando com a cabeça para a porta de Damian.
- Você sabe como ele demora.
- E o Dick?
- Na caverna. Deve subir logo. Você tem algum ferimento?
- Não. – Riu. – Só aquele meia idade, sabe? Escorregou e tomou um tiro de raspão.
Tim jamais me dava trabalho quando. Sempre se colocava a disposição e ajudava em tudo. Quando o senhor Wayne viajava, ele fazia questão de passar uns dias na mansão. Ainda não entendia bem como o pai dele via isso tudo, já que seu segredo estava bem guardado conosco. Descemos rumo à cozinha.
- Caprichando como sempre!
- É minha obrigação, não acha? – Sorri. – Como está o braço? Ainda me sinto um pouco ansiosa com você voltando a ronda.
- Já disse que está bom. Não se preocupe. Dick não seria tão negligente comigo. Você já sabe. – De fato ele era negligente apenas com ele mesmo.
- Essa noite eu faço a ronda. Vá descansar ou sair com certo alguém. – Sorrio o provocando.
- Quando soube?! – Tim ficou boquiaberto e surpreso.
- Sou sua irmã, esqueceu? Notei seus sorrisos frouxos há um tempo e você também tem vindo com um perfume diferente para casa. Óbvio que eu ia sentir.
- Você acha que Conner vai notar também? – Neguei. Ele era homem e homem não nota. – Você acha que se souberem...
- Shh... não faça isso com você. Apenas seja feliz, ok? O resto eu mesma cuido. Droga, cadê o Damian?! Ele está atrasado de novo.
- JÁ ESTOU DECENDO!!! – Berrou da escada e nós dois rimos.
Damian chegou à cozinha com sua típica cara amarrada e com a gravata do uniforme completamente errada. Ficava me perguntando quando ele ia aprender a dar o nó sem que eu ficasse na sua cola, mas nosso pai fazia o mesmo. O cabelo estava bagunçado, a camisa estava para fora da calça e a mochila aberta. Suspirei. Tinha que ter paciência. O puxei para mim e me agachei para ajeitar sua roupa. Ele odiava quando eu agachava. Vivia reclamando que odiava ser baixo, mas eu insistia em dizer que logo ele estaria maior do que Dick. Beijei seu rosto quando terminei e o vi ruborizar. Isso me deixava feliz. Finalmente estava abaixando sua guarda e derrubando seus muros.
Esperei que os dois terminassem o café e aproveitei para beliscar alguns waffles. Eles estavam com um cheiro tão delicioso que não resisti.
- Vai querer carona, Tim? – Ele sorriu e me olhou de cima a baixo. Me segurei para não rir. Seu celular vibrou e, com certeza, era o motivo dos sorrisos frouxos dele.
- Já te respondo.
Dick finalmente apareceu faltando dez minutos para o horário de sairmos. O olhei e depois olhei para o relógio. Bati palmas e ele riu. Pego o kit de primeiros socorros na ilha da cozinha e o chamo para se sentar à minha frente.
- Anestesia, por favor.
- O Dick chorão ataca novamente. – Damian não segura a língua.
- Você já sabe que gente velha é assim mesmo, Damian. – Tim só complementa. Me controlo para não rir.
- Eu luto desde os meus treze anos, vocês poderiam ter um pouco de consideração
- Eu fui treinado para matar desde que nasci. Não reclamo de dor nem peço uma anestesia para fazerem pontos. – Damian zombou. De fato, ele tinha um ponto.
- As crianças poderiam se acalmar? Damian, escovar os dentes para irmos. Rápido!
- Mas que...
- Damian! – Ele bufa e se cala.
Com a pomada anestésica em mãos, passou um pouco na região do ferimento e espero fazer efeito. Pego a agulha e a linha, costuro cada espaço, o que soma cinco pontos, e cubro com fita micro poro para que não infeccione.
- Liberado, senhor Grayson. Daqui dois dias dou uma nova olhada. É para trocar a fita toda vez que tomar banho, entendeu? Banho minimamente uma vez por dia, tá?
- Até você, Victoria? – Dou de ombros, rindo.
- Até amanhã. Já deu a minha hora. Damian!!!
- ESTOU DESCENDO!!!
Peguei a chave do carro e caminhei até a garagem. O escolhido do dia era EQC, um modelo elétrico da Mercedes Benz e produzido de maneira cem porcento sustentável. Completamente confortável. Adorava dirigi-lo. Não demorou muito para que meus irmãos chegassem e se acomodassem. Tim adorava provocar Damian ao sentar no banco da frente. Dizia que ele não tinha tamanho para se sentar como um adulto e isso o deixava furioso. Timothy, apesar de tudo que havia acontecido, não deixava seu bom coração e seu humor de lado. Era uma luz em casa. Um ser humano que todos deveriam tomar como exemplo de vida.
O rádio tocava nossa playlist favorita. Chamávamos de Dark Knight. Estava tocando Born For This, The Score. Uma das nossas músicas mais tocadas. A música dos guerreiros que aprenderam a amar a dor porque nasceram para isso. Era isso que éramos. Fomos de Bristol até o centro sem muita dificuldade. Acostumada com o trajeto, sabia de alguns atalhos infalíveis. Deixando Damian na escola de violino, segui caminho à escola de T.I. de Tim.
Indústrias Wayne – Old Gotham, Gotham
9 horas e 40 minutos
- Bom dia, senhor Fox. – Sorriu e adentro seu escritório. – Trouxe algumas papeladas que o senhor pediu para que eu revisasse.
- Senhorita Wayne! Bom dia! Que prazer vê-la aqui. O senhor Wayne ainda não retornou de viagem?
- Talvez retorne semana que vem. Ele não quis me dar muitos detalhes. – Suspiro e tento relaxar. – Eu fiz algumas correções nesse contrato e nessas duas propostas. Tenho certeza de que não foi o senhor que elaborou porque conheço bem o estilo de escrita do senhor. Recomendo que refaça o treinamento do Joshua. Também revisei alguns currículos e separei estes aqui. São cinco perfis muito bons para a empresa e para as áreas requisitadas.
- Apenas cinco? – Senhor Fox se surpreendeu. Fiquei um pouco sem jeito, mas deveria explicar meus motivos.
- É que os currículos têm energia também e eu acabei identificando os perfis ruins por isso. Depois queria uma reunião com a cúpula para acertar o orçamento deste mês. Acredito que o senhor tenha notado uma fuga relativamente pequena nos fundos de créditos. Pesquisei e notei que não houve nenhuma autorização vinda do senhor ou do meu pai para que isso acontecesse.
- Você realmente viu tudo isso em dois dias? – Assenti com um sorriso orgulhoso estampado no meu rosto.
- Quero participar das entrevistas também se meu pai não chegar a tempo. Ele me pediu um estagiário para o acompanhar. Foi um pedido bem inusitado.
- Seu pai faz pedidos bem inusitados. Lembra daquele tanque? – Ri.
- Como esquecer. Um tanque com propulsores para voar.
- Como está sua agenda hoje?
- Entro meio dia e meio em Arkham e depois plantão no H.G. Damian está pela minha conta também.
- Alicia. – Chamou senhor Fox pelo telefone. – Marque uma reunião para daqui uma hora. A senhorita Wayne exige que todos da cúpula estejam presentes.
- Claro, senhor Fox.
- Acredito que esteja com o dossiê em mãos com as informações de quem está realizando os saques.
- Com certeza. – Tiro a pasta kraft da mochila e o entrego. – Vamos avisar o RH que teremos algumas demissões hoje. Demissões por justa causa.
Asilo Arkham – Ilha Mercey, Gotham
13 horas e 25 minutos
- Ele continua te visitando?
Decidi visitar Crane nos meus primeiros horários em Arkham para que não chegasse a atrasar no final do turno e não ter tempo de chegar na hora no Hospital Geral. Crane estava tendo pequenos avanços desde que comecei a medicá-lo pessoalmente. Tornou-se um hábito perigoso. O doutor gostava do contato e eu era a única que ele autorizava ser medicado. Mais ninguém poderia se aproximar dele. Virava um louco, alguns enfermeiros diziam estar possuído. Transtornado.
- Ele parece muito interessado no seu tratamento. – Seu comentário me deixou intrigada. Ainda não tinha encaminhado meus documentos para um possível mestrado ou doutorado para a universidade por causa das provas finais. Precisava do resultado delas para poder realizar o envio.
- Acho que houve um mal-entendido. – Sorrio. – Não há tratamento que eu esteja desenvolvendo. Estou terminando a universidade ainda. Talvez ele esteja interessado no que posso oferecer. – Crane não gosta da minha fala. Sua cara fecha, ele se levanta rapidamente segura meu punho com força. Rodrigues se aproximou da porta. Olhei em sua direção rapidamente e movi minha cabeça em negativo para que ele não entrasse.
- Ninguém pode se interessar no que você pode oferecer. Não é uma presa fácil. É tão esperta quanto ele.
- Mas não tanto quanto você, não é? – Ele afirmou. – Jonathan. Não quer me machucar, certo?
- Nunca.
- Então me solte, por favor. – Ele arregalou os olhos e soltou meu pulso já verificando se havia o marcado. Uma pequena vermelhidão ficou no local e o vi se decepcionar consigo.
- Me desculpe, Victoria.
- Apenas não repita isso. Sente-se, vou te medicar.
- Não mereço.
- Sou eu quem dá as ordens aqui, esqueceu? – Seu olhar tinha sincera tristeza e desapontamento. Era intrigante. Realmente se importava comigo, sua energia dizia isso em bom som e cores. – Sente-se.
Crane não desobedeceu
Senti Rodrigues tenso do outro lado da porta, mas sorri ao olhar. Peguei o pequeno copinho de plástico da mesa com os comprimidos, peguei o de água e o entreguei. Como um homem obediente, ele prontamente os segurou e aguardou até que me colocasse atrás dele. Crane colocou os comprimidos na boca, aguardou minha mão tocar seu pescoço, o copo com água se aproximou de seus lábios e ele engoliu os comprimidos. Acompanhei com os dedos o movimento do seu pomo de adão. Claro que a visão além do alcance ajudava.
- Tenho que ir.
- Sentirei saudades. – Ele beijou meu pulso com pesar. – Até breve, Victoria. Logo vai estar melhor. Me desculpe.
Hospital Geral de Gotham City – Old Gotham, Gotham
19 horas e 00 minutos
Pronto-Socorro nunca é fácil.
Não sei como tive tempo de pegar Damian antes de chegar no hospital. Os casos de pacientes psicóticos e entorpecidos não era o pior que via ali. Talvez o costume de estar quase sempre em Arkham fez com que eu não me incomodasse com tais cenas perturbadoras. Alguns eram meus pacientes de longa data, pacientes que acordaram de coma, perdidos. Outros eram moradores de rua ou viciados. Poucos eram jovens que tentaram se divertir e quase foram de arrasta. Sempre tinha que atender tentativas de suicídio. Bem comum, infelizmente.
O que me preocupava era o estado de jovens entorpecidos. A cada semana os casos cresciam, mas as notícias abafavam a situação. A maioria dos médicos diziam que estavam apresentando sintomas clássicos, mas não conseguiam entender como não estavam entrando em overdose. Na minha opinião, algo estava bem diferente do que eles cogitavam por mais que apresentasse heroína, LSD e outros tipos de drogas que já conhecíamos. Havia uma nova droga circulando e provavelmente o Máscara Negra estava envolvido. Era o único que nos dava trabalho constante nos últimos meses.
- Você pode jantar aqui com o meu cartão. Aquela sala dezenove é a minha. Pode ficar lá o tempo que quiser. Tenho um computador, você pode jogar nele. É um horário cheio, então não vou conseguir ficar com você.
Agora começava a correria
A noite em Gotham sempre seria mais agitada que o dia dos justos. Trabalhadores saindo do serviço e vindo direto para o hospital, outros que arrumavam confusão em bares e chegavam machucados. O PS ficava lotado a cada hora. Meu irmão, após terminar de se entediar na minha sala, saiu para observar o corredor, olhando de um lado para o outro, sentado em uma cadeira de espera.
Passou duas, três, quatro horas e ele continuava ali.
Vez ou outra ele arregalava sutilmente os olhos com a correria das macas e com o sangue. Enfermeiros e médicos montados em pacientes com paradas cardíacas que seguiam até o centro cirúrgico. Outros tinham ferimentos bem bizarros que consideraríamos terem ganho após uma batalha árdua com algum vilão ou com herói de Gotham. Você nunca, em sã consciência, enfiaria um gancho na perna ou no braço.
Uma gritaria tomou conta dos corredores.
Corri para a entrada e vi três enfermeiros aflitos com uma maca em direção a ambulância. Meu coração disparou ao ver uma menina baleada. Não devia ter mais de onze ou doze anos. Auxiliei a empurrar o carrinho, gritando com que mais estivesse no caminho para que saísse. Pressa. Ela estava entrando em choque e teria que ir direto para a cirurgia. Cortei suas roupas e vi cortes pelo corpo. Cortes irregulares de tipos de facas diferentes. Uns mais profundos, outros superficiais.
A equipe de cirurgia a preparava procurando acessos intravenosos e colocando os aparelhos para o monitoramento da pressão e dos batimentos. Ela começou a estrebuchar na mesa, tivemos que a amarrar e dar mais sedativos, uma anestesia mais forte conseguiria ajudar. Era culpa da hemorragia. Meus olhos avançados vasculhavam seu corpo em busca das lesões e dos sangramentos. Escutei seus batimentos, seu pulmão. Nada bom. Estava com pneumotórax. Não tinha muito tempo.
Com o bisturi em mãos, higienizei a área e cortei entre as costelas. Meu colega pegou o tubo e o inseriu entre o espaço junto com a bolsa de água pronta. O ar foi saindo e fazendo com que bolhas de oxigênio surgissem na água. Passei para a extração das balas. Uma havia atravessado o peito e parado na clavícula, outra estava no abdômen e uma última na perna. Era uma cirurgia muito delicada. Estava muito perto da artéria e qualquer erro poderia acabar na morte dela.
A pressão caiu, os batimentos cessaram. Aquele som que eu odiava ouvir. O som continuo que anunciava que a vida se foi do corpo. A energia vital sessava. O vazio consumia. Subi na maca e comecei a massagem cardíaca. Usávamos o desfibrilador, eu massageava, faziam a ventilação manual. Um, dois, três, quatro, cinco minutos.
- Victoria. Não podemos fazer mais nada. – Colocaram a mão no meu ombro e me olharam com pesar. – Hora da morte?
- Meia noite e quarenta e nove. – Engulo o choro e desço da mesa. – Eu dou a notícia a mãe. Fechem ela e peçam ao necrotério para deixá-la bonita.
Caminhei do centro cirúrgico até a área de espera na tentativa de me recompor. Deveria ser fácil diante de tudo que passei e fui treinada, mas viver no mundo era muito diferente do que estar isolada e não saber o que são sentimentos e a vida de verdade. Atravessei a porta, tirei as luvas rosadas e olhei para aquela mulher desesperada. Percebi que ela havia passado pelo PS também. Estava com hematomas escuros e também com cortes pelo corpo, muito provável ser vítima de violência doméstica. Quando seus olhos me encontraram, sua cabeça balançava em negação. Já sentia o que estava por vir.
- Sinto muito. Fizemos tudo o possível. – Digo com pesar.
- Não. Não. Não. Minha filha não! – A mãe gritava desesperada.
Eu a segurei e tentei acalmá-la. Ela se debatia em meus braços e sua dor era palpável. Me doía a ver daquela forma e ver a sua energia transmutar. Densa e escura. Triste. O azul mais escuro da noite mais escura. A aceitação seria difícil. O luto seria eterno. Senti algumas lágrimas escorrerem e vi Damian me encarar surpreso. Era como eu havia dito a ele. A vida aqui fora não é fácil. Ela então teve uma breve calmaria e me deu o tempo certo para conversarmos.
- O que eu puder fazer pela senhora é só me dizer. Sei que é uma situação difícil, mas posso ajudar com a papelada, com o enterro e algo a mais. – Fiquei ali a abraçando. Sua filha era minha última paciente e a quarta morte da noite. Uma morte de uma criança era muito mais dolorosa. Ela tinha uma vida inteira para aproveitar e se foi.
- Vamos embora, Damian. – Digo chamando sua atenção.
- Aquela garota... – Começou sugestivo.
- Não é sempre que conseguimos salvar a todos. – Pego nossas mochilas e caminho em direção ao estacionamento. – Você vai fazer a ronda comigo hoje.
- Tem certeza de que está bem para isso? – Sorri por dentro. Era bom vê-lo se importando comigo.
- E por que não estaria? Esqueceu de que fui treinada para perder vidas? Vamos assustar alguns bandidos. Nos divertir. – Bagunço seu cabelo para descontrair.
- Ela tinha minha idade, não é? – Mordi os lábios. Abro o carro e me sento no banco do motorista ainda me sentindo mal por ter perdido a criança.
- Quase da sua idade.
- E é assim que as pessoas ficam quando perdem alguém? Sentem... essa dor?
- Está sentindo empatia, irmão? – Sorrio. – Isso é bom.
- Não é empatia. – Resmungou. – Só fiquei curioso.
Fiquei em silêncio apreciando a pequena vitória. Eu tinha feito bem em o levar para o hospital para que ele saboreasse um pouco da vida dos meros mortais. O fazer verbalizar tais sentimentos era um avanço.
Fomos à mansão, nos trocamos e nos atiramos na noite. Dirigi pela Ponte Robert Kane e segui até Crime Alley. Era um bom lugar para começarmos a caçar bandidos.
Damian sabia ser silencioso, mas ainda era muito violento. Descompensado na luta corpo a corpo. Quanto mais eu o reprendia, mais irritado ele ficava. Seu automático fazia com que ele eliminasse em vez de apagar os criminosos. Foi quando lembrei das vezes que papai fazia seu interrogatório e depois amarrava o bandido em algum poste ou o deixava pendurado como um saco de pancadas.
- Preste atenção. – Sussurrei. – Vou pegar aqueles dois e você espera meu sinal. Depois os amarra e deixa a marca do Batman.
- Por que você fica com a parte divertida? – Resmungou mais uma vez.
- Porque você ainda não aprendeu a controlar os punhos. Lei da atração. – Ri com sua cara de desgosto. – Ao meu sinal.
Quando estávamos voltando para a mansão, senti uma energia diferente perto da Torre do Relógio. Eu podia jurar ter visto alguém pular dela, mas seria loucura. Bárbara já havia aposentado sua carreira como Batgirl e Spoiler havia sumido do radar. Muitos diziam que ela havia morrido. Talvez estivesse cansada e meu corpo começara a criar ilusões. Já fazia semanas que não dormia e basicamente estava testando minha capacidade de me manter acordada e sem me alimentar ao limite.
Chegamos na mansão por volta das quatro e meia da manhã. Se nosso pai estivesse em casa, com certeza estaríamos levando uma bronca por voltar tão tarde.
Tudo estava apagado.
Era estranho ver nossa casa assim, desligada. Era muita mansão para poucas pessoas, mas eu tinha que entender que ela estava na nossa família há gerações. Antigamente tudo era grande e volumoso.
Subimos as escadas nos arrastando. Estávamos cansados demais. Tomamos nossos banhos e fomos para o quarto do meu irmão. O observei por longos instantes até criar coragem para questioná-lo. Eu tinha certeza de que havia visto alguém saltar da Torre do Relógio em trajes tão negros quanto a noite.
- Damian. – O chamei.
- Hmm?
- Você viu alguém na Torre?
- Do relógio? – Afirmei. – Acho que não. Estou com muito sono, Victoria.
- Acho que também estou... – Resmungo sentindo minha cabeça doer.
- Acha que viu alguém? – Afirmo. – Você raramente erra...
- Isso que me aflige. Talvez se eu ligasse para a Barb, ela poderia me dizer.
- Amanhã, irmã... agora vamos só dormir.
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Siga as regras - Background
3ª semana de maio
Voltar para a mansão me causava ansiedade, porém, o pior era a espera angustiante do sermão que receberia do Batman. Meu pai ainda não havia retornado da crise. Tinha muitos relatórios a fazer, intervenções a realizar e equipamentos e locais para reconstruir.
Alfred cuidou de mim por aqueles dias até que seu patrão retornasse a Gotham. Continuei com minha rotina indo para os estágios e cuidando do Espantalho.
Durante a manhã um oficial de justiça apareceu na porta da mansão com uma prancheta e uma pasta cheia de documentos. Alfred assinou as folhas que estavam por cima com a caneta oferecida pelo oficial, o agradeceu como um belo cortês inglês, fechou a porta e veio até mim, que estava terminando meu café da manhã.
- Tem que assinar estas papeladas, senhorita Wayne.
- Do que se tratam, Alfred?
Olho para a pasta de couro, a abro e vejo o documento de declaração de emancipação. Ali já havia a assinatura do meu pai, a de Alfred e do juiz. Minha certidão de nascimento também estava anexada.
Certidão de Nascimento da cidade de Gotham City
Nome: Victoria Patrick Wayne
Data de Nascimento: 02/09/2005
Nome da mãe: desconhecido
Nome do pai: Bruce Patrick Wayne
Nascida em dois de setembro de dois mil e cinco. Parto realizado no Hospital Thomas Wayne. Mãe deu entrada no hospital sem documentos e sumiu logo após o parto. A criança, nascida do gênero feminino, foi entregue para o Orfanato de Gotham, porém toda a documentação de transferência e admissão está desaparecida.
Exame de teste de DNA foi realizado para a confirmação da adoção e declaração da jovem como filha legítima de Bruce Patrick Wayne de trinta e nove anos, nascido em sete de abril de mil novecentos e oitenta e um na Mansão Wayne, localizada em Bristol, cidade de Gotham City.
Não havia pedido minha emancipação para o meu pai, pois gostaria que tudo fosse conforme a lei natural das coisas. Seria dona de mim após completar meus dezoito anos, apensar de já ter responsabilidades de um adulto. Com tudo, ele parecia precisar que esse momento fosse adiantado para seus fins e objetivos.
- Eu não pedi a emancipação, Alfred. Foi meu pai que fez a petição? Por que ele faria isso sem me consultar?
- Não posso dizer, Victoria. Terá que esperar o retorno do patrão.
- E quando ele volta?
- Esta noite. Pediu-me para servir o jantar as nove.
- Não posso conversar com ele antes de assinar? – Alfred negou. A emancipação era uma ordem.
Após o dia dividido em três turnos de quatro horas em cada local em que trabalhava, iniciando na Torre Wayne, seguindo para o Hospital Geral e encerrando em Arkham, retornei para a mansão de transporte público. Senti o perfume do meu pai por perto e pude ter a certeza de que ele já havia retornado à mansão.
Subi rapidamente para o meu quarto para tomar um banho refrescante e me aprontar para o jantar. O encontrei sentado à mesa trajando o manto de Batman. Seu verdadeiro eu. Sempre entendia que a máscara, de fato, era a face de Bruce Wayne, aquele que se fantasiava para viver em sociedade. Jantamos em silêncio. Damian estava junto conosco e teve que se retirar quando nosso pai o ordenou para que pudesse conversar comigo a sós.
- Dick me informou que houve um incidente em sua ultima missão com a equipe. Li o relatório, mas gostaria de ouvir de você o que aconteceu.
- Acredito que foi um teste que Luthor aplicou depois de eu ter o desafiado meses atrás quando destruí a instalação construída unicamente para o meu projeto. Superboy foi atingido e muito ferido a ponto de constatar sua morte. Assumo que entrei em pânico e busquei uma alternativa de o reviver. Usei meu sangue do modo mais controlado possível para o trazê-lo de volta. Tecnicamente não era para ter dado certo. Nos meus arquivos tudo que posso fazer relacionado ao meu corpo é intrasferível. Assumo minhas responsabilidades pelo ocorrido, por ter falhado com a segurança da equipe e pela quase baixa do Superboy. Também assumo as consequências dos meus atos para com Superboy e quaisquer problemas que venham ocorrer adiante. Tenho consciência de que provavelmente serei a única a pará-lo se for necessário.
- Estou furioso pelo ocorrido, mas orgulhoso. – O olhei, confusa. Pisquei algumas vezes para ter a certeza de que não estava alucinando novamente. – Você solucionou os problemas, salvou um companheiro de equipe, trouxe todos para casa e assumiu a responsabilidade. Não mentiu ou omitiu no relatório.
- Não vai me suspender ou expulsar da equipe?
- Irá cumprir alguns trabalhos menos empolgantes e depois pensarei sobre como ficará na equipe. Discutirei com os outros sua nova posição em Happy Harbor. Assinou a emancipação?
- Sim, senhor.
- Quero que assuma meu lugar na empresa durante minhas ausências. Sinto que está preparada para isso. Você não fugiu do problema, enfrentou como um Wayne deve fazer. Você é uma Wayne, Victoria. – Meu pai se levantou e colocou mais uma pasta com papéis para assinar em cima da mesa na minha frente. – Quero que assine estes papéis. Será sócia majoritária ao meu lado, terá ações e será responsável pelas ações do seu irmão e pela parte sócia dele.
- Pai, não acha que. – Ele me interrompe.
- Você está pronta. – Ditou. Assenti. – Mais uma coisa. Nunca mais use seus poderes para salvar a vida de alguém. Não sabemos as consequências. - Eu compreendo. Não irá se repetir, pai. Eu prometo.
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Autodestruição
Ilha Desconhecida – Território Hostil, Terra
2ª semana de maio
Fui chamada com urgência para a Caverna devido a uma crise. Tinha acabado de sair de Arkham quando recebi o chamado e estranhei o horário. Não só isso, mas havia sido dispensada tanto por Arkham quanto pelo Hospital Geral por uma semana, o que achei deveras estranho. Bruce havia prometido que nada neste mundo iria afetar meus compromissos com os estágios, mas isso estava quebrando sua promessa. Apenas ele poderia pedir essas dispensas e ser atendido.
Quando cheguei a Caverna as sete da manhã, vi o caos instalado. Muitos estavam feridos, a enfermaria estava lotada e os mais velhos e membros honorários tentavam dar o mínimo de auxílio aos feridos. Tornado se aproximou de mim e contou a situação. Os vilões haviam armado uma emboscada para os grupos de heróis. Pareciam saber com certeza quais seriam encaminhados para cada cena e se aproveitaram disso. Nossa equipe seria a última a ser enviada e éramos os únicos que ainda estávamos em condições. Batman não queria me chamar, mas foi preciso.
Ao menos, de alguma forma, sabia que ele ainda estava vivo e bem. Sentia sua energia e sua fúria. Estava batalhando. Estava sendo livremente ele. Tim estava com ele, então estava seguro. Faziam uma excelente dupla. Damian estava sobre supervisão na Caverna. Não estava preparado para isso.
Era o quarto dia que estávamos naquela ilha. Não havia comida, a comunicação extremamente escassa e sem GPS. Não podíamos acampar, pois encontrariam nosso local. A única que ainda conseguia alimento era eu como as bolsas que me apossei em Cadmus. Se eu caísse não haveria mais nenhuma barreira entra os vilões e os cidadãos de bem.
A ilha tinha um campo de força em volta que causava interferência nos meus poderes telecineticos. Não havia os desenvolvido tão bem e estava sentido pesar no momento por não estar sendo suficiente. A rede dos cabos era sensível e difícil de ingressar, mas conseguia dizer que qualquer movimento errado traria consequências desesperadoras para o mundo. Havia algo nela que me levava para comunicações entre os continente e quedas de luz aconteciam. Era como mexer em uma bomba relógio. Corte o fio vermelho errado e ka-boom.
Para piorar, M’gann estava desaparecida há dois dias. A última comunicação com a equipe havia sido na noite anterior quando retornaram para o local combinado. Passei a madrugada acordada a espera deles enquanto Superboy descansava. Era apenas um rastreamento, mas a demora indicava que algo tinha dado muito errado. Avancei pelo campo quando ouvi explosões seguidas. Muitos passos vinham em nossa direção. Não devia ser mais do que seis da manhã.
- Conner! – Gritei em sua mente e o vi energeticamente se levantar com rapidez.
- O quê?! Onde você está?
- Meio quilometro para sudeste. Tem inimigos vindo na nossa direção. São muitos.
Emboscada
Por mais que fizesse com que as armas falhassem e alguns soldados caíssem, mais apareciam. Suas energias bordô indicavam o quão violentos eram e seus pensamentos faziam com que eu concluísse que eram mercenários. Escutei bazucas lançarem rojões acompanhados de tiros de automáticas. Criei uma barreira para que não nos atingissem e vi as explosões de dentro da redoma. Quando fui atingi-los, a barreira se desfez. Tanto eu quanto Superboy avançamos e fomos atingidos.
Senti uma pequena fraqueza, porém rapidamente me recuperei e avançamos um pouco mais. Superboy também estava bem. Eram balas comuns ao menos. Levantei o escudo mais uma vez sentindo os rojões próximos e derrubamos mais alguns mercenários no caminho. Não fazia muito sentindo virem atrás de nós, mas talvez tivessem dado a sorte de encontrar a leitura de calor dos nossos corpos ou realmente foram direcionados para a nossa localização.
Torcia os canos das armas pelo caminho, desmaiava alguns soldados e mais tiros eram dados. Por eu estar a frente, era meu corpo que era muito mais atingido. Eu era um bom tanque de guerra e utilizava isso como vantagem. Superboy tinha uma barreira que o protegia nas costas e nas laterais. Um semi-humano precisava de proteção, afinal. Ele usava seus punhos e sua visão laser, eu usava a energia. Minhas veias se iluminavam sutilmente a cada novo golpe que dava e a cada mente que apagava. Porém, certo instante senti meu estômago revirar. A barreira caiu e uma explosão nos atingiu.
Zunidos
Uma vertigem me atingiu. Minha visão embaçou e uma sensação estranha atingiu meu corpo. Era a mesma sensação que sentia em Cadmus quando aumentava minhas doses de drogas não testadas. O arrepio percorreu a espinha, estremeci. Os homens restantes nos cercaram e continuaram a atirar. Criei uma barreira sutil para que muitas balas não nos atingissem, mas a energia de Superboy estava abaixando rapidamente. Não estava em pé. Meu corpo balançou, mas fiz questão de derrubar todos de uma vez. Minha energia também abaixou, mas o sol – radiação solar – estava ajudando a me recuperar.
Não completamente
Senti algo quente escorrer sobre meu ombro e tronco. A vertigem se tornou maior fazendo com que eu ajoelhasse sobre as folhas caídas. Apoiando as mãos no chão, senti a pele ser cortada por uma navalha. Vi pequenas pedrinhas verdes espalhadas abaixo de mim. Foi quando assimilei que o quente que escorria em mim era sangue. Parecia uma torneira aberta. Não sessava. Só podia ser kryptonita, a única coisa que me atingiria com certa eficiência. Minhas moléculas e células se reorganizaram em relação a fisiologia, anulando grande parte do DNA kryptoniano e isso me ajudou a recuperar as forças.
Kryptonita
A única coisa que Luthor usaria contra mim
Conner!
Superboy estava desacordado metros atrás de mim. Sua energia estava extremamente fraca e a visão de filme de terror me paralisou ao alcançá-lo. Não que já não tivesse visto cenas semelhantes ou muito piores, mas aquela pessoa era alguém que eu amava. Ele estava com parte do tórax do lado esquerdo inferior perfurado. Uma grande e irreparável perfuração. A carne em volta estava cheia de pequenos pedaços de kryptonita e uma hemorragia grave banhando o solo. Conseguia ver seus órgãos, os ossos estilhaçados, fraturados.
Senti meu coração disparar, aquela dor no peito, o ar faltando. Meu corpo começou a tremer.
Assustada
...
Aterrorizada
A única coisa que o salvaria seria meu processo de regeneração, porém usar meu sangue sem ter o devido cuidado poderia trazer consequências irreparáveis. Na verdade, tecnicamente, não tem a possibilidade de funcionar. Várias vezes testaram em Cadmus e várias vezes tentei no meu laboratório.
Não podia racionalizar
- Droga! Droga! Droga!
O que estava a nossa volta começou a levitar. Meu corpo se iluminou em azul claro neon. Não era mais sutil, era quase como um farol. Todas as veias se desenhavam na minha pele. Mesmo com as mãos tremendo, fiz Conner levitar e avancei rapidamente para o ponto de encontro. A nave desativou a camuflagem, a ponte ficou aberta, os primeiros socorros voaram na minha direção.
Tudo levitava cada vez mais alto
Encontrei agulhas e seringas. Havia duas seringas de cateter de vinte mililitros acompanhadas de agulhas de grosso calibre. Bati na curva entre meu braço e antebraço para que a veia subisse. Não tinha tempo de torniquete. Ela se iluminou ainda mais e foi o momento de inserir a agulha na veia. Respirei fundo, me concentrei e determinei que todas as moléculas daquele sangue seriam regenerativas. Não queria que meus poderes fossem repassados. Já era um risco enorme o que estava fazendo. O sangue iluminado preencheu a seringa. A deixei de lado e utilizei a segunda para o mesmo fim. Os quarenta mililitros poderiam não ser suficientes, mas era um bom começo e me mostraria se realmente funcionaria.
O coração batia na cabeça
Injetei o sangue da primeira seringa pelo tórax, local destroçado, e torci para que desse certo. Só me restava a esperança. O peito doía ainda mais. Cada vez mais tonta. Não conseguia ver nada além de Conner e meu sangue se misturando ao dele. Continuava a escorrer. Me sentia fraca e impotente apenas me apegando a um sentimento. Tentei sentir meu sangue em seu corpo, mas não havia nada ali além do restante do dele.
Reage
...
Por favor, Conner
...
Reage
O silêncio era como uma adaga afiada e junto ao meu choro. As lágrimas escorriam sem sessar. Ele estava pálido. Morto.
Um pequeno momento de lucidez me fez pensar como médica. Eu deveria injetar o sangue pelo coração. Ele bombearia para o resto do corpo, faria com que o sangue começasse a ser produzido e fizesse com que a massa se regenerasse.
Me apoie na ponte da nave com Conner em cima das minhas pernas. Com o indicador e o médio, toquei a região do coração e dispersei algumas cargas elétricas para que voltasse a bombear. Quando a pulsação de tornou minimamente perceptível, injetei o sangue da segunda seringa no mesmo lugar. Sentia cada vez mais o sangue molhar minha pele. O meu também insistia em escorrer. Estava parcialmente regenerando, o dele deveria fazer o mesmo, mas o coração parou de ver.
De olhos fechados, respirei fundo e me levantei. O deixei na ponte e caminhei de volta para a área em que fomos atacados. Juntei todos os pequenos cristais de kryptonita e os deixei em um canto. Era muita kryptonita. Olhei para as armar e as desintegrei deixando apenas três funcionais para a inspeção. Também guardei as granadas, a munição e os rojões que sobraram. Três de cada e o restante desintegrado. Fiz o mesmo com o sangue que banhou o solo. Ninguém teria nem mesmo os resquícios de nós dois para tentar nos criar de novo.
Não conseguia imaginar como iria dar essa informação aos outros, mas eu precisava me concentrar. Meu rosto estava completamente molhado com sangue, suor e lágrimas.
Isso é tudo culpa de Lex Luthor
- Conseguiu o que tanto queria, Luthor! Você vai se arrepender por isso! Vai se arrepender pela eternidade!!
O grito guardado não pode mais ser segurado. Foi alto, forte. Um golpe de ar e energia que fez com que as árvores em volta fossem dobradas e toda a folhagem fosse dispersada para longe.
Estava acabado
Iria suportar. Tinha que suportar.
Luthor pagaria por isso e essa chacina em laboratório a céu aberto iria acabar.
Essa não seria a primeira perda da minha vida, muito menos a última, mas, com certeza, uma das mais dolorosas. É difícil pensar em como a vida pode ser tão frágil e muitos não levam isso em conta.
Frágil
Era isso que transformaria a vida de Luthor. Ele iria provar do próprio veneno. O sabor que tanto deseja dar aos inimigos. Clark também estaria na linha de tiro. Clark, Jon. Droga! O vento não cooperava. O sangue secava e craquelava. Me perturbava e coçava, mas eu tinha que seguir. Era o que o (meu pai) Batman faria.
Sentei-me no meio da mata para tentar me comunicar com a equipe. Agarrei os cabos abaixo de mim, controlei-me e concentrei-me para queimar o sistema. Senti os computadores e as maquinas abaixo de mim, depois vi os demais separados pelo mundo. Uma conexão via satélite.
Primeiro o satélite, depois os demais equipamentos. Sem linha de comunicação e armas, mais nada funcionaria. Olhei para cima e vi a explosão acontecer. Era incrível como a minha visão havia desenvolvido e amplificado dessa forma. Enxergar o universo de onde estava, da Terra. Em seguida, os equipamentos da tal ilha, junto aos demais conectados. Estava feito.
- Dick! Alguém? Alguém me escuta? – Minha respiração ficou pesada e descompassada. Cada inspiração parecia exigir um esforço extra. Minha cabeça doía muito e o pulsar do coração apenas piorava a situação. – Alguém está me ouvindo?!
Algo toca meu braço e, como reflexo, pego a adaga presa ao meu sinto e a coloco no pescoço desconhecido.
- Por que está em choque? – Conner diz enquanto segura meu pulso e faz com que eu abaixe a adaga que estava apontada para a sua o jugular. – Achou mesmo que eu ia deixar você lutar sozinha?
Paralisei
Estou alucinando
- Vic? O que houve? Está ferida. Parece cansada. – Conner se ajoelha de frente para mim e segura meu rosto com as duas mãos. Eram quentes. Eu via sua energia. – Está com a energia baixa, não é? Meu amor, fala comigo. O que houve?
Aperto meus olhos. Tento me concentrar mais um pouco. Assimilar a situação. Conner está na minha frente, eu o sinto, o vejo e enxergo sua energia. Está tudo bem.
- Meu anjo, preciso que fale comigo. – Não consigo me movimentar. Tateio seu abdômen e o sinto inteiro. Completo, inteiro e sem cicatrizes. Estava perfeito.
- Pelos deuses... – Aperto novamente os olhos e tento me acalmar. – Não se lembra o que aconteceu? – Ele negou com a cabeça. Seus olhos preocupados me encaravam com um pouco de angustia. – A barreira caiu e fomos atingidos. Trocaram a munição. Usaram kryptonita como fizeram comigo em Gotham.
- É por isso que estamos cheios de sangue?
- Você morreu. Esta parte. – Toco a região do rasgo da camiseta e da calça. – Não havia nada aqui. – Faço uma pequena pausa e respiro fundo. – Apenas um grande buraco.
- E como...? – As lágrimas voltam a insistir em escorrer, mas controlo.
- Usei meu sangue em você. Tecnicamente não era para funcionar, mas talvez minha força de vontade tenha vencido os recursos técnicos. Você absorveu o sangue, mas seu coração parou de novo. Pensei que não tinha funcionado e agora você está aqui.
- Os vilões foram derrotados e você me salvou. Está tudo bem. – Conner sorri. – Fez um ótimo trabalho, meu anjo.
- Conner, eu não sei o que isso pode afetar a sua natureza. Eu nem sei se o que fiz foi certo... e se fiz o que Luthor queria? E se...
- Shh... Fez o que achou certo. E quem se importa se fez o que aquele homem queria? Sei que vai me ajudar assim como te ajudei. É só isso que importa. Agora vamos encontrar os outros. Devem estar precisando da sua atenção.
- Conner.
- Está tudo bem, Vic. Vencemos. Salvamos o mundo e salvou minha vida. Não existe nada que possa ser feito para te agradecer. Vencemos Luthor. Ele nunca vai ser capaz de nos separar.
Sinto a energia de Asa Noturna e dos outros membros da equipe. Miss Marte não parecia bem. Sentia muita dor vinda deles.
- Dick?
- Finalmente! Está tudo bem por aí?
- A área está limpa. Como a Miss Marte está? A sinto desacordada.
- Jogos mentais. Estamos a levando para a melhor médica da Liga para ter cuidados especiais. Depois podemos voltar para casa e descansar. Acabou.
- O resto do time está bem? Nenhum ferido?
- O Mutano machucou a pata, – Brincou. – Impulse está com alguns cortes que talvez precisem de pontos e acho que desloquei o ombro de novo. Aquele ombro, se lembra? – Rio nasalmente me fazendo rir também. – Estamos bem, doutora Wayne.
Com M’gann desacordada e no soro, tive que colocar o ombro de Dick no lugar para que ele pudesse pilotar. Claro que meu irmão notou o clima estranho e que estávamos cheios de sangue, além de Conner estar com a roupa em trapos. Além disso, para ajudar, esqueci de desintegrar o sangue da ponte, mas tinha uma boa desculpa dizendo que era meu. Estava banhada dele, que não parava de escorrer. Qualquer lugar em que eu pisava e ficasse um tempo formava uma poça.
Estava anestesiada pela adrenalina e mal conseguia sentir dor. Sentia apenas um calor escorrer pelo meu corpo. Mais cedo ou mais tarde eu teria de explicar tudo a ele e, talvez, receber um belo sermão. Quando chegasse à mansão, levaria mais um ou dois do meu pai. De qualquer forma a culpa seria minha e eu jamais poderia me arrepender do que eu havia feito. Apenas o tempo me daria essas respostas.
Caverna, Monte das Ostras – Happy Harbor, Rhode Island
Antigo Monte da Justiça, horas mais tarde
A passos largos, segui com Mutano e Impulse para a enfermaria para limpar todo o sangue e verificar se tudo estava no devido lugar. Mais um ombro, pensei ao ver ambos com ossos deslocados. Também não deixava de ser desconfortável ver os olhos de ambos encarando todo o sangue que estava em mim e, principalmente, o que continuava a escorrer. Estar banhada por sangue estava se tornando rotina, principalmente depois de uma noite turbulenta, mas conseguimos e nem tudo é fácil.
Meu corpo se mantinha na minha fisiologia meta humana que desenvolvi com pequena parcela kryptoniana. Aqueles cristais que ainda se faziam presente em mim não permitiam que eu fosse puramente meta-humano por muito tempo. Quando o sangue sessava por no máximo meia hora, voltava a escorrer devido à instabilidade. Talvez tenha algo que Luthor deva ter manipulado ou talvez seja apenas meu corpo tentando me manter acordada.
Sentindo o corpo pesar, sigo para o meu quarto para poder tomar um longo banho e me livrar das roupas sujas. Cada peça que tiro é como tirar um band-aid de uma região sensível. Já não tinha mais energias para inibir quaisquer sensações. Com certeza a adrenalina havia acabado. Ao terminar de me despir, vejo meu corpo completamente manchado com o vermelho seco e coagulado. Parecia que o sangue havia grudado até a segunda camada da pele. Até mesmo minha lingerie estava em estado irrecuperável. Desapontada, separo o que posso tentar resgatar para levar para casa e lavar.
Olhando com mais atenção meu reflexo, notei os micro cristais entranhado na carne. Os tiros atingiram o pescoço do lado direito, que estava em pior estado pois pegava do meio até a clavícula, o ombro e o braço esquerdo. Entendi a razão pela qual ninguém tirava os olhos de mim. Não estava nada bonita. No estado em que estava, seria difícil e demorado de recuperar.
Meu corpo tentava expulsar os micro cristais, mas só fazia doer e sangrar. Meu organismo tentava se recuperar, mas não iria ter êxito por hora. Tirando o mais grosso com as mãos e pinça, vou para baixo do chuveiro para tirar os que restaram na minha carne com a água corrente. Não tinha mais poderes para extrai-los de maneira mais fácil. Estava exausta e faminta. Já não era exigido consumir muito, porém ainda me mantinha além do comum. O kit dinossauro não mudaria.
- Vai me contar o que aconteceu? – Não me surpreendi ao ouvir a voz de Dick tão cedo.
- Você podia ao menos esperar eu sair do banho. – Resmungo. – Trouxe analgésicos? Vou precisar de um pouco deles.
- Estão na bancada. Não me enrole, Victoria. – Abrindo a porta do box, vejo Dick encostado no batente da porta, de braços cruzados e com cara de poucos amigos. Suspiro já me preparando para o sermão que vou ouvir, mas, de qualquer forma, se der errado, eu terei de carregar esse fardo pelo resto da minha existência. – Está um pouco feio. Digo, as feridas.
- Já parou de sangrar. Logo vai estar perfeita como sempre foi.
- Victoria... não mude de assunto. – Revirando os olhos, apenas começo a falar.
- Se lembra de setembro de 2020? – Digo saindo do box já com a toalha enrolada ao meu corpo e colocando a pinça na bancada da pia. – Luthor deu um jeitinho de aperfeiçoar aquelas balas de kryptonita. Explodem ao contato com a carne. Não só isso, mas ele criou rojões de kryptonita. São bem eficientes e concentradas por assim dizer.
- E Conner foi atingido.
- Nós dois fomos, mas tenho vantagens moleculares. Consigo me adaptar. – Aponto para as feridas. – Você nem imagina a cena que vi, Dick. Ele perdeu parte do tórax. Imagine ver um buraco enorme em que você consegue ver tudo dentro. Cada órgão, cada osso.
- O que você fez...? – A voz tremula e hesitante de Dick diz que está nervoso e ansioso por ter noção do que eu possa ter feito.
- Injetei meu sangue nele. Ele estava morto. Não era para dar certo em teoria, mas deu! – Me sinto tonta e me sento na privada. Dick se aproxima de mim e segura minhas mãos. Mais uma vez se torna difícil respirar. O peito voltava a doer e a garganta a fechar.
- Você tem noção do que fez? – Perguntou-me com as mãos trêmulas.
- Tenho noção de que o salvei e que, se alguma coisa acontecer, vou carregar esse fardo pela eternidade. Acho que é penalidade suficiente. – Sorrio fraco. – Você pode passar o resto da vida jogando isso na minha cara, mas tenho certeza de que faria o mesmo se estivesse no meu lugar. Ainda sinto o sangue dele banhar o meu corpo. Como se... como se estivesse impregnado em mim... – Minha cabeça pende. Sinto a fraqueza tomar conta de mim. – Dick, não me sinto bem.
- Vou te levar para casa. Vamos dar um jeito nisso.
- Temos que avisar Clark.
- Tudo bem. Irei... providenciar tudo. Vamos. Vamos voltar para casa.
Dick me pegou nos braços e tenho certeza de que desmaie, pois não vi mais nada e nem me lembro do que aconteceu depois.
Horas mais tarde, durante a produção do relatório de campo, me peguei em pensamentos sobre toda a artilharia dos vilões. Eles não teriam balas e armas específicas para atingir descendentes kryptonianos em todas as atuações. Ninguém sairia por aí desfilando tal equipamento. Seria burrice. Eles esperavam por nós. Sabiam que iriam nos mandar para a missão.
Foi um teste
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Invasor de Arkham - Background
2ª semana de maio
- Por que está escondida aqui? – Conner adentrava meu quarto da Caverna com os olhos fixos nas telas de computador.
- É tão ruim assim quando fico no quarto dentro do quarto? – Zombei. Ambos sabíamos que era.
- Só costuma fazer isso quando está em uma missão solo. Uma em que só você pode se meter. – Diz se colocando atrás de mim e massageando meus ombros. – O que o senhor Wayne ordenou dessa vez?
- Ele não sabe que estou fazendo isso. É um caso meu.
- Por isso está vigiando o Espantalho? – Assenti. – Qual é o caso? – Questionou-me após pegar uma cadeira e se sentar ao meu lado.
- Crane disse que há um homem novo em Gotham que está passando informações para ele e que tem interesse no Batman. Ele sabia sobre o Coringa, sobre a morte e como ele foi exumado. Também disse que ele tem interesse em mim.
- Está querendo me causar ciúmes, senhorita Wayne? – Brincou.
- Talvez, senhor Kent. – Ri. – Talvez ele tenha interesse de me usar de isca ou de refém. Sou uma refém valiosa. Não consigo imaginar outra situação.
- E se ele sabe a identidade do Batman?
- Como isso seria possível? Luthor não vai perder essa carta e o único que sabia em Gotham está morto. Não faz sentido.
- Sua leitura mental ainda está ruim.
- Quase não a tenho. O pouco que tive foi usado quando meu irmão apareceu na mansão.
- Tentou falar com o Caçador? – Assenti. – Sinto muito.
Ficamos por horas observando as câmeras e as filmagens em busca de algum furo na estratégia do tal Cavaleiro de Arkham, mas ele realmente era perfeccionista. Não havia pistas em Arkham, aos arredores e nem mesmo abaixo. Não havia como sumir dessa forma. Sua leitura energética era horrível e descompensada. Muito difícil de identificar e rastrear. Talvez não fosse humano. Isso descartava muito mais opções de inimigos que meu pai acarretou em sua carreira.
- Vou andar pelos túneis de Gotham. Investigar se ele está se abrigando por lá ou os usando.
- Vai desperdiçar sua madrugada caçando esse cara?
- Realmente está enciumado? – O questiono ativando meu traje.
- Estou preocupado.
- Ele é uma ameaça até que saibamos o que está acontecendo. É a minha cidade que está em jogo e sem o Coringa no comando do crime, aquela guerra vai chegar aos civis. Se eu conseguir identificar quem ele é e o parar antes de algo ruim acontecer, será muito melhor!
- Então eu vou! – O encaro me sentindo incomodada. - Não é questão de não saber que você é capaz, você não sente a energia dele e essa é a base para você lutar, se lembra? Não importa saber mais de cem estilos de luta se você não sabe de onde está vindo. Sua visão é baseada na energia vital. Eu posso ver por você. – Abaixei a cabeça tomando noção da situação.
- Você está certo.
- E você, cansada. – Conner bate na lateral da bancada e tira duas seringas do compartimento que se abre. – Desativa o traje no braço. – O faço e ele injeta o líquido das duas seringas em mim. – Vai durar até sexta. Depois dos estágios, vamos investigar juntos.
- Não esperava por isso.
- Eu sei. – Ele sorriu se gabando. – Também dirijo dessa vez. – Disse pegando a chave da minha mão.
Ao chegarmos em Blackgate, adentramos pela batcaverna até acessarmos os túneis subterrâneos da cidade e das docas. Rondamos os locais por três semanas e nada. Nenhum resquício a não ser mesas jogadas, algumas mochilas pretas e copos de bebida junto a garrafas de whiskey. Encaixava em qualquer perfil. Qualquer cidadão ilegal que conhecia o submundo de Gotham.
- Decepcionada?
- Você me conhece. – Digo desativando o traje. – Acho que vou precisar mudar o visual.
- Está pensando em uma tattoo? Posso sugerir uma que ficaria linda nessas costas. – Diz passando os dedos por entre a linha da coluna. Sorrio com sua sugestão.
- Talvez eu possa avaliar sua sugestão, Superboy, mas…
- Sempre tem um ‘mas’.
- É sobre a conexão com a minha aparência. Talvez a cor do cabelo pode ser um bom álibi.
- Consegue manter? – Assenti. – Que tal branco? Combinaria com o símbolo do traje. Também ficaria sexy. – Diz retirando seu traje. – Está com medo?
- Um pouco.
- Sabe que vou respeitar sua decisão, mas vamos pensar um pouco mais antes dessa mudança, que tal? Você pode acabar dando bandeira se fizer isso agora.
- Faz semanas.
- Mesmo assim, se o Espantalho disse que ele está te vigiando, por mais que tenhamos coberto todos os nossos rastros, é um momento delicado. – Conner me abraça e acaricia meu cabelo. – Estou do seu lado sempre, meu amor. – Ele beija a aliança que me deu. – Pela eternidade. Esfria um pouco essa cabecinha. Amanhã tem um dia cheio de cirurgias, tenho uma missão bem chata para fazer e está na hora de dormirmos. São quatro da manhã e logo seu pai vai chegar. Não estou com espírito para tomar uma bronca dele.
- Não sei o que seria sem você.
- Uma garota sem limites que estaria um pouco perdida sem o namorado ao lado para a centrar. Vamos tomar um banho e deitar. O turno começa às nove.
- Andou vendo minhas escalas?
- Claro, sou o melhor namorado do mundo. Sexy, superforte, uma arma viva, dedicado, super-herói que cuida da namorada e se importa com cada segundo da vida dela. Eficiente, não acha?
- Perfeito, na verdade. – O beijo e sou carregada até o banheiro. – Me promete que jamais vai sair do meu lado? Que vai estar comigo mesmo quando eu enlouquecer, mesmo que eu cometa erros ou quando eu me sinta incapaz de salvar o dia? - Vou estar do seu lado mesmo que vire uma velha resmungona como o seu pai, senhorita Wayne. Agora chega de enrolação. Banho e cama.
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Índole
Segundo Subsolo, Mansão Wayne – Bristol, Gotham
3ª semana de abril
Era oito da manhã quando cheguei na mansão. Por mais que não fosse tecnicamente possível, estava me sentindo exausta com a correria dos plantões por mais que a universidade de advocacia havia acabado. Minha mente está cansada e preciso de reforço bioquímico.
Jaleco branco, tênis e a típica roupa verde clara de emergência, além de trazer minha mochila, que tinha luvas saltando dos bolsos, algumas máscaras KN95 lacradas e uma troca de roupa que estava cheia de vômito de uma criança que eu havia atendido. A noite foi puxada e ainda tinha que passar um dia inteiro de plantão em Arkham.
O plantão do Hospital Geral de Gotham havia acabado comigo e os barulhos de destruição que cobriam o subsolo apenas me gerava dor de cabeça. Desci para o segundo subsolo já sabendo as razões para a tal quebradeira, mas me forcei a assistir a cena. Não me surpreendi ao ver Bruce junto a Damian na sala de treinamento. A criança era um assassino nato e estava destruindo todos os bonecos que havia naquela sala. Por mais que as broncas fossem duras, o garoto continuava a ignorar o próprio pai e a desferir palavras rudes em resposta. Isso para dizer o mínimo.
Lhe faltava respeito
Damian respirava as técnicas de um assassino. Golpeava as partes mais críticas e mortais dos bonecos e dos hologramas. Cabeça, coração, pescoço, tórax, clavícula e baço. A força de seus golpes trazia preocupação. Ele mataria qualquer um que desejasse. Era assustador ver que alguém da idade dele fosse capaz disso. Ele era apenas uma criança comum de nove anos. Comum, humano. Contrariava as regras básicas para um corpo daquele tamanho.
- Victoria. Está em casa. – Assenti. – Teve uma boa noite?
- Tive. – Sorrio sem jeito. Ele não havia me chamado de filha desde que Damian havia chegado à mansão. – Só escutei os barulhos e vim ver o que estava acontecendo. Tenho um plantão daqui três horas em Arkham. Vou tomar um banho e finalizar uns trabalhos.
- É melhor que tome banho mesmo, está fedendo a vômito. – Damian comentou em tom de provocação. – Isso fede muito mais do que vômito, na verdade. A não ser que seja do Crocodilo. – Ele sorriu. Estava se divertindo comigo. Meu irmão tinha o brilho nos olhos que nosso pai escondia.
Sem o responder, peguei minhas coisas e fui para o elevador para retornar a mansão. Sorri para Alfred, que me beijou na testa e disse que logo o almoço estaria pronto. Estava preparando meu prato predileto: escondidinho de frango. Pelo menos ele continuava o mesmo comigo. Deixando minhas roupas para lavar, subi as escadas e caminhei preguiçosamente até meu quarto para pegar roupas e jalecos limpos. Estava chateada, mas não poderia transparecer. Tinha minhas obrigações para cumprir e uma universidade para finalizar. Só resta a especialização de psiquiatria e psicologia.
O almoço foi silencioso. Damian me encarava e desdenhava da comida. Tentava me provocar de qualquer jeito, mas eu tinha que manter minha postura. Ceder a uma criança birrenta e arrogante seria o fim da picada. Era melhor voltar para Cadmus e pedir para me reprogramarem.
Desci para o laboratório sendo acompanhada por ele que, agora, não dizia uma palavra sequer. Apenas observava. Peguei minhas anotações, os resultados dos exames e meu arquivo do Projeto Caos para comparar. As fisiologias iniciais não batiam com a ideia do projeto. Queriam que eu dominasse todas as formas, todos os poderes. Uma genética adaptada a qualquer situação e sem falhas, mas eu não correspondi.
Projeto Caos – Cadmus Metropolis
Setembro de 2007
Super poderes dos DNA’s utilizados para produzir o P.C.
Invisibilidade
Autossustentação
Visão de calor
Mudança de forma
Invulnerabilidade
Telepatia
Possessão
Controle mental
Mayavana
Eletrocinese
Super velocidade
Telepatia marinha
Hidrocinese
Absorção de energia
Metamorfose
Super agilidade
Voar
Super força
Super reflexos
Hipersensibilidade dos sentidos
Super velocidade
Alta resistência
Alta durabilidade
Longevidade
Regeneração infinita
Absorção de radiação solar
Imunidade a venenos e toxina
Aceleração molecular
Assalto telepático
Relé telepática
O projeto deve ter a adaptação as fisiologias escolhidas para que sua adaptação e sua absorção dos poderes acima sejam eficientes. O DNA kryptoniano, obtido do alienígena conhecido como SUPERMAN, junto ao DNA marciano, obtido do alienígena conhecido como CAÇADOR MARCIANO, lhe dão maior capacidade e força de adaptação a vários ambientes terrestres e espaciais. Para que a adaptação esteja completa, foi adicionado o DNA do mutante conhecido como AQUAMAN.
Essa junção propõe que P.C. seja capaz de respirar embaixo d’água para que suas atividades em campo não sejam impedidas devido a falta de oxigênio exigida para que continue consciente. Por mais que o projeto seja desenvolvido para que qualquer percalço seja anulado diante de suas habilidades, deve respirar para que mantenha seu nível de consciência estável.
Fevereiro de 2010
Projeto Caos apresenta alteração em seu comportamento e DNA. Estudos e pesquisas feitas por meio de seu sangue e por meio de ferramentas medidoras de habilidades junto aos metamorfos demonstram que o P.C. está perdendo as habilidades do CAÇADOR MARCIANO e aniquilando seu DNA. A mudança de forma, possessão, mayavana, manipulação de vibração psíquica, controle mental e metamorfose estão sendo perdidos exponencialmente. Por mais que haja estímulos e alterações químicas em suas bolsas de alimentação para que esse DNA não seja aniquilado, parece que seu corpo está a protegendo e criando suas próprias barreiras naturais de desenvolvimento de habilidades excepcionais.
Fevereiro de 2017
Projeto Caos demonstra a dominação de novos poderes os quais não foram projetados para que tivesse. Seus poderes parecem ter afetados de alguma maneira seu julgamento, apesar de continuar com a crescente força e habilidade de luta e conhecimento. Seu Q.I. avançado e suas habilidades analíticas demonstram que em pouco tempo estará apta para diplomas e formações em diversas áreas que serão condicionadas na unidade.
Seu novo poder foi nomeado pela própria P.C. como ENERGIA VITAL. Ela consegue controlar, sentir e ver. É possível que esteja manipulando a energia para conseguir informações do mundo exterior, porém, não é possível comprovar suas ações já que a mesma foi treinada para não deixar rastros e trabalhar como uma máquina de exatidão e perfeição para servir a L.U.Z. Também houve o desenvolvimento da tecnopatia e um estranho controle molecular. Porém, nada fora de seu organismo parece trazer respostas. Por esse motivo, não há certeza de que podemos confiar nela.
Iniciamos uma avaliação psicológica e mudamos a equipe para que causássemos desconforto na P.C., no entanto, ela continua respondendo de acordo como foi treinada. Não há pistas de que há mudanças em sua fidelidade para com Cadmus e para com a L.U.Z.
P.C. também parece ter conhecimento do P.Kr. Faz questionamentos contastes sobre as diferenças dos projetos e qual está trazendo melhores resultados. Acreditamos que seja uma busca competitiva para que ela se mantenha como a melhor assim como a exigimos.
Caos, afiliação Batman
Abril de 2022
As analises indicam o desenvolvimento de poderes com base na ENERGIA VITAL, junto as habilidades dos sangues em que circulam no meu corpo. É notável que o sangue de semideus da super-heroína conhecida como MULHER MARAVILHA e o DNA humano do super-herói conhecido com BATMAN. No entanto, minhas habilidades e minha fisiologia estão em uma adaptação entre o DNA kryptoniano, meta humano desenvolvido por mim e raros momentos em que necessito estar debaixo d’água, utilizando o DNA meta humano atlante.
A curiosidade sobre o DNA semideus em junção ao meu fez com que eu realizasse diversos testes para encontrar pontos fracos, porém, mesmo me degolando, arrancando órgão vitais e até mesmo atingindo a queima roupa meu cérebro, nada disso fez com que eu morresse. A regeneração instantânea é surpreendentemente assustadora. Nem mesmo a kryptonita era capaz de me afetar. Minha adaptação e minha regeneração... minha conexão com a ENERGIA VITAL não permitia que eu morresse. Enquanto a ENERGIA VITAL existir, também existirei.
Poderes originais de Caos
Manipulação e controle da energia vital
Impulsos elétricos de divisão de átomos que estão presentes em tudo que existe, que é conhecido e desconhecido no universo.
Relé telepático por meio da energia vital
Realizada por meio de comunicação a partir da energia das conexões celulares.
Tecnopatia por meio da energia vital
Com o mesmo conceito da relé telepática, a tecnopatia é a base de energia vital, que permite manipular e controlar a tecnologias e seus recursos.
Controle molecular
Capacidade de reprogramar células para que se dividam e se tornem outras infinitamente e sem danificar a célula ou DNA a partir da ideia de células pluripotentes e pelo processo de metilação (processo bioquímico crucial no corpo humano, influenciando desde o metabolismo da gordura até a produção de energia).
Imortalidade
A conexão com a energia vital, de modo integral e impossível de desconectar, a torna imortal.
Depois de finalizar minhas últimas anotações, levantei-me e peguei a chave da moto para ir embora. Damian continuou me seguindo como se me vigiasse, mas depois sumiu como um ninja. Ajeitando as últimas coisas na mochila, peguei meu capacete, subi na moto e tentei relaxar. Meu estomago ainda roncava. Teria que comprar mais barrinhas nutritivas para silenciar minha barriga antes que alguém notasse.
- Você vai perder tempo com aqueles doidos que não tem salvação? – Damian disse ao fundo do longo corredor da garagem.
Ele veio com uma sacola em mãos. Caminhava até mim com um rosto emburrado e fechado. Parecia chateado com algo, mas não faria questão de perguntar. Existem feras que amansamos apenas com o silêncio. Se os ataques não surtem efeitos, o inimigo muda de estratégia ou simplesmente desiste. O olhei com curiosidade. Era a primeira vez que ele dirigia a palavra a mim sem realmente me ofender ou tentar me atacar.
Me entregando a sacola, deu passos para trás como se esperasse minha resposta.
- O mordomo pediu para que eu te entregasse. Disse que ele era lerdo demais para correr atrás de você. – Segurei o riso entendendo a estratégia de Alfred. Uma boa jogada de um velho inglês.
- Obrigada. Tenho que cumprir a carga horária para conseguir meu diploma. Às vezes os doidos são mais interessantes do que os sóbrios. Eles apenas não sabem controlar o que se passa na cabeça deles. São doentes. – Arrumo a sacola dentro da mochila e coloco o capacete. – Mas todos podem mudar se tiverem capacidade e força de vontade.
Asilo Arkham – Ilha Mercey, Gotham
Horas mais tarde
Arkham era o que todos diziam e mais um pouco. Ali não havia a certeza de que a justiça era aplicada ou se era a lei dos criminosos que comandavam Gotham que ditava as regras. Eu via como um misto dos dois e não podia fazer nada. Aquilo ia muito além do que minhas mãos alcançavam. Para piorar, havia boatos de que o Coringa havia sido assassinado e isso mexia com o submundo. Sem um grande inimigo e dominador das ruas, a guerra para tomar o poder não demoraria muito a acontecer. Seria questão de tempo até que corpos e crimes pipocassem mais do que frequentemente nos noticiários.
Não só o crime, mas tudo.
Bruce havia feito uma jogada de mestre contra a Siderúrgica Sionis, que seu antigo colega de infância comandava. Roman Sionis herdou a empresa dos pais após eles sofrerem uma falecerem de maneira muito suspeita. Não tendo o mesmo pulso, acabou levando a empresa a falência e Bruce ofereceu reerguê-la pelo preço de Roman abrir mão do comando, passando para as Empresas Wayne. Isso feriu seu orgulho.
Alguns diziam que ele havia enlouquecido com isso e que passou a nos odiar. Essa jogada mexeu com o mercado e com os donos de outras companhias, também líderes de grandes máfias da cidade e do mundo, que começaram a buscar maneiras de derrubar as Empresas Wayne. A disputa seria dupla para nós.
Mais uma vez Rodrigues estava comigo no caminhar dos corredores do Arkham. Tomei a decisão de consultar a todos antes de seguir para a minha obrigação de clinicar Crane. Reduzi a medicação de uns, mantive de outros. Poucos tivemos que sedar para que pudéssemos ter um melhor controle. Três tentaram cometer suicídio e cinco entraram em uma briga. Dois deles ficaram em estado crítico e foram levados para o hospital. Mais um dia normal, pensei. Era um cenário bem tranquilo diante das diversas situações que já havia acontecido ali.
Costumava haver falhas na segurança. Portas abriram sozinhas estranhamente, um ou outro objeto cortante aparecia nas celas. Diziam ser pane nos sistemas de segurança e de vigilância. Pane uma ova. Era uma maneira deles eliminarem alguns residentes do Hotel Hospício Arkham.
- Está mais calada do que nos últimos dias. – Rodrigues começou. – É verdade que Bruce... digo, seu pai tem mais um filho?
- As notícias já correram? – Ele afirmou. – Não é de se surpreender.
- Você tem trabalhado tanto que nem está com tempo para ver as notícias. Já faz umas três ou quatro semanas que os jornais e as revistas de fofocas especulam sobre seu novo irmão. – Ele me entregou um molho de jornal e lá estava estampado na primeira página a suposta foto de Damian. A chamada dizia “até quando o herdeiro ficará nas sombras?” – Por isso está com a armadura posta e com um muro em volta? Estão questionando se você está sentindo o seu trono ser ameaçado.
- Trono. – Ri anasalado. – Não vivemos no século passado para o homem ter poder e controle sobre a mulher. Eu e meu irmão temos os mesmos privilégios. Bruce Wayne não faz esse discernimento por sexo.
- Ele te incomoda? – Não respondi. – Tudo bem. Me desculpe, Victoria. Vamos até o Crane.
Assinando a lista de visitas da ala de Crane, vejo Rodrigues indo na frente e fazendo o típico procedimento de rotina. Prendi meu cabelo, ajeitei o jaleco, relaxei os músculos do pescoço e segui até a cela. O vi atento aos movimentos e com ar curioso.
Odiava entrar naquela sala e encarar seus olhos extremamente azuis e lindos. Era como olhar para o céu num dia de verão. Aquele céu límpido e sem nuvens. Sensação boa e desconcertante. Ele era a mistura perigosa entre beleza e sadismo. Narcisista nato. Sentei na cadeira fria de metal e o encarei por longos instantes. Revirei sua cela com os olhos e encontrei alguns comprimidos jogados em um canto, embaixo da cama.
- Continua se negando a tomar a medicação que prescrevi?
- Não vai perguntar como foi minha noite, Victoria? – Sugeriu. Fechei os olhos para que ele não me visse os revirando.
- Me responda primeiro e eu vou adorar saber como foi sua noite. Podemos fazer assim? – Rebati com uma nova sugestão. Não poderia deixá-lo no comando.
- Sua medicação não me satisfaz. – Declarou. Realmente parecia insatisfeito.
- Se não seguir o cronograma, não irei conseguir ajudá-lo e satisfazê-lo. Me ajude a te ajudar e nós dois sairemos ganhando. – Crane revirou os olhos. Ele está completamente desinteressado. – Quer que outra pessoa o medique?
- Não! Você é a única que pode me medicar! Você está proibida de dar seu lugar a outro médico! – Ele avançou e me olhou furioso. O encarei sem esboçar reação. Finalmente ele estava colocando as garras para fora. – Você não tem medo de mim? – Questionou-me curioso e desconfortável. Deve ter pensado que uma jovem de dezessete anos iria se assuntar e se encolher diante dela por umas palavras em tom alto.
- Por que eu teria medo de você, Jonathan? – Questionei encarando seus olhos.
- Todos têm medo. – Sorri. – Qual é o seu medo, Victoria?
- Você deveria saber, doutor Crane. Não é especialista no assunto? Criar o Gás do Medo deve ter sido o auge de sua carreira. Manipular e domar as pessoas pelos seus piores pesadelos. Se vingar daqueles que passaram por cima de você. Ser o dono da situação.
- A mente humana é complexa e incrivelmente interessante, mas muito fácil de manipular. Posso te ensinar se quiser. – Alimente o narcisismo e tenha as respostas que deseja. Ganhe a confiança, pensei.
- Gostaria de me ensinar? – Perguntei retoricamente. – Em troca pode descobrir meu maior medo. – Me aproximo inclinando meu tronco para frente. Crane deve me ver como uma mente fácil de lidar por eu ser jovem. Jovens são facilmente manipuláveis.
- Será um prazer. – Ele sorriu e se inclinou também. – Gosto do seu trabalho. Já li vários dos seus artigos. É curioso como você trabalha a relação da genética com o psicológico e como esses traços são distribuídos e perpetuados no DNA. Deve procurar respostas sobre sua semelhança com o senhor Wayne, não é mesmo? Você me lembra muito ele, mas sua firmeza é muito mais palpável.
- Como foi sua noite? – Mudo de assunto. – Não está ansioso para me contar?
- Interessante. Parecia que eu escutava os gritos misturados a risada daquele canalha de cabelo verde pelos corredores. Tenho que agradecer a quem o matou. Finalmente Gotham vai à ruína. – Sorriu com prazer. – Já o cremaram?
- Ainda não há confirmação de que ele foi morto. – Procuro ser objetiva e apática sobre o assunto. – Não acharam o corpo.
- Mas vão. O homem que o matou vem aqui as vezes. – Crane me olhou de canto sabendo que iria chamar minha atenção. – Gosto de conversar com ele.
- Que homem vem aqui, Jonathan? – Se estiver na lista, será fácil de encontrar quem está carregando informações para ele.
- Ele vem a noite quando você não está de plantão. Os guardas estão dormindo. Ele veio noite passada. – Por isso ele quis entrar no assunto de sua noite. – Ele tem muita raiva. Raiva do Coringa. Raiva do Batman. O chama de traidor. Covarde.
Não teria como esse tal assassino do Coringa saber sobre mim, mas pode estar usando Crane para me usar como isca. Não faz sentido de qualquer forma. Ninguém sabe a identidade do Batman e o único que sabia está morto. Só pode ser uma coincidência.
- Muita gente odeia os dois. – Faço algumas anotações. – Qual foi o horário que ele veio ontem?
- Você não vai conseguir pegá-lo se ele não quiser. – Ele tombou a cabeça para o lado esquerdo e deu seu sorriso cínico. – O Cavaleiro de Arkham é esperto.
- É assim que o chamam? – Ele assentiu. Olho para o meu relógio e vejo que já passou do meu horário de ir embora. – Rodrigues, me traga os remédios do doutor Crane, por favor. – O guarda assentiu. – O que sabe mais sobre esse Cavaleiro?
- O que eu ganharia te dizendo? – Perguntou umedecendo os lábios.
- Se for um bom paciente, posso conseguir uma redução de pena, medicamentos melhores, benefícios. – Ele sorriu interessado.
- Ele está destruindo o esquema do Máscara Negra. Está se divertindo em destruí-lo.
- Ele te contou isso? – Assentiu.
- Conhece a fama dele? Do Máscara Negra? – Neguei blefando. – Brutal. Tão cruel quanto Bane. Não demorará muito para o Cavaleiro paralisar por completo o esquema dele.
- Então ele é um herói?
- Você chamaria um assassino de herói, Victoria? – Era uma linha muito tênue. Me mantive em silêncio. Parecia que tudo estava girando em torno desse questionamento.
Rodrigues finalmente apareceu com o copinho. Lá estava os comprimidos. Dois brancos e um azul. Peguei o copo e o ofereci. Ele segurou e me encarou. Me levantei, caminhei até sua mesa e coloquei um pouco de água em um copo que estava ali. Atrás dele, entreguei ambo o copo e esperei que ele tomasse os comprimidos. Deixei minhas mãos apoiadas em seus ombros para logo depois minha mão direita acompanhar a descida dos comprimidos passando meus dedos suavemente por sua garganta. Finalmente ele havia tomado todos.
- Terminamos por hoje, Jonathan.
- Sentirei saudades. – Ele se levantou, virou-se para mim, segurou minha mão e depositou um beijo. Mais uma vez meus olhos se cruzavam com os dele. – Traga remédios mais saborosos em sua próxima visita. Estou ansioso para que me dê o seu melhor.
Torre Wayne – Old Gotham, Gotham
Meia hora depois
Decidi ficar nas instalações da Torre Wayne para tentar relaxar um pouco a cabeça e ponderar sobre o que Crane implantou na minha mente. Estacionei a moto no subsolo e subi até o apartamento que continuava limpo e confortável. Não era muito grande comparado a mansão, mas nada poderia ser.
Liguei as luzes baixas, larguei o jaleco no cabideiro junto ao tênis e a mochila. Tomei um longo banho, lavei meu cabelo, vesti uma roupa leve e subi até o pico da torre para apreciar o resto da noite. Sentei-me naquela mesma gárgula que papai ficava observando as ruas e buscando um criminoso para enquadrar e assustar. A brisa estava gostosa, o mar era beijado pela lua e o clima estava quente.
- Está ficando igual a ele. – Era Selina. Joguei minha cabeça para trás para vê-la. Seu rosto estava molhando. Havia chorado.
- E você está pegando os hábitos dele. O que houve? Dês que me ajudou com as informações de Damian não apareceu mais.
- Assassinaram a Holly. Não viu os noticiários? – Neguei. – Por que isso não me surpreende?
- Porque eu sou filha do Batman. Como aconteceu?
- Pelo menos você está afirmando isso. – Resmungou. – Holly foi baleada. Eu não deveria ter envolvido ela nisso... – Me levantei e a abracei com força. Selina escondeu seu rosto na curva do meu pescoço e continuou a falar em meio as lágrimas. – Ela tinha voltado às ruas e disse que tinha alguém matando prostitutas na região. Estava assustada. Pedi para que ela fosse minha informante para que eu achasse quem estava fazendo isso. Encontrei o cara, Todd Russell. Depois ela continuou a me informar. Acho que ela viu matarem um policial que estava disfarçado e...
- Queima de arquivo... – Ela assentiu se afastando um pouco de mim. – Ou foram policiais ou foi a máfia. Sinto muito... sinto muito mesmo.
- Estão a acusando de ter matado aquele policial, mas vou descobrir quem foi e vou limpar o nome dela. Não posso deixar que a acusem desse jeito!
- Selina... – Ela se forçou a sorrir. – Eu posso ajudar...
- É minha obrigação, não sua. – Vociferou.
- Mas sou sua amiga. Converse com o Bruce... talvez ele consiga achar quem fez isso...
- Bruce já me parou muitas vezes, Vic. Quero trabalhar sozinha nesta. Vou até o fim para limpar a honra da Holly.
Selina havia praticamente criado Holly quando estava nas ruas. Ela a protegia e cuidava dela como filha. O peso por sua morte deveria estar a consumindo por dentro como uma chama que queima lentamente. Só espero que ela não acabe com sua vida ou entre numa fria. Ambas as opções de quem havia a assassinado eram perigosas de enfrentar e expor. Ali eu via que a vingança era o sentimento que movia todos em Gotham. Herói ou vilão, todos tinham um amargor e sede de vingança.
- Imaginei que estivesse aqui.
A voz do meu pai fez com que eu saltasse da cadeira do escritório. O costume de me adaptar a ignorar os sons a minha volta fazia com que eu tomasse esses sustos quando estava trabalhando ou quando estava em casa. Era como brincar de ser uma pessoa comum. Estava investigando a filmagem das câmeras de segurança de Arkham, mas como Crane mesmo disse, não encontrei rastro algum do Cavaleiro de Arkham.
Nem nos arredores. Nada no metrô ou nas ruas. Quem quer que seja, realmente sabia o que estava fazendo e tinha os equipamentos certos para o fazer.
Quando olhei por cima da tela do notebook, o vi trajado de Batman, segurando a máscara com a mão esquerda. Seus olhos estavam borrados de preto, o que destacava a cor azul intensa e marinha da íris. Escondi minhas anotações discretamente e coloquei alguns relatórios da universidade por cima. Cliquei em ALT + TAB, mudei de tela e continuei o observando. Meu silêncio não seria bem aceito, então teria de responder.
- Estava cansada. Preferi ficar por aqui. – A pior mentira da minha vida.
- Nós dois sabemos que Bristol é muito mais próximo do que a cidade velha. – Ele caminhou até mim e fez com que eu fechasse a tampa do notebook. Papai deixou a máscara em cima da mesa e me encarou. – Sei que Damian não está sendo fácil, mas não precisa fugir de casa. Sei que toda essa situação não está sendo simples. Tenho dado pouca atenção a você e a cidade.
- Eu entendo. O senhor precisa mudar a cabeça dele. O ensinar a ser um herói, não um assassino. É difícil. Ele foi criado para matar... – Senti meu coração acelerar ao pensar em o questionar sobre mim. Mordi os lábios, respirei fundo, fechei os olhos por longos instantes. Meu pai era meu único medo. – Eu sou sua filha?
- Como?! Victoria, claro que você é minha filha!
- O senhor não me chama de filha dês que Damian colocou os pés na mansão. Não conversa comigo. Não olha as minhas pesquisas, não pergunta do trabalho, da universidade. O Espantalho tem se interessado mais na minha vida do que o senhor.
- Está atendendo o Crane? – Assenti.
- Eu tinha contado, mas o senhor esqueceu. – Digo desapontada. – Ele disse que mataram o Coringa. – Mudo de assunto. – Me perguntou se já o cremaram. O senhor o matou? – Decido jogar verde para ver se meu pai sabe de algo sobre o tal Cavaleiro.
- O Coringa está morto e cremado, mas não fui eu. Ele foi cremado em sigilo. Apenas eu e Jim Gordon sabíamos, então não diga isso a ele. O tempo vai mostrar a todos que ele está morto.
- Se arrepende de ter o poupado e o jogado atrás das grades quando podia se vingar pela morte de Jason? - Não. Me arrependo de não ter o pego antes de acontecer uma tragédia e me arrependo de tê-la magoado. Quero que você e Damian se deem bem. Vocês são importantes para mim e quero que me ajude ao levar para o caminho certo. – Ele se aproximou mais ainda de mim e me ofereceu a mão para que eu me levantasse. Aceitei sentindo o choro começar a vir e fechar minha garganta. – Me desculpe, filha. – Papai acariciou meu rosto. – Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É meu orgulho. Eu ainda não sou o melhor pai do mundo, mas estou tentando ser por vocês.
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Meu sangue - Background
4ª semana de março
Aproveitei minhas folgas dos estágios para retornar à Caverna e poder ter um pouco de paz dentro de mim. Não estava sendo fácil conviver com Damian de baixo do mesmo teto. Sentia-me ao lado de um lunático com cabresto, mas não poderia exigir muito de quem havia sido criado pela Liga das Sombras e usado a torto e a direito por eles para seu um exímio assassino à sangue frio. Também, quem seria eu para julgá-lo se havia passado pelo mesmo com Luthor por intermédio de Cadmus.
Raiva, frustração, medo e rejeição. Tudo estava dentro de mim em forma de uma bomba relógio pronta para explodir.
Pedi autorização para Canário para poder usar a sala de treinamento avançado com a intenção de extravasar o acumulo de poderes que estava tendo antes que causasse uma descarga e acabasse desligando o lugar. Ela estranhou e perguntou sobre a cela de contenção que tínhamos em casa, mas eu a convenci de que seria muito melhor gastar essa energia treinando do que esperar simplesmente estabilizar.
O que mais me doía durante aquelas duas semanas era que o senhor Wayne não repreendia o filho pelas palavras grosseiras que ele dizia a mim ou quando dizia em alto e bom tom que eu era um projeto de laboratório. A falta de posicionamento dele sobre isso criava feridas em mim.
Ativei o treinamento mais pesado da sala. Espada em mãos, olhos brilhando e um moletom do Batman. Uma das roupas que usava na Caverna e em outros ambientes que tínhamos contato com os demais heróis de maneira casual.
As lágrimas escorriam junto ao sangue do meu corpo. Cortes e golpes que me atingiam, regeneração automática. Quanto mais acertava, mas difícil se tornava. Via Talia na minha frente, aquele sorriso doentio e soberbo que só ela tinha. Cada holograma, cada simulação. Todos que atingia tinha o rosto daquela mulher.
Ódio primitivo. Ódio cego.
Passei horas dentro daquela sala até que a sala foi desativada. As luzes brancas foram acessas. Suada e cansada, virei-me para trás e vi o rosto de Conner pela pequena janela de vidro da porta. Ele a abriu e se aproximou com uma toalha em mãos. Só então pude perceber o quanto de sangue havia espalhado pelo chão e paredes.
- Sei que conversar às vezes não resolve o problema, mas não esperava que ficasse seis horas na sala de treinamento espalhando vermelho por ela. – Conner seca meu rosto e pescoço para depois me entregar a toalha. – Estou começando a acreditar que é masoquista. – Disse e riu em seguida.
- Perdi o jantar com a sua mãe de novo. – Abaixo a cabeça. – Me desculpe. Minha cabeça está difícil de estabilizar.
- Dona Martha marcou para mais tarde dessa vez. – Sorri. – Ela se adaptou aos seus atrasos e remarcações.
- Vou tomar um banho para irmos. Me acompanha?
- Ainda pergunta?
Caminhamos pela Caverna até chegarmos ao meu quarto. Tiramos as roupas, ligamos o chuveiro e adentramos debaixo da água para relaxar o corpo.
- Está assim por causa do seu pai? – Conner questiona enquanto lava meu cabelo.
- Parece que ele esqueceu de mim. Que esqueceu de quem eu sou. Talvez ele tenha se deslumbrado por ter tido um filho por meio de um ato, entende? Sou um projeto de laboratório. Uma filha que ele não desejou, mas acolheu. Não fui feita por ele.
- Sei como se sente. Quando vi Clark pela primeira vez, pensei que ele ia me acolher. Ironicamente foi seu pai e a Diana que o convenceu de me dar uma chance. Sou a cópia dele. Não diria filho, não mais. Só que esse sentimento de não pertencer é real.
- Só que não te jogaram na cara todos os dias que você não é filha dele. – Sinto as lágrimas escorrerem junto a água.
- Vai se importar com o que aquele pirralho diz para você ou com os fatos? – Conner me vira para olhá-lo. – Fomos acolhidos pelas nossas famílias, somos amados e importantes para eles. Você é uma legítima Wayne. Pode ter sido gerada por um útero artificial, mas você é filha dele com todas as características e saberes. Você é o sangue dele, Victoria. Está dentro de você! Olhe para você! Você é real. Nós dois somos. O DNA não mente, sabe disso.
- Conner...
- Demora, dói, mas passa. Só se importe menos e se imponha mais. Comprei um vestido lindo para você. Quero que use hoje.
- Teremos um jantar em família? – Ele assentiu. – Você vai contar sobre nós? - Não é uma boa hora, não concorda? – Concordei. – Vamos apenas ter um bom jantar em família. Mamãe quer ter um dia especial.
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