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#Inquisição
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Quantos Iluminados foram calados?
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Elias foi prometido que voltaria. Se você ainda não sabe sobre as revelações do espiritismo, João Batista era o Elias, que viria antes de Jesus, para confirmar ao mundo que ele era o prometido. Se expôs e foi esquartejado.
Jesus também revelou ao mundo os ensinamentos do amor. Mesmo sendo claro quando disse "dai a Cesar o que é de Cesar", com a ajuda dos Hebreus, foi chicoteado e crucificado.
Pulando a criação da Besta Apocalíptica, as guerras santas, as fogueiras da inquisição, vamos lembrar de Kardec. Só não sofreu como os primeiros reformadores porque do alto, tudo foi planejado para ele faser o trabalho na França. Bom, sua literatura está na lista das obras apócrifas. Na Espanha todos os livros foram proibidos e queimados...
Paira sobre a superfície, forças niveladas no escuro, onde a VERDADE sempre foi uma ameaça, principalmente aqueles que tinham sob suas vontades o poder temporal sobre os homens. A ordem sempre foi preservar a ignorância nos homens.
Topa refletir sobre isso? Sabemos que muitos são os exemplos em nossa sociedade, que foram calados porque suas ideias ameaçavam o poder de alguém ou algo. Exemplos não faltam:
- se você trás uma ideia mais justa ao modelo atual político, sua imagem é destruída;
- se você cria a cura de uma doença, perde o incentivo a ideia pois prejudicará os lucros do remédio paliativo.
- um produto ruim, precalece como única opção, mesmo existindo ideias melhores, porque existe um complexo mecanismo para impedir o desenvolvimento de algo que o substitua. A história do carro elétrico começou a mais de 100 anos. Por que nos anos 2.000, mesmo com a tecnologia da energia eólica e das placas solares, o governo no Brasil continuou investindo nas megas construções das hidrelétricas?
Pense nisso!
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promisecarrier · 9 days
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Paloma de Toledo
O tema da postagem de hoje é sobre uma das personagens sefarditas mais comentadas nos fóruns de Genealogia da internet, que é a judia espanhola Yonati Bat-Gedaliah, conhecida por seu nome cristão, Paloma de Toledo. Continue reading Paloma de Toledo
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leitoracomcompanhia · 10 months
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Auto de fé
"- E um bom auto-de-fé, Majestade, não lhe parece a melhor maneira de dar graças a Deus? - A carne queimada cheira mal, padre, e não sei o que é que se passa que o vento leva sempre o cheiro para o Paço. Não sou a favor dos autos-de-fé."
Gonzalo Torrente Ballester, "Crónica do Rei Pasmado"; um bom auto de fé, pintado por Pedro Berruguete.
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introvertido · 25 days
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[...] Água e navegação têm realmente esse papel. Fechado no navio, de onde não se escapa, o louco é entregue ao rio de mil braços, ao mar de mil caminhos, a essa grande incerteza exterior a tudo. É um prisioneiro no meio da mais livre da mais aberta das estradas: solidamente acorrentado à infinita encruzilhada. É o passageiro por excelência, isto é, o prisioneiro da passagem, E a terra à qual aportará não é conhecida, assim como não se sabe, quando desembarca, de que terra vem. Sua única verdade e sua única pátria são essa extensão estéril entre duas terras que não lhe podem pertencer. (FOUCAULT, 1972, p. 8).
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O Navio dos Loucos / A Nave dos Loucos / A Nau dos Insensatos, Hieronymus Bosch (1450 — 1516)
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irunevenus · 2 months
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O Que Levava Uma Pessoa a Ser Acusada de Bruxaria Durante as Inquisições?
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Entre os séculos XV e XVII, a Europa atravessou um período turbulento e sombrio marcado por uma intensa perseguição às práticas de bruxaria. A Inquisição, uma instituição eclesiástica criada para manter a ortodoxia religiosa, não poupou esforços para identificar e punir aqueles considerados hereges ou bruxos. Este artigo explora as diversas razões e comportamentos que poderiam levar uma pessoa a ser acusada de bruxaria, revelando a complexidade das motivações e a brutalidade dos processos inquisitoriais.
1. O Medo do Desconhecido: Práticas Religiosas Não Convencionais
Durante o período da Inquisição, a religião desempenhava um papel central na vida cotidiana e na estrutura social da Europa. A Igreja Católica, detentora do poder espiritual e social, não apenas definia a ortodoxia religiosa, mas também estabelecia as normas sobre o que era considerado aceitável ou herético. Qualquer prática religiosa que se desviasse dessas normas estava sujeita a investigação e possível punição.
A Natureza das Práticas Não Convencionais
As práticas religiosas não convencionais incluíam uma vasta gama de atividades que estavam fora do controle ou da aprovação da Igreja. Essas práticas podem ser divididas em várias categorias:
Uso de Amuletos e Talismãs: Amuletos e talismãs eram frequentemente utilizados por pessoas comuns como proteção contra doenças ou perigos. Esses itens eram carregados ou usados em casa com a crença de que possuíam poderes especiais para proteger ou curar. No entanto, para a Igreja, o uso desses objetos era visto com grande desconfiança. Eles eram frequentemente associados a práticas pagãs ou heréticas, e aqueles que os usavam poderiam ser acusados de bruxaria. Amuletos que contivessem insígnias ou símbolos não autorizados pela Igreja eram particularmente suspeitos.
Encantamentos e Feitiçarias Populares: O uso de encantamentos e feitiçarias para diversos propósitos, como curar doenças ou garantir boa sorte, era comum em muitas comunidades. Embora muitas dessas práticas fossem baseadas em tradições populares e não em intenções malignas, elas eram frequentemente associadas à magia negra. A Igreja via esses encantamentos como uma forma de feitiçaria, que poderia ser usada para fins prejudiciais, e qualquer envolvimento com esses métodos era visto como uma ameaça ao poder e à pureza religiosa.
Rituais e Cultos Locais: Algumas práticas envolviam rituais locais ou cultos que eram profundamente enraizados nas tradições regionais e na cultura popular. Esses rituais muitas vezes incluíam celebrações de estações do ano, cerimônias de cura, e outras práticas comunitárias que não estavam alinhadas com os rituais oficiais da Igreja. A Igreja considerava esses cultos locais como uma forma de paganismo disfarçado, o que podia levar à suspeita de que os participantes estivessem envolvidos em práticas de bruxaria.
O Medo do Desconhecido e a Perseguição
O medo do desconhecido e o desejo de controle sobre práticas religiosas divergentes foram fatores cruciais que alimentaram as acusações de bruxaria. A Igreja Católica, ao tentar manter uma homogeneidade de crenças e práticas, via qualquer desvio das suas doutrinas como uma ameaça potencial à ordem social e à sua autoridade espiritual. O historiador Richard Kieckhefer, em Magic in the Middle Ages, argumenta que a Igreja não só rejeitava as práticas não convencionais, mas também as via como um sinal de corrupção moral e espiritual. [1]
Impacto Social e Cultural
O impacto das acusações de bruxaria baseadas em práticas religiosas não convencionais foi profundo e duradouro. Aqueles que eram acusados frequentemente enfrentavam tortura e execuções, e a mera suspeita de envolvimento com práticas não autorizadas pela Igreja podia destruir reputações e vidas. Além disso, o medo e a desconfiança criados por essas acusações ajudaram a reforçar a autoridade da Igreja e a manter o controle sobre a prática religiosa e a vida cotidiana.
Além disso, a condenação das práticas não convencionais contribuiu para uma cultura de vigilância e conformidade, onde qualquer desvio das normas estabelecidas pela Igreja era rapidamente identificado e punido. Isso não só ajudou a consolidar o poder da Igreja, mas também perpetuou uma atmosfera de medo e repressão que afetou profundamente a sociedade da época.
2. O Estranho e o Perigoso: Comportamento Desviado
Durante o período da Inquisição, a percepção e o controle do comportamento social eram essenciais para a manutenção da ordem e da ortodoxia religiosa. A Igreja Católica e as autoridades civis estavam profundamente preocupadas com a conformidade das ações e comportamentos com as normas estabelecidas. Qualquer comportamento considerado desviado ou fora do comum podia ser visto como um sinal de bruxaria ou heresia. Essa preocupação com o comportamento "normal" e o "estranho" teve um impacto significativo nas acusações e perseguições.
Definição de Comportamento Desviado
O comportamento desviado incluía qualquer atitude ou ação que se afastasse das normas sociais e religiosas estabelecidas. Isso podia envolver:
Isolamento Social: Indivíduos que se isolavam socialmente ou viviam fora dos padrões comunitários eram frequentemente vistos com desconfiança. A tendência era associar o isolamento ao envolvimento com práticas ocultas. Viver sozinho, especialmente para uma mulher idosa ou viúva, era frequentemente interpretado como um sinal de bruxaria. A falta de integração na vida social e comunitária fazia com que essas pessoas fossem vistas como estranhas e, portanto, suspeitas.
Comportamentos Peculiares: A exibição de comportamentos considerados excêntricos ou não conformistas podia levar a suspeitas. Isso incluía hábitos ou modos de vestir não convencionais, fala estranha, ou qualquer comportamento que fosse percebido como não compatível com os padrões sociais da época. Brian Levack, em The Witch-Hunt in Early Modern Europe, descreve como esses comportamentos eram frequentemente mal interpretados e utilizados como evidências para justificar acusações de bruxaria.
Desafios à Autoridade: Qualquer forma de desafio ou crítica à autoridade da Igreja ou à liderança local também era vista como suspeita. Questionar a autoridade religiosa, mesmo de maneira não ostensiva, podia ser visto como uma ameaça à ordem estabelecida. A disposição para desafiar ou questionar as normas e regras podia ser interpretada como um sinal de descontentamento que poderia levar a práticas heréticas ou de bruxaria.
O Papel do Medo e da Ignorância
O medo do desconhecido e a ignorância desempenhavam papéis cruciais na forma como o comportamento desviado era tratado. A falta de compreensão sobre o comportamento não convencional frequentemente levava à sua interpretação como algo maligno ou perigoso. Em Magic in the Middle Ages, Richard Kieckhefer aponta que a falta de conhecimento sobre o comportamento considerado "estranho" frequentemente alimentava o medo e a suspeita, levando a acusações de bruxaria.
Impacto das Acusações
O impacto das acusações baseadas em comportamento desviado era severo e devastador. Aqueles que eram acusados frequentemente enfrentavam um processo judicial altamente questionável, que incluía tortura para obter confissões. A condenação muitas vezes resultava em execução ou outras formas severas de punição. Além disso, o estigma social associado às acusações de bruxaria podia destruir a reputação e a vida dos acusados, mesmo que fossem eventualmente absolvidos.
O comportamento desviado também reforçava o controle social e religioso ao criar um ambiente de conformidade forçada. A vigilância constante e a necessidade de se ajustar às normas estabelecidas desencorajavam qualquer forma de individualidade ou diferença, resultando em uma sociedade homogênea onde a conformidade era a norma e a divergência era punida.
Exemplos Históricos
Vários casos históricos ilustram como o comportamento desviado levou a acusações de bruxaria. Por exemplo, durante o auge das perseguições na Europa, muitas mulheres idosas e viúvas foram acusadas de bruxaria devido ao seu estilo de vida isolado e às suas práticas de cura populares. O comportamento não convencional dessas mulheres, muitas vezes mal interpretado como feitiçaria, levou a processos e execuções.
Além disso, relatos de pessoas que exibiam comportamentos não conformistas, como aqueles que praticavam rituais não autorizados ou que questionavam abertamente as doutrinas da Igreja, também foram alvo de acusações. Essas ações eram vistas como desafios diretos à autoridade e, portanto, como sinais de bruxaria.
3. Rivalidades e Invejas: Acusações Motivadas por Interesses Pessoais
Durante a Inquisição, as acusações de bruxaria frequentemente surgiam não apenas por motivos religiosos ou sobrenaturais, mas também por rivalidades pessoais e conflitos locais. Em comunidades pequenas e interligadas, onde as redes de relações sociais eram intensas e frequentemente tensas, as disputas pessoais podiam facilmente se transformar em acusações de bruxaria. Vamos explorar como esses fatores pessoais contribuíam para a propagação das acusações e as consequências para os envolvidos.
O Contexto Social e Comunitário
Nas vilas e cidades pequenas da Europa medieval e moderna, as relações pessoais eram cruciais para a coesão social. No entanto, essas relações também eram propensas a tensões e conflitos. Em tais comunidades, qualquer desavença, ciúme ou descontentamento podia rapidamente escalar para acusações de bruxaria.
Rivalidades Pessoais e Comunitárias: Rivalidades entre vizinhos ou membros da comunidade frequentemente alimentavam acusações de bruxaria. Se alguém tinha uma disputa com outra pessoa, especialmente sobre questões como propriedades, heranças ou questões pessoais, podia usar as acusações de bruxaria como uma forma de retaliação. Essas rivalidades eram frequentemente exacerbadas pela falta de uma administração jurídica justa e pela falta de compreensão das causas reais dos problemas. Como observa Johannes Dillinger em Witchcraft, Gender and Society in Early Modern Europe, as rivalidades pessoais muitas vezes levavam a acusações de feitiçaria que se baseavam mais em interesses pessoais do que em qualquer evidência real de práticas de bruxaria.
Inveja e Ciúmes: Invejas e ciúmes também desempenhavam um papel significativo nas acusações de bruxaria. Quando alguém na comunidade obtinha sucesso, riqueza ou status que era visto como injusto por outros, as acusações de bruxaria podiam surgir como uma forma de lidar com essa percepção de injustiça. A inveja era um motivador poderoso para que indivíduos acusassem aqueles que consideravam responsáveis por seu infortúnio.
O Papel das Autoridades Locais
As autoridades locais, incluindo líderes comunitários e eclesiásticos, muitas vezes eram cúmplices ou até incentivadores das acusações de bruxaria baseadas em rivalidades pessoais. Em muitos casos, essas autoridades tinham seus próprios interesses em jogo e podiam usar as acusações de bruxaria para fortalecer seu controle sobre a comunidade ou para eliminar rivais políticos e sociais.
Influência das Autoridades: A influência das autoridades locais podia amplificar as tensões e transformar disputas pessoais em casos legais de bruxaria. Autoridades locais frequentemente eram os responsáveis por ouvir as acusações e iniciar investigações. Essas figuras podiam ser parcializadas e usar seu poder para favorecer aqueles que compartilhavam seus interesses ou para atacar inimigos pessoais.
Manipulação de Testemunhos e Evidências: Em muitos casos, testemunhos e evidências eram manipulados para apoiar as acusações de bruxaria. Testemunhas poderiam ser pressionadas a fornecer testemunhos falsos ou exagerados, e evidências poderiam ser fabricadas para legitimar as acusações. Isso era especialmente comum em contextos onde as disputas pessoais eram a principal motivação por trás das acusações.
Casos Históricos e Exemplos
Vários casos históricos ilustram como rivalidades e ciúmes levaram a acusações de bruxaria. Por exemplo, durante os julgamentos de Salem, na Colônia de Massachusetts, rivalidades e disputas pessoais desempenharam um papel significativo nas acusações e condenações. As tensões locais e os conflitos interpessoais frequentemente alimentavam a paranoia e contribuíam para a escalada das acusações.
Outro exemplo é a caça às bruxas em Würzburg e Bamberg, na Alemanha, onde muitas acusações de bruxaria foram impulsionadas por rivalidades locais e disputas de terras. O historiador Michael Frassetto, em The Inquisition: A Historical Perspective, detalha como essas disputas pessoais frequentemente serviam como uma forma de resolver conflitos locais e exercer controle sobre os membros da comunidade.
Consequências e Impacto Social
O impacto das acusações de bruxaria baseadas em rivalidades e ciúmes era devastador. Além das consequências pessoais para os acusados, como tortura e execução, essas acusações também corroíam o tecido social da comunidade. A confiança e a coesão social eram minadas por desconfianças e rivalidades exacerbadas, resultando em um ambiente de medo e hostilidade.
A dinâmica de acusar e ser acusado de bruxaria também reforçava o controle social e religioso, ao criar um sistema no qual qualquer desvio das normas ou conflito pessoal podia levar a graves consequências. Isso não só perpetuava a conformidade forçada, mas também encorajava a vigilância constante e o controle social rígido.
4. Dificuldades Pessoais: O Papel da Sorte e da Tragédia
Durante o período das inquisições, qualquer dificuldade pessoal significativa—como doenças, falências e desastres naturais—podia rapidamente ser associada à bruxaria. Em uma época em que o conhecimento científico e médico era limitado e as explicações sobrenaturais eram comuns, essas dificuldades eram frequentemente interpretadas como resultado de influência maligna ou feitiçaria. Vamos examinar como esses eventos adversos contribuíam para as acusações e o impacto que isso tinha na vida das pessoas.
A Percepção de Eventos Adversos como Feitiçaria
Doenças Inexplicáveis: Em uma época sem uma compreensão moderna de doenças infecciosas e suas causas, qualquer doença que se manifestasse de forma repentina e inexplicável era frequentemente atribuída à ação de bruxaria. Doenças graves, epidemias ou condições crônicas que não tinham uma explicação clara eram frequentemente vistas como resultado de feitiçaria. A crença de que as bruxas podiam causar doenças ou até mesmo envenenar alimentos era amplamente aceita. O historiador Gustav Henningsen, em The Nature of Witchcraft: A Study of European Witchcraft Theories and Practices, observa como doenças que não podiam ser tratadas pela medicina da época eram frequentemente atribuídas a forças malignas.
Desastres Naturais: Eventos como colheitas ruins, tempestades devastadoras e outros desastres naturais também eram frequentemente interpretados como resultado de feitiçaria. Em uma sociedade agrária, a falência de uma colheita podia ter consequências catastróficas, e qualquer fator que contribuísse para esse desastre era rapidamente atribuído a ações malignas. As pessoas buscavam explicações sobrenaturais para eventos que não conseguiam controlar ou entender.
Dificuldades Econômicas: A pobreza e a falência econômica também podiam levar a acusações de bruxaria. Quando uma pessoa enfrentava dificuldades financeiras, especialmente se essa pessoa já era vista com desconfiança, a explicação mais fácil para seu infortúnio era a influência de bruxaria. Isso era particularmente verdadeiro em comunidades onde a competição econômica e a escassez de recursos exacerbavam as tensões sociais.
O Papel das Crises Pessoais
Crises pessoais, como a morte de um ente querido ou a perda de uma propriedade, podiam desencadear uma busca por culpados. Em muitas comunidades, era comum que pessoas em luto ou em dificuldade procurassem um "responsável" para seus problemas. Essas crises pessoais criavam um ambiente onde as explicações sobrenaturais eram mais aceitáveis e, portanto, as acusações de bruxaria se tornavam uma forma de dar sentido ao sofrimento.
Procura por Explicações Simples: Em tempos de crise, a busca por explicações simples e diretas para eventos complexos e dolorosos se intensificava. A bruxaria oferecia uma explicação clara e conveniente para problemas que eram, de outra forma, difíceis de entender ou aceitar.
Influência da Psicologia Coletiva: A psicologia coletiva de uma comunidade também desempenhava um papel crucial. Em tempos de crise, o medo e a ansiedade podem se espalhar rapidamente, levando a uma maior propensão para acreditar em explicações sobrenaturais e buscar culpados externos. As acusações de bruxaria muitas vezes surgiam em um clima de pânico e desespero coletivo.
Exemplos Históricos
O Caso de Salem: O caso dos julgamentos de bruxas de Salem é um exemplo notável de como dificuldades pessoais e crises sociais alimentaram acusações de bruxaria. Durante os julgamentos, muitos acusadores estavam motivados por conflitos pessoais, disputas de terras e tensões econômicas. O contexto de crise econômica e social, combinado com um ambiente de medo e desconfiança, contribuiu para a escalada das acusações.
As Persecuições na Alemanha: Em Würzburg e Bamberg, na Alemanha, os julgamentos de bruxaria ocorreram em meio a crises econômicas e sociais. As dificuldades enfrentadas pela população, juntamente com a pressão social para encontrar culpados, resultaram em uma onda de acusações e perseguições. Michael Frassetto, em The Inquisition: A Historical Perspective, destaca como essas crises ajudaram a alimentar o medo e a desconfiança que levaram às acusações.
Consequências das Acusações Baseadas em Dificuldades Pessoais
As acusações de bruxaria baseadas em dificuldades pessoais frequentemente resultavam em tortura e execução para os acusados, além de um impacto devastador na comunidade. O clima de medo e desconfiança criado por essas acusações exacerbava as crises e dificultava a resolução dos problemas reais enfrentados pelas pessoas.
Além disso, a busca por culpados através das acusações de bruxaria frequentemente desviava a atenção das questões subjacentes que causavam as dificuldades. Em vez de abordar as causas reais dos problemas, a comunidade se concentrava em identificar e punir os supostos bruxos, perpetuando um ciclo de medo e injustiça.
5. Tradições Culturais e Superstições: A Influência das Crenças Locais nas Acusações de Bruxaria
Durante o período das inquisições, as tradições culturais e superstições locais desempenhavam um papel significativo nas acusações de bruxaria. Muitas dessas práticas e crenças eram profundamente enraizadas na vida cotidiana e nas tradições regionais, e quando entravam em conflito com as doutrinas da Igreja ou eram mal interpretadas, podiam facilmente resultar em acusações de feitiçaria. Vamos explorar como essas tradições e superstições influenciaram as perseguições.
Tradições Culturais e Seus Efeitos
Práticas Populares de Cura: Em muitas comunidades, as práticas de cura popular eram uma parte essencial da vida cotidiana. Essas práticas frequentemente envolviam o uso de ervas, encantamentos e rituais que eram transmitidos através de gerações. Para a Igreja e as autoridades inquisitoriais, essas práticas podiam ser vistas como ameaças à sua autoridade religiosa. A visão de que essas práticas poderiam estar associadas a feitiçaria levou a uma perseguição das pessoas que as utilizavam. O trabalho de Lawrence Stone, em The Family, Sex and Marriage in England 1500-1800, ilustra como as práticas de cura tradicional eram frequentemente rotuladas como bruxaria quando entravam em conflito com as normas da Igreja.
Cultos e Festividades Locais: Muitas comunidades tinham festividades e cultos que eram profundamente enraizados em tradições locais e pagãs. Essas celebrações frequentemente envolviam rituais que não estavam em conformidade com as doutrinas cristãs, como danças, músicas e celebrações sazonais. A Igreja via essas festividades como uma forma de paganismo e um sinal de heresia. Essas práticas eram frequentemente mal interpretadas ou atacadas como formas de feitiçaria. Richard Kieckhefer, em Magic in the Middle Ages, descreve como a Igreja via essas tradições como ameaças à pureza religiosa e como elas foram alvo de repressão.
Superstições Locais e Crenças Populares
Crenças em Entidades Sobrenaturais: As crenças em entidades sobrenaturais, como fadas, espíritos e demônios, eram comuns em muitas comunidades. Essas crenças muitas vezes eram expressas através de superstições e práticas que envolviam a proteção contra o mal ou a invocação de proteção divina. Para a Igreja, essas crenças eram frequentemente vistas como formas de idolatria ou feitiçaria. A acusação de que alguém estava envolvido em práticas relacionadas a essas crenças podia ser suficiente para que uma pessoa fosse acusada de bruxaria.
Rituais e Amuletos: O uso de amuletos e rituais para proteção ou boa sorte era comum e muitas vezes baseado em superstições locais. Embora essas práticas fossem amplamente aceitas e integradas à vida cotidiana, elas eram frequentemente vistas com desconfiança pela Igreja. Amuletos que não eram aprovados pela Igreja ou rituais que não seguiam a doutrina cristã eram frequentemente interpretados como sinais de feitiçaria.
O Impacto das Tradições e Superstições nas Acusações
A influência das tradições culturais e superstições locais nas acusações de bruxaria era significativa. As autoridades inquisitoriais frequentemente usavam essas práticas e crenças como evidências de feitiçaria. A falta de compreensão e a visão preconceituosa das práticas locais contribuíam para uma interpretação errônea e para a perseguição de pessoas que simplesmente estavam seguindo tradições culturais.
Repressão Cultural: As acusações de bruxaria frequentemente resultavam em uma repressão das tradições culturais e superstições locais. As práticas que haviam sido parte integrante da vida comunitária por gerações eram atacadas e eliminadas, resultando na perda de tradições e na imposição de uma ortodoxia religiosa uniforme.
Vigilância e Conformidade: A busca por práticas não conformistas e superstições alimentava um clima de vigilância e conformidade forçada. A necessidade de eliminar práticas vistas como desviantes resultava em uma sociedade onde a expressão cultural e a diversidade de crenças eram fortemente limitadas.
Exemplos Históricos
As Caças às Bruxas na Escócia e na Alemanha: Em muitas regiões da Escócia e da Alemanha, as práticas culturais locais e superstições eram frequentemente alvo de perseguições. O trabalho de Christina Larner, em Enthusiasm and Denial: A Study of Witchcraft in Scotland, destaca como tradições locais e práticas de cura foram frequentemente mal interpretadas e atacadas como feitiçaria.
Os Julgamentos de Bruxas na França: Em áreas da França, como a região de Lyon, superstições locais e crenças em práticas mágicas eram comuns. As autoridades inquisitoriais frequentemente atacavam essas crenças como heresia. Michael Carroll, em Witchcraft and Magic in Europe: The Period of the Witch Trials, explora como essas crenças influenciaram as acusações e as perseguições.
Consequências das Acusações Baseadas em Tradições e Superstições
As acusações baseadas em tradições culturais e superstições frequentemente resultavam em severas punições para os acusados, incluindo tortura e execução. Além disso, a repressão de tradições locais e a imposição de doutrinas uniformes pela Igreja tinham um impacto duradouro nas culturas regionais, resultando na perda de práticas culturais e na homogenização das crenças.
O ataque às tradições e superstições locais também reforçava o controle da Igreja sobre a sociedade, criando um ambiente onde qualquer desvio das normas estabelecidas era rapidamente identificado e punido. Isso não só limitava a expressão cultural, mas também perpetuava um clima de medo e conformidade forçada.
6. Influência da Igreja e das Autoridades Inquisitoriais: Interpretação e Controle nas Acusações de Bruxaria
A Igreja Católica e as autoridades inquisitoriais desempenharam um papel central nas acusações de bruxaria durante os períodos de perseguição. Suas interpretações religiosas, decisões administrativas e estratégias de controle social foram fundamentais na identificação e condenação dos supostos bruxos. A influência dessas instituições moldou profundamente o processo de acusação e julgamento, contribuindo para a propagação e intensificação das perseguições. Vamos examinar como a Igreja e as autoridades inquisitoriais influenciaram as acusações de bruxaria.
O Papel da Igreja na Interpretação da Bruxaria
Doutrina e Demonologia: A Igreja desenvolveu uma doutrina detalhada sobre a bruxaria e a magia, que se baseava em textos religiosos e teóricos sobre o demonismo. Documentos como o Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras), escrito por Heinrich Kramer e Jacob Sprenger, foram fundamentais na formação e disseminação das crenças sobre bruxaria. O livro afirmava que a bruxaria era uma heresia e uma forma de pacto com o diabo, e fornecia um guia sobre como identificar e punir as bruxas. Esta obra e outras similares contribuíram para a criação de um quadro teórico que justificava as acusações e as ações inquisitoriais.
Interpretação Religiosa: A interpretação da bruxaria pela Igreja era frequentemente influenciada por uma visão teológica que via qualquer desvio das normas religiosas como uma ameaça. Os líderes eclesiásticos viam as práticas consideradas "heréticas" como sinais de corrupção espiritual e moral. A crença de que o diabo estava ativamente trabalhando para minar a fé cristã alimentava a percepção de que a bruxaria era uma séria ameaça à ordem religiosa. O historiador Norman Cohn, em Europe's Inner Demons: An Inquiry Inspired by the Great Witch-Hunt, explora como essas interpretações teológicas influenciaram a visão da bruxaria e as respostas da Igreja.
A Função das Autoridades Inquisitoriais
Procedimentos e Processos: As autoridades inquisitoriais, incluindo os inquisidores e tribunais eclesiásticos, eram responsáveis por investigar e julgar as acusações de bruxaria. Seus procedimentos incluíam a coleta de denúncias, a condução de interrogatórios e a imposição de penas. Muitas vezes, as práticas inquisitoriais eram brutais e injustas, com o uso de tortura para obter confissões. Os inquisidores eram incentivados a identificar e punir a bruxaria para manter a ordem e a pureza religiosa. O trabalho de Malcolm Gaskill, em Witchcraft: A Very Short Introduction, detalha como os procedimentos e a abordagem inquisitorial foram fundamentais para a expansão das perseguições.
Vigilância e Controle Social: A Inquisição usava a caça às bruxas como uma forma de manter o controle social e reforçar a autoridade da Igreja. Ao identificar e punir os supostos bruxos, a Inquisição enviava uma mensagem clara de que qualquer desvio das normas religiosas seria severamente reprimido. Isso ajudava a criar um ambiente de medo e conformidade, onde a vigilância constante e a conformidade com as doutrinas da Igreja eram incentivadas.
Impacto das Decisões e Ações Inquisitoriais
Repressão da Diversidade Religiosa e Cultural: As ações da Inquisição frequentemente resultavam na repressão de práticas religiosas e culturais diversas. As tradições locais, as crenças populares e os costumes que não estavam alinhados com a doutrina oficial da Igreja eram atacados como heresia. A supressão dessas práticas contribuía para a uniformização religiosa e cultural, limitando a diversidade e impondo uma ortodoxia rígida.
Criação de um Clima de Medo e Desconfiança: A presença e as ações da Inquisição criavam um clima de medo e desconfiança na sociedade. A possibilidade de ser acusado e julgado por bruxaria incentivava a conformidade forçada e a delação, resultando em uma sociedade onde as pessoas eram incentivadas a denunciar uns aos outros para evitar suspeitas.
Exemplos Históricos
Os Julgamentos de Bruxas de Toledo: Em Toledo, na Espanha, as autoridades inquisitoriais desempenharam um papel central na condução de julgamentos de bruxaria. As investigações e os processos foram conduzidos com base em uma interpretação rígida das práticas religiosas e das crenças sobre a bruxaria. O trabalho de Richard Kieckhefer, em Magic in the Middle Ages, fornece detalhes sobre como as autoridades inquisitoriais operaram e o impacto de suas ações nas comunidades locais.
O Caso das Bruxas de Bamberg: Em Bamberg, na Alemanha, a Inquisição conduziu uma das maiores caças às bruxas da história, resultando em milhares de execuções. As autoridades locais e eclesiásticas utilizaram suas interpretações e procedimentos para identificar e punir os supostos bruxos, contribuindo para a escalada das perseguições. Michael Carroll, em Witchcraft and Magic in Europe: The Period of the Witch Trials, explora como a influência das autoridades eclesiásticas moldou as perseguições em Bamberg.
Consequências das Ações Inquisitoriais
As ações e decisões das autoridades inquisitoriais tiveram um impacto profundo e duradouro. A repressão das práticas e crenças divergentes, juntamente com a criação de um ambiente de medo e controle, moldou a sociedade da época e contribuiu para uma era de intensa perseguição religiosa. As consequências incluíram a perda de diversidade cultural, a consolidação do poder eclesiástico e o perpetuar de um clima de desconfiança e conformidade forçada.
7. Dinâmicas Sociais e Políticas: Fatores que Influenciaram as Acusações de Bruxaria
As acusações de bruxaria durante as inquisições não foram apenas impulsionadas por fatores religiosos e sobrenaturais, mas também por complexas dinâmicas sociais e políticas. As interações entre o poder político, as estruturas sociais e as tensões locais desempenharam um papel crucial na propagação e intensificação das perseguições. Vamos examinar como esses fatores influenciaram as acusações de bruxaria.
Influência do Poder Político
Consolidação de Poder: Em muitos casos, as autoridades políticas viam a caça às bruxas como uma oportunidade para consolidar seu poder e influência. A perseguição de bruxas podia ser usada como uma forma de desviar a atenção de problemas políticos e sociais ou para eliminar rivais políticos. A repressão da bruxaria ajudava a reforçar a autoridade do governo e a garantir a lealdade das populações.
Controle Territorial e Local: Em regiões onde a autoridade central era fraca, as acusações de bruxaria podiam ser usadas para reforçar o controle sobre áreas locais. Governantes locais e líderes comunitários muitas vezes usavam as acusações de bruxaria como uma ferramenta para lidar com descontentamentos locais e para manter a ordem. Em muitos casos, essas acusações ajudavam a centralizar o poder e a impor a conformidade.
Estruturas Sociais e Tensões Locais
Conflitos de Classe e Status: As tensões sociais entre diferentes classes e grupos sociais frequentemente contribuíam para as acusações de bruxaria. Pessoas de classes sociais mais baixas, como camponeses e trabalhadores, eram frequentemente alvo de acusações, enquanto as elites e os poderosos muitas vezes escapavam da perseguição. As tensões de classe e as disputas sobre recursos e status social podiam alimentar as acusações de bruxaria como uma forma de resolver conflitos e manter hierarquias sociais.
Questões de Gênero: As questões de gênero também desempenhavam um papel significativo nas acusações de bruxaria. Mulheres, especialmente aquelas que eram viúvas, idosas ou que se desviavam dos papéis tradicionais de gênero, eram mais frequentemente acusadas de bruxaria. O controle social sobre o comportamento feminino e a perceção das mulheres como mais suscetíveis à influência demoníaca refletiam as normas e expectativas de gênero da época. O trabalho de Sylvia Federici em Caliban and the Witch: Women, the Body and Primitive Accumulation examina como as dinâmicas de gênero influenciaram as acusações e a perseguição de bruxas.
Aspectos Econômicos e Sociais
Crises Econômicas e Sociais: Crises econômicas, como a pobreza, a fome e o desemprego, exacerbavam as tensões sociais e contribuíam para as acusações de bruxaria. Quando as condições de vida pioravam, a busca por culpados e explicações simples aumentava. A ideia de que problemas econômicos ou sociais poderiam ser causados por feitiçaria se tornava mais atraente em tempos de crise. O trabalho de William Monter em European Witchcraft explora como as crises sociais e econômicas influenciaram a intensidade das perseguições.
Disputas e Rivalidades Locais: Rivalidades e disputas locais também contribuíam para as acusações de bruxaria. Em comunidades onde os conflitos eram comuns, as acusações de bruxaria podiam ser usadas como uma forma de resolver disputas e eliminar inimigos. A dinâmica local e as rivalidades pessoais muitas vezes influenciavam quem era acusado e como as acusações eram tratadas.
Exemplos Históricos
O Caso dos Julgamentos de Bruxas de Salem: No contexto das colônias americanas, os julgamentos de bruxas de Salem foram influenciados por dinâmicas sociais e políticas complexas. As tensões locais, disputas pessoais e questões econômicas contribuíram para a escalada das acusações. O trabalho de Paul Boyer e Stephen Nissenbaum, em Salem Possessed: The Social Origins of Witchcraft, fornece uma análise detalhada das dinâmicas sociais e políticas que influenciaram os eventos de Salem.
A Perseguição de Bruxas em Würzburg e Bamberg: Em Würzburg e Bamberg, na Alemanha, as perseguições de bruxas foram moldadas por questões políticas e sociais, incluindo disputas locais e crises econômicas. Michael Carroll, em Witchcraft and Magic in Europe: The Period of the Witch Trials, explora como as dinâmicas locais e políticas influenciaram as acusações e as perseguições na região.
Consequências das Dinâmicas Sociais e Políticas
As dinâmicas sociais e políticas moldaram profundamente as acusações de bruxaria e tiveram várias consequências significativas. As tensões sociais e políticas frequentemente alimentavam a paranoia e contribuíam para a propagação das perseguições. Além disso, a caça às bruxas frequentemente resultava em uma maior consolidação do poder político e eclesiástico, além de uma repressão das práticas e crenças locais.
A utilização das acusações de bruxaria como ferramenta de controle social e político também reforçava a conformidade e a hierarquia social, criando um ambiente onde as disputas e tensões eram frequentemente resolvidas através da perseguição e do medo.
8. Atitudes e Normas Sociais: Como as Crenças e Comportamentos da Época Influenciaram as Acusações de Bruxaria
As atitudes e normas sociais do período das inquisições desempenharam um papel crucial nas acusações de bruxaria. A percepção coletiva sobre o que era considerado comportamento desviado, anômalo ou ameaçador foi fundamental na identificação e condenação dos supostos bruxos. As crenças e valores sociais moldaram a maneira como as pessoas interpretavam o comportamento dos outros e reagiam a ele. Vamos explorar como essas atitudes e normas influenciaram as acusações de bruxaria.
Normas Sociais e Comportamentos Desviantes
Expectativas de Comportamento: Em uma sociedade profundamente religiosa e conservadora, qualquer comportamento que se desviasse das normas estabelecidas podia ser visto com suspeita. As normas sociais impunham um padrão rígido de comportamento e moralidade, e qualquer violação dessas normas era frequentemente interpretada como uma ameaça à ordem social e religiosa. Comportamentos que eram considerados fora do comum, como práticas de cura não autorizadas ou modos de vida não convencionais, podiam rapidamente levar a suspeitas de bruxaria.
Papel das Mulheres: As mulheres eram frequentemente alvo de acusações de bruxaria devido às expectativas e normas de gênero da época. A sociedade era altamente patriarcal, e qualquer mulher que não se conformasse aos papéis tradicionais ou que demonstrasse independência era vista com desconfiança. Mulheres solteiras, viúvas, ou aquelas que eram vistas como não conformistas eram frequentemente acusadas de bruxaria. A visão de que as mulheres eram mais suscetíveis à influência demoníaca também desempenhava um papel na sua maior vulnerabilidade às acusações. O trabalho de Carol F. Karlsen, em The Devil in the Shape of a Woman: Witchcraft in Colonial New England, analisa como as normas de gênero influenciaram as acusações de bruxaria.
Crenças Populares e Superstições
Medo do Sobrenatural: O medo do sobrenatural e a crença em forças malignas eram comuns na época. As superstições e o medo do diabo e das bruxas eram amplamente aceitos e alimentavam a percepção de que qualquer comportamento estranho ou inexplicável podia ser atribuído a práticas malignas. A crença na existência de bruxas e na capacidade delas de causar danos através da magia era uma parte integral da mentalidade social, o que fazia com que qualquer desvio fosse rapidamente associado à feitiçaria.
Cultura de Denúncia: A cultura de denúncia e o medo de ser acusado contribuíam para um ambiente onde as pessoas eram incentivadas a relatar qualquer comportamento suspeito. A pressão social para conformidade e o medo das consequências de ser acusado de bruxaria incentivavam os indivíduos a denunciar uns aos outros. Isso criava um ciclo de desconfiança e medo, onde qualquer comportamento fora do comum podia ser rapidamente interpretado como bruxaria.
Impacto das Normas e Atitudes na Justiça
Processos de Julgamento: As normas sociais e atitudes influenciavam fortemente os processos de julgamento e as decisões das autoridades. Muitas vezes, os tribunais e inquisidores eram influenciados pelas expectativas e pressões sociais, o que podia levar a julgamentos injustos e condenações baseadas em preconceitos e suposições. O impacto das atitudes sociais no sistema judicial era evidente em muitos casos, onde a pressão social e o desejo de conformidade moldavam os resultados dos julgamentos.
Reforço das Normas Sociais: A caça às bruxas também servia para reforçar as normas sociais e morais. Ao punir aqueles que eram percebidos como desviantes, a sociedade afirmava suas normas e valores, criando um ambiente de conformidade e medo. As perseguições ajudavam a manter a ordem social e a garantir que os indivíduos se conformassem às expectativas estabelecidas.
Exemplos Históricos
Os Julgamentos de Bruxas na Nova Inglaterra: Em Salem, Massachusetts, os julgamentos de bruxas foram fortemente influenciados pelas normas sociais e pela cultura de denúncia. A pressão social para conformidade e o medo do sobrenatural desempenharam papéis cruciais na escalada das acusações e nas decisões dos tribunais. Paul Boyer e Stephen Nissenbaum, em Salem Possessed: The Social Origins of Witchcraft, oferecem uma análise detalhada de como as atitudes e normas sociais influenciaram os eventos de Salem.
As Perseguições na Europa Central: Em várias regiões da Europa Central, as normas sociais e o medo do sobrenatural moldaram as acusações de bruxaria. A combinação de crenças populares, expectativas de comportamento e a cultura de denúncia contribuiu para a intensidade das perseguições. Michael Carroll, em Witchcraft and Magic in Europe: The Period of the Witch Trials, explora como essas dinâmicas sociais influenciaram as perseguições de bruxas na região.
Consequências das Atitudes e Normas Sociais
As atitudes e normas sociais influenciaram fortemente a forma como as acusações de bruxaria foram tratadas e percebidas. O medo do sobrenatural, as expectativas rígidas de comportamento e a cultura de denúncia contribuíram para um ambiente de perseguição e injustiça. As consequências incluíram a criação de um clima de medo e conformidade, a repressão de comportamentos e práticas divergentes e a perpetuação de preconceitos e estereótipos.
Além disso, as perseguições de bruxas ajudaram a reforçar as normas sociais e morais da época, criando um ambiente onde a conformidade era fortemente incentivada e qualquer desvio era punido severamente. A caça às bruxas serviu para afirmar e consolidar o controle social e religioso, moldando a sociedade de acordo com as normas estabelecidas.
Conclusão
As acusações de bruxaria durante as inquisições europeias foram moldadas por uma intrincada rede de fatores sociais, pessoais e religiosos. A combinação de medo do desconhecido, rivalidades pessoais, dificuldades econômicas e sociais, e críticas à autoridade da Igreja criou um ambiente propenso à perseguição. O estudo dessas causas e da brutalidade dos processos inquisitoriais não só ilumina as trevas do passado, mas também destaca a importância da tolerância e da compreensão na sociedade moderna.
Este artigo proporciona uma visão mais aprofundada sobre as causas das acusações de bruxaria, destacando como fatores diversos contribuíram para um período de intensa perseguição e injustiça.
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blogoslibertarios · 1 year
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Oficiais chamam de inquisição fala de Moraes contra PM do DF
  Para a Associação dos Oficiais da PMDF, (ASOF/PMDF) a fala do ministro Alexandre de Moraes em resposta à André Mendonça, atribuindo, exclusivamente, à Polícia Militar a responsabilidade pelos atos do 8 de janeiro configura “muito mais uma inquisição, sem direito de defesa, dos indiciados”. A nota assinada pela diretoria da entidade, afirma que: “o Ministro Alexandre de Moraes, demonstrou de…
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caipiras · 1 year
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Banderantes, estória dos herói caipira
Banderante é o nome dado aos home que surgiu no século XVI na América do Sur, formados principarmente pur paulista i a princípio tamem pur purtuguêis, que iniciô suas atividade saino da Capitania de São Vicente i se aventurano pelas froresta discunhecida i isolada da América do Sur, sempre im busca de riquezas minerar i de índios p'ra iscravizá, argo que era munto comum teno im vista que os próprio nativo "brasilêro" iscravizô índios deferente, i como, naquela época, a Capitania de São Vicente era um lugá istremamente pobre, a iscravidão era vista como argo necessário, i de certa forma, argo justo tamem. Levano im cunsideração que im todo o mundo ela era praticada, incrusive entre os próprio índio.¹
Iscravizá índio era u'a atitude ilegá, apois, alem de sê do interesse de Purtugá mantê o monopólio sobre os iscravo africano, autorizá a iscravidão de indígena tioricamente atrapaiaria a união entre esses povo i os oropeu, principarmente os católico, que queria catequizá êles im nome da ispansão do cristianismo pelo Novo Mundo. Os banderante, no intanto, num se importava, apois era autonomo i independentes, não istano diretamente ligados à coroa purtuguêsa i munto menos aos objitivo da eigreja.
Durante o período que ficô cunhecido como Entradas e Bandeiras (cai: Intradas i Bandêra), esses home ispandiu a pequena Capitania de São Vicente p'ra alêm dos limite imposto pelo Tratado de Tordesi'a, fazeno dessa capitania u'a das mai próspera i maior do período coloniar luso-brasilêro. Além de São Paulo, que é a orige dêsse grande império banderante, hoje essa capitania, já istinta corresponde a toda a região Centro-Oeste i Sur do Brasí, partes do Norte do Brasí como os istado de Tocantins i Rondônia i partes do Sudeste como Minas Gerais i sul do Rio de Janêro. Argu'as parte do Uruguai tamem foi reinvidicada como parte da Capitania de São Vicente.
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Esses home tamem era chamados de "caipira" pelos índio guaianá, o apelido surgiu na região do arto Tietê, im São Paulo. Se intende que o termo "caipira" na antiga língua tupi, significa "cortador de mato", teno sido a parti dêsse cuntesto que surgiu a curtura caipira, que é hoje nóis pode afirmar que ela é basicamente um agrupamento de toda a curtura banderante.²
Muntos banderante vivia na região de São Paulo dos Campos de Piratininga, u'a região marginalizada da Capitania de São Vicente, adonde os recurso i materiar era iscasso. As ispedição dos paulista, denuminadas "bandêra", se tornô cada vêiz mai organizada, seno composta pur desbravador, coletor de cumida, guias i capelão, essas ispedição gerarmente tinha um líder banderante, que comandava toda a trópa.³
C'o passá dos ano, o banderantismo foi seno substituído pela atividade tropêra, que surgiu da necessidade dêsses home im utilizá alimá p'ra mantê seus centro de mineração, substituíno antonce o trabaio iscravo índio i negro nargu'as função que inzigia força p'ra isportação, quá foi munto bem impregada pur mulas.
Os banderante i a Santa Inquisição
Os banderante se cunsiderava poderoso, fazia dispacho sem autorização, nomeava capitães-generais i oficiar de guerra, hasteava bandêras im territórios aleio i formava um forte inzército, era ferrenhos opositor do sistema teocrático católico, que im certos causo, ao invadí missão jesuítica, distruía eigreja, quebrava istátua de santos i devastava cidades i vilas intera, deixano elas desabitadas i sem colonização.
A região do Guairá, que corresponde ao atuar oeste do Paraná, foi um dos lugá que foi distruído de conquistado pelos banderante, o padre Antônio Ruiz de Montoya, apóstolo da região, afirmava que os paulista era autênticos aliado de Satanás, i que o dianho intervinha a cada passo junto aos índio, usano vários desfarce p'ra disviá êles da fé. Os banderante, alêm de "judeu" i "dianho", foi chamado nos século seguinte nas crônica jesuítica de "corsário", "pirata", "bandido" i "besta".
Arguns autor aquerdita que a Inquisição i suas personalidade, como os jesuíta, perseguiu os banderante pur causa de suas orige judaica sefardita. Os jesuíta ispanhór aquerditava firmamente i arripitia que os judeu paulista tava ligado ao demônio. Im 1639, no auge da ispansão banderante, o padre Diogo de Alfaro, comissário da Inquisição peruana, foi inviado p'ra investigá os paulista, teno como um dos objitivo prendê o banderante Antônio Raposo Tavares — cujo foi criado pur u'a madrasta judia — i intregá ao Santo Ofício. Os católico num maginava que o banderante Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, acabaria matano o padre cum tiro na cabeça, garantino ansim a liberdade aos paulista.⁴
O nome "banderante"
Se pode dizê que "banderante" num é um termo tão antigo conto a própria estória de São Paulo, "banderante" é um nome relativamente novo, criado munto adespois do auge das bandêra. O nome banderante apareceu pela primêra vêiz como registro gráfico im 1871, seno o equivalente a um "sertanista" de São Paulo.
Já im relação ao termo "sertanista", muntas vêiz usado como sinônimo de banderante, é certamente mai novo, teno sido arregistrado pela primêra vêiz im 1877, p'ra definí u'a pessoa que cunhece o "sertão" — u'a região cumpósta pur pôcas pessoa, sempre longe dos centro urbano. O nome sertanista surgiu como um requisito conceituar i antropológico que puderia definí os paulista do século XVI (dezasseis) ao XVIII (dezóito) que já num tava mai diretamente ligado aos banderante.⁵
Autoria
Danfosky
Referênça
BARRETO, Benedito Carneiro Bastos — “No Tempo dos Bandeirantes”, 1939
CARDOSO, Cristina de Lima — “Estudos das tradições caipiras em Itapetininga”, 2016
PICINATO, Pricila Balan — “O Novo “Caipira”: O olhar do “eu” e do “outro””, 2013
NOVINSKY, Anita Waingort — “A Conspiração do Silêncio: Uma história desconhecida sobre os bandeirantes judeus no Brasil”
MACEDO, Tairone Zuliani de — “As origens e evoluções etimológicas dos termos sertão e sertanejo”, 2006
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verdadeatona · 2 years
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Perseguido e Morto pela Igreja Católica e pela Reforma Protestante
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historiamedieval · 2 years
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Papa Inocêncio IV, nascido Sinibaldo Fieschi, foi eleito em 25 de Junho de 1243, depois de dois anos de sede vacante. Lutou duramente contra o imperador Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico. Por este motivo, teve que abandonar Roma. O imperador faleceu em 1250 e só nessa altura Inocêncio pôde regressar a Roma. O Papa Gregório IX previamente tinham enviado cartas ordenando a queima de todas as cópias do Talmude pela Europa Cristã. São Luís IX, rei da França, por causa destas cartas, criou um tribunal em Paris em 1240, que julgou o Talmude. Equivalente a 24 carretas de Talmude foram queimadas. (O Talmude, é uma coletânea de livros sagrados dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico.) Inicialmente, Inocêncio IV continuou a política de Gregório, ordenando que o Talmude fosse queimado em 1244. No entanto, um argumento foi apresentado alegando que isto era uma negação da política de tolerância da Igreja ao judaísmo. O novo Papa aceitou este argumento e no ano de 1247, reverteu a orientação e escreveu cartas para que o livro fosse censurado ao invés de queimado. Esta posição foi continuada por Papas seguintes. A 15 de Maio de 1252, promulgou a bula Ad Extirpanda autorizando a tortura contra os hereges. Durante seu pontificado, houve a Sétima Cruzada, terminando com derrota para os cristãos. _______ 📸São Luís e o Papa Inocêncio IV, das Grandes Chroniques de France , Paris, século XIV _______ Fonte - Levillain, Philippe, The papacy : An encyclopedia #Curitiba #idademedia #medieval #historia #history #MiddleAges #cwb #medievaltimes #medievalworld #medievalism #inquisição #Inquisition https://www.instagram.com/p/Cl3gCwUOOip/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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projetosnopapel · 2 years
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Livros modificam Pessoas
A História do Rei Transparente é o resultado de uma grande pesquisa da autora Rosa Montero sobre o período medieval e sobre as cruzadas. Como romance histórico, o livro apresenta mais aspectos fantásticos do que reais. A história de Leola se passa na frança rural, com os Senhores de terras contratando seus moradores pra cuidar das plantações. Leola, seu pai e seu irmão trabalham no campo e por…
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vespirita · 2 years
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Segunda Sessão - Inquisição - Cap. 9 - Sob as Cinzas do Tempo
Segunda Sessão – Inquisição – Cap. 9 – Sob as Cinzas do Tempo
Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.             Segunda sessão mediúnica relacionada com o caso Paulinho. Como sempre digo, no sentido de trazer à baila o despertamento desse quanto daquele espirito ignorante, em muitos casos não se processa em apenas uma reunião. Não é fácil esclarecer espíritos das sombras ainda mais aqueles inteligentes. Eles estudam bem mais que nós a Bíblia,…
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As gerações passam, mas as disputas étnicas continuam iguais, desde os tempos remotos do nosso planeta!
Tudo isso vira notícia porque há interesses para que as pessoas manifestem o sectarismo cultural. O nosso país, pátria que fez os povos de diferentes raças e culturas viverem tranquilamente. Os mais jovens ainda não têm conhecimento das antigas perseguições da inquisição, que queimava pessoas que não se convertessem à religião católica. Muitos médiuns também foram queimados naqueles tempos.
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Livros e documentos também eram queimados em atos públicos. Se uma pessoa não entregasse as obras para os inquisitores queimá-las, poderia ser perseguida e sofreria punições severas, caso fosse encontrado cópias em sua posse.
Os livros de Kardec foram um exemplo dessas fogueiras da inquisição.
Hoje, vivemos dentro de um mundo com pensamentos que se espalham por todos os lugares de nossa atmosfera, porém acontece de forma horizontal, penetrando em todas as mentes, através de mecanismos ainda desconhecidos pela grande massa humana.
Mas Deus está em tudo que existe, e quando você permite que ele se manifeste em si, começa a perceber outras manifestações, como a presença de luminosidade, de alterações físicas. É aí que começa a conexão com o alto, da forma vertical, indo em direção com o chamado Criador. Quanto mais elevado é o seu contato, menores são as influências dessas radiações horizontais, originadas nessa esfera, partindo das mentes humanas, em outras palavras, como se abrisse uma caixa, onde você estava vivendo fechado nela até então.
Esse intercâmbio com os escalões mais elevados está em paralelo com o seu avanço no conhecimento e nas ações. Os valores são outros, mais coletivos, e as disputas religiosas, de times, de cultura, de raça, etc., deixam de influenciá-lo. O sectarismo aos poucos vai desmanchando. Deus, em sua infinita bondade e justiça, aguarda a ascenção de cada espírito filho.
Fica assim por enquanto.
Deus abençoe a todos.
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trust791 · 26 days
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leitoracomcompanhia · 2 years
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Santo Ofício
“...querendo o Santo Ofício, são más todas as razões boas, e boas todas as razões más, e quando umas e outras faltem, lá estão os tormentos da água e do fogo, do potro e da polé, para fazê-las nascer do nada e à discrição, Mas, estando el-rei do nosso lado, o Santo Ofício não irá contra o gosto e a vontade de sua majestade, El-rei, sendo caso duvidoso, só fará o que o Santo Ofício lhe disser que faça.”
José Saramago, “Memorial do Convento”; pintura de Francisco de Goya.
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dreamwithlost · 3 months
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POR DEUS E PELOS DEUSES
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Jaemin x Reader
Gênero: Medievalzinho
W.C: 1.5k
Avisos: Inquisição, Insinuação de sexo
ᏪNotas: Essa história surgiu baseada em uma personagem fav que eu tinha em um RPG de texto com duas amigas, e apesar de ser um pouco diferente do que eu normalmente trago (afinal é algo medieval e mais narrativo) espero MUITO que vocês gostem, pois ela tem um espaço especial no meu coração 😭 Eu juro que vale a pena família. Então boa leitura a todos! Beijinhos 😘
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📌 [Inglaterra, meados de 1600]
Você ainda se lembrava do calor do fogo tocando sua pequenina face, da dor que sentia em sua garganta a cada grito seu que ecoava pelos quatro cantos do reino, das mãos de seu pai tentando lhe segurar com toda a força do mundo em seu colo, lhe impedindo de correr até sua mãe, que estava sendo levada para a grande fogueira no centro dos comércios. Você se lembrava dele correndo floresta adentro com você, de seu vestidinho branco encharcado pelas lágrimas do mais velho, apesar de seus lábios ainda pronunciarem repetidas vezes um "está tudo bem, pequena, está tudo bem". Já haviam se passado quinze anos desde aquele dia, e agora, com dezenove anos, tendo perdido seu pai para uma enfermidade, parecia que você finalmente havia entendido o porquê de pessoas como você nunca deverem sair da floresta.
Você só não entendia ainda o que significava ser você. O que isso quer dizer? O que havia de tão errado em cuidar da natureza? Em preparar um chá com erva-cidreira que tanto lhe ajudava em suas tosses? O que você estava fazendo de tão errado?
Sua mãe nunca teve tempo de explicar nada disso, e seu pai não possuía todos os conhecimentos dela, mas, sem dúvidas, ao menos lhe explicou sobre o amor.
E agora, enquanto estava deitada em sua cama, desnuda e coberta apenas pelos lençóis brancos, admirar o rosto pacífico e belo do filho do clero ao seu lado, fazia com que seu coração sentisse a exata mesma emoção que seu pai tantas vezes descrevera sentir por sua mãe.
A diferença era que ele havia se apaixonado por uma "bruxa", e você, por aquele que havia sido destinado a matá-las.
Mas você sempre soube que Jaemin era diferente de seu pai, o sacerdote de alto escalão do reino.
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— Socorro! — você havia escutado ressoar entre os arbustos próximos à sua cabana florida, um som que por um tempo tentou ignorar, se escondendo entre sua pequena plantação que estava a regar.
Aquela era a principal regra de seu pai: jamais, jamais ajudar um estranho. Foi assim que sua mãe teve o seu trágico fim.
Mas aquele sentimento altruísta havia sido passado fortemente pela sua genética, e não demorou muito para que você ousasse se aproximar, ainda que escondida pelas árvores.
Você observou o rapaz caído em meio à grama alta, sentado encostado em uma grande árvore enquanto apalpava seu tornozelo. Você congelou naquele momento, não pelo medo da situação, mas sim por perceber que era um homem e que ainda carregava uma pequena e brilhante cruz em seu pescoço.
Você não temia de fato a cruz, mas sim aqueles que a carregavam.
Mas, por algum motivo, ao analisar aquele rosto tão divino, de feições delicadas e gentis, você não sentiu medo; apenas puxou o seu capuz para cima da cabeça e se aproximou.
— Você está bem? — Você exclamou, permitindo que finalmente fosse vista.
— Eu fui atacado por uma cobra — Ele explicou em um tom baixo, um pouco receoso com a imagem encapuzada à sua frente, mas fraco demais para se rebelar.
— Você estava caçando? — Questionou, afinal, se aquele fosse um caçador, você deveria deixá-lo pagar o seu karma, não é?
— Não — Ele murmurou. — Vim apenas passear um pouco, antes de ir para a igreja.
Você sentiu um arrepio descer de suas costas até o dedinho do pé ao finalmente reconhecer aquele homem. Você já havia o visto antes. Como não havia percebido? Como não havia notado Jaemin, o filho do maldito clero?
Demorou para que uma resposta saísse de seus lábios, perdida entre o medo e a raiva que lhe atingiram. O que você estava pensando em fazer? Ajudar o filho daquele que assassinou a sangue frio a pessoa que mais lhe amou em toda sua vida?
— Você pode me ajudar? Por favor? Me leve a algum médico — o moreno murmurou, seus lábios começando a ficarem pálidos devido ao veneno.
Você deu alguns passos para trás e sentiu a brisa forte atingir sua face, removendo de sua cabeça o capuz que lhe cobria antes que pudesse ousar virar-se de costas e sair de perto daquele rapaz.
Você sabia que ele lhe reconheceria. Todos sabiam da aparência da filha da bruxa. Então, se sentiu paralisada mais uma vez, temendo por sua vida, por mais incapacitado que Jaemin estivesse. Mas, para sua surpresa, as primeiras palavras que saíram da boca dele não foram de ódio:
— Você... Você é um anjo? — Ele indagou, estupefato com sua beleza. Você sentiu os olhos castanhos dele voltarem a brilhar com um pouco de vida, cintilando diante da imagem da bruxa.
— Sem dúvidas não — Você não pôde evitar responder após uma curta risada.
— Você... É uma bruxa? — Ele tentou novamente, mesmo que, para sua surpresa, seu olhar continuasse radiante.
E então, antes que sua resposta pudesse transparecer, você viu o rapaz fechar seus olhos lentamente e deslizar para o lado, tombando no chão após o desmaio.
— Não — Você sussurrou, olhando o enfermo. — Eu sou só uma garota, e você, apenas um garoto — explicou para si mesma e para a natureza ao seu redor, sabendo o que deveria fazer.
Você o carregou com certa dificuldade para dentro de sua cabana, que não estava distante, e o deitou sobre seus lençóis, correndo para a pequena cozinha logo em seguida, separando algumas ervas e óleos que havia espalhados por todas as prateleiras e bancadas de madeira do recinto, sabendo sobre a possível cobra que havia atacado o moreno — era a mais comum pela região — e como poderia ajudá-lo, afinal, seu pai uma vez também já fora picado por ela.
Você estava determinada em ajudar o filho do clero e, por incrível que pareça, não sentia mais medo daquela afirmação, como se fosse seu destino desde o início salvá-lo.
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Desde aquele dia que se conheceram, você e Jaemin não se largaram mais, inundados por aquela curiosidade de mundos tão diferentes, apeoveitando cada pequena fugidinha que o rapaz dava de sua família. Não era como se ambos não possuíssem medo um do outro, mas, com o tempo, foram aprendendo que nenhum dos dois era como estavam imaginando. Foi incrível para você encontrar alguém com a mente aberta o suficiente para lhe entender de fato, para lhe escutar, aprender contigo e também lhe ensinar.
Você explicou para Jaemin sobre a bruxaria natural, sobre ervas, superstições, ensinou-lhe sobre vidas passadas; ele lhe ensinou sobre a Bíblia, sobre como era importante saber interpretá-la — coisa que ambos, por incrível que pareça, concordaram que o clero não fazia bem. Ele lhe ensinou sobre mil e uma pequenas coisas que aquele cérebro foi atrás de buscar.
Ele contou sobre o seu Deus, e você, sobre os seus Deuses, sem que nenhum precisasse atacar ou repudiar o outro.
Você aconchegou-se sobre o peitoral do rapaz, apoiando sua mão sobre seu peito e o vendo descer e subir pela respiração calma, e se lembrou também da primeira vez que se beijaram, de como Jaemin não entendia porque estava tão agitado, porque gostaria tanto de descer aqueles beijos para o resto de seu corpo. "Me desculpe, mas dessa vez você vai ter que confessar que isso é feitiçaria", ele havia brincado no dia, afinal, sua família nunca havia lhe ensinado o que era desejar alguém, e ambos, sem dúvidas, a cada dia que passava, se desejavam mais e mais.
No primeiro dia que tiveram uma relação sexual, você se lembra de como havia sido belo a primeira vez para ambos, como aqueles lábios descendo por seu pescoço eram gentis, como suas mãos decoraram cada curva do abdômen do moreno e sentiram o tecido macio de sua calça ao ajudá-lo a retirá-la. Você se lembra do arrepio do seu corpo enquanto seu vestido simples e branco fora delicadamente posto ao lado da cama, e dos olhos profundamente hipnotizados de Jaemin analisando cada parte desnuda sua. Lembra daquele toque por sua virilha, da forma como suas mãos se entrelaçaram enquanto ele adentrava seu corpo, com baixos arfares, lembra de suas testas suadas e da forma como, exatamente como agora, havia descansado sua cabeça próxima ao seu coração.
Você também se lembra do surto que o rapaz teve na manhã seguinte, pedindo perdão a Deus por ter quebrado seu voto de ter relações sexuais apenas após o casamento. E da forma como foi difícil fazê-lo entender que não havia nada de errado com aquele ato natural e belo que haviam feito, e feito com amor.
Você também se lembra de concordar em casar com ele algum dia, o que era extremamente irônico: você tendo um casamento católico? Mas ele também havia lhe ensinado a achar beleza em certos rituais daquela religião.
— Hm — Você escutou Jaemin murmurar, abrindo seus olhos lentamente, e lhe fazendo se afastar um pouco daquele mar de pensamentos que havia lhe inundado — Bom dia, meu bem — Ele sussurrou de forma rouca, sorrindo para sua face próxima.
— Bom dia, meu bem — Você repetiu, depositando um rápido selar sobre seus lábios.
E por Deus, e pelos Deuses, você desejou que jamais o perdesse.
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momo-de-avis · 2 months
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Sugestões de livros
Fica aqui para que parem de me mandar ask. Notem que isto não é só coisas que eu li, são também sugestões de colegas e amigos que confio muito.
Reis e rainhas:
Toda a coleção da Temas e Debates de biografias de reis e rainhas
Rainhas Medievais de Portugal de Ana Rodrigues de Oliveira
As Avis, Joana Bouza Serrano
História de Portugal Geral
História de Portugal tanto do Rui Ramos como do José Mattoso, sendo o segundo da Círculo de Leitores portanto só se consulta em biblioteca e sao livros de cabeceira
Grandes Mistérios da História de Portugal, Fátima Mariano
História, Arte e Literatura, Diogo Ramada Curto
História Global de Portugal (autores Vários)
Portugal na Idade Média, Sérgio Luís de Carvalho
História da Vida Privada em Portugal, José Mattoso (vários volumes por épocas, só estou familiarizada com a Idade Medieval)
Breve História de Portugal / Brevíssima História de Portugal (são 2 livros distintos) A. H. de Oliveira Marques
Al-Andalus
Fath Al-Andalus, Marcos Santos
Lisboa Árabe, Sérgio Luís de Carvalho
Portugal na Espanha Árabe, António Borges Coelho
Cristãos Contra Muçulmanos na Idade Média Peninsular, Carlos de Ayala e Isabel Cristina F. Fernandes (Coord.)
História Judaica e Inquisição
História dos Judeus Portugueses, Carsten L. Wilke
Judeus Portugueses, Esther Mucznik
A Perseguição Aos Judeus e Muçulmanos de Portugal - D. Manuel e o Fim da Tolerância Religiosa (1496-1497), François Soyer
Lisboa Judaica, Sérgio Luís de Carvalho
Inquisição e Cristãos Novos, António José Saraiva
História da Inquisição Portuguesa, Giuseppe Marcocci e José Pedro Paiva
História de Lisboa
Rainha dos Mares (Queen of the Sea em inglês), Barry Hatton
Lisboa Desconhecida e Insólita, Anísio Franco
História Gastronómica de Lisboa, Manuel Paquete
Lisboa em 10 Histórias, Joke Langens
Lisboa Revolucionária, Fernando Rosas
Lisboa no Liberalismo, Victor de Sá
Lisboa Manuelina, Helder Carita
Caminhar por Lisboa, Anísio Franco
Segredos de Lisboa, Inês Ribeiro e Raquel Plicarpo
Diário de um Viajante a Lisboa, Henry Fielding
Era das Luzes
O Marquês de Pombal e a sua Época, J. Lúcio de Azevedo
Século XIX
1808, Laurentino Gomes
A Republicanização da Monarquia, Maria de Fátima Bonifácio
Século XX
O Século XX Português (Vários autores)
Portugal Entre a Paz e a Guerra, 1939 - 1945, Fernando Rosas
Curiosidades, assuntos específicos e tópicos nicho:
Portugal Insólito, Joaquim Fernandes
História Global da Alimentação (Vários autores)
Quinas e Castelos, Miguel Metelo de Seixas
They Went to Portugal, Rose Macaulay
Heroinas Portuguesas, Fina d'Armada
O Pequeno Livro do Grande Terramoto, Rui Tavares
(Des)colonização e raça:
Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Isabel Castro Henriques
Portugal e o Século XX: Estado-Império e a Descolonização, Fernando Tavares Pimenta
Lisboa Africana, Sérgio Luís de Carvalho
Um Mar da Cor na Terra, Miguel Vale de Almeida
Ecos Coloniais: Histórias, Patrimónios e Memórias, de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto
Caderno de Memórias Coloniais, Isabel Figueiredo
Escravidão, Laurentino Gomes
"Modo Português de Estar no Mundo": O luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961), Cláudia Castelo
Outras cidades:
Porto Insólito e Desconhecido, Germano da Silva
Cascais, Raquel Henriques da Silva
Qualquer livro da Scala sobre qualquer palácio público, inclusive os da Parques Sintra (Mosteiro dos Jerónimos, Palácio da Pena, Palácio da Vila, Mosteiro de Alcobaça que eu tenha)
vou atualizando à medida que vou descobrindo livros por aí
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