Tumgik
#gritos do passado
tecontos · 6 months
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Viajei pra descansar, mas voltei mais cansada de tanta rolada que ganhei (Dez-2023)
By; Eveline
Me chamo Eveline, tenho 25 anos e a história que vou contar aconteceu comigo no ano passado.
Fui passar alguns dias em outro estado visitando uma amiga, falei com ela que precisava respirar outros ares, descansar e curtir um pouco, pegar uma praia.
Tomei um banho para relaxar e sentei pra comer alguma coisa enquanto descansava da longa viagem. O celular vibrou e era uma mensagem da irmã mais nova da minha amiga, chamando para irmos a um barzinho que pelo visto elas sempre vão.
Minha amiga me disse: Menina, hoje a noite não será para descansar.
Tá né, coloquei um vestidinho justo que marcava todo o corpo e fomos.
O lugar era bem legal, havia pessoas bonitas dançando ao som de um belo cantor, negro, barba bem feita, alto e com uma voz muito gostosa de se ouvir. Não conhecia a música mas só de ver ele cantando a buceta molhou de tesão .(rsrs)
–Agora me animei ainda mais
O barzinho servia uns drinks bem legais e eu logo pedi uma Caipirinha de maracujá.
Fui até o palco e comecei a dançar, ainda um pouco tímida, mas não iria perder a oportunidade de mostrar ao Vocalista meu vestidinho preto meio transparente que dava pra ver um pouco dos meus peitos no reflexo da luz. Minha amiga e sua irmã estavam em uma mesa perto do balcão do bar e a cara delas já dizia que a noite terminaria em putaria kkkk . Rolou um intervalo para os músicos beberem uma água e foi aí que o vocalista passou por mim e com um sorriso me disse:
- belos vestido, é a primeira vez que vejo a dona dele por aqui.
Eu quase agarrei aquele Deus, mas me segurei enquanto ele caminhava na direção do bar, eu continuei dançando ao som do DJ . Minha amiga me abraçou e toda animada disse aos gritos já que o som estava alto.
- Vem que quero te apresentar uns amigos.
Ela me falou isso com uma cara de safada. Chegando ao balcão do bar ela que era amiga da banda que estava se apresentando foi logo dizendo:
Meninos essa é a minha amiga irmã a Eveline, voltando para o vocalista ela diz, maninha quero te apresentar meu amigo. O deus negro de barba me deu um abraço e falou:
- prazer, sou Theus, e é um prazer ter você aqui prestigiando nosso show.
Eu: - prazer é todo Meus Theus! (piadinha besta eu sei, mas valeu umas risadinhas ali) Parabéns pelo repertório e pela linda voz, está sendo um prazer poder ouvir sua banda.
Ele me deu um beijo no pescoço e sussurrou:
- ”O prazer é todo meu e mais tarde será seu também”*
– Caralhoooo, além de negro, alto, barbudo e tatuado ainda tem uma voz excitante pra caralho.
A gente não tirava os olhos um do outro um minuto se quer, enquanto ele cantava eu bebia e dançava, o tesão tomou conta de mim de um jeito, que já não via nada a minha volta, minha amiga, sua irmã e seus namorados estavam se pegando em algum lugar escurinho dentro da casa. Theus cantou a última música da noite agradeceu a presença de todos, desceu do palco e veio na minha direção, senti um fogo arder dos pés até a ponta do meu grelo, que já estava escorrendo de tanto tesão. Me pegou pela cintura e me beijou. Na hora senti seu pau crescer por baixo da calça e a sarrada dele na minha bucetinha me fez pensar. QUE PEGADA FOI ESSA?!?!
Dali fomos até o carro dele. Mal encostamos no carro e ele me colocou contra a porta do carro, entrelaçou os dedos nos meus cabelos, arrepiou até a alma. Me pegou em um beijo quente e saboroso, seus lábios eram bem macios e encaixavam perfeitamente nos meus, senti sua mão descer sobre meu vestido até a minha bucetinha que estava prestes a inundar de tanto tesão que ele me deixou.
– tão molhada, quero sentir seu gosto.
Me penetrou com seus dedos, me sentindo escorrer entre eles e os colocou na sua boca sentindo o meu gostinho, depois me beijou para que eu pudesse me deliciar com ele. Passei minha mão por todo o corpo dele, coloquei minhas mãos por dentro da sua camisa para sentir aquele corpo quente que estava prestes a me ter de todas as formas possíveis! Senti os arrepios dele ao meu toque, desci uma das mãos até a entrada do zíper, olhei nos olhos dele, mordi o lábio e sussurrei
– Acho que ele quer sair.
Aquele volume grande e grosso aos poucos foi se mostrado para mim, mal cabia nas minhas mãos. Sentei no banco de trás do carro dele, coloquei o pau dele todo para fora e apreciei todo aquele pau gostoso com a cabeça grande e molhada.
Um maravilhoso pau, passei minha língua por lodo o cumprimento dele, suguei aquele pau que quase não cabia na minha boquinha deixando ele todo babado e o masturbando com a minha mão, ouvindo os gemidos de tesão. Ele susurrava
- assim, vai! Chupa. Que delícia, minha putinha.
Com uma das mãos segurou meu cabelo e bateu na minha cara com aquele pau e o colocou outra vez na minha boca e me fodeu até me engasgar no seu pau, amei aquilo
- Vamos sair daqui, quero te comer.
Fomos até a casa da minha amiga, ela não tinha hora pra voltar, por isso me deixou com uma cópia da chave, fui até lá com o pau dele em minha boca, uma delícia.
Entramos em casa e ele já me colocou de 4 no sofá, me deu uns tapas na bunda, colocou a calcinha de ladinho e passou a língua na minha buceta e no meu cuzinho.
Sugou meu grelo com tanta vontade que estremeci na hora! Enquanto me chupava ele penetrava meu cuzinho com o polegar gigante dele, penetrando bem gostoso me fazendo gemer e ficar cada vez mais molhadinha.
Adoro anal e fazer com quem sabe é uma delícia, e vi que ele sabia o que estava fazendo então pedi.
- Come meu cuzinho primeiro!
Ele apertou minha bunda quando falei isso me deu um belo tapa e respondeu:
- vou te comer de todas as formas, minha putinha.
Gemi de tesão com aquelas palavras.
Ele se posicionou atrás de mim e brincou massageando minha bucetinha e meu cuzinho com o pau dele, colocando bem devagar no meu cuzinho enquanto eu gemia de tesão por ele e me masturbava para ele que gemia a cada centímetro dentro do meu cuzinho apertado. Apertando e arranhando minhas costas e bunda ele sabia perfeitamente o que estava fazendo. Começou a me foder gostoso enquanto eu gemia de prazer, que delicia. Que pau gostoso…
- Tá gostando minha putinha!? Quer mais?
Deitei a cabeça sobre o sofá e olhando para ele respondi
- “quero que me foda toda!”
Ao ouvir aquelas palavras ele me fodeu ainda mais, socando forte no meu cuzinho apertado me fazendo gemer a cada estocada que ele dava.
- Hoje você é minha putinha e eu vou fazer o que eu quiser contigo.
- Então mostra como se faz com uma putinha - pedi a ele.
Ele me levou até a cama em seu colo, me colocou de frente para ele, pude ver sua cara safada, me olhando enquanto me fodia, apertando meu pescoço gostoso enquanto me comia. A posição era frango assado mas ele ainda fodia meu rabo, alisando meu grelo, me fazendo gemer e se agarrar a cama, como uma louca.
- Vou gozar, não para. Continua - eu dizia já aos gritos.
Nossa gozei litros rsrs foi uma explosão deliciosa, minhas pernas tremeram por alguns segundos. Minha buceta implorava por ele que não resistiu ao vê-la piscando e logo me fodeu deliciosamente me fazendo gozar ainda mais.
- Isso putinha, goza pra mim vai.
Bateu com o pau no meu grelo, agora sensível e não resisti em soltar um leve grito seguido de um gemido intenso! Ele abaixou meu vestido na frente deixando meus peitos, totalmente amostra, chupando enquanto me fodia toda. Foram estocadas intensas até ele tira o pau pra fora com um jato quente que me melou inteira, no rosto até a bucetinha, em seguida me colocou pra limpar todo o pau dele que estava cheio de porra, eu lambia e sugava enquanto massageava suas bolas.
Assim começou meus dias de descanso na casa da minha amiga, iria ser 5 dias de descanso, virou 5 dias de muita rolada, voltei pra casa arrebentada, ardida, mais cansada do que quando fui e muito mais feliz.
Enviado ao Te Contos por Eveline
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dreamwithlost · 3 months
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POR DEUS E PELOS DEUSES
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Jaemin x Reader
Gênero: Medievalzinho
W.C: 1.5k
Avisos: Inquisição, Insinuação de sexo
ᏪNotas: Essa história surgiu baseada em uma personagem fav que eu tinha em um RPG de texto com duas amigas, e apesar de ser um pouco diferente do que eu normalmente trago (afinal é algo medieval e mais narrativo) espero MUITO que vocês gostem, pois ela tem um espaço especial no meu coração 😭 Eu juro que vale a pena família. Então boa leitura a todos! Beijinhos 😘
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📌 [Inglaterra, meados de 1600]
Você ainda se lembrava do calor do fogo tocando sua pequenina face, da dor que sentia em sua garganta a cada grito seu que ecoava pelos quatro cantos do reino, das mãos de seu pai tentando lhe segurar com toda a força do mundo em seu colo, lhe impedindo de correr até sua mãe, que estava sendo levada para a grande fogueira no centro dos comércios. Você se lembrava dele correndo floresta adentro com você, de seu vestidinho branco encharcado pelas lágrimas do mais velho, apesar de seus lábios ainda pronunciarem repetidas vezes um "está tudo bem, pequena, está tudo bem". Já haviam se passado quinze anos desde aquele dia, e agora, com dezenove anos, tendo perdido seu pai para uma enfermidade, parecia que você finalmente havia entendido o porquê de pessoas como você nunca deverem sair da floresta.
Você só não entendia ainda o que significava ser você. O que isso quer dizer? O que havia de tão errado em cuidar da natureza? Em preparar um chá com erva-cidreira que tanto lhe ajudava em suas tosses? O que você estava fazendo de tão errado?
Sua mãe nunca teve tempo de explicar nada disso, e seu pai não possuía todos os conhecimentos dela, mas, sem dúvidas, ao menos lhe explicou sobre o amor.
E agora, enquanto estava deitada em sua cama, desnuda e coberta apenas pelos lençóis brancos, admirar o rosto pacífico e belo do filho do clero ao seu lado, fazia com que seu coração sentisse a exata mesma emoção que seu pai tantas vezes descrevera sentir por sua mãe.
A diferença era que ele havia se apaixonado por uma "bruxa", e você, por aquele que havia sido destinado a matá-las.
Mas você sempre soube que Jaemin era diferente de seu pai, o sacerdote de alto escalão do reino.
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— Socorro! — você havia escutado ressoar entre os arbustos próximos à sua cabana florida, um som que por um tempo tentou ignorar, se escondendo entre sua pequena plantação que estava a regar.
Aquela era a principal regra de seu pai: jamais, jamais ajudar um estranho. Foi assim que sua mãe teve o seu trágico fim.
Mas aquele sentimento altruísta havia sido passado fortemente pela sua genética, e não demorou muito para que você ousasse se aproximar, ainda que escondida pelas árvores.
Você observou o rapaz caído em meio à grama alta, sentado encostado em uma grande árvore enquanto apalpava seu tornozelo. Você congelou naquele momento, não pelo medo da situação, mas sim por perceber que era um homem e que ainda carregava uma pequena e brilhante cruz em seu pescoço.
Você não temia de fato a cruz, mas sim aqueles que a carregavam.
Mas, por algum motivo, ao analisar aquele rosto tão divino, de feições delicadas e gentis, você não sentiu medo; apenas puxou o seu capuz para cima da cabeça e se aproximou.
— Você está bem? — Você exclamou, permitindo que finalmente fosse vista.
— Eu fui atacado por uma cobra — Ele explicou em um tom baixo, um pouco receoso com a imagem encapuzada à sua frente, mas fraco demais para se rebelar.
— Você estava caçando? — Questionou, afinal, se aquele fosse um caçador, você deveria deixá-lo pagar o seu karma, não é?
— Não — Ele murmurou. — Vim apenas passear um pouco, antes de ir para a igreja.
Você sentiu um arrepio descer de suas costas até o dedinho do pé ao finalmente reconhecer aquele homem. Você já havia o visto antes. Como não havia percebido? Como não havia notado Jaemin, o filho do maldito clero?
Demorou para que uma resposta saísse de seus lábios, perdida entre o medo e a raiva que lhe atingiram. O que você estava pensando em fazer? Ajudar o filho daquele que assassinou a sangue frio a pessoa que mais lhe amou em toda sua vida?
— Você pode me ajudar? Por favor? Me leve a algum médico — o moreno murmurou, seus lábios começando a ficarem pálidos devido ao veneno.
Você deu alguns passos para trás e sentiu a brisa forte atingir sua face, removendo de sua cabeça o capuz que lhe cobria antes que pudesse ousar virar-se de costas e sair de perto daquele rapaz.
Você sabia que ele lhe reconheceria. Todos sabiam da aparência da filha da bruxa. Então, se sentiu paralisada mais uma vez, temendo por sua vida, por mais incapacitado que Jaemin estivesse. Mas, para sua surpresa, as primeiras palavras que saíram da boca dele não foram de ódio:
— Você... Você é um anjo? — Ele indagou, estupefato com sua beleza. Você sentiu os olhos castanhos dele voltarem a brilhar com um pouco de vida, cintilando diante da imagem da bruxa.
— Sem dúvidas não — Você não pôde evitar responder após uma curta risada.
— Você... É uma bruxa? — Ele tentou novamente, mesmo que, para sua surpresa, seu olhar continuasse radiante.
E então, antes que sua resposta pudesse transparecer, você viu o rapaz fechar seus olhos lentamente e deslizar para o lado, tombando no chão após o desmaio.
— Não — Você sussurrou, olhando o enfermo. — Eu sou só uma garota, e você, apenas um garoto — explicou para si mesma e para a natureza ao seu redor, sabendo o que deveria fazer.
Você o carregou com certa dificuldade para dentro de sua cabana, que não estava distante, e o deitou sobre seus lençóis, correndo para a pequena cozinha logo em seguida, separando algumas ervas e óleos que havia espalhados por todas as prateleiras e bancadas de madeira do recinto, sabendo sobre a possível cobra que havia atacado o moreno — era a mais comum pela região — e como poderia ajudá-lo, afinal, seu pai uma vez também já fora picado por ela.
Você estava determinada em ajudar o filho do clero e, por incrível que pareça, não sentia mais medo daquela afirmação, como se fosse seu destino desde o início salvá-lo.
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Desde aquele dia que se conheceram, você e Jaemin não se largaram mais, inundados por aquela curiosidade de mundos tão diferentes, apeoveitando cada pequena fugidinha que o rapaz dava de sua família. Não era como se ambos não possuíssem medo um do outro, mas, com o tempo, foram aprendendo que nenhum dos dois era como estavam imaginando. Foi incrível para você encontrar alguém com a mente aberta o suficiente para lhe entender de fato, para lhe escutar, aprender contigo e também lhe ensinar.
Você explicou para Jaemin sobre a bruxaria natural, sobre ervas, superstições, ensinou-lhe sobre vidas passadas; ele lhe ensinou sobre a Bíblia, sobre como era importante saber interpretá-la — coisa que ambos, por incrível que pareça, concordaram que o clero não fazia bem. Ele lhe ensinou sobre mil e uma pequenas coisas que aquele cérebro foi atrás de buscar.
Ele contou sobre o seu Deus, e você, sobre os seus Deuses, sem que nenhum precisasse atacar ou repudiar o outro.
Você aconchegou-se sobre o peitoral do rapaz, apoiando sua mão sobre seu peito e o vendo descer e subir pela respiração calma, e se lembrou também da primeira vez que se beijaram, de como Jaemin não entendia porque estava tão agitado, porque gostaria tanto de descer aqueles beijos para o resto de seu corpo. "Me desculpe, mas dessa vez você vai ter que confessar que isso é feitiçaria", ele havia brincado no dia, afinal, sua família nunca havia lhe ensinado o que era desejar alguém, e ambos, sem dúvidas, a cada dia que passava, se desejavam mais e mais.
No primeiro dia que tiveram uma relação sexual, você se lembra de como havia sido belo a primeira vez para ambos, como aqueles lábios descendo por seu pescoço eram gentis, como suas mãos decoraram cada curva do abdômen do moreno e sentiram o tecido macio de sua calça ao ajudá-lo a retirá-la. Você se lembra do arrepio do seu corpo enquanto seu vestido simples e branco fora delicadamente posto ao lado da cama, e dos olhos profundamente hipnotizados de Jaemin analisando cada parte desnuda sua. Lembra daquele toque por sua virilha, da forma como suas mãos se entrelaçaram enquanto ele adentrava seu corpo, com baixos arfares, lembra de suas testas suadas e da forma como, exatamente como agora, havia descansado sua cabeça próxima ao seu coração.
Você também se lembra do surto que o rapaz teve na manhã seguinte, pedindo perdão a Deus por ter quebrado seu voto de ter relações sexuais apenas após o casamento. E da forma como foi difícil fazê-lo entender que não havia nada de errado com aquele ato natural e belo que haviam feito, e feito com amor.
Você também se lembra de concordar em casar com ele algum dia, o que era extremamente irônico: você tendo um casamento católico? Mas ele também havia lhe ensinado a achar beleza em certos rituais daquela religião.
— Hm — Você escutou Jaemin murmurar, abrindo seus olhos lentamente, e lhe fazendo se afastar um pouco daquele mar de pensamentos que havia lhe inundado — Bom dia, meu bem — Ele sussurrou de forma rouca, sorrindo para sua face próxima.
— Bom dia, meu bem — Você repetiu, depositando um rápido selar sobre seus lábios.
E por Deus, e pelos Deuses, você desejou que jamais o perdesse.
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pips-plants · 2 months
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Task 03: Defeito fatal
Era curioso como, mesmo com os ânimos à flor da pele entre os filhos da magia, a conselheira do chalé de Hécate mantinha-se firme em sua missão incumbida: proteger o acampamento.
No início Pietra acreditava que não tinha magia, foram meses sem saber porque era tão diferente dos irmãos e não era capaz de desenvolver qualquer fagulha mágica por si só sem acabar se machucando. Eram treinamentos e mais treinamentos que a levavam a enfermaria com enxaquecas enlouquecedoras ou narizes sangrando. Após muito sofrimento, descobriu o motivo: ela possuía o dom de 'espelhar' magias já realizadas. A partir daí, buscou ajuda dos irmãos, dedicando-se a treinamentos diários e a vasculhar meios de conseguir novas paginas de grimórios. Ela só sabia que queria ser como os irmãos, queria ser merecedora da sua vaga no chalé de Hécate e com isso ser capaz de se transformar em uma verdadeira filha da magia.
Anos se passaram aprimorando seus poderes e expandindo seu próprio grimório, até alcançar uma posição de destaque dentro do grupo. Para eles, a magia não era apenas um capricho; era uma dádiva que protegia quem amavam e mantinha a barreira do acampamento segura. Mais do que isso, eram incumbidos dos meios para identificar e corrigir ameaças além do alcance de semideuses comuns. Durante a vida foram diversas missões de resgate, foram inúmeras vezes que Pietra esgotara sua magia para conseguir proteger os campistas e mais ainda as vezes que usou seus conhecimentos para dar uma forcinha em alguma outra coisa...
O problema foi que depois do evento feito por Afrodite ela se sentia como se um caminhão tivesse passado por cima de si. Não importava quantas vezes já tinha feito uma magia antes ou se tinha seguido exatamente o que o grimório dizia, sempre algo saía pela culatra e ela acabava sendo acertada por algo ou algum objeto perto explodia. E antes que ela acabasse sendo gravemente ferida a Venancio preferiu se afastar e focar suas forças em estudar mais sobre o que tinha acontecido, tinha que entender o que poderia ter causado um surto nos filhos da magia e como evitar serem afetados futuramente. Ela não podia permitir ser derrotada por algo que havia dedicado mais da metade de sua vida para domina! Sentara horas a fio na biblioteca para tirar algo dos escritos, levava consigo livros antigos de seu chalé e ia montando um mapa mental na tentativa de decifrar o elo de ligação... Porém sem nem mesmo perceber seu corpo novamente amoleceu sobre suas incontáveis anotações.
Não haviam gritos ou o desespero que permeava os colegas do lado de fora, só que isso não impediu a magia entremear os livros e atingir o corpo inerte de Pietra. Novamente estava no meio da visão que o grimório de Hécate tinha lhe dado
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TW: TORTURA, VIOLÊNCIA, ESTRANGULAMENTO, MORTE
Os passos de Pietra eram lentos ao emergir da floresta, o ar parecendo recusar-se a encher seus pulmões diante do caos que tomava conta do acampamento. O fogo rugia alto, devorando chalés inteiros, e os gritos raivosos dos semideuses se misturavam ao som de seu nome sendo clamado com ódio. A figura de Yasemin, empunhando uma espada ameaçadora contra ela, era assombrosa. Ao tentar virar para escapar, seu corpo foi brutalmente contido por uma figura imponente, que arrancou seu grimório com violência.
"Não adianta fugir, Pietra. Você precisa enfrentar as consequências do que causou", disse a voz firme, seus olhos encontrando os de Hektor com incredulidade. A voz não saía da garganta da filha de Hécate, enquanto pouco a pouco um grupo se reunia ao seu redor: Aidan, Joe, James, Fahrie, Aslan... Todos aqueles que ela amava profundamente, agora gritavam e desferiam golpes contra a pequena filha de Hécate, indefesa e incapaz de se defender. Lágrimas quentes escorriam por seus olhos quando seu cabelo foi puxado para impedi-la de escapar, a partir dai foram ossos quebrados e o sangue marcando seu corpo ferido...
"Ela é minha" ecoou uma voz grave, impregnada de uma dor profunda, apertando ainda mais seu peito. Kit avançou na direção do corpo caído de Pietra e, apoiando um joelho no chão, envolveu seu pescoço com mãos enormes, sufocando-a com toda sua força. Mesmo lutando desesperadamente para se libertar, Pietra logo percebeu que não havia escapatória. "Isso é pelo Fly" Ela cogitou gritar sua inocência, mas o estalo que ecoou foi o ponto sem retorno. Todos ali pareciam indiferentes à brutalidade do momento; na verdade, alguns até pareciam saciados com seu sofrimento. Trocaram sorrisos cínicos entre si antes de virarem as costas e afastarem-se, como se tivessem acabado de testemunhar a morte de Pietra.
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O grito dilacerante irrompeu dos lábios de Pietra, ecoando pelos corredores silenciosos da biblioteca. Ela se ergueu abruptamente, o coração martelando no peito descontrolado enquanto o ar parecia faltar aos pulmões. As sombras dançavam ao redor, ampliando a sensação de solidão que a envolvia.
A respiração entrecortada se misturava ao soluço desesperado que escapava de seus lábios trêmulos. As mãos tremiam violentamente enquanto secava as lágrimas e tentava processar o que acabara de acontecer. A imagem vívida e assustadora ainda dançava diante de seus olhos, como se o pesadelo tivesse ganhado vida! "Era tão real..." murmurou entre soluços, enquanto a sensação de abandono e desamparo continuava a apertar seu peito com garras. Pietra tentava se acalmar e reunir coragem para enfrentar a realidade, mas a sensação de estar à beira de um abismo sem fim persistia, como se cada sombra ocultasse solitária.
A solidão naquela biblioteca se tornara sufocante, a solidão era não apenas física, mas também emocionalmente opressora. A morena agarrou suas coisas o mais rápido o possível, tentando se convencer de que aquilo tinha sido apenas um sonho, uma manifestação de tudo o que estava acontecendo... Porém ao sair do local pode perceber que o que tinha vivenciado não era exclusivo seu: A vulnerabilidade estava crua em toda feição dos semideuses que encontrava.
Semideuses citados: @misshcrror, @aidankeef, @jamesherr, @opiummist, @leaozinho, @kitdeferramentas, @somaisumsemideus e @fly-musings
@silencehq
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jamesherr · 2 months
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. POV › remember me ¦ task 03
❝ Sólo con tu amor yo puedo existir. Recuérdame. ❞
tw: menção à morte em batalha
James encontrava-se no coração do Acampamento Meio-Sangue quando a escuridão súbita o envolveu. Seus joelhos cederam ao chão, como se uma força invisível o puxasse para baixo, enquanto seus olhos, normalmente vibrantes de vida, se tornaram opacos e sem brilho. Veias negras como sombras surgiram em seu rosto, testemunhas da maldição lançada pelo Traidor da Magia. A mente de James, mergulhada em um abismo de memórias irreais, foi catapultada para o pior cenário que poderia imaginar.
Ele se viu durante um ataque no Acampamento Meio-Sangue, onde todos os seus amigos mais próximos estavam ao seu lado, batalhando juntos. James é conhecido por possuir uma intensidade emocional que gerava uma lealdade cega, fazendo-o superar seus medos e a própria covardia. Era o seu defeito fatal, que o levou a agir sem ponderar as consequências, sem se lembrar que era fraco e inexperiente. Um ataque surpresa de um monstro do submundo havia deixado seus companheiros feridos e encurralados. James, consumido por uma mistura de medo e determinação, lançou-se de cabeça na batalha, protegendo-os com uma lealdade ardente que beirava a imprudência. Cada golpe desferido, cada grito de desafio lançado, era uma prova de seu amor incondicional por aqueles que considerava sua família.
Mas foi nesse frenesi de emoções desenfreadas que a tragédia se abateu. Um ataque sorrateiro de um monstro maior o atingiu pelas costas, deixando-o gravemente ferido e incapaz de proteger aqueles que jurara defender. A cena desdobrou-se diante dele como um filme distorcido, onde sua incapacidade de controlar suas emoções resultou na perda dos amigos que tanto amava. A dor de sua falha ecoava como um trovão em seu peito, uma cicatriz emocional que ele temia não conseguir jamais curar. E assim, consumido por seu próprio fogo interior e pelo amor aos que tanto amava, James fechou os olhos para nunca mais abri-los. A dor da solidão e do esquecimento era palpável, um eco de sua vida intensamente vivida, agora silenciada para sempre nos domínios dos deuses.
Enquanto o Traidor da Magia continuava a manipular suas visões, James se viu confrontado com seu maior medo: morrer sem deixar um legado verdadeiro, sem sentir o calor do amor genuíno de seus amigos e familiares. A sensação de desamparo era esmagadora, como se todas as suas emoções intensas fossem uma maldição que o isolava do mundo ao seu redor. A realização amarga de que sua própria intensidade emocional, tão frequentemente sua força e sua fraqueza, poderia levá-lo à ruína finalmente o atingiu como um golpe físico.
Enquanto a visão de sua morte desvanecia, um novo tormento surgiu. James viu Joseph e Pietra, seus melhores amigos, seguindo adiante sem olhar para trás, como se ele nunca tivesse sido parte de suas vidas. Joseph, agora líder de uma missão crucial no acampamento, dedicava-se com paixão aos desafios que surgiam, seus olhos fixos no horizonte sem um lampejo de lembrança de seu antigo companheiro de aventuras. Pietra, envolvida em estratégias de defesa com magia e treinamento de novos semideuses, compartilhava risos e conselhos sem um vislumbre da profunda conexão que um dia compartilharam.
Melis, a primeira amiga que fez no acampamento, agora sorria e compartilhava risadas com outros semideuses nos jantares ao redor da fogueira. A conexão especial que haviam compartilhado nos primeiros dias de James no acampamento parecia ter se perdido no tecido do tempo, uma lembrança distante que ela não mais reconhecia.
Fahriye e Estelle, as duas garotas que mais havia amado em sua vida, estavam felizes e realizadas em seus casamentos. Fahriye, com seus filhos brincando ao seu redor, e Estelle, dedicada à sua carreira e à comunidade semideusa, não tinham espaço em suas vidas para memórias dolorosas ou arrependimentos do passado. O amor que um dia compartilharam com o filho de Dionísio agora era apenas uma página virada em suas histórias pessoais. James passou a ser apenas um ex-namoradinho, sem grande significado na história das duas.
Charlotte, a nova amiga que ele ajudou a se abrir para o mundo, agora brilhava em festas e eventos, sua confiança crescendo a cada interação. Ela não percebia o vazio deixado pela ausência de James, que foi crucial em sua jornada de autodescoberta, focada em explorar novas amizades e oportunidades que se apresentavam a cada momento.
Evelyn e Brooklyn, seus irmãos mais próximos, mergulhavam em suas próprias vidas repletas de desafios e alegrias, cada um seguindo seus caminhos sem a presença consciente de James ao seu lado. Sua ausência no chalé doze sequer era sentida e foi facilmente substituído como líder do clube de teatro. Os membros da banda Tartarus Tragedy continuavam com seus shows e ensaios, Yasemin fazendo questão de conseguir outro para pôr em seu lugar. O ritmo frenético da vida musical obscurecendo as memórias de seu antigo empresário, agora ausente da cena que tanto amara.
E ainda tinha o seu pai. No meio do tormento de ver seus amigos seguindo em frente sem se lembrar dele, uma tristeza ainda mais profunda tomou conta de James. Ele pensou em seu pai, Dionísio. Sempre quis ter um pai presente, mas sua mãe nunca casou, e a distância entre ele e seu pai divino sempre foi grande. Dionísio não tinha uma relação ruim com ele, até atendeu alguns pedidos do semideus, mas nunca houve uma conexão verdadeira, uma intimidade que James tanto ansiava. No fundo, ele sabia que seria apenas mais um filho perdido entre os muitos que Dionísio teve ao longo dos milênios. A ideia de ser facilmente esquecido por seu próprio pai, alguém que deveria amá-lo incondicionalmente, perfurava seu coração como uma faca, deixando uma dor insuportável de ser lembrado apenas como mais um na vasta linhagem de filhos divinos.
Enquanto a visão se dissipava completamente, James sentiu o peso da solidão e do esquecimento, seu peito sendo tingido por uma tristeza profunda. A percepção dolorosa de que sua vida, sua paixão e seus relacionamentos estavam agora relegados ao passado ecoava dentro dele, um eco sombrio do que um dia fora sua existência vibrante. O coração de James se partiu em mil pedaços enquanto testemunhava o mundo seguir adiante sem ele, como se seu amor, suas lutas e seu sofrimento não tivessem deixado marca alguma. A dor era insuportável, um fogo que queimava sem consumir, enquanto ele percebia que seu sonho de formar uma família e ser amado intensamente estava se desvanecendo para sempre. O Traidor da Magia havia lançado não apenas uma maldição sobre ele, mas uma lembrança vívida de uma condenação eterna à solidão e ao esquecimento que o assombraria para sempre.
Quando finalmente retornou ao presente, James estava de joelhos, as lágrimas molhando todo o seu rosto. A dor e o desespero ainda latejavam em seu peito, uma ferida aberta que nenhuma batalha física poderia curar. Ele sabia, agora mais do que nunca, que seu maior desafio não era apenas sobreviver às ameaças do mundo dos semideuses, mas também encontrar um significado para sua vida que transcenderia o esquecimento inevitável que o aguardava.
@silencehq semideuses mencionados: @d4rkwater @pips-plants @melisezgin @opiummist @stellesawyr @thecampbellowl @evewintrs @mcdameb @misshcrror
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hadesdaughtwr · 27 days
Note
Oii, vi que você escreve pro Capitão Nascimento então decidi pedir porque preciso ler algo dele kajakakak. Pode fazer um que ele chega estressado em casa e começa a gritar, mas ai a leitora faz o melhor possivel pra acalmar ele. Eu tava pensando em algo como só segurar ele e fazer carinho, parece que ele precisa muito.
oi meu amor! faço sim!! te entendo, tô sobrevivendo a base de pov dele no tiktok hahahaha talvez eu tenha me empolgado um tiquinho kkkkk mas espero que você goste!! ele tava mesmo precisando de um abraço/carinho
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# cw: capitão nascimento x leitora. discussão, gritos, palavrão, menção de morte (nada gráfico), um pouco de angst, mas com final feliz entre os dois!! basicamente um hurt/comfort
# wc: 741 palavras
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depois de uma operação que levou um de seus colegas de trabalho e amigos morto, roberto chegou irritado e estressado em casa. naquela mesma semana vocês haviam discutido por roberto ser muito agressivo no trabalho e isso estar afetando o comportamento dele dentro e fora das operações.
na cabeça dele, ele estava normal e você que não entendia o que o bope cobra, que você era, de alguma forma, descolada da realidade por pedir que ele agisse com mais cautela e calma.
você, que estava sentada no sofá de casa, assistindo tv, só o observou chegando em casa, tirando os sapatos, indo ao banheiro, muito calado. não esperava que ele fosse se descontrolar tanto com o fraga falando sobre o bope – pra ser mais específica, sobre a operação que o beto havia comandado naquela tarde – a ponto de gritar com você.
"o que esse merda tá falando? ele não sabe de porra nenhuma que aconteceu hoje!", a voz dele já começava a mudar, o seu tom agressivo, trêmulo e mais alto.
"mas em um ponto ele tem razão, beto. você é, de fato, bruto até demais nas operações, você sabe disso, a gente já falou sobre isso.", não foi uma boa ideia ter retrucado a fala dele.
"mas que caralho?! você é outra que fala as coisas sem saber do que aconteceu. se eu sou agressivo, bruto é porquê é PRECISO, COMO EU VOU PROTEGER A PORRA DESSE ESTADO DE MERDA SE EU NÃO MATAR ESSES BANDIDOS?", a essa hora o volume da televisão já não estava tão alto.
"beto, não foi isso que eu quis diz-", ele logo interrompe, "E VOCÊ QUIS DIZER O QUÊ? HÃ? vai proteger vagabundo na casa do caralho, porra. eu chego em casa depois de uma operação desgraçada que matou um dos meus homens, achando que eu ia me acalmar, que eu só ia tomar banho e deitar com a minha mulher, mas não. meu deus, que dia de merda.", você ficou perplexa, sem reação até. não sabia que isso havia acontecido, você só tinha visto as críticas do fraga, não fazia muito tempo que você tinha chegado em casa pra ter pego a informação completa, nem tinha passado pela sua cabeça perguntar o que tinha acontecido pro seu marido.
"beto... eu... eu sinto muito, eu não sabia disso...", você diz com a voz quebrando. "claro que não sabia, mal falam disso e você não perguntou...", responde ele já olhando pro chão, sem jeito e com um nó na garganta.
"vem aqui, vem. me desculpa, amor, de verdade. eu deveria ter perguntado primeiro antes de julgar.", você se levantou, puxando ele para um abraço apertado.
beto, com o rosto enterrado no seu pescoço, mãos e braços circulando o seu corpo com força, começou a chorar e soluçar, seu corpo tremendo de desespero e dando solavancos.
"shh, shh, pode chorar, vai passar...", disse você enquanto fazia um cafuné no cabelo e carinho nas costas dele para tentar acalmá-lo. "eu só queria mudar esse sistema de merda, não queria mais ter que ficar nessa insegurança de perder homens, pensar se eu volto pra casa vivo ou não, se as pessoas vão conseguir ter uma vida boa, se você tá segura... me perdoa, me perdoa por não conseguir mudar essa merda.", a cada palavra solta, um soluço saia junto, até o choro se intensificar no final da frase dele.
"não pensa assim, beto, por favor. não foi você que criou esse sistema, você sabe que você sozinho não muda tudo, o problema tá enraizado, vida... você me protege, você é forte, eu sei que eu posso confiar a minha vida às suas mãos, você me provou isso. eu te amo e muito, isso não vai mudar".
os minutos se passam, vocês acabam indo pro quarto, ainda abraçados. beto demorou pra se acalmar, ainda soltava uns soluços avulsos, mas já havia parado de chorar. você murmurava o ritmo de uma canção pra mudar o foco da atenção dele, estava dando certo.
"eu sou muito sortudo por ter você do meu lado. muito obrigado, de verdade. eu te amo muito, meu amor.", ele murmurou tão baixo que quase saiu como um sussurro, logo pegando no sono.
ainda fazendo um cafuné leve, você respondeu um "não mais do que eu." baixinho para não acordá-lo, dando um beijo na testa, se aninhando mais a ele e se entregando ao cansaço do dia e do conforto do abraço do seu marido.
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deathpoiscn · 20 days
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𝐓𝐡𝐞 𝐯𝐢𝐥𝐥𝐚𝐢𝐧'𝐬 𝐦𝐢𝐧𝐝. ⸺ 𝖩𝗈𝗌𝗁 𝖶𝖾𝖺𝗏𝗂𝗇𝗀.
Várias coisas preocupavam Josh naquela ilha e a menor delas era o medo de Circe o transformar em porquinho da Índia. Para ser honesto, ele até preferia se isso fosse resolver de uma vez por todas os seus problemas. Conforme o dia de retornar se aproximava, mais ansioso o filho de Thanatos ficava. Sua mente estava a milhão, assim como as vozes que, graças a proteção da deusa, soavam mais baixas e fáceis de ignorar. Estava cansado de tudo aquilo, de toda aquela manipulação e a única forma de acabar com aquilo era fechando a fenda. Ao menos, era o que ele esperava e torcia para acontecer. A refeição foi interrompida pelas palavras de Circe que rapidamente conseguiu a atenção de todos os semideuses presentes, especialmente a dele. Descobrir que aquilo já havia ocorrido antes, que uma fenda já foi aberta e que uma guerra, tanto interna quanto externa, foi provocada pelos Deuses levou o filho de Thanatos a fechar os palmos em punho. Não evitou encarar a mesa onde os filhos dos três grandes estavam, mas ao invés de culpar cada um ali presente, ele apenas sentiu pena. Pena por serem filhos de três grandes idiotas de egos inflados que não eram capazes de resolver nada sem que milhares de mortais morressem assim como seus filhos. Seu olhar só mudou de direção quando ouviu a respeito do segredo, encarando Dionísio em busca de respostas assim como todos ali presentes. Mas era óbvio que ele não sabia, era esperar demais de um Deus como ele. Na verdade, a única coisa que poderiam esperar de um Deus, seja ele qual fosse, era apenas a destruição.
Dormir depois daquele jantar só foi possível devido a grande exaustão que ainda sentia pelos dias consecutivos sem dormir, mas os sonhos que tinha se tornaram mais vívidos e detalhados. Quando finalmente retornaram para o acampamento, Josh se preparou assim como os outros, ansioso para descobrir e também com receio de saber o que poderia sair dali de dentro. Ele só precisava ter em mente que nada seria real, assim como mostrado no jantar. Quando todos foram convocados a se reunirem frente a fenda, Josh buscou olhar em volta para saber mais ou menos onde as poucas pessoas que lhe importavam estavam. Queria ao menos ter uma noção de distância para eventuais necessidades para conseguir correr a tempo de ajudar. Não fazia mais parte da patrulha, mas o costume por ter pertencido a eles durante anos no passado o fazia agir e, mesmo a contra gosto, obedecer às ordens que conseguia ouvir dos filhos de Ares. Quando os filhos da magia iniciaram o ritual para fechar definitivamente aquele inferno, seus punhos se fecharam com força no cabo da foice, agora dividida em duas.
Não demorou para sentir a terra tremendo e ouvir o grito agudo saindo daquele abismo, ficando ainda mais nervoso diante do que poderia surgir. É tudo uma ilusão, não são reais. Repetia como um mantra em sua mente, mas quando a criatura surgiu, foi difícil manter aquele raciocínio diante de algo tão real. Era impossível deduzir que aquilo era só uma ilusão dada ao que via, se Circe não tivesse alertado e mostrado durante o jantar, facilmente se tornaria um dos campistas atacados naquele momento. Buscou reforçar para os outros que tudo aquilo não poderia ferir, até ajudou alguns a lutarem conforme eram atacados. Não os culpava, muitos ali não eram preparados, muitos ainda tinham o que aprender e muitos estavam vivenciando um ataque pela segunda vez em suas vidas. Quando o chão tremeu mais uma vez e com isso uma hidra surgiu da fenda, por um mísero segundo, quase cometeu o erro de esquecer novamente que aquilo tudo não era real.
Sua atenção acabou se voltando para os tios no instante em que os viu sendo atingidos pelo veneno da hidra, preocupado até tentou alcançar ambos, mas no meio do caminho ele simplesmente parou quando rolou a explosão. A magia vermelha não trouxe lembranças agradáveis, mas seu olhar pairou sobre o filho de Hécate assim que o mesmo levitou diante de todos. Então era ele o traidor? A resposta veio seguida de mais uma surpresa. Quem diria que uma filha de Circe também estava entre eles? Naquele momento podia sentir a raiva tomando conta de si após finalmente descobrir quem havia matado seu irmão. Só que seu ódio tomou outro rumo ao ouvir a voz de Hécate. Novamente eles eram os culpados. Chegou a cogitar se o pai não estava envolvido, afinal, com Hades no meio dificilmente Thanatos ficaria contra seus planos.
Ainda mantinha em mente que as duas criaturas não eram reais, isso o poupou de ferimentos, mas dada a tudo o que vinha acontecendo, apenas ficou parado tentando assimilar as informações. Quando as caçadoras chegaram e a luta retornou, ele até pegou novamente as foices e ajudou, mas a segunda explosão o deixou ainda mais desorientado. O zumbido no ouvido era pior do que as vozes gritando consigo, tanto que acabou levando as mãos até a região na falha tentativa de amenizar o incômodo. E como tudo o que tá ruim ainda pode piorar, os gritos de desperto tomaram conta do lugar, demorou para entender o que estava acontecendo até perder o equilíbrio e quase cair. Ele estava perto demais. Por um momento encarou os monstros sendo sugados, mas logo buscou ajudar os campistas pelo caminho enquanto lutavam contra aquela força que os puxava em direção à fenda. Novamente tudo ocorreu rápido demais.
Precisou de uma pequena pausa antes de ajudar os outros conselheiros na contagem dos campistas, quando constataram que seis haviam desaparecidos, ou melhor, foram sugados para o interior da fenda, não pode deixar de ficar preocupado. Por mais que não fosse tão próximo de todos, tirando Melis que sempre o enchia – mas ele gostava disso – e Tadeu mesmo com os atritos, ele conhecia o local onde provavelmente estariam. Não era seguro para convidados, quem dirá para intrusos, mas seus pensamentos a respeito foram interrompidos graças ao silencio. Não, não era o silencio vindo dos campistas, pelo contrário, dado ao caos do momento tudo ao redor era bem barulho, mas elas, as vozes, não falavam mais. Olhou em volta, chegou a caminhar alguns passos em direção ao local onde minutos atrás tinha um enorme buraco separando o acampamento, mas nada. Ele finalmente havia se libertado daquele tormento. Pelo menos, por enquanto.
@silencehq
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lottokinn · 2 months
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                        𝐓𝐀𝐒𝐊 𝟎𝟎𝟑: ──── DEFEITO FATAL + MAIOR MEDO ;
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❝ SILÊNCIO! O julgamento de Kinn Mayurin Narinrak irá começar. ❞
tw: assassinato e sangue.
Love estava acordada quando o alarme soou, pois raramente conseguia dormir naquelas circunstâncias. A insônia se tornou uma amiga em seu chalé. Antes dividindo o quarto com alguém, mas depois de se tornar conselheira, passou a ficar sozinha e era até mesmo um pouco solitário. Não gostava de ficar sozinha. Sua mente a punia incessantemente, revivendo cada erro, cada falha, cada momento sombrio de seu passado. Cada vez mais triste, ela mal se reconhecia. Quando o alarme soou, Love se levantou rapidamente, saiu com os leques pronta para mais uma batalha. Seu foco era ajudar, principalmente, aqueles que não conseguiam se defender sozinhos. Mas então, de repente, Love caiu de joelhos. Seus olhos esbranquiçaram, veias surgiram em sua face, e ela foi levada para uma visão.
Kinn se viu no acampamento, mas ele não era mais o ambiente familiar que conhecia. Os chalés e estruturas que outrora estavam bem cuidadas agora estavam em ruínas, tomadas pelo tempo e pela decadência. No chão tinha pilhas de entulho, a casa grande tomada pelo tempo, partes do telhado desabadas e vegetação selvagem crescendo por toda parte. Love estava acorrentada a uma parede próxima do anfiteatro, até que um semideus, filho de Nêmesis, apareceu e a soltou, arrastando-a para o centro do anfiteatro. Ao ser levada, ela notou como havia poucos semideuses ao redor. A maioria das figuras que avistava eram rostos familiares, mas distorcidos pela selvageria e desespero. Os olhos de seus amigos carregavam uma fúria primal, quase animalesca. Suas roupas estavam rasgadas e sujas, e a postura deles era agressiva, como se estivessem prontos para atacar a qualquer momento. Ela se sentiu apavorada.
Kinn observou as expressões endurecidas de cada rosto. A inocência haviam sido substituídas por desconfiança e ódio. Ela viu companheiros de batalha, agora com olhares vazios, como se a luta constante contra monstros e inimigos tivesse drenado o que restava de sua humanidade. Pode avistar Veronica, Kaito, Josh e até mesmo Sawyer e Natalia. E então começaram... Os gritos de seus amigos se iniciaram no momento em que ela foi levada para o centro do anfiteatro, interrompendo o silêncio com uma cacofonia de acusações. O que mais ouviu é que ela era um monstro. Kinn foi forçada a se sentar em um tronco de árvore, improvisado como um banco de réus. No centro, Quíron estava presente, também com uma aparência selvagem, como se tivesse se rendido completamente a parte animalesca. De longe, ela avistou uma figura encapuzada com um machado – um algoz. O coração começou a se acelerar no mesmo momento. Cercada, Love compreendeu que aquilo era um julgamento.
Ela olhou ao redor, seus olhos arregalados, vendo os rostos daqueles que considerava família contorcidos em expressões de ódio. "Você nunca foi uma de nós!", gritou uma voz familiar. "Traidora!", berrou outra, com a voz trêmula de indignação. Love sentiu as palavras como punhaladas. Cada acusação, cada insulto intensificava a sensação de culpa e inadequação. Ela queria gritar, queria se defender, explicar suas ações, mas a dor e a vergonha a mantinham calada. A filha de Tique sentia a garganta se apertando, como se uma mão invisível a estivesse sufocando, impedindo qualquer palavra de sair. A dor parecia justa, como se ela realmente fosse tudo aquilo que diziam.
Love se lembrou dos momentos de fraqueza, das decisões impulsivas, das noites em claro assombrada pelos rostos das pessoas que havia ferido. A voz de Quíron, límpida e severa, ecoava na mente dela, misturando-se com os gritos dos amigos. Você não merece o perdão e você merece cada pedaço dessa dor, disse para si mesma. Love baixou a cabeça, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto. Ela não podia negar seus erros, não podia apagar o passado. A angústia e o desespero estavam consumindo sua energia e Love sentia como se estivesse se afogando. Um lembrete cruel de suas falhas e de como havia desapontado aqueles que mais importavam para ela. Sentada, se sentiu pequena e indefesa do que jamais imaginara ser. Ela aceitou as palavras, a dor, como se fossem um castigo merecido, uma penitência pelo o que carregava dentro de si.
Quíron ergueu um pergaminho antigo e seus olhos, cheios de desapontamento, fixaram-se em Kinn enquanto ele começava a ler a lista de crimes. Cada palavra parecia pesar mais do que a anterior, carregada com o fardo de anos de decisões questionáveis e ações condenáveis.
— Caçar humanos. — Usar conhecimentos do acampamento para punição de mortais. — Homicídio de mortais. — Uso indevido dos poderes. — Envolvimento em lutas clandestinas. — Uso de drogas. — E o pior de todos: abandonar seus amigos quando mais precisaram dela.
O conhecimento que ela havia adquirido no acampamento, destinado a proteger e salvar, havia sido distorcido para infligir dor e medo. Ela havia quebrado a confiança sagrada usando seus dons para se tornar uma juíza, juri e carrasca. A lembrança das vidas que ela tirou emergiu em sua mente, cada rosto e cada momento gravados em sua memória. A culpa pesava em seus ombros como uma pedra, esmagando qualquer tentativa de defesa. Ela tinha sangue nas mãos, sangue que nunca poderia ser lavado. Kinn sabia que havia usado suas habilidades de maneira irresponsável, deixando-se consumir pela vingança e as origens de seu pai. Ela buscava uma maneira de escapar da dor e da confusão interna, mas acabou se afundando mais nas sombras. A violência se tornara um escape, um vício que a afastava ainda mais do caminho de redenção. E então um dia fugiu disso tudo e se enfiou no acampamento como se nada daquilo tivesse acontecido em sua vida. Tudo que Kinn havia feito foi enterrar bem fundo, colocando uma pedra em cima e evitando voltar naquele cemitério de memórias fingindo ter uma vida que nunca aconteceu.
Kinn sentia as lágrimas escorrendo pelo rosto, a dor e a culpa se misturando em um turbilhão de emoções que sequer sabia nomear. Ela olhou ao redor, vendo os olhares de seus amigos e companheiros, cheios de desapontamento e desgosto. As palavras de Quíron ecoavam em sua cabeça, e ela sentia cada acusação como uma sentença merecida. Mas então, Quíron parou, olhando para ela com uma expressão de pesar.
❝ ― No entanto, o seu pior pecado... ❞ — Ele disse, aquela pausa que pareceu durar uma eternidade. ❝ ― É o assassinato de toda a sua família. ❞
A revelação a atingiu como um soco no estômago. Kinn se lembrou na mesma hora. A cabeça doeu como se tivesse sido preenchida com uma avalanche de memórias. Ela lembrou das asas, das cicatrizes e feridas, da dor física e emocional que suportava. Em um momento de raiva, usou seus poderes para acabar com aquele tormento. As memórias começaram a emergir, quebrando as barreiras que sua mente havia erguido para protegê-la. Ela gritou enquanto a memória do que havia feito se desdobrava em sua mente.
Era uma noite de festa na fazenda da família Narinrak. O cheiro da comida caseira enchia o ar, misturando-se com o aroma das flores que adornavam as mesas. Risos e conversas alegres ressoavam ao redor. A memória se desdobrava como um pesadelo vívido. Os gritos começaram primeiro, altos e angustiados. O cheiro metálico do sangue enchia o ar, substituindo o aroma doce das flores. Kinn se viu coberta de sangue, suas mãos tremendo enquanto segurava os leques de batalha sujos do liquido escarlate. Ela se lembrava de olhar para si mesma no espelho, seus olhos arregalados de choque e horror. O reflexo mostrava uma figura irreconhecível. O cheiro do sangue era nauseante, enchia suas narinas e grudava em sua pele. Ela podia sentir o gosto de cobre na boca, sua respiração estava pesada e desesperada.
A memória era tão traumática que sua mente, em um esforço desesperado para protegê-la, havia reescrito os eventos. Por anos, Kinn acreditou fielmente que um ataque de monstros havia ceifado a vida de sua família. Mas agora a verdade irrefutável se desdobrava diante dela. Ela havia feito aquilo. Em um surto de raiva e desespero, ela havia tirado a vida de seus próprios familiares. As imagens de sangue, os gritos, o cheiro — tudo era obra sua. A realidade esmagadora a fazia sentir como se estivesse sufocando. O peso da realização a esmagava, e ela sentiu o mundo escurecer ao seu redor.
A tailandesa acordou com um grito estrangulado, os olhos arregalados e cheios de lágrimas. Alguém a segurava caída no chão, estava tremendo e desorientada. Suas palavras eram incoerentes, mas tentava murmurar pedidos de desculpa. Foi erguida com cuidado, mas sentiu as pernas falharem e Love Kinn se viu indo para a escuridão novamente enquanto seu corpo desacordado era levado para a enfermaria.
semideuses citados: @deathpoiscn, @mcronnie, @kaitoflames, @magicwithaxes e @windynwild.
@silencehq.
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marrziy · 7 months
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Tate Langdon x Male Reader
"Doente"
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• Série: American Horror Story - Murder House
• Personagem: Tate Langdon
• Gêneros: romance e terror/dark
• Sinopse: você está cansado das ameaças, das brigas por motivos idiotas, dos gritos e, principalmente, dos segredos. Apesar de estarem juntos, você sente que não o conhece. Mas, no fim das contas, a omissão é o que os une.
☢️ Avisos: morte, sangue, violência, "suicídio" (as aspas farão sentido) e relacionamento tóxico.
• Palavras: 1.5k
1° pessoa - passado
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Tate Langdon era um poço, e em suas profundezas existia algo profano, tão medonho e estranho que ele se sentia na obrigação de esconder.
Seus esforços em me afastar da verdade sombria diziam respeito às suas falhas tentativas de me manter por perto.
Ele afirmava ser melhor assim. Tate falava que tudo o que fazia era para o bem do nosso namoro.
Mas a verdadeira praga que nos afligia eram os seus segredos. Se o que ele omitia não rompesse com tudo, sua falta de confiança iria.
Nosso relacionamento era uma árvore em seu leito de morte; na ausência de folhas para o vento levar, com os frutos podres e as raízes sem a força que já tiveram... o que restava era aguardar a queda.
Mas após tanto desgaste, pegar um machado e acabar com o padecer de uma vez parecia muito mais apropriado.
Afoito, eu descia as escadas, ignorando a existência de alguns degraus, pulando vários deles para chegar mais rápido ao meu destino, que, no caso, seria qualquer lugar longe de Tate.
— M/n, espera! Por favor...
O loiro me seguia e eu fingia não o ouvir. Mas se tornou impossível ignorar os sentimentos quando ele me alcançou no hall de entrada, segurando meu pulso.
Seu toque me irritava, sua voz me magoava, o simples fato de ele existir ali, na minha frente, era o que me incomodava.
— O que você quer? – puxei meu braço para longe de suas mãos e enfrentei seu olhar marejado. — Já não fez o suficiente estragando o que a gente tinha?
Tate não era uma boa pessoa, eu sabia disso. Ele falava coisas esquisitas às vezes, algumas até compartilhávamos juntos, mas o limiar dos problemas trincava as pétalas, e as flores, que um dia foram belas, murchavam.
Mesmo com suas facetas ruins marcadas em mim, eu o amava, e proferir o contrário seria tão desonesto quanto afirmar que eu estou bem com essa situação.
— Você não quis dizer isso. – ele murmurou em um fio de voz. A respiração dele estava pesada, seu peito subia e descia sem uma pausa descente. As lágrimas escorreram e ele nem percebeu.
Eu conhecia muito bem esses sinais...
Tate vai explodir a qualquer momento, e eu poderia desencadear essa crise se prosseguisse com a discussão.
— Ah, eu quis sim! – me aproximei de seu corpo estático. — Eu não te conheço, Tate! Não sei quase nada sobre a droga do seu passado! Apesar de gostar muito dos nossos momentos juntos, eu não posso ficar com alguém que esconde as coisas de mim!
Eu era dependente dele.
— Porque eu sei que você vai me abandonar se descobrir, porra! E eu não conseguiria viver sem você... Entenda que isso é por nós dois!
Mas ele era muito mais dependente de mim.
A diferença é que estou tentando mudar, e Tate não conseguia.
— Se esse segredo é tão ruim ao ponto de poder me afastar de você, então por que não terminamos de uma vez?
— Você é a única coisa boa que já me aconteceu, eu não posso te perder! – Tate se aproximou, mas eu recuei. Ele me encarou com seus olhos vermelhos e inchados, mágoa e frustração brilhando feito lume em seus sentinelas.
— Você já tá me perdendo, Tate.
Me segurei tanto... Precisei me manter firme.
Um terremoto interno balançava o meu emocional confuso. — Feito o trouxa apaixonado que sou, vou te ver como persuasivo e misterioso, mesmo você não passando de um puta mentiroso manipulador!
Era um alívio enorme jogar tudo para fora, mas tão revoltante e lamentável saber que cheguei ao ponto de precisar expurgar coisas que não deviam existir.
Como aquele amor inexplicável, que não deveria passar de repúdio incondicional.
Eu não devia amá-lo, mas amava, e isso me matava.
Tate não expressou nada em palavras. Nós nos encaramos em desavença, e assim como eu, ele parecia sufocar em um turbilhão de pensamentos.
A primeira reação do loiro foi agarrar o meu braço e me puxar de volta ao andar de cima. Tentei me livrar de seu aperto, puxando meu braço na direção oposta à qual era guiado, mas Tate ignorou meus protestos, firmando seu toque a cada tentativa falha de me desvencilhar.
— Qual é o seu problema?! – minha voz soou em níveis estridentes de revolta.
— Vários, mas isso não vem ao caso. – um pouco a frente, testemunhei o olhar vazio de Tate em mim. — Vou revelar pra você o que tanto quer saber.
Talvez eu devesse sentir medo ou possuir algum tipo de receio, mas a satisfação foi o que prevaleceu.
. . .
Espaços escuros me incomodavam, mas o que verdadeiramente me causou calafrios nesse lugar não foi o fato de não conseguir enxergar as coisas ao redor. O sótão era o cômodo, dentre vários outros, que mais me trazia sensações ruins na casa. Eu sentia presenças aqui, não somente a de Tate.
Eu sabia que com o loiro também era assim, mas ele não encarava a situação como eu.
De manhã, o encontrei conversando com alguém por aqui. De acordo com as palavras que ele utilizava e com seu tom de voz, Tate estava dando bronca em uma criança. Quando subi, ele havia ficado em silêncio, me encarando assustado. Não tinha ninguém com ele, mas no fundo da sala, onde se acumulava entulho e a escuridão era abundante, ecoava o som de correntes sendo arrastadas. Tate inventou uma desculpa suja, e foi naquele momento que eu percebi que o buraco era muito mais profundo.
Foi esse o motivo da nossa briga antes de ele me trazer aqui novamente. Imaginei que, para esclarecer todas as interrogação que rondam minha cabeça sobre ele e as coisas que ele sabia sobre essa casa.
Tate puxou o cordãozinho da lâmpada, deixando o ambiente um pouco iluminado. Ele não proferiu nada. Nós dois estávamos próximos, compartilhando o silêncio.
Os olhos de Tate pareciam profundos, completamente indecifráveis. A luz era fraca, eu tinha apenas o contorno de sua face em evidência. Ele permaneceu mudo.
Está tentando me assustar? No máximo, conseguiu me irritar ainda mais. Sentia que estava perdendo o meu tempo.
— Desembucha, Tate! – ele engoliu a saliva como se fosse areia. Parecia estar criando coragem para algo. Novamente, longos minutos de quietude torturaram minha mente ansiosa. — Se você não tem nada pra dizer, pelo menos avise, aí eu saio daqui e faço questão de nunca mais olhar na sua cara. – como um disco pausado, o desgraçado permaneceu na teimosa imobilidade. — Que inferno, Tate! O que você quer? Se for a mim, sugiro que abra a porra do bico!
Todo o frenesi que se seguiu eclodiu em segundos, mas para mim, perdurou em demasia.
Tate estava em meu rosto, na minha camiseta, escorria por meu corpo. Seu sangue jorrou em gotículas violentas. Sentia o gosto ferroso nos meus lábios. O vermelho domou minha visão, estava por todos os lados.
Tate havia tirado um canivete do bolso. Eu não consegui reagir, não me dei por mim, e quando dei, era tarde. A lâmina refletiu nos meus olhos, o brilho dela me cegou, e na piscadela seguinte, ela já havia sumido.
Estava dentro de Tate. O loiro perfurou o próprio pescoço. Com a mão firme no cabo de madeira, ele arrastou o objeto cortante por toda a extensão de pele fina, rompendo os músculos, destroçando a carne, fazendo o fluido rubro vazar em abundância, se afogando com sangue e me encharcando de si.
Eu não pude fazer nada, e não sabia se podia. O corpo dele estava estirado no chão, bem no centro de uma piscina com o líquido perdido. Os olhos dele permaneceram abertos e exalavam a mesma energia de quando ele estava vivo, há segundos atrás. A luz fez uma cópia de mim em seu sangue, via o meu reflexo no vermelho.
As lágrimas preencheram meus olhos e tudo se tornou um borrão. Meus órgãos tremiam. Senti meu intestino formigar, como se minhas tripas estrangulassem o meu coração. Tudo queimava. O ar não inchava os pulmões e meus lábios estavam secos; foi o que antecedeu o grito que subiu pela minha garganta, surgindo das profundezas, vindo de um lugar que eu não conhecia.
Toda a agonia, desamparo e impotência atravessaram o corredor da fala, deixando rastros de chamas, fazendo arder.
A dor era tanta que me fez perder a voz, e no lugar do brado, predominou o clamor mudo.
— Tate... – proferi seu nome quando tive as forças necessárias para agir. Me sentei no piso, colocando a cabeça do outro garoto no meu colo. Não sabia o que fazer, minha mente estava presa em um vazio assustador. Senti as lágrimas descerem sem pausa.
— Agora você sabe. – a voz conhecida veio por trás. Me virei e encontrei Tate, em pé, e ao voltar os mirantes para o corpo ensanguentado, ele não estava mais lá.
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deesvaneio · 2 months
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A muito tempo não sentia esse vazio, o vazio sufocante, o vazio silêncio, o vazio que rasgar a alma .
Percebi que a porta do porão foi aberta , já tinha tempo que não descia lá , achei que não voltaria por agora , só que hoje fui recebido pela enxurrada da bagunça. Naquele porão só existir soluços sufocantes e gritos abafados . Meu corpo se jogou em meio ao chão, o tempo não me assustava , meu sangue parecia sumir todas as vezes que tínhamos que retornar ali . O silêncio dentro de mim e as vozes gritantes por fora. Sentia o delírios e desvaneios . Hoje era apenas ( EU ) deixei meus pensamentos me dominarem , queria ver até onde eles poderiam me jogar .
O poço sem fim ?
Eu ria de meus próprios demônios.
- De novo usando meu golpe baixo ? Vocês não cansam de usar ela ? Sabem que tão perdendo a força nessa parte né? Só que hoje o banquete de vocês está um pouco mais caro, vocês tem minha família junto , eles deram a você um lindo presente, minha cabeça em forma de agradecimento, fui a carne de primeira que vocês destruíram, dessa vez ( ela ) não foi convidada por vocês!
O que achei que conseguiria segurar , saiu igual uma cachoeira,o ar pesado suplicando pra serem soltos . sentir minhas forças sendo enxurradas . E novamente o silêncio do porão pairou .
Desaa vez não chamei ninguém, dessa vez era eu e eu , mesmo sabendo que existir mais de uma pessoa naquele quarto .
Por hoje eu apenas sentir, o peso de voltar ao passado,
Por hoje meu corpo reviveu as angústia e sofrimento silenciosa.
Por hoje eu quis apenas sentir a dor .
A dor do choro e silêncio.
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aidankeef · 2 months
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TASK III - Terror no bosque. Eram horas de distância entre um problema e outro. Pela manhã havia sido acertado por uma onda caótica de revelações e pela noite acabou sendo despertado pelos gritos e pelo alarme. Não, não existiam dias de paz dentro daquele acampamento.
Quando finalmente foi atingido pelo sono após tanto confabular sobre o seu passado, quando finalmente foi alcançado por Morfeu que pacientemente o levou para seu merecido descanso, quando seu corpo estava relaxado o suficiente para flutuar sobre o lençol, ouviu o grito.
Aidan saltou da cama, ouvindo o som da movimentação dos irmãos nos demais quartos, tal como o som de um quartel em tempos de guerra. Sapatos, armas sendo manuseadas, metais colidindo contra outros metais, o som das armaduras, dos capacetes de guerra. Os ruídos dividiam espaço com os gritos exigindo o despertar de todos. O filho de Ares armou-se rapidamente, vestiu as primeira roupa que alcançou e preparou o colete no corpo. Dias antes havia teorizado sobre um ataque como aquele e sentia que, de fato, os deuses eram atentos às palavras que proferiam naquele lugar.
Com a espada claymore recém adquirida em mãos, avançou na coluna de frente com os demais patrulheiros. Seguindo as rotas pré determinadas pelo grupo, mergulhou com sua equipe por uma rota do bosque, os gritos pareciam cada vez mais intensos conforme afundavam pela mata. Os animais pareciam silenciados, o som dos passos eram nulos perante o ruído estridente que parecia cada vez mais próximos.
Joseph cuidava da retaguarda de Aidan, existindo uma sintonia muito bem alinhada entre os dois. Dando passos lateralizados, juntos cobriam uma larga faixa de visão enquanto Tadeu e Stevie progrediam conforme o avanço da dupla. O passo de todos era sutil sobre as folhas caídas, produzindo pouco ruído se comparado com os semideuses inexperientes, existia grande agilidade naquela equipe e uma ligação adequada para combate. Aidan sentia a confiança de estar bem acompanhado, mesmo que o inimigo se abrigasse nas sombras.
Mas não esperava pelo invisível.
Ao ser atingido pela magia, sentiu um clarão potente tomar conta de sua visão e, quando seus olhos tornaram a encontrar a nitidez viu o acampamento meio-sangue com todos os seus detalhes, mas com pessoas as quais não deveriam estar ali.
Aileen, a mãe de Aidan, estava de pé, nos degraus da casa grande, tendo uma multidão de semideuses como seus ouvintes. Atrás dela, como uma sombra anexada ao corpo, viu a silhueta de Andy, seu padrasto, sussurrando algo no ouvido da mulher.
Ao se aproximar, Aidan passou a ouvir as falas da mãe que reverberavam como um sino antigo por suas memórias. Ela descrevia cada uma das atrocidades que Aidan já havia feito em sua jornada criminosa. Assaltos, sequestros e as inúmeras outras violências que existiam apenas na memória do semideus. Aidan avançava na direção da mãe afastando o corpo dos semideuses, chamando por seu nome, sem armas para defendê-la do homem que estava fornecendo todas aquelas informações. Repentinamente, a mulher apontou na direção de Aidan, o dedo indicador suspenso, como uma seta que ressaltava todos os defeitos e falhas do filho de Ares.
"Você! Você que destruiu a todos, você que nos levou para a destruição. Você!"
Atrás da mulher, o semblante risonho de Andy disforme, como se seu corpo estivesse em decomposição, como se estivesse morto e mesmo assim presente. Um fantasma do passado, trazendo seus segredos mais proibidos. Aidan empurrava as silhuetas entre eles, identificando conhecidos entre os rostos, identificando histórias as quais viveu e que eram manchadas por seu passado, como uma tinta irremovível. Quanto mais próximo se fazia, menor era a quantidade de pessoas entre os dois, até que, repentinamente, Aileen sorriu.
"Mãe! O que está fazendo? Cadê a Nessa?"
"Você teme pelo seu passado pois sabe que o seu presente seria destruído através dele, não é? Você sabe que todos eles saberão a verdade, que vão enxergar nos seus olhos a sua responsabilidade. Você destruiu sua família, sua vida, a vida dos outros. Por isso você ficará sozinho, morrerá sozinho. Completamente sozinho." Os passos de Aidan pareciam incertos, não mais cogitando continuar a rota até a mãe. A mulher então passou a caminhar na direção dele, um sorriso maternal estampado na face, os fios escuros soltos que balançavam com um vento imperceptível, uma imagem efêmera e destacada do mundo. Atrás dela, como uma cobra, Andy passou a se rastejar pelo chão, acompanhando Aileen.
Em um piscar de olhos, Aileen já estava há centímetros de distância do corpo de Aidan. Os olhos era acinzentados, a moldura do rosto parecia um tanto mais marcada pela passagem do tempo. O filho de Ares, notando a desconexão entre a tonalidade dos olhos da mãe, ergueu o dedo para tocar sua pele.
"E você sabe que tudo que você encosta, morre."
O dedo de Aidan estava ali, colado na pele da genitora, quando a frase foi dita. A mãe começou a desfalecer, apodrecendo perante seus olhos, adquirindo uma tonalidade cadavérica, a pele enrugando ao redor do formato de seu esqueleto, definhando aos poucos, com um gemido fúnebre.
O guerreiro agarrou o cadáver envelhecido nos braços, gritando horrorizado enquanto chorava com os vislumbres dos seus efeitos. Em desespero caiu ao chão, sentindo os ossos se desfazerem entre os dedos, a poeira caindo sobre o solo. Ao redor de si, um círculo de conhecidos se formou.
Achlys, Aleksei, Raynar, Mary, Kitty, Natalia, Melis, Fae, Charlie, Archie, Pietra, Joseph e muitos outros o assistiam, atentamente, com a reprovação estampada em seus rostos, com o desprezo tatuado em seus pensamentos. Aidan engatinhou pelo gramado, gritando pelo auxílio dos conhecidos, arrastando consigo a poeira escura de sua mãe.
Seu grito era cada vez mais rouco, cada vez mais sentido, mais temperado pelas lágrimas e pelo pavor.
Levou uma mão até a mão de Raynar, seu melhor amigo, em um golpe desesperado por sua intervenção, mas assim que sentiu o contato, viu o filho de Zeus recolhendo a mão para si, fugindo daquele chamado. E então, o mesmo aconteceu com ele, Raynar apodreceu diante de seus olhos e, pouco a pouco, como um dominó, todos os outros semideuses sofreram a mesma reação. Definhando até se tornarem uma mera poeira, remexida pelo vento que ele não sentia.
Nenhuma alma naquele espaço restou, nem mesmo a de Aidan. Tocava os lugares onde os semideuses estavam, como se pudesse recuperá-los, mas só existia o frio toque nas substâncias que se tornaram.
Aidan despertou com um grito angustiado, o rosto inundado, a espada fincada no chão.
"É um pesadelo. É um pesadelo. É um pesadelo." Repetia para si como se a repetição trouxesse a convicção de que tudo não passou de um sonho, de uma artimanha do inimigo, de uma emboscada cruel. Repetia para os demais patrulheiros como se aquilo fosse capaz de apaziguar a experiência, silenciar o grito alheio, calar os pensamentos que pareciam convencidos daquela imagem. "Está tudo bem, é um pesadelo."
@silencehq Semideuses citados: @zeusraynar @kittybt @opiummist @pips-plants @magicwithaxes @alekseii @tachlys @melisezgin @d4rkwater @nemesiseyes @thecampbellowl
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nonuwhore · 1 year
Note
parabéns,nonuuuu!você é a minha autora favorita de todo esse site,e olha que eu sou muito exigente,honesto!queria fazer um pedido com os prompts 35 e 45,e o idol seria o mingi do ateez♥︎
GRANDE EVENTO DE 1 ANO DE ANIVERSÁRIO DO NONUWHORE!!!! 🥳🥳🥳
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35. "Espera, você tá com ciúmes?" "Não..." + 45. "Você fica tão gostoso/gostosa quando tá bravo/brava." contém: fluff, fluff e fluff; relacionamento estabelecido; menção rápida de uma certa insegurança sobre o relacionamento por parte da leitora (o relacionamento é meio à distancia, então se você espremer tem ansgt); smut: sexo sem menção de preservativo; sexo na cozinha; riding; vanila sex (?);  contagem de palavras: 2,2k  nota da autora: voltamos! esperamos que pra ficar dessa vez. agradeço imensamente a paciência e espero que curta o resultado. tá um tanto açucarado, viu? recomendo ler com um copo de água do lado. 
Mingi estava demorando demais, então você resolveu fazer chocolate. Você começava a culpá-lo pelo atraso do avião, já que ele podia muito bem tomar os controles e voar logo para casa. Provavelmente ficará agarrada à perna do seu namorado por pelo menos duas horas depois que ele colocasse os pés dentro de casa, você pensou, mas primeiro precisava ficar de cara fechada para que ele soubesse quanta falta ele fez, e como isso te deixou com raiva, principalmente por ele não ter largado o trabalho do outro lado do mundo e vir correndo para você.
Algo que você, nesse ponto, deveria ter se acostumado já que o trabalho dele é literalmente…. Viajar. Como consultor de pacotes de viagem, Mingi estava sempre voando de um lugar para o outro, conhecendo paisagens e culturas maravilhosas sem você, o que ele sempre compensava de várias maneiras diferentes quando estava em casa e agora você precisava ser compensada o mais rápido possível. Olhando a caixinha do fone de ouvido vazia em cima da mesa e sentido os plugs dentro do ouvido, você lembrou do presente que ele tinha de dado e sobre toda a discussão deles serem da cor favorita do Mingi e não da sua cor favorita. Sorriu, boba, olhando para dentro da panela onde o chocolate começava a dar seus primeiros sinais de borbulhas.
"Isso não faz sentido nenhum", você balançou a cabeça, rindo.
"Faz todo sentido, além de ser uma ideia perfeita. O fato de você não gostar de verde é ainda melhor."
"É mesmo? Me agracie com toda sua sabedoria, então!", a ironia estampada no seu rosto o fez conter um sorriso enquanto mordia o lábio inferior, apertando uma das suas bochechas com força. 
"Além de sempre lembrar de mim quando usar os fones, porque, afinal fui que te dei, você vai fingir ficar com raiva, porque odeia a cor verde, mas me ama”, ele parecia tão convencido da própria genialidade que beijá-lo e tirar a risadinha presunçosa dele foi mais forte do que você.
“Esquisitinho”
Você ouviu um barulho, abafado pelo fone de ouvido, de algo se chocando contra a porta, seguido de um tremor no chão. Algo foi atingido de novo e o piso tremulou mais um pouco, como se alguma coisa estivesse vindo na sua direção. Olhou em volta do cômodo, tentando entender se era ali que os barulhos aconteciam e não viu nada, andou até a janela e procurou na rua, ainda nada. De repente braços te enlaçaram e seu coração quase saiu pela boca. Encheu seu pulmão de ar e cheiro que te tomou junto com oxigênio, familiar e esperado, te fez relaxar.
“Song Mingi!”, chutando ele para longe, você segurou seu peito, tentando normalizar a respiração, “Tá tentando me matar? Achei que a casa ‘tava sendo invadida!”, você ouviu a risadinha perversa dele por cima dos seus gritos e ele foi ao teu encontro de novo, te abraçando agora de frente, as mãos segurando pela cintura e te colocando no balcão perto da pia da cozinha. Desligou a chama do fogão e beijou sua bochecha, a boca, enquanto o nariz desliza pelos lugares que conseguia, como se desejasse te inalar, ser preenchido de você. Segurou seu rosto, checando se todos os detalhes que ele tinha deixado no mês passado ainda estavam ali e sorriu quando finalizou a vistoria. 
“Você tem sorte que eu menti meu dedão do pé da mesa da sala, se não teria te assustado de verdade”, a boca encontrou a sua de novo, os lábios te seguram enquanto as mãos passearam dos seus ombros e braços para as costas e a cintura, finalizando nas coxas e uma boa apertada de cada lado da bunda. Você tentava sorrir, amando cada nota de desespero que Mingi imprimia enquanto te tocava, mas ficava difícil quando os lábios dele pareciam não querer parar de sugar os seus, mesmo que isso fosse uma questão de vida ou morte.   
“Eu senti tanto a sua falta…”, você disse quando ele te largou por um momento, descendo os beijos até a pele da sua clavícula, subindo um pouco a sua regata e beijando também sua barriga, saudando cada pedacinho seu. “Vem, vamos pro quarto”, e tentou descer do balcão, mas ele colocou no mesmo lugar.
“Não dá tempo”, ele ofegava e disse aquilo como se precisasse cruzar o mundo de novo para chegar até o outro cômodo. O beijo agora parecia mais controlado, prestava mais atenção aos detalhes conhecidos e, principalmente, reconhecendo-os. “Eu realmente ia te dar um puta susto, mas quando te vi meu peito doeu de tanta saudade…”, te segredou no ouvido, enquanto descia sem reserva a parte de baixo do seu pijama. Você soltou um muxoxo de dó e abraçou o pescoço, sentindo seu corpo relaxar embalado pelo dele, pelo toque desajeitado que ele começava aplicar na sua intimidade, absorvendo na ponta dos dedos o calor que você emanava dali enquanto murmurava algo para si mesmo. O toque te fez gemer procurando a boca de Mingi, que ele ofereceu rapidamente, circulando um braço atrás do seu pescoço. Suas mãos alcançaram o zíper da calça jeans, entrando no ritmo precipitado que seu namorado tinha proposto, ambos rindo com a urgência um do outro, enquanto se olhavam e dividiam a vontade de estar ali para sempre.
Ele te ajudou a deslizar o membro para dentro da sua entrada, com a mesma pressa de antes, mas buscando agora aproveitar cada detalhe de estar fisicamente conectado com você. Mingi respirou pesado e te viu apertar as pálpebras, absorvendo a sensação de preenchimento. Beijou seu nariz, deslizou o dele no seu e se moveu um pouco, segurando suas pernas que tremelicavam ao redor dele. 
“Dá pra você nunca mais ir embora?”, a sinceridade do seu pedido machucou um pouco mais o coração dele e automaticamente os braços grudaram seu corpo no dele.
“Nunca mais, prometo”, ele respondeu, porque naquele momento te daria qualquer coisa que você quisesse, mesmo sabendo que essa, sobretudo, era impossível. 
Deitados na cama, Mingi desliza os dedos pela tela do celular te mostrando inúmeras fotos de paisagens ao mesmo tempo que te conta como, quando e porque as tirou. Te explicando cada detalhe, te ajudando a imaginar e te tele transportando para cada canto que ele tinha percorrido na viagem. Ele sempre foi muito bom em narrar cenários, isso provavelmente era muito positivo para o trabalho dele, visto que fazer com que os clientes desejassem estar em todos aqueles lugares era o objetivo principal. Agora, por exemplo, tudo que você queria era viver os momentos registrados pelo celular com ele. 
“As praias eram incríveis, incríveis mesmo! A areia era tão branquinha e macia. No fim do dia, até uma boa parte da noite, ela continuava quentinha, então quando a gente pisava, apesar do vento frio, o calor na pele era bem gostoso”, você o escutava, olhando cada vez que ele ampliava a imagem e te apontava algo na foto, mas sempre voltando sua atenção para ele e para cada micro expressão empolgada que ele te oferecia, tão apaixonada e triste por pensar que daqui há algumas semanas iria perdê-lo de novo. 
Mingi passou para a outra foto e agora ele estava acompanhado de uma colega de trabalho, que você conhecia e que era um amor de pessoa, mas que a vista inacreditavelmente bonita e um tanto romântica te fez reagir quase instintivamente.
“E essa aqui?”, perguntou mesmo conhecendo a mulher há anos, já que ela sempre acompanhava Mingi nas viagens e era uma figurinha carimbada em todas as festas de fim de ano da empresa.
“Esse quarto era um sonho,” respondeu, acreditando que sua pergunta era sobre as instalações, “a vista pra praia tanto de noite quanto de manhã era perfeita, super paradisíaca. Acho que vai funcionar como pacotes de viagens para casais, principalmente lua de mel. Muitos bebês vão ser feitos lá…”, ele riu, já visualizando como poderia publicitar o destino.  
“E… Vocês ficaram juntos…? Nesse quarto?”, as pausas nas perguntas fizeram Mingi pousar o olhar no seu rosto. Você ainda encarava o celular, o olhar fixo na foto, mas completamente vazio de pensamentos. Ou melhor, cheio deles.
“Não… Ela ficou em um ao lado do meu. Por que a gente ficaria no mesmo quarto?”, levantou uma sobrancelha e apoiou a cabeça em uma das mãos, buscando sinais em você para confirmar a própria hipótese. 
“Ah, sei lá… Às vezes a empresa não quis pagar dois quartos… A cama parece bem grande também…”, você virou a barriga para cima e encarou o teto, imaginando mais do que queria.
“Você ‘tá se ouvindo falar?”, deu um riso rápido e a ficha finalmente caiu. "Espera, você tá com ciúmes?"
 "Não...", você respondeu automaticamente, fazendo uma careta ressentida, tentando inutilmente provar que não estava.
“Tá sim. Por que você tá com ciúmes?”, Mingi puxou seu corpo para baixo do dele, te prendendo com os dois braços, e rindo sem vergonha da sua cara.
“Não tô não!”
“Tá sim! O que eu fiz?”
“Você não fez nada! Mas deveria ser eu com você nessas fotos, não ela!”, a confissão saiu meio estridente e você se sentiu patética. Respirou fundo e pegou seu namorado olhando para o lado, assustado e sem jeito, porque ele não tinha solução para o problema. “Desculpa, não é justo com você. Agora eu fui muito egoísta, me perdoa…”
“Não, você tá certa, devia ser a gente lá.”
“Poderia ser a gente lá, mas não é. O que a gente tem aqui é muito mais importante e precioso pra mim. Eu juro”, você segurou o rosto dele na sua direção, tentando a todo custo arrancar o olhar preocupado de Mingi e conseguir o espirituoso que você tanto amava de volta. “É que… Quanto mais o tempo passa, mais difícil é te ver partir e ainda pior ter que te esperar”, segurou o choro e o abraçou forte, que ele te devolveu na mesma intensidade. 
“Eu te amo tanto… Prometo que vou fazer cada momento valer a pena, cada um deles”, a voz ecoou no seu ouvido, ocupando sua cabeça com conforto e calmaria.
“Eu sei, você sempre faz”, você o beijou, subindo em cima dele, que se ajeitou encostando as costas na cabeceira da cama, espalmando sua cintura com firmeza e aprofundando o beijo.
As suas mãos encontrando os cabelos dele, acarinhando a região, sem pressa, se apropriando da memória da textura que eles tinham. Mingi te dedilhava inteira, como se quisesse o mesmo, te apertando e sentindo seu corpo padecer sob o dele, começando lentamente a movimentar seu quadril na direção do dele, provocando sua intimidade nua na dele, também despida. Sentiu os líquidos que vinha de você aos poucos se espalhando pela extensão, a pele que ele segurava arrepiar e o músculo lubrificado pulsando nele.
“Não vai me provocar não… Senta direito, vai…”, ele pediu manhoso, as mãos agora segurando os dois seios com força e depois apertando ambos os mamilos, arrancando um chiado seu. 
“Não ‘tô te provocando… Eu ‘tô curtindo o momento… Como a gente prometeu…”, você rebolou um pouco agora e Mingi encostou a cabeça na parede, respirando fundo. Riu, satisfeita com a reação dele, que segurou sua bunda com mais força, te dando um susto.
“Eu vou subir em cima de você, ‘tô te avisando”, ameaçou e você sabia que entregaria o controle para ele se isso acontecesse. Flexionou as coxas um pouco e com uma das mãos direcionou o membro para dentro de si. A compressão e o alargamento fizeram os dois segurarem o ar dentro do peito, soltando devagar, sincronizados. 
Mingi te ajudou a movimentar o quadril, impaciente, encarando sua boca e reverenciando cada sonzinho de prazer que ela emitia. Você apoiou os braços atrás de si, balançando a cintura para frente e para trás, oferecendo o show que seu namorado merecia. Chamou o nome dele baixinho e ele segurou suas coxas, grunhindo algo desconexo e se controlando para não gozar, porque você sabia como o corpo dele funcionava, ele vibrava diferente dentro de você, os dedos te tomavam como se você estivesse prestes a esgueirar para longe dele.
“Porra, ah- Eu vou passar essas duas semanas nessa cama com você. Vem cá”, te puxou para perto dele, te abraçando pela cintura e encaixando o rosto na curva do seu pescoço. “Eu sou teu, ‘tá? Não esquece disso”, você gemeu mais alto, sentido a sensação boa crescer dentro de si, “Pra sempre, de qualquer lugar do mundo, eu sou seu e só seu”, a fala grave seguida de beijos molhados pelo queixo e pescoço faziam sua cabeça girar e segurar-se em Mingi deixou de ser uma opção para virar necessidade. 
“Repete pra mim”, pediu, sentindo que você gozaria de qualquer forma em poucos segundos, mas os sons que aquelas palavras tinham eram doces demais e te davam a clareza que você precisava.
“Eu fui feito pra você, meu bem. Só pra você…”, o sussurro te alcançou e você apertou os fios curtos da nuca dele, ouvindo em seguida um ruído rouco vindo da garganta de Mingi. 
+
Era o terceiro sorvete que você tomava e nada dele. Você o mataria dessa vez, tinha certeza. Ou ele tinha errado o horário do voo ou tinha te dito errado de propósito, e conhecendo seu namorado do jeito que conhecia, a última opção parecia mais tentadora. Já tinha desistido de encarar o portão de desembarque e agora andava na frente da vitrine de urso de pelúcia tentando decidir qual era o mais caro e que seria sua escolha de presente de desculpas dessa vez.
Algo segurou sua perna e você pulou, assustada, quase caindo em cima do vidro. 
Mingi riu copiosamente. “E essa minissaia, é pra me dar boas vindas?”, perguntou te levantando no ar enquanto sentia seus braços apertarem o pescoço.  
“Infeliz! Eu vou arrebentar o seu nariz!”, ameaçou, com voz de choro. 
"Você fica tão gostosa quando tá brava. Meu amor…"
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ncstya · 2 months
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BIRDS of a feather  .
trigger warning  :  morte  &&  dor física  .
Sentiu como se tivesse um peso que subia na cabeça e ia descendo para as pernas. Precisou piscar algumas vezes para identificar aquele lugar, principalmente porque estava em um passado tão obscuro que armazenou em uma parte da mente que não poderia ser facilmente acessada. Ali era onde os pesadelos começaram, quando tudo que poderia fazer era sentir as lágrimas escorrerem pelo rosto toda vez que sequer pensava no antes do Acampamento Meio-Sangue. Ela gostaria de ter tido mais tempo, mas estava novamente na mansão da família, embaixo da mesa que tinha visto o pai morrer. A respiração ficou pesada, o ar tornando-se difícil de entrar, mesmo que ofegasse. Tentava não pensar naquele momento, na falta que o pai fazia, já que, antes de ser reclamada e finalmente ser curada dos traumas, tudo que sentia era uma saudades que doía o peito. O luto destruiu Anastasia, a criança que tinha um pouco de chance de ser doce. Quando o genitor morreu, não havia mais nada para ela naquele mundo e, por muito tempo, acreditava que seria melhor desistir do que continuar vivendo.
Não era mais uma criança indefesa, no entanto. Tinha experimentado o mundo e, acima de tudo, lutado para que ganhasse e achasse o seu espaço. Os olhos não enchiam-se mais de lágrimas como antigamente e não havia mais um constante pesar nos ombros que impediam de prosseguir. Estava saindo debaixo daquele lugar quando sentiu o cheiro de sangue, repulsivo como lembrava. As mãos começaram a tremer inconscientemente e fechou os olhos com força, voltando-se ao lugar onde estava. Conseguia sentir a perna ficando molhada com o líquido vermelho, mas se recusava a encarar aquilo. Sabia a cena que encontraria: o corpo do pai, os olhos gentis e, ao mesmo tempo, aterrorizados com o fim que estava tendo, mas com um sorriso ao perceber que a filha não sairia do esconderijo e, assim, ficaria bem. Camada por camada, de indiferença para raiva para deboche, blindava-se da capacidade de expressar o que sentia e desenvolver vínculos afetivos com qualquer um. Era uma armadura que impedia que amasse e permitisse ser amada. Mesmo que os pesadelos jamais tivessem indo embora, encontrou forças na própria dor para que conseguissem seguir em frente minimamente. O que a assustava de vez em quando era perceber como esquecia aos poucos o tom exato do azul dos olhos do pai, assim como onde estavam as covinhas que tanto invejou e queria ter herdado. Não queria esquecê-lo e, por mais que tivesse uma foto ou outra, as lentes jamais capturavam corretamente o que ansiava saber. Ela não queria que a vida com o pai se tornasse apenas um fragmento.
— Nastya? Estamos aqui. — Escutou a voz de Maxime, o que fez com que abrisse os olhos novamente. A mesa tinha desaparecido, mesmo que continuassem na mansão. Não havia mais sangue, o que era estranho. Talvez tivesse imaginado aquilo. Como que tinha parado ali, de qualquer forma?
Um sorriso apareceu nos lábios dela, naturalmente feliz em encontrá-lo novamente, já que tinha sido uma das principais pessoas a fazer com que passasse pela sua fase nebulosa. Os olhos escaparam para as pessoas atrás dele, observando Bellami e Christopher, e ficou um pouco confusa do porquê todos estavam em sua antiga casa. Um carinho imediato invadiu o coração dela, já que aquela era sua família. Depois de tudo que tinha acontecido no passado, tinha achado novamente pessoas que poderia chamar daquela forma e que nutria um amor incondicional. Faria qualquer coisa por eles, independente do que fosse e sem nenhuma hesitação. Aceitou a mão estendida do conselheiro, pronta para ir embora do lugar que trazia memórias mistas em sentimentos. Queria chorar para ele e contar de como os pesadelos tinham sido desencadeados. Estava pronta para falar para todos irem embora juntos, a boca abriu, mas o som que foi escutado não era de sua voz.
Escutou o som que perseguia os pensamentos bloqueados, um grito que fazia com que acordasse quase todas as noites com um solavanco. Ele pareceu preencher cada canto da sala de estar e sabia que não tinha por onde escaparem.
Não era mais fraca, não tinha mais medo. Puxou a espada sem nenhuma hesitação. Pensava no pai e que, se tivesse a mesma habilidade que tinha atualmente, nada de ruim teria acontecido. Ela era boa. Ela era a melhor. Ainda sim, havia uma pequena parte de si que fazia com que o coração batesse aceleradamente e sentisse o interior chocalhar com uma ansiedade iminente. Segurou a espada mais forte, apontando em direção que o grito vinha.
— Podem ficar tranquilos. Sou incrível, acabo com ela em questão de segundos. Se quiser sentarem e observarem o show. — A voz saiu de forma bem-humorada e confiante, repleta da arrogância que, quem convivia com Anastasia, sabia que poderia facilmente enganá-la em um momento importante.
Tinha desenvolvido aquela personalidade depois de anos acreditando que não merecia nada do que tinha, já que havia perdido o que importava. Havia permitido que perdesse. Precisava não sentir como se fosse um eterno peso e, quando não teve mais aquele sentimento, uma nova filha de Afrodite foi colocada em seu lugar. Confiante, cheia de si, arrogante. Várias formas de encarar o mesmo objeto de estudo.
A harpia, no entanto, desprezava a peça de ouro imperial que Anastasia apontava para ela. Parecia simplesmente ignorar a presença da semideusa, os olhos presos nos irmãos. Tentou chamar a atenção dela com um grito, mas não foi o suficiente. Cansada daquilo, o corpo preparou-se para um ataque, então... Nada. Os irmãos pareciam despreocupados, já que a Bragança tinha prometido que protegeria eles. Por que deveriam se preparar para uma batalha no qual ninguém havia os chamado? Tentou mais uma vez, mais outra, porém as pernas pareciam imóveis, como se tivessem coladas no chão. Queria correr em direção a ela e mostrar o quanto era capaz de proteger as pessoas que amava, mas perdia as esperanças aos poucos. Quando a harpia finalmente levantou voo, os olhos claros arregalaram-se no mais profundo desespero e, antes que pudesse pedir para que se preparassem ou corressem, o monstro avançou neles impiedosamente.
Não duraram segundos e tudo que pode fazer foi observar. Os braços pararam de se mover, assim como as pernas. Tudo parecia rígido, mesmo que os olhos se movimentassem de um lado para outro, sendo obrigada a assistir aquilo. Assim que tudo acabou, a harpia pareceu decidir que já estava satisfeita e voou para longe. Nos rostos dos irmãos, a expressão acusatória e traída permanecia, já que tinha pensado mais em si do que neles. Como tinha permitido que não ajudassem? Como poderia não tê-los protegido? Novamente, estava sozinha, sem família. Caiu de joelhos, as lágrimas invadindo os olhos como não acontecia fazia muito tempo. A família que tanto amava, que tanto tinha construído, não restava mais ninguém.
Estavam todos mortos e era culpa de Anastasia.
Ela era fraca.
Fraca.
Fraca.
semideuses citados : @maximeloi && @thxbellamour && @christiebae
@silencehq
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littlfrcak · 2 months
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𝕴 𝖈𝖆𝖓'𝖙 𝖋𝖆𝖈𝖊 𝖗𝖊𝖆𝖑𝖎𝖙𝖞 𝖈𝖆𝖚𝖘𝖊 𝖙𝖍𝖊 𝖜𝖊𝖎𝖌𝖍𝖙 𝖎𝖘 𝖙𝖔𝖔 𝖒𝖚𝖈𝖍 𝖙𝖔 𝖇𝖆𝖗𝖊.
— task #03
— tw: menção: morte, fogo, agressão (leve) contra criança.
ʿ a tranquilidade no acampamento deveria ter sido sinal o suficiente de que as coisas iriam dar errado em breve. mas a falsa segurança lhe iludiu, se deixou ser envolto no silêncio da madrugada e relaxar, dormir. o sono já o tinha arrebatado profundamente quando, de repente, a paz foi interrompida por gritos estridentes que ecoaram pelo acampamento. em instantes, o alarme soou, um som agudo que anunciava a presença de um monstro. os gritos se transformaram em rugidos horríveis, cortando a noite, misturando-se com a voz de quíron e os sons dos semideuses se preparando para a batalha. sasha despertou, seu coração acelerado, a adrenalina correndo em suas veias. de novo não. sem fogo, sem água, por favor, rogou internamente para qualquer divindade que pudesse estar olhando por eles naquele momento. trêmulo e sem ter a certeza se deveria lutar contra o que estava sendo anunciado pelo alarme ou apenas se esconder nas sombras até aquele pesadelo passar, o semideus pegou rapidamente suas armas – a espada em uma mão e a kusarigama na outra – e saiu correndo do chalé. o caos se instalou tão rapidamente quanto era possível ali, com semideuses correndo em todas as direções, tentando se armar e se preparar para o ataque inevitável.
assim que sasha saiu, foi atingido por uma magia poderosa que o derrubou no chão. tentou resistir mas seu corpo foi forçado a ficar de joelhos. para qualquer espectador, seus olhos ficaram brancos, veias vermelhas apareceram em sua face enquanto o feitiço o dominava. sentiu-se sendo arrastado para um abismo escuro, onde o passado se mesclava com o presente de maneira terrível.
quando a visão se estabilizou, percebeu que estava no chão de uma floresta, o cheiro de fumaça impregnando o ar. seus ouvidos zumbiam e ele sentia dores por todo o corpo. à sua frente, uma cabana em chamas. sua antiga casa. o fogo ainda ardia, embora estivesse diminuindo aos poucos. estava de volta ao momento que perdeu a mãe? seu corpo tenso parecia pesado, menor. uma olhada para as mãos e podia ver que eram mãos infantis, era uma criança de novo. recebia uma segunda chance ou estava sendo torturado com a lembrança? não dava para ter certeza mas não havia realidade paralela em que ao ver a cabana em chamas, o pequeno sasha não entrasse para tentar salvar sua mãe.
a visão dentro da cabana era um pesadelo. a primeira coisa que viu foi sua mãe, caída no chão, imóvel. ao contrário do que realmente aconteceu, a mulher não agonizava presa embaixo de uma viga, ela já estava morta, mal dava para reconhecê-la; apenas parte do rosto era reconhecível e estava marcado em suas memórias como um carimbo. o coração de sasha apertou, mas o horror estava apenas começando. dessa vez nada explodiu, nada o expeliu para fora para acabar com seus tímpanos; mas o que acontecia era muito pior. bastou olhar ao redor para ver que havia mais corpos no chão. “não, isso não está certo! isso não aconteceu!” gritou alto, a voz soando crua com dor e desespero. as perninhas eram curtas, magricelas, sasha tinha que encolher suas asas mas estava com as costas tão doloridas que não dava para guardar, apenas as encolhia com sacrifício enquanto avançava pelo fogo. o primeiro que avistou foi nico, seu irmão; o corpo inerte e tão queimado como o da sua mãe lhe deixou tenso. nico não existia naquele passado, não deveria estar ali. junto a ele estavam kitty e sefa, suas irmãs; os três semideuses estavam caídos encolhidos contra a parede, presos por uma madeira que ainda se encontrava em chamas. o desespero crescia em seu peito, cada passo um tormento. os soluços da criança eram altos, navegava pelo fogo sem parecer ser queimado, embora a quentura sem dúvida fosse sentida.
no cômodo que parecia ser a cozinha. anastasia e bellami... cada uma delas caída em um canto. a criança não conseguia continuar, queria sair dali porque não havia nada o que pudesse fazer para salvá-los; mas como voltar se o caminho que percorreu tinha sido tomado já pelas chamas? havia uma janela mais a frente e era para lá que ia… até que tropeçasse em algo e caísse no chão com as mãos minúsculas em brasa quente. o grito de dor foi automático, ao tirar as mãos do chão sentiu o quão profunda era a queimadura. ao olhar para o lado confuso no que podia ter tropeçado… viu melis. os olhos abertos, as lágrimas caindo pela face machucada pelo fogo. “você está viva.” ele murmurou baixo, a voz infantil soando assustada e incrédula.
“por que você fez isso, sasha?” a garota perguntou… e então os soluços cessaram. ela estava morta também. o menino gritou, engatinhando até a semideusa ignorando as chamas, a brasa, as queimaduras que ganharia com aquilo. as mãos em carne viva foram colocadas na face alheia tentando fazê-la voltar a prestar atenção em si; aqueles olhos vazios, sem vida, não combinavam com a filha de hermes.
a dor e o desespero o sufocavam, não era apenas a fumaça e o fogo que o impediam de respirar. o som de seus próprios gritos era a única coisa que soava ali dentro junto com o barulho de madeira se despedaçando. cada pessoa, cada detalhe daquela visão era uma faca cravada em seu coração. e no fundo de tudo isso, o sentimento esmagador de impotência, a percepção de que não podia fazer nada para mudar o que havia acontecido; que de alguma forma parecia ser sua culpa. ao invés do fogo lhe consumir junto com a casa e com todas as pessoas que amava, as chamas… pararam. suas asas se esticaram enquanto os soluços escapavam livremente. quando abria os olhos, não havia mais corpos ao seu redor, não havia mais a cabana em chamas. porém ainda continuava uma criança sozinha, com as mãos no chão de terra enquanto chorava. o toque em sua cabeça veio de repente, um puxão no cabelo loiro e curto. o grito que soltou foi de susto ao ser arrastado para cima, colocado de pé forçadamente. “eu disse para você guardar essas asas nojentas. isso é tudo sua culpa!” a voz da mãe era rígida, irritada. o garoto ofegou, os olhos azuis assustados, o choro continuava mas de maneira silenciosa, confusa. a aparência da mãe não estava certa, metade da face queimada e tão escura que parecia quase carbonizada, a outra suja de terra, com poucos sinais da violência do fogo. “eu disse para você não falar com aqueles espíritos, para parar de ser esquisito. e o que você fez? me matou. a culpa foi sua, sua pequena aberração!” a força que a mulher segurava seu cabelo era o suficiente para arrancar alguns fios, seu grito agora era alto de dor. “você nos matou. você nunca passará de uma criança assustada que nunca consegue fazer algo certo.” o jeito como a mulher lhe jogou no chão foi abrupto mas tão familiar. tudo naquela cena era familiar demais.
ao atingir o chão, porém, sasha olhou rapidamente para cima; sua mãe vinha em sua direção com a mão erguida pronta para lhe atingir, mas antes que ela fizesse isso, ele gritou. e seu grito foi real, mas tão real que o puxou para fora daquela visão.
caiu para frente pois estava ajoelhado ainda na frente do chalé de hades. seu corpo tremia e os ouvidos zumbiam. não tinha colocado seu aparelho auditivo então sentia apenas as vibrações ao redor. não conseguia ouvir os próprios soluços e nem em seguida os próprios passos voltando para dentro do chalé.
apesar de reconhecer que não tinha passado de uma visão, sua mãe tinha razão em algo: sempre seria uma criança assustada no fim de tudo.
citados: @sefaygun ; @kittybt ; @ncstya ; @thxbellamour ; @melisezgin.
para: @silencehq
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thecampbellowl · 2 months
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✦ ・ POV : THE MONSTER WITHIN Task 03: Defeito fatal
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Charlie estava acordada quando tudo começou. Sua rotina de sono já havia sido melhor, mas depois do ataque no baile e dos constantes pesadelos com a figura encapuzada, o sono era algo que vinha com maior e maior dificuldade. Estava, portanto, lendo um livro para espantar seus pensamentos ruins no conforto de sua cama quando o alarme soou e os gritos começaram.
Ainda nem estava de pijamas naquele momento, portanto tudo o que precisou fazer foi alcançar seu arco e flechas e sair correndo para fora, primeiro buscando com os olhos todos os seus irmãos para garantir que ainda estavam no chalé. Ordenou a um dos mais velhos para ficar de olho nos pequenos e saiu para fora, permitindo que as probabilidades se espalhassem por seus olhos. Franziu o cenho para uma delas. Poderia ser uma armadilh--
Charlie tinha oito anos novamente, sentada com as pernas cruzadas na sala de sua antiga casa em Nova York. Sua mãe estava de pé atrás de si, olhando por sobre os seus ombros e observando o progresso da filha na montagem de um complexo quebra-cabeças. Ele possuía 40.000 peças e Charlie só poderia comer e dormir depois que o completasse. O cronômetro ao seu lado indicava que havia se passado cerca de 30 horas e ela só havia completado cerca de 3/4.
"É só isso que pode fazer, Charlotte?", a voz de Eva ressoou atrás de si. "Não posso acreditar que estou criando uma filha burra."
Charlie estava exausta e faminta, seu corpo pequeno prestes a ceder à pressão. Foi então que, aos poucos, as probabilidades passaram a aparecer perante seus olhos. Maravilhada com o que era capaz de fazer, a menina começou a seguir seu poder e montar o quebra-cabeças com muito mais velocidade. Ela podia fazer isso. Ela era inteligente, era especial, ela podia--
"Precisa de um poder para montar um quebra-cabeças, Charlotte Evanna?", e agora a voz não era a de sua mãe mortal, e sim a outra, muito mais antiga e poderosa.
"Mãe?", Charlie perguntou em um sobressalto, se virando para encarar Atena, que a observava com um ar de reprovação.
"Você foi presenteada com esse poder para realizar o impossível. Montar um quebra-cabeças soa impossível para você?"
O coração da criança parecia prestes a explodir para fora de seu peito, preenchido por pavor. Charlie fez que não com a cabeça de maneira frenética, desesperada. Não podia desapontar Atena. Não podia fazer com que ela pensasse que era--
"Um monstro", a deusa declarou de maneira firme, completando o pensamento da filha. "Nem todo herói se parece um herói, assim como nem todo monstro se parece um monstro. Mas uma coisa é certa, Charlotte Evanna Campbell: ninguém é capaz de amar um monstro. E ninguém nunca vai amar você. Não importa o quanto lute por isso."
Não. Isso não podia ser verdade. Ela não era um monstro, ela era boa, nunca havia feito nada monstruoso em sua vida. Tomada por pânico, se levantou do chão e correu para a porta da casa, a abrindo e saindo dali, dando direto em--
Seu quarto. Sentou-se na cama, ofegante e suada, a realização de que aquilo havia sido apenas um sonho liberando uma poderosa sensação de alívio por seu corpo. Com as pernas trêmulas, se levantou e foi bater na porta do quarto de Icarus, abrindo-a em seguida e encontrando o irmão ali. "Kairus, você não vai acreditar no pesadelo que eu tive. Tenho arrepios só de pensar--"
E então percebeu a expressão no rosto alheio. O olhar de total repulsa que dirigia a ela. Ele a olhava como se visse... como se visse...
Saiu correndo dali, incapaz de suportar o nojo no rosto de seu irmão, e encontrou Kit logo na porta do chalé. "Kit! Tem algo de muito errado acontecendo, eu..."
E então ele se afastou de si abruptamente, parecendo horrorizado com o simples fato de que Charlie ousara se aproximar de si. Com o coração disparado, a filha de Atena correu também dele, encontrando mais de seus amigos pelo caminho, todos a encarando como se vissem uma manifestação monstruosa perante si. Yasemin, Candy, Sebastian, Daphne, Josh, todos eles a olhavam com nojo e certo temor. Era verdade, não era? Ela era mesmo um monstro. Todos os que amava podiam ter se enganado com seu rosto doce e sua inocência, mas agora eles sabiam a verdade e como poderiam amá-la? Como qualquer pessoa poderia amá-la?
Ninguém é capaz de amar um monstro, e agora era a voz de sua mãe mortal que retumbava por seus ouvidos.
Charlotte Campbell. Um monstro.
Acordou do transe com um soluço escapando de seus lábios, as mãos cobrindo a boca para que contivesse o choro que insistia em sair, teimoso. Olhou em volta, vendo outros na mesma situação que ela, e se levantou, cambaleante, bêbada com sua própria dor.
Era uma questão de tempo até que todos soubessem o que ela realmente era. E, depois disso, a profecia de sua mãe se tornaria realidade. Ela jamais seria amada.
Semideuses mencionados: @thkairus @kitdeferramentas @misshcrror @eroscandy @oceanhcir @wrxthbornx @deathpoiscn
@silencehq
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livrosencaracolados · 11 months
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"Serafina e o Manto Negro" (Serafina #1)
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Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Serafina nunca teve motivos para desobedecer e aventurar-se além da propriedade de Biltmore, onde vive em segredo, ninguém desconfiando da sua existência. Mas quando as crianças da herdade começam a desaparecer, apenas Serafina sabe quem é o seu raptor: um homem assustador com um manto negro, que percorre os corredores de Biltmore durante a noite. Conseguindo escapar a este vilão, arrisca o seu segredo, juntando forças com Braeden Vanderbilt, o sobrinho mais novo dos donos da herdade. Antes que seja tarde demais, lutam por revelar a verdadeira identidade do Homem do Manto Negro. Esta demanda levará Serafina até à floresta que aprendeu a temer, onde descobre uma magia há muito esquecida, ligada à sua identidade. Para salvar as crianças e desvendar o mistério, terá de procurar as respostas para completar o puzzle do seu passado.
Aᴜᴛᴏʀ: Robert Beatty.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: Na Carolina do Norte, a quilómetros e quilómetros do centro de Asheville, ergue-se no meio da natureza intocada a maior e mais esplendorosa propriedade da América, a mansão Biltmore. Com as suas dezenas de quartos, salões, estribarias e biblioteca monumental, a mansão domina tudo à sua volta, fazendo por merecer o título de "Senhora da Colina", da mesma forma que os seus donos, os Vanderbilt, dominam a alta sociedade, usando a propriedade para criar uma cúpula resplandecente onde a elite dos poderosos e dotados pode prosperar. Mas não deixem que os talheres de prata e a belíssima vista das montanhas Blue Ridge vos distraia, nem tudo é luminoso. A floresta que rodeia a mansão, e de onde é impossível sair sem a atravessar, é sombria, lar de plantas tortas e sufocantes e de histórias aterrorizantes sobre aldeias que desaparecem de repente, cemitérios de onde os cadáveres se arrastam e criaturas malignas que esperam nas sombras pelos viajantes. E não é só a floresta que esconde segredos e seres fora do normal, no interior da mansão, uns bons pisos para baixo, encontra-se a cave, que além de acomodar as máquinas, serve de casa para Serafina, uma rapariga singular de quem ninguém suspeita a existência. Filha do faz-tudo dos Vanderbilt, Serafina não é nada para ninguém, não apenas porque se se mostrar à luz do dia arrisca revelar a transgressão do pai e fazê-lo perder o emprego, mas também devido à estranheza da sua aparência, que adicionada aos seus instintos animais, mais a faz parecer o resultado de um bruxedo obscuro do que uma miúda de 12 anos. Não obstante a sua situação, francamente ilegal, de alojamento, Serafina faz por merecer o seu lugar na divina propriedade tal como todos os outros, tratando da tarefa que é, ao mesmo tempo, a mais nojenta e a mais importante de todas: livrar-se das ratazanas, o que ela faz com gosto (e com as próprias mãos). Certa noite, a caça às ratazanas da Serafina é interrompida por gritos, e quando vai investigar o que se passa, depara-se com a cena mais horripilante da sua vida: as pregas negras de um manto flutuante a retorcerem e a cerrarem-se sobre o corpo de uma menina indefesa até o esmagarem, fazendo-o desaparecer sem deixar para trás nada mais do que um cheiro putrefacto a morte e a entranhas. Paralisada com a imagem, Serafina repara, quase tarde de mais, que o manto tem um dono, uma figura macabra e coberta em sangue que, ao detetar a sua presença, decide fazer dela a sua nova vítima. O homem persegue-a incansavelmente pelos corredores e pelo terreno da propriedade e ela quase não sobrevive para contar a história, mas quando o faz, desesperada por ajuda, a única pessoa em quem confia acha que ela inventou tudo. Entretanto, o dínamo é sabotado, mergulhando a mansão numa escuridão perturbadora, e torna-se evidente que o demónio da noite não foi um fragmento da imaginação da Serafina, mas que, muito pelo contrário, ele é bem real, e faz parte da elite que frequenta o palacete. Quando se apercebe que a menina da cave foi apenas uma das muitas vítimas do Homem do Manto Negro e que este já escolheu o próximo alvo, Serafina é atingida com a dura perceção de que não o consegue derrotar sozinha, e é obrigada a fazer sacrifícios em troca da aliança de alguém mais poderoso. Para vencer, a Serafina vai ter de quebrar todas as promessas que alguma vez fez ao pai, usar-se a si própria como isco e aventurar-se nas profundezas da floresta amaldiçoada, onde as respostas sobre o mistério da sua identidade estão sepultadas. Se vai conseguir ou não é incerto, mas se há uma coisa que é inquestionável é que a Serafina nunca deixa uma ratazana escapar impune...e o Homem do Manto Negro é a maior ratazana que há.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: É puramente incrível, são quase 300 páginas de texto, mas a história acontece em menos de uma semana, praticamente sem pausas, então não é um feito pequeno o facto de o autor ter conseguido manter o interesse, a fluidez e a beleza das palavras o livro inteiro. Também há que elogiar a habilidade incrível que Robert Beatty tem para construir, rápida e efetivamente, cenários vivos na cabeça do leitor, e a magia sombriamente encantadora das suas descrições.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: É uma história veloz, cheia de adrenalina e risco que não dá tempo para relaxar, porque nunca nos são dadas certezas de segurança, mas que, ao mesmo tempo, passa uma sensação de conforto e calor que permite que haja um equilíbrio entre as partes sombrias e as adoráveis. Este livro tem tudo: a magia de um mundo prestes a fazer a viragem para o século XX, um ambiente fielmente histórico, fantasia eletrizante que compensa a sua falta de doçura com o tipo de originalidade que não abdica da nostalgia dos velhos contos, alianças improváveis, suspense, mistério e o género de horror que arrepia qualquer um sem lhe mexer com a cabeça. A razão para este livro ser tão bom é o facto de funcionar para uma vasta faixa etária, e para mim, essa é uma das maiores marcas de uma obra de qualidade: ter a capacidade de criar uma história que não se alicerça em sensacionalismos ou momentos despropositadamente chocantes para fixar o leitor, que não aliena a audiência mais nova no esforço de ser levada a sério. A "Serafina e o Manto Negro" é incrivelmente bem sucedida nesse aspeto, conseguindo transportar o leitor por momentos com diferentes níveis de gravidade sem o perder: tão rápido estamos com a protagonista a observar os membros da alta sociedade a rodopiar num grande salão, como a ler lápides e a lutar contra um puma, e até a ter uma crise filosófica onde questionamos se a maldade é uma característica intrinsecamente humana. É a experiência completa!
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: A Serafina é uma das minhas protagonistas preferidas, o autor conseguiu dar-lhe a voz perfeita para o tipo de história em que ela está, e não só, também lhe deu a voz perfeita para a forma como a personagem dela foi construída, É claríssima a maturidade que ela tem no que importa, a responsabilidade que está habituada a carregar e a coragem e o sangue frio que adquiriu dos seus hábitos de caça. O seu lado humano alia-se ao seu lado selvagem, não há o cliché de ela só ser uma pessoa normal (e todos sabemos que em livros com menos qualidade, "normal" quer realmente dizer uma pessoa sem um único defeito que arranja forma de ser insegura) quando interessa e, nas piores alturas possíveis, se lembrar que tem um lado paranormal que a faz agir de uma forma estranha. O que se destaca sobre a Serafina é que, não obstante a sua imensa garra (no sentido literal e figurativo), incorrigível desobediência, e foco inabalável (ela entra na curta lista dos protagonistas que decidem o que querem nas primeiras 30 páginas e tratam logo do que precisam de fazer para o obter, em vez de se estarem sempre a queixar) ela é só uma miúda que quer poder experienciar as bênçãos de uma vida calma, fazer amigos, ter a confiança do pai e saber o que aconteceu à mãe. Tudo o que ela alcança vem das suas próprias habilidades e trabalho e a recompensa que obtém no fim do livro está em perfeito acordo com quem ela é. Para além da protagonista, a caracterização que merece mais mérito é a do Homem do Manto Negro. O Robert Beatty PERCEBE o que faz um vilão, sabe que criar um que seja autêntico é algo mais complexo do que um riso assustador ou uma história triste, e isso é visível. Todos os maneirismos do Homem do Manto Negro estão no ponto: o modo como ele anda, os sapatos que usa (que são uma parte vital da história e mostram a sua natureza), a forma como fala, o timbre da sua voz e como isso afeta o ouvinte, a presença da sua pessoa (que é tão impactante que altera o tom da cena, tem um som associado e causa medo na própria natureza) e, principalmente, o seu modo de perseguir as vítimas. Tudo isso é um indicador da sua altivez, do seu poder e da sua falta de hesitação, mas aqui está a parte interessante: mesmo quando ele não usa o manto, todas estas características se mantêm, o autor não as elimina para tentar manter a sua identidade um enigma. Quando está entre a elite, o vilão comporta-se exatamente da mesma forma, mas como não tem na mão um objeto possuído que anuncia as suas intenções, o seu domínio da sala, a sua intensidade e compostura permanentes, e até a proximidade constante a crianças, são interpretadas como sinais de um senhor de alto requinte, talento e carisma, e inspiram confiança e admiração nos que o rodeiam. Para mim isto é fascinante, talvez sem se aperceber, o escritor acabou por fazer do seu vilão o caso de estudo perfeito para analisar o quão ténue é a linha entre o bem e o mal, entre o desejável e o desprezível, e entre o amor e o ódio. A conclusão a que se chega é que não há uma única delimitação palpável entre os dois lados, e que os humanos têm a tendência de se perder nos extremos, julgando de forma absoluta moralidades que só existem num plano subjetivo. Fabuloso!
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: Não há neste primeiro volume, o que eu compreendo, sendo que a se história passa em poucos dias e que a Serafina e o Braeden têm 12 anos... MAS, eles têm uma química natural e inegável (e adorável) e o meu maior desejo é que, ao longo das sequelas, eles fiquem mais velhos para que alguma coisa aconteça entre eles.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: Li o livro incrivelmente rápido e como já mencionei, um dos grandes trunfos do escritor é a sua habilidade de nos fazer sentir que estamos mesmo dentro da história (e quem não quer estar num mundo de animais metamórficos, objetos encantados e grandes bailes em mansões históricas?) então só o posso elogiar nesse aspeto.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Outro livro que já li várias vezes, e por ótimas razões. A verdade é que as peripécias da Serafina nunca abandonaram o meu coração, e ter lido este livro outra vez só me fez perceber que não o tinha valorizado tanto quanto devia antes, é muito mais assustador e magnífico do que me lembrava.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: ⭐⭐⭐⭐+ ½
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Como já disse, este livro tem algum horror, sangue e violência, não no sentido demasiado gráfico e exagerado mas mesmo assim incomoda (é esse o objetivo). Eu diria que a partir dos 14 anos é uma leitura fantástica, apesar de poder parecer "infantil" se for lido por um miúdo demasiado habituado aos excessos que andam por aí.
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Nem sequer me tinha apercebido disto antes, mas este livro é perfeito para o outono e para o inverno, ESPECIALMENTE para o Halloween. É assustador e arrepiante da maneira que pede um cobertor e umas velas. Se estão à procura de um livro que não vos dê pesadelos mas que tenha a ver com esta altura do ano, não precisam de ir mais longe, está aqui, RECOMENDO.
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: Serafina e o Manto Negro, Robert Beatty - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
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ana-eomar · 2 months
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A peça terminou e, apesar das palmas, eu só conseguia ouvir as batidas. Fortes, rápidas e bem marcadas. Era o meu coração. Meu coração gritava dentro do peito, mais alto que os aplausos. Que eram muitos, mas não eram o suficiente pra me trazer pro presente.
Alguém encostou no meu ombro. Aterrissei no meu próprio corpo.
Assustada.
Me pediram licença.
Eu me deixei olhar, perdida, as pessoas acabarem de sair. O ator desceu do palco com um lenço na mão.
Para mim.
E aí começou essa história.
Nesse ato observei que estava chorando, como há muito não acontecia. Fazia tempo que a vida tinha se tornado simples. Simples, a ponto de me endurecer. Simples, a ponto de fazer a emoção se perder. Fazia tempo que eu não me via diante de sentimentos tão complexos.
Meu peito voltou a gritar. Um grito agudo.
Seco.
Frio.
Daqueles que atingem a boca do estômago. Eu agradeci pelo lenço com um sorriso e saí do teatro.
Enquanto esperava na fila do banheiro, vi as pessoas passarem e me sentia no automático. Minha mente se transportou pra outro lugar, pra aguentar a dor que o peito urgia em gritar. A dor, nesse ponto, era quase física.
O barulho de uma porta sendo destrancada me trouxe de volta.
Entrei na cabine.
Cumpri minha missão e me coloquei a ir embora. Eu não suportava mais a exposição. Precisava sair dali. Estava me sentindo nua, apesar de estar agasalhada o suficiente pra enfrentar o frio de 11° que fazia.
Na recepção, enquanto esperava o carro, me pus a olhar pelo reflexo da porta. E, de novo, me perdi naquele reflexo.
Lá vamos nós.
A mente vai se perdendo outra vez. Derretendo num passado que não nos pertence mais. Num momento que não pode mais ser vivido. Numa pessoa que não quer mais saber da nossa existência.
Sou laçada de volta pela vibração do celular. Anunciando, abruptamente, que o motorista chegou. Saio para o frio. Com o cachecol, dando a vida, para me proteger do vento cortando.
Entro no carro.
Digo amenidades.
A viagem segue.
Nesse momento eu entendo que dissociar será o estado natural da minha noite. Eu não esperava nos encontrar nesta noite, mas encontrei. E, por fim, vou ter que finalmente encarar esse sentimento.
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