Tumgik
#lésbica butch
erinelliotc · 2 years
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Minha experiência como lésbica butch
Antes de iniciar, acho que vale notar que a minha experiência com a lesbianidade e com gênero se relaciona imensamente com o fato de eu ser autista, sendo algo que afeta diretamente meu comportamento e visão de mundo, influenciando fortemente para eu, por exemplo, ter uma dificuldade de compreensão (no sentido de enxergar uma lógica e sentido) e perpetuação das normas sociais, e logo, dos papéis e estereótipos de gênero, dessa dicotomia do mundo em homem/mulher e diferença de tratamento com base na genitália com a qual a pessoa nasceu. Com 10 anos, eu não compreendia, por exemplo, que havia diferença para a sociedade um menino cis ficar sem blusa em público, e uma menina/pessoa AFAB – no caso eu – ficar sem blusa em público (foi um episódio engraçado, inclusive).
Eu sempre senti essa pressão enorme para performar feminilidade, principalmente sendo uma pessoa AFAB (designado mulher no nascimento) e tendo características físicas que não correspondem totalmente ao que se espera de um corpo AFAB. Enquanto eu ia crescendo e vendo as meninas ao meu redor se tornando “mulherões”, com “corpão” e tudo mais, eu continuava e continuei com minha aparência um tanto “infantil”, como se as características “femininas” não tivessem se desenvolvido ou tivessem se desenvolvido pouco em comparação às outras, então geralmente as pessoas pensam que eu tenho 13-15 anos e que sou um menino:
Desde criancinha eu já tinha muitos pelos corporais escuros e grossos. Com 6 anos minhas pernas já eram bem cabeludas e motivo de deboche na escola, com 9 anos a minha quantidade de pelos pubianos já era muito parecida com a quantidade que tenho agora como adulto, e com 13 a 14 anos eu tinha bem mais pelos nas pernas e nas axilas do que meus colegas homens cis. Mais tarde na adolescência, eu estava sempre tentando me livrar deles, depilando ou descolorindo (ambos horríveis), pra me encaixar no que esperavam de mim e isso sempre foi extremamente exaustivo e frustrante, até porque eu sequer gosto da minha perna lisa, tanto esteticamente quanto sensorialmente falando. Eu gosto dos meus pelos, foi a sociedade que me ensinou a não gostar deles. E esse processo de exterminá-los também era por si só muito cansativo já que eu tenho muitos pelos, então eliminá-los não é uma tarefa fácil e nem rápida, principalmente considerando que sou uma pessoa autista, e era ainda pior considerando que em 1 mês já seria necessário passar por esse terrível processo novamente (ao menos nas pernas), e ficar basicamente repetindo isso pelo resto da vida;
Tenho peito pequeno que dificilmente fica aparente se eu não estiver usando uma blusa mais justa, sendo algo que eu desde cedo aprendi a odiar e sentia muita insegurança pela maioria das outras meninas terem peito maior que o meu. Atualmente gosto dele, apesar de ainda bater uma insegurança ao ver pessoas com peito grande;
Tenho uma voz um pouco mais grossa do que o esperado (ainda é lida como “feminina”, mas ela beira a androginia);
Deixar meu cabelo curto já é o suficiente pras pessoas me lerem como homem 99% das vezes;
Me sinto muito desconfortável de maquiagem (só gosto de lip tint) porque sinto que não combina, não faz sentido comigo, não fica bonito em mim como eu acho que fica em outras pessoas, apesar de eu querer que ficasse. É como se tivesse algo “errado” quando estou de maquiagem;
Quando era mais novo, eu não gostava de usar saia e vestido pelo mesmo motivo de não gostar de usar maquiagem (atualmente uso, mas questiono até que ponto eu genuinamente gosto de usar e até que ponto é uma reprodução das expectativas que me foram impostas);
Não tenho o comportamento mais “feminino” do mundo: o Nunca fui uma pessoa vaidosa, sempre priorizando conforto acima de aparência; o Não ligava/gostava de comprar roupa; o Tenho preguiça/não faço questão de pintar e arrumar as unhas, preferindo elas curtinhas; o Meu comportamento/conduta geral (modo de andar, sentar, e coisas do gênero relacionadas ao meu modo de me portar “fisicamente”) parece mais próximo do comportamento esperado de homens do que de mulheres; o Nunca dei muita importância pra regras de etiqueta no geral, comportamento mais comumente esperado de homens do que de mulheres; o Nunca me liguei muito nas coisas do “universo feminino” de modo geral; o Tenho maus hábitos “nojentos” e hábitos de higiene que são comumente classificados como “de homem” por serem considerados uma postura mais desleixada e anti-higiênica (como tomar pouco banho, resultado das minhas questões relacionadas ao autismo, como disfunção executiva e o excesso de informações e etapas que envolvem os momentos antes e depois do banho);
Quando criança, eu tendia a brincar mais com os meninos do que com as meninas, e na pré-adolescência continuei a andar mais com meninos, e inclusive parece que minha afinidade com meninos e dificuldade de interagir e lidar com meninas se intensificou.
Enfim… Simplesmente existir do jeito que eu sou e me sinto confortável é considerado pela sociedade como impróprio pra mim, como algo que não é o “certo” pro papel e gênero que me foram impostos porque são “coisas masculinas”.
Todas essas características que eu citei são coisas que eu gosto/amo em mim e sinto orgulho (até mesmo as “ruins”, simplesmente porque fazem parte de quem eu sou), não são coisas que eu não gostava/odiava naturalmente, são coisas que eu aprendi a odiar e queria me livrar porque a sociedade me ensinou que elas eram erradas pra mim e porque a sociedade não me aceitaria tendo essas características, e as minhas tentativas de mudá-las foram unicamente por pressão pra me encaixar nas expectativas da sociedade. E a minha frustração é ainda maior quando vejo que essas mesmas características que condenam quando são expressas por nós, mulheres e pessoas AFAB, são ignoradas ou até mesmo tratadas com naturalidade quando são expressas por homens cis, e não só isso, muitas vezes são esperadas que eles as tenham, e incentivadas. Essa diferença de tratamento é algo que me fere e revolta profundamente. O que há de tão errado e absurdo em eu ser desse jeito? Por que eles podem e eu não?
Eu também amo não corresponder ao que a sociedade espera de mim como “mulher”, amo não estar em conformidade com as normas e expectativas de gênero, gosto que o meu jeito de ser naturalmente vai de encontro com isso sem eu nem precisar me esforçar pra desafiar esses estereótipos e imposições (eu não tento ser desfem de forma proposital, eu simplesmente tenho essas características e comportamentos porque eu sou assim, e eu gosto do fato deles serem “pouco femininos”).
Eu só não tenho roupas da sessão masculina porque minha mãe mal me deixa pisar lá, então quase todo meu guarda-roupa é de roupas da sessão feminina, e tenho no máximo uma ou duas roupas unissex. Quando eu estou com roupa mais neutra/unissex, as pessoas geralmente me leem como homem, e com roupa “feminina” geralmente me leem como mulher. No entanto, também já aconteceu mais de uma vez (e tem acontecido com certa frequência ultimamente) de eu ser lido como homem mesmo estando com uma roupa que era pra ser “feminina”, então é realmente um mistério pra mim saber quando vão me ler como mulher, acho que só acontece quando eu estou usando roupas bem evidentemente “femininas” e/ou que marquem bem o meu peito (se bem que uma criança uma vez já me leu como menino mesmo eu estando de vestido, então sei lá kk).
Porém, eu também tenho características socialmente associadas ao conceito de “feminilidade”. Ser uma pessoa tímida, quieta e reservada, gentil e delicada, gostar de coisas fofinhas e pequenas, gostar de rosa, às vezes usar saias e vestidos. São características que eu também gosto em mim, e antes de entender de fato o que é ser butch, ter essas características me fez questionar se elas eram compatíveis com alguém ser butch, se alguém podia ser butch e ter essas características.
As pessoas mais velhas que me conhecem (família e amigas da minha mãe, que são gente dos 40/50 anos pra cima), e claro, sabem que sou AFAB, tendem a me ver como uma pessoa delicadinha e bonitinha, “feminina” (principalmente se me veem usando vestido/saia) por uma simples questão de me enxergarem como mulher e me associarem a feminilidade só por eu ser AFAB e quererem reforçar isso, mesmo eu não sendo “feminino” na maior parte do tempo, porque quem não me conhece e vê na rua geralmente vai me ler como homem, e não é nem ficar em dúvida se eu sou homem ou mulher, é ler direto como homem sem hesitar, e depois me pedir desculpa quando descobre que sou AFAB. Tem se tornado até cada vez mais frequente pessoas conhecidas da minha mãe perguntarem pra ela “esse é o seu filho?” quando eu estou junto com ela.
Então assim, todas as características que eu falei, tanto “masculinas” quanto “femininas”, são coisas que eu gosto em mim. As coisas classificadas como “femininas” são coisas que eu faço/sou sem associar elas diretamente a gênero (por exemplo, eu uso vestido/saia só porque acho que fica bonito em mim). Eu gosto de desvincular essas coisas de gênero, de não ver/definir coisas que eu faço e uso como “femininas” ou “masculinas”, só que as características “masculinas” eu também gosto de ver como formas de resistência, formas de lutar contra as imposições sociais de gênero, de quebrar com o padrão que tentaram impor em mim, o que me faz muitas vezes meio que abraçar a “masculinidade” e sentir afinidade com ela, pois são as “coisas masculinas” que me trazem conforto e liberdade pra ser quem eu sou. Por exemplo, eu gosto da combinação de usar saia ou vestido enquanto eu também tenho muitos pelos corporais para uma “mulher”, porque isso contribui pra eu quebrar com o padrão imposto e esperado de mim, contribui pra eu não me conformar com a feminilidade imposta a mim, e também a ter uma expressão de gênero mais andrógina. Meus pelos estão aqui porque eu gosto deles, e eu estou usando esse vestido porque eu gosto dele, e eu amo ter essa expressão de gênero “ambígua” e não-conformista de gênero.
No passado, antes de me entender butch, eu já senti algo muito esquisito em relação à minha identidade de gênero porque parecia que eu sentia “masculinidade” na minha identidade, só que não era a masculinidade “tradicional”, como se não fosse masculinidade “de verdade”, e eu simplesmente não sabia explicar isso. Pra mim era quase como se fosse um “quarto gênero” (feminino, não-binário, masculino e esse outro “masculino”), um “outro tipo” de masculinidade (uma “masculinidade soft”) que não era masculinidade mesmo, porque a masculinidade mesmo eu não me identifico, não gosto e nem me atraio. A sensação que eu tinha era como se eu tivesse “criado” a minha própria “masculinidade”, uma “subcategoria” que estava simultaneamente dentro e fora da “masculinidade” (dentro por ter sido criada a partir da masculinidade, tendo ela como base, e fora por não ser masculinidade de fato). Tipo, eu sinto gender envy e euforia de gênero com personagens masculinos fofos, gentis e delicados que quebram com os estereótipos de masculinidade, não são agressivos/brutos, não reproduzem a masculinidade tóxica, são pouco “masculinos”/mais “afeminados”, etc. E eu também sou uma pessoa delicada e gentil, então acho que por isso também esses personagens me causam tanto entusiasmo e identificação, além da quebra de padrões de gênero, retratando uma masculinidade de forma diferente do esperado (tipo como eu faço). Agora sinto que, além do xenogênero gênero-fofo, a subcultura butch me ajudou a me entender muito melhor em relação a isso.
Como dito antes, eu nunca satisfiz os padrões de feminilidade que a sociedade me impôs e espera de mim simplesmente por existir do jeito que eu sou e fazendo o que gosto e me sinto confortável, sendo classificado como “masculino” demais, mas eu não sou homem. É uma relação complicada de gostar e sentir maior afinidade com “coisas de homem” sem ser homem. É incorporar a “masculinidade” na minha conduta e jeito de ser, sem ser homem. E, no entanto, apesar de ser “masculino demais”, também é quebrar com o padrão de masculinidade, porque não sou homem. Mesmo sendo “masculino demais” pro papel que me foi designado, eu também não sou “masculino o suficiente” pra masculinidade padrão, e nem quero ser. Pra começo de conversa, nem foi eu que nomeei o meu simples modo de ser e existir como “masculino”, mas já que é assim que chamam, que assim seja.
A feminilidade compulsória, a imposição da feminilidade, é algo devastador e extremamente exaustivo pra mim. Me forçar a caber nessa caixa que esperam de mim é muito frustrante e danoso pra minha própria identidade. Não sou femme porque, realmente, não me vejo de forma nenhuma como construindo minha própria feminilidade, não vejo minha identidade nem nada do que eu sou como dentro da feminilidade, não me classifico dessa forma, apesar de ter coisas que gosto e faço que podem ser classificadas como “femininas” de acordo com a sociedade. Me vejo abraçando a “masculinidade”, ou melhor, essas coisas que eu faço e sou que a sociedade chama de “masculinas”. E realmente não me importo se a minha existência é classificada assim. Não sou homem, mas são essas coisas ditas como “de homem” que me trazem tanto conforto e me fazem tão bem, então acabo percebendo minha identidade como bem mais próxima da masculinidade do que da feminilidade, embora eu me entenda como estando fora de ambas. Não há nada de errado com a feminilidade, é só que a mim, ela aprisiona, enquanto que a “masculinidade” me liberta, me permite ser quem eu realmente sou. A tentativa de me imporem a feminilidade simplesmente destruiu minha relação com ela. Não consigo me sentir bem com a feminilidade, não consigo me reconciliar com ela, não consigo sentir que a feminilidade faz parte da minha identidade. Mesmo quando uso vestidos e saias, mesmo quando me refiro a mim como “princesinha” e coisas do gênero, é da forma mais agênero possível (se é que isso faz sentido para você leitore, mas caso não faça, para mim faz), é um “princesa” que não classifico como feminino, apenas como delicado e fofo.
Enfim, tudo isso é tão difícil de explicar e traduzir. Abraçar a identidade butch me fez muito bem, de verdade. Sinto que facilitou meu próprio entendimento, e simplificou demais tudo isso que eu não sabia explicar.
Eu sou butch, ponto.
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athenadev · 7 months
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A lésbica e a superação do patriarcado?
Um aspecto do patriarcado que eu nunca experienciei e nunca vou é aquilo que Monique Wittig chama de pensamento heterossexual... em parte é isso que "lésbica não é mulher" significa no discurso dela.
Então esse tipo de discussão perde bastante significado pra mim
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Eu tenho poucos homens cis no meu círculo mais intimo, não dependo de nenhum pra sobreviver, participo muito pouco da economia heterossexual. O patriarcado determina os padrões, mas eu não tenho nesse momento da minha vida nenhuma necessidade de agradar home. Não tenho chefe, não tenho pai e não podia me importar menos com o que meus professores pensam de mim.
Então, no final das contas, a minha expressão, a minha personalidade, meus trejeitos, minhas roupas, a minha vaidade são em primeiro lugar pra mim, pra minha autoestima e pro meu bem estar. Em segundo lugar pras moças que eu amo. Ser contra ou a favor as expectativas do patriarcado não tá nem perto de ser uma questão pra mim.
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A minha expressão varia bastante entre as duas imagens do post. Depende da minha vontade, da minha autoestima, da minha confiança, da minha vaidade. Mas sempre que eu me maqueio, me arrumo, me monto é por mim, por que eu quero. Ou porque eu quero estar bonita pra outras moças. O male-gaze não é um fator em momento nenhum.
Eu gosto de pensar em expressão pessoal e aparência como uma forma de arte, e nesse sentido o post esquece que essas coisas são socialmente marcadas. A aparência da mulher da esquerda existe dentro de um contexto cultural e traz consigo marcas disso, tanto quanto a da direita.
Nada me tira da cabeça que esses posts vem de pontos de vista heteros. Eles simplesmente não conseguem propor um mundo em que a opinião de homens não seja relevante. Nesse sentido, Monique Wittig acerta quando diz que somos fugitivas. Escapamos pelas cercas do patriarcado e daqui de fora podemos lutar para acabar com ele. Daqui de fora, eu vejo um futuro bonito. Imagina se um belo dia o patriarcado não for mais um fator que influencie como mulheres e travas se apresentam e se expressam para o mundo?
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sapatona passando pela sua dash
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Para que não se esqueçam das lésbicas
todas as lésbicas estão feitas de mulheres que regressam a si mesmas.
as lésbicas que se nomeiam batalham para manter sua identidade intacta: não se contentam com existir: querem estar aí (nas revistas, nas escolas, nos laboratórios, no cinema, na literatura, nas igrejas) e querem chegar mais além (a história, o rastro, a memória, o matriarcado).
as lésbicas insistem em documentar seu lesbianismo.
assim perseveram as lésbicas, repetindo o que são: lesbianas.
todas as lésbicas estão feitas de mulheres que regressam a si mesmas.
tatiana de la tierra
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sapphictwt · 2 years
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[Respeito]
Pede respeito e não me respeita.
Quer que eu respeite e não me respeita.
Não respeita minha identidade.
Não respeita meu eu.
Não respeita quem sou.
Se quem sou não fere ninguém,
Por que estou sendo ferida?
Por que cada micro agressão sofrida?
Por que sou agredida por quem eu espelhava?
Por que minhas companheiras estão apanhando na rua?
Morrendo em nossa luta diária de existência.
Então pergunto: "quem tá faltando com respeito?"
Quem não tá sendo respeitada?
Respeito pelo o quê devo a você?
Por que eu não sou respeitada?
Cadê O meu respeito?
Meu respeito pelo que acredito;
Respeito pra existir;
Respeito pra ser somente eu;
Respeito pela minha luta;
Respeito por nossa luta coletiva;
Respeito por todas nós;
Desde casa sofrendo violências.
Expulsas de casas.
Ingrata somos nós por existir.
Respeito por àquelas que não suportaram tanta violência.
Nossos corpos, gostos e identidade tão poucos respeitados.
Se é que já fomos alguma vez minimamente respeitadas.
[Respeito].
Note: Desabafo lésbico. de umA garotA lésbica. sofrendo por ser lésbica não feminilizada. num mundo que nos odeia. Implorando por respeito. E um beijo a minha mãe.
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dykemd · 10 months
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Oi, tudo bem? Você sabe como é a cena les/bi em aplicativos de namoro aqui no Rio? Eu tô querendo tentar usar algum, ganhar mais experiência, conhecer gente interessante, transar um pouco, conversar com outras mulheres que gostam de mulheres. mas tenho dificuldades com socialização, tenho TEA, então tô tentando descobrir um pouco o que me espera e meio que me preparar. Tem algum aplicativo específico que seja legal? Que tipo de coisa as pessoas geralmente botam no perfil (ou qualquer coisa desse tipo) delas, quão diretas elas já são logo de cara? Acontece muito de pessoas serem escrotas em relação a lésbicas que são butch, desfem, bofi etc (já tive umas experiências meio chatas, fora de aplicativos)? Tô aceitando qualquer dica ou ajuda aqui, sério. Espero que não seja bizarro demais uma pessoa aleatória te perguntar isso no tumblr, mas não tenho amigas lésbicas neste canto do mundo, por isso tô perguntando pra vc mesmo, já que sei que vc é daqui e parece ser bem boa com esse tipo de coisa.
tá tranquilo, cara!! já faz um bom tempo que eu só tenho usado o tinder mesmo então eu nem sei como é que as coisas andam nos outros apps. mas assim, já posso te adiantar que eu nunca encontrei gente que foi escrota com o fato de eu ser masc, se elas derem like em você é porque te acham atraente e ponto. agora com relação ao resto do que você perguntou depende muito! a maioria não é tão direta mas sempre vai ter uma que vai ser. tudo depende do que você tá procurando também, se você tá querendo namorar ou só ficar. eu só te digo pra não entrar com grandes expectativas, pode ser que demore um pouco pra você pegar o ritmo das coisas mas isso é normal!!
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bitchypostphantom · 11 months
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for Tania
Sei una puttana bugiarda fottuta Devi andare e disabilitare il tuo acc Deve scomparire anche Per uscire soddisfazioni fini Lol Speriamo che te la cavi idiota italiano
For Naya
Você também. Deve desaparecer lésbica com síndrome de down deficiente em butch Vá cortar suas veias.hahaha Engraçado e idiota como o esquisito pesquisador do RJ noob rato menino nerd 🤓
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ao3feed-supercorp · 1 year
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Straight Is My Ass
by imkaymarques
Kara não é lésbica.
Ela acha que saberia se gostasse de mulher, afinal, as pessoas não nascem assim? É algo que ela saberia desde criança. Então não, era não gostava de mulheres.
E daí que ela não conseguisse tirar os olhos de sua nova colega de apartamento muito gostosa? Isso a tornava mera admiradora da anatomia feminina, não uma lésbica.
Questionar esse fato seria apenas absurdo, certo?
Words: 3059, Chapters: 1/8, Language: Português brasileiro
Fandoms: Supergirl (TV 2015)
Rating: Mature
Warnings: Creator Chose Not To Use Archive Warnings
Categories: F/F
Characters: Kara Danvers, Lena Luthor, Alex Danvers, Samantha "Sam" Arias, Kelly Olsen (Supergirl TV 2015), Andrea Rojas, James "Jimmy" Olsen, Winn Schott Jr., Mon-El (Supergirl TV 2015), Elizabeth Walsh | Lena Luthor's Biological Mother
Relationships: Kara Danvers/Lena Luthor
Additional Tags: Alternate Universe - No Powers, Idiots in Love, Friends to Lovers, Roommates, Sharing a Bed, Fluff and Smut, Domestic Fluff, Useless Lesbians, Lesbian awakening, Internalized Homophobia, Jealous Kara Danvers, Kara is a Butch but Doesn't Know It Yet, little angst, Good Luthors (Supergirl TV 2015)
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lgbtfilmes · 9 months
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Max é uma jovem estudante lésbica em Chicago que passou dez meses sem fazer sexo. Ela e sua colega de quarto e professora universitária Kia estão em uma cafeteria quando se deparam com Ely, uma mulher hippie com longos cabelos trançados, que Max inicialmente rejeita. Max e Ely acabam indo juntos para um filme. Depois do filme eles retornam para a casa de Ely e, depois de uma conversa de paquera, eles se beijam. De repente, uma ligação vem da parceira de Ely (invisível na tela) Kate, com quem Ely está em um relacionamento de longa distância há mais de dois anos, o que coloca um pouco de um amortecedor nas coisas. Ely decide cortar todo o cabelo dela, terminando com um curto butch estilo. Ela corre para Max em uma livraria e Max quase não a reconhece. A namorada de Kia, Evy, volta para casa. Seu ex-namorado Junior está lá. A mãe de Evy a confronta, dizendo que Junior disse a ela que ele tinha visto Evy em um bar gay. A mãe de Evy a expulsa e Evy foge para a casa de Kia e Max a convida para morar com eles. Ely e sua companheira de quarto Daria dão um jantar e, depois de um animado jogo de I Never , Max e Ely se reconectam. Eles fazem planos para sair novamente e depois começam a beijar. Eles têm várias conversas telefônicas, no decorrer das quais Ely revela que ela está "meio que desintegrada" com Kate. Eles se reúnem para um segundo encontro, mas eles nunca saem do apartamento. Max acaba aparando as unhas de Ely. Isso se transforma em preliminares e eles fazem sexo. Intercâmbio com os créditos finais são cenas e cenas curtas do florescente relacionamento de Max e Ely. Recomendação: Amor de Verão(2005) IMDB
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ankhogayflags · 1 year
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Gay Man Flag
Algunas banderas han sido creadas para representar específicamente a los varones homosexuales debido a que comunmente se usa la bandera arcoíris la cual representa a la comunidad LGBT en su totalidad. Aquí vamos a ver la propuesta más interesante y cargada de simbolismo e historia que existe hasta el momento.
Listerine
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[Bandera de 7 rayas yendo de tonos verdosos, blanco, hasta tonos azulados]
Diseñada por Anonymous y Mod Hermy.
Esta bandera ha sido una de las precursoras para la creación de banderas para varones gays y se usó como referencia la bandera lésbica butch. En un principio la bandera sería en tonos azules a morados pero luego se cambió el morado por el verde.
El verde representa los claveles verdes utilizados por los homosexuales para identificarse entre sí gracias al escritor Oscar Wilde. Mas información [Aquí]
El azul representa al planeta Urano ya que antes de que existiera el término 'Homosexual' como tal se utilizaba el término 'Uranitas' o 'Uranos' Mas información [Aquí].
Los colores (de arriba a abajo) significan Lucha, Salud, Amor y Sexualidad, MWD (hombres discapacitados), Arromanticismo y Asexualidad, Orgullo, Historia.
El degradado de colores a su vez representa la diversidad de todos los nacidos varones y gay's.
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isiyamor · 5 years
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arco-pluris · 4 years
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What does sapatrans mean/refer to?
Sapatrans refers to sapatona transgênera ou sapatão transgênero. It's used by trans sapphics and transbutch/transmasculine femarics (attracted to women). As you can see in LBT+ facebook communities (there was a bigger group of sapa transfems but I can't find anymore, but you can search through fb if you want). It can be its own identity transfeminity. Some claim it has peripheral conotations (periférica or more specifically favelada), since some use it as a marginalized group dissidence.
Sapa (shortened), in anglophone «and/or “North-spheric”/“Westerner”» terms, is compared to the "d slur" denotations, but it carries false symmetry. Other uses: sapate (neutral form), sapata (fem), sapato (masc). Note it derives çapa(to). Here's the Wiktionary with almost all etymologies. I could translate it as zapa(trans) [as well as zapate/zapatone, zapata/zapatona, zapat, zapatão…]. Here's an explanation (ptbr).
Commentary: probably it popped up as maria sapatão, since there's a carnival song. Maria-rapaz, similarly, meant marica/marika fem version, in the interwikis tomboy is mentioned. So I'm presuming sapa could mean tomgirl too, in this perspective.
You could tell me "just say butch" or "just gnc"… But butch is a foreignism/loanword. Gender nonconformity isn't as known as in English in Brazil. Plus sapatão, just as travesti being older than transexual and transgender, is probably older than undocumented centuries, where outed Brazilian sapphics were deported to Portugal, etc.
Out of curiosity: Nazaré Tedesco memer literally used "sapatonas" in a soap opera, becoming another popular meme here.
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nalbuque · 7 years
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My face when I learn the demographic at wherever is overwhelmingly non lgbtq+
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kpop-locks · 3 years
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Olá, compreendo que não estão a aceitar pedidos e que não estão fazendo LGBTQ+ wallpapers. Mas, eu vim dar uma sugestão de na próxima vez fazerem também de: multisexual, femaric, butch, bofe, androsexual, anonbinario ou figenero. Desculpa qualquer encômodo, e eu sei que vocês fazem pelos pedidos e não pediram esses (provavelmente).
ta bom, vou por aqui os meus oks, vou pedir ora lara editar depois qualquer coisa:
multi: SE CHEGAREM PEDINDO E PEDINDO TMB OMNI E POLI VÃO LEVAR SOCÃO
femaric: nunca tinha ouvido falar, achei a mesma coisa de sáfica ?
butch: essa eh vou pedir pra bea falar sobre por ser lésbica, eu achei meio ???? pq vc tem que ser o "homem" da relação se vc não tem complexo de gênero
bofe: nem achei o que é, pra mim bofe é como meu padrinho gay chama os crush/peguete dele
androsexual: não é o mesmo que aquileano?
anonbinario: eu só achei coisa sobre ano binario e ano bissexto, tu digitou certo?
figenero: de novo, não achei nada.
edit (bea): oi amr então eu sou lésbica e vim falar sobre os que tem relação com o meu movimento. sobre o femiric:como a maju disse é a mesma coisa que sáfica, que alias já tem edit aqui no blog. no google fala que foi criado para pessoas enby mas sáfica, e nenhuma outra sexualidade, excluem os não-binarios portanto é burrice criar outro movimento sendo que não-binarios já estão incluidos nas já existentes. e sobre o movimento butch: o movimento butch já está incluso em todas as bandeiras lésbicas, com uma simples pesquisa vc ja encontra isso. e pra quem ainda ta em duvida sobre o butch é simplesmente um movimento dentro da luta lesbica das lesbicas que não expressam feminilidade.
edit lara: concordo com tudo citado pela maju e pela bea mas só quero complementar que quando vocês trazem "sexualidades" novas que basicamente são as que já existem só que com outros nomes isso apaga a luta das já existentes, como por ex em minha opinião multi/omni/poli apaga da bi e pan, sendo que ambas já são extremamente invalidades no meio lgbt, principalmente a pan que é um movimento que começou desde antes dos anos 70. todas as sexualidades já abrangem o que as outras citadas querem passar então não se precisa de uma nova para excluir ou incluir.
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cuntess-carmilla · 4 years
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Chico Leslie, another lesbicide in Chile.
TW: Lesbophobia (butch specific), murder, mentions of sexual assault.
“Chico” does mean “boy”, but in Chile “Leslie” is perceived as a feminine name and her friends refer to her with she/her pronouns. Please respect that she was a gnc lesbian.
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Young lesbian stabbed to death in Santiago: claims of lesbicide
In the early morning of Saturday August 9th (2020), Cynthia Leslie Velásquez was stabbed after getting herself involved in a confrontation and protecting a girl from a man who intended to sexually assault her. Chico Leslie - as she chose to name herself and as she was known in her neighborhood - was a lesbian, and died few hours after being attacked, at a hospital in Santiago. One of her lungs was severely pierced.
Leslie, aged 31, was at a party that night in the Lo Espejo district, one of the 55 areas of Santiago still in lockdown due to the pandemic. She had recently been released from jail, where she spent a brief sentence for minor offences. Those who knew her say that she was in the process of rehabilitation and social reinsertion, which was turning out to be successful.
“She was leaving behind a life of bad habits, she wasn’t committing anymore crimes, she wanted to have a better life and was selling clothes at the flea market”, tells Paola Ramírez to Presentes, founder of the Colectivo Mujeres Libres de Chile (Free Women of Chile Collective) and consultant at Mujer Levántate (Woman, Rise Up), an organization that dedicates itself to helping women such as Leslie, who were deprived of freedom, so they can reinsert themselves back into society.
Paola met Leslie at the Centro Penitenciario Femenino de San Joaquín (Saint Joaquín’s Women’s Prison), in 2014.
She believes that Leslie’s only "relapse" after being released from prison was attending that party (which was clandestine, due to lockdown).
So far there’s no arrests over the case, but many witnesses and people close to her point to a man known in their community as “El guatón Iván”. Paola says that Leslie had already had confrontations with him and that whenever he saw her out in public “he’d shout things at her, he disliked her for her appearance, how she carried herself and how she looked”.
The information Paola has is that during the party, Iván Poblete tried to assault another young woman and Leslie saw him: “I don’t know many of the details, but I know that when things calmed down, the guy took advantage of her lowered guard and attacked her from behind, stabbing her repeatedly. After this, he and another person dragged her from where she was into the streets, bleeding and unconscious. Someone asked for help and a group of Haitians showed up, they were the ones who took her to the hospital. They reported the crime to Carabineros, but so far there’s no information on her attacker and there’s no arrest warrant against him”.
The study “Ser lesbiana en Chile” (Being a lesbian in Chile), prepared in 2019 by Agrupación Lésbica Rompiendo el Silencio (Lesbian Collective, Breaking the Silence), with a sampling of 436 lesbian and bisexual women surveyed in all regions of the country, finds that 70% of them report having been publicly harassed for their sexual orientation, like Leslie was.
Presentes attempted to get in contact with the homicide division of the investigation police, to obtain details of the investigation, but there was no response.
Upon the cry for justice from Leslie’s family and the organizations Paola belongs to, other organizations joined the cause in solidarity, such as Abofem (Feminist Lawyers), Agrupación Lésbica Rompiendo el Silencio, Asamblea Lesbofeminista RM (Lesbofeminist Assembly), OTD (Trans Diversities Organized), the Feminist Collective of Lo Espejo, Las3 Abisales, Lesbofeministas Antirracistas Tierra y Territorio (Anti-racist Lesbofeminists Land and Territory), Reconstruyendo Espacios (Rebuilding Spaces) and la Red Chilena contra la Violencia hacia las Mujeres (the Chilean Network Against Violence Against Women).
This Thursday (August 13th) they published a statement together demanding three things: that the prosecution applies the Gabriela Bill (enacted in March, widening the legal definition of femicide) once Leslie’s murderer is arrested, due to this being a femicide motivated by her sexual orientation and gender expression; that the Lo Penal court sentences her murderer to life in jail; and that the right to due process and investigation are respected in all cases of violence that affect all communities.
“We want this case to receive visibility because it’s not the first sister that’s been taken from us with the subject’s case being left uninvestigated, as if we have no right to be defended due to being formerly deprived of our freedom”, claims Paola. She insists that, judging by the zero response from the authorities, in this case it’s not just an instance of discrimination for her sexual orientation and gender expression, but there’s also a component of discrimination due to Leslie’s past record: “They see her record, but they don’t see that she was in the process of social rehabilitation, that she was trying to the best of her ability to live a good life and that she wanted a second chance to do so”.
Translated from: https://agenciapresentes.org/2020/08/13/asesinaron-a-punaladas-a-una-joven-lesbiana-en-santiago-denuncian-lesbicidio/
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Recomendações a psicoterapeutas não-lésbicas para atendimento ético com  lésbicas
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O lugar heterossexual pode ser uma dificuldade no atendimento de uma lésbica. Embora psis geralmente tenham uma técnica que os ampara (abordagem, teoria, supervisão), muitas respostas não se encontram ali, ou algo nos escapa. A ética profissional é exigida de todos independente de estarem em um lugar subjetivo hegemônico (brancos, ricos, heterossexuais), mas na prática acaba não sendo suficiente esse posicionamento para evitar reproduções de violências no atendimento.
Acredito que ser atendida por uma lésbica se você é lésbica é uma demanda mais que legítima, por tudo que envolve um processo de análise, pelo proprio processo simbólico que ele significa e como lésbicas e mulheres são justamente “povas” sem linguagem, aculturadas pela cultura masculina, ditas por outros: faladas, e não sujeitas falantes. Ser lésbica e ter uma psicoterapeuta lésbica é uma recuperação histórica de um potente laço entre mulheres.
Isso não quer dizer que mulheres heterossexuais não possam atender lésbicas, se houver um genuíno esforço de abertura para a alteridade e especialmente, um tanto de estudo na questão, um interesse genuíno em saber mais, e a aprender com a paciente. Lésbicas podem escolher passar com homens gays por pensar que haverá mais ponte entre ela e alguém que vive homofobia. Porém homens gays também devem fortemente questionar sua misoginia como homens, serem críticos com a misoginia e roubo de protagonismo feminino da cultura gay, sua socialização como homens. Também nem sempre a lésbica encontra em sua cidade uma psicoterapeuta feminista, lésbica, ou se busca atendimento social, não pode escolher tanto. Então precisamos que todas pessoas se capacitem a atender lésbicas com perspectiva crítica, para que não apenas que podem pagar ou conseguir uma tenham atendimento ético.
Mas especialmente, para todos e todas psi: estejam em análise. Leve para sua análise seus mal- estares, medos, preconceitos e incômodos. Não atue sobre a paciente sua contra-transferência clínica: pense a respeito do que a paciente causa em você, do que faz sentir, de como se sente atendendo, se atente a isso como elemento clínico informante do processo, reflita em supervisão ou colegas, e com você mesma/o. E se uma lésbica te deixou, não se defenda dizendo que foi mera resistência ao tratamento. Pense a respeito do seu fazer clínico, criticamente. Trabalhe em análise sua dor de ser deixada/o, seu sentimento de fracasso ou quaisquer destas fantasias que no fim, dizem respeito às suas questões próprias, e não ao que realmente aconteceu). E legitime essa decisão.
Vão as dicas, escritas para um curso sobre Psicoterapia com Lésbicas que dei no Chile em 2018:
- Ser uma terapeuta que se identifica com a outra mulher, que coloca mulheres no centro. Embora não seja lésbica, isso vai gerar maior confiança, por demonstrar uma ética feminista especialmente voltada para mulheres. Lésbicas geralmente preferem estar com mulheres feministas à desinformadas por acreditar que assim estarão mais protegidas de reproduções heterossexistas. Fazer parte de um feminismo que coloca mulheres em primeiro lugar também irá te ajudar muito (na minha opinião o feminismo queer por exemplo acaba sendo sobre todo mundo e muitas vezes menos sobre mulheres).
- Revisar o privilegio heterosexual e aceitar que você o tem. Perceber as diferenças de tranquilidade de vida, facilidades, e problemas que você não passa e essa outra existência sim, vai ajudar a enxergar e ter empatia e não colocar seu ego incomodado à frente.
- Cuidar a informação que recebe de uma lésbica. Se necessário busque supervisão de outra mulher ou de uma psicoterapeuta feminista, ou converse com uma colega psicóloga lésbica (especialmente se for politizada), caso tenha dúvidas. Lésbicas já foram tratadas por muito tempo como estudo de caso, ridicularizadas e são frequentemente expostas e fetichizadas, esse cuidado é importante e vai mostrar sua honestidade com você mesma. Eu jamais por exemplo, levaria à supervisão clínica com um homem um atendimento com lésbicas. E trato de educar minhas supervisoras sempre que posso, explicar particularidades que possam não entender (por exemplo a própria questão das butches bagunça a cabeça de heterossexuais, que acham que se trata de querer ser masculina, faço questão de dizer que a lésbica é não feminina e corrigir termos que não acho corretos).
- Ter em conta que seu olhar é heterocentrado pela sua construção de vida até então, e pode deixar de enxergar muitas coisas.
- Não se bastar com uma noção liberal de que "eu respeito a diversidade, cada um com sua escolha" ou slogans rasos como "Amor é amor". Isso não traz abertura para pensar a lesbofobia que você traz e ainda está por desconstruir. É uma forma mascarada de defensividade ao criar ilusão de que você não é mais parte do problema.
- Buscar informar-se sobre lésbicas. Até à paciente você pode se colocar aberta à recomendações (com moderação, a sessão não é sobre você, quem precisa ser acolhida é ela e então tome responsabilidade em educar-se).
- Olhar para as teorias e movimentos lésbicos não como algo que não tem nada a oferecer para você ou nada haver com você. Como mulher você pode descobrir que as teorias e a cultura lésbica traz ricos ensinamentos sobre laços entre mulheres, o valor das amizades femininas, sororidade, amor à mulheres, éticas de primazia das mulheres, propostas de autonomia para mulheres... Você pode aprender muita coisa com lésbicas.
- Desde a idéia da heterossexualidade compulsória de que há uma socialização heteronormativa, pensar sua heterosexualidade, sua construção, vai ajudar a se aproximar das lésbicas de forma mais humilde. Além de que isso pode ajudar a reconhecer e validar a resistência lesbiana, ao invés de fazer o que, desde a idéia de 'diversidade sexual' e 'tolerância' é o mais cômodo para heterossexuais: terminar por colonizar sem saber essa outra realidade, ao pensar que é uma relação como a sua, e que não existem mais problemas, que vivemos num mundo democrático e tolerante... E a verdade é que são situações muito diferentes, são relações que possuem muitas diferenças em vários aspectos das relações heterossexuais, seja pelas socializações de duas mulheres juntas, seja porque há opressão que se vive nesse casal e nessa individualidade.  Não somos iguais, não é "tudo amor" simplesmente, não é tão simples, e isso pode terminar sendo uma visão inocente e despolitizada também, que termina por apagar essa existência e minimiza os problemas que enfrentam as dissidências sexuais como um todo.
- Desafiar a minimização das questões lésbicas, seja nos movimentos sociais e feministas, seja no meio da psicologia.
- Respeitar e reconhecer a potência feminista dos laços lésbicos, ao invés de enxergar como uma "prática sexual privada", não política. Não é o equivalente contrário da prática sexual hetero, nem a versão feminina dos homens gays. Ser lésbica é também resistência política e subversão de lógicas falogocêntricas.
- Questionar teorias patologizantes e a ideologia heterossexual que aparece em abordagens, falas, interpretações. Por exemplo: a idéia de relações lésbicas serem imaturas, infantis, ou pensar numa psicogênese da negatividade para a lesbianidade, por exemplo clichês como: falta de mãe, traumas sexuais... Ou o não questionar o paradigma heterossexual de normalidade, que pode tomar por exemplo a tendência de intensa conexão nas relações lésbicas como 'fusão' e se o casal lésbico não tem tanto sexo como negativo quando este casal compartilha mais coisas que sexo na relação. Inclusive esse paradigma heterossexual pode oprimir lésbicas a ponto de elas buscarem terapias sexuais por não se sentirem normais. Questionar a matriz heterosexual que toma a heterosexualidade como o normal e desejável, o caminho do desenvolvimento saudável.
- A pessoa heterossexual numa sociedade heterossexista é lesbofóbica nesta sociedade, assim como brancos são racistas numa sociedade racista. Da maneira como é inculcada via ideologia hegemônica, se considera o sexo real (falocentrismo), e é defensiva com a lesbianidade. Não caia na armadilha de pensar que o problema está no outro e não em você, que a homofobia e lesbofobia excessivas de pessoas de direita são o problema, e não a lesbofobia velada que mesmo pessoas progressistas podem manifestar.
- Utilize com cautela, algum lugar de diferença que você habita, para criar ponte com a opressão desta outra. Não são opressões iguais , mas você sabe  o que é viver uma diferença se você é: negra, indígena imigrante, asiática, gorda, pobre, deficiente. Pode falar disso a respeito com a paciente quando ela se sentir desamparada e que não pode ser compreendida.
Espero que essas dicas possam ajudar a refletir sobre sua prática clínica.
Ao final, deixo recomendações de leituras (somente deixarei três para que não sobrecarregue):
- Heterossexualidade Compulsória e Existência Lésbica – Adrienne Rich
- O Pensamento Heterossexual – Monique Wittig.
- Por que você quer se parecer com um homem? - Laura Couto.
Até mesmo lésbicas devem pensar sobre o atendimento com lésbicas. Uma política identitária não é o suficiente para um acolhimento integral. Por isso a importância de pensar a própria lesbofobia internalizada, a dificuldade em ser visível, a sua questão com isso, na sua análise. E politizar sua existência te ajudará muito a ganhar consciência sobre o ser lésbica e não reproduzir heterossexismo.
Foram algumas dicas, talvez futuramente melhore, e estou aberta a trocas sempre com outras profissionais.
Boa leitura e atendimentos!
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