tornado warnings haechan
se mentir por causa dele matasse, já estaria morta. já teria morrido um milhão de vezes... seu terapeuta que o diga. mas não tem como evitar, ele sempre volta e você não resiste.
notas: tentando lidar com o meu bloqueio criativo. eis aqui a faísca de inspiração dos últimos dias, espero que gostem!
[09:46]
“eu já… superei o haechan.”
maldito apelido que escorre dos seus lábios mentirosos pintados de café. mark ri com escárnio, lendo o óbvio por trás da pose fingida que levanta seus ombros tensos do outro lado da mesa.
“superou sim, e eu sou o homem-aranha.” outra vez permite uma risada escapar, beliscando o bolinho de frutas vermelhas sem esperar esfriar, queimando o dedo no processo.
“te avisei que ia se queimar. toda vez é isso.”
assiste os olhos do amigo revirarem de deboche ao passo que ele suspira, entrelaçando os dedos com mais força na bebida quente. a padaria perto de casa sempre fora ponto de encontro para os três, que agora são apenas dois.
todo trio tem uma dupla, é fato. entre hyuck, mark e você, era tão óbvio quanto o dia após a noite quem era a dupla. dupla que virou pseudo casal, que virou algo, e o algo virou nada, e a amizade não toma rumo nenhum. pois é, nada com coisa nenhuma. termo que pior ou melhor define o que acontece entre os dois.
haechan sabe que te ama, mas é tão complicado amar alguém na casa dos vinte. são tantas decisões, tantos questionamentos, tantos medos… ao seu lado, ele sentia que não precisava pensar em nada disso, só em você. ficou cego de amor, não viu que estava te machucando ao dar pontos sem nó. de repente, se afastaram, mas se reaproximam tão fácil que não dá nem tempo de dizer não.
“não muda de assunto. se você realmente tá em outra, por que ele ainda é pauta na tua terapia? por que continua encontrando ele escondida?” sua expressão chocada causa cócegas na barriga de mark. “qual foi, cê achava que eu não sabia? vocês são meus melhores amigos ainda, conheço bem o meu povo.”
“talvez eu só esteja tentando me convencer do que eu preciso fazer.” confessa num suspiro a verdade que estava trancafiada no coração.
mark apenas balança a cabeça, sentindo pena da amiga, mas também pena de si mesmo. é horrível ver as pessoas que mais ama no mundo sofrendo dessa forma, separados. brincar na corda bamba nunca foi sua praia, e agora ele precisa viver na nova realidade, ainda sentindo o gosto da saudade do trio.
[18:25]
ALERTA DE EMERGÊNCIA
Alerta de Tornado nesta área até 20:14. Procure abrigo.
o barulho da notificação quebra sua concentração no filme iluminando o quarto por um instante. Verificando a mensagem, se levanta para fechar todas as janelas, inclusive as da sala. através do vidro, vê a figura masculina se aproximando da porta. o olhar te encontra e sorri, balançando a sacola que há em uma das mãos. você fecha a cortina com um sorriso contido e, quando gira a maçaneta, mal dá tempo de cumprimentá-lo. donghyuck passa o braço livre pela sua cintura num movimento rápido e forte, mas delicado. sela os lábios nos seus com saudade, como se não tivesse passado os últimos três dias sem se falarem direito.
“trouxe comida chinesa pra gente.” o sussurro quase não chega aos seus ouvidos, a voz abafada entre os lábios dificulta. “vamo comer no parque?” sugere sedutor, não consegue cessar os beijos por muito tempo, te dando selinhos longos entre as palavras.
“hyuck…” como se ele fosse permitir que você negasse. ele chega para o lado e, fazendo uma bagunça, alcança as chaves do seu carro no pote em cima da cômoda. “...tá com alerta de tor-”
“tá comigo, tá com Deus.” vocês riem com a declaração boba do garoto. “não é como se fosse a primeira vez que a gente ignora qualquer aviso. por favor?”
na meia luz do cômodo, o olhar cheio de estrelas brilha sobre o seu, e o mínimo resquício de consciência se esvai. você pega as chaves nas próprias mãos, vendo-o celebrar a pequena vitória.
o crepúsculo pinta o céu enquanto você dirige para o parque, as ruas obviamente vazias não espantam haechan nem um pouco. as luzes públicas não acendem pelo teor de emergência que paira sobre a cidade, mas o seu coração só acelera pela proximidade do garoto, os dedos longos batucam o ritmo lento da música no seu joelho, mais nada existe.
estaciona em qualquer lugar, ninguém mais viria mesmo. haechan corre para o outro lado do carro para abrir a porta para você e conduz o caminho entre as cerejeiras e os bancos vagos sem desconectar as digitais das suas.
acham refúgio em uma das mesas tomadas por pétalas caídas na clareira, onde abrem os pacotes do restaurante para jantarem juntos.
o silêncio não tem vez. donghyuck é bom em te tirar de si mesma, arranca os segredos que perdeu, os contos da sua vida agitada e ri da sua cara ao comentar as piores novidades sobre as pessoas que não gosta.
tão bom é ser você mesma com ele, mas também anseia por saber as coisas dele. dói não ouvir sua voz animada ao final de cada dia.
“mas e você, hein?” larga o talher ao dar a última garfada. relâmpagos fotografam o céu no mesmo momento.
“eu tô o mesmo de sempre.” suspira ao cruzar os braços, apoiando-os sobre a mesa, inclinando o corpo para te olhar melhor. “sempre com saudade de nós.”
ele não resiste dizer. reconhece que a culpa de toda essa bagunça amarrada à situação de vocês é dele e quer tanto organizar tudo, enfrentar o tornado dentro de si.
“nós três, ou nós dois?”
“você sabe o que- nós dois. claro que nós dois.” os dedos ardem, então ele cede e acaricia seu lóbulo após pôr uma mecha solta atrás da sua orelha.
“então por que você some?” nem acreditou ao se ouvir. confrontá-lo não estava nos seus planos.
“porque eu não sei lidar com o que eu sinto por você.” ele solta ar pelo nariz e desvia o olhar para baixo, debochando da própria covardia. “fiquei com tanto medo de estragar tudo que acabei estragando tudo.”
“não é bem assim, hyuck…”
“claro que é. o mark vive brigando comigo porque tô te magoando, eu vivo puto comigo mesmo porque complico coisas simples. mas ao mesmo tempo a gente é tão… complexo.”
sua vez de rir, só que com sinceridade. realmente se envolveram numa cama de gato tão bem feita que nenhum dos dois sabe como prosseguir o jogo.
os relâmpagos viram trovões próximos, os primeiros pingos grossos de chuva se mostram no concreto. o céu se comporta de maneira esquisita demais para continuarem ali. sem nenhuma palavra, mas em paz, você dirige na direção tão familiar da casa de haechan. ele, no entanto, transborda inquietação no banco do passageiro ao se contorcer e bater os pés no tapete.
“o que tá havendo, donghyuck?” você para o carro e segura um riso teimoso, tomando o lábio inferior nos dentes.
“não quero ir pra casa.” o rosto pidão ataca outra vez, e você volta a olhar para frente, apertando o volante com força.
“onde eu te deixo?”
voltando a mirá-lo, percebe o quanto ele havia encurtado a distância, as respirações se misturam enquanto hyuck segura seu queixo entre os dedos, repousando a testa na sua. a resposta é tão óbvia que ele espera não ter de responder.
o problema é que ele te conhece bem demais. teria de te convencer do que queria, pois sabe que quer o mesmo. você morre de medo de chuva forte, imagina de tornado. ficar sozinha sempre é um pesadelo nessas situações, ele nunca permitiu que isso acontecesse. não seria hoje a primeira vez.
“hyuck.” como um apelo, declara o nome de quem te faz ouvir o próprio batimento cardíaco. “não brinca comigo.”
“nunca.”
finalmente beija seus lábios de novo. a saudade ainda está ali, acumulada. ele tira suas mãos do volante e faz com que repousem no próprio ombro, dali tomam outro rumo — a nuca, os cabelos macios do garoto. ele usa a língua com cautela, com esperança de que se te beijasse devagar o tempo pararia.
o desejo que tem é de te fazer inúmeras promessas de amor, mas aperta sua cintura com ternura em vez disso. a vontade que você tem é de perguntar se ele vai parar de fugir, mas cria uma trilha de beijos até o pescoço dele, permitindo o perfume inebriar seus sentidos.
haechan fecha os olhos e aproveita cada onda de calor que seus lábios causam, contrastando tanto com a temperatura caindo mais e mais ao lado de fora. a chuva quebra o silêncio dentro do carro, encharca o asfalto.
“amor…” donghyuck murmura, trazendo seus lábios de volta para os dele. “vamo pra casa?”
na manhã seguinte, tudo parecia ter sido um sonho. se não fosse o conforto do abraço e o cheiro da pele quente, se não fossem os lençóis caóticos e as nuvens escuras que já se despediam do céu, teria achado que era tudo invenção da sua cabeça.
você levanta com cuidado para não acordá-lo, sorrindo ao observar o semblante tranquilo e a respiração calma, o peito onde agora mesmo estava recostada subindo e descendo com tanta paz.
arruma-se brevemente para o compromisso que não teria como adiar, tentando fazer o mínimo de barulho possível. tira o notebook da gaveta e segue para o quarto em frente ao seu, deixando as portas entreabertas. senta-se na cadeira, deixando o computador na mesa e conecta os fones ao aguardar que a terapeuta aceitasse seu convite para começarem outra sessão.
“alguém acabou de acordar! bom dia!” a psicóloga sempre alegre faz uma piadinha para quebrar o gelo, você tenta não olhar muito para o garoto em sua cama, do outro lado.
“pois é, noite longa… a chuva, o medo do tornado.” mente pela primeira vez.
“entendo, querida. o que fez enquanto não dormia?” ela não parece desconfiar, o que você mal compreende. normalmente ela faz uma cara de repreensão, e você conta a verdade.
“não muito, é…” n��o evitou fixar o olhar onde queria estar agora. “li um pouco mais do livro que comprei semana passada.”
“pensou nele?” um sorriso travesso ilumina o rosto da terapeuta, que se sentia comentando sobre um segredo.
“não.” mente pela segunda vez, se concentrando em fazer cara de paisagem.
“não? ele te procurou recentemente?” está aí a cara desconfiada.
“não, a gente não se fala tem uns dias… a gente nunca mais saiu junto, digo, nunca mais nos vimos, nem… nem nada do tipo.”
“ele também não apareceu na sua casa do nada como sempre faz e não está com você agora?”
seu olho treme, pela visão periférica dá para ver o garoto trocando de posição durante o sono, uma vontade imensa de rir fica presa na sua garganta. onde é que você está se enfiando? esta é a única hora da semana que você tem para tirar donghyuck da mente e se ouvir falando sobre as próprias questões, sobre tudo, sem ser obcecada por ser dele. bom, agora não tem mais.
começou, precisa terminar. tem de ser convincente.
“não, já faz tempo desde o nosso último encontro, do último beijo… acho que agora acabou mesmo.”
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✦ ◞ oi oi besties, tudo bem com vocês ? eu sou a jessie ( 25+ ) e dei uma sumidinha daqui por problemas da vida adulta mas eu jogo rpg tem bastante tempo & finalmente tô com um tempinho legal pra dedicar pra esse hobbie que eu tanto amo que é escrever ! dito isso queria deixar alguns temas & plots que eu quero jogar ! caso você se interesse por algo ou queira criar alguma coisinha nova pra jogar comigo, é só deixar uma curtida aqui ou me chamar no im ! ♡
wanted plots. & guidelines.
— alguns plots específicos que eu quero jogar:
fake dating, barista ( muse a ) coloca um flyer no café rival procurando um namorado de mentirinha ( muse b ) pra fazer terapia de casal com ele. o motivo ? o melhor amigo de muse a é apaixonado nesse cara da faculdade que é um famoso terapeuta de casais e muse a faria de tudo pra ser o melhor wingman de todos.
secret love, âncora de telejornal famoso ( muse a ) está num relacionamento super mega secreto com um modelo mais famoso ainda ( muse b ) e essa notícia vazou de um jeito tão rápido e ridículo que ele teve que ler sobre o próprio escândalo de namoro no meio do jornal ao vivo pro país inteiro.
a s m r, pintor ( muse a ) talvez tenha uma quedinha pelo seu youtuber favorito de asmr ( muse b ) mas ele jura para si mesmo que não é nada ! ele só tem problemas pra dormir e mars asmr é o único que consegue fazê-lo dormir nas noites das piores insônias. o que poderia acontecer quando um amigo sugere que ele grave um vídeo de asmr e marque o youtuber como forma de inspiração ?
zombie apocalypse, estudante de medicina ( muse a ) tenta sobreviver durante um apocalipse zumbi e, após passar meses sozinho depois de um desastre com seu grupo anterior, acaba por salvar um garoto da morte iminente e encontrando por acidente um grupo de homens leais e um líder ( muse b ) incrivelmente frio - e que foi totalmente contra a adição dele no grupo.
ahoy!, prisioneiro de um navio ( muse a ) pelos últimos dois anos e sendo submetido a ser o médico da tripulação, após uma intensa batalha com uma tripulação pirata rival, acaba sendo levado como prisioneiro para um segundo navio. aprisionado em troca de informação ( já que os piratas rivais não sabiam que ele era um prisioneiro no navio original ), jurou odiar sua nova tripulação a todo custo. isso é, até o cozinheiro do navio ( muse b ) quebrar as regras impostas pelo capitão e levar a primeira refeição saudável e completa em anos do prisioneiro.
tenho leves tendências a jogar m/m mas todos os plots podem ser adaptados !
— alguns temas que eu queria explorar mais:
náufrago/sereia;
piratas;
a/b/o ( nada muito estereotipado ),
algo parecido com a série spin out,
anjo/demônio ou humano/demônio,
distopia ( especificamente o mundo consumido por água ),
universo do valorant.
e mais !!! ( infelizmente o tumblr tá restringindo caracteres, então caso queira ouvir mais ideias malucas, é só me chamar !!)
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Apenas um desabado
Eu tenho depressão, sempre foi uma luta, que travo todos os dias. Existem profissionais qualificados para atestar e acompanhar cada caso.
Depois do laudo, medicação, terapias, não pense que vai ser fácil, não vai, é uma luta que tem dias que você perde a batalha e outras você vence.
Depressão não pode ser uma palavra para você jogar com os sentimentos das pessoas, para o seu vitimismo, para o seu coitadismo, é tão feio chamar atenção das pessoas usando a depressão para manipulação. Aqui no tumblr tem pessoas depressivas que só quem passa entende as entrelinhas, mas aqui tem muitos coitadismo, muito vitimismo, muitos usando depressão para chamar atenção pra si mesmo.
Prestem atenção que depressão nem sempre começa com alguém na cama, totalmente abandonado, essa é uma das fases finais ou quase final. A depressão se esconde em sorrisos, na pessoa que esta sempre dizendo que está bem, que apoia geral, mas não pede socorro pra si mesmo, a depressão vem acompanhada de culpa, por isso não gostamos de ser vítimas dela, a gente finge estar tudo bem, a gente se esconde para ninguém ver, ninguém saber, a gente não posta, a gente não escreve que quer ser matar, a gente diz para pessoas próximas, para terapeutas. Quantas vezes eu parei em hospitais, presa na cama, porque eu era um perigo pra mim mesma, eu nunca achei tempo, motivo, para tirar uma foto naquela situação.
Eu nunca compartilhei a depressão, era algo meu, algo que doía em mim, eu sempre tive quase tudo, me sentia culpada por aquela tristeza sabe. Me sentia ingrata, envergonhada real e isso sempre pesou muito...
Nunca gostei de ser vítima, coitadinha, eu me formei, fiz pós, mestrado, abri minha empresa, casei, tive filha, tudo isso já com o diagnóstico de depressão, levou tempo, levou tratamento, levou muita força e amor, recebi muito amor e aprendi a aceitar esse amor. O amor cura, não o amor que você quer, pela tal pessoa, mas o amor genuíno de pessoas que escolhem ficar com você mesmo quando você não merece, e não tô falando só de amor passional não, amizade, família etc.
Não é fácil escrever sobre essa minha ferida de forma clara, já escrevi e apaguei umas 30 vezes, faz uma semana que tô tentando escrever aqui, porque depressão não é uma frase, não é uma poesia, não é nem 1% do que vocês que não sofrem imaginam.
Sabe, eu observo e penso, que deveriam ter respeito pela luta real contra a depressão, pq ela destrói sonhos, ela acaba com o nosso emocional, é horrível ficar triste de uma maneira que não passa, é horrível achar que somos um peso no mundo, é horrível a gente achar que não merecemos a nossa felicidade... só quem passa sabe, só quem vem aqui transbordar o que a boca cala sabe, aí a gente chega aqui e vê gente usando da depressão para chamar atenção, para manipular pessoas, eu fico ainda mais triste e entendo as pessoas que chama depressão de frescura, falta de Deus, porque tem muita gente usando a depressão de mimi, de vitimismo, de coitadismo. Eu venho pedir pra você que acha q tem depressão procurar um CAPS, pedir a um profissional da saúde fazer o diagnóstico,fazer exames, terapias, se necessário for medicação, peça ajuda a quem pode te ouvir e ajudar, peça auxilio, porque pode descobrir que não é depressão, que terapia pode te ajudar, que sair do local de vítima pode te salvar de tanta coisa ruim que você atrai para si mesmo.
Pense no quando um diagnóstico salva. E pense na responsabilidade que você tem ao escrever sobre depressão, porque pessoas que te leem podem achar que esse lance de romantizar depressão é frescura mesmo e não ajudar quem realmente precisa. Vamos ter responsabilidade emocional.
Tem psicólogas aqui que fazem um trabalho lindo, cobram valores acessíveis para te apoiar neste momento tão difícil. Busque ajuda. Não romantize.
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𝐇𝐄𝐀𝐃𝐂𝐀𝐍𝐎𝐍𝐒 ⸺ de o passado um tanto caótico e um pouco mais ✨
Nathaniel deveria ter uma pequena lista de crimes em sua ficha criminal, se não fosse por seus pais, que por sorte estavam muito dispostos a recorrer a qualquer método para varrer os ocorridos e não manchar o sobrenome da família. Dentre os mais graves, estão crimes de stalking e perseguição, invasão de propriedade, agressões físicas e um acidente de carro que causou bêbado. Alguns diria que é injusto receber o treinamento do acampamento e usá-lo contra as pessoas normais no mundo lá fora, mas Nathaniel nunca pensou muito nisso quando a raiva subia à cabeça. Ele não pensava, na verdade, e esse era justamente o problema.
Não estou querendo dizer que terapia é inútil, mas no caso de Nathaniel foi basicamente rasgar dinheiro mesmo. Algum tempo atrás, quando estava fora do acampamento, ele buscou um terapeuta por livre e espontânea pressão dos pais, sob a ameaça de ser expulso de casa, deserdado e talvez até internado à força, mas ele mentia tanto para o terapeuta que nem se ele fosse o melhor do mundo conseguiria consertar a mente quebrada de Soverall.
Depois de causar um acidente de carro, também foi obrigado a frequentar a Alcoólatras anônimos até segunda ordem. É um alívio que isso ainda não exista dentro do acampamento (eu acho), e é por essas e outras que ele se sente mais livre aqui.
Já apelou para todo tipo de coisa para afastar os amigos das pessoas que ele mais gosta e tê-los somente para si. Ele apela para o sentimental, achando alguma fraqueza na família dos envolvidos para oferecer a solução numa oportunidade irrecusável, geralmente envolvendo questões de saúde e financeiras. No geral, não é muito saudável ser a pessoa favorita de Nathaniel — a menos que você aprecie ser um prisioneiro.
Na infância, fez muitas peças de teatro e tem um pouco de vergonha dos musicais.
Perdeu o melhor amigo numa missão e nunca conseguiu se recuperar disso muito bem. Desde então, tornou-se muito mais crítico e exigente com seus aliados, assim como consigo mesmo.
Como não tem uma relação muito amorosa como os pais e era filho único em sua casa, deparar-se com novos irmãos no acampamento foi... muito estranho, mas ainda assim foi uma das melhores coisas que já lhe aconteceu. Embora não seja um exemplo de demonstração de amor e carinho, tem um grande senso de proteção com os irmãos, ainda que com seu jeito cavalo de ser.
Seus pais não permitiam que ele passasse mais tempo que o necessário no acampamento. Costumava passar apenas os verões, mas agora não tem como evitar ficar de forma mais definitiva.
Por motivos que envolvem sua ex-namorada, Nathaniel passou a ter uma implicância ABSURDA com os filhos de Dionísio. Qualquer prole desse ser já deve ter tipo alguma faísca com ele, nem que fosse receber um comentário ácido.
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Você cura o outro com suas mãos, com sua fala, com sua atitude. Você cura com sua energia, com sua felicidade, com sua alegria e com sua maturidade. Cura o pensamento, cura os chakras, cura as feridas e o mal olhado, cura tudo o que for preciso curar. Cura com carinho e gratidão. Cura pra libertar a dor e o sofrimento do outro e de si mesmo. Cura e seja curado.
Gratidão por todos os seres de luz, terapeutas, healers (curandeiros), reikianos, professores, estudantes que compartilham das suas energias para curar. Gratidão a todos que recebem a cura por se abrirem a essa possibilidade em suas vidas.
Que esta noite nos seja leve!
paz e bem! Lucas
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o desenvolvimento da personalidade, de acordo com as casas astrológicas
qual parte de você resta desenvolver, evoluir? | vidas passadas & astrologia
Eu compreendo o mapa astral natal de uma pessoa a partir de várias perspectivas, e uma delas é a ideia de que:
o que somos agora é fruto de escolhas e ações passadas (pensando em vida passada e a ideia de reencarnar).
E de fato, em minha experiência, isso faz sentido, pois encontrei e encontro diversas pessoas que o mapa já denotava certos padrões trazidos de vidas, eu já via isso, e somente posteriormente o que fez e foi em vida(s) passada(s) foi surgindo, por meio das terapias holísticas que a pessoa fez sozinha - no caso de terapeutas -, comigo ou com outros terapeutas (conforme a relevância, isso aparece nas sessões, em especial nas sessões de terapias Multidimensionais).
Com base nisso, eu trouxe umas infos que eu já havia digitado há uns 3 ou 4 anos atrás sobre nosso mapa astral.
Mais abaixo falarei somente de um dos possíveis pontos de analisarmos a evolução de uma pessoa na perspectiva astrológica:
as casas astrológicas.
Acredito que cheguei a postar no blog mas não achei, e de qualquer maneira, como adicionei essas informações de vida passada mais acima e adiciono mais coisas abaixo, faz todo sentido um novo post, com mais adições:
ALGUMAS CASAS ASTROLÓGICAS & SIGNIFICADOS NO SENTIDO DE EVOLUÇÃO
(principais)
1ª casa: na perspectiva de evolução, representa primeira infância, a noção de "eu e eu", os nossos primeiros passos para criar a nossa concepção de mundo e de nós mesmos. aqui, o ego enquanto centro de consciência de si mesmo mal está formado. representa a identidade em constante construção, mas sempre focada no interno, e não em uma troca externa. o senso de que só há você. em excesso, significará a incapacidade de enxergar o outro, de lidar bem com a alteridade. você pode perceber que apesar de parecer algo exagerado o que estou escrevendo, é exatamente isso que ocorre e um pouco além disso, nas pessoas com esse tipo de escolha - que o mapa não vai estar definindo, mas apenas representando.
pessoas com 1ª casa forte no mapa, ou com a 1ª casa em planetas pessoais, especialmente se tiver ausência marcante de Libra e casa 7, devem aprender a desenvolver mais a sua personalidade no que não diz respeito somente a eles; têm que aprender a olhar menos para seu umbigo e mais para o outro, aprender com as pessoas também é importante.
4ª casa: personalidade com forte influências de sua casa e do ambiente interno que vão desde já moldando a sua personalidade. o superego e as suas ideias do que é certo e errado podem ser bem fortes, em especial as aprendidas com a família. você pode perceber que a sua troca com o mundo é quase um reflexo da sua relação com sua família.
pessoas com 4ª casa forte no mapa, especialmente se tiver ausência marcante de Capricórnio e casa 10, ou que, ainda, tem 4ª casa em planetas que marcam muito a sua personalidade (planetas pesoais), têm que aprender a não serem ligadas somente ao que a sua família disse/diz que você tem que ser, viver, e fazer ou não fazer. aprenda a desenvolver a sua personalidade fora de casa também. as raízes importam, mas a independência é importante. a nossa Ancestralidade, quando amorosa, reconhece a importância de buscarmos o nosso próprio caminho. isso não é desonra. é independência, autoescolha e autoamor.
5ª casa: aqui podemos falar de seu ego formado. o ego, o centro da personalidade, com fortes características que marcam quem você é. individualidade. a sua personalidade principal, o que você tende a sair mostrando ao mundo com uma certa solidez. é uma casa em que, no sentido de desenvolvimento e evolução, representa alguém com forte ligação com o seu ego (centro de consciência, de personalidade). se cairá no ego negativo ou no ego catalisador de evolução, suas escolhas que definirão.
pessoas com a 5ª casa forte no mapa, especialmente se tiver ausência marcante de Aquário e de casa 11, ou que, ainda, tem 5ª casa muito presente em planetas que marcam muito a sua personalidade (planetas pessoais), têm que aprender a não viver somente em prol de seus desejos, suas vontades, aprendendo a olhar para as necessidades dos outros e para o que os outros têm a dizer [e quem sabe te ensinar] também. ou seja, apesar da alegria em ter desenvolvido a tua personalidade e reconhecê-la, perceba se de fato existe amor próprio ou apenas uma necessidade de "ei, me vejam!", como efeito exato dessa situação de autoreconhecimento. perceba se o seu autoreconhecimento é tão saudável quanto parece ou tem uns passos a serem cumpridos ainda. além disso, tais pessoas podem ter que aprender a não se ligar somente ao que seu ego diz.
7ª casa: essa casa representa a personalidade muito pautada nas trocas. é um ser que está acima do próprio desejo do ego de focar só em si, mas ainda pode ter desafios em relação a valorizar os seus intuitos, pois, no fundo, o ego ainda pode buscar aprovação. é, portanto, uma casa que representa a relação com o outro. representa o outro, as trocas, os relacionamentos. um nível um pouco mais profundo de desenvolvimento do ser, aquele que leva em consideração as trocas humanas.
pessoas com a 7ª casa forte no mapa, especialmente se tiver ausência marcante de áries ou casa 1, ou que, ainda, tem 7ª casa em planetas que marcam muito a sua personalidade, precisam aprender a não seguir somente o que os outros desejam dos outros, precisam saber também seguir os seus desejos internos, saber ser menos influenciados pelos outros. é importante se atentar ao quanto as pessoas têm definido seus comportamentos, pois você pode estar se jogando demais, de cabeça, na ideia de aprender com o externo. aprenda através das trocas, experiências, mas SE ATENTE ao quanto você absorve as ideias dos outros e de ambientes. ligue-se sempre a quem você é.
10ª casa: a construção do propósito de vida, a forma que você deseja se mostrar ao mundo de modo mais estável e concreta, onde você estará desenvolvendo o seu potencial de personalidade e onde estará contribuindo para o mundo externo. representa o ego mais maduro, mas que ainda pode estar preso a uma amarra de negatividade: a da aparência, do "jeito único de viver, fazer e ser" e do controle.
pessoas com a 10ª casa forte no mapa, especialmente se tiver ausência marcante de câncer ou casa 4, ou que, ainda, tem 10ª casa em planetas que marcam muito a sua personalidade, precisam saber ser menos ligadas somente a construir um futuro, uma estabilidade e uma imagem a ser mostrada para o mundo, sabendo também enxergar que precisam desenvolver seu mundo interno e enxergar o que está do lado de dentro, e não só o que as pessoas tenderão a ver. resumidamente, precisam saber ser menos ligadas às aparências para desenvolver algo mais sólido consigo mesmo. além disso, precisam ver o mundo além das 4 paredes concretas, da objetividade, conectar-se com o entorno de maneira mais solidária, sensível, empática. você construiu bases sólidas, mas agora precisa aprender a compartilhar, soltar, largar o controle, o apego e ser menos rígido e acreditar ter consigo, em baixo de seus braços, a verdade absoluta da vida de todos, se este for o seu caso.
11ª casa: outro tipo de troca e de relações humanas, tal como a 7ª casa, só que, em contrapartida, não significa ser influenciado tão facilmente, uma vez que a 11ª casa significa muito mais ser atento e aberto a tudo, ter contato com muita coisa, com a coletividade, os grupos sociais, mas nem sempre permitir que isso altere a sua personalidade. na realidade, neste mesmo ponto estão as possibilidades de equilíbrio e de desequilíbrio de uma pessoa com forte casa 11 no mapa astral: estar aberto, escutar ideias, posicionamentos e, a depender, até mesmo buscar entender a dinâmica de grupos e coisas maiores, mas não necessariamente se envolver com tudo, é como se fosse: sempre estar dentro, mas estar fora. o desequilíbrio é o de cair na arrogância intelectual, na arrogância mental, no vazio de sentido e significado, pelo fato de a todo momento estar sendo cético e afastado de tudo, e, ainda, cair na inflexibilidade, na impossibilidade de aceitar ajuda e afins.
a 11ª casa significa transformar o mundo com o que já há dentro de você. é enxergar os outros, os seus desejos e necessidades, e dar a eles algo que eles necessitem.
pessoas com a 11ª casa, especialmente se tiver ausência marcante de casa 5 e de traços leoninos, ou que, ainda, tem 11ª casa em planetas que marcam muito a sua personalidade, podem estar precisando aprender sobre abrir a mente não só para escutar, mas também para aprender de fato (evitando inflexibilidade mental); aprender sobre sair do campo da impessoalidade e ceticismo o tempo inteiro e, além disso, permitir que sua individualidade brilhe, aprender a receber as coisas, reconhecendo o seu valor e brilho da personalidade.
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@rhamuche . FAZER TERAPIA É SE IMPORTAR COM VOCE! O autoconhecimento é a chave para a alta performance, para o sucesso pessoal e para construir relacionamentos saudáveis. Autoconhecimento é um termo usado na psicologia para descrever as informações que um indivíduo utiliza ao encontrar uma resposta para uma pergunta complexa: “Quem sou eu?”. Quando você decidir mudar internamente, nada mais será como antes. Toda mudança começa de dentro para fora. O autoconhecimento te faz entender quais são seus limites e a importância de respeitá-los. Quantas vezes você já não deixou se abalar totalmente por trabalho, crush, padrões, amizades, dietas... Você acha que isso vale a pena? Você acha que isso vale a sua saúde mental e emocional? sua sanidade? Não existe caminho fácil ou rápido, todos os caminhos exigem dedicação, disciplina, amor e esforço, porém, quando você caminha com uma mochila muito pesada nas costas, você não consegue chegar ao destino que deseja. A terapia te ajuda a: - Ser ouvido sem ser julgado - Aprender a resolver problema, e não a criá-los - Sentir-se acolhido e protegido - Ultrapassar medos e crenças limitantes - Melhorar seus relacionamentos - Livrar-se de maus hábitos - Alcançar sua melhor versão Diante dos questionamentos do terapeuta, pouco a pouco você passa a entender a importância de viver o presente e a desenvolver a empatia para fazer escolhas mais assertivas. QUANDO VOCÊ SE SENTE PERDIDO E ESCOLHE NÃO FAZER TERAPIA, VOCÊ PERPETUA O SEU SOFRIMENTO. E, a cada novo dia, você se afasta mais da sua essência amorosa porque inconscientemente, você está escolhendo olhar para fora, e constantemente, fica se comparando com os outros, se culpando e culpando os outros, julgando as situações da vida, as pessoas e a si mesmo de uma forma negativa. A TERAPIA FAZ O OPOSTO, ELA TE APROXIMA DE QUEM MAIS IMPORTA NA SUA VIDA: VOCÊ! Caso queira saber mais sobre constelação familiar, terapia e trabalhar seu autoconhecimento mande um direct PARA @RHAMUCHE. EU POSSO TE AJUDAR! #rhamuche #resiliencia_humana #umcompromissopordia #pillulasderesiliencia #opequenolivrodossomhos #gratidaoefodasse #umcompromissopordiapaisefilhos https://www.instagram.com/p/Coep_UjrrO4/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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35 – O mecanismo psíquico da transferência
Por Morganna la Belle
Psicanalista
Se fosse preciso concentrar numa palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente inconsciente.
LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise
1 – O que significa transferência em psicanálise?
A transferência, em psicanálise, pode ser explicada como sendo o deslocamento de sentimentos e experiências que um indivíduo vivenciou com alguma pessoa do passado, normalmente na fase da infância, para a figura de uma determinada pessoa do presente. Tal processo se dá de forma inconsciente.
Esse mecanismo mental, embora seja utilizado pela psique humana desde sempre, desde que o ser humano passou a interagir entre si, foi identificado e conceituado apenas por Freud em suas vivências clínicas e pesquisas sobre o psiquismo humano. É, portanto, uma das maiores contribuições do pai da psicanálise para as ciências da mente, com o fim de identificação de transtornos mentais e a consequente busca de tratamento e cura para tais transtornos.
Importante esclarecer ainda que a transferência não é um recurso utilizado pela mente apenas no ambiente analítico. Tal mecanismo também pode ser observado em outros contextos como, por exemplo, que envolvam a relação entre aluno e professor.
2 – Tipos de transferência
Como se sabe, a descoberta do inconsciente é uma das maiores contribuições de Freud para as ciências da mente. Pode-se considerar então que, como o mecanismo da transferência se dá de forma inconsciente, a descoberta de tal processo tenha sido um desdobramento de sua descoberta principal, que são as instâncias do aparelho psíquico, expostas em sua primeira e segunda tópicas.
Em A Dinâmica da Transferência (1912) Freud identificou a transferência positiva sublimada, que é quando o paciente projeta no analista sentimentos amistosos, até mesmo de admiração e, por conseguinte, se engaja em um espírito de cooperação no sentido de buscar o entendimento do que está causando a neurose. No entanto, identificou também a transferência erótica, que é quando o analisando desloca para a figura do analista pulsões libidinosas recalcadas. E, por fim, Freud detectou também a transferência negativa, que é quando o paciente projeta no analista sentimentos hostis. Considere-se no entanto que, independente do tipo de transferência, é formado um vínculo entre analista e analisando. E é justamente a partir deste vínculo, seja positivo ou negativo, que o analista pode encontrar o fio de Ariadne da questão.
3 – Transferência x Resistência
Ainda de acordo com o clássico de Freud de 1912, as reações do paciente que se manifestam de acordo com o tipo de transferência que se apresenta durante o processo analítico seriam a cooperação e a resistência. A primeira estaria ligada à transferência positiva e a segunda às transferências erótica e negativa.
A cooperação por parte do analisando faz promover uma grande evolução no tratamento porque estabelece um profícuo vínculo de confiança entre analista e analisando. Sendo assim, sentimentos recalcados e aspectos mnemônicos reprimidos passam a emergir com mais fluidez para o consciente. E tudo isso seria potencializado pela utilização do método da associação livre.
No entanto, a resistência faz com que o paciente se ponha a focar na transferência em si, através de seus aspectos libidinais ou mesmo hostis e passe a resistir ou negar que material inconsciente aflore até o consciente. Porém, paradoxalmente, como o analista passou a ser o objeto de tais sentimentos eróticos ou hostis recalcados, pode o terapeuta, através de um meticuloso trabalho de interpretação, trabalhar no sentido de identificá-los e fazer com que ocorra a lembrança pelo paciente do material inconsciente reprimido. A partir daí teria início o processo de cura ou, pelo menos, de maior controle sobre a neurose.
A transferência, portanto, é considerada por alguns estudiosos como uma das principais ferramentas a ser utilizada para se chegar à causa das neuroses. E, como entender o que causa a doença mental é fundamental para que se possa confrontá-la, fazendo cessar os sintomas causados pelo distúrbio em questão e promovendo então a cura do paciente, pode-se dizer que a transferência é de vital importância para o tratamento e cura de alguns transtornos mentais.
4 – Os sentimentos
Ponto muito importante a ser considerado nos estudos sobre a transferência chamada positiva é o tipo de sentimento que é projetado na figura do analista pelo analisando. Freud descobriu, em suas práticas clínicas, que alguns pacientes passavam a nutrir certo tipo de afeto por ele. Com a evolução deste processo de interação entre ele e tais pacientes, observou que o sentimento inicial de admiração e afeto poderia se transformar em um tipo de amor. E esse amor, em seu entendimento, embora projetado a partir de uma figura do passado, era transferido para uma figura do presente sem perder sua característica de puro e verdadeiro.
Ao ser questionado na época sobre a legitimidade deste amor, Freud insistiu na autenticidade de tal sentimento, que surge do mecanismo da transferência. E, indo mais longe mostrou que, embora tal amor possa evoluir para a eroticidade, ele não temia isso porque assim o vínculo entre analista e analisando se tornaria ainda mais forte, podendo proporcionar a partir daí elementos para a cura do paciente. Freud, portanto, procurava até instigar tal amor.
Fez então uma interessante analogia com a evocação de demônios, prática ensinada em grimórios antigos como a Goétia. Freud publicou em 1915:
Instigar a paciente a suprimir, renunciar ou sublimar suas pulsões, no momento em que ela admitiu sua transferência erótica, seria, não uma maneira analítica de lidar com elas, mas uma maneira insensata. Seria exatamente como se, após invocar um espírito dos infernos, mediante astutos encantamentos, devêssemos mandá-lo de volta para baixo, sem lhe haver feito uma única pergunta. Ter-se-ia trazido o recalcado à consciência, apenas para recalcá-lo mais uma vez, num susto (Freud, 1969/1915, p. 2013).
Fausto evocando um demônio do inferno
Interessante essa analogia, considerando que Freud era avesso ao misticismo e esoterismo, sendo essa justamente uma das causas de seu posterior rompimento com Carl Gustav Jung. A comparação, no entanto, ilustra bem sua visão a respeito da importância do vínculo afetivo promovido entre psicanalista e paciente através do mecanismo da transferência.
5 – A visão de Lacan
No entanto, os sucessores de Freud, em especial Jacques Lacan, não compartilharam da mesma opinião do mestre. Em 1964, o próprio Lacan publicou em seu livro Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise que o amor projetado pelo paciente no analista é um “falso amor”, uma “sombra de amor”, embora pudesse muito bem ser legítimo em sua origem no passado. Esta visão do sentimento, embora publicada na década de sessenta, ainda é a versão mais aceita até hoje.
Porém, muito importante enfatizar que, embora Freud instigasse tal vínculo afetivo, fazendo dele um poderoso aliado na sua investigação sobre a causa das neuroses de seus pacientes, ele era radicalmente contra o psicanalista se envolver sexualmente com seus pacientes. Ele afirmava que a ponte que fora construída entre a mente do analista e a do paciente seria destruída com a satisfação física de desejos eróticos, frustrando então qualquer possibilidade de cura.
6 – Os casos Bertha Pappenhein e Sabina Spielrein
Isso nos leva então a dois exemplos muito interessantes, envolvendo duas pacientes famosas, sendo o caso de Bertha Pappenhein e o de Sabina Spielrein. O primeiro envolveu Joseph Breuer e o segundo Carl G. Jung.
Bertha Pappenhein, nascida em Viena, ficou conhecida pelo pseudônimo de Anna O. quando foi tratada pelo médico vienense Joseph Breuer, contemporâneo de Freud.
Bertha Pappenhein
O caso Anna O., pela sua importância na época, é tido como a inspiração para a criação da Psicanálise por Sigmund Freud. Embora Bertha Pappenhein tenha sido inicialmente paciente de Joseph Breuer, ela foi depois encaminhada a Freud, justamente por ter aflorado nela o mecanismo da transferência em relação ao seu primeiro terapeuta.
Ela era de ascendência alemã e judia. Na casa dos 20 anos de idade, ao ter que lidar com dificuldades inerentes à doença terminal de seu pai, desenvolveu um quadro de neurose, sendo mais especificamente diagnosticada com histeria. Tal distúrbio mental causava nela vários sintomas nervosos e físicos. Foi então levada para ser tratada por Joseph Breuer, médico vienense que gozava de muito boa reputação.
Entre 1880 a 1883 Joseph Breuer utilizou hipnose e outros desdobramentos com o fim de tratá-la, sendo que passou a documentar seu histórico clínico como caso Anna O., justamente para preservar a identidade da paciente em questão. Porém, no desenrolar do tratamento clínico, quando aflorou na paciente o processo da transferência, ela então desenvolveu um estado de gravidez psicológica e afirmou em seus delírios que o filho era do Dr. Breuer. O médico então, temendo maiores problemas com sua família e com a sociedade de Viena, abandonou o caso e encaminhou a paciente a Freud.
Freud então passou a tratá-la, sendo que da relação entre Bertha e Breuer e posteriormente entre Bertha e Freud nasceram o conceito de catarse, a expressão cura pela fala e alguns dos outros fundamentos da nova ciência que seria chamada de Psicanálise.
Interessante constatar que Joseph Breuer pertencia ao mais alto escalão de médicos vienenses de sua época e, mesmo com toda sua experiência e conhecimento, não foi capaz de lidar com a manifestação do fenômeno da transferência em Bertha Pappenheim, o que nos leva a fazer a consideração de que o psicanalista precisa ter uma base bem sólida para lidar com determinados casos.
Já o caso de Sabina Spielrein teve um desfecho bem diferente, mas não menos importante para a história da Psicanálise.
Em 1904 Sabina Nikolayevna Spielrein, de família russa e judia, foi encaminhada ao sanatório onde Carl Gustav Jung prestava serviço como médico, sendo também considerada acometida de histeria.
Sabina Spielrein
No desenvolvimento da relação clínica entre fräulen Spielrein e o Dr. Jung surgiu também o mecanismo psíquico da transferência. Porém ao inverso do que fez o Dr. Breuer, Carl G. Jung tornou-se amante de Sabina. A relação entre Jung e Freud já estava abalada, sendo que isso contribuiu ainda mais para o rompimento entre ambos que se daria mais tarde. Isso porque, como exposto acima, Freud era rigidamente contra o envolvimento sexual entre psicanalista e paciente. No entanto, mesmo com a relação adúltera entre ambos – Jung já era casado nessa época -, o tratamento teve êxito graças ao próprio método de Freud.
Sabina Sipirelrein a posteriori tornou-se uma das primeiras psicanalistas mulheres da história e, após voltar para a União Soviética em 1923, foi uma das criadoras do chamado Berçário Branco, um jardim de infância em Moscou que tinha o objetivo de tratar crianças.
7 – A evolução do conceito de transferência
A concepção de transferência passou por várias renovações a partir de Freud, conforme foram evoluindo também outros conceitos psicanalíticos e psicológicos.
Através dos casos acima expostos, podemos verificar então que não existe fórmula tão rígida em psicologia ou psicanálise que deva ser estritamente seguida para se conseguir a cura do paciente. Isso por causa da complexidade da mente humana, principalmente em sua instância inconsciente. Pensamos que não deve o psicanalista abandonar o paciente por causa das dificuldades do caso, mas também não deve se aproveitar da fraqueza da pessoa em tratamento para se render aos seus impulsos eróticos.
Seja como for, o radicalismo de Breuer e a fraqueza de Jung frente ao fenômeno da transferência talvez tenham contribuído para que estes casos se tornassem referências históricas no mundo da Psicanálise, o que nos leva a concluir então sobre a importância da transferência na história das ciências da mente.
Embora, com o passar do tempo, o mecanismo mental da transferência tenha sofrido várias modificações em sua concepção, ela ainda é utilizada como uma poderosa ferramenta pelo psicanalista para chegar ao inconsciente da pessoa que está em busca de tratamento para restabelecer a sua saúde mental.
Quer interagir com a Morganna la Belle? Visite meu site e blog: https://rainhamorgannalabelle.wordpress.com/
Vou adorar conhecer você!!!
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Terapia - Background
3ª semana de novembro
- Decidiu que precisava da minha ajuda? – Disse Dinah com surpresa. – É bom saber que reconhece quando está perdida e precisa de uma mão para se encontrar.
- Acho que estou enlouquecendo ou perdendo o controle.
- O que tem te afligido?
- Não consigo sair do looping das lembranças do Dick. Não era para que eu conseguisse ver as memórias dele. Essa minha habilidade acabou se perdendo. Só consigo sentir a energia fluída.
- Desde quando você tem sentindo essa perda, Vic?
- Depois do ataque que sofri em Gotham em 2020. – Dinah faz suas anotações no caderninho dedicado a mim. – Na verdade, acho que venho perdendo tudo que aprendi em Cadmus aos poucos e incorporando tudo que meu pai e todos os membros da justiça me ensinaram. Talvez também esteja enlouquecendo.
- O que te faz se sentir assim?
- Às vezes sinto que estão escondendo algo de mim. Que meu pai está escondendo.
- Se sente traída por isso?
- Não sei dizer. – Respondo desconfortável. – Compreendo que ele precisa ter segredos como… – Dinah me interrompe.
- Não foi isso que perguntei, Victoria. Quero saber se você se sente traída.
- Sim. Porém também o traí.
- Quer falar sobre isso?
- Não sei ao certo. O segredo não é só meu. Sei que é minha terapeuta, mas esse segredo morre comigo.
- Ele te sufoca? – Neguei. – E o looping das memórias do Dick?
- Todas as noites. Tenho um péssimo sono por natureza, mas os loopings estão mexendo com os meus poderes. Voltaram a ser tornar instáveis. Isso me incomoda muito, porque me preocupo com o que pode acontecer em casa se voltar a ter aquelas explosões de poderes. Sei que não tem nada a ver com a cirurgia em si, fiz o mesmo com Damian e fiquei bem.
- E se for um compilado de emoções que explodiram agora? Já pensou nisso?
- Você quer dizer que é por causa do que acumulei este ano?
- Foi um ano bem conturbado para você, não concorda? Você quase perdeu o Conner, depois seus irmãos. Você presenciou três mortes praticamente e não foram mortes que um médico presencia em uma mesa de cirurgia ou em um pronto-socorro. Foi família. Pessoas que você ama. – Permaneço em silêncio, pensativa. – Vai me dizer que não tem pesadelos com as cenas?
- Muitos. Há noites em que estou longe de Conner e tenho esses pesadelos por medo de não estar ao lado dele e o salvar novamente. Também tenho a mesma sensação com todos. A sensação de não estar disponível para salvá-los. Sou médica, tenho meus plantões, minhas escalas a cumprir. Tenho a empresa. Tenho o Damian para ficar de olho e ser a responsável legal dele quando nosso pai não está.
- Você tem medo de falhar, Victoria?
- Sim, mas é um sentimento comum. Todos têm.
- Não racionalize. Não sou eu quem está em terapia, Vic. Concentre-se.
- Qual é o seu maior medo em relação a falha, Vic?
- Não salvar minha família. Falhar com eles. Falhar com a proteção da vida deles. Ser médica da Liga é até fácil, sabe? E meu pai sempre deu muito trabalho. Tim raramente e eu me acostumei com isso. Porém, quando me pai e vocês me incluíram como médica da Liga e das equipes aqui na Caverna e comecei a tratar o Dick com tamanha frequência após o que aconteceu com Conner, me senti aterrorizada. Aterrorizada com o dia que eu não estivesse pronta para isso. Para o dia em que eu não pudesse fazer nada para salvá-los.
- Tem medo de perdê-los.
- Tenho e eu sei que esse dia irá chegar. Só não sei como me preparar.
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CAPÍTULO IV - DIAGNÓSTICOS
O QUE É SER BORDERLINE?
Uma alegria contagiante pode se tornar uma tristeza profunda em um piscar de olhos, simplesmente porque alguém “pisou na bola”. O amor intenso vira ódio do pior tipo e o sentimento sai do controle, transformando-se em gritos, palavrões e até mesmo agressões físicas. E então, bate uma culpa enorme característica e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou “limítrofe”).
Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Além disso, cerca de 10% dos pacientes comete suicídio. Nesta montanha-russa de sentimentos e nessa dificuldade de controlar os impulsos, o borderline tende a enxergar a si mesmo e aos outros na base do “tudo ou nada”, o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.
Muitos comportamentos do “border” lembram os de um adolescente rebelde sem tolerância à frustração, mas enquanto um jovem problemático pode melhorar com o tempo, o adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.
Ainda que seja inteligente, talentoso e brilhante no que faz, reage como uma criança ao se relacionar com os outros e com as próprias emoções. Em muitos casos, o transtorno fica camuflado entre outros, como o bipolar, a depressão e o uso abusivo de álcool, remédios e drogas ilícitas.
De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado “normal” ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e também para os outros.
O termo “borderline”, que em português significa “fronteiriço”, teve origem na psicanálise: estes pacientes não poderiam ser classificados como neuróticos (ansiosos e exagerados), nem como psicóticos (que enxergam a realidade de forma distorcida), mas estariam em um estado intermediário entre esses dois espectros. O primeiro autor a usar o termo foi o psicanalista norte-americano Adolph Stern, em 1938, que descreveu o transtorno como uma “hemorragia psíquica” diante das frustrações.
Sintomas do borderline:
• Esforços exagerados para evitar o abandono (real ou imaginário): não é preciso dizer que o fim de um relacionamento pode deflagrar uma crise. Mas mesmo situações corriqueiras, como o cancelamento de um encontro, podem ser interpretados como sinal de rejeição.
• Padrão de relacionamentos instáveis e intensos, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização: é o típico “tudo ou nada”, “amo ou odeio”. O outro tem que ser perfeito e se errar, passa a ser depreciado. É comum o border ficar íntimo de alguém rapidamente, alimentar expectativas e, logo depois, cair em frustração.
• Perturbação da identidade ou instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo: a interpretação dos atos dos outros modela a imagem que o borderline constrói para si. É frequente a pessoa sentir-se um estranho sem lugar no mundo, e a saída pode ser se tornar um camaleão para tentar adaptar-se a alguém idealizado naquele momento: o border pode mudar de crenças, valores, carreira e até mesmo de visual em curtos períodos de tempo.
• Impulsividade em pelo menos duas áreas autodestrutivas: para aplacar as sensações de vazio e de rejeição, é comum recorrer a comportamentos que trazem alívio imediato. Eles podem se traduzir em compras impulsivas, abuso de álcool ou drogas, comportamentos sexuais de risco, direção perigosa, compulsão alimentar ou dietas restritas demais. Os próprios relacionamentos (e a sensação de ser amado e aceito que eles proporcionam) podem se tornar um vício.
• Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante: uma maneira de extravasar esse turbilhão emocional é se machucar, cortar, queimar ou furar o próprio corpo. Ameaças de suicídio são constantes, e podem acabar concretizadas, com o objetivo de “parar de sentir”. Ao contrário de pessoas que planejam a própria morte, é mais provável que no borderline a decisão seja tomada por impulso.
• Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor: em português claro, o borderline é como uma montanha-russa e a pessoa pode ir do céu ao inferno em poucas horas. Momentos de prazer e alegria podem dar lugar a sintomas depressivos ou ansiosos num mesmo dia. E a paixão intensa pode virar desprezo ou indiferença em uma semana.
• Sentimentos crônicos de vazio: é comum estar sempre em busca de “algo diferente” para fazer na tentativa de aliviar o tédio e isso pode ser perigoso. O vazio existencial também pode ser manifestado como desinteresse ou falta de propósito e não é incomum a pessoa largar cursos, empregos e relacionamentos com frequência.
• Raiva intensa e inapropriada e dificuldade em controlá-la: a pessoa se irrita com muita facilidade, com reações desproporcionais ao estímulo, por isso é bem comum se envolver em agressões físicas com o parceiro amoroso, a mãe, o filho ou até um desconhecido. Depois, em geral, vem a culpa esmagadora, que só reforça a autoimagem negativa.
• Ideação paranoide ou sintomas dissociativos transitórios: em situações de estresse intenso, pode acontecer de a pessoa achar que é alvo de conspirações (paranoia), ou então sair de si, perdendo contato com a realidade (distúrbio dissociativo).
Observação: Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substância, entre outros.
Incessantes perdas de amizade, inumeráveis amores não correspondidos, frustrações constantes com a vida e a própria aparência e personalidade, perda de interesse repentino em toda e qualquer atividade ou exercício que se determinava a praticar, foi assim a adolescência de Gutto.
Na infância, fora diagnosticado com “depressão infantil”. Ele não sabia se era acurado e necessário o termo “infantil” ou se só deveria chamar de “depressão”, mas recordava de ter ouvido esse vocábulo pelos seus psiquiatras e psicólogos da época.
Lembrava-se de ser brilhante: o aluno número um de sua turma de seis colegas em uma escola particular, o líder, o envolvido em toda e qualquer atividade extracurricular disponibilizada que não envolvesse esportes (ele nunca fora um indivíduo muito esportivo, o primeiro a começar a ler e a escrever, o menino prodígio, o filho que toda mão quer ter, etc. etc. etc. Tudo isso até que, por volta de seus nove anos, as coisas desandaram.
Sua recordação mais marcante da infância era a de ser acordado por obrigação, vestir-se por insistência da mãe, ir à escola por imposição e lá deitar-se em um banco em frente à sala dos professores e simplesmente passar a manhã dormindo, demasiado a tristeza e o desinteresse.
Isso despertou preocupação em seus professores e familiares. Como que o menino mais fúlgido da escola repentinamente havia perdido sua tão invejável disposição e admirável vontade de viver? E foi assim que começou a ter consultas regulares com um psiquiatra e a fazer terapia em um psicólogo.
Muitos antidepressivos depois e muito mais anafado do que era, por conta dos medicamentos, ele conseguiu voltar a ter um pouco de interesse pelas coisas. Não interesse a ponto de ser a estrela da classe, mas sim na medida para que sobrevivesse às tarefas e afazeres diários de uma criança.
A depressão atenuou um pouco, mas logo desenvolveu um grave quadro de transtorno obsessivo compulsivo, que quase o impedira de viver. Mais medicações foram ofertadas a ele e o TOC minorou também, pelo menos a ponto de permitir que ele vivesse sua vida.
Foi neste ponto, por volta dos oito ou nove anos, que descobriu portar diabetes tipo um. Nada em sua vida funcionava direito e o pâncreas simplesmente decidira que não iria funcionar também. Doses diárias de insulina lhe foram impostas.
Logo veio a adolescência e, com ela, o desabrolhar de inúmeros problemas e comportamentos. Não os problemas normais que um adolescente enfrenta, como revolta com os pais e a sociedade, o despertar sexual, a redução de contato social e a constante irritabilidade e rebeldia tão conhecida dos adolescentes. Mas sim tudo isso multiplicado por cem, por mil, por cem mil. Ele não sabia na época, mas era o despertar de sua personalidade borderline.
Novamente no psiquiatra, cheio de contrariedades e distúrbios, já com os braços mutilados, suas variações constantes de humor foram tidas como sinais de transtorno bipolar, ou bipolaridade. Mais remédios, mais terapia, mais problemas para lidar.
Depois de um grande surto, fora internado no hospital com grave crise de ansiedade. Um novo psiquiatra foi contatado, já que as medicações prescritas pelo anterior não estavam fornecendo o resultado esperado. Foi observado, então, que suas variações de humor e comportamentos não condiziam com os de uma pessoa bipolar, mas sim com alguém portador de transtorno de personalidade limítrofe, ou borderline.
Gutto pouco sabia do que isso tratava-se, tinha conhecimento apenas de que Suzanna Kaysen, personagem de Wynona Rider em “Garota, Interrompida” (2000) também carregava consigo este curioso transtorno (N.A.: muito mal representado tanto no livro, quanto no filme).
Mais remédios. Mais terapia. Problemas de autoimagem. Automutilação. Mais terapia. Problemas em relacionamentos interpessoais. Internações em clínicas psiquiátricas. Outros remédios. Mais alguns problemas. Mais automutilação. Terapia.
Ele tinha o diagnóstico mas não dispunha da menor ideia do que fazer com ele. Já adulto, começou a envolver-se cada vez mais em problemas e a causar tribulações e prejuízos a si mesmo e a terceiros. Já com seus vinte e oito anos, nunca havia encontrado amor recíproco nas pessoas, nunca conseguira manter uma amizade por muito tempo, ainda se automutilava em suas crises de ansiedade e causava danos à família constantemente, principalmente à mãe.
Sentia que tudo para ele era mais difícil do que para outros e que poucas pessoas, ou ninguém, entendia isso. Esforçava-se ao máximo para ser uma pessoa benigna, mas andava um passo para a frente e quatro para trás. Não tinha perspectiva alguma de futuro, encontrava-se desempregado devido às constantes instabilidades no humor que o impediam de conseguir manter-se em um emprego. Sentia simplesmente que estava ficando velho e não havia conquistado absolutamente nada. Para ele, não merecia a bênção de estar vivo, que para ele era mais como um insultuoso fardo. Era uma pessoa ruim, era horrível, abominoso. No entanto, não conseguia encontrar coragem para terminar com sua lamentável jornada em Terra. Sendo assim, apenas continuava e continuava, a viver, a cometer equívocos, a sofrer e a criar tormentos e danos.
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name: charlotte allen
age: 34
occupation: lider de islandshire e mentora espiritual
status: solteira, mas nunca sozinha
cidade: islandshire
signo: escorpiãp
FC: Kate Siegel
about
Nascida e criada em uma comunidade espiritualista, Catherine não alternou seus caminhos quando o caos se instalou. Na verdade, o caos tornou seu fanatismo cada vez mais latente.
Durante sua juventude se dedicou a aprender as técnicas de cultivos e manutenção da alimentação dos membros da comunidade, auxiliando, inclusive, nas feiras que faziam para arrecadar fundos da manutenção da grande fazenda a qual ocupavam.
Como terapeuta holística, acreditou que o seu estilo de vida fez com que ficasse imune ao vírus e a manteve viva por todo esse tempo. Seus demais colegas da comunidade espiritualista não tiveram sucesso no quesito sobrevivência, mesmo isolados e expostos aos constantes tratamentos holísticos. O local era perfeito para a sobrevivência e assim perduraram por alguns anos. Entretanto, com a chegada do inverno e a aproximação de um grande grupo de mortos-vivos, a escassez de alimentos obrigou que a mulher se retirasse de seu sagrado espaço e buscasse novos ares, caindo de paraquedas em islandshire. Ocorre que, ao notarem que a mulher exercia certa liderança dentre os sobreviventes de seu grupo, passaram a enxerga-la como conselheira dos recém acolhidos. Em uma evolução progressiva ela foi reunindo novos fieis e escalou, através de movimentações persuasivas, até o cargo de liderança de islandshire.
Suas decisões como líder sempre foram questionadas pelas demais líderes, isto porque costuma agir impulsivamente e optar por métodos violentos para demonstrar que, apesar de estarem em menor quantidade, são os símbolos da fúria. Ainda existem opositoras que se manifestam frequentemente contra os posicionamentos de Lottie, mas a conversa espiritualista propagada por ela faz com que tenham receio de enfrenta-la frente à frente.
Recentemente, após muito confabular acerca de seus "poderes" espirituais, notou que existe algo em si que repela o contato direto com os mortos vivos, como se seu odor não exalasse vida o suficiente para traz um por um.
personality:
Possui uma casca gentil. O sorriso, os olhos cobertos por uma amabilidade inexplicável, carregando ternura em sua voz. Mas não é exatamente essa a realidade. Possui uma ira que se manifesta em episódios espaçados, em surtos de agressividade grotesca. É manipuladora e não contabiliza danos ao usar de segredos para obter algum tipo de lucro. Ainda, não sendo capacitada para proteger-se dos zumbis, usa de seus seguidores para sua defesa.
more:
Existem boatos acerca do envolvimento dela com o líder de Constantinopla. Alguns teorizam que o homem procedia com rituais diversos na casa da líder, se submetendo até mesmo aos supostos "ritos sexuais". Provavelmente, a criação desse boato surgiu da submissão do homem aos desejos estranhos da mulher.
Após esbanjar certa prepotência quanto aos seus métodos de sobrevivência, acabou arrebatando inimigos. Os olhares de desprezo, algumas ofensas durante as reuniões e alguns ataques ao seu abrigo eram rotineiros, até a chegada do conflito.
Ela sequer sabe sobre os próprios pais, haja vista que a comunidade a afastou da possibilidade de identifica-los entre os demais membros. O afastamento do poder familiar afetou de forma crítica seu desenvolvimento pessoal, sendo uma pessoa com muita dificuldade para ofertar fragilidade às pessoas e propiciar maior aproximação.
connections:
OPEN - MUSE é um dos que mais lutam contra a beatificação de Lottie. A intriga se iniciou com farpas, pequenas discussões durante as reuniões de preparo para o conflito e escalonaram até que Lottie tivesse problemas mais graves em seu abrigo. Charlotte, em seus devaneios, acredita que MUSE oferta fragilidade à cidade devido ao seu comportamento ganancioso e impulsivo, então buscar cerca-lo das figuras de poder e limitar sua influência sobre as pessoas que a ouvem.
OPEN - MUSE é um crente. Bastou uma boa indicação de chás medicinais e MUSE viu em Charlotte a resposta para seus problemas de saúde. A relação é agradável, MUSE sequer nota que Lottie o mantém próximo para obter mais informações acerca de suas funções e obter coisas com a amizade.
OPEN - MUSE estava lá quando Charlotte fora resgatada com os demais sobreviventes de seu grupo, inclusive MUSE percebeu que a perspicácia de Charlotte a manteve viva todo aquele tempo, sem sequer saber manejar uma arma de fogo. A relação entre eles é, aparentemente, superficial. MUSE busca aproximar-se de Lottie como um possível colega neste ambiente hostil, mas Charlotte oferta inúmeras barreiras para defender-se de sua própria queda: a intimidade.
OPEN - MUSE já passou por tratamento "incomuns" (sexuais) de Lottie. Alguns dizem que o mesmo foi seduzido e que caiu nas garras da curandeira como uma ovelha indefesa, mas Lottie não o enxerga deste modo. Na verdade, vê em MUSE a possibilidade de erguer um novo líder para a comunidade, a salvação de todos os problemas que o grupo enfrenta: um líder combativo e, principalmente, rendido aos seus desejos.
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Eu não sei se é desrespeitoso escrever sobre pessoas sem a permissão delas, eu realmente nunca parei para pensar sobre isso, mesmo se o que você escreveu sobre a pessoa for bom, será mesmo que ela gostaria de ter um texto sendo dedicado? Mas eu não sou boa o suficiente para pensar sobre isso e fazer algo a respeito. As pessoas ainda insistem em olhar e me falar para escrever sobre isso ou aquilo, porque normalmente é super interessante de se escrever. Mas enfim não é esse o foco.
Tem essa amiga da minha prima, e tem algo nela que simplismente parece ter saído dos cinemas, algo macio e fácil de se escrever sobre, porque todas as características e palavras estão bem ali, quase como implorando para serem descritas, poesia ambulante. O tipo de pessoa que alguém com certeza adoraria escrever, porque é sensível, e ela é a única pessoa que eu conheço que respeita sua sensibilidade, que não briga com ela, é curiosa e tem uma paz. Não tem outra palavra pra descrever, ela é leve (espiritualmente falando, não acredito nessas coisas, mas ela faz parecer real e bom). Acho que a minha prima está inclusa nisso aí também(o lance de parecer sair dos filmes e tal), enquanto a Amanda seria aquela coisa intensa e peculiar, a Maissa seria o equilíbrio, quase como uma tempestade, só que sob controle, uma força da natureza que se reconhece e não se limita porém... Não se desperdiça, por assim dizer. A Amanda é aqueles dias suados de calor em carnaval, agitados, dançantes, embriagados e completamente inesquecíveis, o tipo de bagunça que precisa de uma semana toda do calendário para si, e ainda sim não será o suficiente, é uma intensidade espontânea e desenfreada que faz parte de espírito. E a melhor amiga da minha prima, é de fato uma força da natureza, um dia de chuva forte em um apartamento com chão de taco e chá, o tipo de evento inesperado mas que até que aconteça, você não percebe o quanto precisava. O que eu quero dizer é, minhas primas e as amigas parecem que saíram de um filme. Porque apesar de tudo e por tudo, elas aí da são assim, ainda são excêntricas. Eu qria conhecer mais da Talita para escrever sobre ela. Para escrever sobre elas.
No livro de aniversário que a Maissa deu para Amanda, estava escrito na dedicatória algo parecido com "porque você é um dos fenômenos mais lindos que já vi" (deixo aqui escrito, a admiração pela consideração e carinho, porque dar um livro e dedica-lo é o grito de reconhecimento mais lindo do mundo) e para mim, dentre os fenômenos mais lindos do mundo, podem ser citados elas, A Amanda a Maissa e a Talita, deveriam colocar nos filmes isso, porque é a vida real, em sua inconstância, descoberta, apego, variação e adaptação. Acho q no final de tudo, foi a cumplicidade das três que me fez escrever esse texto, o quanto isso parece ser natural e lindo. Eu já fiz dois textos para Talita, antes dela sumir (tá tá bom eu sinto saudades das três tendo suas descobertas no meio do apartamento antes das 10 da manhã sim). Se a Maissa é o tipo de força da natureza primeiro calma e apenas depois implacável, e a Amanda é o carnaval, a Talita é implacável e implacável, tempestade e mar revolto juntos, em toda sua glória e destruição, em toda sua força e mistérios. Eu não tinha percebido o quanto queria escrever sobre as três, até eu começar.
Nunca dedico a ninguém (mentira, pelo menos não faço isso diretamente) mas,
Maissa você não é a maioria das pessoas, você não corre.
Fato interessante: a melhor amiga da minha prima é minha ex terapeuta, elas eram colegas, aí depois se tornaram super amigas, aí depois eu vim morar com a Amanda.
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Oiii, booklovers!
Esse post pode n significar mto pra vcs, mas é um "remake" do meu primeiro post sobre livros na rede vizinha - desativei esse ano, mas parece q faz séculos -, ent é meio nostálgico fazer isso aqui.
🪻| Têm ótimas amizades
• Extraordinário
Apesar de todos os contratempos, a amizade do Auggie com o Jack Will é muito fofa e sempre me lembra da minha melhor amiga e eu no fundamental kkkkk é exatamente nossa vibe
• A Saga Sherlock Holmes
Leitor ou não, todo mundo conhece essa amizade icônica. Um detetive excêntrico e um médico incrível dividindo o 221B na Baker Street, oq poderia dar errado?
• A Seleção
Mesmo que eu não seja muito fã da trilogia, tenho que admitir que a amizade entre a America e a Marlee é muito linda. Sério, elas são incríveis juntas.
• A Mulher com a Estrela Azul
Ainda que tenha odiado o final, a amizade completamente improvável de Ella e Sadie tocou meu coração de verdade.
🪻| São muito fofos
• Pollyanna Moça
Aaaaaaa eu amo esse casal! Esse livro aqui, caros amigos, foi a causa dos meus surtos no início da pré-adolescência kkkkkkk
• Princesa Adormecida
Apesar de que conversar com estranhos na internet não seja lá muito seguro, o Phill é uma gracinha!!!
• Amor e Gelato
Um dos meus livrinhos de conforto, Amor e Gelato é um dos únicos friends to lovers q não me deu raiva - eu sou mais enemies / fake dating msm.
🪻| Me fizeram chorar
• A Menina que Roubava Livros
Eu amo A Menina que Roubava Livros de coração, sei até o início do primeiro capítulo decorado de tantas vezes que li, é um dos meus livrinhos de conforto, maaaaas aquele final? Gnt, isso aqui é pagar pra ter depressão 🤡
• Rilla de Ingleside
Odeio esse livro com todas as minhas forças :)
Depois q meu personagem preferido morreu, não tinha nem pq terminar, eu só tava lendo por ele msm.
• Minha Vida Fora de Série 2
Eu chorei e não de tristeza, foi de raiva mesmo kkkkkkk Deu tudo tão errado nesse livro que mds do céu!
• Sem Coração
Chorar literalmente não chorei, mas nossa, toda vez q eu penso nesse livro os olhos chegam a esquentar. Fiquei mal por semanas - e ainda não tô mto bem não kkkkk
Esse aqui é o famoso "me destruiu, 5★ e favoritado".
🪻| Têm mocinhos perfeitos
• Scarlet (Segundo vol das Crônicas Lunares)
Gnt, gnt, gntttttttt-----
Nossa, no momento em que eu li a sinopse, sabia q teria um crush nele. Meu pano pra ele é azul com glitter.
• Confissões de uma Terapeuta
Além de engraçado e tudo mais, o Léo é um fofo <3
Por falar nisso, tô até com vontade de reler :)
• Minha Vida Fora de Série
Já cansaram de me ver falando de MVFS, né? Pois então, lá venho eu com Rodrigo Lidman Rochette de novo! Esse menino foi meu primeiro crush literário, Paula Pimenta como sempre fazendo história.
🪻| Terminei na força do ódio
• Tartarugas até lá Embaixo
Foi tão ruim que não lembro de quase nada do que aconteceu, só que a menina bebia álcool em gel ou algo do tipo.
• Os Lusíadas
Luís de Camões que me perdoe, mas que livrinho triste viu? Precisei até de uma edição comentada pra entender, passei mais de duas semanas ouvindo o audiobook pra escola ;-;
• Shine
Top livros que me estressei por ter gastado meu precioso dinheirinho com eles. A história em si lembra o Diário de uma Garota nada Popular numa versão K-Pop cheia de palavrões e ainda por cima tem sequência não traduzida.
🪻| Estão na wishlist
• A Pequena Livraria dos Sonhos
Tá na minha listinha a tanto tempo que tá até juntando poeira online 🤡
Imagino q o livro seja incrível e estou doida pra ler algo da Jenny Colgan, amo as introduções dela nas amostras.
• Um Passo de Cada Vez
Tem bandas, vestibular e romance, fala se isso não é a minha cara? Quero mto ler ele 🥲
• Manual para Damas em Busca de um Marido (Rico)
Eu amei o título logo de cara, imagina a cara do povo vendo gente com esse livro na rua kkkkkkk
Sei que romance de época não faz muito meu estilo, mas quando tem uma linguagem mais "atual", é melhor :)
• Melhor do que nos Filmes
Além de livros, amo filmes - especialmente dos anos 90 / início dos anos 2000 -, e com o enemies to lovers, esse promete.
Só espero que não seja um daqueles com hype vazio.
💜| E aí, gostaram do post?
Bjs e boas leituras <33
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I am not as fine as I seem. Pardon me for yelling, I'm telling you green gardens are not what's growing in my psyche, it's a different me, a difficult beast feasting on burnt down trees. Freeze frame; please let me paint a mental picture portrait, something you won't forget, it's all about my forehead and how it is a door that holds back contents that make Pandora's box contents look non-violent. Behind my eyelids are islands of violence, my mind shipwrecked, this is the only land my mind could find. I did not know it was such a violent island, full of tidal waves, suicidal crazed lions. They're trying to eat me, blood running down their chin. And they know that I can fight or I can let the lion win. I begin to assemble what weapons I can find, 'cause sometimes to stay alive you gotta kill your mind.
tw: violência, álcool, drogas
gostaria de poder começar isso dizendo que a violência e a raiva não são coisas intrínsecas ao maksim e a sua criação, mas eu estaria mentindo. o rapaz conheceu ambas as coisas ainda muito cedo, tudo graças a seu próprio pai. dentro de casa, com sua esposa e filhos, nikolai não era abusivamente violento, pelo contrário. se maksim o conhecesse apenas dentro dos limites familiares ele nunca poderia imaginar como era o czar nikolai iii. no entanto o que estava relacionado ao governo toda violência e abuso de poder era justificável para o nobre, e ele não se sentia envergonhado em dizer que fazia todo o possível para que o poder russo continuasse em suas mãos.
maksim tinha por volta de oito anos quando as primeiras células rebeldes começaram a ser estouradas e os envolvidos começaram a sofrer as consequências. não foi nada bonito acompanhar isso tão de perto e, de alguma forma que talvez nem freud explique, maksim se pegou extremamente interessado e intrigado por aquilo, aquela violência crua e explícita. filmes de terror passaram a ser os melhores amigos do garoto, quanto mais violento e gore, mais maksim gostava -- havia alguma coisa naquela adrenalina pura que o deixava sempre querendo mais e mais. ele tinha por volta de onze anos quando descobriu que poderia sentir aquele mesmo pico de adrenalina usando as próprias mãos e as brigas começaram a fazer parte da sua rotina.
ele tinha treze anos quando houve o golpe e os rebeldes tomaram o poder expulsando a família de moscow, do lugar que maksim conhecera como lar por toda sua vida, e ele entendeu o que era a raiva de verdade. ele passou um bom tempo odiando tudo. odiava a inglaterra, odiava ter que falar em inglês, odiava a casa alugada com cheiro de mofo, odiava ver sua mãe chorando depois que colocava os meninos na cama e, acima de tudo, odiava seu pai por ele não estar fazendo nada para tomar o poder de volta. a raiva era ao mesmo tempo o monstro que vivia debaixo de sua cama, e a canção de ninar que o colocava para dormir.
o temperamento e as brigas pioraram na inglaterra, e foi sua mãe quem impôs a obrigação de que maksim precisava ir à terapia. parecia ser completamente inútil para maksim, mas ainda não existia nada que ele pudesse negar à sua mãe. o treinamento de boxe começou nesse momento, por sugestão de seu terapeuta, como uma vazão para tudo que maksim sentia. sempre que sentia que iria explodir ou percebia a raiva vindo, o rapaz ia socar seu saco de areia. aos poucos as coisas foram melhorando e logo o garoto ingressou na academia, aliando o conhecimento oferecido em sala de aula com a terapia.
inicialmente não gostou muito da academia, mas com o tempo foi se acostumando com os estudos e conhecendo as pessoas. descobriu-se alguém até que bem extrovertido e que ter amigos era algo que vinha fácil para si. continuou no boxe, treinando firme e conquistando torneios, e tudo foi bem pelos primeiros anos. mas tudo mudou quando maksim retornou para seu sétimo ano na academia. após um inverno traumático na rússia, onde o rapaz foi novamente exposto à uma violência absurda pelas mãos do czar e de seus soldados, a raiva retornou para a vida de maksim e dessa vez não houve terapia que conseguisse tirá-la. as brigas se tornaram mais uma vez presentes na vida dele, ficando especialmente piores no futebol. chegou a ser expulso de jogos e teve que ceder, temporariamente, sua posição de capitão do time para outros jogadores. o que o cegou ainda mais para onde a raiva poderia lhe levar.
e chegamos à fatídica luta de boxe em que maksim passou de todos os limites. era um competidor de outra delegação, participavam de um torneio que estava acontecendo na academia, mas contava com a presença de outros times de fora. já havia lutado contra aquele cara em específico e nunca fora fácil, ele tendia a descobrir o ponto fraco de maksim e explorá-lo ao máximo. e foi o que fez naquela luta. ninguém pôde ouvir o que ele sussurrava no ouvido do príncipe russo, mas fora o suficiente para que a visão de maksim se tornasse vermelha como o sangue que tirou do outro lutador após levá-lo ao chão e continuar socando seu rosto sem necessidade. a adrenalina deu uma força sobre humana a ele e foram necessários quatro pessoas para tirá-lo de cima do oponente que já estava inconsciente.
a ação teve consequências, é claro. maksim deixou o ringue com um dos diretores gritando que ele estava expulso da academia e naquele momento ele não se importava. no entanto, alguém intercedeu por ele -- se foi seu pai ou se foi a ordem ele não sabe, nem se importa. no lugar de ser expulso da academia ele estava expulso do time de boxe, não podendo sequer entrar no salão de treinamento. foi como perder uma parte de seu corpo, maksim não sabia viver sem a luta como uma espécie de muleta para seus sentimentos.
atualmente maksim ainda se encontra instável, a terapia não foi tão eficaz quanto fora em sua adolescência e o uso excessivo de álcool e drogas pioram ainda mais seu temperamento. ainda está expulso do time de boxe, porém agora pode ao menos ir até o salão de treinamento para socar o saco de areia quando sente que precisa, e também ajudar alguns amigos no treinamento de muay thai.
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Enfrentando a Depressão: Um Passo de Cada Vez
Enfrentando a Depressão: Um Passo de Cada Vez
A depressão é uma batalha silenciosa, que muitas vezes pode nos deixar sem palavras para descrever o que estamos sentindo. Se você está lutando contra essa condição, saiba que não está sozinho(a) e que há esperança. Embora o caminho possa ser desafiador, você pode tomar medidas para melhorar sua qualidade de vida e encontrar maneiras de lidar com a depressão. Aqui estão algumas estratégias que podem te ajudar:
1. Busque Ajuda Profissional: O primeiro passo é procurar um profissional de saúde mental. Um psicólogo, psiquiatra ou terapeuta pode oferecer apoio especializado e orientação para enfrentar a depressão. A terapia pode ser um espaço seguro para explorar seus sentimentos e desenvolver estratégias para lidar com eles.
2. Construa uma Rede de Apoio: Não hesite em compartilhar seus sentimentos com amigos e familiares em quem confia. Às vezes, expressar o que você está passando pode aliviar o peso emocional. Se eles não entenderem completamente, não se desanime; o importante é ter pessoas dispostas a te ouvir.
3. Estabeleça uma Rotina: A depressão pode roubar sua motivação, mas estabelecer uma rotina diária pode fornecer uma sensação de estabilidade e controle. Tente definir horários para acordar, comer, se exercitar e dormir. Isso pode ajudar a regularizar seu humor.
4. Exercício Físico: A atividade física tem um impacto positivo no cérebro, liberando endorfinas que ajudam a melhorar o humor. Comece com pequenas caminhadas e, gradualmente, aumente a intensidade. Atividades como ioga também podem ajudar a relaxar a mente.
5. Alimentação Equilibrada: Uma dieta saudável pode influenciar seu bem-estar mental. Consuma alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras. Evite o consumo excessivo de açúcar e cafeína, pois eles podem afetar seu humor.
6. Evite o Isolamento: Embora a vontade de se isolar seja comum na depressão, tente resistir a ela. Participe de atividades sociais, mesmo que seja algo pequeno. O contato com outras pessoas pode proporcionar uma sensação de pertencimento.
7. Pratique o Auto-Cuidado: Reserve um tempo para cuidar de si mesmo. Isso pode incluir atividades relaxantes, como ler um livro, tomar um banho quente, ouvir música tranquila ou meditar. Encontrar prazer nas pequenas coisas pode ajudar a melhorar seu humor.
8. Defina Metas Realistas: Estabeleça metas pequenas e alcançáveis. Isso pode ser algo tão simples quanto fazer a cama pela manhã. À medida que você atinge essas metas, sua autoestima pode aumentar.
Lembre-se de que a jornada para superar a depressão pode ser um processo gradual. Dê a si mesmo o tempo necessário e celebre cada vitória, não importa o quão pequena seja. Se você sentir que está perdendo a esperança, lembre-se de que existem recursos e pessoas dispostas a ajudar. Você merece uma vida melhor, e tomar medidas para cuidar de sua saúde mental é um passo corajoso na direção certa.
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