Tumgik
#visto em 2018
marrziy · 3 months
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Michael Myers x Male Reader
"Pobre Michael"
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• Filme: Halloween (escrevi com o de 2018 em mente)
• Gênero: terror
• Sinopse: você caiu na mira do bicho papão, e agora ele te segue na penumbra. Como a sombra que imita seus passos, ele te faz companhia e entra na sua casa, buscando por saciedade, sem saber que você não pensa e nem age como vítima.
• Palavras: 3k
3° pessoa - passado
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Quatro cabeças foram encontradas em uma pracinha, fincadas do pescoço ao crânio nos postes que iluminavam as calçadas. O interior delas estava oco, com os olhos, línguas, dentes e miolos espalhados pela grama aparada do lugar bem cuidado. As lâmpadas emitiam luz através dos orifícios vazios. Uma recriação sinistra das abóboras nas calçadas das casas.
A polícia nunca esteve tão ativa quanto naquele halloween.
Pessoas diziam ter visto o assassino, a maioria de relance. Poderia ser julgado como um simples vulto, consequência da paranóia coletiva, mas a sanguinolência nos interiores da cidade anunciava que estar paranóico era algo positivo naquele 31 de outubro.
A movimentação distante talvez significasse algo.
A sua sombra, muito provavelmente, não era sua.
Não eram pequenas as chances de a silhueta que te acompanha ser, na verdade, do bicho-papão.
Apelido dado a Michael Myers pelas crianças apavoradas, que deixavam de pedir doces para correr para o colo dos pais e chorar após testemunharem ou ouvirem falar das cenas macabras que tingiam o chão e as paredes de Haddonfield.
A noite começou agitada, cheia de vampiros, múmias, fantasmas, bruxas e lobisomens de um metro e meio circulando, famintos por açúcar.
Mas durou tão pouco…
A única época do ano em que era divertido comemorar nas trevas teve seu significado obsoleto ressaltado quando o mal despertou, sedento para espalhar carnificina; terrificar os salubres e entreter os insalubres.
A notícia sobre os assassinatos chegou até você durante uma pausa no percurso do trabalho para casa. O cheiro fresco dos grãos moídos seduziu suas narinas e você não resistiu, teve que entrar no estabelecimento e pedir um expresso. O plano era relaxar nos assentos acolchoados do lugar, degustar com calma a bebida quente e sair revigorado devido à cafeína no organismo. Porém, a televisão suspensa exibia uma reportagem local, ao vivo, noticiando o crime bárbaro nas redondezas.
As imagens, mesmo que borradas, juntamente com a descrição explícita do texto da repórter, deixaram você aflito. As pessoas ao redor, sentadas paralelamente nas mesas dispostas, compartilhavam do pânico.
O clima descontraído foi esmagado pelo silêncio imediato. Só se ouvia as vozes chiadas da tv.
A presença do delegado na tela, recomendando o isolamento das pessoas em suas residências, foi o tiro de largada. A maioria se locomoveu, tomando rumo. A movimentação te influenciou. Você bebeu a metade que restava do café em um gole, ingerindo com uma careta antes de se levantar e sair da cafeteria.
Enquanto atravessava o centro, resquícios de calmaria ainda o mantinham tranquilo.
No entanto, quanto mais perto de casa, mais apressados eram seus passos e maior era a ansiedade acumulada no peito.
Mesmo em uma rua mal iluminada, longe do movimento caótico, a sensação de não estar sozinho era constante. Seu andar nervoso estava prestes a se transformar em correria.
Felizmente, era possível avistar sua morada.
Mas à distância, a sombra o seguia.
Michael viu você sozinho e sentiu-se extremamente atraído pela sua aventura solo no breu daquele lado esmarrido da cidade.
Entre as esquinas, afastado o suficiente para não ser visto, Myers o acompanhava, sendo ele a presença que você sentiu nas costas.
O puro mal condensado no corpo de um homem viu você como a vítima perfeita para o que ele considerava uma brincadeira divertida.
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Largado na cama, com o rosto iluminado pelas cores vibrantes do celular, despojada era sua condição. O desconforto nos olhos era meramente aliviado graças ao abajur ligado, que mesclava a luz amarela com a luz azul da tela.
Na calçada do outro lado da rua, em frente à sua casa, Myers parecia inanimado, quase como uma extensão do pedregulho urbano onde seus pés estavam estagnados. Ele olhava para cima, captando a sua silhueta alumiada através dos buracos da máscara. A janela nua, com as cortinas arreganhadas, cotejava Michael com sua cabeça, praticamente servida numa bandeja.
No segundo andar da residência, sua mente se perdia no instigante mistério da história que lia enquanto música inundava seus ouvidos. Com o som dos fones mais alto que seus pensamentos, você deslizava a tela para cima, ritmado com a aproximação soturna do bicho-papão.
As botas pretas fizeram a madeira ranger. Michael atravessou a varanda, evitando a porta da frente. Enquanto rodeava o jardim, o rosto mascarado se refletia em cada uma das vidraças do primeiro andar.
Os passos eram firmes. A sombra queria estar ali; era sua vontade e apetite mais voraz. E, mesmo decidido, o caminhar era calmo, sem pressa, porque a força que residia naquele corpo era imparável e agia como tal.
Michael só andava para frente, indiferente às pegadas que deixava na terra úmida do quintal. Quando alguém encontrasse os vestígios, ele já teria desaparecido, deixando apenas elas de piada... inúteis e engraçadas pegadas.
Chegando nos fundos, Myers encontrou a porta que dava acesso à cozinha e girou a maçaneta.
Estava destrancada, e ele entrou.
Com a lama nas solas, o assassino carimbava a cerâmica do chão e os tapetes que surgiam pelo caminho.
O trajeto até a breve saciedade, que pausaria o roncar monstruoso sob a carcaça do bicho-papão, tardou no instante em que ele se deparou com o brilho na ponta do aço.
A faca estava ao lado do faqueiro, escanteada e meio úmida. A torneira da pia, mal torcida, pingava, e Myers se perguntava qual carne a lâmina havia fatiado. A peça o seduziu; era maior que a ensanguentada que ele carregava, e a luz da lua, atravessando a janela, banhava o utensílio, fazia-o puro e tentava Michael a profanar com o gume afiado.
Ele largou a velha companheira na mesa e rodeou os dedos calejados no cabo da nova.
Pretendia degolar você com ela.
Iria raspar a ponta nos ossinhos frágeis da sua clavícula.
Rasgaria seu intestino sem dó.
Mas, antes, precisava ver o que tinha na geladeira.
Existia uma fresta pequena, mas aberta o suficiente para acionar a luz fria que vinha de dentro. Aquela luminância não devia brilhar; era forte, contrastava com a claridade natural da lua e incomodava Michael, levando-o a questionamentos, assim como a faca lavada, antes no mármore e agora em sua posse.
Parecia errado, como se o caminho tradicional do monstro estivesse sendo apontado por setas.
O corpulento pisava sem denotar presença, marchando até a porta da geladeira, ignorando a alça e puxando-a pela borracha das bordas laterais.
O cheiro podre alastrou-se pelo cômodo.
O que Michael viu não o assustou; a imagem era conhecida, saturada na memória assassina, mas ele não ser o responsável pelo feito era novidade, quase o fez esboçar surpresa por debaixo da máscara.
A geladeira era pequena; as prateleiras não eram largas o suficiente para acomodar as seis cabeças. Elas exigiam espaço e, por isso, a porta não fechava. As que tinham olhos expressavam horror, um último semblante antes de um machado, facão ou seja lá o que for, separá-las do que algum dia foi vivo.
O sangue pingava e escorria, quase ultrapassando os limites e alcançando o chão. A luz branca que vinha do interior gelado tornou-se vermelha no instante em que uma cascata desceu do congelador e dominou todo o cenário selvagem. As luzes refletiam aquela cor hipnotizante, e o bicho-papão, tal como um inseto, sentiu-se atraído. Havia mais na parte de cima; mais daquela brutalidade existia no congelador.
Brutalidade que Michael não era dono, não assassinou, não assinou.
O verdadeiro artista espreitava logo atrás.
Fora do campo de visão do assassino, você, outro amante da morte, esgueirava-se sorrateiramente, aproximando-se com duas seringas nas mãos.
Para alcançar a região propícia do corpo à frente, você ficou na ponta dos pés e abriu os braços, tomando impulso antes de descê-los ferozmente contra a estrutura que, mesmo de costas e vulnerável, intimidava. Seus punhos encontraram os ombros de Michael e foi como um soco. Você precisou acumular forças nos pulsos para penetrar o material da máscara, que se estendia até a nuca, antes de, enfim, perfurar o pescoço.
Seus dedões alongaram-se para pressionar a base do êmbolo, impulsionando o sedativo para o organismo do ser.
Mas, mesmo veloz e cheio de adrenalina, não foi rápido o suficiente.
Quando sentiu a picada, Michael jogou o cotovelo para trás, acertando suas costelas. Ele se virou na sua direção e, como se não fosse nada, desgrudou as agulhas da carne. Ambas estavam cheias até a metade, e parte do líquido, misturado com sangue, escorria pelos furos na pele.
Myers tacou as seringas no chão e deixou a faca na mesa; ele queria te estraçalhar usando apenas as mãos.
Você nunca teve o controle, mas ele também nunca esteve tão distante.
Deu errado, e apesar da face neutra, você suava frio, engolia seco e respirava pesado, apavorado. O coração acelerado batia com tanta força que você sentia a pulsação na ponta da língua.
Quando o cérebro desparalisou e deu ordem aos membros, você só teve tempo de dar meia-volta antes de uma mão agarrar seu cabelo por trás e obrigá-lo a encarar o olhar profundo do rosto pálido.
O olhar do diabo.
Michael notou algo recíproco nas íris, mas nada que despertasse empatia; o bicho-papão era incapaz de sentir certas coisas.
Ele rodeou os dedos pelo seu pescoço, a mão tão grande que quase cobria toda a circunferência. Sem esforço, ergueu sua estrutura menor.
Você chutava o ar, desesperado por não sentir mais os pés no chão. A pressão na sua garganta inibia a ventilação dos pulmões e avermelhava a pele. — Me põe no chão… – a voz falhou, mas soou clara, pena que de nada adiantou. Suas mãos trêmulas alcançaram os pulsos de Michael, arranhando, batendo, puxando, fazendo de tudo para afastá-lo.
Você foi arremessado, suas costas colidiram contra o mármore da bancada divisória. Seus esforços foram inúteis, e doeu nos nervos constatar isso.
O estralo da musculatura ecoou, os joelhos fraquejaram e você deslizou a coluna nas gavetas brancas, pousando na cerâmica. Não houve tempo para recuperar o fôlego ou sequer sentir a dor; seus instintos berravam para que você corresse.
Mas você não conseguia ficar de pé.
Então, rastejou.
Pobrezinho.
Michael puxou você pelo tornozelo com tanta brusquidão que sua cabeça bateu no chão, produzindo um som nauseante, de prensar os sentidos e turvar a visão. Pontinhos brilhantes invadiram os globos, flutuando no ar paralelamente.
Myers afastou suas pernas com as coxas e posicionou-se em cima da sua constituição abalada, voltando a esmagar seu pescoço, usando ambas as mãos dessa vez.
Era o fim?
Não devia ser uma pergunta.
Com os lábios entreabertos, você encarava o rosto mascarado, se perguntando o porquê de ainda estar respirando.
Michael era uma parede em cima de você, te cobria facilmente e tinha as duas mãos na sua garganta; a força devia separar sua cabeça do pescoço, mas não aconteceu. Os dedos tremiam e estavam cada vez mais frouxos ao seu redor.
Seus sentidos retornavam aos poucos e, quando compreendeu o que estava acontecendo, você levou as palmas abertas ao peitoral do Myers, amenizando o impacto quando o corpo maior caiu sobre o seu.
Sua preocupação migrou da incerteza sobre ter um amanhã para como iria sair debaixo do brutamontes adormecido.
Um suspiro aliviado escapou de seus lábios trêmulos. — Feliz Halloween, Michael. – a frase subiu queimando a garganta machucada.
E na cozinha, prevaleceu o silêncio dos monstros.
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Sem norte.
As pálpebras levantavam e abaixavam várias vezes, acostumando os olhos à claridade e, aos poucos, tornando a visão nítida.
As íris correspondiam à reflexividade obscura das pupilas com o máximo de perfeição que a natureza defeituosa tolerava, e, dentro daquele círculo fúnebre, habitava o ser que havia abatido o bicho-papão.
Lá estava você, agachado sobre as pernas de Michael, quase sentado em suas coxas. — O soninho tava gostoso? – olhos e boca esticados; meia-lua e gengival eram seus sorrisos.
Como esperado, além do peito subindo e descendo e da respiração audível, Myers não expressou nada. O homem sentiu os pulsos contidos por gélidas algemas, os antebraços unidos ao dorso e correntes rodeando seu abdômen, mantendo-o preso a um pilar de pedras naquele porão vasto e estranhamente organizado. Ele sequer deu chance à tentativa, conhecia a si mesmo e sabia que insistir na fuga naquelas circunstâncias seria em vão.
Mas matar você era uma certeza que Michael fantasiava.
Sua mão direita dirigiu-se aos fios secos da máscara que simulavam cabelo, puxando-a para si com força e aproximando as faces. — Tão tagarela... – você revirou os olhos e levou os joelhos ao chão, montando no colo do assassino. — Ótimo. Significa que é um bom ouvinte.
Até então, Michael acompanhava seus olhos, fisgando cada microexpressão sua, mas permitiu-se desviar e memorizar o ambiente desconhecido.
A luz branca no teto de madeira cegava; alguns insetos circulavam a claridade, os mais ousados colidiam contra a lâmpada e tinham suas antenas dobradas, semelhante aos pássaros que se chocavam contra vidraças e tinham seus pescoços frágeis quebrados no impacto.
Ao fundo, sua voz ecoava. — De que abismo você saiu? — você pensava em voz alta, tentando chegar a uma conclusão sozinho. — Circulando por aí, tão silencioso, quase invisível… o ser mais próximo de um fantasma que eu já topei. É realmente um homem? É mesmo feito de carne e osso? — você o apalpava, apertava os ombros e os braços. Seu toque migrou para o peitoral firme, e você sentiu a maciez da pele por debaixo do macacão.
À esquerda e à direita havia mais pilares, um de cada lado, e encostadas nas paredes, pilhas de caixas vazias. O piso arranhava; era basicamente cimento e brita. O lugar havia sido lavado recentemente; o chão meio úmido ligava-se ao forte cheiro de produtos de limpeza. Isso irritava o nariz de Michael; ele preferia o pútrido.
Seus dedos roçaram o pescoço de Michael, adentrando a carne sob a máscara. Ele imediatamente redirecionou o foco, voltando a encarar suas pupilas. Você riu baixinho. — Relaxa, não vou tirar sua máscara. A graça está no mistério. – você se curvou, rente à orelha coberta do assassino. — Tenho certeza que você é muito mais interessante com ela.
Você retribuiu o encarar, e sentiu-se possuído. Fitar as orbes profundas de Michael assemelhava-se a cair de um abismo infinito.
E atrás da borracha gasta, Myers também estava em queda; caía do topo da cadeia nefasta e, pela primeira vez, via-se estampando o outro lado da moeda.
Sussurrando, você revelava seu segredinho sangrento. — Viu o que eu fiz? Viu as cabeças? – suas mãos agarraram os dois lados do rosto de Michael, apertando frouxamente com os dedos trêmulos. — Digno, não é? Com certeza algo que você faria... – o sorriso alargava-se e a postura ficava cada vez mais trêmula conforme você falava. — Nesse halloween, qualquer mísera gota de sangue derramada recairá sobre o bicho-papão… Eu me segurei tanto pra não sujar as mãos antes da hora. Você ter escapado do sanatório onde definhava foi a oportunidade perfeita! – você mordia o lábio, arrepiava da cabeça aos pés e se contorcia com o frio que sentia no estômago.
A respiração abafada de Michael cessou, calou-se o único som que ele emitia.
Você grudou as pálpebras, sentindo os cílios úmidos. Encheu os pulmões e liberou o ar serenamente. — Tô empolgado, desculpa. É bom demais contar isso pra alguém, especialmente pra você! – limpou o canto dos olhos com o antebraço e arrastou o quadril para frente, em atrito com as coxas do Myers até pousar na virilha dele, acomodando-se ali. — Eu acompanhei você, refiz seus passos e estive em cada lugar que você marcou. Assisti você esfaquear, degolar, estrangular, perfurar corpos e amassar crânios, e sequer fui notado! Estou tão orgulhoso de mim mesmo.
Seus lábios chocaram-se contra a boca de borracha; você beijou brevemente a máscara com tanta intensidade que a cabeça de Michael pendeu para trás.
Quando se afastou, você revelou um semblante fechado, contrário ao vigor que demonstrara anteriormente. Saliva acumulou-se na ponta da língua e você cuspiu no rosto mascarado. — Mas eu não sou mau. Não sou igual a você. – segurando firmemente a nuca de Michael, você o puxou para si outra vez, unindo as testas. — No primeiro poste, um colega de trabalho; assediava a mim e outros funcionários da empresa. No segundo poste, minha vizinha; eu tinha um cachorro, o nome dele era Totó, e ele morreu porque a puta jogou um pedaço envenenado de bife no meu quintal. No terceiro poste, um nazista; andava por aí sem camisa, exibindo aquela tatuagem nojenta nas costas. No quarto poste, um psicopata mirim; pisou na cabeça de um gato e abriu o estômago do bichinho com um galho.
As palavras vazaram pela boca sem travas, emitidas com naturalidade. A face seguiu serena, pausa a pausa. Você contava a história por trás de cada decapitação com frieza, e naquele cenário, nada pesava; para você, um refresco tardio, para Michael, nostalgia e anseio por reprise.
Você aprendeu tanto sendo apenas a sombra do bicho-papão, nutriu curiosidade e fascínio ao ponto de precisar extrair algo dele. — O mal é um ponto de vista, e do meu, você é maligno, Michael, de um jeito que eu não consigo entender. Isso me deixa maluco. — você bufou. As pálpebras contraídas te impediram de notar Michael absorver para si o ar gasto que você expeliu. — Talvez eu seja mau também… Não pelo que eu faço, mas sim por desejar que monstros existam e que eles façam monstruosidades. — suas mãos vagavam pelo corpo de Michael, adorando-o. — Assim eu consigo sustentar uma desculpa… posso acalmar essa vontade perversa dentro de mim sem peso na consciência.
E, de repente, o silêncio incomodava.
Você engatinhou de costas sobre o corpo contido, parando rente aos pés calçados de Michael. Sentado sobre os calcanhares, você apertou o bico sólido da bota preta, não encontrando os dedos. — Mas você não tem desculpa. Você é puro mal. — você permitiu-se alucinar no olhar do diabo uma última vez antes de prosseguir. — Eu me pergunto pra onde você iria caso morresse… céu não é uma opção e creio que o inferno não aceitaria criatura como você. – e esse último olhar foi maníaco. — Porra, eu quero saber… preciso saber se seria divertido para Satã torturar Michael Myers.
Com uma mão, você retirava a bota preta de Michael, e com a outra, buscava algo no bolso traseiro da calça.
Os dedos retornaram rodeando uma ferramenta.
Um alicate.
— Infelizmente o bicho-papão não fala... mas será que ele grita?
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Relevem qualquer errinho, tô com dor de cabeça 😩
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cherrywritter · 7 months
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Prólogo - Fuga de Cadmus
Instalações de Cadmus – New Troy, Metropolis 
1ª semestre de 2018
Anos abaixo da terra sem saber o que realmente acontece no mundo ou o que acontece fora deste lugar. Exames de sangue diários, avaliações, treinamentos, naturalização da morte, jogos de pontuação. Seja a melhor sempre, obedeça às ordens, siga as orientações. Seja perfeita. Seja o Caos. Planos e mais planos para transformar o mundo em um lugar melhor. Um lugar bom para todos.
Cresci com esses pensamentos e com essas instruções. Treinada à perfeição. Não tinha nome, não tinha personalidade, não uma que eu pudesse exibir. Todas as noites, quando era permitida a dormir, via o rosto de cada um que tirei a permissão de viver para salvar o mundo. Para viver o mundo idealizado de Lex Luthor.
Em certo momento, por volta dos meus dez anos, a leitura mental se tornou meu ponto forte, se não o mais forte que pude saborear. Não só a leitura mental, mas o acesso aperfeiçoado a todas as tecnologias disponíveis na instalação de Cadmus que eu estava. Pude, finalmente, ter acesso ao mundo exterior e nutrir minha curiosidade de presenciar o que havia fora das paredes daquele lugar.
Vi pessoas felizes, um mundo bem mais seguro do que pintavam para mim. Vi as mentiras. Li a mente de cada um que convivia comigo. Senti suas emoções, suas memórias, suas vidas. Vi os heróis que guardavam o mundo. Aqueles que faziam parte de mim de alguma forma devido a minha engenharia genética.
Perto da primeira semana de janeiro recebi uma nova missão.
- Você está bem, Caos?
Era o doutor charmoso que sempre me assistia. Ele se chamava Ethan Saveiro. Ele estava com a minha caixa de agulhas e todos os itens cirúrgicos e essenciais para mexer em mim. Estranhei, pois ele jamais vinha até minha cela com ele. Li sua mente e vi sua preocupação. Ele sabia sobre a missão. Queria que eu a recusasse. Queria conversar comigo sobre. O guarda, logo atrás dele, se recostou mais e observou os movimentos do doutor, obviamente também desconfiado com a mudança na rotina. Estava pensando em consultar os superiores, então tive que intervir.
Sorri para o guarda durante o processo de limpar sua memória, o enganando. Para ele não haveria caixa alguma ali em cima da minha cama.
- O doutor pediu privacidade, guarda. Você parece meio aéreo. Deveria tomar cuidado. Perderá o emprego dessa forma.
- Eu não...
- Ele vai ter que repetir pela terceira vez? Saia! – Saveiro sinalizou para que o guarda saísse e trancou a porta atrás de si.
- O que viu?
- Ele ia chamar os superiores. O que pretende? – Tinha o hábito de questionar para reafirmar o que havia visto.
- Você tem que fugir. Hoje. Programaram o ataque para esta madrugada. – Sua assistente adentra minha cela com uma bolsa transparente com quatro litros do composto que me alimentava. – Vamos colocar os acessos e temos que ser rápidos.
- Eles vão perceber que testão me ajudando.
- Isso não importa, pequena Caos. – Disse Max. – Você é nossa prioridade. Nos de os braços. Pode doer um pouco.
Max e Saveiro colocaram os acessos venosos nos dois braços. Cada um com dois litros do composto. Os primeiros segundos foram tranquilos, mas os seguintes tortuosos. Minhas veias brilhavam como uma estrela nova, naquele azul único que elas têm quando nascem. A dor subia por elas e corria todo meu corpo. Eu queria gritar, mas não podia. As lágrimas de dor escorriam e o ar faltava.
- Aguenta mais um pouco, minha querida. Você consegue suportar, lembra? Você suporta tudo.
- Até a morte. – Digo chorosa.
- Preste atenção, Caos. – Começou Saveiro. – Se lembra de como criar uma falha de segurança na instalação? Fará isso hoje, por volta da meia noite e meia. É horário da troca de turno dos guardas. Vamos deixar uma mochila do lado de fora, você vai achar com facilidade.
- Tem o ‘porém’ e não gosto dele.
- É necessário, Caos. – Disse Max. – Abrimos mão da nossa liberdade para estar aqui, agora vamos abrir mão das nossas vidas para te salvar.
- Isso não é justo! Não aguento mais assassinar pessoas inocentes! Não quero mais! Não quero fazer isso com vocês.
- Caos. – Saveiro segura meu rosto para olhar para ele. – Eles vão nos matar de qualquer forma. Você está completa. Faça isso para proteger nossas famílias. Se eles nos pegarem, nossas famílias serão torturadas e mais inocentes vão sofrer. Nos deixe pagar nossos pecados. Nos deixe escolher nossa morte. Nos deixe morrer pela mão de quem amamos.
- Isso não é justo. Não posso fazer isso com as únicas duas pessoas que me ensinaram o que é a vida, o que é amor, carinho.
- É preciso. Tolere como uma ordem. Siga a nossa ordem e honre nossa morte.
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O primeiro amor é sempre flop? Do lixo ao luxo ao lixo, conheça o CSR
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Você pode encontrar esse post aqui!
Com o marco de ser o primeiro grupo a debutar no Depois da Escola, o Cheot Sarang - ou CSR para os mais íntimos - possui tudo o que nós, futuras desempregadas, não temos: talento!
Anteriormente conhecido como 05Class ao qual o nome auto explicativo, mas como tem sempre alguém que não entende, todas nasceram em 2005 (e esse é outro marco conquistado por elas, visto que são o primeiro (talvez o segundo, mas ninguém liga) grupo sul-coreano a ter todas as integrantes com a mesma idade), o CSR é um girlgroup de 7 integrantes formado pela acumuladora de flops (nem tanto, a Ailee é uma diva) A2Z Entertainment.
Começar a explicar a história das divas é um tanto doloroso, viu, mas nem tão surpreendente assim, já que a Coréia AMA um mau gerenciamento!
Atualmente conhecida como Isam Media Entertainment, a agência formada em 2007 sob o nome JJ Holic Media, e mais tarde J Planet Entertainment, é conhecida por nós pela falta de interesse em todos os grupos aos quais debutam sob esse gerenciamento tosco, tendo em mente que NENHUM grupo tá ativo, só uma solista flopada conhecida por ter sido integrante do UNI.T.
Enfim, bolinha vai bolinha vem, a empresa do finado LUNARSOLAR (descansem em paz) decidiu, em 2018, que era hora de promover um pouco as vítimas trainees antes que debutassem em seus respectivos grupos, ou como solistas/duos. Em 2021, decidiram mudar um grupo de trainees, denonimado 05Class, para a A2Z Entertainment e no dia 27 de julho de 2022 as gatinhas debutaram causando inveja a uns aí pelo tempo de treinamento.
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Para os viúvos do GFriend, o CSR foi luz.
Debutando em 34° lugar no Bugs Charts (em tempo real tá bbs), First Love (Pop? Pop!) foi muito bem recebida aqui em casa! Contando com míseros 3 mil (quase 4 mil) de vendas, eu me abstenho de falar sobre a venda do álbum, mas dá pra entender, ok? As bichinha são de uma empresa bem flopada, a única coisa que mantinha elas de pé era o amor incondicional pelo GFriend. Apesar de tudo, elas mantiveram um lugar alto no Music Bank, tá, 4° lugar não é para muitos e sabemos muito bem disso! As divas seguraram durante 2 semanas e depois desceram pra 10° lugar, o que sabemos que também não é para muitos!
A fama orgânica resultou em 17 mil cópias vendidas do Sequence: 7272 e, felizmente, deixou que elas vissem a luz do sol novamente, voltando em novembro com Sequence: 17& e o hit ♡Ticon lançado no dia 17, que debutou em 917 no Melon Daily Chart (achou ruim? quero ver fazer melhor).
Apesar das vendas tenebrosas contarem com, apenas, 2 mil cópias vendidas no primeiro dia e 13 mil no total, o hit do verão nos rendeu a primeira win do grupo no Music Bank depois de 128 dias de debut.
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Stage do dia do win.
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Encore
Mais tarde, as queens fizeram um vídeo especial pra Copa do Mundo de 2022 e 1 semana depois de lançado pegou 1 milhão de views como um tapa na cara de uns fandoms ai que spamam stream, o que não se aplica ao CSR, visto que elas são tão flops que quase não tem fanbase (se tem, tá inativa) e as únicas fãs delas em solo brasileiro (aka nós) estavam estudando para as provas finais.
Depois de garantir a marmita delas e a derrota da Coréia, o comeback foi anunciado e lançado no dia 29 de março de 2023 sob o título de Delight.
Ainda que as vendas tenham sido horríveis no primeiro dia, também, contando com 3 mil cópias vendidas, a fama conquistada não as deixou na mão e fez com que a soma total das vendas resultasse em, pasmem, 26 mil cópias.
Delight conta com a participação do Monotree (Oi, Loona!) em duas das músicas presentes no mini-albúm e a title, Shining Bright, garantiu o terceiro lugar no The Show.
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Stage de Shining Bright.
Elas também decidiram lançar mil versões de um single lançado no dia 27 de novembro, HBD to You, que hitou no TikTok, então tiveram sua fama prolongada.
Depois disso, foi só ladeira abaixo para nossas amadas.
Como se já não bastasse a divulgação podre, a A2Z achou de bom tom fazer o que qualquer empresa faria no lugar dela: enviar 4 das 7 integrantes, sendo elas Geumhee, Seoyeon, Duna e Yeham, para um reality show na China!
Com as nossas coreanas favoritas fora da Coréia do Sul, claro que as filhas do GFriend iam ficar com Deus. Tendo apenas 3 integrantes em solo coreano, Sihyeon, Yuna e Sua, as promoções do grupo foram dormir e as bichinhas sofriam comendo pão que a antiga Pop Music amassou.
Graças a Deus nenhuma delas foi pra lineup final. No dia 3 de março de 2024 (a diferença de datas, socorro), Geumhee, Seoyeon e Yeham voltaram para casa após serem eliminadas na primeira divulgação de ranking do programa. Nossa it girl Duna foi a única que sobreviveu até a final e foi eliminada em 14° lugar. Depois de todo mundo estar juntinho de novo, a empresa podre decidiu que era hora delas viajarem e criou um reality show que elas viajavam juntas e, finalmente, em junho de 2024, decidiram lançar o comeback, que é um prólogo pro debut japonês, simplesmente após 1 ano e 3 meses depois do último ❤️
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As queridas performando Pop? Pop!.
Essa volta delas foi o próprio inferno, viver isso foi um sofrimento absurdo sem comparação.
O MV que ia sair às 6h da matina no mesmo dia tal qual quase todos os music videos de k-pop, saiu só no dia seguinte às 13h da tarde (para nós em horário brasileiro) e consolidou a podridão desse comeback com apenas 23 cópias vendidas no primeiro dia. Não foram 23 mil, foram 23, 3 unidades e 2 dezenas. Além disso, as bichinhas só apareceram em 3 stages durante a promoção do álbum, sendo 1 na primeira semana e 2 na semana seguinte. No mês seguinte, dia 3, o L'heure Blue "oficial" foi lançado e as bichinhas foram fazer tour no Japão.
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MV da title do L'heure Blue. Stream, por favor, rumo à 1 milhão....
Desde então, não se tem notícias delas além das fotos que as meninas postam e os vídeos no canal oficial. Os fãs, carinhosamente chamados de Maeum, criaram um site (também disponível em forma de app), que leva o mesmo nome do fandom, ao qual reúne informações e atualizações oficiais das queridas, fazendo mais do que a empresa fez em 2 anos! Atualmente, visando o infortúnio das donas do site, não se sabe nada sobre comeback e, com o Twitter fora do ar, não existe mais fã brasileiro (não que existisse antes) e talvez nem coreano.
Dito isso, os hits estão todos disponíveis no Spotify e valem a pena o scrobble sem modo anônimo!
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deimosbreakfrost · 3 months
Note
não ironicamente mas umas pessoas me chamaram de wandinha quando tava famosa a série porque eu sou ""DARK""💀💀💀🧍‍♂️🧍‍♂️
MANO falaram que eu era pra eu tá interpretadando a wandinha 😭😭😭💀💀💀 Eu entrei na onde sem querer e fiz o penteado dela-
eu tentei ver a série mas tipo nos dois episódios eu já esqueci da serie 🧍‍♂️
MANO
Acabei de lembrar da minha prima que tipo assim... ela travou em 2018
Tw: Cringe
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Ta, tipo la pra março uma tia minha que eu nao tinha visto a anos (des de 2021-2022 mas fds🔥🔥) e ela trouxe a (merece-ser-exorcizada) da minha prima
(Fun fact muito foda: foi no aniversario dessa minha prima queu vi a primeira templrada de dead end park, antes de anunciarem a segunda temporada)
E logo quando elas chegaram eu tinha ficado no quarto por enquanto elas tavam na sala, e eu no quarto que nem um mlk que usa tiktok e problematiza tudo que os parentes faz so pra ser diferente (especifico, sim isso foi uma indireta pra aqueles adolescentes do "real" e os cough, cough therians do tik tok cough cough) so que no meu caso é so pq eu nao gosto ou me importo em interagir com outras pessoas.
Ta, e depois deu sofrer pra interagir com alguem mais novo que eu que acabei de lembrar que existe. A gente ate que começou a me inturmar e dai so foi ladeira abaixo😻
Ta, quando ela entro no meu quarto ela tinha se deitado na rede e fico falando no zap dela com uma amiga dela que ela tava... desfazendo a amizade?? Ela me disse que elas fazem isso toda semana so na "zueira"
Ta ai do nada ela me disse que ela é dark💀💀💀tipo- ser emo, scene, gotico, metaleiro ou punk em 2024 ta tudo bem pra mim mas DARK??? e pedi pra sofrer bullying😻😻/j
Mas esse treco de ser dark dela nao faz sentido pq ela tava com uma camisa rosa da seleçao brasileira e um short preto com uns treco ao redor dele todo fei💀💀 e ai ela me falou era é blink/army e eu fiquei todo "ai... me deu uma dor no peito agr sabe?" E ai ela me perguntou se eu era blink ai eu disse "ai siim, amo blink -182😻😻" ai ELA ME PEGO PELO PESCOÇO E ME FORÇOU A DIZER QUE SOU BLINK, tipo- foi na zueira mas no fundo ainda tinha me dado um fight or fligh naquela situaçao que quase me fez revidar (as vezes eu fico violento por um isntante quando isso acontece, nem é de proposito, apenas acontece naturalmente por instinto)
Ta e depois disso ela me disse que a fofoca/caso mais pesada da escola dela foi que a amiga de uma mina da escola dela tinha talaricado o boy dela e corneou ela depois, e eu fiquei todo "como??💀" nem roi no sentindo de que a fofoca me chocou, foi porque aquilo é nada demais, acontece toda semana na minha escola
E sim, ELA É DE ESCOLA PUBLICA💀💀 mano o caso mais pesado da minha escola foi (assunto um pouco pesado a seguir) que um repetente tinha feito um video de uma mina fazendo uns bagulho na "peça" dele pra postar naquele site (ela tinha 12-13 e ele nos 15+) e depois que a fofoca se espalhou pela escola inteira, um amigo meu tinha achado o video e uns dias depois a diretora chamou a mae da mina e TODO MUNDO da minha sala viu a mae batendo nela e levando ela da escola aos choros e berros. E enquanto o mlk? Era fei que o karai, parecia um urubu com cabelo quadriculado. Mas depois ele foi expulso porque era praticamente um defunto ambulante de tao peso morto que ele era
Ta so isso
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leclerqueensainz · 1 year
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Uma Família de Três (C.L 16)
Parte. V- A culpa, a esperança e o medo.
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⚠️Avisos: Smut (+18), sexo oral (mulher recebendo), angústia, raiva, menção a embriaguez, Charles muito bravo quebrando as coisas. Esse cap pode conter gatilhos!
*lembrando novamente que nesta história, Jules Bianchi morreu em 2019, o que pode alterar a data de alguns acontecimentos*
Aproveitem a leitura!
Quantidade de palavras: 7.907
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18 de setembro de 2018 — Monte Carlo, Mônaco
Calor, é tudo o que eu consigo sentir. Muito calor.
Monte Carlo amanheceu no que eu posso chamar de Chamas do Inferno. Eu estou praticamente derretendo no apartamento de Charles, mesmo que o ar condicionado esteja ligado em 16 °C.
Jogada na cama, enquanto tenho a sensação que cada célula do meu corpo virou lava, que me queima de dentro para fora, escuto a voz suave e desafinada de Charles cantando ’Kids’do Current Joys, no chuveiro. Essa manhã em particular, ele acordou um pouco estranho, não sei dizer se posso considerar bom-humor matinal de fato como algo estranho, ou se estou apenas sendo uma pessoa amarga, mas pelo amor de deus! Quem acorda em um dia que está sendo uma verdadeira amostra grátis do inferno, tão animado?
— Ai que Inferno! — Tento me arrumar na cama, jogando os lençóis e cobertas para o lado vazio de Charles.
Eu odeio o calor, e mesmo que as pessoas na Europa chorem de felicidade quando acordam com raios de sol e passarinhos cantando na janela, eu acordo como se isso fosse presságio de um dia terrível que se seguirá. A chateação toma conta de cada parte do meu corpo e eu me sinto frustrada e menos produtiva durante todo dia.
Cansada de tentar achar uma posição em que eu me sinta mais fresca, eu decido tirar as poucas roupas que visto, sendo elas uma camiseta de Charles e shorts do meu pijama — que já está só pela misericórdia de tão velho-, ficando apenas de calcinha.
Escuto o barulho do chuveiro sendo desligado e em minutos um Charles, com uma toalha envolta na cintura e cabelo molhado, sai pela porta do banheiro. Ele fica parado e me encara com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto adorna seus lábios. Se fosse qualquer outro dia eu estaria babando pela visão dele desse jeito.
— Pelo visto o dia vai ser melhor ainda do que eu imaginava.
— Só se for para você, Leclerc, porque para mim já começou péssimo. — Digo azeda.
Charles ri baixo e anda lentamente até a beirada da cama.
— Vamos querida, não seja assim. — Ele diz se curvando um pouco para pegar meu tornozelo direito.
— Não sei como você consegue acordar tão feliz com esse clima parecendo que jogaram nossa cama num vulcão.
Solto um suspiro baixo quando suas mãos começam a fazer uma leve pressão até meu pé.
— O dia está lindo, tomei um banho bem agradável para acordar e ao chegar aqui, dou de cara com a minha belíssima namorada jogada em cima da minha cama, fazendo um ‘topless’. — Ele beija o meu calcanhar e eu aperto os olhos aproveitando a sensação. — Tem como ser triste?
— Tem, quando você acorda com a sensação de estar sendo abraçada pelo capeta — Respondo e sinto as vibrações de sua risada silenciosa o meu pé.
Charles coloca minha perna em seu ombro e vai engatinhando na cama, arrastando beijos suaves pela minha pele, me dando arrepios.
— Precisamos melhorar esse seu humor, não é? — Ele diz baixinho, sua voz engrossando alguns tons.
Eu prendo meu lábio inferior entre meus dentes e agarro o lençol abaixo de mim. Sua voz e seu toque me causando diversas sensações diferentes em simultâneo. Seguro um gemido quando sinto os leves arranhões que sua barba rala vai deixando em minha pele macia.
— Não acredito que isso vai ser possível… Charles! — Uma mistura de grito e gemido deixa meus lábios, quando sinto seus dentes cravarem minha carne da coxa, o suficiente para deixar uma marca.
Para aliviar um pouco a dor, Charles põe a língua para fora e a passa lentamente pela pele sensível que ele mordeu.
— Porra… — Eu solto um gemido e jogo a cabeça para trás, totalmente perdida na sensação.
— O que você estava dizendo, meu amor? — Ele pergunta ficando totalmente entre minhas pernas, seu rosto a centímetros do lugar onde queimava por seu toque.
— Você é um desgraçado. — Digo e uma de minhas mãos vão até os seus fios molhados, minhas unhas se arrastam levemente pelo seu couro cabeludo o fazendo soltar suspiros baixos.
— Não seja uma megera, não quando eu estou tão disposto a te fazer gozar na minha boca. — E ele enfia a cara na minha intimidade vestida.
Mesmo com o tecido fino do algodão da calcinha, posso sentir o calor da sua língua molhada se arrastando lentamente por todo o caminho do meu clitóris até a minha abertura. Não conseguindo mais controlar deixo que um gemido alto e vulgar ecoe pelo quarto.
— Charles… — Chamo por ele, implorando para que acabe com a minha tortura.
Meus dedos se emaranham em seu cabelo e puxam os fios lisos, fazendo-o gemer e afundar ainda mais o rosto em mim.
— Eu vou acabar com a sua agonia, ma belle. — Ele diz e suga meu clitóris em sua boca.
— Foda-se! — Eu exclamo e sem controle do meu corpo, que parece estar pegando fogo por razões diferentes, meus quadris saem da cama e vão ao encontro do seu rosto.
— Ah! eu vou, mas antes quero sentir o seu gosto. — Charles aproveita meus quadris erguidos e engancha as mãos uma de cada lado da minha calcinha e a puxa para baixo. Suas unhas curtas arranhando levemente a minha pele por onde passa.
Quando ele finalmente se livra da peça intima a jogando no chão, seus lábios macios vão direto para o meu clitóris agora nu.
— Porra, Charles! — Minha voz soa alta e quebrada.
Eu afundo minha cabeça nos travesseiros macios, sentindo sua língua cobrir cada parte de mim. Charles começa um ritmo implacável com a boca na minha parte mais íntima. Ele alterna entre lambidas, chupões e as vezes posso sentir até mesmo os seus dentes roçarem levemente pelo meu botão sensível, me levando à loucura.
— Seu gosto é tão bom, Mon amour. Tão doce. — Ele geme e sinto as vibrações passarem pela minha intimidade, me causando ainda mais prazer e arrepios.
— Charles, e-eu vou… — Não consigo terminar a minha frase, pois sua língua ágil me invade e começa a fazer movimentos de vai e vem.
As mãos de Charles apertam meu quadril no colchão de uma forma bruta, me fazendo sentir seus dedos afundarem na minha pele e sei que ao decorrer do dia, sentirei suas digitais em mim.
— Vamos, querida. Se solta, vem para mim. Vem na minha boca, me deixe beber cada gota do seu prazer. — Ele exige e é tudo de mais.
Minha cabeça e meu corpo estão cheios de Charles. Sua boca, suas mãos fortes, seu cheiro, seu calor, é tudo demais. Tudo demais para ser suportado, tudo tão bom. E eu explodo.
Minha mente fica em branco enquanto gozo em sua boca. A sensação do orgasmo é tão devastadora e intensa que sinto meu corpo entrar em colapso, tremendo e se contraindo, enquanto minha boca solta os mais eróticos sons.
Quando finalmente desço da minha euforia, ainda com os ouvidos zumbindo pela força do orgasmo, sinto o corpo de Charles agora totalmente em cima de mim. Sua corrente batendo no meu queixo. Abro os meus olhos e o encaro preguiçosamente. Os olhos escuros de desejo e ele tem um sorriso convencido e sujo estampado nos lábios e com os cabelos selvagens pós-foda. Sua boca e queixo brilhando com o líquido do meu prazer e como se não bastasse eu quase gozar novamente só com a visão dele assim, sua língua sai de sua boca e passa pelos lábios, coletando o meu gozo. Porra…
— Seu humor está melhor, querida?
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29 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
Tudo cheira a Charles. Cada pequena molécula presente nesse quarto carrega o cheiro do meu ex, o banheiro, as cortinas, o closet — que mal consegui terminar de ajeitar minhas coisas, pelo cheiro dele estar me intoxicando — mas o pior era a cama. Aquela maldita cama, naquele maldito quarto, com aquele maldito cheiro. Eu estou enlouquecendo.
Há muitas memórias que foram geradas nesse quarto e nessa cama. Aqui foram nutridas esperanças de uma vida inteira ao lado do homem que eu amei, mas que agora por ironia do destino, a única razão pelo qual eu estou pisando novamente nesse cômodo, é devido as escolhas do acaso.
Eu balanço a minha cabeça e rio irônica. Vá se foder universo e suas escolhas filhas da puta! Vá se foder por me fazer acreditar precisar supera-lo e agora me fazer viver sob o mesmo teto que ele novamente! Se há um Deus, eu realmente espero que você esteja rindo muito agora! Divirta-se! Faça com que minha agonia e futura insanidade valha a pena!
Antes que eu possa perder totalmente as estribeiras, ouço o barulho de leves batidas na porta. Me ajeito na cama colando o lençol até a cintura, para cobrir a pele exposta que a camisola de seda deixa.
— Pode entrar, está aberta! — eu exclamo e logo a porta se abre apenas um pouco e a cabeça de Charles aparece.
— Mm… e-eu só queria saber se você conseguiu se instalar e se está confortável. — Ele pergunta desconcertado e se eu não estive a um passo de dar uma de coringa apenas a algum segundos atrás, eu riria do seu constrangimento.
— Eu estou bem, Charles. — Eu respondo tentando soar o mais doce possível. — Obrigado novamente pelo quarto. Você está confortável na sala de jogos? Nós podemos mudar se…
— Não! — Ele grita me assustando. — Desculpa. Eu só queria dizer que não há problema nenhum, você já fez muito se mudando para cá. — Ele entra um pouco mais para dentro do quarto, metade de seu corpo para ser mais exata.
— Nós precisamos soar convincentes para a assistente social, certo? — pergunto meio incerta. — Além disse, Vincenzo não pode ganhar uma família nova dividida. Ele precisa de estabilidade mais do que tudo, nesse momento.
— Sim, sim! Você tem razão, mas mesmo assim, sei que você deixou de muita coisa, então o mínimo que posso fazer é deixar você com o quarto principal. Essa é sua nova casa e quero que você se sinta o mais confortável possível. — Ele sorri e abaixa a cabeça por uns segundos.
Essa é sua nova casa. Por que caralhos isso soa tão bem saindo da boca dele?
— Nós dois renunciámos a algo, essa é a consequência de decidir criar uma criança com seu ou sua Ex. — Eu digo em uma tentativa falha de fazer uma piada, mas o sorriso no lábio de Charles vacila por um momento.
— Certo… — Ele sussurra com um olhar perdido em seus olhos antes de voltar a ficar totalmente em mim deitada em sua cama, que agora pertence me pertence — Sei que minhas roupas ainda estão no closet, mas é que ainda não instalei um armário novo no quarto, então tudo bem se eu tiver que vir pegar algumas coisas aqui durante o dia? Prometo que não vou ser um esquisito e vou sempre bater antes de entrar. — Ele diz rápido demais o que me faz rir.
— Está tudo bem. Você pode vir quando quiser, desde que bata antes, vai que eu estou pelada. — Eu tento, tranquiliza-lo com graça, mas novamente suponho que falhei. Porém, os olhos de Charles mudam para algo intenso e seu olhar viaja para minha parte superior.
A camisola que uso é de seda e um tanto quanto fina, não o suficiente para ser transparente, mas fina ao ponto de marcar meus seios sem a proteção de um sutiã. E é justo meus peitos que tomam a atenção de Charles. Eu me sinto quente sob seu olhar, quase derretendo. E quando ele passa a língua pelos lábios, sinto certas partes minhas apertarem.
Okay, chega!
— Vincenzo conseguiu dormir? — Pergunto tentando tirar a atenção dele dos meus seios.
Com a menção ao nome de Vincenzo, seu olhar se suaviza e volta para o meu rosto. As bochechas de Charles ficam vermelhas por um momento e ele pigarreia antes de dizer:
— Sim, ele pegou no sono rapidamente. Mal comecei a ler a história da ‘raposa morta’, e ele dormiu. Acredito que gastou toda a energia dele brincando no quarto novo, mais cedo. — Charles da de ombros e eu sinto minha sobrancelha franzir.
Ele disse raposa morta?
— Raposa morta? — pergunto confusa e ele sorri e da de ombros.
— Eu sei, é esquisito, mas é o livro favorito dele. Ele disse que a ‘Poposa’ é como Jules. — Meu coração esquenta e dói ao mesmo tempo, com a declaração de Charles.
—Oh! — É o único som que consigo fazer.
— Sim, Oh! — Ele me imita e caímos em um silêncio. Ambos pensando o quanto aquela situação era tragicamente adorável. — Enfim, só queria saber se estava bem e como já vi que está, vou dormir agora. Boa noite, Marie. — Ele se despede.
— Boa noite, Shal. — Eu o chamo do mesmo jeito que Vincenzo o chama, com um sorriso travesso no rosto.
Charles me encara com as covinhas aparecendo e um olhar divertido.
— Até amanhã, princesa. — Ele diz com um tom baixo e rouco e mais uma vez aquele olhar volta para seu rosto. Ele definitivamente não utilizou aquele apelido com a inocência de Vincenzo.
Charles sai e fecha a porta atrás de si rapidamente e eu quase caio de joelhos, agradecendo por ser antes de eu deixar um gemido totalmente constrangedor escapar da minha garganta.
Destino, você é um filho da puta!
30 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
— Então é só eu fazer assim e… Pronto! — Charles exclama feliz quando finalmente termina de arrumar o cabelo de Vincenzo.
— Fiquei bonito, Shal? — Vincenzo pergunta com olhos grandes.
— Você está lindo, campeão! Não é, Marie? — Eles se viram para mim que estou sentada na poltrona em frente aos dois, com charles em pé e Vincenzo sentado em uma das banquetas altas.
— Você está um charme, meu amor! Muito bonito! — Respondo para Vincenzo e suas covinhas surgem em seu rosto, que também cora um pouco.
— Obigado, Princesa! — Ele diz baixinho e puxa a camiseta de Charles para que fique na frente dele.
— Pelo visto alguém ficou envergonhado com o elogio, não é? — Charles cutuca a barriga dele com as pontas dos dedos o fazendo rir alto e eu solto uma risada baixa também.
— Para, Shal! Eu sinto cosguinhas! — Vincenzo diz as palavras erradas com aquela voz de criança e em meio a risos e eu quase explodo de tanta fofura.
— Certo, certo. Vou deixar as cócegas para depois, precisamos ir até o restaurante. Tudo bem? — Charles pergunta para Vincenzo e ele assente.
— Vamos conhecer a vovó e o vovô hoje, né Shal?
— Sim! Hoje é dia de conhecer os pais do seu papai Jules. Você está ansioso? — Charles pergunta e Vincenzo assente animado.
— Então vamos lá! Você está pronta, querida? — Charles se volta para mim e eu aceno me levantando da poltrona e pegando minha bolsa e a mochila do McQueen de Vincenzo que estavam em cima da mesa de centro.
— Ótimo! Então vamos, marquei às 12h com Christine e não quero atrasar. — Charles diz pegando Vincenzo no colo e pegando carteira e a chave do carro.
Andamos para a porta de entrada do apartamento e antes que charles abra a porta eu toco em seu ombro chamando sua atenção. Ele se vira para me encarar e Vincenzo também me olha curioso.
— Você acredita que eles vão reagir bem? — Pergunto me sentindo nervosa.
— Vai ser uma baita surpresa, assim como foi para nós, se não ainda mais intenso para eles. Não é fácil descobrir que tem um neto depois de quase quatro anos da morte do seu filho. — Charles responde e eu sinto meu estômago afundar em ansiedade.
— Vai dar tudo certo, Marie. Fique tranquila. — ele tenta me acalmar segurando firme, mas gentilmente a minha mão, e a ansiedade da lugar a pequenas borboletas em meu estômago.
Eu aceno novamente com a cabeça, me forçando a não parecer que seu toque de conforto me abalou.
— Eu vou proteger você, Princesa! — Diz Vincenzo sem ter muita noção do que realmente está acontecendo.
— Eu sei que você vai, meu amor! — Digo sorrindo com carinho.
[…]
Como se conta a alguém que de repente eles são avós de um filho do seu filho morto? É exatamente essa pergunta que venho me fazendo desde o momento em que entramos no carro de Charles e fomos para o restaurante nos encontrar com Christine e Philippe.
Pensei em diversas formas diferentes de lhes contar toda a história maluca a qual Charles e eu fomos submetidos nas últimas semanas, porém nenhuma parece ser razoável o suficiente para que não faça os pais de Jules sofrer um ataque cardíaco no meio da mesa.
Pensei em ser direta e simplesmente soltar tudo de uma vez, mas a possível imagem deles se engasgando com a comida, me fez desconsiderar isso rapidamente.
Esse assunto não é algo suave para ser dito tão diretamente. É necessário ter cautela e um bom preparo. Mas ai que está: há como estar preparado para uma notícia dessas? Não. Não há. Nenhuma preparação no mundo é o suficiente para evitar o choque de um assunto desses.
Charles se levantou e foi com Vincenzo ao banheiro, pois pelo visto tomar três caixinhas de suco é demais para a bexiga de um garotinho de 3 anos e alguns meses. Eu permaneço sentada à mesa que está em um canto mais afastado do restaurante.
— Com licença, senhorita. — A voz do garçom se faz presente e eu o encaro. — O Sr. e a Sra. Bianchi. — Ele anuncia e eu vejo que Christine e Philippe estão parados um pouco mais atrás dele. — Com licença. — Ele se retira.
Me levanto rapidamente e logo Christine vem em minha direção me dando um abraço apartado.
— Marie, minha querida! Como é bom ver você! — Ela diz esfregando minhas costas e eu retribuo o abraço apertado.
Fazia tanto tempo que eu não havia, e posso jurar que ela não mudou quase nada. Christine permanecia a mesma mulher elegante e adorável a qual eu cresci admirando. Nós nos soltamos, mas suas mãos permanecem nos meus ombros, ela me analisava de cima a baixo com um sorriso amável no rosto e olhos cheios de lágrimas. Não pude deixar de notar a diferença desse abraço com o da última vez, que havia sido no funeral de Jules.
— Christine, é muito bom rever você também. — Eu sorrio para ela o mais honestamente que consigo.
— Philippe, venha aqui! Olhe só para ela! Virou uma mulher muito linda. — Ela diz e se afasta para que seu esposo possa me ver.
Phillippe se aproxima e estende a mão para me cumprimentar, ele sempre foi mais formal e fechado do que a mãe de Jules, entretanto é um homem muito gentil e amoroso.
— Olá, menina! — Ele pega minha mão nas duas dele e aperta forte em um gesto carinhoso. Em seu rosto há um sorriso cansado, mas gentil.
— Também é um prazer revê-lo, Sr. Bianchi. — Digo e ele acena com a cabeça antes de soltar minha mão. — Por favor, sentem-se. Charles foi até o banheiro, mas logo estará de volta. — eu aponto para às duas cadeiras disponíveis que estão ao lado direito da mesa. Charles e eu ficamos acomodados ao lado esquerdo e o garçom nos trouxe uma cadeira para alimentação de crianças que está ao lado da de Charles.
— Como você vai, querida? Já faz muito tempo que não nos vimos, desde… — Christine para por um momento e percebo que seu sorriso cai por um momento.
Phillippe aperta levemente os ombros de Christine, tentando, reconforta-la, o que parece dar certo, pois ela sorri triste e sussurra um “tudo bem” para ele.
— Eu me mudei para a Itália, após sabe… tudo o que aconteceu. — Digo e volto meus olhos para a taça de vinho a minha frente. — Pensei que seria bom recomeçar do zero em outro lugar.
— Claro! E você estava totalmente certa. É sempre bom recomeçar a vida quando se tem a oportunidade. — Phillippe diz e vejo um pequeno lampejo de tristeza passar por seus olhos.
Eu tento imaginar o quão é difícil para ele poder falar de recomeço quando a pessoa quem ele mais amou na vida está morta.
— Você terminou a faculdade, sim? — Christine me pergunta e eu assinto.
— Sim, terminei na Universidade de Milão e hoje trabalho como curadora de artes. — Respondo dando um gole no meu vinho.
— Isso é ótimo! Mas pensei que você quisesse pintar. Lembro dos seus quadros, suas obras sempre foram maravilhosas. — Christine elogia.
— Eu pintava, mas não tive mais vocação depois que Jules… — Eu me interrompo quando percebo o significado das palavras que iriam sair da minha boca.
Olho rapidamente de Christine para Phillipe com meus olhos arregalados, ambos me encaram com um olhar triste, mas um sorriso gentil e reconfortante nos lábios.
— Me desculpem. — Eu me ajeito na cadeira, me sentindo desconfortável.
— Está tudo bem, menina. — Phillippe diz com um tom baixo. — A morte dele mudou algo em todos nós. É difícil aceitar que ele partiu, mas isso é o que é. — Ele e Christine se olham e depois voltam a me encarar.
Os meus olhos ardem com suas palavras. Realmente a morte de Jules mudou algo para cada um de nós, e talvez para pessoas ao redor do mundo inteiro. É difícil para todos os fãs de Fórmula 1 saber que não terão mais o ídolo competindo todo fim de semana de corrida. E para nós, seus amigos e família, é difícil ter que se acostumar com o vazio que ele deixou em nossos corações. É duro acreditar que ele não estará mais fazendo parte de nossas vidas.
— Mas sei que aonde quer que ele esteja, ele sempre estará olhando e torcendo por nós. Um dia de cada vez. — Christine diz e uma lágrima desce pelo seu rosto, que ela logo enxuga com o guardanapo de pano.
— Tenho certeza que sim. — é o que consigo responder para ela.
Ficamos em um silêncio por um momento, talvez apenas refletindo sobre o significado da imporá de Jules em nossas vidas.
— Princesa! Você não sabe o que nós descobrimos… hmm, olá? — A voz de Vincenzo se faz presente chamando a atenção de todos.
Christine e Phillippe encaram Vincenzo com olhos curiosos, o que o deixa tímido e o faz correr em minha direção. Eu afasto a cadeira e o pego colocando-o sentado em meu colo. Vincenzo esconde o rosto em meu pescoço e aperta minha camisa com a mãozinha.
— Vincenzo! Pelo amor de Deus, não me assusta mais desse jeito, eu quase tive um infarto com você correndo e… Oh! Oi! — Charles aparece na frente da mesa com os cabelos despenteados e o rosto preocupado. — Sr. e Sra. Bianchi, peço desculpas, me assustei com esse pequeno diabinho correndo. — Ele diz e cumprimenta Christine com um beijo no rosto e aperta a mão de Phillipe.
— Está tudo bem, querido. — Christine responde e seus olhos saem de Charles de volta para a criança em meu colo.
Charles se senta ao meu lado e sua mão vai protetoralmente até as costas de Vincenzo, fazendo um leve carinho ali.
— Quem é esse menino lindo? — Ela pergunta olhando para Vincenzo.
— Este é Vincenzo. Querido diga olá ao Sr. E Sra. Bianchi. — Sussurro para Vincenzo que enfia o rosto ainda mais no meu pescoço. — Vamos meu amor, é só um olá. — faço carinho em seu cabelo.
Vincenzo reluta por uns segundos, mas logo seu corpinho relaxa em meus braços e devagarinho ele tira o rosto de mim e se vira para seus avós com olhos curiosos, mas relutante.
— Oi. — Ele diz simples e os dois olham para ele o analisando firmemente.
—Oi, querido. Como você está? — Christine pergunta com um sorriso doce em seus lábios.
— Bem e você? — Ele pergunta educado.
— Estou bem, querido. — Ela responde.
Vincenzo olha para Phillippe que permanece calado apenas o observando cautelosamente.
— Não sabia que você tivera um menino. — Ele fala para mim, mas os olhos ainda estão cravados no garotinho no meu colo.
— Eu não tive. — Eu respondo e minhas mãos apertam um pouco mais Vincenzo.
— Então de quem ele é? — Phillippe me pergunta sério.
— Sr. Bianchi… — Charles o chama, mas antes que possa prosseguir o garçom se aproxima da mesa e nos pergunta se já queremos pedir.
Minha garganta parece apertada demais para querer comer qualquer coisa. Mas não tenho tempo de responder, pois Charles pede apenas mais um momento para que os nossos convidados possam verificar o cardápio e o garçom apenas acena com a cabeça e se retira.
O olhar que Phillippe lança sobre mim, é desconfortável, como se ele quisesse ler todos os meus pecados. O que eu nunca havia sentido antes. Ele está desconfiado.
— Nós precisamos falar algo para vocês e não é nada fácil de se compreender. — Charles começa atraindo a atenção dos dois. — Estamos adotando Vincenzo.
Eu engulo em seco e olho para Charles que me lança um rápido olhar antes de voltar para os pais de Jules.
— Isso é ótimo querido! Parabéns para vocês! Não sabia que voltaram! — Christine diz com um sorriso grande estampado em seu rosto.
— Nós não voltamos. — Eu digo insegura. — Na verdade, voltei para Mônaco apenas por Vincenzo, pois ele precisará de nós dois.
Os pais de Jules se entreolham confusos.
— Eu não entendendo, se vocês não estão juntos, por que estão construindo uma família? — ela pergunta confusa.
— Fomos meio que obrigados a isso. — Charles responde. — Não tivemos escolha, a mãe de Vincenzo apenas apareceu e nos reuniu em Nice, nos apresentou a ele e disse que não poderia mais cuidar dele, pois é uma dependente química.
— Meu Deus! Que horror, pobre menininho! — Christine olha para Vincenzo com olhos cheios de compaixão.
— Vocês a conhecem? — Dessa vez Phillippe quem pergunta, me encarando e eu nego com a cabeça.
— Não, nunca a tínhamos visto antes. — Charles responde.
— Então por que ela escolheu vocês para cuidar do menino? Pelo dinheiro? Ou fama de Charles? — Phillippe pergunta encarando Charles.
— Sim e não. — Charles responde. — Há um motivo maior que o dinheiro, pelo menos nós acreditamos que sim, não é? — ele me encara e eu aceno.
Minha garganta está tão seca que eu não consigo falar.
— E qual é o motivo? Se é que me permitem perguntar — Christine pergunta.
Eu e Charles apenas nos encaramos por um instante, nossos olhos conversando sobre como contar a eles toda aquela loucura. Eu respiro fundo e aperto um pouco mais Vincenzo.
— A mãe de Vincenzo queria que cuidássemos dele porque ela confiou em nós.
— Mas você disse que nunca a viram. — Christine interrompe Charles, ainda confusa.
— E nós nunca havíamos visto, mas ela meio que já nos conhecia. — Charles responde rápido.
A conversa está me deixando agoniada, como se algo muito pesado estivesse em cima do meu peito. Eu queria que aquilo acabasse logo de uma vez, como arrancar o band-aid de uma ferida. Charles deve ter percebido que eu estou a beira de um ataque de pânico, pois ele aperta a minha coxa levemente, tentando me reconfortar.
— Shal, você vai contar agora que eles são meus avós? — Vincenzo diz ingenuamente e minha respiração trava.
Há um choque estampado na expressão de todos na mesa. Meu coração parecendo ir explodir dentro do meu peito a qualquer minuto.
Eu não sabia o que dizer, estou totalmente travada sentada naquela cadeira, sem palavras.
— Meu Deus! — Christine põe às duas mãos sobre a boca, com olhos arregalados.
— O que você disse, garoto? — Phillippe pergunta para Vincenzo que olha para ele com um olhar incerto.
— Vocês são papais do meu papai Jules, não são? — Ele pergunta inocente e volta o olhar para mim como se estivesse com medo de ter dito algo errado.
— Do que é que ele está falando?! — Christine pergunta olhando entre mim e Charles.
— Tudo bem, aqui vai… — Charles começa a explicar tudo para os dois, desde as cartas até ao encontro com Cecília. Falou sobre a real causa da morte de Jules e sobre o processo de adoção estar em andamento e Vincenzo estar conosco.
A todo momento Christine chora e Phillippe apenas nos encara desacreditado, totalmente em choque. Mas para ser honesta, eu não os culpo. Se foi horrível para Charles e eu descobrimos tudo aquilo, imagina como não deve estar sendo reviver um inferno para eles. Entretanto, por mais que tenha sido como abrir feridas redescobrir coisas sobre a morte de Jules, também e esperançoso saber que ele havia deixado um pedaço dele para nós.
Quando Charles finalizou a história contando que Vincenzo está sobre nossa tutela provisória, Christine e Phillippe apenas ficaram lá por um tempo. Sentados, estáticos, processando tudo aquilo.
Ha tantas perguntas que rondam suas cabeças que somos capazes de lê-las em seus olhos.
— Sei que não é fácil para nenhum de vocês ouvirem isso, mas é toda a verdade. — Charles diz.
— E-eu não sei… não sei o que dizer. — Phillippe diz e seus olhos estão brilhando com lágrimas que ele se esforça para não deixar escorrer.
Eu apenas fico lá sentada, com minhas próprias lágrimas e garganta dolorida.
[…]
Voltamos para o apartamento cerca de duas horas depois. Depois de muito choro e palavras incompreensíveis, Phillippe se levantou e puxou sua esposa junto a ele para fora do restaurante. Charles tentou ir atrás deles, mas eu o puxei e disse para lhes dar tempo. Aquilo tudo parecia loucura e não me surpreendeu o fato deles terem saído daquele jeito, talvez se eu estivesse no lugar deles teria feito o mesmo.
Acalmar Vincenzo depois de seus avós terem saído, foi um processo mais difícil. O garotinho acreditou que eles não haviam gostado de si e que não o queriam por perto, o que fez meu coração apertar em um nível inimaginável, e eu e Charles o abraçamos fortemente o confortando e dizendo que eles apenas ficaram surpresos, mas que logo iriam nos visitar para conhecê-lo. Tentar explicar toda essa situação e sentimentos tão profundos de adultos para uma criança que nem havia completado 4 anos, era um processo muito mais complexo e intenso do que imaginávamos, então explicamos de uma maneira bem resumida e em palavras que ele fosse capaz de compreender.
Quando chegamos no apartamento, fui à cozinha preparar algo para comermos, pois, nem ao menos conseguimos almoçar depois de todo aquele alvoroço no restaurante.
Charles colocou o filme dos Carros em algum ‘streaming’, na tentativa de acalmar Vincenzo e se sentou ao lado dele que logo agarrou a camiseta dele o mais forte possível com suas mãozinhas, com medo que de que Charles fugisse também. Eu dei tudo de mim para não chorar ali na frente deles e corri para a cozinha.
Depois de algum tempo, enquanto corto os legumes, percebo a presença de Charles no cômodo.
— Ele dormiu. Tentei mantê-lo acordado, mas percebi que ele só se acalmaria se dormisse um pouco, então deixei que ele se entregasse ao sono. — Ele diz suspirando e se sentando na cadeira da mesa de jantar.
— Ele é muito pequeno para entender todos esses problemas de pessoas grandes. Tenho medo dele estar sofrendo e pensando que as pessoas não o querem. — Eu digo aflita
— Ei! Ele vai ficar bem e logo vera que os avós o amam muito. Que tudo isso foi apenas pelo choque. — Eu aceno com a cabeça e internamente rezo para que ele tenha razão.
— Julgo que seria bom se procurássemos um psicólogo para ele. — digo me virando para o fogão e mexendo o molho.
— Pensei nisso também. Não queria fazer isso logo de cara para não assusta-lo, mas pelo jeito que ele estava agarrando minha camiseta, com medo de que eu fugisse, acredito que não teremos outra escolha. — ele esfrega o rosto com a mão e suspira alto.
— É muita coisa para ele lidar, ainda mais sendo tão novo. Primeiro foi ser deixado pela mãe, depois ter que se mudar para um país novo com dois estranhos, e agora a reação negativa dos avós quando o conheceu. — Pego os pratos nos armários.
— Eu mal posso imaginar o que se passa na cabeça dele. Isso não é justo para nenhuma criança. — Charles de levanta e começa a me ajudar a colocar a pôr a mesa.
— Obrigado. — O agradeço quando ele pega os pratos da minha mão para colocá-los na mesa. — E você? Como está se sentindo?
— Impotente. — Charles responde. — Parece que nas últimas semanas, perdi totalmente o controle sobre minha vida. — Eu assinto em concordância.
— Para ser justa, realmente perdemos o controle de nossas vidas nas últimas semanas. — Eu dou risada e ele me acompanha.
— Sei que isso vai soar meio egoísta, mas fico feliz que eu não esteja passando por isso sozinho. Pelo menos tenho você ao meu lado dessa vez. — Ele diz pegando os talheres que eu havia estendido para ele.
Um sentimento amargo sobe pela minha garganta.
— Dessa vez? — Eu pergunto incerta.
— Desculpa, não deveria ter falado nada. Já tivemos emoções demais por hoje, vamos apenas comer em paz. — Ele diz colocando os talheres na mesa sem me encarar.
— Charles… — Eu o chamo. — Sei que eu não estive presente durante o seu processo de luto, mas eu estava passando por isso também. As vezes ainda sinto que estou presa naqueles dias. — Eu me aproximo dele. — Mas depois de tudo que aconteceu entre nós, eu não poderia simplesmente ficar perto de você e saber que… — Eu me interrompo.
— Saber que o quê? — Ele me encara. — Olha, eu não estou cobrando nada de você, Marie. E quando digo que você não esteve comigo após o que aconteceu com Jules, não é para você se sentir mal e nem culpada. É apenas porque foi tudo tão assustador e você é a única pessoa que poderia realmente entender o que eu estive passando. Só penso que talvez teria sido mais fácil se você estivesse aqui. — Ele diz e seus olhos voltam a encarar a mesa.
— E o quê você pensa que mudaria? — Pergunto mais ríspida do que gostaria. — Você terminou comigo meses antes, nós não nos falávamos, nem suportávamos estar no mesmo ambiente. Não acredito que a morte de Jules mudaria a forma como a qual nos sentíamos em relação ao outro.
— Mas isso não é sobre nós! Isso não é sobre o nosso relacionamento amoroso e sim sobre o companheirismo que construímos desde que nos conhecemos. — Ele soa com raiva e isso me deixa nervosa.
— Você tem razão. Isso não era sobre nós! Era sobre você! Sempre foi sobre você! — Eu explodo e ele arregala os olhos surpreso.
— Marie… — Ele tenta dizer, mas eu o interrompo.
— Você não se importou sobre como eu me sentiria se ficasse perto de você, ainda mais depois da morte de Jules! Você apenas se preocupou em não ter ninguém que te confortasse! — lágrimas de raiva começam a descer sobre meu rosto. — Isso nunca foi sobre ser mais fácil para nós, Charles, mas sim sobre ser mais fácil para você. — Eu rio irônica.
— Ei, ei, está tudo bem. Por favor, se acalma! — Ele tenta chegar mais perto de mim e eu me afasto com alguns passos para trás.
— Não me pede para me acalmar, porra! Eu tô cansada dessa merda! Tô cansada de me sentir culpada o tempo todo como se eu fosse a única quem errou, quando, na verdade eu só fui embora para me proteger! — Charles engole em seco e permanece parado.
— Eu não quis…
— Você terminou comigo, Jules morreu e eu fiquei sozinha! Não tinha ninguém, Charles. — Eu aperto minhas mãos em punhos. — Foi difícil para você? Foi e eu sinto muito mesmo, mas você ainda tinha sua família e seus amigos para te ajudarem a se reerguer, porém, o que eu tinha? Nada. Não tinha nada, porque até a porra dos amigos que fiz desde que vim para Mônaco, eram seus amigos primeiro! E eu sei que é foda querer alguém que você supõe que te entende para passar a mão na sua cabeça e dizer que tudo ficará bem, mas eu não podia ser essa pessoa. Não quando eu havia perdido você também!
Os meus soluços ficam altos e eu tento os controlar ao máximo com medo de acordar Vincenzo. Eu não queria que ele presenciasse toda essa cena, pelo menos não depois de tudo o que ele já havia passado hoje mais cedo.
— Eu sinto muito, Marie. — Charles diz com a voz baixa e mais uma vez seus olhos não conseguem me encarar.
Culpa? Vergonha? Eu não sabia, mas pela primeira vez não quero saber também. É a primeira vez que estou colocando meus sentimentos para fora, depois de todos esses anos. Estou me colocando acima de Charles e isso é assustador, mas também é bom para caralho!
Foi anos de toda angústia reprimida, de toda mágoa e dor de abandono, não que eu pense que Charles tivesse a obrigação de permanecer comigo, claro que não. Mas era sobre tudo ao meu redor ter sido sempre sobre ele ou sobre outras pessoas, sobre sempre ter que viver através de sombras de pessoas e ter esquecido de me colocar em primeiro lugar, sobre realmente ter deixado passar muito tempo da minha vida sem me encontrar.
Passei tanto tempo com medo de perder Charles e Jules, por os ter considerado a melhor coisa que já me aconteceu, que quando eu perdi os dois, percebi que nunca havia procurado nada para mim mesma. Não havia amigos, não havia família, não havia desejos e nem sonhos. Absolutamente nada que não os envolvesse.
Eu havia caído tão fundo na ilusão que sempre os teria, que esqueci de amarrar uma corda na superfície para que eu pudesse sair desse buraco caso as coisas dessem errado.
— Eu não queria que você se sentisse dessa forma. Não queria que se sentisse culpada, essa nunca foi minha intenção. — Ele brinca com os anéis em sua mão esquerda e eu solto outra risada irônica.
— Eu acreditaria muito nisso se essa fosse a primeira vez em que você me fez se sentir assim. — Eu digo seca e ele me encara confuso com as sobrancelhas arqueadas.
— O quê? Do que você está falando? — Ele para de brincar com os anéis e vejo que suas mãos se fecham em punhos.
Eu nego com a cabeça e tento desviar o olhar, me sentindo estupida por deixar aquelas palavras saírem da minha boca.
— Do que você está falando, Marie? — Ele pergunta agora incisivo.
Eu respiro fundo e cruzo os braços a frente do corpo.
— Sobre sua vitória em Monza, em 2019. — Respondo sentindo minha garganta arranhar mais fundo. Pelo menos sinto um pouco de alívio pelos soluços terem parado.
— O que isso tem a ver? — Sua voz está baixa e confusa.
— Você me ligou na madrugada, Charles. Você estava bêbado e nós tivemos uma discussão. — Digo o encarando séria. — Você estava bravo e quebrou coisas enquanto dizia não entender o porquê de eu ter te deixado.
Os olhos de Charles se arregalam em confusão e choque. Se eu ainda o conheço bem, ele deve estar dando tudo de si para puxar essa lembrança da memória.
— E-eu eu não lembro de nada disso. — Ele diz e eu aceno.
— Eu imaginei que não se lembraria. Afinal, você estava bêbado e depois esqueceria de tudo. Acontece que eu não estava e que infelizmente não pude esquecer. Suas palavras continuaram me assombrando durante todo esse tempo.
Charles me encara sem expressão.
— O que foi que eu te disse? — Ele pergunta e mesmo com seu rosto em branco, posso sentir o tom de preocupação e medo em sua voz.
— Você apenas confirmou o que eu imaginava. De uma forma diferente, mas mesmo assim confirmou.
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9 de setembro de 2019 — Milão, Itália
2h45 da manhã. Olho novamente para o horário marcado no visor do celular em letras minúsculas, logo abaixo vejo a tela continuar informando que estou recebendo uma ligação de Charles.
Meu coração acelera e eu não tenho certeza se é pelo susto de ter sido acordada de repente ou se é por ele estar me ligando, ainda mais nesse horário. Minha cabeça começa a funcionar a mil milhas por hora com diversos pensamentos dos motivos por trás daquela ligação. O meu estômago afunda com a sensação de medo e isso leva um arrepio por toda a minha espinha. Ele está bem? Aconteceu algo? Alguém mais morreu?
Após a morte de Jules, o pânico foi tão grande que passei a não aceitar mais ligações durante a madrugada, não importa quem fosse, depois das 00h eu não atenderia uma ligação se quer. Mas, é Charles quem está ligando.
O toque do telefone continua ecoando pela escuridão e vazio do quarto, assombrando minha mente e fazendo com que eu sinta meus ossos doerem.
Atenda, Marie! Se aconteceu algo você nunca vai se perdoar. Minha mente grita.
Com os dedos trêmulos deslizo o ícone de telefone na tela para atender.
Há um silêncio. Um silêncio pesado demais do outro lado da linha, o que não ajuda a aquietar meu coração e os pensamentos amargos que sobem através do meu estômago. Engulo a bile e suspiro, rezando a qualquer divindade, que não fosse nada do que eu estou pensando.
— A-alô? — Minha voz soa trêmula.
Ouço uma respiração descompensada através do aparelho pressionado no meu ouvido.
— Oi.— A voz de Charles se faz presente. Fraca e baixa.
Meu coração pula mais forte dentro do meu peito. Puxo todo o ar que consigo para dentro dos meus pulmões.
— Charles? Está tudo b-bem? — Aperto com força o lençol com a mão disponível. Por favor, diga que está tudo bem.
— Eu venci hoje, na verdade, ontem. Em Monza. — Ele responde com as palavras um pouco emboladas. Ele está bêbado?
Meu corpo relaxa, porém, meu peito se aperta ainda mais com o seu tom. A voz de Charles está embargada e melancólica.
— Eu sei, parabéns. — Engulo em seco para controlar a vontade imensurável de chorar que me invade.
— Eu venci em Monza, Marie. Venci em Monza pela Ferrari. E vocês não estavam lá. — A voz dele quebra e ele funga.
Não, não, não.
— Charles, eu-
— Venci sem acreditar que seria possível. Venci por Jules, pelo meu pai e por você. — Meu corpo gela. — E nenhum de vocês estavam lá. — Sua voz soa tão ferida que não posso mais segurar as lágrimas. — Jules e papai eu entendo, mas você? Por que você não estava lá?
A culpa é um sentimento obscuro que vai te consumindo até dilacerar. Ela dói, machuca, destrói, te envergonha e faz com que você queira conseguir voltar no tempo. A culpa te assombra, te faz sentir miserável, apenas pele e ossos ardendo. A angústia que ela causa vai dominando cada célula que compõe o corpo, invadindo o sono e te fazendo ter pesadelos, mas você não consegue acordar, não consegue escapar. Você procura todos os dias por um remédio que cure o remorso que sente, uns vão para álcool e drogas, outros recorrem ao sexo, ou qualquer outra coisa que possa preencher e substituir aquele buraco escuro que os domina. Entretanto, não há nada supérfluo que possa ocupar o lugar daquela ruína interminável de remorso. A verdade é que a única coisa capaz de curar uma pessoa que sofre com a doença da culpa, é o perdão. O perdão divino, ou perdão daqueles que se sentiram feridos, mas principalmente o de si mesmo. Não há autopiedade o suficiente que possa cicatrizar essas feridas, somente o perdão.
E no momento eu me sinto afogada naquele sentimento umbrífero. A culpa de ter fugido consumindo cegamente qualquer raciocínio lógico que meu cérebro tenta me entregar. É como se estivesse sendo engolida pelas águas salgadas em alto mar, a única civilização que eu possa correr para me salvar sendo um perdão que eu nem mesma sabia pelo quê ou de quem.
É algo irracional, pois sei que, querendo ou não, eu não devo nada a Charles. Ele quem terminou comigo meses antes da morte de Jules e no fim, eu fui a única quem ficou sozinha, pelo menos foi o que eu achei há algumas semanas enquanto fazia minha mala.
— Por que você está me ligando, Charles? — consigo dizer em meio a respiração descompensada — Você sabe que eu não poderia estar lá para você, eu não pertenço mais ao seu lado.
— Mas eu queria você lá! Era para você estar lá, Marie! Você não morreu, não é? Então por que eu tenho que te perder também? — ele explode em raiva.
Eu afasto o telefone do ouvido quando escuto seus gritos e barulho de coisas quebrando no fundo. Aperto meus olhos com força e torço para que tudo isso seja apenas mais um dos pesadelos que ando tendo.
— Eu não aguento mais perder todo mundo! Isso é tao injusto, porra! — Ele grita em meio a soluços e aperto fortemente o aparelho em minhas mãos.
— E-eu sinto muito, Charles. — sussurro mais para mim do que para ele.
A linha fica em silêncio por alguns segundos, sem gritos apenas o barulho da respiração pesada dele.
— Onde você está? Eu preciso te ver… por favor.
Não faça isso, ele está bêbado e confuso.
Eu coloco novamente o celular no ouvido e respiro o mais fundo que consigo, tomando o resto de coragem que me sobra.
Não posso dizer a Charles onde estou. Não posso dizer a ele que estamos no mesmo país, a poucos quilômetros de distância. Isso o quebraria ainda mais e faria com que todo o inferno que eu passei — e ainda passo — fosse em vão.
Acabou, Marie. Não há mais nada para vocês.
— Eu estou no Brasil, Charles. — A mentira sai lisa pelos meus lábios.
— O quê? No Brasil? Por que tão longe? — Sua voz falha e eu volto a apertar novamente o lençol.
— Porque eu não podia ficar perto… não depois de tudo. — Respondo.
Uma risada seca e vazia ressoa do outro lado da linha, um som de descrença e de mágoa, que faz com que outro choque passe pela minha espinha.
— Então você fugiu? É isso? — Ele pergunta seco.
— Sim. — respondo baixo. — É melhor assim, Charles. Não havia mais nada para mim em Mônaco.
— Você tinha a mim. — Ele responde rápido.
— Não, eu não tinha. Você terminou comigo, lembra? Você disse ser melhor se fôssemos apenas amigos.
— Porque eu não queria atrapalhar a sua vida! Você estava infeliz com toda a atenção, com todas as mensagens e perseguições! Você me disse que não queria viver na minha sombra!
— Nós dois sabemos que não foi apenas por isso, Charles! — Respondo ríspida. — Passei a minha vida toda na sombra de vocês. Claro que isso me incomodava, mas não foi esse o motivo pelo qual terminamos!
— Então qual foi?! — Ele pergunta com raiva.
— Você se apaixonou por ela!
E o silêncio se fez presente novamente. Meu coração quebrando quando eu finalmente soltei o que segurava a meses.
— V-você se apaixonou por ela, mas não teve coragem para me dizer. — Meus olhos ardem com as lágrimas e minha garganta queima com o gosto amargo das palavras.
— E-eu não… — Ele tenta dizer, mas eu sou rápida em interrompê-lo.
— Acabou, Charles. Não há mais nada de mim para você e vice-versa. A morte de Jules não muda o que já estava feito. — Eu soo firme. — Não há mais nós.
— Marie… — sua voz soa como se ele implorasse. — Por favor, me deixa explicar. Eu e ela nunca — Eu o interrompo novamente.
— Boa noite, Charles. Por favor, não me ligue novamente.
— Marie, espera…
Então eu desligo. Era isso, acabou. Respiro fundo e faço uma nota mental para trocar o meu número de telefone amanhã.
Talvez agora com esse ponto final, eu finalmente possa me libertar e seguir. Essa é uma promessa que faço para mim.
Acabou. Não há mais nós.
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Nota: OLHA EU AQUI DE NOVO! Peço desculpas pela demora e sei que prometi atualizar na semana passada, mas infelizmente não consegui. 😥 Mas o importante é que o cap novo chegou e com ele grandes emoções. Nesse capítulo eu resolvi desenvolver um pouco mais sobre o relacionamento e o passado de Charles e Marie, ainda há muitas coisas que precisarão ser mais desenvolvidas, como os sentimentos dos avós de Vincenzo em relação a essa grande descoberta e é exatamente o que eu pretendo explorar nos próximos capítulos, além de claro, mais do passado dos personagens principais com Jules e a adaptação de Vincenzo a sua nova vida.
Enfimmm, espero que tenham gostado! Me deixem saber! Até e próxima!
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byamarthinsrod · 1 year
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Mulher virtuosa tem “carreira de sucesso”?
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No livro de Provérbios, capítulo 31 a partir do verso 10 em diante é descrita as características da Mulher virtuosa. Ao pensar na “mulher virtuosa”, por vezes, vem a imagem de uma mulher casada, dona de casa e com vários filhos. Mas será que é somente nessa perspectiva que uma mulher cristã pode ser virtuosa?
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No texto de Provérbios 31, encontramos três versículos que menciona o comportamento da mulher virtuosa relacionado ao seu marido e dez versículos sobre o seu trabalho. Vale lembrar que o nosso trabalho é o chamado de Deus em nossa vida, com o objetivo de abençoar e alcançar outras pessoas ao nosso redor para Cristo. Confira Rm 11.36; Cl 4.1; Cl 3.23,24; 1 Co 10.31.
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Mas a mulher cristã que possui uma “carreira de sucesso” em seu trabalho, pode ser considerada virtuosa? Lembrando que o termo "sucesso", na vida dos cristãos, é quando vivemos o propósito do nosso chamado, ou seja, abençoar o próximo. O dinheiro e a fama não pode ser o sentido do nosso trabalho. Então sim! A mulher virtuosa também é uma mulher que vive e busca uma carreira profissional de sucesso, visando transmitir a luz de Cristo nessa terra.
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Mas Pv 31 não menciona a mulher que está em casa ou apenas a que trabalha em outros ambientes. No mundo de hoje, o feminismo contaminou a visão de uma carreira de sucesso, valorizando a mulher que trabalha fora de casa, e banalizando o sucesso da mulher que trabalha em casa. E isso, apaga a beleza das várias formas criadas por Deus, para que a graça Dele alcance as pessoas ao nosso redor.
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A escritora Carolyn McCulley em seu livro "Mulher, cristã e bem-sucedida" conta que sua mãe trabalhou por vários anos na tv e em jornalismo, mas “após se casar com meu pai, ela escolheu trabalhar em casa, criar suas três filhas” (McCulley, 2018). Carolyn não tem filhos e nunca se casou, mas sempre trabalhou; ela é reconhecida como uma escritora renomada e produtora de filmes. Ela escreve, neste mesmo livro, como observa o entusiasmo das pessoas ao ouvir seu relato de vida profissional, mas as mesmas não demonstram o mesmo entusiasmo ao ouvir histórias como a de sua mãe. “Às vezes, sinto que o que faço é visto como muito mais interessante do que o trabalho que minha mãe fazia. ” (McCulley, 2018).
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Sendo o trabalho da mulher, em casa ou em outro ambiente, tudo deve ser feito para a Glória de Deus. De modo que, a mulher solteira ou casada, quando ela dedica ao seu trabalho sabendo que a finalidade é levar Cristo para outras pessoas, ela se torna uma mulher virtuosa.
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“Reveste-se de força e dignidade; sorri diante do futuro. Fala com sabedoria e ensina com amor. ” Pv 31. 25-26
Neste dia, dedique-se no seu trabalho para Glória de Deus, aproveite as oportunidades para divulgar o Seu amor (Cl 4.5), ore sem cessar (1Ts 5:16-18) e tema a Deus. (Pv 9.10)
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“A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme o Senhor será elogiada.” ‭Provérbios‬ ‭31‬:‭30‬ ‭NVI‬‬
@beatriz.rodrigues93
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animaletras · 1 year
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Em setembro de 2018, Hora de Aventura (Cartoon Network) lançou seu último episódio. Com fechamento de diversas tramas e a despedida de muitos dos nossos personagens preferidos, tivemos a conclusão do arco de Marceline e Jujuba, confirmadas em tela como um casal. O sentimento de ver que duas personagens tão importantes, numa obra tão grande, tinham a mesma sexualidade que eu, foi único. Não foi a primeira vez que eu vi representatividade sáfica. Em 2016, Ever After High (Netflix) já havia lançado o especial “Jogos de Dragões” que termina com a descoberta que o beijo de amor verdadeiro que acordaria a protagonista Apple White viria de Darling Charming, uma princesa e não um príncipe, chocando tanto a protagonista quanto a audiência. Ainda não tinha visto a Lenda de Korra (Cartoon Network) na época, mas sabia que Korra e Asami também terminavam como um casal. Assim, Jujuba e Marceline, Apple, Korra e Asami também já tinham se relacionado em tela com personagens masculinos antes de começarem a se relacionar com suas namoradas.
Nada disso me preparou para o que foi saber que Marceline e Jujuba eram um casal de verdade. Primeiro porque a trama de Apple e Darling não avança e a animação acabou sendo cancelada pouco depois. Segundo porque antes de ver Korra e Asami, todas as vezes que li a respeito, as personagens eram rotuladas como lésbicas.
Bubbleline (o nome de casal derivado de Princess Bubblegum + Marceline) já era bem popular na internet antes da sua confirmação em tela, diversos vídeos analisavam as dicas que o show oferecia ao longo de suas 10 temporadas sobre o relacionamento prévio que as duas tiveram e a re-aproximação que pareciam estar tendo fora da trama principal. Diversos prints de momentos na história em que as duas apareciam juntas, usando roupas que pertenciam uma à outra, piadas de duplo sentido e olhares que trocavam. Parecia óbvio para muita gente, mas ao mesmo tempo era negado pela grande parte do fandom. Interpretar atração romântica entre personagens do mesmo gênero não é nada novo para a cultura de fandom, mas ainda é especialmente mal vista por audiências mais puristas que preferem se ater ao canon. Ainda mais quando as duas personagens já haviam se relacionado com personagens masculinos ao longo da história. Esse tipo de casal raramente passava de ser especulativo. No caso das duas, até havia a confirmação da dubladora de que realmente eram um casal, mas o fandom, de modo geral, não levava a palavra dela tanto em consideração.
Quando vi o último episódio de Hora de Aventura, eu realmente não esperava que o relacionamento das duas fosse um dos plots resolvidos. Toda a chamada do episódio tinha a ver com guerra, perdas e um cenário mais sombrio. O beijo entre as duas personagens foi uma surpresa maravilhosa. Eu nunca me senti tão vista, tão válida.
Personagens gays costumam ser representadas de um jeito muito específico: suas histórias eram tristes, suas personalidades confusas, geralmente eram vítimas — seja de violência externa, de intolerância da própria família ou homofobia internalizada. Suas histórias tinham a ver com se aceitarem e serem aceitas pelos outros. Mas nada disso acontece em Hora de Aventura. Marceline é metade humana, metade demônio, vampira e tem milhares de anos, é musicista, sarcástica e estilosa. Sua história tem a ver com lidar com uma figura paterna perdendo a sanidade com algo parecido a um alzheimer e resolver os traumas por ter crescido sozinha num mundo pós apocalíptico. Princesa Jujuba era o interesse romântico não correspondido do protagonista masculino, uma princesa auto proclamada e cientista brilhante, quase uma espécie de deusa para seu povo, já que era quem criava a vida dos cidadãos do reino doce e trabalhava para cuidar deles. Seu arco tinha a ver com aprender a ser mais humana e menos tirana/controladora, lidar com uma traição familiar e superar seus problemas de confiança nos outros. No meio de uma trama tão complicada, o relacionamento de Marceline e Jujuba era só mais uma camada de duas personagens bem complexas, estava longe de ser o que as definia. Exatamente como na vida real, elas tinham direito a dores e felicidades além da sua sexualidade. O relacionamento sáfico das duas só se diferencia dos relacionamentos com pessoas do sexo oposto por ser uma conexão mais forte e mais duradoura, pelo que uma significa para a outra, pelas coisas que tem em comum e pelo tempo que se conhecem.
Tudo maravilhoso na teoria, né? Mas não tive muito tempo para celebrar a conquista de não uma, mas duas ícones bissexuais, porque no mesmo dia a internet já as proclamava lésbicas, do mesmo jeito que aconteceu com Korra e Asami. Invisibilizando a bissexualidade das duas do mesmo jeito que o público hétero fazia ao descartar as possibilidades das duas serem um casal por já terem se atraído por homens no decorrer da trama. Frustrante.
Como LGBT+, já é dificil se ver representado, mas sendo bissexual, é mais difícil ainda. Muitos relatam não se sentirem acolhidos mesmo pela comunidade LGBT+. Para homens, a bissexualidade é comumente percebida como uma parada antes de se assumir homossexual, um pouco devido a heterossexualidade compulsória que alguns gays realmente passam, mas muito reforçado pela bifobia.
Para mulheres, a bissexualidade é tratada como um jeito de chamar a atenção dos meninos, é muitas vezes apresentada como performática, uma fase mais rebelde e experimental que adolescentes passam, geralmente retratada de um modo sexualizado na grande mídia. É daí que surgem termos como “bi de balada”. É esperado que a atração por meninas simplesmente desapareça quando ela encontra o homem certo, ou que se descubra lésbica e passe a se relacionar só com mulheres. A sociedade monossexual exige que se escolha um lado.
A sexualidade da pessoa bissexual é definida pelos outros apenas por quem se está no momento e não pelas possibilidades de sua atração, porque no fim das contas, a atração mais fluída por pessoas de diversos gêneros não é cogitada na nossa sociedade que é fundamentalmente monossexual. O apagamento é uma das formas mais marcantes de bifobia, assim como os mitos que circulam essa sexualidade. Raramente temos um retrato fiel do que é ser bissexual na mídia, porque a maioria dos criadores são monossexuais e suas ideias sobre bissexualidade se baseiam em diversos mitos: de que não é uma sexualidade de verdade (uma fala que muitas vezes aparece proclamada por personagens gays, seja pelo Kurt de Glee ou pelo próprio Paulo Gustavo em Minha Mãe é uma Peça 2), pessoas bissexuais sendo mostradas como perigosas, imprevisíveis, indignas de confiança, traidoras ou donas de um apetite sexual insaciável. Tão longe da realidade de quem somos, que às vezes mal parecem pessoas. Não é por acaso que seja tão difícil se identificar com boa parte dos personagens bissexuais na grande mídia.
Toda a invisibilidade e dificuldade de aceitação tanto dos héteros quanto da comunidade, fazem com que pessoas bissexuais estejam mais propensos a comportamentos autodestrutivos e suicídio como aponta o estudo divulgado no periódico “Australian Journal of General Practice.” Entre os três principais fatores que afetam a saúde mental dos bissexuais foram apontados, dois relacionados como o modo que somos vistos pelos outros, e um sobre como nós mesmos nos entendemos.
“Primeiro foi estar em um relacionamento heterossexual. O segundo, perceber a própria sexualidade como “ruim” ou “errada”. O terceiro foi a falta de apoio e compreensão por parte dos parceiros.”, a pesquisa afirma. “Os autores observam que muitos bissexuais sofrem discriminação não só da população heterossexual, como também de gays e lésbicas. Na cabeça de muita gente, não faz sentido ter desejo tanto por homens quanto por mulheres, o que faz com que os bissexuais sintam sua identidade anulada.”
Um estudo publicado em Journal of Public Health em 2015, estima que mulheres bissexuais têm mais problemas de saúde mental em relação às mulheres lésbicas: “as bissexuais têm 64% mais chance de enfrentar distúrbio alimentar, probabilidade 37% maior de sofrer com automutilação e estão 26% mais propensas a sofrer com quadros de depressão.” A pesquisa, feita pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, afirma que “essas mulheres são menos propensas a comunicar sua orientação sexual a amigos, familiares e companheiros de trabalho, além terem menos relacionamentos estáveis.”
Mesmo os relacionamentos, que tendem a ser espaços de confortos para lésbicas e gays é um espaço de maior conflito entre os bissexuais, já que a maioria dos parceiros não entende que a sexualidade passa a ser alvo de desconfianças e conflitos, levando, muitas vezes, a relacionamentos abusivos.
Em meio a toda a dificuldade de ser bissexual, boa representatividade é um respiro. Rebecca Sugar, a idealizadora do romance entre Jujuba e Marceline, é também assumidamente bissexual. A história do relacionamento das duas é sensível e feita de um jeito bem cuidadoso. Não são questionadas por ninguém no reino doce. Não precisam dar mais explicações ao público. O relacionamento é mais desenvolvido no especial Obsidian, lançado ano passado, em que vemos em paralelo tanto como as personagens estão vivendo depois do “felizes para sempre” quanto o porquê de terem se separado antes da história do show principal. Apesar de ter seus momentos românticos, a história é muito mais sobre amadurecimento e comunicação como fatores importantes do relacionamento do que só sobre identidade queer.
E eu adoro isso. Amo que as gerações depois da minha poderão se ver em uma princesa cor de rosa que ama a ciência tanto quanto ama sua namorada ou se identificar com uma vampira trevosa que escreve músicas tanto sobre sua relação complicada com suas figuras paternas quanto sobre o quanto quer dançar lento com a sua amada. Que continuam sendo bissexuais e válidas independente de com quem se relacionam. Fecho esse texto com uma citação do Manifesto Bissexual, publicado em 1990 na revista Everything That Moves:
“Estamos cansados de sermos analisados, definidos e representados por pessoas que não são a gente, ou pior, que nem ao menos nos consideram. Estamos frustrados de nos imporem o isolamento e invisibilidade que vem quando nos obrigam a escolher um lado, hétero ou homo, para nos identificarmos. (…) Bissexualidade é um todo, é uma identidade fluída. Não assuma que a bissexualidade é binária ou dualista; que temos dois lados ou que temos que nos envolver simultaneamente com os dois gêneros para sermos seres humanos completos. Aliás, não assuma que há apenas dois gêneros. Não confunda nossa fluidez com confusão, irresponsabilidade ou promiscuidade. Não iguale promiscuidade, infidelidade ou comportamento sexual sem proteção a bissexualidade. Esses são traços humanos que cruzam todas as orientações. (…) Estamos zangados com aqueles que recusam a aceitar nossa existência, nossas questões, nossas contribuições, nossas alianças, nossas vozes.” (Manifesto Bissexual, 1990, traduzido por Ká Filho)
https://www.syfy.com/syfywire/the-awesome-and-unexpected-queering-of-adventure-time
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gavetao-visual · 1 year
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Pablo Ferro foi um designer cubano que ficou conhecido pelo seu trabalho tipográfico com filmes, era o queridinho do stanley kubrick. O que ela fazia era visto como visceral e hipnotizante pra época, misturando várias tecnicas manuais, improvisação e referencias de fora do circuito das vanguardas modernas, que era o forte naquela epoca. O filho dele,que trabalhou com ele desde cedo, dizia que nas reuniões com os chefões de agência eles sempre se sentiam desconfortáveis mas não conseguiam deixar de topar tudo que ele sugerisse porque o publico sempre adorava.
Pablo diz que a lição que sempre guiou sua vida foi uma frase que ouviu do seu avô quando era criança e trabalhava na fazenda, ele conta que um dia estava tirando milho das espigas que tinha acabado de colher, quando de repente ele percebeu que tinha um escorpião subindo na mão dele, e mordeu ele quando ele não tava prestando atenção. Aí o vô dele falou "Eu te disse pra não ficar parado, se você continuasse se movendo isso não teria acontecido" e foi isso que ele fez, seguiu movendo.
Começou a carreira como quadrinista nos anos 60/70, chegou a vender ilustras pro Stan Lee, então pegou o conhecimento de ilustração, layout e tipografia que adquiriu com os quadrinhos e entrou pra animação, e passou a produzir animações pra comerciais de publicidade, com o estrondo dos seus comerciais foi chamado pra fazer trailer de filme, e da publicidade ele migrou completamente pros filmes, onde atuou até o fim da vida, em 2018.
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baeksu-krp · 1 year
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Nome: Hanna Seol Faceclaim: Bibi, Solista Data de nascimento e idade: 27.09.1997 — 26 anos Gênero: Feminino Etnia e nacionalidade: Sul-coreana, Estados Unidos
Moradia: Gangnam-gu Ocupação: Idol e Modelo, Autônoma Qualidades: Carismática, Criativa Defeitos: Impaciente, Perfeccionista User: @bks_hanna
TW: Menções a drogas, morte, ataques de pânico e ansiedade, pressão familiar
Hanna Seol, ou, como os mais próximos coreanos a conhecem, Seol Hanna, nasceu em Seul, no dia 16 de janeiro de 1997, mas mudou-se para Las Vegas com apenas um ano de idade. Seu pai, Seol Joon-ho, trabalhava na SeolCorp, uma empresa multinacional de tecnologia com sede em Seul, que se expandiu para os Estados Unidos. A família Seol morava em um bairro de alto padrão em Las Vegas chamado Summerlin, onde Hanna passou a infância. Desde muito jovem, Hanna mostrou talento e interesse pelo mundo da moda, especificamente, mas sempre com talentos voltado à arte. Com o apoio dos pais, ela começou a fazer pequenos trabalhos como modelo e atriz mirim, aparecendo em photoshoots de lojas e propagandas, além de fazer algumas aparições em doramas e musicais de teatro. Sua mãe, Lee Ji-yoon, uma estilista renomada, estava sempre por perto para orientá-la e ajudá-la a aprimorar seu estilo e imagem, infelizmente, algo que durou pouco, visto que a mãe morreu, aos 13 anos de Hanna. Deixando um trauma em sua vida e na de sua família, seu pai acredita que a culpada de tudo seja Hanna. Uma culpa que ela carrega até hoje.
No entanto, à medida que Hanna crescia, sua personalidade extrovertida e sua paixão por curtir a vida começaram a entrar em conflito com as expectativas tradicionais de seu pai, que ficava cada vez mais rígido depois da morte inesperada da Sra. Jiyoon. Ele desejava que ela fosse uma mulher clássica e reservada, mas Hanna era uma festeira de coração. Ela aproveitava ao máximo sua vida em Las Vegas, frequentando matinês, desfrutando da liberdade e se divertindo sem limites desde a época da escola, e aos 15 anos, mudou-se para Seul, com objetivo de talvez, ao morar com os avós, a menina “aquietasse” e pudesse ter uma imagem melhor e ficar cada vez mais conhecida na mídia coreana e americana.
Aos dezoito anos, Hanna passou por um período difícil. Ela começou a experimentar drogas, o que se tornou um problema sério em sua vida. Por sorte, seu pai e avós conseguiram mascarar esses problemas perante a mídia e, aos 20 anos, Hanna se recuperou completamente e abandonou as drogas. No entanto, ela ainda lida com ataques de pânico e ansiedade devido à pressão de seu pai, à constante vigilância da mídia e ao medo de ter uma recaída. Apesar das dificuldades, Hanna continuou perseguindo sua carreira como modelo, e 'bicos' em outros tipos de empregos. Sua beleza exótica e sua personalidade cativante a tornaram uma figura conhecida no mundo da moda, tanto na Coreia do Sul quanto nos Estados Unidos. E suas aparições em musicais e participações em músicas de dorama fizeram com que ela fosse convidada a fazer uma audição, em 2018, em uma empresa de K-pop (YG), e mesmo que sua ligação fosse diretamente com a moda, isso ajudaria a alavancar a carreira num todo e então aceitou.
Hoje, Hanna Seol é uma renomada modelo, conhecida e reconhecidas por marcas grandes, e também pelo grupo que atua, graças à audição que fez, sendo conhecida mundialmente por ambos empregos. O emprego de modelo era mais liberal que o de idol, por mais que sua empresa fosse também muito liberta com Hanna, mas isso não impedia que a garota continuasse a curtir sua vida festiva e escondida da mídia, sempre tendo meios pra festejar escondida. Atualmente, ela vive em uma luxuosa mansão, na área de alto escalão conhecida como Gangnam-gu, Seul. Sua casa é uma grande mansão deslumbrante que reflete seu estilo de vida extravagante.
Embora tenha conquistado sucesso na carreira e seja admirada por sua personalidade carismática, Hanna ainda enfrenta desafios internos. Seus problemas psicológicos, como ataques de pânico e ansiedade, persistem devido à pressão familiar e à exposição constante na mídia. No entanto, ela busca apoio e tratamento profissional para lidar com esses problemas e sempre se esforça para encontrar um equilíbrio entre sua vida extravagante e sua saúde mental.
Hanna Seol é uma jovem vibrante e determinada, que vive intensamente cada momento de sua vida. Apesar dos altos e baixos, ela continua a perseguir seus sonhos e a desafiar as expectativas impostas a ela, mantendo sua personalidade extrovertida e sua paixão pela diversão e, principalmente, a liberdade. A sua liberdade.
OOC: +18 Triggers: N/A Temas de interesse: Todos
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claudiosuenaga · 1 year
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Joe Biden encobriu o destino do submarino Titanic para distrair a atenção do público de seu filho implicado em dois processos criminais federais
Joe Biden mandou reter notícias sobre o desfecho com o submersível Titan para distrair o público das implicações criminas de seu filho Hunter com a Justiça, depois que foi revelado que a Marinha dos Estados Unidos provavelmente detectou a implosão do navio no domingo, 18 de junho.
Hunter Biden, 53, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se declarou culpado na terça-feira, dia 20, de porte ilegal de armas e de não pagar os impostos devidos. Ele vinha respondendo por um processo pelas duas acusações e chegou a um acordo com o Departamento de Justiça. Hunter deve aproximadamente US$ 1,2 milhão em impostos não pagos em 2017 e 2018. As acusações contra Biden surgiram de uma investigação de David Weiss, procurador do estado natal do presidente democrata, Delaware, e nomeado pelo ex-presidente republicano Donald Trump.
O contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos Estados Unidos, anunciou na quinta-feira, 23, que um dos robôs de alto mar designados para procurar o submersível – que estava viajando para ver o naufrágio do Titanic no Atlântico, com cinco membros a bordo – encontrou um campo de detritos "consistente com a perda catastrófica da câmara de pressão" perto de onde as comunicações foram perdidas, o que confirmou o pior cenário, de que o Titã havia implodido sob a pressão estimada de 400 bar do mar ao seu redor.
Na mesma noite, o The Wall Street Journal noticiou pela primeira vez que um sistema ultrassecreto de detecção da Marinha dos EUA para localizar submarinos inimigos havia detectado uma "anomalia" na hora que se pensava que o submersível havia implodido, informação que disse ter posteriormente compartilhado com a equipe de busca e equipe de resgate.
Um oficial da Marinha disse ao jornal que só detectou a anomalia nos dados acústicos depois que o submersível foi dado como desaparecido e foi tratado como "não definitivo", levando a Guarda Costeira a continuar a busca.
No entanto, o fato é que o governo sabia que o Titan provavelmente havia implodido, mas optou por não divulgar isso ao público para que a história desviasse a atenção do lançamento do testemunho do denunciante na quinta-feira sobre Hunter Biden.
"O WSJ está relatando que a Marinha dos EUA detectou a implosão do Titan no domingo, mas Biden manteve a notícia até o depoimento do denunciante de hoje sobre Hunter", escreveu Jack Posobiec, um ativista e comentarista conservador, em um tweet na noite de quinta-feira, que a partir das 4h de sexta-feira foi visto 5,9 milhões de vezes. "A coisa toda foi uma operação de distração."
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Os usuários do Twitter posteriormente adicionaram contexto ao tuite, observando que, embora o The Wall Street Journal tenha revelado que a Marinha dos EUA ouviu a implosão, não fez nenhuma afirmação sobre Biden portando a notícia.
"BIDEN SABIA que a Marinha dos EUA detectou a implosão do Titan no domingo, mas ele segurou a notícia até o depoimento do denunciante de hoje sobre seu filho viciado em crack, Hunter?!" exclamou Graham Allen, apresentador do podcast Dear America e colaborador da Turning Point USA. "A coisa toda era para nos distrair?!" 
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Enquanto alguns na plataforma de mídia social pareciam se alinhar com a teoria, outros eram mais céticos e observaram que a operação de busca e resgate estava funcionando sob a suposição de que os passageiros estavam vivos até que tivessem provas conclusivas do contrário.
A empresa disse que o Titan carregava um suprimento de oxigênio para 96 ​​horas, que a Guarda Costeira dos EUA estimou que, se o submersível ainda estivesse intacto, teria acabado na manhã de quinta-feira.
Enquanto a equipe de busca se esforçava para encontrar o submarino desaparecido antes que o suprimento acabasse, a Marinha dos EUA disse ao The Wall Street Journal que havia "detectado uma anomalia consistente com uma implosão ou explosão nas proximidades de onde o submersível Titan estava operando quando as comunicações foram perdidas."
O Titan parou de responder cerca de 1 hora e 45 minutos após a descida na manhã de domingo, que começou por volta das 8h. Na quinta-feira, um campo de destroços foi encontrado a cerca de 487 metros dos destroços do Titanic.
A Marinha acrescentou que "embora não seja definitiva", a anomalia acústica "foi imediatamente compartilhada com o Comandante do Incidente para auxiliar na missão de busca e resgate em andamento".
A operadora OceanGate Expeditions anunciou na tarde de quinta-feira que acreditava que todas as cinco vidas "infelizmente foram perdidas", e a Guarda Costeira dos EUA disse que os destroços encontrados na área eram consistentes com uma "implosão catastrófica" da embarcação.
No mesmo dia foi divulgado o testemunho de 26 de maio do agente do IRS (Internal Revenue Service) Gary Shapley, que se tornou denunciante para o Comitê de Meios e Recursos da Câmara. No depoimento, Shapley alegou que Hunter Biden havia usado a estatura política de seu pai para pressionar um funcionário chinês.
Isso aconteceu depois que os principais republicanos da Câmara prometeram investigar os negócios no exterior de Hunter e da família Biden, incluindo alegações de que seu pai usou seu papel público como então vice-presidente para influenciá-los.
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O presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden deixam a Igreja Católica do Espírito Santo em Johns Island, SC, depois de assistir a uma missa, em 13 de agosto de 2022. Foto: AP/Manuel Balce Ceneta.
Em um acordo firmado com seus advogados, os promotores permitiram que Hunter Biden se declarasse culpado de um delito fiscal de contravenção, evitando outra acusação, desde que cumprisse as condições estabelecidas por um tribunal.
O acordo, que deve ser aprovado por um juiz federal, encerra uma longa investigação do Departamento de Justiça sobre o segundo filho de Biden, que também reconheceu lutar contra o vício de drogas após a morte de seu irmão Beau Biden em 2015.
A decisão visa evitar julgamento que poderia prejudicar a imagem da Casa Branca, que tem buscado arduamente manter distância do Departamento de Justiça.
Mas quem ficou sabendo que Hunter Biden se declarou culpado de pagar com atraso o imposto de renda por dois anos consecutivos e também por mentir ao negar ser usuário de drogas quando comprou uma arma em 2018?
O regime de Biden sabia que o submarino implodiu no domingo, mas usou seus propagandistas de mídia para divulgar a história de que 'eles estão ficando sem oxigênio' durante toda a semana para desviar a atenção sobre os crimes de Hunter. 
A imprensa, mais uma vez, submergiu o público em um mar de distrações.
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pixisa11 · 1 year
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Carta aberta para a menina de 2018:
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Você era jovem e cheia de sonhos, um dia te disseram que nunca seria nada na vida a não ser uma "menina da vida" né? Seu jeito assustava é causa intrigas, mas você era você e ninguém tirava isso por nada. Você era a jovem mais forte que já tinham visto e ninguém sabia!
Sonhava em ser alguém, e nunca acreditou que uma faculdade iria proporcionar isso, diziam que era burrice pensar assim. Mas, não ligava, o pouco nunca te contentou né? Olha onde você chegou! Ninguém te disse, mas eu vou te dizer:
- Que orgulho! Orgulho de quem é! Orgulho da essência! Orgulho da educação! Orgulho desse coração enorme. E tudo bem, chorar as vezes. Estar sozinha não é ruim. Sei que sente falta de amigos, mas ciclos se encerram, e talvez você tenha nascido pra ser sozinha. Não ligue pra o que falam e muito menos o qur irão falar! "Não demonstre fraqueza" dizem eles, mas se soubessem metade, saberiam que não é nada. Mas deixa pra lá. Cont;nue e não para por nada! Você é gigante!
Ass.: A mulher de 2023
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flowerofmarch96 · 2 years
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Aggretsoku:  a busca pela felicidade na sociedade capitalista
Olá! Hoje eu irei falar sobre uma das minhas séries animadas favoritas: Aggretsoku! Pra quem não sabe, Aggretsoku é uma personagem criada pela famosa empresa japonesa Sanrio (que é a mesma criadora da Hello Kitty), tendo estreado inicialmente em uma série de curtas, que foram exibidos entre 2016 e 2018 na TBS Television, e em 2018 foi lançado o seu anime na Netflix. 
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Em fevereiro de 2023 a plataforma distribuiu a quinta temporada, que até o momento está confirmada como a última. É possível fazer várias análises com esse anime, afinal são vários assuntos abordados nas temporadas, além dos relacionamentos entre os personagens, que são muito bem construídos e estão sempre evoluindo ao longo dos episódios. Porém hoje eu vou falar da forma que eles retratam a felicidade na nossa sociedade contemporânea, que é capitalista. 
Na trama os personagens são antropomórficos, isto é, são animais humanizados, que vivem em Tóquio nos dias atuais. A personagem principal se chama Retsoku, uma panda-vermelha de 25 anos, que desde que se formou, há 5 anos atrás, trabalha como contadora em um escritório de contabilidade de uma empresa de tranding. Retsoku é uma jovem extremamente responsável, obediente e que possui dificuldades em dizer não, a fazendo ser um alvo fácil de colegas de trabalho folgados e do seu chefe machista e opressor, o Porcão Ton. Sufocada pela rotina estressante e exploradora, Retsoku encontra consolo no seu hobby de cantar death metal em uma sala de karaoke, onde ela libera toda sua raiva acumulada ao longo do dia, dando origem ao nome da série (Aggressive + Retsoku).
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A primeira temporada foca na relação de Retsoku com o seu chefe e os colegas de trabalho, mostrando como o mercado de trabalho pode ser injusto e misógino, onde os empregados “puxa-sacos” muitas vezes são mais recompensados que os competentes, e se tratando de uma mulher esse ambiente pode ser ainda mais hostil. E é nesse cenário de exaustão e desencanto que Retsoku começa a sua busca pela felicidade. 
A maior parte do seu tempo ela passa trabalhando, em troca de um salário que é o suficiente para ela morar em um minúsculo apartamento de um quarto e ter pequenos momentos de lazer, como ir no karaoke ou sair para beber com os amigos. E todos ao seu redor estão presos a mesma rotina, e os poucos que tentam fugir desse destino são vistos como inconsequentes e irresponsáveis, como é o caso da sua amiga Puko que não possui emprego fixo e tá sempre se mudando. 
Retsoku vê o seu trabalho e a sua rotina como o motivo por se sentir infeliz, então ela começa a pensar em formas de se libertar da atual vida, chegando a cogitar em arrumar um marido e ser dona de casa. Mas no final ela percebe que não existe um modelo de vida perfeito, e que os problemas e a insatisfação sempre irão existir, o que muda é a forma como cada um lida com os seus problemas. Como ela mesmo diz: “Eu vou contar até dez e voltar a ser uma boa funcionária”, “Eu vou contar até dez e voltar a ser feliz”.
 Na segunda temporada os problemas de Retsoku continuam e novos personagens surgem na trama, e com eles outras visões e reflexões a respeito da vida em sociedade e da felicidade. Mas dessa vez a rotina e monotonia não serão o foco, já que Retsoku começa a namorar Tadano, um jovem empresário milionário que é o desenvolvedor de uma inteligência artificial muito famosa no mercado. 
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Esse relacionamento traz uma súbita fama para Retsoku e muda completamente o seu cotidiano, mas apesar deles se darem muito bem, o namoro não vinga, pois o estilo de vida e conceito moral de Tadano não combina com Retsoku. 
Por ter ficado muito rico ainda jovem (ou talvez tenha sido a vida inteira), Tadano não consegue dar valor a costumes e hábitos que são importantes para a sociedade, como trabalho e casamento, além de muitas vezes ele mostrar ter pensamentos idealistas e ingênuos que não condizem com a realidade do sistema capitalista. Como quando ele diz que sonha com um futuro onde as máquinas irão ocupar todas as vagas de empregos e os seres humanos não precisam mais trabalhar e poderão se dedicar às suas famílias e amigos, sendo que sabemos que não é isso que acontece quando um trabalhador é substituído. 
Na terceira temporada, abalada com o fim do relacionamento, Retsoku começa a jogar um videogame VR onde ela tem um namorado virtual, fazendo-a gastar todo o seu tempo livre e dinheiro com o novo passatempo. A série mostra como jogos, e outro produtos, se aproveitam da nossa carência e insatisfação para nos fazermos consumir cada vez mais, e apesar do curto período de prazer e satisfação, depois vem o sentimento de culpa junto com os problemas que ainda continuam existindo, fazendo a infelicidade crescer mais e todo ciclo se repetir.
 Junto com o novo vício, Retsoku acaba tendo outros gastos inesperados, e para pagar suas dívidas ela arruma um segundo emprego como contadora, só que de um grupo de idols underground. Após descobrirem o seu talento para o death metal, ela entra para o grupo, que acaba ganhando uma fama repentina e se apresentando em um grande festival de música.
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 Nesse momento deve-se imaginar que enfim a nossa heroína conseguiu a felicidade que tanto procurava, porém Retsoku se sente mais perdida do que antes e acaba saindo da banda e voltando pro seu antigo trabalho. 
Na quarta temporada, Retsoku mostra estar caminhando para achar o equilíbrio na sua vida, apesar de ainda ser contadora na mesma empresa, ela já começa a desenvolver uma melhor relação com os colegas de trabalho e abre um canal no youtube onde mostra as suas habilidades no death metal, ganhando assim vários seguidores. Porém essa temporada, diferente das outras, foca menos na nossa protagonista e desenvolve melhor os personagens secundários, principalmente o Porcão Ton e Haida: um colega de trabalho que desde o primeiro episódio é apaixonado por Retosoku, mas nunca foi correspondido. 
Essa temporada foca em mostrar como as empresas muitas vezes desumanizam os seus funcionários e os tratam apenas como uma mão-de-obra que deve estar sempre cumprindo metas, ignorando as suas particularidades e vidas pessoais, além de falar sobre o etarismo no mercado de trabalho. 
Na quinta e última temporada, que é a mais politizada de todas, a crítica ao sistema vigente é ainda mais forte e certeira. No final da temporada anterior, após atingir um cargo alto na empresa e deixar o poder subir pela cabeça e ser manipulado pelo novo chefe, Haida pediu demissão antes que as suas fraudes fossem descobertas, e assim iniciou a nova temporada desempregado e viciado em um jogo online. Mas ao contrário de Retsoku, ele não consegue perceber que está fora de controle e acaba gastando todas as suas economias e é expulso do apartamento que morava.
 Haida está namorando Retsoku, mas fica com vergonha de pedir ajuda e acaba encontrando refúgio em um cybercafé, se tornando o que no Japão é conhecido como cyber-homeless: que são pessoas que não possuem dinheiro suficiente para morar em um apartamento e alugam diárias de salas de cybercafé, que são mais barato que hotéis, e possuem cozinha, banheiros e lavanderia compartilhadas.
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 Nesse café, Haida conhece Shikabane, uma jovem de apenas 19 anos que mora sozinha em uma sala, vivendo de “bicos” que arruma na internet, passando o dia todo na frente da tela de um computador sem expectativa nenhuma de mudança de vida. Mesmo sendo muito jovem, Shikabane já desistiu de lutar contra o sistema e a procura da felicidade, afinal no “mundo real” ela só seria mais bem vista pela sociedade e teria um pouco mais de conforto, já que dedicaria maior parte da sua vida a um emprego tendo como lazer apenas o entretenimento barato que já possui. Como ela mesma fala para Haida: “liberdade para quê? Liberdade para trabalhar o tempo todo pra poder pagar aluguel? Pra matar o tempo com um jogo online no celular até desmaiar de sono? Liberdade pra poder assistir alguma série chata no dobro da velocidade em um serviço de streaming?”.
 Ao descobrir a situação de Haida, seu pai e irmão mais novo tentam o intimidar para que não cometa nenhum escândalo, pois estão em período eleitoral e o irmão de Haida irá se candidatar à vaga do pai no congresso. Haida acaba brigando com o pai após ele fazer um discurso meritocrático, clássico de pessoas que ocupam o local de privilégio e exploração e são incapazes de sentir empatia pelo próximo. 
Movido pelos sentimentos de desencanto e raiva, presentes desde a primeira temporada, Haida incentiva Retsoku a candidatar a uma cadeira do congresso nacional contra o seu irmão. 
Visto inicialmente como um grande meme por várias pessoas, a campanha de Retsoku vai conquistando aos poucos o seu distrito, e ela recebe apoio de todos ao seu redor, o que lhe dá mais segurança para continuar seguindo em frente com a eleição. Apesar dela repetir a todo momento que a sua ideia atual de felicidade é levar uma vida tranquila e calma junto com Haida, novamente o destino a faz sair da sua zona de conforto, mas dessa vez não é pela busca apenas da sua felicidade, e sim de todos que já não tem mais força ou já desistiram de lutar contra o sistema.
 No final, mesmo com toda a popularidade, Retsoku não vence já que muitas pessoas não podiam votar por não possuírem endereço fixo, porém o seu distrito bateu recorde de comparecimento na eleição e durante os discursos o irmão de Haida prometeu que iria criar uma lei que obrigasse os políticos se aposentarem aos 65 anos, gerando uma maior circulação de pessoas no congresso, mostrando que mesmo não ganhando a eleição, o esforço de Haida e Retsoku não foi em vão. Esforço esse que foi feito com o apoio de todos os personagens que apareceram na série ao longo das temporadas e que em algum momento compartilharam dos mesmos sentimentos da protagonista. 
“Quando uma nova vida trazida para a escuridão bate no muro que chamamos de mundo, criando uma pequena faísca, essa pequena faísca é o que chamamos de fúria”.
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Goldie Kang: Leave America
No seu rosto, não tinha nenhuma expressão enquanto encaixotava todas as coisas para sair daquele apartamento pequeno em Bushwick para se mudar para um lugar muito mais espaçoso em Londres, onde iria começar a trabalhar em breve. Enquanto fechava mais uma caixa com seus pertences, encerrando as brechas com fita adesiva, porque não confiava apenas na magia para esse tipo de coisa, podia sentir o peso da desconfiança e estranheza de seu antigo colega de quarto.
Quando virou para encarar Simon, ele tinha uma das mãos na cintura e apontava para as coisas dela no canto.
— Assim? Tão rápido? Sem nenhum suspiro sentido? Sem nenhum "ah, as memórias da minha vida"? — perguntou, em tom levemente indignado.
— Não é a primeira vez que eu vou embora de um lugar — Goldie comentou, enfiando mais um par de tênis na caixa de sapatos e então colocando jornal para não serem sujos pelos que viriam em cima.
— Você fala como se estivesse saindo de férias, você vai embora. DO PAÍS! — Ele reclamou, se escorando no batente da porta, completamente dramático. — Como eu supostamente deveria estar vendo você empacotar sua vida e partir sem nem ficar chocado com a rapidez que você faz isso?
— Se você tivesse vivido isso antes e não estudado em Ilvermorny toda a sua vida, saberia como é — explicou, dando de ombros.
— Então, faz diferença ter sido expulsa da escola?
— Eu não fui expulsa — Marigold rebateu, apertando os olhos na direção dele.
Sala da Diretoria de Ilvermorny, 13 anos. Junho de 2018.
O uniforme preto estava a sufocando, mas ela fingia que não. Estava batendo o pé em sapato boneca contra o chão, contando os segundos antes de seu nome ser chamado. Goldie já tinha tido uma cota de vezes em que tinha visitado aquela sala antes, mas naquele dia, parecia que algo de muito terrível iria acontecer. Talvez porque ela sabia que tinha quebrado o acordo selado com o diretor meses atrás, quando o ano letivo tinha começado. Mas era exatamente culpa dela se tudo saiu do controle?
Era melhor não ter uma resposta.
— Senhorita Kang? Diretor Hemmings está pronto para falar com você — a moça da secretaria estava a direcionando, a fazendo balançar a cabeça e então seguir para dentro do escritório.
Onde suas outras três irmãs já estavam lá esperando.
— Eu acho que o senhor errou o horário, tá lotado. Volto mais tarde — avisou, já encostando a porta, tentando sair de fininho.
— Marigold Kang, se sente.
Ela afundou entre Harumi e Gigi sem dizer mais um pio, apenas seguindo a mesma configuração original de quando os pais as organizavam para tomar esporro. O que não parecia muito distante do que iria acontecer ali.
— Não foi uma reclamação que recebi em seu nome durante o ano. Foram várias. Dezenas. — O mais velho falava, sentado atrás de sua mesa, olhando diretamente para ela. — Todas sobre você criando caso com os seus colegas de sala e espalhando rumores maldosos por aí.
— Não são maldosos, são apenas constatação de fatos — arriscou, mas o homem não estava para brincadeira.
— Você disse que o seu colega de sala era um piolhento, senhorita Kang. Isso é difamação.
— Não, isso é um serviço de utilidade pública. O mal do americano médio é não tomar banho todo dia e ele se beneficiaria disso — afirmou, cruzando os braços.
O diretor suspirou.
— Nós cinco tivemos uma conversa séria, em particular, separadamente no decorrer do ano. E, pelo visto, de nada adiantou — o olhar dele agora se estendia às quatro garotas. — Vocês possuem notas satisfatórias, inclusive bastante impressionantes em algumas disciplinas. Mas devo dizer que nem com toda a dedicação do mundo posso me fazer de surdo para a reclamação de alunos e professores. Como representante de Ilvermorny, eu convido vocês a procurar uma outra escola para seguir seus estudos no próximo ano.
— Mas diretor! — Goldie colocou até a mão sobre o peito, enquanto agarrava a mão de Harumi, em choque.
— Os pais de vocês já estão sabendo disso e tomando providências. Lamento muito que nossa convivência precise se encerrar assim, mas é pelo bem.
— De quem?
— Da nossa própria escola mesmo.
A saída em silêncio do ambiente só foi quebrada quando as quatro chegaram no corredor. Marigold colocou as mãos na cintura e chutou o chão, meio emburrada, meio puta da cara, definitivamente querendo chorar. Até que uma luz surgiu em sua mente.
— Peraí, eu sei o motivo pelo qual eu fui expulsa. — Olhou para as irmãs, da mais nova para a mais velha, impressionada. — O quê que vocês fizeram?
— Eu fui gentilmente convidada a prosseguir meus estudos em uma nova instituição, uma vez que eu tinha notas altas para isso. Eu e minhas irmãs — justificou, jogando os cabelos para trás.
— Não era o que as pessoas diziam no nosso quinto ano...
— As pessoas inventam muitas fake news — se defendeu, segurando uma das caixas pela lateral. — Bem, em todo caso, estou pronta pra deixar a América.
— Percebo... Bem, espero que tudo dê certo para você no novo emprego.
O sorriso de Goldie quase vacila, mas ela não vai dar esse gostinho a Simon, então só dá de ombros e o olha por cima de um deles.
— É a vaga pela qual milhares de garotas se matariam para ter. É claro que vai dar tudo certo.
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reinato · 2 years
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PANAMÁ...
O Panamá é um país no istmo que liga a América Central à do Sul. O Canal do Panamá, uma reconhecida proeza de engenharia, corta o centro do país, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico e criando uma importante rota de navegação. Na capital, a Cidade do Panamá, arranha-céus modernos, cassinos e casas noturnas contrastam com as construções coloniais do distrito de Casco Viejo e com a floresta tropical do Parque Natural Metropolitano.
Confira algumas curiosidades:
1- Panamá significado, na língua indígena, "abundância de peixes, árvores e borboletas”.
2- A população do Panamá é de 4,351 milhões de habitantes, sua capital é a cidade do Panamá com cerca de 1,5 milhão de habitantes.
3- O país registrou um PIB de 63,61 bilhões USD (2021).
4- O Panamá tem mais espécies de aves do que todo o território dos Estados Unidos e Canadá. Inclusive, ao todo, são 986 registradas. Por isso, o país é tão popular como destino para observação de pássaros.
5- O Canal do Panamá é o único lugar do mundo onde os comandantes dos navios militares são obrigados a ceder o controle do barco durante a travessia. Uma equipe de 200 pilotos encarrega-se de levar os barcos de um oceano ao outro sem acidentes. O Canal do Panamá gera um terço de toda a economia do país.
6- O cargueiro Ancon foi o primeiro navio a transitar pelo Canal, em 15 de agosto de 1914.
7- A Cidade do Panamá possui o Conselho Municipal mais antigo em funcionamento contínuo do continente americano.
8- O Panamá é o único lugar do mundo que permite ver o sol nascer no Oceano Atlântico e se pôr no Oceano Pacífico. A vista é do ponto mais alto do país, o Vulcão Baru.
9- No Panamá, é possível nadar nos Oceanos Atlântico e Pacífico no mesmo dia.
10- O Panamá foi o primeiro país, além dos Estados Unidos, onde a Coca Cola foi vendida, em 1906.
11- O país também foi o primeiro na América Latina a adotar o dólar americano como moeda oficial. Inclusive, isso aconteceu em 1904, logo após sua independência da Colômbia e o acordo para a construção do Canal.
12- Nossa Senhora da Assunção, primeira cidade europeia no Pacífico americano, foi construída no Panamá, em 15 de agosto de 1516.
13- Um carimbo teve papel decisório para a construção do Canal no Panamá em vez da Nicarágua. Os senadores dos Estados Unidos decidiram pelo Panamá porque, ao ver selos postais da Nicarágua representando um dos vulcões, acharam o território panamenho mais seguro. Inclusive, o selo inclusive ainda pode ser visto no National Postal Museum, em Washington, D.C.
14- Existem 365 ilhas no Arquipélago de San Blás, no lado do Oceano Atlântico do Panamá. Portanto, isso significa que há uma ilha para ser visitada a cada dia do ano.
15- A ave nacional do Panamá é a hárpia. Inclusive, é uma das maiores espécies de águia no mundo.
16- O Panamá elegeu sua primeira presidente em 1999: Mireya Moscoso, que governou o país até 2004. A primeira vice-presidente, por sua vez, foi Isabel Saint Malo, que também atuou como Ministra das Relações Exteriores de 2014 a 2018.
17- Edward Murphy Jr. conhecido pela Lei de Murphy, nasceu na zona do Canal do Panamá, em 1918.
18- A Cidade do Panamá é a única capital que possui uma floresta tropical dentro dos limites urbanos.
19- Segundo estudos, o Homo sapiens existe por causa da mudança nos padrões climáticos causada pelo surgimento do istmo do Panamá. Sem ele, os humanos ainda viveriam nas árvores!
20- O pedágio de valor mais baixo já pago para transitar pelo Canal do Panamá foi de 36 centavos, pago pelo americano Richard Halliburton, que nadou pelo istmo em 1928.
21- O senador John McCain nasceu em Coco Solo, Panamá, em 29 de agosto de 1936.Inclusive, na época, a região fazia parte do território dos Estados Unidos no Panamá.
22- Confira algumas fotos:
https://www.instagram.com/p/CnvL2skthVY/?utm_source=ig_web_copy_link
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blogdojuanesteves · 2 years
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ASPHALT FLOWER>CLAUDIA JAGUARIBE
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ASPHALT FLOWER (Éditions Bessard, 2022), obra mais recente da fotógrafa carioca Claudia Jaguaribe publicada na França, acompanhou a exposição Quando eu vi a Flor do Asfalto entre agosto e setembro do ano passado na galeria Marcelo Guarnieri, em São Paulo. É um livro que, segundo o curador francês Marc Pottier, radicado no Brasil e na França, nos faz lembrar do filósofo australiano Glenn Albrecht, autor do livro Earth Emotions: New Words for a New World (Cornell University Press, 2019).
Albrecht conhecido pelo seu conceito de “solastalgia* oferece aos seus leitores uma visão radical do mundo para sairmos da crise ecológica, diz o curador. Refere-se assim à perda de um lugar natural único, vítima das transformações provocadas pelo nosso desenvolvimento exponencial. Uma forma de "saudade", uma mistura de melancolia, nostalgia e esperança, sentimento tipicamente lusófono ou "saudades que se sente mesmo quando ainda se está em seu país." É assim, segundo este,  uma questão evidenciada neste livro de artista feito por Jaguaribe.
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A fotógrafa, no entanto, vem abordando estas questões há tempos como por exemplo em seu livro Quando eu vi (Editora Punctum, 2009) onde a natureza se faz presente em experiências cromáticas e na sua forma de apresentação, com imagens estruturadas em instalações, como em Asphalt Flower, que apresentam-se essencialmente correlatas entre publicação e exposição. Uma marca que se tornou frequente para a artista, vista também em livros e mostras mais recentes como No Jardim de Lina (Editora Tuí, 2018) e Encontro com Liuba ( Editora Tuí, 2019). ( veja abaixo links para reviews destes livros).
 "Asphalt Flower", esclarece Claudia Jaguaribe,  "revisita a ideia de paisagem como um jardim, um espaço de conexão entre homem e natureza onde é possível observar a dinâmica dos ciclos da vida (crescimento, floração e declínio) como um reflexo da sociedade que o molda. As imagens de flores sobrepostas que integram-se simbioticamente às formas asfálticas e nos mostram uma superfície que encapsula a natureza desde os tempos bíblicos e que não pode mais ser separada dela. O trabalho possui o formato de uma frisa composta por partes que, unidas, formam uma única imagem." 
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 As imagens da exposição, de grande formato, criam uma espécie de dimensão peculiar que propõe um jogo ao leitor: procurar entender os layers sobrepostos habilidosamente pela artista. A transcrição desta "tridimensionalidade" só vista na mostra, ganha uma interpretação para o livro por outras articulações: no projeto gráfico por dois caminhos distintos ( textos e fotografias), estruturados pelo recurso do formato Leporello**, que permite de um lado ver o texto e de outro as imagens. Um artifício também utilizado em seus livros Sobre São Paulo ( Editora Madalena, 2014) e Entre Vistas (Editora Madalena, 2014), ambos, como em Asphalt Flower, com edições limitadas e numeradas, acompanhadas de prints em um box especial, além da edição normal.
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 Jaguaribe em sua longa trajetória altera satisfatoriamente e de maneira constante a ideia conservadora da exposição de arte, rompendo com formatos tradicionais e materiais usados, para além das impressões convencionais, ora em duratrans, ora experimentando assemblages, suportes esculturais, projeções de vídeos ou mappings (como em Entre Vistas), o que realmente produz um desafio para a transcrição em um livro. No entanto, as possibilidades gráficas arrojadas empreendidas em suas publicações sustentam por si mesmas essas versões como mais um bônus para o leitor que tenha visto as exposições.
 Para os editores, "A relação entre a natureza e a humanidade é uma das questões mais importantes do século XXI. A incerteza do nosso futuro e os desafios para a nossa sobrevivência física e psíquica na Terra levantam questões ecológicas, sociais e artísticas que demandam uma urgência no seu tratar. O Brasil, país de dimensões continentais, possui características e estruturas de alto contraste que tornam tal situação ainda mais agravante. Se por um lado habitamos um território composto por grandes extensões de biomas preservados, por outro, testemunhamos o aceleramento de sua devastação."
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 Não deixa de ser uma representação artística de longa data encontrada na obras de grandes artistas por diferentes motivos, não apenas estruturais ou filosóficos, que vão desde as pinturas do pós-impressionista francês Henri Rousseau (1844-1910) em suas cenas das florestas- as quais eram imaginadas, até mais contemporâneos como o fotógrafo holandês Ruud van Empel, na qual as estampas da flora são uma recorrência no seu trabalho, assim como nas de Claudia Jaguaribe, respaldadas pelo processo digital, que aliás é um dos objetos de estudo do curador Marc Pottier.
 Outras possibilidades dadas por Pottier, fazem referência a captação das imagens pela fotógrafa nos jardins criados pelo seu conterrâneo, o pintor e paisagista Roberto Burle Marx (1909- 1994). Para ele "A coleção de obras da série "Meu Jardim Imaginário" mostra o encontro da flora exuberante com o ambiente urbano. As fotografias criadas celebram a excelência e a força do exotismo brasileiro onde estas são a base deste trabalho em seus jardins híbridos sobrepostos a espaços urbanos e florestas que sofreram danos ambientais, cujas cicatrizes podem ser vistas e para as quais "Asphalt  Flower" traz uma nova expressão.
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 Na utilização do contraponto, as vívidas imagens da flora captadas por Jaguaribe, como nas pinturas de Rousseau, provocam uma interação temática. Para ela, entre a rigidez do asfalto (o resultado do uso de um material fóssil que ambientalistas tentam extinguir), que aqui é tomado como coadjuvante aproximando a obra não somente da questão ambiental mas também filosófica, assim como os personagens do pintor emaranham-se em meio a floresta. O resultado é que flores, folhas e o asfalto, em recortes trabalhados digitalmente, criam um "maravilhoso emaranhado", citando a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) ao subverter a idéia ocidental da linearidade no tempo ou do próprio formato Leporello do livro.
 A fotógrafa, com imagens exuberantes propõe uma outra realidade que antagoniza com a que de fato vivemos, como o desmatamento sistemático da Amazônia, que, como diz Marc Pottier, leva-nos à perda do discernimento. As imagens sobrepostas que adentram o corpo do asfalto recortado em forma de plantas, passam do cinza às cores neon artificiais e saturadas. "Ela nos oferece um triunfo lúdico do híbrido celebrando as núpcias de Eros e Thanatos." completa o curador.
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 Claudia Jaguaribe trata seus livros como obras de arte. Asphalt Flower é uma grande foto única que  no decurso do seu formato gráfico desdobra-se e retoma sua ideia de um jardim imaginário, de uma natureza artificial ou "segunda natureza" na qual ela trabalha há muitos anos. "Seu canto é o das sereias que despertam sua consciência para o futuro do mundo", pensa acertadamente Pottier."Há muito ela acredita que os jardins expressam melhor o que conecta os seres humanos e a natureza." Ela os vê como um lugar icônico, com os tais ciclos da vida, já mencionados acima -crescimento, floração e declínio- e os enxerga como um reflexo das sociedades que os moldam. "A sua composição fotográfica situa-se entre a ideia da ruína de um mundo que parece caminhar para uma catástrofe natural e um futuro ao qual empresta sempre uma força de resistência e resiliência."
 Asphalt Flowers, como notamos em quase toda a obra da fotógrafa, trafega na ideia mais contemporânea do imbricamento entre uma estética do sensível e da beleza, que configuram o que chamamos de  arte, contradizendo a visão aristotélica em que esta última se contrapõe a práxis, uma vez que tanto a beleza quanto a sensibilidade neste caso, unem-se no compromisso com a "verdade" ao despertar- mesmo que subjetivamente,  em quem entra no mundo de suas fotografias as emoções que nos levam ao exato sentido preservacionista do qual o mundo está tão carente.
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Imagens © Claudia Jaguaribe.   Texto © Juan Esteves
 Infos básicas
Imagens e conceito: Claudia Jaguaribe
Editora: Éditions Bessard
Tratamento de imagem: José Fujocka
Design: Mariana J.Lara Resende
Consultoria artística: Pierre Bessard
Texto: Marc Pottier
Edição bilíngue Francês-Inglês e numerada de 500 exemplares.
* Solastalgia é um neologismo, formado pela combinação das palavras latinas sōlācium e a raiz grega -algia, que descreve uma forma de sofrimento emocional ou existencial causado pela mudança ambiental. É melhor descrito como a experiência vivida de mudança ambiental percebida negativamente.
** Leporello é um formato gráfico que lembra um acordeon. O nome é oriundo do personagem homônimo da ópera Don Giovanni, do vienense  Wolfgang Mozart, que estreou em 1789. Leporello era empregado de D. Giovanni, e fazia suas anotações em um papel dobrado como um acordeon. 
Leia aqui reviews sobre livros de Claudia Jaguaribe:
 Entre Vistas -https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/104279483161/entrevistas-de-claudia-jaguaribe
 Encontro com Liuba - https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/185064246616/liuba-wolf-nasceu-em-sofia-bulg%C3%A1ria-em-1923-com
 Beijing Overshoot -  https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/173964568616/beijing-overshoot-claudia-jaguaribe-beijing
 para adquirir o livro : www.editionsbessard.com
Saiba mais sobre Claudia Jaguaribe em www.claudiajaguaribe.com.br
Saiba mais sobre a galeria Marcelo Guarnieri:
https://galeriamarceloguarnieri.com.br/
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A questão da "mutilação" em cirurgias plásticas e hipocrisia transfóbica
Entre 2018 e 2019, o Brasil foi considerado o país que mais realiza cirurgias plásticas em TODO O MUNDO. Surpreendente, né? É cada vez mais comum ver pessoas fazendo diversos procedimentos, como colocar silicone, harmonização facial, entre diversos outros.
Porém, há um grande tabu sobre um procedimentos que fazem parte da transição de gênero. Sempre acham que é "mutilação" ou que a pessoa "não se aceita como Deus a fez". É extremamente comum ver pessoas falando isso. Mas tudo isso mostra a hipocrisia transfóbica em relação a esses temas, afinal, você já viu alguém falar isso quando alguma mulher cis colocou silicone ou fez harmonização facial?, acho que não, né? Nesse caso, apesar de uma parcela da sociedade achar que a mulher não ficará com uma "aparência natural", outra parcela pensará: "o corpo é dela, então ela faz o que bem entender".
Até podem dizer que a redesignação sexual e a harmonização facial são coisas distintas e que faria sentido atacar a comunidade trans por estar "se mutilando", mas não é bem assim. Pare para pensar: ambas buscam a solução para desconforto de um(a/e) paciente sobre sua própria aparência e são irreversíveis. Muitos ainda usam o argumento de que quem faz a redesignação sexual pode se arrepender, isso até que é verdade, mas ao mesmo tempo raríssimo (em algumas pesquisas, o grau de arrependimento chega a ser, no mínimo, 1%). É claro que precisamos ter atenção com esses casos, chamados popularmente de "destransição" (tema que talvez abordarei em outro post), pois eles podem mostrar possíveis falhas na área da saúde.
Então, por que as pessoas celebram uma mulher cis que fez harmonização, mas juram o ódio para uma travesti que colocou silicone? Pois o corpo trans é visto como "desumano", "mutilado". A sociedade não admira um alguém que nasceu com um gênero em específico, mas quis adequar o corpo pois sente um desconforto com o mesmo. Mas... se um bebê nasceu sem um genital definido, tudo bem mutilá-lo, né? Pois sim! Nesse caso, é uma mutilação grave, pois o bebê não pediu por isso, e pode trazer consequências no futuro, pois ele poderá se sentir desconexo com o gênero atribuído, não?
Então, vamos ter uma noção básica de casos que são ou não mutilação:
Não é mutilação se a pessoa retirar algo ou adequar o corpo por sentir um desconforto ou desconexão com o mesmo.
Não é mutilação se a pessoa retirar alguma parte do corpo caso haja um grande risco de desenvolver doenças graves (como câncer).
Não é mutilação se a pessoa quiser fazer laqueadura/vasectomia pois não quer ter filhos.
Não é mutilação se a pessoa deseja fazer um procedimento estético e faz acompanhamento psicológico para garantir que não haverá arrependimentos.
É mutilação se a pessoa retirou algo do corpo sem a sua vontade.
É mutilação "adequar" os genitais de bebês intersexo!
É mutilação se a pessoa perdeu algum membro do corpo por conta de violência.
Não adianta validarmos cirurgias estéticas para apenas um tipo de corpo: o cisgênero. Se alguém realmente QUER fazer e está fazendo acompanhamento para entender o porquê desse desejo e evitar frustações, devemos apoiá-la, não é? Lembrando claramente que estou falando de casos de maiores de idade, pois cirurgias para menores de idade muitas vezes são contra as leis vigentes na maioria dos países e podem haver complicações graves.
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